Ministério da Saúde do Brasil
DEBI Brasil
Instruções para Adaptar e
Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular-LOP
Estratégia de Prevenção para as DST-HIV
GUIA técnico
Brasília, junho de 2012
Ministério da Saúde do Brasil
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
DIVULGAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS EFETIVAS
Instruções para Adaptar e
Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular
(LOP)
Guia Técnico
Brasília, 2012
© 2011. Ministério da Saúde
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que
citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca
Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde poder ser acessado na
página: http://www.saude.gov.br/editora
Tiragem: 1ª edição – 2012
– 50 exemplares
PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E INFORMAÇÕES
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
SAF Sul Trecho 2, Bloco F, Torre 1, Ed. Premium
CEP 70.070-600 - Brasília, DF
E-mail: [email protected] / [email protected]
Home page: htttp://www.aids.gov.br
Disque Saúde / Pergunte Aids: 0800 61 1997
Essa publicação é parte do projeto DEBI Brasil, orientado para a prevenção das DST-Aids-HV
entre gays, outros HSH e travestis.
Projeto DEBI Brasil
Coordenação geral
Karen Bruck
Coordenação pela DHRV
Ivo Brito e Gil Casimiro
Técnico Executivo
Oswaldo Braga
Consultoria Externa
Lilia Rossi
Coordenação de Direitos Humanos, Risco e Vulnerabilidade - DHRV
Organização:
Oswaldo Braga e Lilia Rossi
Tradução:
Daisy Deell Figueira Glass
Neuza Lopes Ribeiro Vollet
Revisão:
Mauro Siqueira, Ângela Martinazzo e Telma Tavares Richa e Souza
Projeto gráfico, capa e diagramação
Alexsandro de Brito Almeida
O desenvolvimento dessa publicação foi apoiado pelo HHS Centers for Disease Control and
Prevention (CDC), Division of Global HIV/AIDS e Division of HIV/AIDS Program, através do Acordo
de Cooperação no. 5U2GPS001204. Seu conteúdo é responsabilidade apenas dos autores e não
representa necessariamente a visão oficial do CDC.
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Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
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DIVULGAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS EFETIVAS
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Guia Técnico
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Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
DEBI Brasil
De 1980 até junho de 2009 foram identificados 544.846 casos de aids no Brasil. Em
média são 35 mil novos casos por ano no País. A Região Sudeste ainda concentra
o maior percentual (59,3%), seguida pelas Regiões Sul (19,2%), Nordeste (11,9%),
Centro-Oeste, (5,7%) e Norte (3,9%). Em 2008, a exposição sexual foi responsável
por 97% dos casos notificados. Embora se observe, a partir de 2000, uma tendência
de estabilização na proporção de casos de aids entre homens que fazem sexo
com homens (HSH), em 2008, verificou-se um aumento na proporção de casos na
faixa etária de 13 a 24 anos para este segmento (35% em 2000 para 42,7%). Estudo
recentemente realizado mostra que os HSH apresentam risco maior de infecção ao
HIV do que o observado na população geral, com taxas de incidência em torno de 15
vezes a mais do que entre os heterossexuais (Barbosa Jr., 2009).
De acordo com parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), a epidemia no Brasil é concentrada. Estudos realizados em 10 municípios
brasileiros, entre 2008 e 2009, estimaram taxas de prevalência para o HIV de 10,5%
entre HSH (Kerr, 2009); de 5,9% entre UDI (Bastos, 2009); e de 4,9% entre mulheres
profissionais do sexo (MPS) (Szwarcwald, 2009), enquanto que, na população geral
a taxa média de prevalência está em torno de 0,6%. Outro estudo realizado em 2006
aponta que os HSH têm uma probabilidade de desenvolver aids 18 vezes maior do
que os homens heterossexuais (Beloqui, 2006).
A resposta brasileira à epidemia do HIV/aids é reconhecida pela compreensão
dos contextos de vulnerabilidade e diversidade que implicam na valorização das
identidades de grupos e populações e no respeito à diferença. Isso é o resultado da
profícua parceria entre governo e organizações da sociedade civil, estabelecida desde
o início do combate ao HIV/aids no País e consolidada ao longo dos anos.
A estrutura programática do DEBI Brasil tem como base a implantação de
três projetos-piloto distintos desenvolvidos por ONG locais, sob supervisão e
coordenação do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo
Cruz e dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), instituições
parceiras nessa iniciativa. Os resultados obtidos na etapa inicial de tais projetospiloto – vinculada, sobretudo, à adaptação das metodologias DEBI no contexto
nacional – subsidiarão uma possível e futura ampliação da estratégia, a partir da
transferência dessas tecnologias de prevenção para outras ONGs brasileiras.
Um conjunto de estratégias específicas para a ampliação dos esforços em
prevenção do HIV/DST junto aos homens homossexuais foi definido e consolidado, a
partir de 2007, no Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST
entre Gays, outros HSH e Travestis. O Programa DEBI Brasil atende diretamente dois
dos objetivos nele listados:
• Fortalecer metodologias de prevenção das DST/HIV para gays e outros HSH que
tiveram êxito comprovado e investir em novas metodologias que acompanhem
as mudanças do contexto da epidemia.
• Ampliar a abrangência geográfica e a qualidade das ações de prevenção,
assistência e tratamento do HIV, das DST e hepatites para travestis, considerando
novas tecnologias de educação em saúde, demandas e especificidades desse
grupo populacional.
Este material cumpre importante etapa do Programa DEBI Brasil, em sua fase
piloto, que é a tradução e adaptação dos manuais editados pelo CDC, sendo
assim base para a coleta de experiências brasileiras que possam ser formatadas,
terem sua eficácia cientificamente comprovadas, avaliadas e, consequentemente,
transformadas em metodologias replicáveis por outras organizações.
ÍNDICE
I. Introdução ................................................................................. 7
A. Apresentação do Guia Técnijco ........................................................ 7
B. Contextualização do modelo LOP .................................................. 7
O MODELO LOP .............................................................................................................. 9
Resumo da avaliação formativa necessária em relação aos LOP e
à cultura de risco ................................................................................................ 9
Resumo do Projeto LOP criado pelo Dr. Jeff Kelly .............................. 11
Breve descrição da implementação da estratégia LOP .................... 12
Os Nove Elementos Centrais da Estratégia LOP ................................... 13
Exemplos de Projetos LOP ..................................................................................... 14
Principais Atividades e sua Sequência na Estratégia LOP ............... 15
II. Avaliação formativa para adaptação do modelo da
estratégia LOP ....................................................................... 17
Roteiro de decisões sobre avaliação formativa para direcionar,
adaptar e construir a estratégia LOP ................................................. 18
Resumo das tarefas básicas a serem realizadas na etapa
formativa ................................................................................................................. 20
Este Guia descreve os componentes e recursos do mapeamento
na etapa formativa antes de descrever os métodos do mesmo
.......................................................................................................................................... 21
A. Mapeamento de componentes comunitários que serão
alvo da intervenção e que subsidiarão a elaboração de
atividades e materiais ..................................................................... 21
População demográfica ampla ........................................................................ 26
População atendida pela instituição .......................................................... 26
População da estratégia LOP ........................................................................... 26
Ambiente Comunitário ............................................................................................ 26
Norma ................................................................................................................................. 26
Grupos de Amizade .................................................................................................... 26
LOP ........................................................................................................................................ 26
B. Materiais do projeto a serem desenvolvidos na etapa
formativa: logo e conteúdo do plano de treinamento ........ 32
D. Métodos de avaliação formativa ............................................... 33
Resumo dos Métodos de Avaliação Formativa ..................................... 35
Conclusão (da Seção II - Avaliação formativa para a estratégia
LOP) .............................................................................................................................. 39
III. Recrutamento, treinamento, apoio e atuação dos LOP
..................................................................................................... 43
A. Recrutamento dos LOP ..................................................................... 43
Avaliação para a realização da estratégia LOP .................................. 43
Avaliação dos LOP em potencial ..................................................................... 44
Recrutamento de LOP .............................................................................................. 45
Protocolos, sistemas e formulários para o recrutamento .......... 46
Retenção ........................................................................................................................... 47
B. Treinando os LOP ............................................................................... 48
1. Visão geral do treinamento dos LOP .................................................. 48
2. Passos para a adaptação das sessões de treinamento e
preparação para sua realização .............................................................. 53
3. Descrição detalhada da estrutura, conteúdos, atividades e
propósito de cada sessão .............................................................................. 54
C. Atuação dos LOP (realização dos endossos) ............................ 61
D. Apoiando a Estratégia LOP e os LOP ............................................ 61
Encontros ........................................................................................................................ 62
IV. Manutenção da estratégia LOP no longo prazo ........ 65
V. Indicadores e monitoramento da fidelidade aos
elementos centrais da estratégia LOP ........................... 67
Exemplos de objetivos programáticos “SMART” para a
identificação e documentação da fidelidade das atividades
do projeto LOP, em relação aos elementos centrais ou à
lógica interna do modelo da estratégia LOP ................................ 68
Elemento Essencial Nº 7 da Intervenção .................................................... 72
Perguntas “SMART” a serem respondidas em relação aos
objetivos programáticos acima ................................................................ 73
ANEXOS .......................................................................................... 75
Anexo 1 - ESTIMATIVA DO CUSTO DA ESTRATÉGIA LOP ............. 75
Anexo 2 - NÚMERO MÍNIMO DE INTERAÇÕES COM OS
INTEGRANTES DA COMUNIDADE .................................................. 76
Anexo 3 - MODELO DE QUESTIONÁRIO SOCIOMÉTRICO ......... 77
Anexo 4 - MODELO DE ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DA
COMUNIDADE .................................................................................... 78
Anexo 5 - MODELO DE ROTEIRO PARA ENTREVISTAS COM
INFORMANTES-CHAVE ..................................................................... 80
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
I. Introdução
A. Apresentação do Guia Técnico
A estratégia para intervenção de mudança comportamental com Líderes
de Opinião Popular (LOP) é apropriada para diversas populações e
situações que se enquadrem nas características específicas visadas pelo
modelo LOP. O enfoque deste Guia Técnico é orientar sobre a adaptação
do modelo LOP. A adaptação é um procedimento normal, básico, além
de ser um dos primeiros passos, e é essencial para a implementação da
estratégia LOP. De todas as tarefas relacionadas à implementação da
estratégia LOP, a fase de adaptação é a menos explicada.
As informações contidas neste Guia explicam mais detalhadamente os
procedimentos e os processos de implementação descritos no manual de
estratégia e também nos treinamentos para facilitadores realizados pelo
CDC. Utilize este Guia Técnico junto com os demais recursos que o CDC
disponibiliza para apoiar a implementação da estratégia LOP.
Este Guia fornece orientações técnicas sobre a estratégia LOP e trata de
duas das três principais etapas da realização da mesma.
I. Avaliação formativa para adaptar, direcionar e estabelecer a
estratégia LOP;
II. Recrutamento, treinamento, atuação e apoio aos Líderes de
Opinião Popular;
III. Avaliação e monitoramento da estratégia LOP. 1
B. Contextualização do modelo LOP
A estratégia LOP de prevenção é um modelo específico que tem o
objetivo de influenciar a mudança de comportamento. A estratégia possui
uma lógica específica e um conjunto de parâmetros que vão influenciar
os determinantes sociais de comportamentos dentro de uma cultura,
removendo os comportamentos de risco dessa cultura. A estratégia LOP
é um modelo e também uma estratégia para promover o determinante
sociocomportamental de uma norma de redução de riscos relacionados
ao HIV, dentro de uma rede social caracterizada por uma cultura
compartilhada de risco (atitudes, convicções, normas, opiniões,
conhecimentos e comportamentos etc. compartilhados e relativos a
1 Um manual detalhado de avaliação do CDC está disponível separadamente para ajudar a orientar a terceira
etapa: “III. Avaliação e monitoramento da estratégia LOP.”
7
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Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
riscos). A estratégia LOP, também, focaliza relações de influência nessas
redes socais. A comunicação interpessoal, que tem mais poder de
persuasão que os meios de comunicação de massa, transmite uma norma
de redução de risco por meio de formadores de opinião, dentro das redes
ou “Líderes de Opinião Popular” (LOP). O comportamento tem forte
influência na adaptação ou absorção de uma nova norma social relativa
ao risco na cultura. A norma passa a ser adotada ou instituída, quando
ela é endossada pelos Líderes de Opinião Popular com aqueles que os
admiram.
Na intervenção com “Líderes de Opinião Popular”, os LOP são
identificados, recrutados, treinados, apoiados e atuam para influenciar
os amigos, de modo que passem a considerar a redução do risco
de infecção pelo HIV como a prática aceita. Os LOP têm atributos
específicos. Dentro de seus grupos de amizade, eles são os 15% mais
influentes, respeitados, com credibilidade e experiência relevante de vida,
confiáveis, compreensivos com os amigos, falam bem, são articulados e
autoconfiantes. Em razão desses atributos, eles determinam a formação de
opinião entre as pessoas ao seu redor. Os LOP criam tendências entre seus
amigos. Eles já existem. Essa estratégia não cria LOP: a intervenção
identifica, apoia e utiliza esses líderes influentes para modificar visões,
atitudes, opiniões e normas sobre riscos presentes na cultura.
A estratégia LOP utiliza Líderes de Opinião Popular para modificar
ou introduzir uma norma social relacionada a risco. Normas sociais são
regras tácitas de comportamento; são convicções, costumes, expectativas
e opiniões compartilhados por um grupo que determinam atitudes,
convicções, opiniões e comportamentos individuais. A existência de uma
norma social pode ser percebida, dentro de uma rede social, na influência
entre pares quanto ao que é considerado apropriado ou inapropriado
para os integrantes da rede ou de um grupo social. Por exemplo, muitas
vezes as pessoas usam (comportamento individual) um determinado estilo
de roupas por causa de pressão sutil porém significativa dos pares, em
relação ao que é apropriado e inapropriado (a norma social). A norma é
transmitida tanto pela exibição (o uso) como pelas conversas sobre roupas
e estilos que ocorrem em suas relações sociais imediatas.
A “norma social” é a essência da pressão social ou dos pares que existe
dentro do grupo em relação a comportamentos apropriados e esperados.
A norma social ou a existência da influência dos pares não devem ser
confundidas com as “razões técnicas” que levam ao uso das roupas, que
podem ser para proteção, confortáveis etc. Tais “razões técnicas” são
justificativas subsidiárias relacionadas à norma social, mas não são a
norma social em si. Muitas vezes as justificativas técnicas, assim como a
própria norma, não são evidentes para os integrantes do grupo. Podem
não “fazer sentido”, não ser coerentes ou compreensíveis, especialmente
para pessoas fora do grupo ou da cultura.
Em suma, a estratégia LOP atua com pessoas que criam tendências
dentro da cultura a fim de estabelecer uma tendência, uma inovação ou
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
9
uma norma relacionada ao risco, que seja viável e esteja em consonância
com a cultura. A intervenção utiliza 15% dos integrantes mais influentes
da rede social para promover a tendência de redução de risco. Quando os
integrantes mais influentes manifestam a sua opinião junto àqueles que
os admiram, os demais integrantes começam a imitá-los e a adotar a essa
opinião, que se dissemina e, no final, se estabelece em toda a rede social.
O MODELO LOP
Resumo da avaliação formativa necessária em relação aos LOP
e à cultura de risco.
O enfoque
(determinante
comportamental)
Norma da
comunidade
relacionada ao
risco
(Ex.: Pouco ou nenhum
valor atribuído ao uso
do preservativo).
O resultado esperado
da atividade
A atividade de intervenção
determina
LOP endossam
uma norma social
relacionada ao risco
(Ex.: LOP endossam
/ referendam uso do
preservativo junto aos
amigos).
a fim de
se obter
Comunidade
adota a norma
(Ex.: A rede social
de amigos passa a
valorizar muito o uso
do preserva-tivo e a
exercer pressão junto
aos pares para que
também o usem).
É oportuno identificar e enfocar uma norma relacionada ao risco que
esteja imediatamente disponível para implantação dentro da cultura. É
preciso entender e, também, ter explicações coerentes a respeito de uma
cultura de risco para poder estabelecer a estratégia LOP e direcioná-la
dentro dessa cultura. A “competência cultural” do programa significa que
a cultura seja adequadamente entendida e o programa implementado
em consonância com essa cultura. Uma das principais áreas enfocadas
por este Guia é a avaliação formativa necessária para descrever
suficientemente bem uma comunidade de modo a poder realizar a
estratégia LOP, de forma apropriada. Essa especificação da modificação
do modelo para combinar com a comunidade é a etapa de adaptação da
estratégia LOP (essa é a etapa menos explicada entre todas as relacionadas
à sua implementação).
A estratégia LOP depende do compromisso e da disposição de
integrantes específicos de um grupo, os “LOP”, para transmitir aos amigos
mensagens que referendem a redução do risco pessoal. Para poder
realizar a intervenção, é necessário localizar e descrever pessoas em
grupos de amizade interligados. Isso porque os próprios LOP pertencem
a grupos específicos de amizade. Os LOP não são desconhecidos ou
estranhos. São pessoas que estão ao nosso redor, por quem temos um
grau significativo de confiança, admiração, cujas opiniões são importantes
para nós, cujos conselhos seguimos e, o mais importante, são pessoas que
queremos imitar..
Ministério da Saúde
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Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
A rede social composta por grupos interligados por amizade
indispensável para a estratégia LOP, também, precisa ser uma rede em que
a promoção de uma norma de redução de risco (como a forte valorização
do uso do preservativo em toda a comunidade) seja necessária e viável.
Se as pessoas não compartilham normas entre si, ou não têm o potencial
de compartilhá-las ou estarem sujeitas à sua influência, significa que não
estão suficientemente unidas entre si para que a estratégia LOP possa
focalizar ligações baseadas em influência e normas compartilhadas.
Uma cultura compartilhada de risco é uma característica importante na
definição de um grupo social em que a estratégia LOP possa ser realizada.
Grupo de amizade A
LOP LOP LOP LOP
Grupo de amizade D
LOP LOP LOP LOP
Grupo de amizade G
LOP LOP
Grupo de amizade B
LOP LOP LOP
Grupo de amizade E
LOP LOP
Grupo de amizade H
LOP LOP LOP
Grupo de amizade C
LOP
Grupo de amizade F
LOP LOP LOP
E assim por diante… para todos
os grupos de amizade no local da
intervenção, e com 15% de LOP em
cada subgrupo.
Pessoas em grupos ligados de amizade nos quais se circula a influência
pessoal e que precisam da promoção de uma norma de redução de risco.
• Um dos primeiros estudos da difusão da inovação mostrou que
a norma “decolou” ou obteve a velocidade necessária para ser
absorvida, quando 15% dos LOP, no seu meio, endossaram a
opinião. Visto que não se sabe se um número inferior é capaz de
produzir o impacto, mantém-se a meta de 15% na realização da
intervenção.
Um exemplo de uma cultura compartilhada de risco e uma rede de
grupos de amizade apropriada para a estratégia LOP são os amigos
que frequentavam um bar gay, em uma cidade pequena no estado de
Mississipi, onde Jeff Kelly realizou o primeiro ensaio da estratégia LOP.
Nesse caso, a estratégia LOP foi direcionada aos homens vinculados
pelo contexto do bar gay, à amizade entre eles e outros aspectos de
suas relações compartilhadas, como interesses sexuais em potencial
e atividades sexuais entre si, elementos comuns da vida cotidiana
(incluindo a comunicação e o compartilhamento de informações), bem
como normas, atitudes, convicções e valores compartilhados sobre sexo
mais seguro (se toda a comunidade considerava que o uso do preservativo
era apropriado e/ou inapropriado).
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Resumo do Projeto LOP criado pelo Dr. Jeff Kelly
Jeff Kelly queria fazer uma intervenção com homens, fora dos centros
urbanos, sob o risco de relações sexuais desprotegidas com outros
homens.
Em termos de como intervir, Dr. Kelly sabia que: “reduções em
comportamentos sexuais de alto risco entre homossexuais em centros
urbanos parecem estar ligadas a novas normas em comunidades gays, em
grandes cidades, que desestimulam atividades de alto risco como o sexo
anal desprotegido e incentivam medidas de precaução como o uso do
preservativo ou outras práticas sexuais mais seguras.” 2
Dr. Kelly sabia que “redes sociais de influência e estreitamente
ligadas” seriam necessárias para estabelecer uma norma de sexo mais
seguro, por meio de formadores de opinião respeitados.3 Ele sabia que
precisaria encontrar um ambiente de encontro social de uma rede de
pessoas estreitamente ligadas para poder traçar e definir uma população
para a estratégia LOP. Em especial, ele precisava descrever e definir as
conexões sociais dos indivíduos, suas normas compartilhadas de risco,
os padrões de influência entre os integrantes, bem como outros aspectos
da população como as lideranças comunitárias. Para descrever uma
população de uma estratégia LOP, também, é necessário quantificá-la. Dr.
Kelly sabia que precisava treinar 15% do total para endossar a norma e,
também, precisava de recursos suficientes para definir a abrangência e o
tamanho da população da intervenção.
