Universidade Castelo Branco
Curso de Medicina Veterinária
Profª Christianne Perali
 Eficiência reprodutiva é um dos principais aspectos na
lucratividade de um rebanho. Alguns exemplos de perdas
econômicas devido a um mal manejo reprodutivo são:
 A produção de leite da vaca é diminuída pois durante sua
vida produtiva ela terá um menor número de picos de
lactação e o período seco tende a se estender.
 O número de bezerros nascidos por ano diminui, o que
dificulta o descarte de vacas com baixa produção de
leite, diminuindo o possível ganho genético do rebanho.
 O custo direto do tratamento das doenças reprodutivas,
inseminações e custos com o veterinário são
aumentadas.
Reprodução = Qualidade + Quantidade
OBJETIVOS:
• Eficiência Reprodutiva
• Permitir um Maior Numero de Produtos
• Melhor Qualidade do Produto (Acasalamento Orientado)
Idade 1 Cio
18 meses
12 – 24 Meses
Intervalos Entre Cios
21 dias
18 – 24 Meses
Duração de Cio
16 horas
3 – 28 horas
Ovulação Após o Fim do Cio
10 horas
0 – 20 horas
1 Cio Após o Parto
45 dias
9 – 90 dias
Sobrevivência do Espermatozóide
24 horas
10 – 96 horas
Sobrevivência do Óvulo
6 horas
3 – 20 horas
Duração da Gestação Normal
282 dias
270 – 291 dias
Macho
Devem ser observados:
• Ausência de um ou ambos os testículos na bolsa escrotal
• Redução acentuada no tamanho de um ou ambos testículos
• Disposição para saltar nas fêmeas (libido)
• Durante a monta observar se o touro introduziu o pênis na vagina
• Observar o numero de filhas no rebanho
• Atentar para as condições do salto (machucado, aprumo, casco)
Exame Andrológico
No Brasil estudos indicam haver mais de 53% dos touros com
problemas de fertilidade.
As principais causas de baixa fertilidade ou infertilidade são: os
fatores de meio ambiente desfavoráveis e o manejo indesejável;
Assim, cuidadosos exames clínicos, sanitários e andrológicos são
imprescindíveis para animais a serem usados como eprodutores,
além de melhores critérios de seleção genotípica e melhor
manejo.
Causa
Degeneração testicular
Imaturidade sexual
Maturidade sexual retardada
Hipoplasia testicular
Espermiogênese imperfeita
Espermatocistite
Disfunção do epidídimo
Freqüência (%)
21,5
11,9
3,5
3,5
2,9
2,7
2,1
Fonte: Vale Filho et al. (1978).
•O exame andrológico completo deve incluir a avaliação
clínica do animal, observando-se o histórico da vida
reprodutiva e a avaliação do estado geral, do sistema
locomotor, dos órgãos genitais internos e externos, e dos
aspectos físicos e morfológicos do sêmen, bem como do
comportamento sexual.
•Após os exames, os achados são interpretados, obedecendo
critérios internacionais, e os animais podem ser
classificados em:
a) aptos ou satisfatórios para a reprodução,
b) questionáveis, devendo aguardar novos exames,
e
c) inaptos ou insatisfatórios para a reprodução,
devendo ser castrados e descartados.
Utilização de tabelas de circunferência escrotal
Durante a realização do exame andrológico, medida de
extrema importância é a tomada da circunferência escrotal.
O tamanho dos testículos está diretamente relacionado com
a capacidade de produção espermática e existe correlação
genética negativa entre a circunferência escrotal de touros
ainda jovens e a idade à puberdade de suas meias-irmãs.
Touros com testículos mais desenvolvidos apresentam maior
volume e maior concentração espermáticos no ejaculado,
podendo servir a maior número de fêmeas ou produzir maior
número de doses de sêmen, quando em rotina de coleta e
congelação.
Existem tabelas de circunferência escrotal mínima, para a
maioria das raças, em cada idade do touro.
Estabelecimento da proporção touro: vaca adequada
Obviamente essa proporção depende de fatores ligados ao
reprodutor, ao rebanho de fêmeas, às condições do ambiente e
ao manejo definido para o rebanho.
Fatores ligados ao reprodutor estão ligados, além da idade, à
sua capacidade de produção e maturação espermáticas,
relacionadas com a circunferência escrotal e com o peso dos
testículos, e também à libido, determinada pelos testes de
comportamento sexual.
Em geral, touros aptos em exame andrológico completo
devem produzir no mínimo quatro ejaculados/dia, suficientes
para cobrir até duas fêmeas, com sucesso, em cada dia da
estação de monta.
Monitoramento da condição corporal
•A duração do período de serviço, ou seja, o período de tempo
decorrido entre a parição e a concepção, é o aspecto mais
importante na determinação do intervalo de partos.
•Os efeitos nutricionais são os principais fatores controladores
do anestro lactacional após o parto, que representa o principal
problema reprodutivo do rebanho bovino nacional.
