LUCILA PESCE
Analisando a metodologia de mediação
a distância na formação de educadores,
à luz da perspectiva lingüística sóciohistórica.
In: FELDMANN, M. G. (org.). Educação e mídias
interativas: formando professores. São Paulo:
EDUC, 2005. p. 99-118.
OBJETIVO
Investigar sobre a contribuição da
interação digital à formação do educador
Foco na linguagem veiculada nos
ambientes de interação digital
Escher
Drawing Hands
CONTEXTO DA PESQUISA - PECFU
Parcerias: SEE, PUC/SP, USP, UNESP.
Abrangência: 6.300 alunos-professores;
1.700 da PUC/SP
Momentos presenciais nos CEFAMs
(tutor e PO)
Forte apoio das mídias interativas: TM
online, VC, TC
Desenvolvimento de competências
docentes: PCNs como referências,
articulação teoria e prática, formação do
professor pesquisador
CAMPO - AMBIENTE DIGITAL DO PECFU
Ambiente - LearningSpace - IBM
Interação digital - temáticas trabalhadas
nos demais ambientes de aprendizagem
(VC, TC, TM offline)
Sujeitos - alunos-professores e PA
Interaprendizagem- espaços de interação
(questões abertas, fóruns, chats)
Autoaprendizagem - pesquisas na
Internet, leitura de textos, sínteses
pessoais
Matisse
A leitura
A LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
DIALÓGICA
Conceitos lingüísticos sócio-históricos:
DIALOGIA - Bakhtin, Vygotsky, Benjamin
INTERAÇÃO DIALÓGICA - Freire
LEITOR CRÍTICO - Lajolo, Zilberman
A LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
DIALÓGICA
Dialogia (BAKHTIN):
- constituição mútua entre os atores sociais;
- linguagem em devir;
- linguagem reprodutora e reconstrutora de mundo;
- linguagem tecida na dialética relação entre o social
e o individual;
- linguagem erguida em meio à polifonia e à
polissemia;
- os sujeitos não pré-existem à interação verbal;
- linguagem e construção da identidade pessoal e
social;
- linguagem e ideologia.
A LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
DIALÓGICA
Interação Dialógica (FREIRE):
Conceito de dialogia pensado no contexto
educacional:
- investigação temática;
- tematização do conhecimento articulada à realidade
vivida;
- problematização do conhecimento.
A LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
DIALÓGICA
Leitor Crítico (LAJOLO e ZILBERMAN):
Sujeito social capaz de, numa interação com o meio
social, assumir uma postura inquiridora e
transformadora frente às suas circunstâncias e ao
mundo que o entorna.
Da leitura da palavra à leitura do mundo: leitura e
compreensão do mundo interior e do mundo real
circundante - concepção autônoma e crítica da vida
exterior.
LEITURA DA
PALAVRA
LEITURA DO
MUNDO
A LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
DIALÓGICA
Leitor Crítico (PESCE):
Ser que, na e pela linguagem escrita, apropria-se do
mundo, para nele melhor intervir.
Partindo da leitura de mundo, o leitor crítico lê o
texto, amplia sua cosmovisão, tomando a palavra,
vivenciando o conceito de intertextualidade.
Tal processo ocorre em meio à interação dialógica
entre os sujeitos sociais em formação.
A LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
DIALÓGICA
Relações:
linguagem / reflexão / emoção
linguagem / diversidade / dialogia
A linguagem no ambiente digital:
Lévy, Sandbothe...
FORMAÇÃO DE EDUCADORES EM
AMBIENTES DIGITAIS
Na contemporaneidade: Schön, Nóvoa,
Tardiff, Kincheloe...
Sob enfoque sistêmico: Maturana, Varela,
Morin...
Em ambientes de interação digital: Lévy,
Beloni, Moraes, Maraschin...
