Por que pessoas
têm tanta
dificuldade em
mudar
Por DOMENICO LEPORE
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DOMENICO LEPORE
Por que pessoas
têm tanta
dificuldade em
mudar
Mudança é a parte mais constante de nossa existência:
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nosso pâncreas substitui a maioria de suas células a cada 24 horas
as células de nossa parede estomacal são reproduzidas a cada 3 dias
nossos glóbulos brancos são renovados a cada 10 dias
98% da proteína em nosso cérebro é consumida em menos de 1 mês
nossa pele troca suas células em um ritmo de 100.000 células/min
E mesmo assim, apesar desse fluxo constante, nós ressentimos e resistimos mudanças
como se elas fossem uma ameaça à nossa felicidade. Podemos ir além e dizer que a cognição
humana tem uma capacidade muito limitada de encarar as alterações estruturais em relação ao
aprendizado. De fato, a habilidade que os humanos têm em se adaptar às mudanças físicas é
bem maior que a habilidade necessária em se adaptar às alterações mentais.
Nós somos todos sujeitos a modelos mentais, como por exemplo, a maneira que pensamos
sobre nosso mundo e as suposições que fazemos sobre ele. Algumas dessas são necessárias
para nossa sobrevivência. Precisamos crer que quando abrimos a porta de nossa casa há
algo concreto do lado de fora e que não cairemos num abismo ao darmos o primeiro passo.
No entanto, há outras suposições que, quando não questionadas, limitam a maneira na qual
percebemos o mundo à nossa volta, e, portanto, limitam os tipos de soluções e progresso que
podemos ter.
Forças contraditórias: corpo e alma
Essas são forças que moldam a maneira que aprendemos e traduzem o que nós
aprendemos em ações consistentes. Elas moldam indivíduos bem como organizações, e elas
são responsáveis pelos modelos mentais que restringem nossa percepção.
Nós podemos somente entender essas forças se nós rompermos a camada externa do
ego e conectarmos com a energia interna. Essa energia, podemos chamá-la de “vida”, é de
onde nascem todas nossas aptidões. Se analisarmos isso a partir de uma perspectiva comercial,
científica, filosófica ou religiosa, o assunto de nossa energia interna é central para qualquer
desenvolvimento em nosso entendimento em relação aos seres humanos e mudanças. Essas
forças podem ser amplamente divididas em duas categorias principais.
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1) Impulsos puramente físicos
2) O impulso igualmente forte que os humanos têm para transcendência
Impulsos puramente físicos são conectados aos nossos medos primordiais que qualquer
indivíduo carrega com ele. Essas forças despertam todas aquelas ações direcionadas ao controle
de nosso comportamento e elas agem sobre nós de tal forma que nos fazem desenvolver a
necessidade de controlar o ambiente no qual estamos. O desenvolvimento dessas forças é
altamente influenciado pela maneira que encaramos o mundo, por definir momentos de nossas
vidas e pela fábrica cultural e social na qual desenvolvemos nossos relacionamentos. Precisamos
dominar e refinar as forças que moldam a necessidade fundamental de controle que é comum
a qualquer indivíduo se queremos evitar sermos dominados por elas.
Por outro lado, o impulso que os seres humanos têm para transcendência é um desejo
inato que todos nós compartilhamos para irmos além do nosso estado atual e visualizar a
nós mesmos projetados em uma dimensão maior e diferente de existência. Essa é a reflexão
de um nível de consciência por muitas vezes não explorado. Isso é o que muitos chamam de
“espírito”, exemplo, que parte de nós que procura novos desafios e deseja um nível mais elevado
e espiritualidade e significância. Nós podemos chamar isso de visão. Da mesma forma na qual
nós precisamos exercer “controle corporal” sobre nosso ambiente, também precisamos projetar
uma “visão imaterial” de nós mesmos em um futuro se quisermos viver uma vida gratificante.
Controle vs. visão, ou segurança vs. satisfação em nossa decisão de
mudar
A necessidade de controle e a necessidade de visão são comuns a indivíduos bem como
organizações. Como estamos lidando com o processo de cognição e seus impactos em nossas
vidas, vamos concentrar no processo crítico de tomada de decisões. A questão é: como controle
e visão se traduzem no processo de tomada de decisão?
O ponto de decisão é onde somos confrontados com a possibilidade de mudança.
Cientes dele ou não, tomamos inúmeras decisões todos os dias e essas decisões prenunciam em
nossa mente uma “mudança”. No entanto, nós realmente sentimos a necessidade de tomarmos
uma decisão que “mudará nossas vidas” somente quando o estado atual de nossa realidade
mostra alguns ou vários elementos de desconforto. Por outro lado, sem levar em consideração
nossa situação presente, nosso impulso inato de elevação e melhoria nos impulsionará adiante
querendo tomar decisões que mudarão nossas vidas.
