Caio Prado Jr
1907-1990
►
Advogado formado pelo Largo de São Francisco
(USP) em 1928
► Forte
atuação política
► Inimigo
público do Estado Novo de GV
1942 publicou o clássico Formação do Brasil
Contemporâneo - Colônia, cujo objetivo inicial era
traçar o quadro de evolução histórica brasileira.
Inicial, pois seria dividida em partes, já visto que o
primeiro livro versa sobre o período colonial,
contudo, as outras partes jamais foram escritas
pelo autor.
► Em
O sentido da colonização (1942)
► buscou
analisar a realidade colonial brasileira com
base nos conceitos desenvolvidos por Marx, na
linha do Materialismo Histórico.
► Idéia
central: vê a colônia como uma sociedade
cuja estrutura e funcionamento foram
determinados pelo comércio externo e, portanto,
como um mero empreendimento a serviço do
capital comercial europeu.
►
Busca mostrar que os elementos secundários estão
totalmente subordinados aos elementos essenciais: a
produção para o mercado interno surge apenas como
atividade subsidiária da grande lavoura escravista
exportadora e tem sua dinâmica determinada pela
dinâmica do mercado externo, ou seja, pela dinâmica dos
preços internacionais e da demanda de gêneros agrícolas
tropicais pela Europa. O capital comercial é então elemento
central para a compreensão da sociedade colonial e da sua
dinâmica.
►
Assim, no modelo pradiano, a economia e a sociedade
coloniais seriam um mero apêndice de um sistema mais
amplo que tem seu centro na Europa, e toda sua dinâmica
se subordinaria àquele centro. Não havia aqui espaço para
a reprodução de uma sociedade autônoma.
O sentido da colonização
estaria nos três séculos de
exploração metropolitana, no
que tange de fundamental e
permanente, ou seja, nos fins
mercantis e no povoamento
necessários para a organização
de gêneros tropicais rentáveis
para o comércio.
►
O Brasil através do marxismo
►
para Marx a história é um processo: os fatos passados se relacionam
►
Caio Prado defende, ao longo de Formação do Brasil Contemporâneo,
que o caráter colonial permanecia na estruturação da sociedade
brasileira.
►
Nossa sociedade foi moldada por tal sentido, que representa um
modo de produção característico. Este modulará, em
conseqüência, um modo de vida.
►
Esta idéia foi expressa por Marx em A Ideologia Alemã: “O modo pelo
qual as pessoas manifestam sua vida reflete muito exatamente o que
elas são. Tal modo de ser coincide portanto com sua produção, tanto
com o que produzem como o modo pelo qual produzem. O que as
pessoas são depende, portanto, das condições materiais de
sua produção”.
e se fazem existentes no presente, e ambos tempos servem de base
para se chegar a um futuro.
►
Assim, o sentido da colonização brasileira reflete o
método de produção e organização da sociedade aí
formada. E este não foi modificado porque o país não
passou por uma revolução estrutural ao longo de sua
História.
►
ou seja, a História do Brasil é a História da produção de
bens materiais para o consumo externo.
►
Aqui está presente o Materialismo Histórico, que
considera a produção dos bens materiais necessários à
existência dos homens – a estrutura econômica da
sociedade – como a força principal que determina toda a
vida social humana e condiciona a transição de um regime
social a outro.
► Portanto,
logo no “Sentido da Colonização”, Caio
Prado Jr. promove uma nova compreensão da
História do Brasil, encaixando seu
desenvolvimento na conjuntura vivida pela Europa
no Século XVI e relacionando-a com os interesses
metropolitanos.
► É dessa relação com as necessidades européias
que ele extrai nosso sentido histórico e
evolutivo. Nos formamos para fornecer alguns
gêneros alimentícios para o Velho Mundo: nossa
história é a história dessa produção, que se
encaixa na conjuntura dominante do Capitalismo
Comercial predominante até o Século XVIII.
► Prado
mostra como as modificações pelas
quais o Brasil passara e estava passando
eram superficiais, havendo sempre a
presença incômoda, invencível e
indissociável no processo de evolução
nacional.