Dr. Kelly resolveu enfocar sua avaliação formativa em um bar gay de
uma cidade pequena (50 a 70 mil habitantes), no estado de Mississipi. Ele
sabia que um bar gay poderia ajudar a facilitar a coleta das informações
necessárias. “Por causa do relativo isolamento e da falta de outros locais
de encontro, esses bares tendem a atrair grupos grandes e estáveis de
homossexuais masculinos e servem como o principal ambiente de
encontro social da comunidade gay de cada cidade [pequena].”4
O tamanho da população da intervenção era de 328 pessoas. Para
identificar os LOP dentro das redes sociais de gays, Dr. Kelly treinou os
garçons para serem observadores discretos e para fazerem indicações das
principais pessoas respeitadas, benquistas e de confiança. Trinta e um
LOP foram recrutados, treinados e apoiados para referendar a norma do
sexo mais seguro junto aos demais. 90% dos LOP eram masculinos e 90%
eram brancos.
2 Página 168: JA Kelly, JS St. Lawrence, YE Diaz, LY Stevenson, et al. (1991). HIV risk reduction following
intervention with key opinion leaders of population: An experimental analysis, American Journal of Public
Health, 81 (2), 168 – 171.
3 Página 1488: JA Kelly, JS St. Lawrence, LY Stevenson, AC Hauth, et al. (1992). Community AIDS/HIV risk
reduction: The effects of endorsements by popular people in three cities. American Journal of Public Health,
82 (11): 1483-1489.
4 Página 168: Kelly et al, (1991).
11
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Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
Breve descrição da implementação da estratégia LOP
1. Uma população ou uma comunidade de amigos que compartilham
uma cultura de risco é identificada para ser o alvo da intervenção. A
rede de amigos precisa ser descrita detalhadamente em termos dos
riscos, dos grupos e dos integrantes desses grupos. Um ambiente,
um local ou contexto comunitário pode ser um espaço que facilite a
descrição, a identificação e a avaliação da quantidade de subgrupos
e seus integrantes. Os LOP precisam ser identificados e descritos
(para fins de recrutamento, treinamento e atuação), sendo necessário
um número equivalente a 15% para cada grupo de amizade. É
indispensável avaliar quantos integrantes cada grupo de amizade
tem para poder determinar o número de LOP equivalente a 15% em
cada subgrupo. É preciso, também, realizar avaliação formativa para
conhecer e descrever o comportamento e as normas compartilhadas
de risco a serem trabalhadas, a fim de reduzir o risco dentro da
rede. Esses componentes são os elementos básicos da estratégia LOP
que precisam ser definidos em cada contexto local. Os materiais, as
atividades e os planos do projeto serão elaborados tendo como base
as informações obtidas na etapa de avaliação formativa. Nessa etapa
ocorre a pesquisa e o desenvolvimento básicos necessários para as
atividades da estratégia LOP.
2. Uma vez concluída a avaliação formativa, a estratégia LOP envolve o
recrutamento, o treinamento, o apoio e a atuação dos LOP embasados
em um plano. O projeto recrutará, treinará e convencerá os LOP
identificados de que a norma de redução de risco é apropriada. Por
sua vez, os LOP convencem os amigos que a norma é adequada.
O projeto dá apoio continuado aos LOP na sua atuação junto aos
amigos. A etapa de “implementação” significa pôr em prática os
planos, os produtos e as atividades.
3. O plano e a implementação da estratégia LOP são monitorados para
permitir ajustes em caso de eventuais problemas encontrados durante
a sua realização.
Obs.: A quantidade de recursos disponíveis é uma questão importante.
Há uma relação específica entre o tamanho da população e o número
de LOP (15% da população a ser abrangida). O número de LOP que
podem ser apoiados é limitado pelos recursos financeiros disponíveis
e isso limita, também, o tamanho da população que será trabalhada.
As orientações contidas neste Guia se baseiam nos nove elementos
centrais da estratégia LOP, descrevendo-os da maneira mais completa e
técnica, designando a forma como serão implementados na prática.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Os Nove Elementos Centrais da Estratégia LOP
1. A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável, em
locais comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o
tamanho da população.
2. Técnicas etnográficas são utilizadas sistematicamente para identificar
segmentos da população e para identificar as pessoas que são mais
benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas, em
cada segmento da população.
3. No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos locais de
intervenção foi treinada como Líder de Opinião Popular.
4. Por meio do treinamento, os Líderes de Opinião Popular aprendem
habilidades necessárias para iniciar a divulgação de mensagens sobre
a redução de risco para amigos e conhecidos durante conversas
cotidianas.
5. Os Líderes de Opinião Popular, também, aprendem as características
de mensagens efetivas sobre mudanças de comportamento
direcionadas para atitudes, normas, intenções e autoeficácia relativas
ao risco. Em conversas, os Líderes de Opinião Popular endossam ou
referendam pessoalmente os benefícios de comportamentos mais
seguros e recomendam passos práticos necessários para realizar as
mudanças.
6. Grupos de Líderes de Opinião Popular têm encontros semanais
em sessões que envolvem aprendizagem, modelos de facilitação e
exercícios bem elaborados, com dramatizações, para que possam
aprimorar suas habilidades e ganhar segurança quanto à transmissão
para outras pessoas de mensagens efetivas sobre a prevenção do HIV.
O tamanho dos grupos é suficientemente pequeno para permitir que
todos os Líderes de Opinião Popular tenham várias oportunidades de
fazer exercícios que aprofundem suas habilidades de comunicação e
lhes deem tranquilidade na transmissão de mensagens por meio de
conversas.
7. Os Líderes de Opinião Popular estabelecem metas para a realização
de conversas sobre a redução de risco com amigos e conhecidos da
população abrangida, nos intervalos entre as sessões semanais.
8. Os resultados das conversas dos Líderes de Opinião Popular são
analisados, discutidos e reforçados nas sessões subsequentes.
9. Logos, símbolos ou outros dispositivos são utilizados como meios
para iniciar conversas entre os Líderes de Opinião Popular e outras
pessoas.
13
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Exemplos de Projetos LOP
Projeto Comunitário de Saúde da Mulher (Women’s Community Health
Project)
Um projeto LOP foi realizado em nove programas de habitação para
pessoas de baixa renda, em cinco cidades nos EUA. As LOP foram
identificadas por meio de observação, para ver quais mulheres se
relacionavam melhor umas com as outras. Um perfil, também, foi obtido
para descobrir quais eram as mais respeitadas e detinham mais confiança
por parte das outras. Indicações de LOP também foram solicitadas
aos gerentes dos conjuntos habitacionais e às lideranças comunitárias
(informantes-chave). Foram formados “Conselhos de Saúde da Mulher”
que realizavam eventos, envolvendo toda a comunidade, sendo essas
ocasiões voltadas tanto para o convívio social quanto para a prevenção.
Dessa forma, o apoio à comunidade e seu fortalecimento eram parte
integral desse projeto LOP.
Projeto Michê (The Hustler Project)
Em 1992, a organização Gay Men’s Health Crisis, Inc. (GMHC) recebeu
financiamento de uma fundação para um projeto com garotos de
programa ou “michês” na cidade de Nova York. Como o financiamento
era por apenas um ano, a GMHC precisou fazer uma avaliação rápida
e de baixo custo. O pessoal da área de prevenção e da área de avaliação
obtiveram informações relevantes de fontes já existentes, realizaram
observações na comunidade, entrevistaram informantes-chave e
utilizaram seu próprio conhecimento e experiência na comunidade para
nortear as decisões que precisavam tomar.
Embora mudanças para comportamentos sexuais mais seguros tivessem
ocorrido entre subgrupos de gays que se encontravam em duas regiões
de Manhattan, existiam lacunas nessas mudanças entre outros subgrupos
de gays e outros HSH. Existia risco entre michês por causa de relações
sexuais profissionais com homens e, também, em razão de outras formas
de relações sexuais desprotegidas com homens. O uso de substâncias,
incluindo as drogas injetáveis, também caracterizava a vida de muitos dos
michês. Vários clientes de michês, também, estavam sob risco, por causa
de relações sexuais desprotegidas com outros HSH.
A GMHC sabia que já havia sido demonstrado que centrar esforços em
uma só norma é mais eficaz do que centrar esforços em várias normas.
A organização, também, estava preocupada com a viabilidade de se
trabalhar com várias normas, porque o projeto tinha duração de apenas
um ano. A organização decidiu que a promoção do sexo mais seguro
seria a norma a ser trabalhada, tendo como base a observação de que o
sexo anal desprotegido era provavelmente o meio de transmissão mais
frequente entre a maioria dos homens.
Existiam evidências mostrando que pode acontecer de michês se
unirem e formarem redes sociais e normativas (nem todo michê é isolado
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
socialmente). Assim, uma questão importante para a GMHC era como
e onde relações sociais tangíveis entre michês poderiam ser encontradas
em Nova Yorque e, assim, alcançá-los de forma viável com a estratégia
LOP. Alguns lugares frequentados por michês eram menos passageiros,
ocultos e discretos que outros. Três bares de michês em Manhattan
foram escolhidos como os locais comunitários para a intervenção. Os
bares eram locais de trabalho, “feiras” sexuais, além de ser uma “segunda
casa” entre michês que formavam grupos de amigos, seus clientes e
outros frequentadores regulares. Os garçons identificavam e indicavam
indivíduos influentes nos bares, independentemente de serem michês,
clientes de michês, outros clientes do bar ou pessoas que trabalhavam no
bar.
As sessões de treinamento foram adaptadas para que o conteúdo
fosse relevante para os contextos de práticas sexuais mais seguras
entre os homens-alvo da intervenção. Por exemplo, foi elaborada uma
dramatização para retratar uma situação passível de ser vivenciada por
um michê, como a oferta de receber dinheiro adicional em troca de
relações sexuais sem proteção. Dois intermediários foram treinados e
designados para cada bar a fim de se encontrarem com os líderes de
opinião duas vezes por semana. Os intermediários prestavam apoio
continuado aos LOP depois dos treinamentos.
Principais Atividades e sua Sequência na Estratégia LOP
Etapa anterior ao recebimento do financiamento
• Identificar uma população sob risco, dentro da qual a estratégia
LOP será direcionada;
• Iniciar o desenvolvimento de relações relevantes com a
comunidade;
• Avaliar a aplicabilidade e a viabilidade da estratégia LOP na
comunidade (iniciar a avaliação da comunidade e do risco);
• Obter financiamento ou recursos suficientes para realizar a
estratégia LOP.
Etapa de Planejamento, Avaliação Formativa e Direcionamento
• Definir a relação entre os recursos disponíveis e a abrangência e o
tamanho do projeto.
• Com os recursos disponíveis, será possível treinar quantos LOP
e tê-los atuando?
• Com os recursos disponíveis, qual é o tamanho da rede na qual
será possível fazer a intervenção?
• Treinar o pessoal do projeto.
• Iniciar o processo de elaboração das ferramentas de planejamento
e monitoramento da estratégia LOP (www.effectiveinterventions.
org).
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Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
• Envolver lideranças e a comunidade específica alvo da estratégia
LOP.
• Concluir a avaliação da comunidade e do risco a fim de poder
direcionar a estratégia LOP (identificar e estimar o tamanho da(s)
rede(s) social/sociais alvo(s), a norma relacionada ao risco que
será alvo da intervenção, bem como a primeira turma de LOP.
• Elaborar materiais e planos específicos do projeto LOP local.
• Logo/dispositivo que favorece conversas
• Plano de treinamento
• Planos e procedimentos para recrutamento de LOP
• Plano para treinar LOP em turmas
• Plano e procedimentos de retenção
• Plano de apoio e manutenção de LOP na comunidade
• Finalizar as ferramentas de planejamento e monitoramento da
estratégia LOP
Etapa de Implementação e Monitoramento
•
•
•
•
•
Iniciar o recrutamento dos LOP
Realizar a identificação contínua de LOP (se apropriado)
Iniciar o treinamento contínuo dos LOP (em grupos)
Iniciar as atividades contínuas de retenção, seguimento e apoio
Monitorar a obtenção dos objetivos do programa
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
II. Avaliação formativa para
adaptação do modelo da estratégia
LOP
Esta seção do Guia explica mais detalhadamente o que é preciso fazer
para direcionar e realizar a estratégia LOP localmente e desenvolver
materiais, atividades e planos para o contexto local.
Um dos primeiros passos é a definição da maneira específica como
a estratégia LOP será implementada em sua comunidade. Conforme
informado na seção anterior sobre o modelo básico da estratégia LOP, ele
é direcionado a condições e atributos específicos relacionados ao risco e
à “comunidade” (relações compartilhadas de influência e risco). É preciso
obter informações sobre a existência dos riscos e das características da
comunidade local para poder definir exatamente onde, como e a quem a
estratégia LOP pode ser dirigida e como os materiais e as atividades serão
planejados e elaborados, em consonância com o modelo básico, a lógica
e os parâmetros da estratégia LOP. Depois de identificar as características
do risco e da comunidade, será necessário planejar exatamente como o
modelo LOP será direcionado a essas comunidades.
Adaptação é o processo da definição detalhada das atividades
de intervenção que sejam apropriadas para o contexto em que
a intervenção será realizada, sem perder a lógica interna ou os
elementos centrais do modelo de intervenção. Refere-se ao processo
de tornar as atividades do modelo de intervenção culturalmente
apropriadas, adequando as atividades do modelo de intervenção
para o contexto cultural. É um processo comum e normal na
implementação de um modelo de intervenção.
Obs.: Se o contexto da comunidade em questão não possui as
características específicas focalizadas pela estratégia LOP, ela não será
apropriada. Nessa situação, seria o caso de se utilizar uma intervenção
diferente ou criar uma nova.
Os Elementos Centrais 1 a 3 dizem respeito à avaliação formativa que
precisa ser realizada para adaptar e definir o conteúdo da estratégia LOP.
1. A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável, em
locais comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o
tamanho da população.
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2. São utilizadas, sistematicamente, técnicas etnográficas para
identificar segmentos da população e pessoas que são as mais
benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas,
em cada um desses segmentos.
3. No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos
locais de intervenção são treinados como Líderes de Opinião
Popular.
Os Elementos Centrais nºs 4 a 9 também refletem recursos que
precisam ser planejados e elaborados para o contexto local durante a
etapa da avaliação formativa: os detalhes do plano de treinamento e a logo
específica.
A avaliação formativa para a estratégia LOP pode ser entendida como o
“mapeamento” da comunidade-alvo e sua cultura. Na intervenção DEBI
chamada COMMUNITY PROMISE, essa atividade é conhecida como o
“processo de identificação da comunidade”.
Roteiro de decisões sobre avaliação formativa para direcionar,
adaptar e construir a estratégia LOP
Para poder direcionar a estratégia LOP, será necessário decidir qual
grupo específico será o alvo dentre os muitos grupos possíveis na
comunidade. É essencial realizar uma avaliação ou mapeamento rápido
para poder tomar decisões sobre o direcionamento da estratégia LOP.
Os recursos, incluindo o tempo, para o mapeamento são limitados. É
provável que a decisão seja baseada em conhecimentos já existentes sobre
os diferentes segmentos da comunidade e em observações ágeis, incluindo
entrevistas com informantes-chave, realizadas pelo pessoal da instituição
para obter informações para subsidiar as decisões. A seguir, há um roteiro
de decisões para ajudar na seleção de um grupo-alvo para a intervenção
em sua comunidade. O roteiro de decisões faz perguntas cada vez mais
específicas sobre “o que” será necessário descobrir e, também, orienta
a identificação de “como” serão feitas as avaliações que subsidiarão as
decisões.
1. Qual população sob risco (ex.: homens que fazem sexo com homens HSH; usuários de drogas injetáveis - UDI; afroamericanos; mulheres),
qual o segmento específico e que perfil específico de risco será possível
trabalhar?
• De todas as populações demográficas e epidemiológicas sob risco,
atendidas por sua instituição e/ou para as quais há financiamento
para projetos, qual delas a instituição pretende beneficiar com a
estratégia LOP?
• O pessoal da instituição e do projeto LOP pode estar mais
preparado para atender um determinado tipo de população sob
risco. Pode conhecer melhor e estar mais à vontade com uma
determinada população. Uma dessas populações pode responder
melhor à instituição que as outras.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
• Qual das populações sob risco tem mais necessidade? Nessas
populações, quais são os perfis ainda mais específicos de risco que
são prioritários? (Obs.: nem todos os perfis específicos de risco
podem ser apropriados para a estratégia LOP.)
• Quais populações sob risco têm subgrupos que precisam e
possuem as características necessárias para a estratégia LOP que
possam ajudar a identificá-los?
o Relações de amizade em comum entre si.
o Norma social compartilhada que impulsiona o risco entre eles.
o Compartilham o mesmo ambiente ou contexto de bate-papo
ou encontro social na comunidade como parte de suas vidas
cotidianas e relações de amizade.
• A instituição pode ter recebido financiamento para trabalhar com
uma determinada população sob risco, de modo que não seja
necessário escolher a população da intervenção. Nesse caso será
necessário focar a atenção em subgrupos dentro dessa população
sob risco para determinar como a estratégia LOP será adaptada.
• Quais as informações necessárias para definir todas essas questões
e qual será a forma mais prática e eficiente de obter as informações
e chegar a uma decisão?
2. Qual é o grupo local específico ou perfil de risco específico a ser o
alvo da estratégia LOP (rede social de grupos de amizade interligados,
caracterizados por uma normal social compartilhada que impulsiona
o risco)?
• Quais são os subgrupos dentro da população sob risco selecionada
que possuem as características necessárias para a estratégia LOP?
o Relações de amizade em comum entre si.
o Norma compartilhada de risco.
o Compartilham o mesmo ambiente ou contexto de bate-papo
na comunidade como parte de suas vidas cotidianas e relações
de amizade.
• Qual subgrupo pode ser trabalhado com os recursos a instituição
tem para a estratégia LOP?
• Com quais desses subgrupos o pessoal da instituição vai poder
trabalhar melhor? Quais desses subgrupos estarão dispostos a
trabalhar com a instituição?
• De todos esses, quais de fato são os possíveis alvos da intervenção?
• Quais informações são necessárias para definir todas essas
questões e qual será a forma mais prática e eficiente de se obter as
informações e de se chegar a uma decisão?
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Resumo das tarefas básicas a serem realizadas na etapa
formativa
1. Calcular o número de LOP e o tamanho da população com a qual será
possível trabalhar (com base no financiamento/recursos disponíveis).5
2. Realizar avaliação para identificar uma população apropriada para a
intervenção, até o nível de uma rede social específica de amigos que
compartilham uma norma que impulsiona o risco e um ambiente de
encontro social que permite identificar e descrevê-los.
3. Realizar uma avaliação para estimar o tamanho da população
identificada.
Obs.: Se a estimativa indica que foi selecionada uma população que
é grande demais para os recursos disponíveis (item 1 acima), será
necessário restringi-la e identificar outra.(item 2 acima).
4. Realizar a avaliação necessária para identificar uma só norma
específica de redução de risco (a ser promovida pela intervenção).
5. Envolver lideranças no ambiente de encontro social para apoiar a
estratégia LOP.
6. Dentro da população específica da intervenção, descrever os
subgrupos, bem como 15% dos LOP em cada um deles.
7. Criar a logo e/ou outros dispositivos de apoio que serão utilizados
pelos LOP para provocar as mensagens ou conversas de apoio à
redução de risco que serão entabuladas.
8. Elaborar uma estratégia (incluindo sistemas e protocolos) para
coordenar, administrar e monitorar a identificação, o recrutamento,
o apoio (retenção e treinamento) e a atuação dos LOP, em turmas ou
grupos com cerca de 10 LOP em cada turma.
9. Adaptar as sessões de treinamento da estratégia LOP para que sejam
relevantes para a norma específica relacionada ao risco e para a rede
social alvo da intervenção.
Obs.: É provável que seja necessário obter as informações, as
atividades e os materiais para o contexto, de maneira rápida e eficiente.
Este Guia fornece orientações gerais para nortear seus esforços. Auxílio
com o fortalecimento da capacidade para realizar a estratégia LOP
deve ser solicitado aos responsáveis por projetos, nos serviços federais
e estaduais de saúde pública. É uma prática comum recorrer a essa
forma de auxílio. A instituição também pode optar por obter o auxílio
de um cientista social na etapa formativa da estratégia LOP, sobretudo
um cientista social com conhecimento aprofundado de intervenções
comunitárias de prevenção do HIV e de avaliações etnográficas rápidas
voltadas para o estabelecimento de programas sociais e de saúde6.
5 O financiamento disponível para realizar a estratégia LOP determina o tamanho da população no local ou
contexto a ser o alvo da intervenção. É preciso estimar quantos LOP podem ser recrutados, apoiados e ser
atuantes com o financiamento disponível para realizar a intervenção. (Ver o Anexo 1: Planilha de Estimativa
de Custos para estimar quantos LOP é possível ter com os recursos financeiros disponíveis). O tamanho da
população no local ou contexto que pode ser trabalhado com a estratégia LOP é 15 vezes o número de LOP que
podem ser recrutados, apoiados e ser atuantes com os recursos disponíveis.
