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Incidência e Prevalência
Nº 19 | Setembro-Outubro | 2009
Editorial
Este número da série da “Forallpoints” descreve vários parâmetros, medidas de avaliação, usadas predominantemente no domínio da epidemiologia, mas também
no contexto de estudos clínicos.
Se bem que os conceitos de incidência e prevalência nos sejam relativamente familiares, quando avançamos um pouco mais ao nível das estimativas ou
interpretação de resultados, alguns destes conceitos não são tão intuitivos como pareciam à primeira vista.
Ana Macedo
Incidência cumulativa e taxa de incidência
Incidência
A incidência de uma dada patologia corresponde ao número de novos casos, traduzindo o risco de ter a
doença num determinado período de tempo. É fundamental, ao falarmos de incidência, ter em
consideração que esta deve ser expressa como uma proporção. Assim temos:
Incidência cumulativa - número de novos casos num determinado período de tempo a dividir pela população
em risco (no momento inicial).
Por exemplo, considerando uma população de 10.000 habitantes (que correspondem a indivíduos expostos
a uma dada doença, e sem a doença no início da avaliação) e, sabendo que o número de pessoas atingidas
de novo por uma dada doença foi de 200, durante o ano de 2008, podemos determinar a incidência
cumulativa, nesse ano, como sendo de 2% (2 casos por 100 habitantes). Assumindo que no ano anterior, e para
a mesma população, se registaram 100 novos casos, a incidência cumulativa nos dois anos seria de 3%.
No cálculo da incidência cumulativa, os factores mais importantes a ter em atenção são o tempo a que nos
referimos e a população inicial.
Esta abordagem, ainda que simples, coloca alguns problemas. Será que a população inicial não varia ao
longo do período considerado? Se se tratar de um período pequeno, como uma semana ou um mês, a
variação pode ser desprezível. Mas, em 2 anos, ou mesmo num ano, não se deveria ter em consideração as
variações da população exposta, considerando, por exemplo, a mortalidade, natalidade e migrações?
DICA
Na apresentação de resultados referentes a x casos por
y habitantes, utilize um valor de x preferencialmente
entre 1 e 10, ajustando o y.
Por exemplo, como descrever uma incidência de 547
casos em 100.000 pessoas?
Pode apresentar-se este resultado como:
547 por 100.000
54,7 por 10.000
5,47 por 1.000
0,547%
A forma mais fácil de interpretar é 5,47 por 1.000.
Mas, se a incidência fosse 54 casos por100.000, o mais
intuitivo seria apresentar 5,4 por 1.000.
Exemplos de determinação pessoa-anos:
A taxa de incidência corresponde ao número de novo casos por unidade pessoa-tempo, em risco.
O conceito pessoa-tempo pressupõe a multiplicação do número de pessoas pelo tempo que cada
uma esteve exposta (ou seja em risco de poder ter a doença). O tempo é, usualmente, medido em
anos. Assim, podemos considerar que é equivalente observar 500 pessoas durante 1 ano ou 250
pessoas durante 2 anos.
Numa avaliação a 1 ano consideram-se 100 pessoas,
na avaliação inicial. Destas, 50 abandonaram o estudo
aos 6 meses.
pessoa-ano = 50 x 1 + 50 x 0,5 = 75
Avaliar 1.000 pessoas durante 1 ano, é equivalente a:
Voltando ao exemplo anterior, temos que:
avaliar 1 pessoa durante 1.000 anos :-)
avaliar 20 pessoas durante 50 anos, ou
pessoa-anos - 10.000 x 2 = 20.000
taxa de incidência = 300/20.000 pessoa-anos, ou seja,
número de casos - 300
avaliar 500 pessoas durante 2 anos.
1,5% pessoa-anos
X
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=
Pessoa-ano
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Prevalência
A prevalência de uma dada patologia corresponde ao número total de casos, numa dada população, num determinado tempo. Assim, podemos determinar
diferentes tipos de prevalência, de acordo com o horizonte temporal estabelecido.
Prevalência pontual - número total de casos a dividir pelo número de indivíduos em risco, num determinado momento.
Prevalência a 1 ano - número total de casos, nesse ano, a dividir pelo número de indivíduos em risco, durante o ano.
Prevalência a 5 anos - número total de casos, durante os 5 anos , a dividir pelo número de indivíduos em risco, durante esses 5 anos.
Por exemplo, considerando uma população de 10.000 habitantes (que correspondem aos indivíduos em risco para uma dada doença) e, sabendo que o número
de pessoas que tem a doença é de 500, a prevalência pontual é de 5%.
Se considerarmos que, durante 5 anos, a população em risco se mantém estável nos 10.000 e que o número de casos nesses 5 anos é de 1.000, então a prevalência a 5
anos é de 10%.
Relação entre Incidência e Prevalência
A prevalência relaciona-se com a incidência, mas não só.
Uma doença apresenta uma elevada prevalência se:
A incidência for elevada E a mortalidade E a percentagem de cura for reduzida
Uma doença apresenta uma baixa prevalência se:
A incidência for reduzida OU a mortalidade OU a percentagem de cura for elevada
Taxa de mortalidade e taxa de fatalidade (letalidade)
A taxa de mortalidade, por uma dada causa, calcula-se dividindo o número de indivíduos que morreram por essa causa pela população em risco, num dado período
de tempo.
A taxa de fatalidade ou letalidade, é calculada dividindo o número de indivíduos que morreram por uma dada patologia pelo número de doentes com essa
patologia, num dado período de tempo.
Por exemplo, numa população de 100.000 pessoas, verificaram-se 50 mortes por uma dada doença, durante 1 ano. A taxa de mortalidade por essa doença foi de 5
por 10.000. Por outro lado, sabe-se que número de indivíduos com a doença (durante esse ano) era 100, então a taxa de fatalidade da doença foi de 50/100, ou seja
50%.
Os factores determinantes para que a taxa de mortalidade por uma dada doença seja elevada são:
Prevalência elevada da doença E fatalidade relativamente elevada
Doenças com baixa prevalência OU com baixa fatalidade condicionam baixa taxa de mortalidade
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Nº19 - Setembro/Outubro 2009 - Incidência e Prevalência