Olhando para o futuro do trabalho com constelações familiares no Brasil
By Dr. Décio Fábio de Oliveira Júnior
Patos de Minas - MG - Brasil
www.institutoholon.com.br - [email protected]
Nov - 2003
A abordagem sistêmica fenomenológica desenvolvida por Bert Hellinger tem vantagens e
desvantagens especiais quando comparada com outras formas de terapia.
Vamos ver algumas delas. Como vantagens podemos enumerar:
Rapidez
Profundidade
Simplicidade
Mais barata que outras formas de terapia
Compacta
Universalmente aplicável a diferentes contextos culturais
É um tipo de terapia “em massa” – quando trabalhamos com um cliente,
simultaneamente trabalhamos com todos os outros participantes.
Desvantagens (ao menos as desvantagens que algumas pessoas reclamam):
Falta de seguimento
Falta de um estrutura “teórica” de apoio
Falta de critérios objetivos para avaliar a “competência” dos diferentes terapeutas
em atividade.
Dificuldade de explicar o processo àqueles “não-iniciados” (ou seja, o único modo
de compreender o processo é pela experimentação pessoal direta).
A despeito disto, por minha própria experiência pessoal, bons resultados são obtidos com
esta abordagem, algumas vezes resultados que nos surpreendem.
Olhando para o presente e lançando nosso olhar para o futuro podemos distinguir 4 fases no
desenvolvimento deste trabalho.
Fase 1 – Começando
Nesta fase as pessoas tem seu contato inicial com este trabalho. Algumas ficam
maravilhadas, felizes e plenas, outras criticam, lutam contra ele. Mas, depois de um tempo,
várias demonstram seu desejo de “aprender” esta abordagem. Para nós, na América Latina,
isto implica aprender de instrutores alemães em sua maioria. Assim, o próximo passo é o
surgimento de cursos de treinamento com instrutores alemães. No final desta fase, estes
cursos terão preparado vários facilitadores nacionais nesta abordagem.
Então estes facilitadores começam a atuar, dando workshops em vários locais e
disseminando a abordagem. Nesta fase alguns aspectos são comuns: ausência de
mecanismos regulatórios sobre a prática, leigos podem atuar sem restrições usando o
método, existência de cursos de treinamento em profusão e sempre “for a” das instituições
oficiais, como as universidades , p. ex.
Fase 2 – Nacionalização
Nesta fase grupos de treinamento aparecem onde os instrutores agora são em sua maioria de
origem nacional. Muito mais pessoas agora conhecem o trabalho e existem vários livros de
Hellinger publicados na língua nacional e até alguns de outros autores que não o próprio
Hellinger. Nesta fase , devido à crescente demanda pelo trabalho com esta abordagem,
facilitafores especializados começam a aparecer, com workshops dirigidos a tópicos
específicos como câncer, escola, psicose, organizações, etc.
Fase 3 – Consolicação
Na seqüência, o trabalho com grupos de cosntelações cresce mais e mais naquele país.
Agora nós podemos ter associações nacionais, escolas especializadas e institutos e também
congressos em bases regulares. Emergem naturalmente autores nacionais que escrevem
artigos e livros relacionados com o assunto. Ao mesmo tempo veremos então um crescente
interesse das isntituições “oficiais” acerca do método – isso significa que ele começará a
ganhar espaço dentro das universidades, instituições governamentais, cursos de graduação e
pós-graduação de psicologia e medicina. Agora, via trabalho social e instituições
governamentais, as pessoas de baixa renda começarão a ter acesso facilitado a esta
abordagem.
Fase 4 - Integração
À medida que o tempo passa o trabalho ganhará mais e mais espaço e será inserido dentro
do conhecimento “official”. Isto acontecerá tão logo os paradigmas da comunidade
“científica” se tornem mais amplos e incluam este novo universo de possibilidades e após
começarmos a coletar provas estatísticas da eficiência da abordagem. Nós esperamos para
esta fase um grande espectro de aplicações , algumas ainda possivelmente ainda não
descobertas. Podemos imaginar que esta abordagem será muito útil na solução de
problemas sociais difíceis na atualidade como violência urbana e doméstica, conflitos
políticos e étnicos.
Aqui eu gostaria de chamar a atenção para um ponto. Como Hellinger já disse antes, aquele
que tenta “reformar o mundo” com este trabalho algumas vezes se coloca a si mesmo sobre
os demais e se proclama maior que eles. Como todos nós sabemos, este é um tipo de
trabalho muito humilde. O melhor modo de ir com ele a frente é de uma forma pequena,
construindo as coisas no cotidiano, dia a dia.
Eu ofereço a vocês uma imagem. Smeweiss foi um medico que descobriu o método da
antisepsia através da observação empírica. Devido ao fato de que ele tentou “convencer” a
comunidade de sua época sobre suas importantes descobertas, seu final foi muito difícil –
ele foi tomado como louco. Setenta anos depois, Pasteur descobriu os micróbios e a
antissepsia se tornou um método comum, integrado ao “bom-senso” de todos.
