Escola Secundária /3 Quinta das Palmeiras - Covilhã
ESCOLA SEC./3 QUINTA DAS PALMEIRAS – COVILHÃ
Ficha Informativa/ de Trabalho
Português – 12º ano
LEITURA DE IMAGEM FIXA
Na leitura de uma imagem fixa deves percorrer as seguintes etapas:
Identificar o tipo de imagem
► É possível distinguir vários tipos de imagens em função do suporte e da
técnica utilizada. Um quadro pode ser pintado em madeira, em tela ou ser um
fresco. Existem pinturas a óleo, guache, aguarela. Os suportes de imagens são
muito diversificados: papel (desenhos, fotografias), cerâmicas, tapeçaria,
mosaico, etc.
► É fundamental ter em linha de conta as dimensões da imagem. Não se olha
da mesma maneira uma miniatura e um quadro de grandes dimensões.
Identificar o assunto
► A imagem pode apresentar um cenário interior/ exterior (rua, paisagem,
etc.), personagens e objectos e/ ou formas e linhas geométricas. Falar-se-á,
então, de arte figurativa, por oposição à arte abstracta.
► Em função do que é representado, distinguem-se os retratos, as cenas
(históricas, mitológicas ou «de género» quando a imagem mostra uma cena da
vida quotidiana), as paisagens e as naturezas mortas (imagens de seres ou
objectos inanimados: flores, frutos, etc.).
Analisar a composição da imagem
► A imagem inscreve-se num quadro, geralmente rectangular, organizando-se
segundo linhas de força (horizontais, verticais, curvas, oblíquas) que orientam o
olhar. As linhas de fuga são segmentos que se juntam num ponto,
representado ou não, chamado o ponto de fuga. Criam um efeito de
perspectiva e de profundidade.
Sandra Morais
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► Os elementos representados podem inscrever-se nas várias formas
geométricas (triângulo, círculo, quadrado), que estruturam o quadro e
acentuam geralmente a sua semântica.
Estudar as cores
► Distinguem-se cores claras e escuras, cores frias (verde, azul, roxo) e cores
quentes (vermelho, cor de laranja e amarelo), cores primárias (vermelho,
amarelo, azul) e cores complementares (verde, roxo e cor-de-laranja). A
escolha e a distribuição das cores, bem como a luz, constroem o sentido da
imagem e orientam a sua leitura.
Relacionar imagem e texto
► Uma imagem está quase sempre associada a um texto. Ora o texto explica
a imagem (título, legenda, comentário), ora a imagem ilustra o texto. Muitas
vezes a mensagem verbal e a mensagem visual são complementares
(cartazes, Bandas desenhadas).
► Pode ainda acontecer que a imagem represente um texto (foto que mostra
cartazes, por exemplo), que o texto seja um elemento da imagem (colagens) ou
que a constitua graças à caligrafia ou à tipografia (caligramas).
As funções da imagem
► Função referencial e descritiva: a imagem mostra uma realidade da qual é
testemunha (fotos de imprensa, reportagens, retratos), com o objectivo de
informar ou de explicar (ilustração de manuais). No entanto, muitas vezes, os
seres e os objectos representados pertencem a um universo imaginário ou
fortemente influenciado pela subjectividade do artista (quadros de pintura,
filmes de ficção, fotos).
► Função narrativa: a imagem conta uma história (frescos, bandas
desenhadas, filmes).
► Função argumentativa: a imagem visa sobretudo persuadir quem a vê
(caricaturas). Daí que a imagem seja um instrumento eficaz de propaganda ou
de publicidade (quadros, cartazes). Por vezes, aproxima-se da alegoria ou do
símbolo.
► Função estética: a imagem visa proporcionar um prazer estético.
Sandra Morais
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Na maior parte dos casos, as várias funções combinam-se entre si. A
imagem é polissémica. Pode ser interpretada de diferentes modos em função
do tema, da composição e também da sensibilidade de cada cultura de quem a
vê.
Amadeo de Souza Cardoso, Trou de la Serrure –
Parto da Viola Bom Ménage, 1916
Amadeo de Souza Cardoso reflecte na sua obra influências da arte
estrangeira, devido aos longos períodos que passou fora de Portugal, o que lhe
permitiu o contacto com Pablo Picasso, Georges Branque e Robert Delaunay,
entre outros.
O Parto da Viola foi um dos quadros que lhe valeu a celebridade.
Observamos nesta tela uma grande intensidade cromática e inúmeros objectos
sobrepostos que sugerem a iconografia tradicional (potes e bilhas de barro,
uma figura feminina – boneca popular) mas, simultaneamente, letras soltas e
figuras geométricas. O objecto central da obra não é uma viola, como sugere o
título, mas sim um violino, representado numa metade, a sugerir um perfil. É
uma obra muito rica pela heterogeneidade dos elementos que a compõem,
Sandra Morais
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pela sobreposição e geometrização, assim como pelos jogos de luz e cor,
sendo um exemplo do Modernismo em Portugal.