6 Conhecer e ter habilidade com métodos de pesquisa social contribuirá para a realização da pesquisa formativa.
Por exemplo, a utilização correta de conhecimentos e técnicas de amostragem deverá aumentar a qualidade
dos dados coletados pelos diversos métodos empregados.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Este Guia descreve os componentes e recursos
do mapeamento na etapa formativa antes de
descrever os métodos do mesmo
A. Mapeamento de componentes comunitários que serão
alvo da intervenção e que subsidiarão a elaboração de
atividades e materiais
É necessário realizar avaliação formativa para identificar os contextos
e fatores locais que atendam aos requisitos da estratégia LOP. Também
é necessário adaptar e definir os elementos da intervenção para o
contexto local, ou seja, a especificidade cultural do modelo. A maior
parte do trabalho de adaptação e definição da intervenção será feita
antes da implementação. Contudo, as redes sociais, os riscos e as normas
relacionadas a riscos evoluirão com o passar do tempo e será necessário
ficar atento a esses fatores e fazer os ajustes necessários para a manutenção
da estratégia LOP no longo prazo. Deve-se obter informações detalhadas
sobre:
• a população/rede social alvo da intervenção e um ambiente
comunitário significativo frequentado pela mesma.
• grupos de amizade (componentes da rede social).
• formadores de opinião respeitados e com credibilidade (os LOP).
• a norma social a ser promovida especificamente relacionada ao
risco.
Recursos adicionais que precisam ser desenvolvidos na etapa formativa:
• logo ou dispositivo atraente e relevante para despertar conversas.
• conteúdo das sessões de treinamento dos LOP.
1. População priorizada pela estratégia LOP
As intervenções para mudar comportamentos relativos ao HIV (como a
estratégia LOP) são estratégias específicas. São altamente focalizadas em
determinantes sociocognitivos específicos de comportamentos de risco.
As intervenções comportamentais sociais são dirigidas aos precursores
sociais e/ou cognitivos, aos determinantes sociais, aos contextos sociais
ou à lógica social dos comportamentos. Os determinantes sociocognitivos
são fatores como normas sociais, autoeficácia, intenções, conhecimentos
etc. Para poder aplicar uma intervenção específica, é preciso determinar
quais indivíduos ou grupos de indivíduos têm os tipos particulares de
risco que são o alvo dos determinantes sociocognitivos específicos da
intervenção de mudança de comportamento.
A população de uma estratégia LOP é muito mais específica que uma
grande população demográfica como a “população branca”, e mais
específica que uma categoria epidemiológica/comportamental ampla
como os HSH, e/ou toda a população atendida pela instituição. Nem
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todos os integrantes de uma categoria demográfica e epidemiológica
ampla compartilham ou têm o potencial de compartilhar com outros
integrantes uma norma social que impulsiona o risco, e nem de
influenciá-los a seu respeito. Deve-se ter em mente que a população de
uma estratégia LOP é um grupo de pessoas que podem ser identificadas
em termos de: 1) seus relacionamentos íntimos e pessoais, 2) uma norma
ou regra social tácita que está impulsionando o risco, e 3) um ambiente
de encontro social que faz parte de suas vidas cotidianas. Essas três
características precisam ser identificadas simultaneamente para poder
definir uma população sob risco que pode ser alvo da estratégia LOP.
2.Local/locais comunitários, ambiente(s) de encontro social, rede
social, população da intervenção ou contexto social:
Para uma estratégia LOP, um “local comunitário” é um lugar onde
a rede social alvo se encontra socialmente com muita frequência7.
Identificar e definir um contexto viável e socialmente tangível frequentado
pela rede social de amigos sob risco ajuda a identificar e caracterizar a
população da estratégia LOP em termos dos elementos específicos que
devem ser objeto das atenções e das atividades da mesma. Identificar um
“local comunitário” ajuda muito a localizar amigos que têm um vínculo
entre si e compartilham uma norma relacionada a risco, para que as
atividades da estratégia LOP possam ser focalizadas de forma prática e
útil. São pessoas que se encontram socialmente com frequência. Não são
pessoas que quase não se conhecem. Elas se conhecem e se estimam. É
preciso que o ambiente ou contexto seja acima de tudo um que tenha
um papel de encontro social para as pessoas, porque só locais assim
possuem as características exigidas pela estratégia LOP e serão viáveis.
Uma população de uma estratégia LOP precisa compartilhar contextos
cotidianos, padrões de encontro social, normas relacionadas a risco,
opiniões, convicções, atitudes e expectativas quanto ao comportamento
de seus integrantes. A estratégia é dirigida à característica de uma norma
social compartilhada socialmente entre os amigos na vida cotidiana –
em suma, uma “comunidade” ou cultura de risco e relacionamentos.
Se não há uma comunidade concreta com normas relativas a riscos
e relacionamentos de amizade comuns, não existe o contexto para a
realização da estratégia LOP.
Comunidade
“Comunidade” é um termo comumente utilizado para designar
um grupo socialmente coeso de pessoas. Geralmente “comunidade’
é definida por um território e instituições comuns, relações de
ajuda, interações, expectativas, normas e outros fatores, contextos
e vínculos sociais comuns. Um local ou contexto (comunitário)
apropriado para a estratégia LOP é qualquer espaço de encontro
comunitário no qual os integrantes se reúnem para confraternizar
7 Um local comunitário pode ser um espaço ou contexto virtual como uma sala de bate-papo na internet. O
que importa é se o contexto atende aos critérios de “comunidade”. A pergunta a ser respondida é: Este é um
contexto duradouro, cotidiano de encontro social da rede social de amigos sob risco? Algumas salas de batepapo podem ter essas características, outras não.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
como amigos, ou para desenvolver amizades e entabular conversas. O
fato de pertencer à comunidade dentro do contexto apropriado para
a estratégia LOP precisa ser relativamente estável e não passageiro ou
desconexo. Para que a estratégia LOP possa ser realizada de forma
prática, é preciso ter um contexto no qual possam ser identificados
todos os subgrupos, como grupos de amizade entre os integrantes.
Se os indivíduos forem muito transitórios e não tiverem vínculos
entre si, na forma de relacionamentos significativos e pontos de vista
comuns, não será possível fazer a estratégia LOP porque ela trabalha
normas compartilhadas e relacionamentos influentes. Essas normas e
relacionamentos precisam ser identificados, estimados e trabalhados
concretamente. Quais são os vínculos compartilhados pelas pessoas?
Esses vínculos comuns são suficientes para formar uma comunidade?
São os vínculos necessários para a estratégia LOP?
Diferente do termo “comunidade,” o termo “população” geralmente
se refere a grandes categorias demográficas, epidemiológicas e/ou
comportamentais, como HSH ou “população branca.” É improvável
que uma norma de redução de risco possa ser disseminada por
meio da estratégia LOP em toda uma população definida tão
somente com base em uma categoria de risco ou simplesmente
por categorização racial ou étnica. O mero fato de que as pessoas
podem ser agrupadas com base em um comportamento de risco ou
por pertencerem a uma categoria racial ou étnica não significa que
seu comportamento de risco seja determinado pela mesma norma.
Deve-se lembrar que as intervenções de mudança de comportamento
focalizam os determinantes ou precursores sociais que impactam
no comportamento. Nem todos os comportamentos de risco dentro
de uma categoria ampla definida com base em características
demográficas, comportamentais ou epidemiológicas possuem os
mesmos determinantes sociais. “Agrupar” as pessoas em categorias
amplas demográficas e comportamentais também não significa
que as pessoas “agrupadas” dessa maneira se conheçam ou possam
exercer influência umas sobre as outras. As categorias de populações
relevantes para a estratégia LOP são mais específicas que as categorias
demográficas e comportamentais mais amplas. É preciso obter uma
definição social aprofundada do grupo-alvo para poder especificar
exatamente quais HSH e/ou “pessoas brancas” têm vínculo entre si
de modo a formar uma comunidade de relacionamentos, espaços,
contextos, influências, expectativas, padrões, opiniões, normas
etc. A estratégia LOP precisa ter como sua população pessoas que
compartilham tempo, espaços sociais, amizades, conversas, ideias,
relações influentes e as mesmas convicções sobre risco.
Se os determinantes do comportamento de risco não forem os
mesmos e não forem compartilhados, a estratégia LOP não terá como
funcionar porque trabalha justamente os determinantes sociais,
a lógica e as explicações específicas, assim como a especificidade
cultural do comportamento. Da mesma forma, os LOP influenciam as
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pessoas que têm uma admiração significativa por eles - seus amigos
- em relação a uma atitude e a uma norma de comportamento. Se
as pessoas não se conhecerem pessoalmente, e se a influência e as
opiniões não “fluírem” naturalmente entre delas, de tal forma que a
influência e os pontos de vista possam ser modificados por meio de
atividades direcionadas a essas pessoas, a estratégia LOP não será
apropriada. Os LOP não são pares distantes – são pares próximos e
queridos (ver o item “Líderes de Opinião Popular” mais abaixo).
Intervenção não baseada em locais
A estratégia LOP não é baseada em locais, embora utilize um
ambiente ou local comunitário ou um contexto social de encontro de
amigos para identificar e estimar uma população viável de pessoas
que compartilham uma norma de risco para ser o alvo da estratégia
LOP. Ou seja, a intervenção não é realizada no local. As mensagens
de endosso da norma de redução de risco são dadas por LOP em
conversas individuais, cara a cara, com os amigos, no lugar que for
apropriado para suas vidas e necessidades. Essas mensagens não
precisam ser dadas somente no local comunitário. As conversas
podem ocorrer em outros lugares, que sejam apropriados para os
integrantes do grupo. Da mesma forma, as sessões de treinamento
dos LOP também não precisam ser realizadas no local comunitário.
O termo “local comunitário” é utilizado para identificar, estimar
e descrever de forma coerente uma cultura comum de risco entre
amigos unidos por um vínculo e que pode ser trabalhada de maneira
prática por meio da estratégia LOP.
Âmbito, tamanho, quantificação, estimativas e recursos
É necessário contar o número de integrantes na população da
estratégia LOP e também descrevê-la. A população deve estar
localizada em um ambiente, local ou contexto comunitário para
que se possa estimar o número total de integrantes, descrever cada
rede social ou subgrupo e identificar os LOP. Estimar o tamanho da
população é um dos primeiros passos da estratégia LOP. Os Líderes
de Opinião Popular devem representar 15% do número total da
população da intervenção para que ocorra o impacto desejado.
Assim, existe uma relação conhecida entre o tamanho da população
e o número de LOP para que se obtenha o impacto desejado na
população. A instituição tem recursos limitados e somente pode
realizar uma intervenção com uma população cujo tamanho
corresponda à quantidade de recursos disponíveis. Estimar o número
de pessoas que frequentam os locais comunitários, significa avaliar o
tamanho das populações (das redes sociais) em relação à quantidade
de recursos disponíveis para realizar a estratégia LOP.
A instituição possui os recursos (financiamento, pessoal etc.) que
serão necessários para trabalhar com uma rede social do tamanho
identificado? É importante observar que os recursos financeiros
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disponíveis vão limitar o número de LOP que poderão ser apoiados
e que poderão atuar. Por causa da necessidade de ter 15% de LOP
por subgrupo, o número de LOP limitará o tamanho da população
e o número de subgrupos que podem ser atingidos. A fórmula para
calcular o custo por líder de opinião popular está no Anexo 1: Planilha
de Estimativa de Custos. Utilize o modelo na planilha para estimar
o número de LOP que a instituição tem condições de apoiar e o
tamanho da população que será possível atingir. É necessário observar,
contar ou estimar o número de pessoas no local da intervenção ou
o número de pessoas na população para saber quantos LOP serão
necessários.
Uma população grande requer um volume grande de recursos.
Uma rede de amizade com cinco mil integrantes precisaria de 750
LOP identificados, recrutados, treinados e apoiados! Por outro lado,
pequenas redes de amizade (menos de 100 pessoas) podem não ser
do melhor tamanho para a estratégia LOP. 15 LOP (isto é, 15% de
100) talvez não consigam sustentar a intervenção durante o período
de tempo necessário para a norma ser absorvida e ter impacto sobre
o comportamento. Não se deve utilizar a estratégia LOP com redes
sociais com menos de 100 ou com mais de mil integrantes.
Tipos possíveis ou exemplos de locais comunitários
Serviços de saúde não são ambientes onde um grupo de pessoas que
compartilham um vínculo vão para confraternizar. Lugares, como
presídios, por exemplo, que de modo geral as pessoas não frequentam
por livre e espontânea vontade, também não são locais que atendem
às necessidades de encontro social das pessoas e tampouco servem
de ambiente de encontro social. Locais transitórios como rodoviárias,
esquinas de ruas e moradias temporárias talvez não abriguem também
amizades duradouras e fortes apropriadas para a estratégia LOP. Um
local de pegação onde ocorrem relações sexuais caracterizadas por
interações não verbais também não seria apropriado. Se as pessoas
não falam, elas vão acabar não se conhecendo. Se há uma norma
de comunicação não verbal no ambiente, pode ser muito difícil ou
até inaceitável para os frequentadores mais benquistos endossar
verbalmente uma norma neste local e também em outros locais que
frequentam cotidianamente. Será difícil definir exatamente quem
é amigo de quem e, por isso, não será fácil identificar e recrutar os
LOP. Podem até ser contextos dentro de uma comunidade, mas são
limitados porque não existe um espírito de comunidade.
Quais seriam exemplos de locais comunitários viáveis com clientela
estável e regular onde os integrantes se conhecem o suficiente
para permitir a identificação e as estimativas necessárias para a
estratégia LOP? Em conjuntos habitacionais de baixa renda em
contextos urbanos, pode existir um centro comunitário dentro do
próprio complexo. Talvez existam clubes nos conjuntos, como ligas
de beisebol, ou festas nas casas das pessoas, ou talvez até mesmo
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“galeras”. Talvez o próprio conjunto habitacional possa ser descrito
em termos das relações de amizade entre os residentes, de modo a
serem suficientes para permitir a realização da estratégia LOP. Entre
trabalhadores agrícolas rurais, uma liga de futebol pode atender às
necessidades de encontro social dos homens. Talvez existam clubes
de bordado frequentados por mulheres em áreas rurais que atendam
aos critérios necessários para a realização da estratégia LOP. Clubes de
mulheres num campus universitário talvez tenham as características
necessárias.
A instituição pode até considerar a possibilidade da formação de
subgrupos com características de comunidades dentro do contexto
do conjunto habitacional, a fim de possibilitar o surgimento de
relacionamentos significativos capazes de se traduzirem em segmentos
populacionais aptos a receber a estratégia LOP. No entanto, a
construção de uma comunidade de amigos e de influência está fora do
âmbito da estratégia LOP. A intervenção foi concebida basicamente
para funcionar dentro de subculturas e comunidades existentes e que
estejam sob risco.
População demográfica ampla
População atendida pela instituição
População da estratégia LOP
Ambiente Comunitário
Norma
Grupos de Amizade
LOP
Segmentação de uma população para fins da aplicação da estratégia
LOP de mudança de comportamento
A figura mostra as camadas de segmentos da população com
especificidade crescente até se chegar à camada de LOP que define
uma população apropriada para a realização da estratégia. Mesmo
assim, é preciso pesquisar e analisar para verificar se existe um local
comunitário apropriado para a estratégia LOP. Averiguar essa e outras
questões parecidas é o objetivo da etapa formativa e de adaptação da
estratégia LOP.
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3. Identificação de uma norma específica a ser promovida:
A estratégia LOP também trabalhará uma norma social relacionada ao
risco.
Adequação cultural
Os integrantes da rede social alvo da intervenção precisam ter
pelo menos o potencial de compartilhar a norma. Trabalhar uma
norma que não tem precedência ou viabilidade dentro da cultura
de risco provavelmente não irá funcionar. É preciso prestar muita
atenção no início do projeto ao tecido cultural da comunidade
em termos de como valoriza, incentiva e proíbe comportamentos
possivelmente relacionados a risco em relação a seus valores mais
importantes e a suas estruturas sociais. Será difícil tentar promover
o uso do preservativo em uma cultura composta por grupos que
acreditam que seu uso contraria suas convicções e valores religiosos.
Da mesma forma, a promoção da testagem pode não ser vista como
uma estratégia viável em grupos que, na prática, não têm acesso ao
tratamento; no entanto, à medida que o tratamento passa a ser mais
facilmente acessível, fazer o teste começa a “fazer sentido” dentro
dessas comunidades. É improvável que uma norma sem o potencial de
aceitabilidade dentro da comunidade possa ser promovida.
Qual norma?
Quais são as normas sociais, as atitudes e as convicções
compartilhadas, que já existam ou que poderão existir, sobre
comportamentos que caracterizam as pessoas vinculadas por amizade
descritas por meio do “local comunitário?” É provável que haja muitas
normas relacionadas a risco dentro de uma só subcultura ou rede
social específica sob risco. Qual é a norma de redução de risco cuja
promoção é mais necessária e apropriada? A meta de 14 conversas por
líder de opinião popular promovendo a norma de redução de risco
significa que cada indivíduo na população receberá em média apenas
2,5 interações dessa natureza. 8 Por causa de limitações práticas, como
recursos limitados, por exemplo, é inviável querer trabalhar todas
as normas relacionadas a risco. Outro motivo para restringir o foco
em apenas uma norma social é que pesquisas têm demonstrado que
o enfoque em normas múltiplas confunde a mensagem e que eleger
uma só norma é mais eficaz. Perguntas importantes a serem feitas
e respondidas incluem: Qual norma concisa e relevante pode ser
promovida com mais êxito no contexto da intervenção? Qual norma
terá o maior impacto sobre o risco? Como se pode promover a norma
escolhida, sem desviá-la, diluí-la ou contradizê-la?
As necessidades de prevenção das pessoas vinculadas por amizade e
alvo da estratégia LOP, especificamente os comportamentos de risco
que podem ser influenciados pela promoção de uma norma social,
precisam ser identificadas para que a intervenção possa focalizar
8 O cálculo do número mínimo médio de interações dos LOP com os integrantes da comunidade consta do
Anexo 2: Número mínimo de interações com os integrantes da comunidade.
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uma norma que tenha impacto sobre o risco. É importante avaliar
as relações entre: 1) os comportamentos de risco e, 2) as normas,
convicções e atitudes a respeito dos comportamentos relacionados
ao risco de infecção pelo HIV. É preciso identificar qual ou quais
a(s) norma(s) podem ter impacto no(s) comportamento(s) de
risco. Podem existir múltiplas normas relacionadas a apenas um
comportamento de risco! É preciso priorizar a norma que é mais
importante e viável para ser trabalhada.
Qual norma relacionada a risco a ser promovida pelos LOP terá
maior impacto? Uma rede social de grupos de amizade interligados
talvez não valorize a testagem rotineira para HIV, ou talvez não haja
uma norma bem aceita sobre a testagem rotineira para HIV, mas os
integrantes dos grupos precisam adotar o comportamento (teste de
rotina) para os fins de prevenção do HIV. Por exemplo, é provável
que o nível de infecção por HIV já esteja alto nesse grupo, e eles não
saibam. A promoção do uso do preservativo não parece possível
dentro desse grupo social porque ideologicamente tem forte oposição
ao preservativo. Consequentemente, a estratégia LOP promoverá uma
norma de testagem de rotina nas redes sociais encontradas no local.
Os LOP dirão para os amigos que os admiram: “Eu acho que é melhor
que nossa comunidade faça o teste do HIV.” A instituição convencerá
15% dos integrantes mais influentes dos grupos de amizade, que por
sua vez influenciarão seus amigos, difundindo assim a norma em toda
a comunidade. Deve-se focalizar uma norma de cada vez, até que seja
absorvida pela população.
Planos de longo prazo
Com o passar do tempo, pode-se passar a trabalhar outra norma
relacionada a risco a fim de continuar a produzir impacto na cultura
e nos comportamentos de risco na comunidade. No entanto, para
maximizar a efetividade, é preciso começar a trabalhar concretamente
com uma só norma até que a comunidade fique complemente
saturada. Para o longo prazo, o projeto da estratégia LOP pode ser
planejado levando em conta a evolução dos riscos, das redes sociais
e das normas relacionadas à redução de risco. O trabalho voltado
para as normas relacionadas a risco deve ser priorizado e focalizado.
Pesquisas têm demonstrado que uma só mensagem clara é superior a
múltiplas mensagens. Além disso, os recursos são limitados. Intervir
simultânea e adequadamente com normas múltiplas requer recursos
adicionais para cada norma trabalhada.
4. Grupos de amizade
Após a identificação do local comunitário e da norma, será necessário
especificar os “segmentos” da população até alcançar os grupos de
amizade. É provável que uma comunidade de pessoas vinculada por
amizade e interesses comuns seja composta por muitos grupos de
amizade menores. Tais grupos de amigos são articulados socialmente
em termos de interesses, relações, afinidades e influência ainda mais
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
específicos e compartilhados. Por exemplo, muitas vezes grupos menores
de amizade como esses se formam em torno de indivíduos benquistos,
influentes, de confiança e admirados. Alguns grupos de amizade podem
ser compostos apenas de mulheres ou jovens. Outros grupos podem ser
compostos exclusivamente por pessoas que jogam baralho.