No Brasil, estamos vivendo a fase 1 neste momento. Nós temos alguns bons facilitadores
nacionais que trabalham com a abordagem de Hellinger e 3 grupos de treinamento – todos
conduzidos por instrutores alemães. Até o momento ainda não temos associação nacional.
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Até agora somente 3 livros de Bert foram traduzidos para o português e publicados.
Nunca tivemos um congresso nacional e até agora o contato com as universidades e o
“aparato” oficial tem sido muito limitado.
Eu participo de um grupo que planeja um congresso em 2006 e a fundação de uma editora,
estamos tentando criar critérios nacionais mínimos para admissão nos cursos de
treinamento , bem como sobre sua duração. Eu pessoalmente já conduzi alguma pesquisa
no campo das constelações e homeopatia.
No Brasil existem alguns aspectos particulares que eu gostaria de compartilhar com vocês:
1. Somos um país muito grande. Os 3 grupos de treinamento já criados são localizados
em Belo Horizonte, São Paulo, Brasilia e Rio de Janeiro. Até onde eu saiba, não
existem cursos no norte do Brasil.
2. Somos oficialmente um país católico. Há uma visão preconceituosa contra algumas
outras religiões como o espiritismo (criado na França por Alain Kardec) e o
camdomblé ( um tipo de religião tribal originária da África). Estas religiões usam
rituais que tem similaridades com o método das constelações. Isto cria às vezes
visões preconceituosas e distorções contra o trabalho das constelações também.
3. Um outro problema que podemos ver em nosso país é que pessoas sem nenhum
treinamento e totalmente despreparadas se intitulam “consteladores familiares”.
Muitas das vezes são leigos que não tiveram nenhum treinamento, quando muito
leram algum dos livros de Hellinger e participaram em um ou dois workshops.
Depois disto começam a organizar seus próprios workshops. Isto me preocupa
muito e eu sinceramente não sei como podemos lidar com isto.
Eu tenho algumas idéias e sugestões para o futuro.
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Mais contato entre as diferentes instituições que trabalham e ensinam esta
abordagem na América Latina. Nós precisamos saber mais sobre os nossos
visinhos... A melhor forma para conseguirmos isto seria a criação de um fórum na
Internet. Eu me adianto em me oferecer para contribuir neste sentido, caso vocês
concordem com isto.
Devemos buscar novas editoras e tradutores para publicar os trabalhos dos autores
que trabalham com esta abordagem de forma mais rápida e mais barata.
Estabelecer um consenso acerca de critérios mínimos para admissão e duração dos
cursos de treinamento. Seria então uma sugestão para todos os cursos de
treinamento da América Latina.
A ABC sistemas , associação nacional foi fundada em 5-Março-2004.
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Estabelecer uma agenda regular de congressos no continente e nos países de forma
que possamos planejar e cooperar uns com os outros e evitar conflitos de datas.
Estimular um contato mais próximo com os meios de comunicação de massa como
TV, rádio, jornais etc. À medida em que o trabalho crecer nós precisamos falar e
explicar para as pessoas o que este trabalho é e o que ele não é.
Precisamos ficar atentos a oportunidades para introduzir este trabalho em situações
especialmente conflituosas ( como conflitos sociais violentos) sem tentar “forçar”
ou “convencer” os demais. Esperar com amor o momento certo que naturalmente
vai ocorrer. No espírito da abordagem fenomenológica, nós precisamos permanecer
no nosso centro e esperar por indicações sobre o próximo passo a seguir, não
tentando elaborar estratégias prévias muito complexas para introduzir este trabalho
em outras instâncias. Eu gostaria de lembrar agora o novo desenvolvimento de
Hellinger chamado de “ordens da ajuda”. Nós precisamos lembrar e respeitar isto
quando sentirmos a urgência de “ajudar” os outros.
Em relação à educação para a paz, eu sinto que o melhor modo é introduzir este
trabalho nas escolas. Tão logo os professores se tornem conscientes dos padrões de
simetria oculta eles agirão como multiplicadores e agirão com as famílias na
direção da reconciliação. Uma boa ferramenta neste sentido foi o trabalho do casal
Peter e Tsuyko Spelter , criadores de um novo desenvolvimento chamado de
“constelações dos padrões de comunicação” – uma ferramenta muito útil para
abordar dificuldades de aprendizagem dos alunos e dificuldades dos professores de
ensinar. Eles podem ser contactados em www.spelter.de
Por fim eu gostaria de plantar uma semente dentro do coração de vocês – quantos
aqui aceitariam meu convite para a criação de uma Associação Latinoamericana
para promoção dos itens acima no futuro próximo?