Exemplo de leitura de imagem fixa:
Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa, 1954
A imagem, um óleo sobre tela, é o Retrato de Fernando Pessoa, de
Almada Negreiros, um dos elementos do grupo Orpheu. A obra data de 1954.
Sentado a uma mesa de café (Café Martinho da Arcada), Fernando Pessoa
veste uma indumentária que o caracteriza e cujos tons contrastam com o
fundo, onde se destacam o vermelho, uma das cores primárias, a luz/ sombra e
os planos geométricos, características da arte Cubista. Note-se a posição das
mãos e dos pés, os pequenos óculos que denunciam a sua miopia, e a sua
atitude calma e reflexiva. Em cima da mesa estão alguns objectos (caneta e
papel) que sugerem a sua vocação para a literatura, salientando-se uma placa,
com o número dois, que pode ser interpretada como o segundo e o último
número da revista Orpheu. Estes elementos adquirem uma carga simbólica
relevante na medida em que Pessoa foi um dos fundadores da revista Orpheu,
um dos principais órgãos do Modernismo. Podemos concluir que a imagem
tem, essencialmente, uma função estética, mas também tem uma função
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referencial e descritiva, pois identificamos claramente a personalidade do
quadro pela forma pormenorizada como é apresentada.
ESCRITA – Aplicação
Pablo Picasso, Guernica, 1937
I
Faça a leitura da imagem, de acordo com os seguintes tópicos:
◘ tipo de imagem;
◘ assunto;
◘ elementos que compõem o quadro;
◘ simbologia de três elementos;
◘ funções da imagem;
◘ relação do facto com o seu modo de representação.
II
Tendo em conta a leitura do poema “O Menino de Sua Mãe”, de
Fernando Pessoa e a imagem do quadro Guernica, de Picasso, exprima, de
forma pessoal e sugestiva, o seu posicionamento crítico face às dimensões da
guerra.
Sandra Morais
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Tópicos de redacção/ correcção:
‰ Tipo de imagem:
A imagem, um óleo sobre tela, é a Guernica, um dos mais célebres
quadros de Picasso.
‰ Assunto:
Foi inspirado no bombardeamento que vitimou a cidade de Guernica, no
País Basco, em 1937, durante a Guerra Civil de Espanha.
‰ Elementos que compõem o quadro:
y a mãe com o filho morto nos braços, chorando a sua morte;
y o ameaçador touro de cabeça humana;
y o cavalo ferido;
y o guerreiro decapitado empunhando a espada partida;
y a luz do candeeiro;
y a mão que mantém levantada a luz;
y a mulher que se arrasta, mas mantém o olhar fixo na luz;
y a mulher desesperada, braços levantados ao céu, presa num edifício
em chamas;
y a pequena janela que permite a entrada da luz, mas não permite a
fuga;
‰ Carga simbólica:
y o touro: a brutalidade, a opressão e as forças do mal;
y o cavalo ferido: o povo agonizante subjugado pelo touro;
y o guerreiro decapitado empunhando a espada partida: a resistência
heróica;
y a luz inóspita do candeeiro: (em forma de) olho vigilante;
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y a mão que mantém levantada a luz: a esperança (destaca-se a sua
colocação no plano central do quadro);
y a mulher que se arrasta, mas mantém o olhar fixo na luz: os oprimidos,
humilhados com esperança na subversão dos factos;
y a mulher desesperada, braços levantados ao céu, presa num edifício
em chamas: o desespero dos suplicantes que, inocentemente, foram
aprisionados nas malhas da guerra;
y a pequena janela que permite a entrada da luz, mas não permite a
fuga: assinala a existência de outra realidade (a oposta, a desejada) mas para
a qual é impossível transitar;
‰ Funções da imagem:
y função estética: proporciona prazer estético;
y função referencial e descritiva: testemunha uma realidade com o
objectivo de informar ou de esclarecer. No entanto, os seres e os objectos
representados pertencem a um universo fortemente influenciado pela
subjectividade do artista;
y função narrativa: a imagem relata um episódio da História de
Espanha (a guerra civil de Espanha);
y função argumentativa: a imagem visa persuadir quem a vê,
recorrendo a símbolos.
‰ Relação do facto com o seu modo de representação:
y o uso de processos cubistas na composição do espaço e no
tratamento de algumas das figuras;
y a importância simbólica da renúncia à cor para a expressão do
dramatismo do tema e a transmissão de emoções fortes;
y a sobreposição dos “recortes” planos, em tons de preto e cinzento,
atravessados por claridades.
Sandra Morais