Competência de trabalhadores de uma Instituição de Ensino Superior para o
autocuidado frente às ameaças das doenças crônico-degenerativas e suas
complicações
VALE, Karina da Silva1
PEREIRA, Sandra Valéria Martins 2
RIBEIRO, Marcella Cristinne 3
Palavras chave: Relações de trabalho; IES; autocuidado e doenças crônicas.
1 Introdução
As doenças crônico-degenerativas apresentam, atualmente, alta prevalência na população
global e nacional, que se caracterizam por história natural prolongada, diversidade de fatores de
risco, com períodos de exacerbação e remissão das manifestações clínicas, bem como diferentes
graus de incapacitação (BRASIL.MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). As patologias
mais
expressivas na população são do aparelho cardiovascular, com destaque para cardiopatias
isquêmicas (angina pectoris e infarto agudo do miocárdio), hipertensão arterial e diabetes
mellitus. Os principais fatores de risco para o aparecimento desses agravos de saúde são as
dislipidemias, obesidade, tabagismo, alcoolismo, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo
e estresse (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE, 2003). Há de se destacar que
grande parte dos fatores de risco, episódios de remissão ou agravamento do quadro estão
diretamente ligados aos estilos de vida perigosos, que são passíveis de controle, principalmente
por meio da adequação e/ou mudança de hábitos (STOLTE; HENNINGTON; BERNARDES,
2006). O objetivo geral deste estudo é identificar as competências de funcionários de uma
instituição de ensino superior (IES) para o autocuidado frente às doenças crônico-degenerativas,
seus ricos e complicações.
1
Pesquisadora Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Acadêmica do 7º Período do Curso
de Enfermagem da UniEVANGÉLICA.
2
Pesquisadora responsável pelo Projeto de PIBIC. Mestre em Enfermagem na linha do cuidar/cuidado. Professora
adjunta do Curso de Enfermagem da UniEVANGÉLICA.
3
Pesquisadora voluntária do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Acadêmica do 5º Período do Curso
de Enfermagem da UniEVANGÉLICA.
2 Metodologia
Foi desenvolvida uma pesquisa ação de abordagem qualitativa fundamentada no
referencial do autocuidado de Orem (1991 apud PEREIRA, 2004) e na fundamentação sobre
habitus de Bordieu (1989). Amostra constou de 44 sujeitos, estratificada por cotas referentes às
funções ocupadas no serviço. A coleta de dados iniciou após aprovação do projeto de pesquisa
pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos. Os sujeitos foram abordados após o
consentimento informado com detalhamento da pesquisa, seus riscos e benefícios conforme
preceitos éticos da resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 196/96. A técnica de coleta de
dados foi iniciada por ação educativa sobre hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemias
e seguida por entrevista escrita e observação participante e avaliação de medidas biofisiológicas −
pressão arterial e índice de massa corporal (POLIT; BEKER; HUNGLER, 2004). As
competências dos depoentes para o autocuidado foram determinadas a partir dos indicadores de
riscos
biológicos:
índices
pressóricos
anormais,
obesidade,
hiperglicemia;
riscos
comportamentais: hábitos alimentares inadequados e sedentarismo e características do acesso e
freqüência à serviços de saúde dentre eles o complexo de clínicas e serviços disponíveis na
instituição. Os dados foram analisados em seu conteúdo conforme Minayo (1993).
3 Resultados e Discussão
Apenas um sujeito apresentou hipertensão leve 140/100mmHg. Dez sujeitos apresentaram
sobrepeso e três foram classificados como obesos. Quanto aos hábitos alimentares, a relatou a
ingestão de dieta rica em carboidratos (arroz e massas), pouca verdura e frutas. A maioria deles
era adepta a pouco sal, sendo que dez deles revelaram consumir comida bem temperada inclusive
salgada. Quase todos consumiam refrigerantes diariamente. O número de refeições/dia foi em
geral três e quatro refeições. Sete sujeitos eram tabagistas e quatorze consumiam bebida alcoólica
socialmente. Dezoito sujeitos relataram praticar atividades físicas regulares, em geral não
demonstraram sedentarismo. Todos atribuíram grande importância os serviços prestados pelo
complexo de clínicas da instituição, apesar de enfatizarem problemas de dificuldade de acesso e
atendimento.
4 Conclusão
Concluímos que os sujeitos apresentaram as competências para o autocuidado em
desenvolvimento, visto que apresentaram inúmeras dúvidas sobre o assunto. Aqueles que não
apresentavam hábitos totalmente adequados mostravam algum tipo de autocuidado ou
preocupação com a dieta, pressão arterial, glicemia, prática de exercícios e nível de saúde, o que
caracterizou o perfil de médio risco para doenças crônico degenerativas, principalmente no que
diz respeito à adoção de dieta balanceada. Observamos também uma população de funcionários
que se recusaram a participar da pesquisa demonstrando atitude de resistência em falar sobre o
assunto, o qual considera de alto risco pela despreocupação em conhecer o próprio estado de
saúde.
4 Referências Bibliográficas
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas Públicas de Saúde. Departamento
de ações programáticas estratégicas. Plano de re-organização de atenção à hipertensão
arterial e ao diabete mellitus: hipertensão arterial e diabetes mellitus. Brasília: MS, 2001. 102p
ISSBN 85-334-0432-8.
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.
STOLTE, D.; HENNINGTON, E. A.; BERNARDES, J. S de. Sentidos da alimentação e da
saúde: contribuições para análise do programa de alimentação do trabalhador. Cadernos de
Saúde
Pública.
Rio
de
Janeiro.
V.22
n.
9,
2006.
Disponível
em:
<http://
www.scielo.br/scielo.php>. Acessado em: 25 set 2006.
MINAYO, M. C. de S. O Desafio do conhecimento. Pesquisa Qualitativa em Saúde. 2 ed, São
Paulo - Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1993.
ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE
SÁUDE. Doenças crônico-degenerativas: estratégia mundial sobre alimentação saudável,
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PEREIRA, S. V. M. Análise da implementação de uma abordagem de cuidar de enfermagem
junto à mulher no ciclo gravídico-puerperal: uma aproximação do modelo de Orem, sistemas
de classificação da prática de enfermagem e as diretrizes de humanização do parto. 2004. 502 f.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de
Goiás, Goiânia, Goiás, 2004.
POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGER, B.P. Fundamentos da pesquisa em enfermagem:
métodos, avaliação e utilização.Tradução Anna Thorell. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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