I Inquérito Nacional de Saúde e
Nutrição dos Povos Indígenas
Realização:
Consórcio ABRASCO (Associação Brasileira de PósGraduação em Saúde) & Institute of Ibero-American
Studies, Goteborg University, Suécia
Financiamento:
Projeto Vigisus II – Banco Mundial - FUNASA
Período de realização: 2008-2009
Coordenação técnico-científica:
Carlos E.A. Coimbra Jr.
Ricardo Ventura Santos
Andrey M. Cardoso
Escola Nacional de Saúde Pública, Fiocruz
Bernardo L. Horta
Universidade Federal de Pelotas
Condições para realização
O Inquérito está sendo realizado por meio de
equipe interdisciplinar constituída por professores, pesquisadores e estudantes (em sua
maioria
de
pós-graduação)
vinculados
a
universidades e centros de pesquisa de
diferentes regiões do país, sob a coordenação da
ABRASCO. Para a realização das etapas de campo
contou-se ainda com a participação de
profissionais de saúde indicados pela chefia do
DSEI (em geral enfermeiro ou nutricionista),
além dos agentes índígena de saúde das aldeias
visitadas.
Antecedentes
Antecedentes:
No Brasil existem aproximadamente
220 povos indígenas (mais de 180
línguas), que totalizam entre 500-600
mil pessoas, a depender da fonte de
informação.
O conhecimento das condições saúde,
alimentação e nutrição do conjunto dos
povos indígenas no Brasil é ainda
bastante superficial. [Ausência de
inquéritos abrangentes, ao mesmo
tempo que sistemas de informações em
saúde são precários].
Antecedentes (cont.):
Tamanha “invisibilidade” demográfica e epidemiológica
compromete o planejamento, a execução e a avaliação
das ações de saúde junto às comunidades indígenas.
Informações recentes têm sido habitualmente
produzidas em estudos locais que abordam, em
diferentes graus de profundidade, aspectos biológicos,
antropológicos e ecológicos associados à condição
alimentar e epidemiologia nutricional dos povos
indígenas;
Apesar de limitados quanto a sua representatividade
étnica e nacional, esses estudos apontam para uma
tendência de acelerada transição nutricional.
OBJETIVO-GERAL:
Descrever a situação
alimentar e
nutricional e seus
fatores
determinantes em
crianças indígenas
menores de 60
meses de idade e em
mulheres indígenas
de 14,0 a 49,9 anos
no Brasil.
Características do estudo:
 Desenho:
- Estudo transversal de base populacional nacional com
representatividade macrorregional, conforme definição constante no
edital: Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sul/Sudeste.
 Plano Amostral:
- Amostra probabilística estratificada representativa de cada
macrorregião: Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sul/Sudeste;
- Em cada estrato, foi adicionado 20% ao tamanho da amostra para
prevenir a redução da precisão no caso de indesejáveis perdas durante
o trabalho de campo;
- A lista da população alvo foi obtida através do SIASIWeb em
22/01/2008;
- Aldeias tipo censo e tipo amostra (definição a partir de número de
crianças < 5 anos e de mulheres entre 14 e 49 anos; ponto de corte =
150);
- Vale destacar que amostra não permite representatividade por etnia
indígena.
População alvo: Universo e Amostra
Local
Macrorregião
Norte
Centro-Oeste
Nordeste
Sul/Sudeste
Brasil
População Alvo
Universo
Amostra Planejada
Aldeias Mulheres Crianças
Aldeias Mulheres Crianças
2.553
446
739
257
3.995
44.812
19.101
26.688
13.753
104.354
30.287
17.584
14.232
7.156
69.259
65
14
23
21
123
2.720
1.204
1.481
1.200
6.605
2.708
1.200
1.475
1.200
6.583
Fonte: SIASIWEB/FUNASA (22/01/2008)
Do cadastro original, foram excluídas aldeias consideradas “instáveis” (bairro=22;
acampamento=21; sede=11; estrada=4; urbana=10; distrito=1; desaldeada/não-aldeada=32;
desativada=1; BR=1; rural/zona rural=1; ou KM=14), com população total inferior a 31
habitantes (1099) e aldeias reconhecidamente urbanas (10).
