M01
VINSCHGAU / VAL VENOSTA (Trentino-Alto Ádige, Itália)
Criar uma cultura de cooperação
numa região em que essa tradição
não existe
A acção
Implantação, numa região economicamente bem desenvolvida, mas cujo progresso é travado pela falta de tradição de
cooperação entre os operadores económicos, de diversas formas de parceria local, de acordo com um método rigoroso,
elaborado especificamente para esta situação e respeitando
os seguintes princípios:
> favorecer as parcerias informais, mais bem aceites pelos
agentes locais (poderão ser formalizadas a seguir, se os
intervenientes o pretenderem);
> propor parcerias apenas em relação a projectos que permitam criar mais-valias reais e evidentes a curto prazo,
nomeadamente através do acesso a novos mercados;
> assegurar-se do sucesso do projecto antes de o lançar,
organizando, se necessário, acções prévias de formação
“por medida”.
Contexto
No Vinschgau (“Val Venosta”, em italiano) a população está
muito ligada à sua terra, mas as explorações agrícolas estão
demasiado divididas para permitir aos seus proprietários
viverem apenas da actividade agrícola. Vários elementos
contribuíram para que estes produtores tenham uma certa
desconfiança em relação à cooperação: a partilha tradicional
das terras por todos os filhos, a economia essencialmente
familiar e o isolamento, tudo reforçado pela especificidade
linguística e cultural. Assim, o Vinschgau tinha adquirido a
reputação de ser alérgico a qualquer forma de cooperação
entre os produtores, até mesmo de recusar quaisquer conselhos ou apoios provenientes do exterior.
No entanto, algumas experiências de cooperação impulsionadas do exterior tiveram um certo êxito no passado: foram
criadas uma cooperativa frutícola e uma caixa agrícola
mútua, respectivamente em 1970 e 1989.
Ponto de partida
Inspirando-se nestas experiências, nomeadamente na da
cooperativa frutícola, que permitiu alargar a comercialização
aos mercados nacional e internacional, o que impulsionou
fortemente a economia das explorações agrícolas locais, os
iniciadores do projecto vão tentar aplicar o mesmo processo
a outros sectores: turismo, artesanato, transformação de
produtos locais, serviços, etc.
A convergência de várias intervenções veio a ser decisiva na
elaboração do método:
> desde o início, as autoridades provinciais mostraram-se
interessadas na elaboração de uma acção integradora;
Elementos principais
> Método inovador de organização da cooperação a nível local.
> Repartição das responsabilidades entre os financiadores do
programa, os gestores e os agentes socioeconómicos.
> Organização de parcerias intersectoriais no domínio dos produtos locais, do turismo e da construção.
> Organização de acções de formação que permitam às pessoas
envolvidas encontrar-se, trabalhar em conjunto e analisar a
viabilidade do seu projecto colectivo.
> a Universidade de Innsbruck, ao fornecer elementos de
análise sobre a região, desempenhou um papel catalisador
no trabalho de reflexão e de elaboração dos métodos de
desenvolvimento;
c) Foram elaborados programas de formação específicos relativamente a cada um dos projectos, o que permitiu não só
preparar adequadamente os agentes envolvidos, mas verificar igualmente se estavam preenchidas todas as condições para assegurar o sucesso do projecto, ou para renunciar ao mesmo se não fosse esse o caso.
Execução
O método foi aplicado a uma série de acções destinadas a
criar parcerias num mesmo sector de actividade.
> 5 empresários de hotelaria associaram-se para assegurar
colectivamente a sua promoção e criar um serviço comum
de reservas;
> 8 talhantes e 14 padeiros associaram-se para procederem
em comum às suas aquisições e vendas;
> 15 cabeleireiros frequentaram a mesma acção de formação
profissional, definindo em conjunto normas de qualidade;
> 8 marceneiros reuniram os seus esforços para poderem
vender em mercados fora da região os seus móveis de
fabrico local, que tinham concebido em conjunto;
> 20 oficinas de reparação mecânica associaram-se para
abrir um armazém de abastecimento e gerir colectivamente os serviços de assistência aos clientes;
> 6 empresas de electricidade ou de hidráulica decidiram
examinar em conjunto os respectivos métodos de gestão
e de administração no quadro de uma formação profissional comum.