Interesses e atividades parecidos não garantem a existência de
relações de amizade
Deve-se lembrar que uma rede social definida somente por
categorias demográficas como “pessoas brancas” ou por categorias
epidemiológicas e/ou comportamentais como “UDI” pode não
ser uma rede social dentro da qual os indivíduos se relacionem
socialmente de uma maneira que possa ser trabalhada pela estratégia
LOP. O termo “usuários de crack” não necessariamente descreve um
grupo de amizade. Da mesma forma, um subgrupo definido somente
por um interesse ou estilo comum como o “sadomasoquismo”
não necessariamente define um grupo coerente de amigos que
sejam influenciados por determinados integrantes daquele grupo.
As pessoas definidas somente com base em um interesse comum,
sem a existência de amizade entre si, não atenderão aos critérios
da estratégia LOP. Por outro lado, se existe um local comunitário
coerente e estável composto por grupos de amizade de “usuários de
crack” que compartilham entre si normas e valores referentes ao uso
dessa droga, a estratégia LOP pode ser realizada, porque existem
relações específicas e cotidianas envolvendo conversas, influência
e amizades (bem como uma subcultura de risco: normas, valores e
comportamentos compartilhados de risco). As amizades próximas,
cotidianas, envolvendo conversas e influência são fatores muito mais
importantes para a estratégia LOP que os “nomes” que utilizamos para
categorizar os grupos. O compartilhamento e a influência de atitudes
e normas relativas a risco são muito importantes para a estratégia LOP.
Diversidade entre grupos de amigos
Dentro da rede ampliada de amigos, alguns grupos de amizade são
mais benquistos que outros. Podem existir rivalidades sutis entre esses
grupos dentro da mesma rede ampliada e, também, haver grupos
relativamente impopulares dentro do local comunitário como um
todo. No entanto, não se pode deixar esses grupos de lado só porque
são impopulares. É preciso utilizar as pessoas benquistas dentro dos
grupos impopulares também!
Cada grupo de amizade tem seus próprios líderes de opinião íntimos, influentes e benquistos. É preciso garantir que os LOP
sejam representativos de cada subgrupo específico para que todos
osindivíduos e subgrupos dentro do local da intervenção sejam
trabalhados. A forte identificação com o líder de opinião popular por
parte de quem recebe a mensagem (os amigos do líder) é um aspecto
importante para a assimilação e um indicador da influência que existe
na relação. Os LOP são “pares próximos e queridos.”
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4. Os Líderes de Opinião Popular
Os LOP são influentes, respeitados, têm credibilidade e experiência
relevante de vida, são confiáveis, compreensivos com os amigos, falam
bem, são articulados e autoconfiantes.
Os LOP são os formadores de opinião dentro de cada grupo de amizade.
Isso não significa que são as pessoas que têm mais popularidade com a
população. Não necessariamente têm popularidade e credibilidade com
todos os integrantes de todos os grupos de amizade na comunidade.
Um indivíduo que tem influência e popularidade em um determinado
grupo de amizade pode não ser visto assim em outro grupo de amizade.
Com efeito, pode haver pessoas em determinados grupos que chegam a
detestar alguém que tem muita popularidade em outro grupo de amizade.
A credibilidade, a confiança, a influência e a popularidade são atributos
percebidos por quem está confiando e admirando etc. Assim, os LOP
são específicos e relativos a quem está ao seu redor. São as pessoas ao
seu redor que lhes atribuem essas qualidades. Elas gostam dos LOP,
respeitam, acham que têm credibilidade, confiam neles e os consideram
compreensivos.
O papel dos LOP é plantar a semente da norma de que a prática de
redução de risco é aquilo que é socialmente aceitável fazer. Os LOP
conseguem fazer isso, porque já desempenham o papel de formadores
de opinião e tendências entre seus amigos. O LOP é a pessoa admirada,
popular, que tem credibilidade e confiabilidade, cuja opinião é respeitada
e reproduzida por aqueles que o admiram.
Devem ser recrutados minimamente para cada grupo de amizade
15% de LOP, a fim de garantir que todos os grupos de amizade sem
exceção sejam alcançados pela intervenção. Tem sido demonstrado
que a atuação de 15% dos LOP é o ponto crítico para que uma norma
a ser promovida alcance a velocidade necessária para “decolar” e ser
absorvida pela comunidade. A estratégia é “plantar a semente” em todos
os grupos de amizade dentro da comunidade / rede social para promover
o “crescimento” ou a difusão da norma. Observação e monitoramento
cuidadosos serão necessários para garantir que todos os grupos sejam
alcançados pelo programa.
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Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Resumo dos Componentes-chave da Estratégia LOP
(Obs.: Os componentes são inter-relacionados. A tabela a seguir não é
uma sequência de passos ou etapas)
Componente
Objetivo
População sob risco
• Selecionar uma população sob risco, dentro da qual a
estratégia LOP será direcionada.
• Definir comportamentos e fatores de risco existentes
dentro da população maior de interesse.
Obs.: É possível que a população sob risco já tenha sido
priorizada pelo financiador, por exemplo.
Ambiente comunitário
• Identificar locais, ambientes ou contextos frequentados
pela população sob risco.
• Determinar quais desses ambientes comunitários
atendem aos critérios de amizades compartilhadas,
interações comuns e normas relacionadas a risco nos
subgrupos da população sob risco.
• Definir quais desses ambientes comunitários podem
facilitar a tarefa obrigatória da quantificação e descrição
dos grupos de amizade e de seus integrantes, bem como
dos LOP dentro de cada grupo de amizade.
• Selecionar um ambiente comunitário que atenda aos
requisitos e cujo tamanho seja compatível com os recursos
disponíveis.
Norma específica
• Obter informações sobre a(s) norma(a) social/sociais que
impulsiona(m) o comportamento de risco dentro da rede
social / subcultura alvo da intervenção.
• Selecionar/priorizar uma norma que impulsiona um
comportamento de risco (a ser trabalhado pela estratégia
LOP).
Grupos de amizade
• Definir os grupos de amizade a serem o alvo da estratégia
LOP.
LOP em grupos de amizade
• Definir e selecionar ou monitorar 15% dos formadores de
opinião mais influentes (para poder recrutar os LOP).
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B. Materiais do projeto a serem desenvolvidos na etapa
formativa: logo e conteúdo do plano de treinamento
1. Logo atraente, relevante e útil ou outro dispositivo para despertar
conversas
Será necessário ter um dispositivo que estimule as conversas. A logo
ou o dispositivo servirá de apoio para os LOP iniciarem e realizarem o
endosso da norma com seus pares na rede. Será necessário realizar um
trabalho formativo sólido para desenvolver e testar o(s) dispositivo(s) (ver
as seções sobre os passos para o desenho e os métodos abaixo).
A logo ou o dispositivo pode divulgar a norma e o projeto, mas o
reconhecimento do projeto e a divulgação da norma não é o propósito
do dispositivo. Da mesma forma, o dispositivo não é um meio de
recrutamento. Na estratégia LOP, a promoção da norma é realizada
pessoalmente pela influência dos LOP. A norma não é promovida por
imagens, propaganda, símbolos ou histórias impessoais etc.
Passos para o desenvolvimento da logo ou do dispositivo para
provocar conversas
• Montar um grupo de trabalho composto por pessoal da instituição
e/ou voluntários da comunidade para desenvolver o dispositivo.
• Educar o grupo de trabalho a respeito do foco específico do
projeto LOP da instituição. Educar o grupo de trabalho sobre o
propósito do dispositivo, que é ajudar a despertar conversas.
• Desenvolver ideias e dispositivos a serem testados.
• Testar os vários dispositivos, em termos de sua utilidade (em
relação ao propósito) e aceitabilidade (os métodos para testar os
dispositivos são descritos na próxima seção deste Guia).
• Aprimorar o(s) dispositivo(s) a partir dos testes.
• Testar os dispositivos aprimorados.
• Aprimorar e finalizar os dispositivos.
A logo é para despertar conversas, não é para fins de marketing ou fins
informativos.
Abordagem comunitária (outreach), educação e marketing social são
formas de intervenção muitas vezes confundidas com a estratégia LOP.
A tabela a seguir retrata algumas das principais diferenças significativas
entre a estratégia LOP e os métodos de mudança de comportamento por
meio de educação/abordagem comunitária/marketing.
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Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Diferenças entre “Abordagem/
Educação por Pares” e “LOP”
“Abordagem por Pares”
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“LOP”
Apenas os pares mais
influentes dentro de cada
grupo de amizade
Agente
Qualquer par (ou pares)
Relação com os indivíduos alvo
da intervenção
Relação de pares que talvez
Relação pessoal que já existe
não se conheçam
Foco
(Determinante de
comportamento)
Conhecimento – repassar
informações
Norma – afirma opinião
2. Conteúdo das sessões de treinamento para os LOP
A avaliação formativa para a estratégia LOP tem implicações diretas
para a adaptação do conteúdo das sessões de treinamento dos LOP. Os
dados obtidos serão utilizados para adaptar as sessões de treinamento
para refletir as informações e práticas específicas do projeto LOP local
e seu foco. Sobretudo na Sessão 1, mas também nas demais sessões de
treinamento, a ênfase está em convencer os LOP que é importante que
endossem a norma escolhida. Qual é a norma que eles vão endossar? É a
promoção da testagem, uma prática sexual mais segura ou a revelação do
estado sorológico para o HIV etc.? Quais informações vão ser necessárias
para que os LOP entendam e aceitem a norma a ser trabalhada pelo
programa? Quais informações vão ser necessárias para que entendam e
aceitem que o programa LOP como um todo vale a pena? Nas sessões
de treinamento será necessário informá-los sobre o contexto e a
fundamentação do projeto LOP para ajudar a convencê-los que a norma
escolhida é de fato a opinião correta, que eles são importantes para a
promoção da opinião, que o programa LOP merece o tempo e os esforços
deles, e convencê-los a atuar e, assim, promover a mudança de opinião.
Informações detalhadas sobre o desenho e a adaptação das sessões de
treinamento, inclusive os passos para a adaptação, constam na Seção IIIB,
Treinando os LOP.
D. Métodos de avaliação formativa
Vários métodos podem ser utilizados para avaliar o tamanho da
população da intervenção, seus integrantes, suas redes sociais, seus líderes
de opinião popular (LOP), os comportamentos e a norma relacionada
à redução do risco de infecção pelo HIV que precisa ser promovida.
Determinados métodos funcionam melhor para determinadas tarefas.
Utilizar um método que não é condizente com a tarefa é um erro às
vezes cometido por pesquisadores. As descrições a seguir apresentam
cada método e sua principal função. Cada descrição também destaca a
aplicabilidade do método aos componentes e fatores nos quais a avaliação
formativa deve se focalizar.
A descrição dos métodos a seguir proporciona uma noção do propósito
da avaliação formativa para cada componente, assim como um bom
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entendimento da ampla gama de métodos que podem ser utilizados. A
descrição serve para indicar as possibilidades – e não para recomendar
a utilização de cada método da forma mais completa possível. É preciso
ser prático e levar em consideração as limitações de tempo e dinheiro ao
realizar a avaliação formativa da comunidade-alvo da estratégia LOP. É
provável que a instituição somente precise utilizar parte desses métodos,
de forma sucinta e ágil.
No final desta seção sobre métodos de avaliação formativa há um
resumo de dois projetos LOP. Os dois resumos foram incluídos para
permitir uma comparação da abrangência, dos aspectos práticos e dos
recursos utilizados na avaliação. Um deles, o Women’s Health Project
de Sikkema, foi bastante abrangente comparado com o outro, o Hustler
Project de Miller. É provável que o processo de avaliação formativa
realizada por sua instituição seja mais parecido com o de Miller do que
o de Sikkema. É provável que a instituição tenha menos recursos que
Sikkema para a realização da avaliação formativa. A utilização sucinta
e rápida de uma variedade de métodos para o estabelecimento de
programas sociais de promoção da saúde é conhecida como avaliação
etnográfica rápida.
Depois da tabela a seguir que resume os métodos, há uma narração
descritiva. Os métodos descritos são: levantamentos sociométricos;
estudos observacionais; entrevistas (e apoio) com lideranças/informanteschave; grupos focais; estudos de Conhecimentos, Atitudes, Convicções e
Comportamentos (CAC); avaliações de necessidades e riscos existentes,
e estudos de mercado e de censos. Exemplos simples de ferramentas
para a coleta de dados foram incluídos nos anexos deste Guia. Exemplos
adicionais podem ser encontrados no Manual de Implementação da
Estratégia LOP e no Manual de Avaliação da Estratégia LOP, ambos do
CDC.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Resumo dos Métodos de Avaliação Formativa
Será necessário realizar uma avaliação rápida para poder tomar decisões
sobre o direcionamento da estratégia LOP. Os recursos, inclusive o tempo,
para a avaliação formativa são limitados. É provável que a instituição
baseie a decisão em conhecimentos já existentes a respeito de partes da
comunidade e em observações planejadas, incluindo entrevistas com
informantes-chave, realizadas pelo pessoal da instituição para colher
informações e nortear as decisões. A seguir há um resumo de várias
opções. Alguns desses métodos são bastante complexos e intensivos.
Os métodos e os dados utilizados em um componente podem ser
apropriados também para a avaliação formativa de outro componente.
Método(s)
Rever dados e relatórios existentes da instituição e/ou outras
fontes de dados epidemiológicos e dados sobre comportamentos
de risco.
População sob risco
Coletar e analisar dados epidemiológicos e dados sobre
comportamentos de risco
Obs.: É possível que a população sob risco já tenha sido
selecionada em função do financiamento recebido ou por causa
da missão da instituição de atender uma determinada população
sob risco.
Ambiente
comunitário
Rever dados existentes (dados do censo, dados sobre moradia,
dados de marketing etc.) sobre concentrações de pessoas na
comunidade que provavelmente vão ter o perfil necessário,
incluindo um contexto/ambiente comunitário compartilhado.
Mapeamento observacional dos ambientes comunitários na área.
Dados de informantes-chave sobre ambientes comunitários.
Norma específica
Grupos focais. Estudos de conhecimentos, atitudes e
comportamentos (CAC). Observação participante. Entrevistas
com informantes-chave.
Grupos de amizade
Levantamentos. Observações. Entrevistas com informantes-chave.
LOP nos grupos de
amizade
Levantamentos. Observações. Entrevistas com informantes-chave.
Indicações.
Logo/ dispositivo(s)
de apoio
Grupos focais. Observações e entrevistas com informantes-chave.
Estudos CAC.
Levantamento do grupo-alvo
Será necessário encontrar formas de identificar quem é benquisto,
tem credibilidade e confiança dentro da comunidade. Um verdadeiro
levantamento sociométrico consiste em cada membro de uma
população identificar cada indivíduo que conhece, avaliando-o quanto
a características de interesse, como popularidade e credibilidade.
Pontuações podem ser calculadas para cada indivíduo identificado. Além
disso, as redes de relacionamentos entre os membros do grupo também
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podem ser descritas. É dessa maneira que se descobre quem é benquisto e
tem credibilidade diante dos outros e em que agrupamentos.
Deve-se observar que é provável que a realização de um verdadeiro
levantamento sociométrico exija uma grande quantidade de recursos.
Provavelmente será necessário realizar um levantamento sociométrico
menos complexo ou menos completo, solicitando a lideranças e/
ou integrantes de subgrupos que identifiquem os grupos de amizade
e indiquem quem são os indivíduos mais benquistos e com mais
credibilidade dentro deles. Pode-se elaborar um roteiro de perguntas a
serem feitas diretamente, ou elaborar e utilizar um questionário que é
preenchido pelos próprios membros do grupo. O roteiro de perguntas é
preferível por causa de limitações de tempo e recursos. Os levantamentos
sociométricos são utilizados principalmente para identificar os grupos
de amizades e os líderes de opinião popular. O Anexo 3: Modelo de
Questionário Sociométrico contém um modelo que pode ser incrementado
com perguntas adicionais.
Estudos observacionais
Pode-se observar sistematicamente a comunidade-alvo e fazer
anotações, inclusive a respeito de: 1) seus subgrupos/redes/panelinhas/
grupos de amizade e locais de encontro, 2) os indivíduos benquistos
dentro dos grupos de amizade e as lideranças e informantes-chave,
e 3) o conteúdo cultural da comunidade relacionado à promoção de
normas de redução de risco, tais como quando, onde, quem, o quê, e
por que os membros da comunidade expressam (ou não expressam)
opiniões e convicções sobre a redução de riscos. Ao realizar observações
para descrever um ambiente comunitário, em que a rede social em
questão se encontra socialmente com frequência e para descrever os
grupos de amizade, as normas relacionadas ao risco e aos LOP dentro
da rede social em questão, está sendo feito o “mapeamento social” da
população. A observação sistemática pode ajudar a definir os locais de
encontro comunitário, os grupos de amizade, os LOP, a norma social
para a promoção da redução de risco, bem como formas apropriadas de
promover a norma desejada. O Anexo 5 contém um Modelo de Roteiro
para Observação da Comunidade, que pode ser adaptado conforme a
necessidade.
Os conhecimentos que o pessoal da instituição têm a respeito da
comunidade também podem ser um recurso importante. Não se
deve esquecer a possibilidade de que o pessoal da instituição talvez já
tenha experiência e ligações com o(s) local(ais) comunitário(s) alvos
da intervenção, e que possa atuar como etnógrafos ou observadores
participantes do local de encontro comunitário e ajudar na realização de
muitas tarefas da etapa formativa.
Obs.: Ao estimar o tamanho da população no local de encontro, é
bastante provável que seja necessário fazer contagens, utilizando métodos
de amostragem para estimar o tamanho da população em questão. Por
exemplo, se a intenção é realizar a intervenção junto aos frequentadores
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
de um bar, pode-se solicitar ao proprietário, estimativas do número de
clientes, com base no número de ingressos, ajustado por estimativas de
contagem dupla e vendas. Como alternativa, o pessoal do projeto poderia
fazer a contagem dos clientes do bar em horários representativos, e com
base nisso fazer a projeção do tamanho da população que se espera estar
presente no local durante a intervenção.
Entrevistas com informantes-chave
Indivíduos que são “antenados” ou têm muito conhecimento (por
exemplo, em virtude do papel que desempenham) da comunidade podem
ser entrevistados para se obter informações necessárias sobre locais de
encontro comunitário, grupos de amizade, LOP e normas apropriadas de
redução de risco, incluindo considerações quanto à norma a ser trabalhada.
Uma forma eficiente de atuação pode ser a realização de uma reunião
ou várias reuniões com informantes-chave para a indicação/identificação
de LOP. É importante definir se as lideranças e informantes-chaves
devem ou não informar às pessoas que indicaram para ser LOP sobre as
indicações. Nem todas as indicações estarão de acordo com os critérios e
será prejudicial criar expectativas que poderão ser frustradas.
Deve-se lembrar que os informantes-chaves também podem ser
lideranças na comunidade e, por isso, é importante conquistar seu apoio.
É possível que consigam facilitar a aceitação e o sucesso da intervenção
na comunidade. As lideranças também podem ajudar a orientar as
observações, indicando contextos em que os integrantes da comunidade
podem ser acessados e observados. O Anexo 5 contém um Modelo de
Roteiro para entrevistas com informantes-chave, que pode ser adaptado
conforme a necessidade. As lideranças também devem estar envolvidas
no planejamento e na implementação da estratégia LOP. As lideranças
podem ajudar com o recrutamento e apoiar a intervenção de diversas
outras maneiras.
Grupos focais
Grupos focais representam uma boa oportunidade para obter
informações detalhadas sobre um tópico específico e restrito. Os
grupos focais são mais apropriados para a elaboração e validação de
materiais utilizadas na intervenção, como uma logo capaz de assinalar o
reconhecimento da promoção da norma de redução de risco. O formato
do grupo focal facilita a coleta interativa (entre os participantes) de dados.
Não é o intenção de um grupo focal obter respostas individuais de cada
pessoa sobre diversos tópicos
Há muitos recursos úteis disponíveis sobre grupos focais, na internet,
em bibliotecas e por meio de consultores. Os grupos focais representam
uma metodologia complexa de pesquisa. Recomenda-se que habilidades
especializadas sejam desenvolvidas e utilizadas na sua criação.
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Questionários CAP (Conhecimento, Atitudes e Práticas)
A aplicação de questionários sobre os conhecimentos, atitudes,
convicções, práticas e comportamentos dos integrantes da comunidade
pode ajudar a determinar necessidades e a definir para onde deve ser
direcionada a intervenção, envolvendo a norma de redução de risco. É
preciso ter conhecimentos especializados para criar um questionário
adequado e útil. É necessário levar em consideração estratégias de
amostragem em relação à coleta de dados. Os questionários podem ser
aplicados de várias maneiras para facilitar a coleta dos dados. Talvez já
existam relatórios sobre questionários CAP aplicados anteriormente e
que sejam relevantes para a população. Eles podem ser analisados para
obter informações úteis para a intervenção proposta. Talvez a instituição
aplique rotineiramente questionários que possam ser importantes. Devese pesquisar na internet e junto à Secretaria de Saúde também. Lembre-se
de que estas informações também serão necessárias para a adequação das
sessões de treinamento dos LOP.