Nesse processo, a necessidade “controle” toma forma de “segurança” e essa necessidade
leva a não fazermos essa mudança; “visão”, por outro lado, será traduzida como “satisfação” e
levará nossa decisão em direção a fazermos aquela mudança.
O processo de decisão então nos leva a um dilema muito preciso e fundamental:
Mudar vs. Não Mudar. Esse dilema é criado pelas duas necessidades essenciais de
“controle” e “visão” que no processo de decisão podemos verbalizar como “segurança” e
“satisfação”.
Podemos resumir esse conflito em um diagrama chamado diagrama nuvem de Conflito
da Teoria das Restrições. A caixa A contem o objetivo, B é a necessidade que precisa ser
satisfeita, e D é a posição contraditória que assumimos a fim de proteger a necessidade. C é
a outra necessidade nesse conflito, e D’ é a posição contraditória que adotamos para proteger
a necessidade C. As caixas azuis contem as suposições ou modelos mentais que são as razões
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porque temos essas necessidades e posições. As suposições entre D e D’ são as razões pelas
duas posições estarem em conflito. Se nós podemos desafiar essas suposições, nós podemos
encontrar uma maneira a seguir em direção a uma solução inovadora.
Mudança através de intuição, entendimento e conhecimento
Vivemos em um mundo pós digital e extraordinariamente complexo, onde interdependências
e interconexões se multiplicam em velocidade crescente. As relações causa-efeito que
governam o mundo como o vivemos criam uma ‘rede de redes’ altamente complexa e temos
um entendimento muito limitado das propriedades fundamentais dessas redes e as leis que as
governam. Ao mesmo tempo, temos acesso inédito à informação e inédita profundidade de
conhecimento. Apesar de útil, informação não é a mesma coisa que conhecimento, e somente
conhecimento pode na realidade nos mudar.
Felizmente, é possível mudar a maneira que indivíduos e organizações tomam decisões
e buscam seus objetivos. Essa possibilidade está conectada a uma nova e poderosa habilidade
de usar as três aptidões do intelecto conectado com intuição (nascimento de uma ideia),
entendimento (análise/desenvolvimento) e conhecimento (aplicação/execução). Quando nós
exploramos essas praticamente inexploradas aptidões, nós aumentamos nossa habilidade de
alavancar uma inteligência mais elevada, e nossa habilidade de aprender e agir coerentemente
com esse aprendizado.
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As questões então se tornam:
• Como eu posso fortalecer meu intelecto?
• Como posso desenvolver uma capacidade melhor de gerar intuição, entendimento
e conhecimento?
• Há uma maneira prática de fazê-lo?
Alcançar um controle melhor e mais disciplinado sobre a maneira que pensamos, falamos
e agimos requer um esforço não negligenciável. Esse esforço pode ser abastecido e sustentado
somente se a realização desse novo domínio endereçar simultaneamente as duas principais
necessidades que ambos, indivíduos e organizações, têm: controle e visão.
Ferramentas para mudança
Graças ao trabalho do físico israelense, Dr. Eli Goldratt, há um poderoso conjunto
de Ferramentas Lógicas que podem nos auxiliar a gerenciar o processo de mudança. Essas
ferramentas, quando usadas sistematicamente e completamente, criam uma mudança
controlável enquanto fortificam nosso intelecto em um ciclo positivo e reforçador. Quanto
mais usamos as ferramentas, melhor equipados estamos para mudanças, e mais estimulamos
emoções inteligentes e o tipo de inteligência mais elevada que precisamos para lidar com nossa
complexa realidade.
Essas ferramentas são parte da Teoria das Restrições (TDR) e já foi descrita em muitas
publicações, incluindo Demind e Goldratt; The Decalogue, Lepore & Cohen, 1999.
Elas estão conectadas com as três principais fases da mudança:
• O que mudar
• Para o que mudar
• Como causar a mudança
Para cada uma dessas fases, há Ferramentas Lógicas que nos levam desde uma análise detalhada
até ao passo-a-passo de ações para fazermos com que as almejadas mudanças aconteçam de
uma forma emocionalmente inteligente e lógica.