VARIÁVEIS E INDICADORES DO INQUÉRITO:
• Caracterização demográfica, sócio-econômica e ambiental das
comunidades;
• Estado nutricional de crianças indígenas menores de 5 anos e
de mulheres indígenas de 14 a 49 anos;
• Levantamento das práticas alimentares (incluindo aleitamento
materno, produção de alimentos para consumo, alimentos
introduzidos, preparo de alimentos, entre outros);
• Freqüência de hospitalização por diarréia e infecções
respiratórias agudas em crianças indígenas menores de 5 anos
nos últimos 12 meses;
VARIÁVEIS E INDICADORES DO INQUÉRITO (cont.):
• Freqüência
de hospitalização por diarréia e infecções
respiratórias agudas em crianças indígenas menores de 5 anos
nos últimos 12 meses;
• Freqüência de tuberculose e malária na população de estudo
nos últimos 12 meses;
• Prevalência de hipertensão arterial e diabetes mellitus nas
mulheres indígenas de 14 a 49 anos;
• Acesso a serviços e programas com repercussões sobre o
estado nutricional, como ênfase no pré-natal, imunização,
suplementação com megadose de vitamina A, suplementação de
ferro e ácido fólico, programas sociais e registro civil.
ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO
(níveis de entrevista e dados a serem coletados)
Nível 1: Aldeia
 Entrevistado: liderança indígena da
aldeia
 Dados:
- organização geral da aldeia;
- condições ambientais;
- produção,origem e consumo de
alimentos pela comunidade;
- sustentabilidade, comercialização
de produtos e relação com mercado
regional;
- sazonalidade.
ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO
(níveis de entrevista e dados a serem coletados)
Nível 2: Domicílo
Entrevistado: mulher mais velha
selecionada para o estudo no
domicílio
Dados:
- caracterização física,
sanitária e demográfica e
sócio-econômica do domicílio;
- práticas alimentares.
ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO
(níveis de entrevista e dados a serem coletados)
Nível 3: Indivíduo
Entrevistados: mulheres de 14 a 49 anos
(sobre elas e sobre respectivos filhos).
Dados mulheres:
- história reprodutiva;
- acesso a pré-natal e caracterização do
pré-natal, incluindo consultas, exames e
suplementação de sulfato ferroso, ácido
fólico;
- situação nutricional (antropometria);
- pressão arterial;
- glicemia;
- dosagem de hemoglobina
- morbidade (malária e tuberculose – dados
secundários).
ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO
(níveis de entrevista e dados a serem coletados)
Nível 3: Indivíduo
Entrevistados: mulheres de 14 a 49 anos
(sobre elas e sobre respectivos filhos).
Dados crianças:
- história do parto, acesso à puericultura,
monitorização do crescimento e
desenvolvimento, estado vacinal,
suplementação com sulfato ferroso/Vit A;
- práticas alimentares, incluindo padrão de
aleitamento, desmame e alimentação
complementar;
- situação nutricional (antropometria);
- - dosagem de hemoglobina;
- - morbidade referida (IRA e diarréia);
- morbidade hospitalar (dados secundários);
ETAPAS DO INQUÉRITO E CONTROLE DE
QUALIDADE
Pré-Campo
- Preparação de instrumentos da pesquisa (questionários,
instrutivos, folders de divulgação e de outros materiais,
incluindo camisas, bonés, pastas, etc) ;
- Realização de Oficinas de Treinamento de Coordenadores de
Campo (Norte e Centro-Oeste, em Manaus; Nordeste e
Sul/Sudeste, no Rio de Janeiro) ;
- Treinamento e padronização de antropometristas e de
equipamentos biométricos internacionalmente validados;
- Inclusão de pelo menos um Coordenador de Campo e um
antropometrista padronizado em cada uma das equipes de campo.
