Caros colegas,
Embora eu desejasse me manter em silêncio , sinto-me na obrigação de fazer algumas
ponderações , tendo em vista a quantidade e o teor dos e-mails que têm circulado entre
nós a propósito da coordenação da área de LL na Capes. Quero deixar claros os
seguintes pontos:
1. A indicação do coordenador de área não é um processo eleitoral e sua designação é
prerrogativa da Capes; para que isso ficasse bem claro, a Capes mudou a
denominação " representante" de área para "coordenador" de área, de modo a evitar a
idéia de que a pessoa designada para exercer essa função defenderia interesses de
quem a elegeu. Nada é mais inadequado do que tratar esse processo como se eleição
fosse, com campanha por adesões em nome próprio.
2. Ao permitir publicamente que meu nome pudesse ser indicado, mesmo sabendo que
havia uma campanha com pedido de votos em curso e com vistas à unanimidade,
entendi que era preciso pensar na área e abrir espaço para um olhar crítico, o que
deveria ser absolutamente normal entre pessoas que se dedicam a tarefas
intelectuais. Nada mais nocivo do que a satisfação com o status quo e a consequente
cegueira para os problemas existentes. A tentativa de desqualificação da crítica nada
mais é do que sintoma de sua pertinência e quem aceitar a missão de coordenar a
área não pode simplesmente ignorar seus problemas, sob pena de retrocedermos.
3. Não podemos abrir mão de um olhar qualitativo - o que não significa ignorar os
números, bem ao contrário. Precisamos aprimorar nossos instrumentos avaliativos e
usá-los com cuidado e correção, de modo a podermos aferir com mais acuidade se
estamos, de fato, formando
bem nossos
mestres e
doutores, produzindo
conhecimento relevante para a área e, em consequência, contribuindo para a melhoria
da sociedade. Parece pouco?
4. O desafio é enorme. E só estaremos à altura dele se formos capazes de reconhecer
nossas fragilidades.
Espero que quem venha a assumir a coordenação da área de Letras e
Linguística na CAPES seja capaz de, a partir de uma perspectiva crítica acerca do estado
atual e de como chegamos a ele, empreender um processo contínuo de qualificação
efetiva da Pós-graduação em Letras e Linguística e, com ela, uma qualificação geral da
área em nosso país.
Maria Lucia de Barros Camargo - UFSC
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Manifestação – Maria Lúcia de Barros Camargo