•O peso e a condição corporal, embora pareçam imprecisos ou
subjetivos, são indicadores funcionais do estado energético e do
desempenho reprodutivo após o parto.
•Assim, a monitoração da condição corporal é a melhor
maneira de avaliar o estado nutricional dos bovinos e é
considerada o melhor indicador do funcionamento
fisiológico normal de todos os sistemas orgânicos.
•Sua avaliação à parição tem sido recomendada porque é
um dos fatores mais importantes que influenciam o
intervalo pós-parto e a taxa de prenhez em vacas.
Controle da amamentação das crias
• A amamentação indiscriminada atrasa o
aparecimento do cio pós-parto pela influência
inibitória que o estímulo da mamada pelo bezerro
exerce
sobre
os
elementos
regulatórios
controladores da liberação das gonadotrofinas
hipofisárias.
Uso da sincronização do estro
•A otimização e a racionalização dos recursos disponíveis
em propriedades que usam a inseminação artificial
(instalações, mão-de-obra, alimentação) pode ser
alcançada com a adoção da técnica da sincronização de
cios, pois esta reduz o tempo e a mão-de-obra envolvida no
processo.
•A sincronização de cios é, portanto, uma técnica
alternativa de manejo reprodutivo, que oferece a
possibilidade de manipulação do ciclo estral das fêmeas
para indução da ovulação e estro, em parte delas, dentro de
um período pré-determinado.
•Necessita de planejamento prévio, requer insumos, e
a chave do sucesso depende dos animais estarem
ciclando.
•Necessita também de um plano nutricional
adequado, rebanho saudável, mínimo de condições
estressantes, inseminadores devidamente treinados,
sêmen de boa qualidade, adequado sistema de
apontamentos e controle e acompanhamento de todo
o procedimento.
Sistemas de Cobertura
Monta Natural
1. Livre
Touro solto com as vacas (1:30)
2. Controlada
Touro separado das vacas (1:50)
 O uso de touros para a monta natural ainda é muito comum,
mesmo em regiões onde a inseminação artificial esta dando
bons resultados.
 Muitos fazendeiros acreditam que as taxas de prenhez são
maiores com o uso de touros comparado à inseminação
artificial.
 Porém, quando a detecção de cio é eficaz e a inseminação
artificial é feita corretamente, esta diferença não existe.
 Todavia, em algumas situações o uso de monta natural pode
ser indicado:
 Quando os empregados da fazenda não estão dispostos
ou mal treinados para realizar a detecção do cio e a
inseminação artificial, o que pode levar a baixas taxas de
prenhez.
 Quando o ganho genético de longo termo não é
importante.
 Quando
as condições locais não fornecem a
infraestrutura necessária para a implementação da
inseminação artificial (acesso a sêmen, nitrogênio
líquido e tanque para estoque de sêmen e nitrogênio,
telefone, etc.).
 Desvantagens da Monta natural:
 touros na propriedade representam riscos com o manejo
(ataque ao homem);
 Doenças sexualmente transmissíveis (campilobacteriose
e tricomoníase). Vacas infectadas poder se tornar
inférteis por até quatro meses; ou, se as vacas
conceberem, uma morte embrionária (uma forma de
aborto) pode acontecer.
Inseminação Artificial
•O principal ponto é IDENTIFICAÇÃO DO CIO
• Aceitação do método pelo criador
• Boas condições de Manejo e alimentação
• Instalações apropriadas
• Facilidades de aquisição do material de consumo
• Mão de obra especializada
 A inseminação artificial é uma técnica na qual o sêmen é
introduzido artificialmente dentro do corpo uterino na
ocasião do cio, visando uma futura prenhez.
 As maiores vantagens da inseminação artificial são:




Viabilização do uso de touros provados de melhor
valor genético para transmissão de características
desejadas em um determinado rebanho.
Elimina os custos e o perigo envolvidos na
manutenção de um touro na fazenda.
Diminui o risco de transmissão de doenças
transmitidas sexualmente transmissíveis e de defeitos
genéticos (ex: casco de burro).
Têm um benefício que se acumula ao passar dos anos.
 Os oócitos são liberados dos ovários de 10 a 14 horas
depois do fim do cio e podem sobreviver não
fertilizados por 6 a 12 horas.
 Todavia, os espermatozóides podem viver até 24 horas
no trato reprodutivo da vaca.
 Uma recomendação comum de manejo do melhor
período para a inseminação é conhecida com regra da
"manhã-e-tarde": vacas observadas em cio de manhã
são inseminadas na mesma tarde, e vacas em cio
durante a tarde são inseminadas na manhã seguinte.
DETECÇÃO DE CIO
•Para a maximização da sua vida produtiva, toda vaca
precisa ser inseminada dentro de 80 a 90 dias depois do
parto. Dessa maneira a vaca poderá produzir um novo
bezerro a cada 12,5 a 12,8 meses.
•Longos intervalos entre partos têm um efeito negativo na
vida produtiva do animal.