Dados existentes, como avaliações de necessidades e riscos
Talvez seja possível ter acesso e analisar relatórios e dados de avaliações
já existentes de necessidades e riscos, parecidos com os dados obtidos
por meio de questionários CAC. As Secretarias de Saúde podem ser
fontes de dados como esses. Às vezes contratam empresas privadas de
consultoria e pesquisadores universitários para realizar avaliações de
necessidades e riscos. Seja criativo na forma como acessa esses tipos de
dados. Serão muito úteis na determinação das necessidades e na definição
do direcionamento da intervenção em termos da norma de redução de risco.
Essas informações e a análise dos riscos e das normas associadas também
serão necessárias para a adequação das sessões de treinamentos dos LOP.
Será necessário informar os LOP, nas sessões de treinamento, como se
definiu a norma a ser alvo da intervenção.
Pesquisas de mercado, censos e outras fontes secundárias de dados
populacionais
Estatísticas resumidas e descritivas sobre a população local podem ser
encontradas em relatórios de pesquisas de mercado, censos e estudos.
Podem ajudar na estimativa do tamanho da população. Os dados dos
censos estão disponíveis na internet e na maioria das bibliotecas.
Muitas vezes dados de pesquisas de mercado também podem ser
encontrados na internet. Alguns deles são focados em determinados
segmentos da população que talvez englobe a população da intervenção.
Relatórios disponíveis na internet às vezes são chamados de “literatura
cinzenta,” ou não convencional, como também as brochuras, panfletos,
relatórios e informativos comunitários. Essa “literatura cinzenta”,
assim como pesquisas acadêmicas e outras publicações, podem ser
fontes de informações relevantes sobre o tamanho da população e suas
necessidades, comportamentos, conhecimentos, convicções e preferências
no que diz respeito a riscos.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Conclusão (da Seção II - Avaliação formativa para a estratégia
LOP)
Esta seção descreveu os principais “componentes” a serem identificados.
A avaliação formativa focalizada nesses sujeitos é necessária para a
realização da estratégia LOP. Também foram descritos métodos de
identificação. A primeira fase da implementação da estratégia LOP é a
etapa de avaliação formativa e de planejamento. Essa etapa envolve o
planejamento de sistemas a serem implementados, a identificação de
componentes da população que serão alvo da intervenção, bem como
o desenho de recursos e atividades a serem utilizados na realização da
intervenção. As demais etapas da estratégia LOP serão norteadas pela
avaliação formativa. Por exemplo, parte das informações obtidos na
etapa formativa será incorporada nas sessões de treinamento dos LOP.
O recrutamento dos LOP será baseado na descrição e nos parâmetros
da comunidade, dos grupos de amizade e dos LOP mapeados na etapa
formativa. As atividades formativas devem ser concebidas e planejadas
de modo a garantir que as atividades subsequentes de recrutamento,
treinamento, apoio e a atuação dos LOP ocorram da forma mais tranquila
possível, sejam válidas e efetivas na promoção da norma definida de
redução de risco (por meio dos LOP junto a seus amigos). As atividades
formativas realizadas para fundamentar o projeto LOP são o alicerce das
atividades de intervenção. Se o alicerce não for sólido, será mais difícil
implementar o projeto e o mesmo pode até vir a fracassar.
Compare e contraste os dois exemplos de casos nas páginas a seguir,
sendo (1) o Women’s Health Study de Sikkema e (2) o Hustler Study
de Miller, em termos da agilidade e do contexto prático da avaliação
formativa e/ou mapeamento.
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Women’s Health Study (Sikkema)
O quê?
Como? Métodos Atividades
(Componente)
para definir o alvo
I. População sob risco
Obs.: Sikkema sabia
desde o início que
queria focalizar
mulheres sob alto
risco
Revisou dados epidemiológicos
e dados sobre comportamentos
de risco relativos a mulheres e
infecção pelo HIV nos Estados
Unidos
II. População da estratégia LOP
Revisou dados do Departamento
de Moradia e Desenvolvimento
Urbano (HUD) e do Censo dos
EUA para identificar ambientes
Local de encontro comunitários de mulheres
urbanas, de baixa renda, solteiras
comunitário
e chefes de família
Mapeamento observacional
de locais nas áreas urbanas
identificadas
Grupos focais, estudos de
conhecimentos, atitudes e
comportamentos (CAC),
observações e entrevistas com
Norma específica
informantes-chave entre as
mulheres nos locais escolhidos
para a ação
Pesquisas cara a cara em
múltiplos idiomas com cada
Grupos de amizade mulher sobre suas amizades
Observação nos locais
LOP em grupos de
amizade
As LOP foram indicadas por
meio de pesquisas com as
mulheres e por informanteschave / lideranças comunitárias
Alvo identificado
Mulheres de baixa renda, solteiras,
chefes de família e minoritárias
encontram-se especialmente sob
risco por causa de relações sexuais
desprotegidas com parceiros
masculinos de alto risco
Priorizou ou selecionou conjuntos
habitacionais urbanos que também
possuíam centros comunitários
(Foi uma pesquisa em nove locais
comunitários, calculados em cinco
cidades de porte médio nos EUA)
Falta de valor e apoio na comunidade
para as mulheres se comunicarem
com os parceiros sobre o uso do
preservativo. “Não é apropriado para
as mulheres pedirem para os homens
usarem preservativos”
Amizades já existentes entre
mulheres nos conjuntos habitacionais
determinou o tamanho de cada
grupo de amizade (e o número total
de grupos)
Identificou para recrutamento,
treinamento e atuação 15% das
mulheres mais influentes, confiáveis,
admiradas e benquistas em cada
grupo de amizade
III. Logo e dispositivos e estratégias de apoio.
Grupos focais. Observações e
entrevistas com informanteschave. Dados dos questionários
CAC
Logo. Informativos. Cartazes.
Brochuras. Distribuição de
preservativos masculinos e femininos.
Oficinas sobre sexo mais seguro
– Conselhos de Saúde da Mulher.
Piqueniques e outros eventos
IV. Fatores relativos a recursos
Relação prévia com
Não havia uma relação prévia com os ambientes comunitários. Muito
o contexto com
pouco conhecimento direto prévio dos ambientes e das integrantes das
as pessoas alvo da
comunidades
intervenção
Duração do projeto Três anos
Pesquisadores profissionais e pessoal administrativo universitário
Pessoal
remunerado
Custo total
Alto – pelo menos US$ 375 mil por ano
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
41
Hustler Project (Miller)
O quê? (componente)
Como? Métodos, atividades para
definir o alvo
Alvo identificado
I. População sob risco
Revisão e conhecimento da
literatura atual sobre riscos na
cidade de Nova York
Financiamento para intervir junto a
profissionais do sexo masculinos
II. População da estratégia LOP
Conhecimentos já existentes
Local de encontro
entre o pessoal da instituição a
comunitário
respeito de michês e seus estilos
Mapear (para a realização da
de vida, incluindo os locais onde
estratégia LOP) os subgrupos e os
se reúnem na cidade de Nova
ambientes da população sob risco.
York. Observações, pelo pessoal da
É necessário ter um ambiente/
instituição, dos locais de frequência
subgrupo alvo da intervenção
de michês na cidade de Nova York.
de tamanho compatível com os
Capacidade de acessar vários locais
recursos disponíveis.
frequentados por michês
Norma específica
Conhecimentos do pessoal
Obter informações sobre
convicções e atitudes na cultura que da instituição sobre fatores e
impulsionam o comportamento de comportamentos de risco já
risco (para a realização da estratégia existentes
Profissionais do
sexo masculinos ou
“michês” / “hustlers” na
cidade de Nova York
Três bares cuja
clientela é
majoritariamente
composta por michês
e pessoas interessadas
em michês
Promover uma norma
de sexo mais seguro /
uso do preservativo
LOP)
Grupos de amizade
Determinar as relações nos grupos
pequenos (grupos de amizade) nos
quais há LOP (para realização da
estratégia LOP junto a esses grupos)
Observações, pelo pessoal da
instituição, dos grupos de amizade
Grupos de amizade
nos locais. Entrevistas com
identificados
informantes-chave sobre os grupos
de amizade. Amigos dos LOP.
LOP em grupos de amizade
Selecionar/indicar 15% dos
formadores de opinião mais
influentes (para identificação e
recrutamento dos LOP).
Indicações de LOP por
informantes-chave
LOP identificados
III. Logos e estratégias relacionadas de apoio
Logo específica do
Tomada de decisões pelo pessoal
projeto definida.
da instituição orientada pelas
contribuições dos informantesDois “contatos de
chave. Indicações de contatos
apoio/intermediários”
de apoio/intermediários pelos
identificados para cada
informantes-chave.
ambiente comunitário.
IV. Fatores relativos a recursos
Relação prévia com o
A instituição tinha uma ampla relação prévia com os
contexto com as pessoas
ambientes comunitários
alvo da intervenção
10 meses (2 dos 10 meses foram dedicados ao
Duração do projeto
planejamento)
Maioria voluntários, com algumas pessoas da OBC
Pessoal
remuneradas
Custo total
Baixo, US$ 20 mil
42
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
III. Recrutamento, treinamento,
apoio e atuação dos LOP
A Seção III deste Guia contém orientações sobre o recrutamento,
treinamento (incluindo a adaptação das sessões de treinamento), apoio,
atuação e retenção dos LOP.
Depois de criado o modelo de intervenção específico para o contexto
local (após a etapa formativa), será necessário iniciar o recrutamento,
treinamento, atuação e apoio aos LOP. Os Elementos Centrais 3 a 8 dizem
respeito ao recrutamento, treinamento/apoio e atuação dos LOP.
A. Recrutamento dos LOP
Avaliação para a realização da estratégia LOP
De modo geral, no recrutamento para intervenções comportamentais,
os participantes em potencial são “avaliados” para determinar se possuem
ou não características, como o(s) risco(s) alvo da intervenção. Caso
atendam aos critérios, podem ser recrutados. Por exemplo, participantes
elegíveis ou apropriadas para a intervenção SISTA são mulheres sob alto
risco decorrente da falta do uso recente do preservativo com parceiros
masculinos, outros comportamentos de risco dos parceiros masculinos, a
falta de habilidades de comunicação por parte das mulheres relacionadas
a gênero/poder para possibilitar a negociação efetiva do uso do
preservativo com seus parceiros. Cada mulher é avaliada individualmente
para ver se atende aos critérios de elegibilidade. Por outro lado, na etapa
formativa da estratégia LOP, os participantes que seriam apropriados
para a intervenção são avaliados quanto à existência de uma cultura de
risco – identificando assim uma comunidade que precisa da intervenção.
A população ou os participantes da estratégia LOP são os integrantes da
comunidade identificada em termos da rede de amigos que compartilham
uma norma que impulsiona o risco. A “elegibilidade” para participar
da estratégia LOP diz respeito a quem integra a rede de amizade e
compartilha a cultura de risco. É a existência de uma comunidade ou
os aspectos dos relacionamentos compartilhados entre os indivíduos
(normas compartilhadas) que são o alvo da intervenção com o objetivo
de ter um impacto sobre os indivíduos. A identificação e escolha de uma
comunidade para a estratégia LOP é, efetivamente, a avaliação quanto
à elegibilidade para a mesma. A identificação e escolha da população
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Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
da intervenção na etapa formativa é uma “pré-avaliação” quanto à
elegibilidade, porque cada integrante da rede social alvo da intervenção é
um líder de opinião popular (LOP) ou uma pessoa que receberá do LOP a
mensagem endossando a norma.
Avaliação dos LOP em potencial
As pessoas elegíveis para atuarem como LOP, dentro de cada grupo
de amizade são os 15% considerados como sendo os mais influentes,
respeitados, com credibilidade e experiências de vida relevantes,
confiáveis, compreensivos com os amigos, falam bem, são articulados e
autoconfiantes.
A “avaliação” dos LOP, conforme critérios específicos, corresponde
à identificação ou à indicação, realizada na etapa formativa e,
provavelmente, também no decorrer da realização da intervenção.
A maior parte da identificação dos LOP ocorre no início na etapa
formativa. No entanto, conforme os métodos utilizados para identificálos e conforme o cronograma de recrutamento e treinamento em turmas
pequenas, é provável que a identificação dos mesmos ocorra de maneira
contínua.
Pode-se utilizar uma variedade de estratégias para identificar os
LOP dentro dos diversos grupos de amizade, por exemplo entrevistas
com lideranças comunitárias e informantes-chave, observações de
comunidades e pesquisas com integrantes de comunidades. Por um lado,
se você conseguiu sondar todas as pessoas na etapa formativa quanto
às suas amizades e influências, pode ser que já tenha identificado 15%
dos LOP até concluir essa etapa. Contudo, se você está utilizando outros
métodos, como entrevistas com informantes-chave e/ou observações para
identificar 15% dos LOP dentro de cada grupo de amizade, esse processo
pode ser mais demorado (em vez de identificar de uma só vez logo no
início todos os grupos e todos os LOP).
O primeiro grupo e os grupos subsequentes de LOP que forem
identificados, recrutados e treinados podem ser utilizados como
“informantes-chave.” Se você quiser, pode pedir para eles ajudarem
a identificar outros LOP e seus grupos de amizade. Algumas dessas
indicações podem ser apropriadas para inclusão em uma lista de LOP
em potencial. Outras indicações talvez não sejam apropriadas porque
já foram recrutados 15% dos LOP do grupo de amizade ou de uma
determinada estratégia LOP. É preciso cuidar para não recrutar um
número exagerado ou insuficiente de LOP de cada subgrupo, à medida
que as turmas de LOP entrarem em atuação no decorrer do tempo. 9
Deve-se seguir o mesmo processo iterativo (informante, identificação,
recrutamento, treinamento, e entrevista com o informante novamente),
caso você esteja utilizando lideranças comunitárias ou informantes9 Todos os LOP não precisam ser identificados e recrutados na etapa formativa. No entanto, será necessário
mapear o máximo possível na etapa formativa a rede e a cultura como um todo, por exemplo em termos de
seu tamanho e ambientes sociais, lideranças comunitárias e a primeira leva de grupos de amizade/LOP com o
objetivo de conseguir a inclusão de 15% dos LOP de cada subgrupo, etc.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
chave que não são LOP, pessoal do projeto, ou os próprios LOP como
informantes para identificar os diversos grupos de amizade e os LOP
dentro dos mesmos.
Caso uma pessoa se autoindique como LOP e queira fazer o
treinamento e endossar a mensagem, isso não deve ser visto como um
problema. A pessoa deve ser incluída, mesmo que aparentemente não
se encaixe nos critérios identificados ou destoe de outras pessoas que já
foram treinadas e atuaram como LOP. Apesar disso, é provável que tenha
amigos que possam influenciar e que seja integrante de uma comunidade
que possa apoiar a intervenção.
Recrutamento de LOP
De modo geral, o recrutamento para uma estratégia LOP envolve apenas
o recrutamento dos LOP, que verão ser treinados. Uma vez treinados, os
LOP atuam junto aos amigos, endossando a norma. As conversas com
a mensagem de endosso não se caracterizam como recrutamento. Os
LOP não marcam um horário e lugar especial – fora da rotina normal
– para ter essas conversas com os amigos. Os LOP não “recrutam” seus
amigos no sentido tradicional da palavra. O único sentido em que há
recrutamento de pessoas que não são LOP ou de outros integrantes da
comunidade ocorre com as lideranças comunitárias e os informanteschave etc.
O recrutamento (assim como o treinamento e a identificação – ver
acima) é um processo contínuo. Os LOP serão recrutados, treinados
e atuarão em turmas de 8 a 10 pessoas no decorrer do tempo. O
recrutamento dependerá sobretudo da qualidade dos contatos pessoais
que o pessoal do projeto faz com os LOP na comunidade. Consideração
deve ser dada à forma como cada LOP é abordado, para que o
recrutamento seja apropriado para cada caso.
O recrutamento é feito principalmente pelo pessoal do projeto.
As lideranças podem colaborar com o recrutamento, apresentando
candidatos em potencial. No entanto, tais apresentações por si só não
garantem o sucesso. A instituição não pode depender de apresentações
alheias. O pessoal do projeto terá que recrutar LOP em potencial. Cada
recrutador do projeto terá que desenvolver seu próprio estilo para poder
interagir à vontade com as pessoas. Cada um deles pode ensaiar o papel
de recrutador para aumentar a segurança, o estilo positivo e a experiência.
É importante saber se apresentar bem. A identificação apropriada e a
documentação de apoio podem tornar a apresentação mais profissional e
fazer uma impressão melhor.
O momento em que se faz o recrutamento também é importante.
O recrutador precisa ser observador e abordar os LOP em momentos
apropriados. A postura verbal e não verbal de quem faz o recrutamento
também é importante. É provável que os LOP em potencial percebam
a sinceridade e demais sentimentos dos recrutadores. Novamente,
as boas relações talvez sejam o determinante mais importante do
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recrutamento bem-sucedido. O recrutador precisa responder todas
as perguntas dos LOP em potencial. Embora não seja necessário, dar
incentivos, dar sinais de valorização e prestar serviços para amenizar as
demandas quanto ao tempo e às responsabilidades dos LOP, pode ajudar.
Incentivos “em espécie” como refeições nas sessões de treinamento
pode facilitar o cumprimento de suas rotinas cotidianas. Os incentivos
devem ser significativos e práticos. A perseverança e uma atitude
positiva são qualidades importantes. Inevitavelmente, haverá recusas independentemente da efetividade e adaptabilidade dos recrutadores. Não
se deve deixar que as recusas abalem a autoconfiança.
O recrutamento deve apelar em especial para o altruísmo, o espírito
de comunidade e motivações parecidas. Os recrutadores devem incluir
os seguintes elementos em suas conversas com os LOP em potencial:
uma apresentação sucinta do programa LOP, uma explicação de como
os LOP em potencial foram indicados, enfatizar que ser um LOP
significa desempenhar um papel positivo junto a amigos e conhecidos,
e destacar a contribuição para a redução da infecção pelo HIV. Outros
pontos positivos incluem: ser um exemplo na comunidade, desempenhar
liderança em relação à prevenção do HIV, ser benquisto, contribuir e
provocar mudanças nessa comunidade. Os recrutadores devem deixar
claras as expectativas de que os LOP devem promover a mensagem de
redução de risco junto aos amigos após terem participado das sessões de
treinamento. Não se deve atribuir expectativas adicionais aos LOP em
potencial. É preciso dar apoio, ser honesto, acessível e claro nas interações
com eles.
Protocolos, sistemas e formulários para o recrutamento
O recrutamento não é uma tarefa simples ou fácil: envolve muita
preparação, solicitações iniciais muitas vezes sem respostas claras,
acompanhamento contínuo de cada contato, e muito juízo e discrição.
Deve ser elaborada uma ficha de contato para cada LOP, bem como
um mapa de todos os LOP necessários para a intervenção (15% de
cada subgrupo). Os contatos com os LOP devem ser feitos de forma
direcionada, respeitosa e completa até chegar ao desfecho natural. Os
recrutadores precisam reconhecer que estão trabalhando para ir ao
encontro das necessidades e dos compromissos dos recrutados, e não o
contrário. Seria equivocado achar que os recrutados em potencial irão
procurar a instituição. Seria equivocado achar que eles serão contactados
e se interessarão por meio de entrevistas formais. Seria equivocado
achar que os recrutados assumirão a liderança e a responsabilidade
pelas interações da instituição. Os recrutadores precisam assumir total
responsabilidade por acompanhar cada contato em potencial até obter um
desfecho de sucesso. O recrutamento não é igual à venda de produtos de
porta em porta ou por telefone. Os produtos não se vendem sozinhos. O
processo se deslancha com o vendedor e o recrutador!
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Seguem algumas considerações gerais sobre o recrutamento:
• Não existe uma mágica ou uma ciência complexa sobre o
recrutamento. A maioria das “melhores práticas” é bastante
evidente. Envolve uma apresentação forte e consistente, muito
acompanhamento e controle.
• Além de ser uma arte, o recrutamento também é uma ciência.
Requer criatividade, experiência, experimentação, persistência.
• O recrutamento embasa a tomada de decisões em evidências
sobre o que talvez possa funcionar, com a coleta subsequente de
informações para verificar se a estratégia está funcionando de fato.
• Aproveite o que funciona; descarte e substitua o que não funciona.
• As pessoas que realizam o trabalho do recrutamento precisam
estar envolvidas no planejamento. Elas são as melhores fontes de
informações.
• Preste serviços de excelente qualidade. Uma boa reputação atrai
clientes.
Quem tem mais probabilidade de ter sucesso no recrutamento de
LOP são pessoas que: gostam de conversar com outras pessoas, se
sentem à vontade em abordar pessoas que não conhecem, criam vínculo
rapidamente com outras pessoas, têm habilidade em perceber e entender
linguagem corporal e outros sinais interpessoais, sabem falar bem, são
persuasivos, demonstram entusiasmo, respeitam os outros e não fazem
juízos de valor. Fazem parte, conhecem bem e se sentem à vontade com
a população. Conhecem a estratégia LOP, acreditam que essa estratégia
funciona, têm autoconfiança e não se abalam diante de recusas.
