TEORIA
“Nós cremos que a Natureza
é inerentemente simples,
o que nos leva a crer que
uma teoria válida deveria ser
transparente, direta e simples,
economizando nos postulados e
nas pressuposições ad hoc”
Jerry B. Marion e Willian F. Hornyak
TEORIA
O PARADIGMA NATURALISTA E A PROPOSTA CRIACIONISTA
Dr. Jónatas E. M. Machado, Universidade de Coimbra, Portugal
As propostas científicas baseiam-se em pressupostos estabelecidos por cientistas, os quais, sendo seres humanos, estão sujeitos tanto às tendências
quanto às preferências pessoais. Um certo número de cientistas com as mesmas inclinações pode estabelecer não somente um paradigma científico
como também toda uma metodologia para avaliá-lo.
Homens como Lyell, Darwin, Huxley, Haeckel, Oparin, Miller, Gould, Dawkins e muitos outros têm apoiado a posição que a ciência deve ser
necessariamente naturalista.
Esta visão, que atualmente é em termos práticos global dentro da ciência, desconsidera qualquer formulação que apresente uma causa sobrenatural
como explicação de fenómenos explícitos ou implícitos como a origem e o desenvolvimento da vida e do universo (entende-se aqui por
sobrenatural, uma causa que vá além da matéria, energia, espaço e tempo). Segundo esta posição, a “verdadeira ciência” só pode ser naturalista.
Portanto, qualquer proposta que não seja naturalista, não poderá ser considerada científica. Do ponto de vista ideológico, é importante observar
que tal naturalismo não é neutro. Ele toma uma posição bem definida quanto à “natureza da natureza”, a saber, uma compreensão estritamente
física e materialista da natureza, excluindo a possibilidade de que a mesma tenha uma dimensão não material (como informação, planejamento,
design, etc).
Decorrente deste raciocínio, a possibilidade de uma criação sobrenatural é totalmente rejeitada logo de início, não por questões científicas mas sim
ideológicas, deixando assim como única possibilidade admissível uma evolução cósmica e biológica aleatória.
Copyright © 2012 Instituto Discovery. Todos os direitos reservados. www.discovery.pt Portanto, não é a pesquisa científica que demonstra a veracidade da evolução, mas sim a pressuposta “veracidade” da evolução, decorrente do
paradigma naturalista, que determina quais factos devem ser considerados verdadeiros e científicos e quais não. Pode-se observar que, partindo do
modelo naturalista, que exclui a priori causas sobrenaturais (como um design inteligente), a evolução cósmica e biológica passa a ser “verdadeira”
mesmo antes dela ter sido avaliada empiricamente.
Visto que a evolução aleatória é considerada como “verdade”, automaticamente conclui-se que a Terra deve ser muito antiga. Isto porque a
proposta de uma Terra jovem não seria compatível com a idéia de uma evolução aleatória. Novamente percebe-se que esta é uma conclusão a
priori. Pode-se notar aqui, que se as pesquisas e observações feitas por um cientista apontassem para uma Terra jovem, inevitavelmente isto
comprometeria a evolução aleatória, e pelo paradigma naturalista, o tal deveria ser considerado falso ou não científico.
Logo, qualquer observação empírica, que aponte para uma Terra jovem (seja por meio de um desing inteligente ou uma criação inteligente e
intencional), forçosamente teria que ser considerada como errada ou fora do domínio da ciência, por colocar em questão a antiguidade da Terra.
Isto significa que todas as evidências precisam ser selecionadas, interpretadas e organizadas de tal forma que sejam compatíveis com a premissa
naturalista, e que forçosamente levem à posição de uma evolução aleatória, tanto da vida quando do universo, e da antiguidade da Terra. Essa
tendência é facilmente detetada através da utilização contínua de premissas uniformitaristas, como taxas de erosão e de deposição de sedimentos,
velocidade de deslocamento das placas continentais, e outras tais, para estabelecer a idade da Terra.
Inevitavelmente, aceitando-se a priori como “verdadeira” a evolução aleatória tanto da vida como do cosmos, e por consequência uma Terra muito
antiga, o próximo passo é aceitar como “verdadeiro” um Universo extremamente antigo. Outra vez, teorias e pesquisas que possam ser chamadas
“científicas” devem produzir uma data antiga para o universo, a fim de corroborarem com as premissas naturalistas.
Copyright © 2012 Instituto Discovery. Todos os direitos reservados. www.discovery.pt Se pesquisas precisam produzir resultados admissíveis que corroboram com as premissas naturalistas, o “verdadeiro” cientista, que por definição
deve ser um naturalista, não tem nenhuma outra alternativa a não ser a de confirmar as premissas naturalista e os “factos” que elas estabelecem.
Assim sendo, não existe nenhuma alternativa científica que possa ser aceite pelos adeptos da posição científica atual, àquilo que foi previamente
estabelecido pelas premissas naturalistas. Só os mais ingénuos do ponto de vista epistemológico, é que ficam impressionados pelo facto da
“ciência” confirmar sistematicamente essas premissas em todas as disciplinas. Caso uma experiência, observação, ou ainda uma teoria não
corrobore com as premissas naturalistas, por introduzir elementos não aleatórios, demonstrando uma inteligência sobrenatural, inevitavelmente
deixará de ser considerada científica.
Na ciência de hoje, o paradigma naturalista determina a priori as evidências, os métodos e até mesmo os resultados “cientificamente corretos”,
antes mesmo do trabalho científico iniciar-se. Três conclusões práticas podem derivar deste posicionamento atual chamado “científico”:
1. Todo o conhecimento científico está fortemente condicionado à cosmovisão naturalista, o que impossibilita e reprime possíveis teorias que
ofereçam explicações de caráter científico para situações não observadas como a da origem da vida, da Terra e do Universo (como por exemplo a
teoria do Design Inteligente).
2. A menos que premissas não naturalistas sejam igualmente aceites, não será possível demonstrar ou até mesmo refutar a teoria da evolução
cósmica e biológica, juntamente com o seu corolário obrigatório da antiguidade da Terra e do Universo.
3. Dizer que o Criacionismo e o Design Inteligente não são posicionamentos científicos pelo facto deles não se utilizarem das premissas
naturalistas, não é uma avaliação correta e justa, dentro de qualquer contexto intelectual.
Tal posicionamento é uma expressão da preferência pelas premissas naturalistas e não pela pesquisa científica. 
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