artigo de investigação
recebido: novembro 2013; aceite: fevereiro 2014; publicado on-line: julho 2014
integração da família nos
cuidados ao doente:
até onde podemos ir?
Carla Reigada
Doutoranda em Psicologia; Assistente Social /
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
da Universidade do Porto; Centro Hospitalar de
São João, Porto
José Luís Pais-Ribeiro
Professor Associado / Faculdade de Psicologia e
Ciências da Educação da Universidade do Porto
[email protected]
[email protected]
Ana Novellas
José Luís Pereira
[email protected]
[email protected]
Professora Associada; Trabalhadora Social /
Universidade de Barcelona; Intituto Catalão de
Oncologia, Barcelona,
Professor; Director Clínico / Universidade de
Ottawa, Canada; Bruyère Continuing Care,
Ottawa
Estudo patrocinado pela Bolsa de Investigação Isabel Levy da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos.
resumo: Trata-se de um artigo teórico de índole crítica sobre o tema da família no contexto da saúde.
Este texto, baseado essencialmente em oito artigos científicos selecionados pelos autores e no livro
“Family Carers in Palliative Care”, convida-nos à reflexão do conceito de família nos dia de hoje e o
papel que este grupo ocupa na nossa sociedade quer enquanto pessoas, cuidadores e/ou profissionais.
Em cada sub-tema terminaremos com pequenas questões com fim de promover a reflexão. O presente
artigo não pretende criar uma teoria, pesar juízos de valor, mas apenas ir de encontro àquilo que
muitos profissionais de saúde talvez já tenham sentido e reflectido: como tratamos e lidamos com os
nossos familiares cuidadores?
palavras-chave: Cuidados paliativos, equipa, cuidadores, atuação ética.
abstract: This is a critical deliberation about the subject of family in the health context. This text,
based mainly on 8 selected scientific articles and on the book “Family Carers in Palliative Care”, invites
us to consider the concept of family in our days and the role this group plays in our society, either as
individuals, carers and/or professionals. In each sub-theme you can find some deep issue because that
is, in fact, exactly what we intended to do: to provide food for thought. It is not our intention to outline
a theory, neither the judgment of values about what is good and what is not so good. Our intent is to go
against what many of us “health professionals” probably have already felt and considered once: How
should we treat and deal with our family’ caregivers.
keywords: Palliative care, team, caregivers, ethical intervention.
Introdução
Vários estudos têm sido desenvolvidos no sentido de
entender melhor as necessidades e motivações do grupo
cuidador de doentes em intenso sofrimento, que luta para
se reorganizar e fazer jus àquilo que a sua consciência, ou
“obediência”, pedem de si.
Hoje em dia falamos do conceito de família como algo
em constante mudança, mas a verdade é que a essência do
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Onco.news > [mar.abr.mai.jun. 2014]
conceito que surgiu nos anos 60 se mantém: a família é a
origem (Minuchin, 1990; Alarcão, 2006; Percy, 2011). Esta
visão desafia-nos a pensar que não foi o conceito (família)
per se que mudou, mas sim as pessoas no seu individual, a
sua estrutura, os papéis, a hierarquia e as relações de poder
que se vão estabelecendo e modificando neste grupo. A
família passa de uma rede extensa (conceito de família
alargada) para uma rede mais nuclearizada, desmembrada
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integração da família nos cuidados ao doente: até onde podemos ir?