► Para explicar isso, apresenta-nos o inovador
conceito de sentido histórico, definido como
“o conjunto de fatos e acontecimentos
essenciais que constituem a evolução de um
povo num largo período de tempo”.
Celso Furtado
1920-2004
►
Bacharel em Direito (1944)
► Foi
convocado pela FEB e serviu na Itália
► Doutor
em Economia pela Sorbonne
► Presidiu
a elaboração do plano de metas de JK
► Ministro
do Planejamento do Governo João Goulart
► Ministro
da Cultura do Governo Sarney
(1962)
Principal teórico do subdesenvolvimento no
Brasil
► Utiliza o raciocínio estruturalista e o método
histórico
► consideram o subdesenvolvimento como
uma forma de organização social no interior
do sistema capitalista contrário à idéia de
que seja uma etapa para o
desenvolvimento, como podem sugerir os
termos de país "emergente" e "em
desenvolvimento".
►
O subdesenvolvimento brasileiro
►
►
►
Os países subdesenvolvidos tiveram, segundo Furtado, um
processo de industrialização indireto, ou seja, como
conseqüência do desenvolvimento dos países
industrializados.
Este processo histórico específico do Brasil criou uma
industrialização dependente dos países já desenvolvidos e,
portanto, não poderia jamais ser superado sem uma forte
intervenção estatal que redirecionasse o excedente, até
então usado para as classes altas, para o setor produtivo.
Note-se que isto não significava uma transformação do
sistema produtivo por completo, mas um redirecionamento
da política econômica e social do país que levasse em
conta o verdadeiro desenvolvimento social.
► “o
desenvolvimento do século XX vem provocando
uma concentração crescente da renda mundial”,
com “uma ampliação progressiva do fosso entre as
regiões ricas e os países subdesenvolvidos”; “o
subdesenvolvimento é a manifestação de
complexas relações de dominação-dependência
entre povos, [tendendo] a autoperpetuar-se sob
formas cambiantes”; tudo isso requerendo “a
tomada de consciência da dimensão política da
situação de subdesenvolvimento”, com a formação
de “centros nacionais de decisão válidos”.
► Tentativa
de superação linear, “etapista” do
desenvolvimento, leva a um mimetismo (imitação)
cultural das elites com relação aos países
“subdesenvolvidos”, gerando concentração de
renda.
► o subdesenvolvimento constituiria uma projeção
em miniatura, nos países periféricos, de sistemas
industriais de países do centro. Este traço, com a
dimensão cultural da cópia de modelos de
consumo, produziria uma situação de convivência
de formas heterogêneas de vida, com, de um
lado, grupos sociais afluentes (onde a cópia dos
novos modelos de consumo se efetiva) e, de
outro, grupos sociais submetidos a níveis mínimos
de subsistência, excluídos do consumo moderno.
► Devemos
nos empenhar para que essa seja a
tarefa maior dentre as que preocuparão os
homens no correr do próximo século: estabelecer
novas prioridades para a ação política em função
de uma nova concepção do desenvolvimento,
posto ao alcance de todos os povos e capaz de
preservar o equilíbrio ecológico. O espantalho do
subdesenvolvimento deve ser neutralizado. O
principal objetivo da ação deixaria de ser a
reprodução dos padrões de consumo das minorias
abastadas para ser a satisfação das necessidades
fundamentais do conjunto da população e a
educação concebida como desenvolvimento das
potencialidades humanas nos planos ético,
estético e da ação solidária.
► Em
comum com Prado Jr., a preocupação
de Furtado com a economia, o relevo que
atribui ao passado colonial e o fato de estar
implícito nas suas obras teóricas um
programa político. Os dois são autores que
chamam a atenção sobretudo para a
ligação, desde a colônia, entre a economia
brasileira e a economia mundial.
► Retomam
o patriarcado de GF, mas
ampliam o escopo da análise.
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Caio_Prado_Jr - Acadêmico de Direito da FGV