FORMAÇÃO DE EDUCADORES EM
AMBIENTES DIGITAIS
Formação docente contemporânea, sob
enfoque crítico-reflexivo pós-formal:
- Colegialidade
- Reflexão sobre a prática docente
- Dimensões profissional e pessoal
- Educador como profissional da
educação
METODOLOGIA
2 métodos de investigação:
- análise de conteúdo das trocas
intertextuais veiculadas no ambiente de
interação digital
-análise fenomenológica dos discursos
dos sujeitos de pesquisa sobre a
vivência no ambiente de interação digital
Michelangelo
A criação do homem
Protocolos de pesquisa - análise de conteúdo (175).
Ordem
Escritor
Leitor
009
PA2
A1,A2,A3
Linguagem
Vejo que vc demonstra clareza frente aos aspectos
questionados, porém precisamos refletir de que forma
isso tudo é trabalhado na prática, com os alunos... Será
que os alunos do ensino fundamental (especialmente
das séries iniciais) apresentam esse discernimento, essa
clareza??? Como você trabalha esses aspectos em sala
de aula???
Categoria
C02 categoria de intervenção praxiológica
Análise de conteúdo
Categorias de intervenção do PA:
Afetiva
Praxiológica
Conceitual (problematizadora,
conclusiva, que pede avanços frente ao
solicitado na questão)
De convite (ao fórum, à exploração de
sites)
Sem intervenção (ex: OK)
Análise de conteúdo
Categorias de resposta do alunoprofessor:
Afetiva
Conceitual
Reflexiva
Praxiológica
Superficial
Sem resposta
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Escritor
PA2
PA1
PA3
PA3
PA2
PA1
PA3
PA3
PA1
PA2
PA3
PA3
PA2
PA1
PA3
PA2
PA1
PA3
PA2
PA3
PA2
PA3
Leitores
A1,A2,A3
A6,AW,AX
A5,AZ
A7,A4,AY
A1,A2,A3
A6,AW,AX
A5,AZ
A7,A4,AY
A6,AW,AX
A1,A2,A3
A5,AZ
A7,A4,AY
A1,A2,A3
A6,AW,AX
A7,A4,AY
A1,A2,A3
A6,AW,AX
A5,AZ
A1,A2,A3
A7,A4,AY
A1,A2,A3
A5,AZ
Descrição das categorias de intervenção dos PAs
afetiva
praxiológica
conceitual problematizadora
conceitual conclusiva
conceitual que pede avanços frente ao solicitado na questão
convite ao fórum
convite à exploração de sites
sem intervenção
Qtde.
21
4
3
2
3
2
1
3
2
2
14
13
8
2
3
3
2
2
5
1
1
2
Escritores
A6,AW,AX
A1,A2,A3
A5,AZ
A5,AZ
A7,A4,AY
A6,AW,AX
A1,A2,A3
A1,A2,A3
A7,A4,AY
A5,AZ
A6,AW,AX
A1,A2,A3
A6,AW,AX
A7,A4,AY
A5,AZ
A1,A2,A3
A5,AZ
A7,A4,AY
Leitor
PA1
PA2
PA3
PA3
PA3
PA1
PA2
PA2
PA3
PA3
PA1
PA2
PA1
PA3
PA3
PA2
PA3
PA3
Descrição das categorias de resposta dos alunosprofessores
afetiva
conceitual
reflexiva
praxiológica
superficial
sem resposta
Qtde.
2
2
1
11
8
4
3
14
9
7
2
3
3
2
1
1
1
1
Primeiras impressões
- A metodologia de intervenção do PA parece incidir
fortemente sobre a natureza das respostas dos
alunos-professores
- Aparentemente, o PA2 e seus alunos-professores
mais se aproximaram da DIALOGIA DIGITAL
ANÁLISE FENOMENOLÓGICA
* coleta de dados: questionários e
entrevistas, em 3 momentos
* análise ideográfica: relativo aos
discursos individuais
* análise nomotética: categorias abertas
e idiossincrasias (Rede de Significados)
Protocolos de pesquisa - análise ideográfica (129)
Discurso: 71
Sujeito: A1
Momento: M3 Fala: F1
Linguagem do sujeito:
No começo a gente fica um pouco apreensiva. Quando ia para os momentos do Learning Space, a gente ficava com
medo até das respostas do PA, né? Ficava apreensiva: e se voltar as questões, o que vamos fazer? Então no começo,
quando nós sabíamos que íamos para o Learning Space, ficava com aquela tensão!
