ÁREA DE PROJECTO – 12º ANO
Ano Lectivo 2008/2009
1. O QUÊ, PARA QUÊ?
A Área de Projecto é uma área curricular não disciplinar que faz parte do
currículo do 12º ano. Tem uma natureza interdisciplinar e transdisciplinar que se
concretiza na realização de projectos concretos por parte dos alunos, com o objectivo de
desenvolver uma perspectiva integradora do saber. Uma das finalidades da AP é a
promoção da orientação escolar e profissional dos alunos, facilitando a sua aproximação
ao mundo do trabalho.
O significado da palavra projecto, só por si, é exemplificativo:
Do Latim: Pro + iectare (Lançar para a frente, intenção de fazer algo num futuro mais
ou menos próximo.) É…previsão, antecipação, planificação, volição Æ Empenho da
pessoa. Nesse sentido, tem implicações pedagógicas:
ÆDar sentido às aprendizagens, tendo por base os interesses/necessidades.
Problemas e experiências vivenciadas pelos próprios alunos, desencadeando uma
motivação intrínseca;
Æ É interactivo: Todos aprendem com todos;
Æ Desencadeia motivações profundas, onde os comportamentos são mais importantes
que o produto final;
Æ Faz do saber um objecto de desejo e não de repulsa;
ÆA iniciativa do projecto é do aluno, mas pode também partir do professor,
mantendo o aluno sempre empenhado;
Æ Recorre às aprendizagens transdisciplinares: saber recolher informação; saber
planificar uma tarefa; exprimir opiniões e aceitar as dos outros…;
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Æ Pode centrar-se numa disciplina, mas interage sempre com as outras;
Æ Desenvolve a atitude colaboracionista, pois a divisão das tarefas é discutida pelo
próprio grupo;
Æ O professor deixa de ser a «fonte» do saber e passa a coordenador, animador,
fonte de informação, um recurso de aprendizagem…;
Æ Remete para a responsabilização, através de um acto contínuo de auto e heteroavaliação do processo e do produto;
Æ Valoriza e valida socialmente os produtos realizados, resultado de múltiplas
interacções estabelecidas dos alunos com o meio ou entre si pela reflexão, discussão e
crítica.
FINALIDADES
São várias as finalidades desta área curricular não disciplinar. O seu enunciado esclarece o
sentido do desenvolvimento dos projectos. Esquematicamente, podemos enumerar algumas
finalidades da Área de Projecto:
Æ promover a orientação escolar e profissional dos alunos, relacionando os projectos
desenvolvidos com os seus contextos de trabalho e saídas profissionais em particular e com
os seus contextos sociais em geral;
Æ favorecer o desenvolvimento de atitudes de responsabilização pessoal e social dos alunos
na construção dos seus percursos académicos e profissionais e os seus projectos de vida;
Æ desenvolver o sentido da responsabilidade de cada aluno nos processos de mudança
pessoal e social;
Æ valorizar como metodologia de trabalho a prática inter e transdisciplinar;
Æ estimular o desenvolvimento de uma cultura de avaliação e aperfeiçoamento contínuos;
Æ preparar para o prosseguimento de estudos e inserção no mercado de trabalho;
Ævalorizar o debate intelectual como meio adequado à resolução de problemas,
esclarecimento de dúvidas, confrontação de ideias e apresentação de críticas.
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COMPETÊNCIAS
A AP visa o desenvolvimento de um conjunto de competências que fazem parte
integrante da formação do aluno. É nesta área que, de uma forma sistemática e intencional, se
promovem, entre outras, as seguintes competências:
Æ concepção e desenvolvimento de projectos concretos relacionados com a(s) área(s)
de interesse vocacional e pessoal;
Æ utilização da metodologia de trabalho de projecto;
Æ pesquisa de forma autónoma e utilização de critérios de qualidade na selecção da
informação;
Æ utilização das novas tecnologias da informação;
Æ desenvolvimento de projectos em grupo cooperando com os outros e
responsabilizando-se individualmente pelas tarefas que lhe são atribuídas.
APRENDIZAGENS
Relacionadas com estas e com outras competências, há um conjunto de aprendizagens
essenciais que o aluno deve desenvolver ao longo do ano e que passam pela:
Æ elaboração de um projecto que conduza a um produto final;
Æ apresentação do projecto;
Æ reformulação do projecto, se necessário;
Æ realização do produto final.