ETAPAS DO INQUÉRITO E CONTROLE DE QUALIDADE
Trabalho de Campo:
- Apresentação geral do Inquérito a cada aldeia
visitada e obtenção prévia do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido Coletivo;
- Busca de fonte atualizada de população residente e
confecção de listagem de domicílios e respectivos
moradores;
- Conferência da população da aldeia e dos parâmetros
de seleção sistemática de domicílios (em caso de
amostra), garantindo maior representatividade
espacial da amostra;
ETAPAS DO INQUÉRITO E CONTROLE DE QUALIDADE
Trabalho de Campo (cont.):
- Revisita aos domicílios fechados durante o período
de permanência em campo (até 3 vezes), reduzindo
perdas;
- Codificação dos quesitos pelo próprio
entrevistador em coluna própria para digitação, no
mesmo dia da coleta;
- Revisão da codificação pelo supervisor de campo no
próprio campo e correção de eventuais erros de
codificação ou coleta.
ETAPAS DO INQUÉRITO E CONTROLE DE QUALIDADE
Digitação de elaboração do Banco de Dados:
- Registro qualitativo das anotações nos questionários por
profissional com experiência em métodos qualitativos;
- Leitura crítica, por profissionais treinados, de todos os
questionários para verificar preenchimento (sobretudo
codificação);
- Dupla digitação utilizando EpiInfo 6.04d;
- Verificação e acertos das discrepâncias após a dupla digitação no
Stata 9.0.
Aldeias selecionadas e não realizadas, segundo
macrorregião
Local
Macrorregião
Norte
Centro-Oeste
Nordeste
Sul/Sudeste
Brasil
Número de entrevistas perdidas em aldeias
selecionadas e não realizadas
Aldeias
Mulheres
Crianças
n
%
n
%
n
%
4
1
1
3
9
6,2
7,1
4,3
14,3
7,3
101
62
74
146
383
3,7
5,2
5,0
12,2
5,8
113
66
40
129
348
4,2
5,5
2,7
10,8
5,3
Total de aldeias da amostra = 123 (ou seja, foram coletados
dados em 114 ou 93% das aldeias da amostra).
Andamento da digitação (outubro de 2009)
Digitação das
aldeias
Macrorregião
Norte
Centro-Oeste
Nordeste
Sul/Sudeste
Total de aldeias
digitadas
1ª Digitação
concluída
n
%
2ª Digitação
concluída
n
%
1ª e 2ª Digitação
concluídas
n
%
55
13
15
18
90,2
100,0
68,2
100,0
51
13
3
16
83,6
100,0
13,6
88,9
50
13
3
16
82,0
100,0
13,6
88,9
101
88,6
83
72,8
82
71,9
Cadernos digitados (outubro/ 2009)
Cadernos digitados
Cadernos Domicílio
Cadernos Mulher
Cadernos Criança
Todos os Cadernos
Percentual em relação ao total
de cadernos coletados
Total de cadernos coletados=20.170
1ª Digitação 2ª Digitação
concluída
concluída
4.698
6.352
5.434
16.484
81,7%
3.610
4.851
4.494
12.955
64,2%
1ª e 2ª
Digitação
concluídas
3.583
4.807
4.466
12.856
63,7%
Síntese:
- Foram preenchidos 20.170 questionários, destes
64% foram duplamente digitados;
- Todos os cadernos da macrorregião Centro-Oeste
foram duplamente digitados;
- A verificação após a dupla digitação foi finalizada
em 77 aldeias;
- A programação para realizar os acertos
relacionados as discrepâncias da dupla digitação
foi iniciada;
- Avaliações preliminares indicam que não houve
perda de precisão em nenhuma macrorregião.