Retenção
O acompanhamento cuidadoso dos LOP também é importante. Devese obter os dados de contato necessários para gerenciá-los, treiná-los e
apoiá-los. Deve-se respeitar o sigilo na coleta e utilização dos dados.
A etapa formativa do projeto LOP envolve a dedicação de tempo
e esforços para a coleta de informações, o contato com as lideranças
comunitárias e a realização de tarefas do projeto como a criação da logo.
Essas atividades contribuirão para que o projeto e suas mensagens de
prevenção sejam efetivas e atraiam a população da intervenção. Não
se deve subestimar a importância de estratégias e conteúdos de alta
qualidade para o recrutamento e a retenção dos LOP. O recrutamento
dos LOP será facilitado por fatores como: a maneira como a intervenção
é vista na comunidade; o apoio das lideranças comunitárias para a
intervenção; a forma como os LOP são abordados, respeitados, tratados
e recebidos; até que ponto as sessões de treinamento são relevantes,
atraentes, solidárias socialmente e divertidas; até que ponto a logo serve
de apoio para os LOP no repasse da mensagem em suas conversas;
a qualidade dos incentivos, o apoio aos esforços dos LOP como a
disponibilização de oportunidades importantes e divertidas de encontro
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social e comida boa; a garantia do respeito e do sigilo; a minimização do
ônus nos LOP quanto à realização das conversas e à apresentação para o
projeto de relatórios das atividades realizadas.
“Promova” o projeto LOP da forma mais ampla possível, fazendo com
que todas as atividades e todos os materiais sejam bastante atrativos.
O recrutamento de qualidade depende em muito da continuidade dos
esforços dentro do contexto de um plano apropriado de recrutamento.
Todos os componentes do recrutamento devem ser planejados, levando
em consideração os demais elementos de apoio embutidos no projeto
LOP. Modifique e atualize o plano de recrutamento e retenção à medida
que você aprender com o trabalho e a experiência nessa área.
Para os LOP, as sessões de treinamento e apoio são a parte do projeto
que mais toma tempo. Essas sessões são importantes porque fortalecem os
LOP, criando habilidades e um nível de bem-estar em relação às conversas
que terão com os amigos. Isso reduz a ansiedade e facilita bastante
a comunicação dos LOP. Planeje com cuidado, crie e realize sessões
de treinamento que sejam altamente relevantes, úteis, interessantes,
fortalecedoras e divertidas. Isso contribuirá para o recrutamento e a
retenção dos LOP à medida que perceberem o treinamento e o projeto
como sendo divertidos e importantes.
Os LOP são fundamentais para o projeto porque são eles que fazem
a intervenção por meio das conversas sobre redução de risco. A função
do Coordenador do Projeto é prestar aos LOP o apoio que precisam.
Eles são voluntários altamente respeitados, de confiança e benquistos
entre seus amigos. As conversas que os LOP tiverem com os amigos para
endossar a norma de redução de risco não devem ser um compromisso
demasiadamente oneroso para eles. Basicamente, os LOP manifestarão
sua opinião em apoio da norma de redução de risco para pelo menos
14 de seus amigos, no decorrer de suas conversas naturais, cotidianas
e individuais. Não são educadores de pares ou agentes comunitários.
Também não são monitores de projeto. O papel deles é endossar a opinião
referente à redução de risco. Não são responsáveis pela educação dos
outros com fatos e informações, nem assistentes sociais para coletar e
apresentar informações pessoais sobre seus amigos, ou ser responsáveis
por monitorar diversos tipos de dados para o projeto LOP ou para
a instituição. Eles devem receber o apoio necessário para endossar
a opinião. Não lhes devem ser atribuídas tarefas e responsabilidades
adicionais do projeto. As expectativas e as responsabilidades dos LOP
devem ser restritas à estratégia LOP. Devem ser bem definidas e realistas.
B. Treinando os LOP
1. Visão geral do treinamento dos LOP
O Manual da Estratégia LOP e os materiais, ferramentas e guias para
o treinamento e outros elementos da intervenção contêm orientações
bem fundamentadas para o desenvolvimento e a realização de sessões de
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
treinamento de alta qualidade para os LOP. Esta seção do Guia traz dicas
adicionais e destaca algumas questões de particular importância, como a
adaptação das sessões de treinamento para a sua implementação local.
As quatro sessões de treinamento têm o propósito de apoiar os LOP no
endosso da norma de redução de risco junto aos amigos. É importante
que o pessoal do projeto LOP entenda claramente por que os LOP
são treinados com informações relevantes, bem como o raciocínio
que fundamenta o projeto. O conteúdo e a estrutura das sessões de
treinamento têm o objetivo de fortalecer a segurança e o nível de conforto
dos LOP. Para que sua atuação seja eficaz, os LOP precisam acreditar
em si e na eficácia do programa. Precisam ter habilidades específicas
de comunicação para ajudá-los a transmitir com eficácia as mensagens
de redução de risco. As sessões de treinamento também têm o objetivo
de fortalecer a motivação dos LOP. As sessões incluem uma dinâmica
por meio da qual os LOP aprendem entre si e se motivam por meio de
dramatizações etc. Portanto, é importante que os LOP interajam uns com
os outros nas sessões. A participação em várias sessões também reforça a
aprendizagem e as mensagens no decorrer do tempo. Os intervalos entre
as sessões permitem que os LOP tenham tempo para testar as conversas
no “mundo real”, processar as experiências e aprimorar a forma de
atuação nas sessões posteriores. Os facilitadores apresentam exemplos de
conversas de endosso da mensagem de redução de risco para os LOP para
que entendam o que vão fazer na comunidade. Os LOP dramatizam e
ensaiam as conversas para fortalecer sua autoeficácia. Os facilitadores do
treinamento reforçam e complementam as habilidades de dramatização
e sugerem formas de tornar as conversas eficazes. Os LOP estabelecem
metas para a realização das conversas.
As sessões de treinamento para os LOP podem ser vistas como uma
intervenção dentro da intervenção principal. A intervenção principal
consiste no endosso pelos LOP da mensagem de redução de risco para
que os amigos mudem de comportamento. Enquanto o enfoque da
intervenção principal está nas normas relacionadas a comportamentos
de risco, as sessões de treinamento têm o objetivo de ter um impacto
na habilidade de comunicação dos LOP. Em suma, as sessões de
treinamento consistem no fortalecimento das habilidades cognitivas e
comportamentais dos LOP, fortalecendo sua capacidade, conhecimento,
nível de conforto, intenções, autoeficácia, habilidades etc. As sessões de
treinamento também ajudam os LOP a “adotar” a norma a ser endossada.
As sessões de treinamento proporcionam aos LOP as habilidades
necessárias para endossar uma norma de redução de risco em conversas
com os amigos. As sessões de treinamento ensinam os LOP a disseminar
mensagens de redução de risco em conversas dentro de suas próprias
redes sociais.
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Ministério da Saúde
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Lógica das sessões de treinamento para fortalecer a habilidade de
comunicação dos LOP
Determinantes
Atividades
Impactos
Conhecimento sobre
comunicação eficaz
Atitudes sobre a
realização das conversas
Autoeficácia para a
realização das conversas
Intenções de realizar as
conversas
Ensinar a lógica da
intervenção para os LOP
Ensinar os elementos das
conversas para os LOP
Os facilitadores dão
exemplos das conversas
Os LOP ensaiam as
conversas nas sessões
Os LOP realizam
conversas na vida real
As conversas dos LOP
analisadas e reforçadas
Os LOP estabelecem
metas para a realização
de conversas
Aumento de conhecimento sobre
fatos relativos à prevenção do HIV que
subsidiam a lógica das comunicações
da estratégia LOP
Aumento de conhecimento sobre o
propósito das conversas
Aumento de conhecimento sobre os
elementos de uma conversa eficaz
Aumento de atitude de segurança
com o papel de LOP, com o endosso
da norma e com o propósito das
conversas
Adoção da norma pelos LOP
Os LOP se sentem mais capazes de
realizar as conversas
Aumento na intenção de realizar as
conversas
Difusão de Inovações (disseminando uma norma) — O Papel dos LOP
O endosso pessoal da norma de redução de risco pelos LOP é o cerne
do todo o programa de intervenção. Os LOP precisam ter claro que seu
papel na estratégia LOP é demonstrar a opinião – endossar a norma de
redução de risco junto a seus amigos (utilizando enunciados contendo a
palavra “eu”). O papel dos LOP não é educar outras pessoas sobre HIV ou
distribuir dados. Ensinar aos LOP informações relevantes sobre a norma
escolhida e sobre o objetivo e a lógica do projeto ajuda-os a sentirem que
têm, de fato, credibilidade para endossar a norma de redução de risco
junto a amigos. As sessões de treinamento ajudam a convencer os LOP de
que norma de redução de risco que vão endossar é apropriada para eles e
para sua comunidade. O objetivo do repasse de informações para os LOP,
na Sessão 1, é dar suporte à segurança deles. O objetivo não é que os LOP,
por sua vez, repassem essas informações para seus amigos. Novamente,
o papel deles é endossar a opinião sobre a redução de risco. Qualquer
atividade educativa realizada por eles é secundária ao seu papel central
enquanto promotores da norma de redução de risco. Há uma distinção
importante entre dar uma opinião e educar os outros. Essa distinção
é importante para a realização da estratégia LOP. Também é uma
distinção que as instituições às vezes não percebem, quando entendem
erroneamente que se trataria de uma intervenção de educação por pares e
abordagem comunitária.
O objetivo central da estratégia LOP é a promoção de uma norma
relacionada à redução de risco por meio de pessoas que têm relevância
pessoal para cada indivíduo. Enquanto amigos benquistos e influentes,
os LOP adotam e promovem a opinião de modo que se torne aceita no
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
grupo imediato de amigos e depois se difunda ou se transfira para toda a
comunidade. Nos treinamentos, 15% das pessoas mais influentes dentro
dos grupos de amizade (os LOP) ficarão convencidos de que é melhor
adotar a norma de redução de risco. Ao endossar essa opinião junto aos
amigos, os LOP influenciarão outras pessoas na comunidade de modo
que passem a compartilhar a mesma opinião.
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Sessões de Treinamento
Esta seção do Guia apresenta a estrutura, as atividades, os conteúdos e
o propósito das sessões de treinamento com LOP e faz um resumo dos
passos para a adaptação e realização das sessões de treinamento para o
projeto LOP específico de sua instituição. No quadro a seguir há um
resumo simplificado das sessões de treinamento.
Sessão 1
• Explicação do programa LOP;
• Explicação da teoria e filosofia que embasam a estratégia LOP;
• Uma perspectiva geral de informações atualizadas e fatos quanto ao risco alvo da
intervenção;
• Uma perspectiva geral dos riscos comportamentais relacionados ao risco alvo da
intervenção;
• Uma perspectiva geral de serviços locais em HIV, ex.: secretaria de saúde, serviços de
aconselhamento e testagem, serviços de informação por telefone;
• Uma discussão sobre métodos e estratégias para reduzir ou eliminar o risco relacionado
à norma;
• Resumo da Sessão 1 e breve apresentação da Sessão 2.
Sessão 2
• Revisão da Sessão 1, especialmente o risco alvo da intervenção e os métodos para
reduzir ou eliminá-lo;
• Discutir mitos e noções errôneas sobre o risco alvo da intervenção;
• Realizar uma discussão sobre como as normas sociais podem ser utilizadas para
reduzir o HIV dentro de uma comunidade;
• Fornecer uma perspectiva geral dos “elementos de uma mensagem efetiva de redução
de risco”;
• Pedir para os participantes pensarem em quatro amigos com os quais se sentiriam à
vontade tendo a conversa de redução de risco;
• Resumo da Sessão 2 e breve apresentação da Sessão 3.
Sessão 3
• Revisão dos elementos de uma mensagem efetiva de redução de risco;
• O facilitador demonstra a mensagem de redução de risco aos LOP;
• Os LOP ensaiam a realização de conversas sobre redução de risco;
• Os LOP se comprometam e planejam a realização de quatro ou mais conversas sobre
a redução de risco antes da 4ª Sessão;
• Os LOP discutem sobre o ensaio das conversas;
• Apresentar e explicar a metodologia para “despertar conversas” (ex.: logo ou outro
dispositivo);
• Encerramento da Sessão 3 e breve apresentação da Sessão 4.
Sessão 4
• Discussão sobre a experiência tida pelos LOP na realização das conversas sobre
redução de risco;
• Revisão de fatos relevantes sobre prevenção e dados locais;
• Revisão sobre fatores relevantes relativos a comportamentos de risco;
• Os LOP se comprometem a continuar a ter conversas sobre redução de risco, com 10
ou mais de seus amigos e conhecidos (distribuir o formulário para contatos);
• Motivar os LOP a endossarem a mensagem de prevenção.
*Os conteúdos em itálicos podem estar sujeitos a adequação para o
projeto local específico e para a norma e o comportamento específicos de
risco alvo da intervenção.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
2. Passos para a adaptação das sessões de treinamento e
preparação para sua realização.
• Criar um grupo de trabalho para desenhar o treinamento.
• Revisar todos os manuais, guias, ferramentas de planejamento e
objetivos programáticos das sessões de treinamento.
• Reunir as informações básicas necessárias para treinar os LOP, por
exemplo: o risco/a norma alvo da intervenção e materiais como o
dispositivo/logomarca para despertar as conversas.
• Deve-se observar que vários tipos de dados coletados e analisados
na etapa formativa são relevantes para a adequação dos conteúdos
das quatro sessões de treinamento realizadas com cada turma de
LOP. Os dados coletados e as decisões tomadas, sobre a norma
específica a ser alvo da intervenção são informações que precisam
ser repassadas aos LOP nas sessões de treinamento. Por exemplo,
se a norma a ser trabalhada é a importância da testagem para
HIV, o treinamento repassará informações sobre testagem para
ajudar os LOP a entenderem, adotarem, se sentirem à vontade
e terem conhecimentos adequados para endossar a prática da
testagem. Diferente do projeto original de Jeff Kelly, as sessões
de treinamento talvez não enfoquem a promoção do uso do
preservativo e o repasse de informações sobre a transmissão sexual
e a prevenção do HIV. Os conteúdos das sessões de treinamento
mais sujeitos à adequação são indicados com palavras em itálicos,
nos quadros a seguir, sobre a realização de cada sessão.
• Com base na apresentação detalhada das sessões deste guia, nos
conteúdos definidos por Jeff Kelly para as sessões de treinamento
e nas informações e materiais que a instituição reuniu, devese elaborar um plano de treinamento10 detalhado, descrevendo
exatamente como e o que será ensinado nas sessões de
treinamento (instruções para o facilitador, conteúdos e ordem das
atividades). Esse documento servirá como o manual de instruções
para os facilitadores das sessões de treinamento.
• Elaborar materiais, textos complementares ou um manual para os
LOP para utilização nas sessões de treinamento.
• Testar, aprimorar e finalizar o plano de treinamento.
• Concluir a ferramenta de planejamento, os objetivos
programáticos e os formulários (identificação de LOP,
recrutamento de LOP, plano de treinamento). Obs.: os LOP
são treinados em turmas de 12 a 15 para que as sessões sejam
suficientemente pequenas para possibilitar amplas oportunidades
para exercícios, apoio e retorno (feedback) para e entre cada LOP.
• Iniciar o treinamento dos LOP em turmas.
• Monitorar os treinamentos de acordo com os objetivos
programáticos e aprimorar o treinamento com base na avaliação e
monitoramento de processo.
10 Ao realizar essa tarefa, deve-se ler o manual elaborado por Jeff Kelly para observar como a lógica do
treinamento foi incorporada nos conteúdos para a realização da estratégia LOP em uma pequena cidade no
Mississipi (um resumo consta da página 7 deste Guia).
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Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde · Departamento de DST, Aids e Hepatites Viriais
3. Descrição detalhada da estrutura, conteúdos, atividades e
propósito de cada sessão
A seguir há uma descrição detalhada da estrutura, conteúdos, atividades
e propósito de cada sessão. Isso ajudará a perceber quais elementos
são “fixos” e não podem ser alterados, e quais precisam ser adequados
e adaptados. De modo geral, a “estrutura” das sessões de treinamento é
fixa. É preciso abordar os tópicos e realizar as atividades na sequência
indicada. Pode ser necessário alterar alguns conteúdos das sessões. Por
exemplo, se o projeto vai promover a norma de testagem para HIV,
será necessário repassar para os LOP as informações necessárias sobre
testagem para que se sintam à vontade endossando uma norma sobre
testagem junto aos amigos.
Sessão 1
Esta sessão apresenta aos LOP a estratégia LOP e transmite a ideia
de que são pessoas benquistas e respeitadas, que podem desempenhar
um papel fundamental na prevenção da transmissão do HIV. As
informações repassadas nessa sessão sobre o HIV e a redução de risco
devem ser relevantes para a necessidade de entenderem por que a norma
é apropriada e por que o projeto é importante. A sessão de treinamento
deve ser adaptada para refletir a norma a ser trabalhada e para que seja
relevante para os LOP. Não se deve repassar informações já conhecidas, e
sim informações que:
• Os ajudem a se sentir à vontade no papel de LOP.
• Ensinem a lógica que fundamenta o projeto em questão:
o o que diferencia a estratégia LOP (é comunitária, difunde uma
norma);
o os dados da avaliação de necessidades que demonstram por
que a norma de redução de risco escolhida para a intervenção é
necessária e apropriada.
• Ensinem seu papel como indivíduos influentes, benquistos, com
credibilidade e confiabilidade entre seus amigos, que podem e
querem difundir a opinião sobre a redução de risco junto aos
amigos, de modo que a opinião seja adotada pelos demais e se
torne a opinião predominante em toda a comunidade.
• Forneçam informações básicas sobre prevenção e serviços de HIV
para que se sintam informados e com credibilidade para tratar
do assunto. Dados locais sobre HIV também serão relevantes e
importantes para os LOP.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Sessão 1
I.
Uma descrição básica do programa LOP, seu propósito e o papel essencial que os
LOP desempenham na intervenção.
II. O comportamento de risco, os fatores de risco e a população da estratégia LOP:
A. Explicar o risco e a população do projeto;
B. Explicar como o risco e a população foram definidos para esse projeto específico.
III. A norma a ser promovida para impactar sobre o risco nessa população:
A. Explicar o que é uma norma e como determina comportamentos;
B. Explicar como foi determinada a norma que será promovida para ter impacto
sobre o risco presente na população;
C. Explicar a lógica da maneira como os LOP promovem a difusão de uma norma;
D. Descrever a norma específica a ser promovida pelo projeto e como ela foi
determinada.
IV. Apresentar eventuais informações adicionais sobre o risco, a transmissão a
prevenção e o tratamento do HIV que os LOP possam precisar para se sentirem
seguros para atuarem como LOP e se sentirem confortáveis como modelos de
referência porque têm domínio dos fatos, entendem e acreditam na necessidade
de reduzir o risco na maneira proposta pelo projeto.
A. Explicar as informações básicas e importantes para os LOP sobre a
epidemiologia, a transmissão, a redução de risco e o tratamento do HIV;
B. Explicar informações básicas (comportamentos de riscos, métodos e estratégias
de redução de risco etc.), especificamente relacionadas ao risco e à norma que
a estratégia LOP vai trabalhar e que os LOP precisam saber.
C. Fazer uma tempestade de ideias para superar eventuais barreiras percebidas
pelos LOP em relação à prática de risco a ser trabalhada.
V. O local / os locais comunitário(s), os grupos de amizade dentro dos locais, os
LOPdentro dos grupos de amizade e o papel dos LOP.
A. Explicar qual ou quais locais comunitários foram selecionados para o projeto
LOP em questão, bem como o raciocínio que fundamenta a identificação e a
seleção de locais comunitários para uma estratégia LOP;
B. Explicar como e por que os locais comunitários do projeto LOP em questão foram
selecionados;
C. Explicar por que grupos de amizade e os LOP dentro desses grupos são
identificados, e como foram identificados para o projeto em questão;
D. Explicar o papel importante que os LOP desempenharão, demonstrando e
promovendo a opinião junto aos amigos.
VII. Despertando conversas – Descrever o(s) dispositivo(s) a serem utilizados no
projeto em questão para ajudar a despertar as conversas.
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Sessão 2
Na Sessão 2, ocorre um aprofundamento do conteúdo sobre
normas sociais, o papel dessas normas na comunidade em relação a
comportamentos e o papel desempenhado pelos LOP na promoção delas.
Nesta seção, os LOP adquirirão mais informações sobre a lógica por
trás da escolha da norma específica, por meio da participação em um
exercício dedicado à desconstrução de mitos e noções errôneas relativas à
norma e ao risco a serem trabalhados.
A Sessão 2 também apresenta um modelo específico de comunicação
efetiva. A sessão ensina que a comunicação que efetivamente promove
uma mudança de comportamento é aquela direcionada a atitudes,
normas, intenções e autoeficácia relacionadas ao risco. A demonstração
e promoção da opinião pelos LOP junto aos amigos mudarão as atitudes,
normas, intenções e autoeficácia relacionadas ao risco dos amigos.