PERFIL DO ALUNO
Não se pode afirmar que o perfil do aluno de AP seja distinto do que está
definido para o ensino secundário. Contudo, nesta área não disciplinar há a oportunidade de
promover um conjunto de competências e aprendizagens que se apresentam como essenciais
para o prosseguimento de estudos e para o mundo de trabalho.
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A sociedade contemporânea requer cada vez mais capacidades e competências
específicas cabendo à escola a preparação dos alunos para o seu futuro académico e
profissional. Será em AP que, entre outras dimensões, se procurará encarar o aluno como um
elemento que:
Æ é activo na construção do conhecimento;
Æ investiga, recolhendo, seleccionando e analisando dados e informações;
Æ questiona a experiência quotidiana e o saber estabelecido;
Æ reflecte sobre as questões e avalia-as para depois decidir;
Æ debate ideias, constrói estratégias e possíveis soluções para os problemas;
Æcoloca hipóteses para a resolução das questões e dos problemas e constrói planos de
actuação;
Æ coopera e colabora com os outros;
Æ assume as responsabilidades decorrentes do trabalho individual e de grupo;
Æ concretiza e executa através de produtos as suas propostas;
Æ um dos grandes desafios do professor de AP será o de desenvolver nos alunos hábitos de
trabalho autónomo e em grupo, bem como a gestão do tempo.
2. QUESTÕES de ORGANIZAÇÃO
A organização do horário
1. Seguindo as sugestões do documento Orientações do Ministério da Educação para a Área
de Projecto dos Cursos Científico - Humanísticos, a organização dos tempos lectivos (90 + 90
minutos) de AP convém ser marcada em contra-horário, de preferência à tarde. Terá todo o
interesse, por isso, que pelo menos um dos módulos seja marcado num turno em que não há
mais aulas.
Este tipo de organização apresenta vantagens, entre as quais se destacam:
Æ facilita a organização de visitas de estudo e aulas de campo sem prejuízo de outras
aulas;
Æ torna mais fácil a organização de sessões com convidados especialistas.
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2. A coincidência no mesmo horário de pelo menos algumas turmas de AP apresenta
muitos aspectos positivos. Entre as vantagens desta opção, podem referir-se:
Æ a possibilidade de um módulo de formação ser partilhado por mais de uma turma (a
leccionação das técnicas de pesquisa, de recolha e selecção de informação, a apresentação
pública, o tratamento de dados, etc.) Poder-se-ia, deste modo, partilhar os recursos
especializados de cada um dos professores.
Æ a possibilidade de aproveitar um recurso externo para mais de uma turma: por exemplo,
um convidado de uma especialidade poderia dirigir-se a mais do que uma turma, sem
afectar o normal funcionamento das aulas das outras disciplinas.
Æ a possibilidade de os alunos irem apresentando as suas conclusões a um público mais
alargado. Esta é uma das potencialidades com maior interesse. É importante que os alunos
ao longo do ano treinem bem as técnicas de apresentação. Os alunos, ao partilharem as
suas conquistas, expõem os objectivos dos seus projectos, mostram os produtos que vão
concretizando. Esta partilha tem um potencial de aprendizagem difícil de substituir.
Para além das vantagens expostas, a organização do horário sugerido permite uma
maior cooperação entre os professores, com efeitos positivos na avaliação.
3. A organização de um bloco de 90 minutos comum a todos os professores da AP, marcado
na componente não lectiva, permitirá uma efectiva troca de experiências, uma partilha de
recursos, um debate sobre os problemas sentidos e a procura de soluções, um efectivo
processo de formação contínua dos docentes.
4. É de todo conveniente a designação de um professor que coordene, na escola, a Área de
Projecto.
O Arranque do Ano Lectivo
Um dos aspectos mais importantes é a integração do projecto no trabalho do conselho
de turma: o projecto tem uma vocação interdisciplinar que só se pode concretizar através da
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participação efectiva de todos os professores da turma. Uma reunião geral de professores do
12º ano, em Setembro, serviria para economizar recursos e tempo. Nesta reunião, apresentarse-iam a natureza, os objectivos e a metodologia da AP, favorecendo-se uma atitude de
cooperação e do trabalho interdisciplinar.
O Conselho de Turma
O Conselho de turma tem um papel fundamental na aprendizagem dos alunos e muito
particularmente em AP: é necessária a cooperação de todos.