OBSERVAÇÕES PRELIMINARES DE CAMPO:
O I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição do Povos Indígenas
no Brasil evidenciou a existência de grandes desafios de múltiplas
naturezas:
-
ECONÔMICAS (custos elevados
manutenção de equipes em campo);
para
deslocamentos
e
-
OPERACIONAIS E TÉCNICAS (limitações
ligadas a
comunicação e informação nas instituições parceiras envolvidas
na pesquisa - FUNASA, FUNAI, ONGs conveniadas - ,
resultando em falhas de divulgação junto às equipes técnicas
dos DSEIs e comunidades indígenas envolvidas; entraves
operacionais ligados ao transporte de equipes de campo, por
sucateamento de frotas de veículos, barcos etc.; ausência de
dados demográficos atualizados).
OBSERVAÇÕES PRELIMINARES DE CAMPO (cont.):
- METODOLÓGICAS (representatividade estatística por etnia é
inviável; ausência de dados atualizados de população para compor
fontes válidas para o cálculo amostral; impossibilidade de seleção da
população por amostragem aleatória simples de indivíduos e grande
dificuldade para estabelecimento do melhor critério para amostragem
por estratos –DSEI ou macrorregião?);
- GEOGRÁFICAS E CLIMÁTICAS (grandes distâncias e pulverização
espacial das aldeias selecionadas; exigência freqüente de
deslocamentos aéreos e fluviais em determinadas regiões; influência
das estações climáticas sobre o deslocamento das equipes de campo);
- POLÍTICAS (disputas políticas locais entre técnicos locais e/ou
instituições, por vezes incluindo as próprias comunidades indígenas,
repercutiram negativamente sobre o rendimento do trabalho de
campo).
Outros pontos relevantes:
- Atrasos recorrentes no repasse de verbas resultaram
em freqüentes cancelamentos e adiamentos das
etapas de campo (implicando em aumento de custos e
dificuldades logísticas significativas);
- Tais atrasos resultaram em datas de entrada no
campo distintas daquelas inicialmente planejadas,
resultando na intercorrência de fatores não previstos
ou ausentes quando do planejamento inicial.
- Exemplos: feriados nacionais, realização de rituais
e/ou início de ciclo de atividades econômicas
tradicionais, chuvas, epidemias (H1N1), etc;
Outros pontos relevantes (cont.):
- A falta de fonte populacional atualizada e fidedigna,
no caso do SIASI, mostrou-se um importante
dificultador para pesquisas dessa natureza;
- Equipes técnicas dos DSEI ou Pólos-Base, em muitas
ocasiões, não estavam informadas de que se tratava
de uma iniciativa da própria FUNASA, o que resultou
em interlocução insuficiente junto às comunidades
indígenas;
- A distribuição antecipada de alguns equipamentos e
insumos para os DSEI resultou em dificuldades
adicionais na organização do trabalho de campo;
Proposta de plano de divulgação:
Componente 1:
Conteúdo: realização de encontro visando a apresentação dos resultados parciais do
Inquérito para o público interno da Fundação e de outras agências governamentais
envolvidas no projeto, a serem convocadas pela FUNASA.
Data e local: 15 ou 16 de dezembro de 2009, em Brasília, em local a ser determinado
pela FUNASA.
Componente 2:
Conteúdo: realização de evento para divulgação, em escala nacional, dos resultados
detalhados do Inquérito.
Data e local: março de 2010, em Brasília, em local a ser determinado pela FUNASA.
Componente 3:
Conteúdo: divulgação dos resultados do Inquérito através de artigos científicos a
serem publicados em revistas especializadas de ampla circulação internacional.
Data e local: ao longo do ano de 2010, em revistas científicas a serem definidas.
Proposta de plano de divulgação (cont.):
Componente 4:
Conteúdo: divulgação dos resultados consolidados do Inquérito em livro a ser publicado
em língua portuguesa.
Data e local: livro a ser preparado ao longo de 2010 e publicado pela Editora Fiocruz
em co-edição com a FUNASA..
Componente 5:
Conteúdo: disponibilização do banco de dados do Inquérito para download com vistas a
possibilitar amplo acesso e reanálise dos dados coletados.
Data e local: a partir de dezembro de 2010, a partir da página eletrônica da FUNASA.
Download

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