•Independentemente do uso de inseminação artificial ou
monta natural, a detecção de cio é um fator crítico de um
bom manejo reprodutivo numa fazenda.
 Em ambos os casos, anotações sobre datas de cio e
inseminações são necessárias para predizer as futuras datas
de retorno ao cio e datas do parto, para um melhor manejo
dos animais.
O que é o cio?
 Cio é o período no qual a vaca aceita monta (receptividade
sexual) que normalmente ocorre em novilhas depois da
puberdade que não estejam prenhez, e em vacas não prenhez.
 Este período de receptividade pode durar de 6 a 30 horas e
acontece, em média, em intervalos de 21 dias. Porém, este
intervalo entre dois cios pode variar normalmente de 18 a 24
dias.
Sinais do cio
 A observação de cio é um trabalho difícil e necessita
experiência.
 A maioria das vacas têm um padrão de comportamento que
se modifica gradualmente desde o começo até o fim do cio.
 O melhor indicador de que a vaca esta no cio é ela fica
parada e aceita ser montada por outras companheiras de
rebanho ou pelo touro.
 Uma vaca esta em cio quando ela fica em pé e parada
quando esta sendo montada por outra vaca ou touro. A vaca
que monta a outra vaca pode ou não estar em cio.
 Uma série de sinais indicativos de que o cio esta próximo e o animal deve
ser observado mais cuidadosamente esta resumido na Tabela abaixo.
Cio verdadeiro
•Fica parada quando montada.
•Mostra sinais associados com o início e fim do cio.
Começo e fim do cio
•Comportamento similar do touro.
•Mostra sinais de nervosismo.
•Se aproxima subitamente; a posição cabeça-contra-cabeça pode ser vista
frequentemente.
•Se encosta em outras vacas.
•Cheira a vagina e a urina de outras vacas; as vezes seguido do reflexo de Fleming
(entortar o nariz).
•Movimento de persseguição; alguns animais tentam colocar o queixo na garupa das
outras vacas; que pode ou não ser seguido por uma atividade de monta.
•Vagina hiperêmica (rosada) e entumescida; descargas de muco transparente pela vulva.
Outros sinais
•Diminuição de ingestão de comida e produção de leite.
•Animal sujo (esterco na garupa).
•Queda de pêlos na altura da inserção
Variação circadiana do cio
 O inicio da atividade do cio segue um padrão
distinto, sendo que a maioria destas atividades
ocorre durante a noite, madrugada ou começo da
manhã.
 Para se detectar mais de 90% dos cios em um
rebanho, as vacas devem ser observadas
cuidadosamente durante as primeiras horas da
manhã, ao entardecer, e em intervalos de 4 a 5
horas durante o dia.
 Algumas pesquisas mostram que mais de 70% da atividade
de monta ocorre entre 19:00 e 07:00 horas (Figura 2).
Outros fatores influenciando a expressão de cio
 A expressão e a detecção do cio variam dependendo de vários
fatores. Por exemplo, o tipo de abrigo (baracão, free stall, pasto,
espaço para caminhar ao redor das cercas, etc.) pode determinar
as chances dos animais mostrarem cio e do produtor detectar as
vacas em cio.
 Em rebanhos maiores, mais de uma vaca pode mostrar cio ao
mesmo tempo. Quando isto acontece, as chances de detectar as
vacas em cio aumenta dramaticamente, pois as atividades de
monta também aumentam consideravelmente.
 Todavia, fatores como alta temperatura e umidade, vento, chuva,
neve, falta de espaço e condições de solo escorregadio ou
problemas de casco, tendem a diminuir a expressão do cio.
Ausência de cio
O cio pode não estar sendo detectado devido as
seguintes razões:
 A vaca esta prenha.
 A vaca esta em anestro no pós parto.
 A vaca esta em anestro devido a desnutrição,
infecção severa do trato reprodutivo, ou outros
tipos de complicações do pós parto.
 A vaca têm cistos ovarianos.
 Simples falha na detecção de cio.
CAUSAS DE BAIXAS TAXAS DE CONCEPÇÃO
 Mais de 90% das vacas de um rebanho deveriam receber
menos de três serviços para emprenhar.
 Possíveis causas de baixas taxas de concepção (menos que
50%) podem ser causadas por:
 Problemas relacionados a detecção de cio:
Falha na detecção de uma vaca em cio
 Inseminar ou cobrir um animal que não esta em cio
 Tempo incorreto do serviço
 Erros de identificação de um animal causando erros
nos dados

 Problemas
relacionados a monta natural ou
inseminação artificial:
 Touro com baixa fertilidade
 Uso incorreto da técnica de inseminação artificial
 Problemas com a vaca:
 Infecção do trato reprodutivo
 Desordem hormonal
 Obstrução de oviduto
 Problemas anatômicos;
 Morte embrionária precoce (a vaca emprenha, mas não
consegue manter a prenhez)
 Problemas relacionados a nutrição
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Pecuária Leiteira Aula 3 – Manejo Reprodutivo