Nalguns casos foi criada uma parceria com objectivos muito
mais latos. Com a constituição do consórcio “Mosaik Tours”,
por exemplo, destinado a conceber e assegurar a promoção
de produtos turísticos integrados à escala da região, deu-se
início a uma colaboração entre 8 associações turísticas e 3
centros de informação turística municipais.
O método permitiu igualmente criar parcerias intersectoriais:
> foi criado um consórcio de construção ecológica por
pedreiros, carpinteiros, pintores e electricistas (ver a
ficha correspondente);
> alguns padeiros, agricultores e agentes turísticos associaram-se para melhorar a qualidade do pão local (ver a ficha
correspondente);
> alguns talhantes, criadores de gado e empresas ligadas ao
turismo associaram-se num projecto de produção de carne
de cordeiro.
que atravessa o vale em toda a sua extensão. Proposta pelos
empresários de hotelaria, a ideia deparava sistematicamente
com a oposição dos agricultores, que até aí reservavam a
utilização dos caminhos rurais às suas máquinas, facto que
levava a uma certa hesitação por parte dos presidentes de
câmara. Mas o obstáculo pôde ser ultrapassado quando os
diversos agentes envolvidos se reuniram à volta de uma
mesa para decidir em cima de um mapa o traçado da pista
(repare-se, no entanto, que isto só foi possível numa fase
relativamente avançada do programa LEADER I, quando
todos os intervenientes já estavam ligados ao programa por
um interesse específico).
Elementos inovadores para a região
Mobilização da população e coesão social
A criação destas parcerias permitiu estabelecer novas formas
de relacionamento social: enquanto até então as famílias
estavam relativamente isoladas e fechadas sobre si próprias,
a partir daí começaram a trocar e a partilhar ideias e projectos, de que resultou um melhor conhecimento mútuo.
Criação de novas culturas ou identidades
O êxito do método permite pensar que os responsáveis do
programa LEADER conseguiram suscitar uma tomada de
consciência colectiva, preparando assim uma alteração profunda das mentalidades. Trata-se de uma nova cultura de
parcerias que está em vias de se criar, assente na solidariedade e na cooperação.
Controlo da competitividade e dos mercados
Este método assegurou um maior controlo da competitividade e dos mercados em todos os sectores de actividade.
Graças nomeadamente a um melhor controlo da qualidade e
a um trabalho colectivo de promoção, foram encontradas
novas saídas para os produtos e serviços locais (acesso a
mercados mais longínquos e que oferecem melhores preços
do que os mercados acessíveis a nível individual).
Pode dizer-se que o método elaborado e implantado no quadro do programa LEADER Vinschgau / Val Venosta permitiu
desbloquear uma situação que transformava uma região relativamente desenvolvida numa comunidade estática. Está em
vias de nascer uma nova cultura e abriram-se novas perspectivas de desenvolvimento.
Por último, o método permitiu lançar projectos de ordenamento do espaço, que interessavam ao conjunto dos
agentes, por exemplo a abertura de uma pista para ciclistas
VINSCHGAU / VAL VENOSTA
Classificado “zona de Objectivo 5b”, o Vinschgau (“Val
Venosta”, em italiano) corresponde à parte alta do vale do
Ádige. É uma região (839 km2; 39 000 habitantes) com imagem e identidade fortes, fazendo parte do Tirol do Sul,
região italiana de língua alemã. As cadeias montanhosas
(entre 2 000 e 3 900 m) que cercam o vale (900 m) condicionam a actividade local e isolam-no bastante dos grandes
eixos turísticos e comerciais. O clima relativamente ameno
dos Alpes do Sul permite uma produção agrícola diversificada (leite, fruta e legumes), mas limitada a pequenas unidades. O turismo e o artesanato são outros dois sectores
económicos muito desenvolvidos. O Vinschgau vive numa
situação de pleno emprego e os trabalhadores qualificados
escasseiam, tanto mais que cerca de mil trabalhadores deslocam-se diariamente para trabalhar na Suíça, onde os salários são mais elevados.
Contacto:
Helmut Pinggera
LEADER Vinschgau/Val Venosta
Kugelgasse 1
I-39020 Schluderns (BZ)
Tel: + 39 473 61 55 00
Fax: + 39 473 61 54 40
© 1997 - Observatório Europeu LEADER/AEIDL
Download

Criar uma cultura de cooperação numa região em que essa tradição