O que mudar
Na primeira fase das mudanças nós temos “intuição” do estado atual da realidade que
necessita ser mudado. Essa intuição é nebulosa e a falta de clareza é originada pelas várias
emoções despertadas por ‘efeitos indesejáveis’ (na TDR eles são chamados EIs) em nossa vida
ou naquela de uma organização. Esses efeitos são as luzes piscando para nos avisar que uma
mudança é necessária. Nós podemos capturar a intuição resultante desses efeitos através de
resumi-los em um diagrama de Nuvem Central de Conflito, cuidadosamente trazendo à tona
todas as suposições fundamentais (modelos mentais) que compõem nossa realidade atual.
Assim que tivermos esse retrato cognitivo de nossa situação, podemos criar um diagrama
que claramente mostra as relações de causa-efeito que inequivocamente nos leva a uma clara
visão do estado atual de realidade: isso é apresentado pelo diagrama TDR chamado de “Árvore
da Realidade Atual” (ARA).
Essa ferramenta nos dá uma clara verbalização de nossa intuição e nos ajuda a ver nossa
realidade atual em (quase) todas suas faces, nos deixando cientes do porque da existência dessa
realidade. Agora que nossa intuição está forte e claramente articulada, podemos decidir que
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queremos mudar essa realidade.
Para o que mudar
Nessa segunda fase identificamos as soluções (conhecidas como injeções no TDR) para
nos levar adiante. Obtemos essas soluções organicamente por eliminar as suposições que são
a fundação do Conflito Central que já verbalizamos. Essas injeções apontam na direção correta
e nos fazem ver mais claramente onde queremos ir. Elas sinalizam a direção ao futuro.
Agora precisamos uma ampla imagem da estrada à nossa frente. Não somente isso,
mas necessitamos assegurar que essa imagem esteja a) completa, e b) destaque as possíveis
armadilhas. Isso é alcançado através de entendimento (análise/desenvolvimento). Entendimento
é a habilidade humana de imaginar e planejar além das contingências do presente e em direção
a um futuro significante. As Ferramentas Lógicas chamadas de Árvore da Realidade Futura (ARF)
e o Ramos de Ressalva Negativa (RSN) apoiam e aprimoram nosso entendimento.
Como causar a mudança
Nesta fase, a Realidade Futura que desejamos já foi traçada, as possíveis armadilhas
identificadas e uma estratégia precisa já elaborada. Tudo que precisamos agora é um
procedimento passo-a-passo para caminhar em direção ao futuro. A ferramenta para isso é
chamada de Árvore da Transição (AT), e ela traça as ações que precisam ser tomadas, bem como
a lógica por detrás delas. Isso a torna a ferramenta ideal não somente para indivíduos, mas
para ser compartilhada por grupos. Em um nível ela é um protocolo com instruções detalhadas.
Em um nível mais profundo, o que precisamos para esse procedimento em funcionamento é um
novo tipo de conhecimento. Esse reconhecimento desperta um nível mais elevado de consciência
que se torna um veículo ativo de auto realização. Precisamos deste conhecimento, e o poder
derivado dele, para endereçar as necessidades fundamentais que nos leva em direção a uma
melhor realidade futura, e sermos um só com nosso mais legítimo ego.
Em direção a um uso diferente da mente
Pode até ser que estamos atualmente limitados cognitivamente em nossa capacidade
de lidar com mudança. Os mecanismos de nossa cognição e nossa habilidade de controlar
emoções e racionalidade para facilitar o aprendizado estão inadequados para suportar o ritmo
no qual o conhecimento está sendo gerado.
Se quisermos estreitar o espaço entre o conhecimento disponível e aquilo que estamos
dispostos a usar, precisamos explorar um uso diferente da mente. Precisamos aprender como
encaramos mudanças como não simplesmente algo a ser temido, mas uma parte natural e
essencial de nossas vidas. Quando nós aprendemos a usar nossa intuição e intelecto para
executar ações conscientes, mudança já não é mais uma ameaça e um perigo; é uma fonte
contínua de novas oportunidades.
As Ferramentas Lógicas podem ser aprendidas e aplicadas com grande sucesso. Intelligent
Management Inc. tem treinado indivíduos e organizações com essas ferramentas por mais de 15
anos. Mais informações sobre treinamento nessas Ferramentas Lógicas pode ser encontrado em
www.intelligentmanagement.ws
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FASE DE MUDANÇA
APTIDÃO DO INTELECTO
FERRAMENTA LÓGICA
o que mudar
Intuição
(nascimento de uma ideia)
• Coletar IEs
• Nuvem Central de Conflito
• Árvore da Realidade Atual
Para o que mudar
Entendimento
(Análise/desenvolvimento)
• Injeções
• Árvore da Realidade Futura
• Ramos de Ressalva
Negativa
Como causar a
mudança
Conhecimento
(aplicação/execução)
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• Árvore dos Pré-requisitos
• Árvore de Transição
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