Enunciados contendo a palavra “eu” são essenciais para conversas efetivas
sobre a redução de riscos. É claro que um enunciado que contém a
palavra “eu” é uma opinião. Quando eu utilizo um enunciado contendo
a palavra “eu”, não estou dizendo para os outros o que devem fazer, estou
dizendo o que penso e o que faço. Estou ensinando por meio do exemplo
(em vez de “dar um sermão”). Essa questão dos enunciados contendo a
palavra “eu” deve ser enfatizada ao ensinar os elementos da comunicação
que efetivamente promovem uma mudança de comportamento na
estratégia LOP.
Além de utilizar enunciados contendo a palavra “eu”, a mensagem do
LOP deve ser positiva, recomendar a redução de risco e repassar formas
práticas de reduzir comportamentos de risco. Deve-se enfatizar, também,
que as conversas devem acontecer em um “espaço seguro”. A realização do
endosso da norma de redução de risco junto aos amigos não está limitada
ao local comunitário. Os LOP fazem o endosso em conversas cotidianas
e pessoais que têm com os amigos. Assim, como na Sessão 1, muitos dos
dados coletados na etapa formativa também são utilizados para ajudar a
adequar o conteúdo da Sessão 2.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Sessão 2
I.
Rever brevemente os conteúdos da Sessão 1:
Rever o programa LOP, o papel dos LOP, o risco e a norma a serem
trabalhados, informações básicas adicionais sobre comportamentos de risco
e redução de risco relevantes para o risco a ser trabalhado e para que os LOP
sintam que têm conhecimento suficiente e que estejam confortáveis com a
mensagem.
II. Examinar mitos e noções errôneas provavelmente existentes em relação aos
risco(s) e norma(s) a serem trabalhados pelo projeto LOP em questão:
Desconstruir os mitos e as noções errôneas com os LOP para que tenham
informações corretas, se sintam confortáveis com as informações e se sintam
inspirados e com credibilidade.
III. Utilizando normas para mudar comportamentos:
A. Como as normas sociais podem contribuir para a redução das infecções por
HIV;
B. Como os “líderes ou formadores de opinião” podem ajudar a “redefinir”
normas sociais.
IV. Ensinar os conteúdos “fixos” sobre os elementos de uma conversa efetiva (seis
habilidades de comunicação):
A. O facilitador apresenta os elementos;
B. O facilitador demonstra os elementos / a conversa (os “elementos” são seis
habilidades de comunicação que devem ser ilustradas dentro do contexto de
uma conversa que endossa a redução do risco alvo do projeto específico em
questão).
V. Pede-se aos LOP que pensem em quatro amigos com os quais se sentiriam à
vontade para entabular a conversa sobre redução de risco.
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Sessão 3
A Sessão 3 é voltada para o fortalecimento das habilidades dos LOP
para a realização das conversas, por meio de dramatizações entre os
participantes da sessão de treinamento. Nesta sessão, os LOP ensaiam
o endosso de uma norma utilizando os elementos da comunicação
efetiva. Têm a oportunidade de fortalecer suas habilidades, prevendo
e imaginando formas de endossar a norma no contexto de conversas
normais e cotidianas com os amigos. Muitos dos elementos da
comunicação que efetivamente mudam comportamentos dentro da
metodologia LOP dizem respeito ao ensino de estratégias para o endosso
das normas no decorrer de conversas cotidianas. Além de fortalecer as
habilidades e a segurança por meio de dramatizações, os LOP também
recebem apoio no planejamento da realização das conversas. Entre a 3ª e a
4ª sessão, os LOP irão pôr os planos em prática, em situações da vida real,
experimentando o endosso em conversas com quatro amigos diferentes.
A maior parte da Sessão 3 é dedicada ao ensaio pelos próprios LOP
para a realização de conversas de endosso. Os ensaios permitem que
eles ganhem segurança e habilidade na realização das conversas. Os
LOP devem ensaiar utilizando os elementos (as seis habilidades de
comunicação). O retorno (feedback) oferecido aos LOP deve estar focado
na presença, ou não, dos elementos nos ensaios, e como incorporálos caso não estejam presentes. Os LOP recebem retorno e reforço
na realização das conversas, tanto dos demais participantes da sessão
quanto do facilitador. Da mesma forma, o retorno deve estar focado na
incorporação bem-sucedida dos elementos.
Após ter ensaiado bastante e recebido retorno considerável, os LOP
devem assumir o compromisso de experimentar a realização das
conversas no “mundo real” com quatro amigos. O compromisso contribui
para a concretização da intenção dos LOP de realizar as conversas. Eles
farão as conversas “no mundo real” entre esta sessão e a próxima.
Assim como nas Sessões 1 e 2, muitos dos dados coletados na etapa
formativa também são utilizados para ajudar a adequar o conteúdo
da Sessão 3. O exercício sobre mitos e noções errôneas é abordado
novamente na Sessão 3. Isso contribui para descrever o raciocínio por
trás da escolha de uma norma específica de redução de risco no projeto
LOP em questão. O facilitador também demonstra a conversa novamente
na Sessão 3. Os exemplos de conversas demonstrados nas sessões de
treinamento serão adaptados para a norma de redução de risco a ser
endossada. É importante dedicar tempo e esforço para que os exemplos
sejam relevantes para o contexto em questão e estejam em consonância
com o propósito do treinamento.
Por último, a logomarca o ou dispositivo a ser utilizado para ajudar a
despertar a conversa deve ser apresentado aos LOP.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Uma observação sobre a indicação de LOP pelos LOP
Na sessão 3, os LOP podem indicar outros LOP na comunidade. Alguns
dos indivíduos indicados podem se encaixar nas turmas para os quais
ainda não se tem 15% dos LOP do grupo de amizade específico. No
entanto, é preciso comparar os LOP indicados com o número de LOP já
identificados para cada um dos grupos de amizade mapeados na etapa
formativa do projeto. É preciso treinar 15% dos LOP de cada grupo de
amizade. É importante lembrar que quem é um LOP em um grupo de
amizade, não necessariamente é LOP em outro. As indicações de outros
LOP pelos LOP na Sessão 3 podem não corresponder às necessidades.
Essas indicações podem suplementar os planos e as estratégias existentes
de recrutamento e atuação de LOP. Tais indicações também poderão ser
úteis se a instituição obtiver financiamento adicional para o projeto de
modo a poder incluir mais grupos de amizade. Da mesma forma, com o
passar do tempo a configuração dos grupos de amizade nos locais mudará
e o projeto será ampliado para incluir esses novos grupos. Se houver
continuidade do projeto LOP para abranger novas redes, isso poderá
envolver também novas normas de redução de risco, dependendo das
necessidades e da natureza da cultura de risco nas novas redes. Por essas
e outras razões (ex.: a avaliação de processo e resultados), o mapeamento
e o monitoramento do ambiente para a realização da estratégia LOP,
iniciados na etapa formativa, precisam continuar durante todo o projeto.
Sessão 3
I.
Rever os elementos de uma conversa efetiva – os LOP citam e discutem os
elementos.
II. Repassando a mensagem:
A. O facilitador demonstra duas ou três conversas efetivas sobre redução de
risco;
B. Os participantes dramatizam as conversas na sessão;
C. Orientar os participantes sobre as dramatizações das conversas;
D. Discutir as dramatizações; dar retorno (feedback);
E. Os participantes planejam e se comprometem a realizar conversas com quatro
amigos depois da 3ª e antes da 4ª sessão;
F. Apresentar e explicar a logo ou os dispositivos e sua função de despertar as
conversas (será necessário criar uma logo ou um dispositivo específico para o
projeto em questão).
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Sessão 4
A Sessão 4 consiste na análise das quatro conversas experimentais
tidas “no campo” para poder fortalecer ainda mais as habilidades e as
capacidades dos LOP. A Sessão 4 também deve servir de inspiração para
motivar os LOP a realizarem pelo menos 10 conversas efetivas sobre a
redução de risco direcionadas às normas e atitudes entre os amigos. Nesta
sessão, os LOP se comprometem a realizar as 10 conversas. A afirmação
do compromisso é importante para firmar a intenção de realizar, bem
como a própria realização das conversas. No entanto, é importante que o
projeto tenha planos sólidos e continuação para inspirar e apoiar os LOP.
Esse apoio deve estar presente em todas as atividades da estratégia LOP.
A realização de eventos sociais de apoio e inspiração para os LOP após o
treinamento são parte da estratégia, além da qualidade e efetividade de
todos os aspectos e esforços do projeto.
Sessão 4
I.
Analisar as conversas experimentais de redução de risco que os LOP tiveram com
quatro amigos entre a 3ª e a 4ª sessão:
A. Obter o retorno (feedback) dos LOP sobre suas conversas experimentais de
redução de risco;
B. Procurar superar problemas, realizando conversas baseadas nas experiências
tidas com as conversas experimentais;
C. Rever com os participantes a utilização da logo ou dispositivo para despertar
conversas;
D. Reforçar as habilidades em realizar conversas.
II. Rever as informações básicas sobre risco relevantes para o projeto.
III. Inspirar os LOP para a realização das conversas de endosso:
A. Proferir uma fala motivacional;
B. Facilitar o estabelecimento pelos LOP de metas para as conversas
(compromisso de ter 10 conversas);
C. Cerimônia de formatura / entrega de certificados.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
C. Atuação dos LOP (realização dos endossos)
É necessário planejar, montar e manter um sistema capaz de orientar e
documentar as tarefas e o cronograma para a atuação dos LOP no projeto,
desde a identificação inicial e o recrutamento, até a disponibilização de
interações de apoio. Um banco de dados eletrônicos é provavelmente a
melhor forma de monitorar as atividades no decorrer do tempo. Pastas do
tipo “A/Z” também podem ser apropriadas. Minimamente, é preciso ter
um sistema para o acompanhamento de cada LOP, onde este se encontra
no processo e o que é necessário para que avance. É provável, também,
que seja necessário prestar essas informações ao financiador e a outras
instâncias que monitoram o projeto do progresso alcançado.
Quais indivíduos foram identificados como LOP? Quais devem ser
convidados primeiro? E em segundo lugar? E assim por diante? Onde vão
ser guardados os dados de contato dos LOP? Como fazer as informações
chegarem até eles? Quais LOP fazem parte de quais turmas? Os LOP e
as turmas estão em que etapa do processo (identificados, recrutados,
treinados, no processo de realizar os endossos, precisando de seguimento,
reforço e apoio, já concluíram o número mínimo de endossos etc.)?
Quais LOP precisam ser relembrados da realização de uma sessão de
treinamento e quais precisam ser convidados para um evento de apoio em
determinada data? Até quando cada LOP deveria ter concluído o número
mínimo de endossos? Quais LOP já apresentaram de forma documentada
as conversas de endosso, e quais ainda não apresentaram?
O Manual do Facilitador e o Plano de Avaliação devem ser consultados
quanto a recursos úteis relativos à atuação dos LOP, como o formulário
para registro de conversas a ser utilizado por eles.
D. Apoiando a Estratégia LOP e os LOP
O apoio para os LOP é algo que deve ser planejado desde o início do
projeto e estar em relação a quase todos os aspectos desse projeto. A
qualidade do projeto está diretamente relacionada ao bom apoio aos
LOP. Por exemplo, fortes relações com a comunidade e seu apoio são
fatores importantes que ajudarão os LOP na realização de sua tarefa.
Também é importante envolver desde o início os “atores interessados”
ou as pessoas que se interessam e atuam em prol do bem-estar da
população. O envolvimento das lideranças que controlam o acesso
à comunidade também é importante. Os dispositivos destinados a
despertar conversas podem facilitar o apoio da comunidade de modo
geral e seu reconhecimento do projeto, além de facilitar as conversas
dos LOP em relação à opinião sobre a redução de risco junto a seus
amigos, desde que sejam cuidadosamente elaborados para obter esse
efeito. Eventos altamente úteis, interessantes e socialmente gratificantes
– como as sessões de treinamento dos LOP – também fazem parte do
apoio da instituição aos LOP. Pode ser importante considerar o apoio a
suas necessidades de alimentação, serviços de creche ou equivalente para
seus filhos, ou a programação das sessões de treinamento em horários
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que permitam sua participação. O contato individual continuado com
os LOP, por parte do pessoal da instituição, pode ajudar a reforçar
o apoio dado a eles. Cartas e boletins informativos também podem
proporcionar aos LOP e às lideranças comunitárias materiais de apoio,
ideias e motivação. Encontros (ver abaixo) também podem servir para
apoiar os LOP e sustentar o projeto. As pessoas que estão envolvidas em
todo o processo velarão pelo seu sucesso. As lideranças comunitárias, os
informantes-chave e os o LOP, que se tornam voluntários imprescindíveis,
podem querer ajudar a planejar e realizar os encontros, as atividades de
continuação e apoiar as interações com os LOP. O reconhecimento e a
valorização dos esforços e das contribuições são recompensas importantes
para as pessoas. O envolvimento da comunidade no projeto é um
indicador de seu sucesso na obtenção de apoio.
Não existe uma única atividade ou componente “mágico” para apoiar
plenamente os LOP. O apoio pode ser prestado por meio do planejamento
e do forte compromisso da instituição em todas as áreas. Esta seção
descreve alguns dos principais pontos dos encontros, da atuação dos
LOP e da manutenção da estratégia LOP no longo prazo. Recomendamos
consultar o manual do facilitador para orientações e ideias mais
detalhadas.
Encontros
Os encontros (eventos e contatos de seguimento) são um dos
componentes do programa que são importantes para o apoio aos LOP.
É preciso planejar e realizar encontros. Atividades sociais contínuas
são mais uma maneira de promover o engajamento e a motivação.
Pode ser necessário manter o acompanhamento dos LOP até para obter
documentação básica (as datas e descrições demográficas simples) sobre
suas conversas de endosso da mensagem de redução de riscos. Também
é importante apoiar a participação dos LOP em diversas formas de
encontros para:
• Continuar a endossar a redução do risco de infecção pelo HIV;
• Motivar os LOP para que continuem a endossar opiniões a favor
da redução de riscos;
• Discutir histórias de sucesso;
• Discutir desafios e encontrar formas de superá-los;
• Continuar a fortalecer as habilidades dos LOP no endosso da
redução do risco de infecção pelo HIV;
• Encontrar em conjunto soluções para as barreiras a conversas
efetivas;
• Obter retorno (feedback) dos LOP sobre como o programa pode
ser melhorado;
• Atualizar os elementos das conversas em consonância com a
evolução da cultura da comunidade;
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
• Sentirem-se valorizados no endosso da redução do risco de
infecção pelo HIV;
• Terem prazer em endossar a redução do risco de infecção pelo
HIV e em participar do projeto LOP;
• Apresentar aos LOP os dados sobre os resultados do projeto LOP;
• Manter um sentido de atuação em prol da comunidade;
• Construir o sentimento de comunidade, reforçar a prestação de
serviços à comunidade;
• Facilitar o apoio mútuo entre os LOP;
• Reduzir o isolamento que os LOP possam sentir na realização das
atividades do projeto;
• Proporcionar aos LOP experiências divertidas, interessantes e com
reconhecimento social;
• Dar poder e motivar ainda mais os LOP para que endossem a
mensagem.
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IV. Manutenção da estratégia LOP
no longo prazo
Após ter treinado e apoiado 15% dos LOP de uma rede específica de
amizade para endossar uma norma exclusiva de redução de risco, é
possível que essa norma venha a se estabelecer naquela rede de amizade.
Nesse caso, pode ser necessário mudar o enfoque para outra norma,
ou até para outra população e outro local comunitário (sobretudo se a
instituição conseguir os recursos para fazer isso). Com o passar do tempo,
as configurações das redes sociais presentes no local podem mudar, de
modo que pode ser necessário promover novamente a mesma mudança
voltada para a redução de risco. Assim, o projeto continuará da mesma
forma, agora enfocando esses novos subgrupos por meio de seus LOP.
Pode acontecer, também, que as novas redes sociais, ou as redes sociais já
saturadas pela norma de redução de risco, precisem de normas novas ou
adicionais de redução de risco para mudar seus comportamentos de risco.
A manutenção da estratégia LOP no longo prazo envolve mudanças em
normas, comportamentos e populações.
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Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
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V. Indicadores e monitoramento da
fidelidade aos elementos centrais da
estratégia LOP
Como avaliar a adesão ou a fidelidade do projeto da instituição à lógica
interna ou aos elementos centrais da estratégia LOP? Para poder avaliar
a fidelidade, é preciso comparar o que será feito na implementação do
projeto com os elementos centrais ou a lógica interna da estratégia LOP.
Implementação local do projeto LOP
<----- Consonância? ----->
Elementos centrais ou lógica interna do modelo da estratégia LOP
Esta seção descreve uma estrutura e um processo para a descrição da
implementação do projeto LOP, na prática comparada com os elementos
centrais do modelo da estratégia LOP. Será necessário documentar
a fidelidade do projeto LOP local em relação ao modelo original da
intervenção, para apresentação ao responsável por acompanhar o
projeto no CDC. Tal identificação e documentação de fidelidade deverá
ocorrer como parte da elaboração da ferramenta de planejamento
para a implementação da estratégia LOP (disponível em www.
effectiveinterventions.org). Fazer a identificação e a documentação da
fidelidade é um subcomponente do processo de elaboração da ferramenta
de planejamento da implementação da estratégia LOP.11 A seguir há uma
descrição e exemplos de como identificar e documentar a fidelidade ao
modelo da estratégia LOP.
11 Com efeito, a ferramenta de planejamento da implementação da estratégia LOP passa a ser, no decorrer
de seu desenvolvimento e elaboração, o protocolo para a implementação do projeto LOP. Depois de
elaborada a primeira versão completa da ferramenta de planejamento da implementação da intervenção,
subsequentemente a versão atual da ferramenta é o protocolo atual para a implementação da estratégia LOP.
Além dos objetivos, indicadores e cronogramas do programa serem identificados e planejados no documento,
eles também são documentados em relação ao mesmo. A ferramenta tanto documenta o plano do programa
quanto documenta o cumprimento dos planos, de modo que se constitui no principal dispositivo de
monitoramento do programa. A instituição apresenta esse documento ao responsável pelo projeto no CDC,
conforme solicitado para fins de monitoramento do progresso e dos planos do projeto. A instituição também
apresenta o documento como o relatório parcial e anual porque é o protocolo atual e o documento de garantia
da qualidade do projeto LOP. A instituição utiliza o documento para nortear sua atuação cotidiana e também
como referencial para a assistência técnica que o projeto recebe.
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Instruções:
1. Definir objetivos programáticos SMART (significando ‘inteligente’
em inglês (eSpecífico; Mensurável; Apropriado; Realista; Tempo
definido) para o alcance dos principais propósitos e atividades da
intervenção, conforme estabelecidos nos elementos centrais do
modelo.
2. Registrar quais objetivos programáticos vêm ao encontro de
quais metas específicas (propósito e/ou atividade) expressas pelos
elementos centrais da intervenção.
3. Pedir para especialistas no assunto da intervenção analisar e
aprovar a fidelidade dos objetivos programáticos.
4. Cumprir os objetivos programáticos por meio da realização
das atividades e documentar o cumprimento dos mesmos
(apresentando o documento ao responsável pelo projeto no CDC).
Exemplos de objetivos programáticos “SMART”
para a identificação e documentação da
fidelidade das atividades do projeto LOP, em
relação aos elementos centrais ou à lógica
interna do modelo da estratégia LOP
Fidelidade do Programa - Objetivo A (FPOA)
Após um mês e novamente após cinco meses e meio depois do
recebimento do treinamento, a LOPC será analisada objetivamente
por dois especialistas técnicos em intervenções LOP, em relação a: 1)
fidelidade dos objetivos programáticos; 2) afirmações de introdução
de práticas novas; 3) plano de implementação; e 4) documentação do
cumprimento dos objetivos programáticos (após cinco meses e meio).
Elemento Essencial Nº 1 da Intervenção
A estratégia LOP é direcionada a uma população identificável em locais
comunitários bem definidos, nos quais é possível estimar o tamanho da
população.
Fidelidade do Programa - Objetivo B (FPOB) (ex.: “A estratégia
LOP é direcionada…”).
Dois meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um
plano para o recrutamento, treinamento, apoio e atuação dos LOP em
turmas (para endossar a norma relacionada à redução de risco dentro da
população da intervenção).
Fidelidade do Programa - Objetivo C (FPOC) (ex.: “A
estratégia LOP é direcionada...
Seis meses depois do recebimento do treinamento e em tempo hábil
para iniciar o recrutamento dos LOP, o projeto começará a recrutar
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
e documentar a atuação dos LOP em conformidade com um plano
devidamente escrito (ver FPOB acima).
Fidelidade do Programa - Objetivo D (FPOD) (ex.: “… locais
comunitários bem definidos...)
Seis meses depois do recebimento do treinamento, um relatório
escrito do trabalho formativo realizado para estabelecer a estratégia
LOP documentará a avaliação (incluindo os resultados e os métodos
utilizados) feita para identificar uma rede social. O relatório incluirá uma
descrição do local comunitário em que se encontra a rede social alvo da
intervenção; um “mapa da comunidade”, a justificativa pela escolha da(s)
rede(s) social(ais) encontrada(s) no local, e como a população/local alvos
da intervenção se constituem em uma cultura compartilhada de risco
apropriada para a intervenção utilizando o modelo LOP.