Hoje não, hoje a gente, nós percebemos assim como se fosse se o professor estivesse alí presente. Hoje temos certa
intimidade.
Posso falar um pouquinho também da PA, a nossa última, a PA1 [substituído o nome, pela confidencialidade, grifo nosso],
ela nos deixa muito à vontade. Então isso facilita muito nosso trabalho. Elas assim tinham o mesmo jeito de tratar o
pessoal do lado de cá. É beijinho, olá minhas queridas, tudo bem? Sabe, então isso deixa a gente mais à vontade, até
assim para poder, digamos assim, perguntar sem medo de fazer perguntas certo? Isso pra nós foi fundamental, ela nos
deixou muito à vontade. Essa relação com professor que eu acho que é fundamental. Como eu já disse, né, uma relação
mais de amizade que é muito importante prá gente, sem medo hoje, né.
Redução - unidades de significado:
apreensão / medo / tensão / sentimento de desconforto em relação à interação digital com o PA / progressiva melhora
no sentimento em relação à interação digital / interação com o PA como se ele estivesse ali presente / proximidade com o
PA fundamental para a boa interação digital
Asserções articuladas à linguagem do sujeito:
AS55 - a sensação do aluno-professor, para com a interação digital foi se tornando progressivamente positiva
Linhas de ligação
A Convergência
B Divergência
Análise Nomotética - 1ª Rede Parcial de Significados.
Legenda de códigos
A2
D14
AS16
C Transcendência
Sujeito
Autonomia
profissional.
Discurso Asserção
Articulação com a prática.
A2D14AS16
A3D87AS19
A
A2D81AS16
A
A
A4D90AS16
A3D87AS15
A
A1D9AS1
A4D90AS19
A5D43AS15
A
A
A3D28AS16
A
A1D7AS16
A
A
A6D51AS16
A6D54AS20
A7D68AS16
C
A1D8AS15
A
A3D87AS16
A4D38AS17
A
A5D44AS17
C
A6D102AS17
B
A1D3AS15
A
A4D40AS78
A6D106AS15
A
A2D18AS15
A3D25AS77
A5D98AS15
A
A
A7D111AS17
B
A
A
A2D13AS15
A
A
PA2D130AS2
A5D94AS15
A
A
A5D95AS28
A
A
A3D29AS16
Idiossincrasias
A
A
A7D107AS15
AS1
AS2
C
A
A5D49AS28
C
AS77
PA3D134AS74
A2D77AS15
A7D110AS15
AS78
A
Tempo.
A
A3D88AS41
A5D970AS42
C
A2D78AS58
A7D114AS42
B
A
A
A2D11AS58
A
A3D83AS15
Categoria Aberta: Articulação coma prática
PA2D124AS58
A
A
A
A
PA2D128AS58
A
AS16
Ainteração digitalcontribuiu para a reflexão sobre a prática docente.
AS17
AS28
Ainteração digitalcontribuipara a reflexão sobre a prática docente,juntamente com os demais ambientes de mediação de aprendizagem.
Ainteração digitalnão contribuipara a reflexão sobre a prática docente.
AS74
Areflexão sobre a prática pode ter sido, emalguns casos,mascarada,emfunção dos alunos-professores sentirem-se avaliados pelo PA.
Categoria Aberta: Tempo
Haveria outra qualidade de reflexão,se huvesse mais tempo hábilpara as interações digitais.
AS41
AS42
AS58
A5D96AS58
A
A5D98AS58
Expectativa de melhoria da qualidade na educação,a partir do
PEC.
Categorias Abertas / Asserções Articuladas à Linguagem do Sujeito.
A
A3D88AS58
Inovação vista como componente necessário à melhoria da educação.
A6D104AS58
A
A2D79AS58
Areflexão sobre a prática implica umnovo olhar sobre a
educação
Areflexão sobre a prática,sugerida nas intervenções do PA
encontrava resistência,emfunção da desvalorização da prática dos
próprios alunos-professores,quando se comparamaos exemplos
práticos relatados pelos acadêmicos
A4D93AS59
A
AS59
A
A
PA2D123AS59
PA2D129AS58
A
Otempo insuficiente para o cumprimento das atividades propostas ao PAe/ou ao professor-aluno é indicado como um dos fatores que dificultama interação digital.