Os projectos têm uma componente científica e técnica que se deve pautar por critérios de rigor
e aplicabilidade. Citando o documento “Orientações…” «Os professores responsáveis pela
AP em cada turma deverão articular o seu trabalho com os outros professores, bem como
com especialistas do meio onde a escola está inserida, identificando saídas profissionais
associadas aos projectos desenvolvidos pelos alunos e estabelecendo relações com a
comunidade – empresas, instituições – que permitam aprofundar e sustentar as opções
escolares e profissionais dos alunos».
O professor da AP «deve informar o conselho de turma sobre os projectos escolhidos
pelos diferentes grupos de trabalho, solicitar o apoio específico dos restantes professores da
turma, nas suas disciplinas ou valências, de modo que estes projectos se articulem e
integrem o plano anual de trabalho de turma.»
Assim, para além da reunião realizada no início do ano, nas turmas do 12º ano tem de
se incluir na ordem de trabalhos de todas as reuniões de conselho de turma que se realizem,
um ponto específico para o projecto de turma. Será importante que nas reuniões de
departamento curricular os professores que leccionam AP façam o ponto da situação e
partilhem com os outros professores a sua experiência.
A Comunidade Educativa
«Os professores responsáveis pela AP em cada turma deverão articular o seu
trabalho com os outros professores, bem como com especialistas do meio onde a escola está
inserida, identificando saídas profissionais associadas aos projectos desenvolvidos pelos
alunos e estabelecendo relações com a comunidade – empresas, instituições – que
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permitam aprofundar e sustentar as opções escolares e profissionais dos alunos.»
“Orientações…”
Esta citação reforça a importância da interacção com o meio exterior à escola. O
trabalho de projecto promoverá relações privilegiadas com empresas, instituições, autarquias.
Os Encarregados de Educação e as famílias dos alunos podem constituir-se como recursos
importantes no desenvolvimento dos projectos. O envolvimento dos alunos e a dinâmica
própria do projecto encarregar-se-ão de multiplicar os contactos, que se constituirão como
recursos.
É muito importante que o professor de AP informe com regularidade os E.E. para
que estes conheçam o tipo de trabalho que os seus educandos estão a desenvolver.
O Conselho Pedagógico
O Conselho Pedagógico é a sede da orientação pedagógica de uma escola. Dado o
carácter da AP – a sua vocação interdisciplinar e a dimensão interventiva inerente aos
projectos a desenvolver – será importante que, com regularidade, se reporte a este órgão de
coordenação pedagógica o ponto da situação do desenvolvimento da área, enquadrando as
iniciativas que se vão desenvolvendo. Esta intervenção poderá ficar a cargo dos
coordenadores de departamento ou, se representado, o coordenador da AP.
A Comunicação
Um projecto só tem razão de existir se for conhecido e tiver aplicabilidade. Assim, a
comunicação entre grupos, ou mesmo entre escolas, pode revelar-se fundamental. O recurso às
novas tecnologias da informação é o meio mais eficaz para assegurar a circulação rápida da
informação. O recurso ao e.mail e, sobretudo, a aplicação da Plataforma Moodle permitem o
desenvolvimento de uma teia de comunicações que trazem inovação para a prática pedagógica,
promovendo formas novas de interacção e de trabalho.
3. AVALIAÇÃO EM ÁREA DE PROJECTO
A avaliação tem como principal objectivo «melhorar as aprendizagens.» Assim, a avaliação
em AP exige uma prática avaliativa:
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Æ «de natureza eminentemente formativa – logo contínua e sistemática;
Æ assente em princípios de diálogo( com os alunos, E.E.) e transparência;
Æ que explore diversas técnicas e instrumentos de recolha de dados;
Æ e, sobretudo, executada com um espírito positivo, que acredite no aluno como alguém que
possui conhecimentos, capacidades e competências que será necessário mobilizar e
desenvolver;
como
um
sujeito
aprendente,
cuja
curiosidade
e
necessidade
de
desenvolvimento carecem de estímulo e apoio.»
É imprescindível uma definição muito clara do que se pretende avaliar e as
competências que se pretendem desenvolver. Os instrumentos a utilizar e os saberes a avaliar.
Os professores da AP têm que responder, entre outras, às seguintes questões:
Æ Quais são as competências essenciais?
Æ Quais os critérios? Como se define cada um deles?
Æ Em que consiste um bom desempenho?
Competências como - atitude de rigor; colaboração; planeamento; comunicação e
reflexão/avaliação – não podem ser esquecidas.
Escola Secundária Inês de Castro, 28 de Outubro de 2008
O Coordenador da Área de Projecto do 12º Ano: Mário Alves
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