Fidelidade do Programa - Objetivo E (FPOE) (ex.: “… uma
população identificável em locais comunitários bem definidos
nos quais é possível estimar o tamanho da população.”)
Seis meses depois do recebimento do treinamento e em tempo hábil
para iniciar o recrutamento dos LOP, o projeto terá um relatório
escrito documentando os métodos utilizados para estimar o número de
indivíduos a serem objeto da estratégia LOP no local identificado, bem
como os resultados da estimativa do número. Além disso, o tamanho da
rede corresponderá ao montante dos recursos do projeto disponíveis para
fazer a intervenção com 15% dos LOP.
Elemento Essencial Nº 2 da Intervenção
Técnicas etnográficas são utilizadas sistematicamente para identificar
segmentos da população e para identificar as pessoas que são as mais
benquistas, respeitadas e que detêm a confiança de outras pessoas, em
cada segmento da população.
Fidelidade do Programa - Objetivo F (FPOF)
Dois meses após o recebimento do treinamento, um plano escrito
do trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará
o plano de avaliação utilizado (incluindo os métodos propostos) para
identificar cada grupo de amizade dentro do contexto ou local da
intervenção (ver FPOD e FPOE acima).
Fidelidade do Programa - Objetivo G (FPOG)
Seis meses após o recebimento do treinamento, um relatório sobre
o trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará
a avaliação (incluindo os resultados e os métodos utilizados) para
identificar cada grupo de amizade dentro do contexto ou local da
intervenção (ver FPOD e FPOE acima).
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Fidelidade do Programa - Objetivo H (FPOH)
Dois meses após o recebimento do treinamento, um plano para o
trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará o
plano de avaliação (incluindo os métodos) a ser utilizado para identificar
15% dos LOPs de cada grupo de amizade, dentro do contexto ou local da
intervenção (ver FPOD, FPOE, FPOF e FPOG acima).
Fidelidade do Programa - Objetivo I (FPOI)
Seis meses após o recebimento do treinamento, um relatório sobre
o trabalho formativo para estabelecer a estratégia LOP documentará
a avaliação (incluindo os resultados e os métodos utilizados) para
identificar 15% dos LOP de cada grupo de amizade, dentro do contexto
ou local da intervenção.
Elemento Essencial Nº 3 da Intervenção
No decorrer do programa, 15% da população encontrada nos locais de
intervenção são treinados como Líderes de Opinião Popular.
Fidelidade do Programa - Objetivo J (FPOJ)
Seis meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um
plano para a atuação de 15% dos LOP, em turmas, dentro de cada grupo
de amizade, no contexto ou local da intervenção.
Fidelidade do Programa - Objetivo K (FPOK)
A cada dois meses depois do recebimento do treinamento do pessoal,
o projeto documentará por escrito a atuação de 15% dos LOP (incluindo
o treinamento e a realização de 14 conversas por cada LOP) dentro
de cada grupo de amizade e no contexto ou local da intervenção, em
conformidade com o plano de atuação dos LOP (ver FPOJ acima).
Elemento Essencial Nº 4 da Intervenção
Por meio do treinamento, os Líderes de Opinião Popular aprendem
habilidades necessárias para iniciar mensagens sobre a redução de risco
para amigos e conhecidos durante conversas cotidianas.
Fidelidade do Programa - Objetivo L (FPOL)
Quatro meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um
plano de treinamento escrito, em consonância com as orientações para o
fortalecimento das habilidades dos LOP necessárias para iniciar e realizar
as conversas da intervenção.
Fidelidade do Programa - Objetivo M (FPOM)
Quatro meses depois do recebimento do treinamento, o projeto
realizará um teste-piloto do plano de treinamento e elaborará um
relatório por escrito sobre os resultados do mesmo.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
Fidelidade do Programa - Objetivo N (FPON)
Seis meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um
plano de treinamento revisado.
Elemento Essencial Nº 5 da Intervenção
Por meio do treinamento, os Líderes de Opinião Popular aprendem as
características de mensagens efetivas sobre mudanças de comportamento
direcionadas para atitudes, normas, intenções e autoeficácia relativas
ao risco. Em conversas, os Líderes de Opinião Popular endossam ou
referendam pessoalmente os benefícios de comportamentos mais seguros
e recomendam passos práticos necessários para realizar mudanças.
Fidelidade do Programa - Objetivo O (FPOO)
Quatro meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá
testado e finalizado um breve instrumento com perguntas de escolha
múltipla que avalie o conhecimento das características e dos elementos
da comunicação efetiva para mudança de comportamento, em relação
às conversas, conforme descritas nas orientações sobre a estratégia
LOP. [Obs.: A comunicação efetiva para mudança de comportamento
na estratégia LOP é aquela voltada para atitudes, normas, intenções
e autoeficácia relacionadas ao risco. A demonstração e promoção da
opinião pelos LOP junto aos amigos deverão resultar em mudanças nas
atitudes, normas, intenções e autoeficácia relacionadas ao risco entre seus
amigos.]
Fidelidade do Programa - Objetivo P (FPOP)
Próximo à conclusão do treinamento de cada turma de LOP, o projeto
receberá de cada LOP um instrumento preenchido com perguntas
de escolha múltipla que avalie a aquisição de conhecimentos (das
características e dos elementos da comunicação efetiva para mudança
de comportamento). Os LOP que não demonstrarem a aquisição desses
conhecimentos, tendo 90% de respostas corretas, receberão treinamento
e apoio individual adicional, até conseguir responder 90% das perguntas
corretamente.
Elemento Essencial Nº 6 da Intervenção
Grupos de Líderes de Opinião Popular se encontram semanalmente
em sessões que envolvem aprendizagem, modelos de facilitação e
exercícios aprofundados com dramatizações para que possam aprimorar
suas habilidades e ganhar segurança quanto à transmissão para outras
pessoas de mensagens efetivas sobre a prevenção do HIV. O tamanho dos
grupos é suficientemente pequeno para permitir que todos os Líderes
de Opinião Popular tenham oportunidades amplas para fazer exercícios
que aprofundem suas habilidades de comunicação e proporcionem
tranquilidade na transmissão de mensagens por meio de conversas
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Fidelidade do Programa - Objetivo Q (FPOQ)
Até seis meses depois do recebimento do treinamento, será desenvolvida
uma ficha de verificação das sessões de treinamento dos LOP, com
indicadores quanto ao tamanho das sessões, aprendizagem, modelos de
facilitação e exercícios aprofundados com dramatizações.
Fidelidade do Programa - Objetivo R (FPOR)
Após três meses e novamente após quatro meses e meio depois do
recebimento do treinamento do pessoal, um avaliador independente,
especialista na estratégia LOP, avaliará o plano de treinamento no
tocante aos indicadores do tamanho das sessões, aprendizagem,
modelos de facilitação e oportunidades de exercícios aprofundados com
dramatizações. O plano de treinamento será revisado em consonância
com a avaliação independente nesses dois momentos, e novamente antes
da finalização do mesmo no marco dos seis meses do projeto.
Fidelidade do Programa - Objetivo S (FPOS)
Seis meses depois do recebimento do treinamento, o Gerente de
Prevenção do projeto na instituição avaliará a fidelidade por meio de
observações aleatórias de sessões de treinamento dos LOP, utilizando a
ficha de verificação – de acordo com um plano específico de amostragem.
Elemento Essencial Nº 7 da Intervenção
Os Líderes de Opinião Popular estabelecem metas para a realização
de conversas sobre a redução de risco com amigos e conhecidos na
população nos intervalos entre as sessões semanais.
Fidelidade do Programa - Objetivo T (FPOT)
Entre a terceira e a quarta sessão de treinamento, cada LOP assinará
um documento no qual concorda em realizar quatro (4) conversas
experimentais sobre redução de risco com quatro amigos diferentes.
Elemento Essencial Nº 8 da Intervenção
Os resultados das conversas dos Líderes de Opinião Popular são
analisados, discutidos e reforçados nas sessões subsequentes de
treinamento.
Fidelidade do Programa - Objetivo U (FPOU)
Seis meses depois do recebimento do treinamento, o projeto terá um
protocolo para avaliar até que ponto as conversas sobre redução de risco
realizadas pelos LOP, entre a terceira e a quarta sessão, são analisadas,
discutidas e reforçadas na quarta sessão.
Fidelidade do Programa - Objetivo V (FPOV)
O Gerente de Prevenção do projeto na instituição avaliará observações
aleatórias de 25% das sessões de treinamento dos LOP e, utilizando
protocolo de avaliação, avaliará até que ponto as conversas sobre redução
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
de risco realizadas pelos LOP, entre a terceira e a quarta sessão, são
analisadas, discutidas e reforçadas.
Elemento Essencial Nº 9 da Intervenção
Logos, símbolos ou outros dispositivos são utilizados como meios para
iniciar conversas entre os Líderes de Opinião Popular e outras pessoas.
Fidelidade do Programa - Objetivo W (FPOW)
Dois meses depois do recebimento do treinamento, um plano escrito
relativo ao trabalho formativo do projeto para criar os dispositivos
documentará o protocolo de avaliação.
Fidelidade do Programa - Objetivo X (FPOX)
Seis meses depois do recebimento do treinamento, um relatório sobre
o trabalho formativo do projeto para criar os dispositivos documentará
a avaliação, os métodos utilizados e os resultados, incluindo análise,
os materiais testados, o raciocínio por trás dos materiais criados – em
especial quais aspectos da estratégia ajudarão e serão utilizados para
despertar conversas sobre redução de risco.
Perguntas “SMART” a serem respondidas em
relação aos objetivos programáticos acima
• Os objetivos programáticos são suficientemente específicos e
apropriados para a tarefa do monitoramento da fidelidade? São
mensuráveis?
• Até que ponto são apropriados para o propósito e /ou as atividades
específicas das intervenções?
PERGUNTA IMPORTANTE RELACIONADA: Foi incluída
alguma prática capaz de violar o propósito central do modelo da
intervenção? Caso afirmativo, tal prática pode não ser apropriada
e talvez não deva ser realizada. Talvez seja necessário readequar os
planos e o protocolo da intervenção para que as práticas sejam fiéis
ao modelo.
Exemplo: O projeto pretende trabalhar com homens, no contexto das
interações não verbais de homens procurando ter relações sexuais
com outros homens, no bosque do Parque Memorial de Houston.
• É realista afirmar que será possível alcançar esse objetivo na
prática? Como?
Cronograma(s) para o cumprimento do(s) objetivo(s) programático(s):
• Seis meses depois do recebimento do treinamento (Objetivos
programáticos: A, B e C)
[Afirmação: O projeto LOPC vai mapear os grupos de amizade de
HSH dentro de um raio de 50 milhas da cidade de Amarillo, TX,
dentro de um período de seis meses.]
• Após um mês e novamente após cinco meses e meio depois do
recebimento do treinamento. (Objetivo programático D).
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Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
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ANEXO 1
ESTIMATIVA DO CUSTO DA ESTRATÉGIA LOP
A seguir está a análise original do custo da estratégia LOP. Inclua os valores para poder
calcular quanto vai custar para ter cada Líder de Opinião Popular (LOP) atuando. Essa
estimativa resultará no custo total da atuação de 43 LOPS. Divida o custo total por 43
para obter o custo “por líder”, no local da intervenção.
O número dos LOPque a instituição terá condições financeiras de manter é igual ao
orçamento disponível dividido pelo custo estimado “por líder”. O tamanho da população
da intervenção, que pode ser alcançado com os recursos disponíveis, é 15 vezes o
número de LOP que o orçamento permite recrutar.
Exemplo: Uma rápida estimativa do “custo por LOP” baseada em valores vigentes na
região de Atlanta (sem previsão para voluntários, e incluindo os custos do treinamento
de facilitadores como uma despesa diversa) resultou no custo estimado de $21.930,00,
ou $510,00 por LOP ($21.930,00 dividido por 43 LOPs). 43 LOPs representam 15% de
uma população de 645 pessoas. 1
Detalhamento de custos e unidades baseado no ensaio de pesquisa original
Custo Unitário
Nº de Unidades Custo Total
Salários1
Pessoal sênior/supervisão
$___/hora
x
200 horas
$ _______
Pessoal júnior
$___/hora
x
202 horas
$ _______
Pessoal administrativo
$___/hora
x
19 horas
$ _______
Pessoal do bar
$___/hora
x
16 horas
$ _______
*
Custo Total dos Salários $ _______
Pagamentos de incentivos
2
Incentivos para LOP
$___/LOP
x
43 LOPs
$ _______
$___/sessão
x
8 sessões
$ _______
Transporte local do pessoal
$___/ida e volta
x
36 idas e voltas
$ _______
Coffee break treinamentos
$___/sessão
x
8 sessões
$ _______
Panfletos
$___/panfletos
x
1500 panfletos
$ _______
Cartazes
$___/cartaz
x
20 cartazes
$ _______
----
$ _______
Outras Despesas
3
Locação sala de reunião
Despesas diversas
$ ----
Subtotal $ _______
Custos Fixos (25%) + subtotal
4
Total $ _______
1 Incluir o valor por hora, incluindo o custo de benefícios
2 Despesas opcionais
3 As despesas podem variar
4 Não inclui utilidades, locação e manutenção do escritório custos administrativos gerais
* O “pessoal do bar” atuou como informantes-chave. Assim, essa linha do orçamento se refere aos incentivos para
os informantes-chave.
1 Deve-se observar que a estimativa do tamanho da população e do custo por pessoa inclui os próprios LOP.
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ANEXO 2
NÚMERO MÍNIMO DE INTERAÇÕES COM OS INTEGRANTES
DA COMUNIDADE
Em média, quantas interações a estratégia LOP estabelece entre cada integrante da
comunidade e um LOP?
Se o tamanho da população for 500?
Haverá 75 LOP (15% de 500)
Cada LOP realiza 14 conversas (mínimo), totalizando 1050 conversas
Excluindo os próprios LOP das pessoas que recebem as conversas, (500-75), há 425
integrantes da população que não são LOP.
Isso representa, em média, 2,5 conversas para cada integrante da população que não é
um LOP.
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
ANEXO 3
MODELO DE QUESTIONÁRIO SOCIOMÉTRICO
Preencha todos os campos deste formulário. Faça uma lista de até 30 pessoas com as
quais você se encontra socialmente com frequência. Inclua o primeiro e o último nome de
cada pessoa, bem como o nome do local específico em que você se encontra socialmentee,
com frequência, com o indivíduo indicado. Selecione uma resposta para cada atributo,
indicando a sua avaliação de cada indivíduo em relação a cada característica.
Nome: ____________________________________________
Escreva seu primeiro e último nome
Data: ____/_____/___/ Informe a data do dia de hoje.
----------------------------------------------------------------------------------------------QUADRO 1 – O LOCAL QUE VOCÊ MAIS FREQUENTA
Local: Escreva no campo a seguir o nome específico do local que você mais frequenta
socialmente. Preencha até 10 quadros iguais a este em relação ao local que você mais
frequenta, para descrever até 10 indivíduos com quem você se encontra socialmente com
frequência no local.
___________________________________________________________________
Pessoa 1: Escreva abaixo o primeiro e o último nome de uma pessoa, cujo nome ainda
não consta deste formulário, com quem você se encontra socialmente com frequência no
local citado acima.
Nome completo da pessoa: _________________________________________
Para mim, neste contexto esta pessoa é (selecione apenas uma das respostas a seguir).
[
[
[
[
[
[
[
] A mais benquista
] Muito benquista
] Mais ou menos benquista
] Nem benquista nem malquista
] Mais ou menos malquista
] Muito malquista
] A mais malquista
Para mim, esta pessoa é: (selecione apenas uma das respostas a seguir)
[
[
[
[
] A pessoa em quem eu mais confio.
] Alguém em quem eu confio bastante.
] Alguém em quem eu confio um pouco.
] Alguém em quem eu definitivamente não confio.
Descreva abaixo com três frases o subgrupo neste local ao qual esta pessoa mais pertence.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Agora preencha o próximo quadro
----------------------------------------------------------------------------------------------INSTRUÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DO RESTANTE DESTE FORMULÁRIO
Crie 10 “quadros” para cada um dos três locais (o primeiro conjunto de 10 “quadros” diz respeito ao local
mais frequentado, o segundo conjunto de 10 “quadros” diz respeito ao segundo local mais frequentado e o
terceiro conjunto de 10 “quadros” diz respeito ao terceiro local mais frequentado). Numere cada quadro de
cada conjunto de maneira apropriada e sequencial. Se quiser, podem ser criados itens a serem respondidos em
cada quadro a respeito de características relevantes adicionais, como: respeitado, credibilidade, experiências
relevantes de vida, compreensivo com os amigos, articulado e autoconfiante.
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ANEXO 4
MODELO DE ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DA
COMUNIDADE
Cada observador deve fazer suas próprias anotações. As anotações devem ser feitas
sempre que as observações forem realizadas As anotações devem ser transcritas em
três categorias: 1) anotações de observação, 2) anotações teóricas, e 3) anotações
metodológicas. Devem ser feitas referências cruzadas entre os três tipos de anotação. Os
três tipos de anotação são descritos a seguir:
Anotações de observação
Escreva aqui “o que” você observa. Faça anotações das observações, de acordo com
os principais objetivos ou propósitos da pesquisa. Inclua a data, o horário, o local e faça
observações detalhadas. Por exemplo: Quem está presente? Quem fala com quem? Quais
são os subgrupos em que se relacionam socialmente? Por que se relacionam socialmente
de certa maneira e em certos grupos? Quais características descrevem os indivíduos
(ex. benquisto/malquisto; confiável/não confiável)? Quem são os “Líderes de Opinião
Popular” em cada subgrupo? Existem “lideranças/contatos-chave” nos locais e nos
grupos?
Anotações teóricas
Aqui você procura explicar: “por quê?” Registre aqui seus pensamentos conceituais
e analíticos. Certifique-se de que os mesmos se baseiam nas suas observações. Por
exemplo, faça anotações aqui sobre sua concepção da base da socialização dos subgrupos
ou da rede social, por exemplo, quanto à maneira como os integrantes se relacionam
entre si ou como uma norma poderia ser trabalhada entre eles. Há algum espírito de
“comunidade” ou coerência social entre as pessoas, de modo a compartilharem normas
em relação a um risco, e de modo que norma de redução de risco possa ser promovida
entre elas? Qual é a base da comunidade? Quais evidências sustentam sua concepção?
Da mesma forma, anote como você está definindo quem são Líderes de Opinião Popular,
com base em suas observações. Por que se relacionam socialmente de certa maneira e
em certos grupos?
Anotações metodológicas
Aqui você procura documentar “como” você faz a observação e como você determina
ou determinou o que você acredita saber. Registre aqui anotações sobre métodos
apropriados e úteis e suas ideias (baseadas em suas observações), sobre métodos
apropriados de identificação e quantificação da “comunidade”, das redes sociais dentro
da mesma, bem como os LOP dentro delas, que atendam aos critérios para a estratégia
LOP. Com base na “teoria” (acima) sobre os grupos sociais e a comunidade que você
observou e descreveu, qual é a melhor maneira de acessar esses grupos e indivíduos?
Pode ser útil criar tópicos iniciais para orientar as observações. À medida que você
aprender a partir das observações, achados e reflexões, é provável que seja necessário
rever e ampliar os tópicos. Alguns possíveis tópicos iniciais para as anotações das
observações incluem:
1. Grupos/locais
a.locais
b.subgrupos/redes/panelinhas/grupos de amizade
2. Dentro de cada desses subgrupos e locais comunitários
a.indivíduos benquistos
• Quem fala com muitas pessoas em seus grupos e com quem as pessoas no grupo
tendem a falar mais?
Instruções para Adaptar e Implementar a Estratégia
Líderes de Opinião Popular (LOP) - Guia Técnico
• Quem são os indivíduos de referência que as pessoas procuram para receber
conselhos e a quem elas prestam atenção quando os conselhos são oferecidos?
b.lideranças/informantes-chave
• Quem controla o acesso ao local?
• Quem sabe mais sobre a situação e sobre as demais pessoas?
3. Conteúdo cultural da “comunidade” relacionado à promoção de normas de redução
de risco, como, quando, onde, quem, o quê e por que os integrantes da comunidade
expressam (ou não expressam) opiniões e convicções sobre a redução de riscos.
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ANEXO 5
MODELO DE ROTEIRO PARA ENTREVISTAS COM
INFORMANTES-CHAVE
1.Onde eu posso acessar e observar integrantes da comunidade alvo da intervenção?
2.Quais são os subgrupos em cada contexto?
3.Quem são os indivíduos mais benquistos e com mais credibilidade em cada
subgrupo?
4.Qual seria uma opinião sobre redução de risco que poderia ser promovida na
comunidade e que seria mais eficaz na redução de práticas de risco?
5.Por que você selecionou essa norma de redução de risco para ser trabalhada nesta
intervenção?
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