Oacúmulo de tarefas a seremexecutadas empouco tempo dificulta as interações no fórumde discussão.
Categoria Aberta: Autonomia profissional
AS19
A7D113AS59
Houve progressiva adequação entre o cumprimento das atividades propostas ao PAe/ou ao professor-aluno e o tempo disponível.
AS20
As interações on line colaborampara a construção da autonomia profissionaldo aluno-professor.
Oaluno-professor acaba percebendo a importância da construção da sua autonomia profissionaltambémpelas interações on line.
AS15
Ainteração digitalde alguma forma veicula-se ao processo de pesquisa.
Análise Nomotética - categorias abertas
Articulação com a prática
Tempo
Autonomia profissional
Familiaridade com as TIC
Incorporação conceptual
Interação
Metodologia de intervenção
Reflexão
Sentimento
Emergiram na articulação entre as asserções
evidenciadas nos discursos dos sujeitos de
pesquisa
Fatores facilitadores à
DIALOGIA DIGITAL:
* ações compartilhadas entre os sujeitos
em interação
* manifestações pessoais desses atores
sociais
* movimento reflexivo como um dos
elementos fundantes da interação digital
do PECFU
Fatores dificultadores à
DIALOGIA DIGITAL:
* tempo de interação alheio aos
interlocutores
* inexpressividade do trabalho com
investigação temática dos aprendizes
Fatores dificultadores à
DIALOGIA DIGITAL:
* pouca atenção dada às várias
dimensões da linguagem, dentre elas a
reconstrutora
* compartilhamento colaborativo, via
outros ambientes de discussão, que não
somente as questões abertas
Picasso - A vida
Resultado
Embora as interações digitais do PECFU
não tenham ocorrido notadamente sob
enfoque dialógico, pudemos observar
alguns momentos pontuais de
DIALOGIA DIGITAL, os quais
contribuíram à formação dos alunosprofessores.
Discussão
A interação digital pode agregar valor à
formação do educador, desde que:
Privilegie:
- a reflexão sobre os conceitos
articulados à ação
- a atribuição de significado ao objeto de
conhecimento (relações com o cotidiano
da escola)
Privilegie:
- o respeito ao processo de construção
de conhecimento do aluno-professor,
para além da intencionalidade do
formador (atentar para o momento mais
adequado para intervir)
- a inserção dos mediadores em todas as
etapas do processo de formação
Privilegie:
- o mapeamento do percurso cognitivo
do sujeito social em formação
- a construção de conceitos
compartilhados entre formandos e
formadores
- a utilização dos múltiplos códigos
semióticos (respeito aos estilos de
aprendizagem)
Privilegie:
- o foco nas intervenções afetivas,
reflexivas e problematizadoras, para
além das puramente conceituais
- a condução do tempo de interação
pelos interlocutores
- o diálogo e as manifestações pessoais
Privilegie:
- o grupo de aprendizagem colaborativa:
troca de experiências, em dinâmica
reflexiva, dialógica e auto-organizadora,
que se ergue em meio ao intercâmbio
volátil de saberes
- a constituição mútua dos sujeitos
interatuantes
- a ampliação da alteridade: imersão na
cultura e emergência da individualidade
Evite:
- que o mediador seja destituído da
concepção do conteúdo e do tempo de
interação
- a fragmentação desarticulada dos
diversos ambientes de aprendizagem
-um grande número de formandos por
formador
Portanto, a interação digital pode
agregar valor à formação do
educador, desde que ocorra em
perspectiva dialógica.
DIALOGIA DIGITAL
Confere nova sensibilidade às
interações digitais, em recusa a
relacionamentos aligeirados e
planificados e em favor da
aproximação dos sujeitos.
Que a DIALOGIA DIGITAL permita
aproximar os sujeitos em interação
Canova
Eros e Psique
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Apresentação do PowerPoint