XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
A INFLUÊNCIA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
NO ALCANCE DOS OBJETIVOS
ORGANIZACIONAIS: UM ESTUDO EM UMA
FÁBRICA DE ELETRODUTOS LOCALIZADA NO
MUNICÍPIO DE BOM JESUS DO AMPARO/MG
NATALIA VIEIRA NEPOMUCENO (FUNCESI)
[email protected]
Arnaldo de Avila Quintao (FUNCESI)
[email protected]
Silvia Menezes Pires Dias (FUNCESI)
[email protected]
Fabri�cio Roulin Bittencout (FUNCESI)
[email protected]
Miriam Barros Assis Duarte (FUNCESI)
[email protected]
O presente trabalho objetivou analisar a influência da cadeia de suprimentos
no alcance dos objetivos organizacionais em uma fábrica de eletrodutos
localizada no município de Bom Jesus do Amparo-MG. A abordagem de
estudo utilizada foi a qualitativa, subsidiada pela pesquisa descritiva.
Utilizou-se o método de pesquisa de campo, para a obtenção dos dados
necessários. O critério de amostragem não-probabilístico por tipicidade foi
utilizado, valendo-se de entrevistas semiestruturadas. Para a análise dos
dados, foi adotada a análise de conteúdo. Inicialmente foram identificados os
objetivos organizacionais da empresa, que são, basicamente, a aquisição da
sede própria, a redução dos custos, aumento da produção e manutenção da
qualidade operacional. Numa perspectiva de cadeia e de interdependência
entre os processos, o alcance dos objetivos organizacionais estabelecidos
para a empresa relacionou-se ao desempenho da cadeia e à conjuntura em
que se encontrava. O cumprimento dos processos pautados em um bom
desempenho em qualidade, confiabilidade, flexibilidade, rapidez e custos
conduzem a uma operação eficiente, que favorece a estruturação e
delineamento das atividades orientadas ao alcance dos propósitos
organizacionais. Levando à concepção da cadeia de suprimentos como um
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fator de influência positiva no alcance dos objetivos da empresa, afetados,
entretanto, por variáveis governamentais e do município, que abarcam essa
cadeia e condicionam seu desenvolvimento, limitando o alcance dos
propósitos organizacionais.
Palavras-chave: cadeia de suprimentos, desempenho, processos
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1 Introdução
O aumento da competitividade vem forçando as organizações a dedicarem seus esforços e
recursos a práticas mais eficazes de gestão que, além de otimizar a produção, propiciem a
compreensão de seus processos e a efetividade no atendimento às necessidades e expectativas
de seus clientes.
De acordo com Chopra e Meindl (2011), o projeto de cadeia de suprimentos, seus processos e
seus recursos podem levar a empresa ao fracasso se não oferecerem as competências para dar
suporte ao alinhamento estratégico desejado. Nesta perspectiva torna-se um fator de
influência no alcance dos objetivos organizacionais. Tendo em vista que sua estruturação e
coordenação, desde as relações com fornecedores até a entrega do produto ao cliente, vão
interferir, possivelmente, na viabilidade da operação.
Este trabalho tem por objetivo analisar a influência da cadeia de suprimentos no alcance dos
objetivos organizacionais em uma fábrica de eletrodutos situada no município de Bom Jesus
do Amparo/MG. Para tal, tornam-se necessárias a descrição da cadeia de suprimentos da
empresa, suas práticas de planejamento e controle, bem como a visão de seus integrantes
sobre a influência da mesma para o alcance dos objetivos organizacionais.
Verifica-se a representatividade deste estudo para a organização, uma vez que a incorporação
do estudo e gerenciamento da cadeia de suprimentos aos preceitos organizacionais podem
gerar retornos desejáveis à empresa, seja na contenção dos gastos, nos aspectos ambientais, na
consolidação de alianças estratégicas e na conquista de mercado.
Para o meio acadêmico, o estudo proporciona reflexões e discussões sobre o assunto. Além de
subsidiar estudos futuros sobre a cadeia de suprimentos e sua representatividade no ambiente
organizacional. Ao gestor, estudar a cadeia de suprimentos permite identificá-la como
instrumento que integra todos os processos envolvidos no atendimento ao cliente e subsidia a
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compreensão de sua influência no alcance dos objetivos organizacionais, interferindo na
viabilidade da operação, conforme sua estruturação e relevância atribuída.
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A cadeia de suprimentos: definições e finalidades
A cadeia de suprimentos pode ser definida como um conjunto de atividades funcionais
reproduzidas durante o processo de transformação da matéria-prima em produtos acabados,
agregando valor aos mesmos (BALLOU, 2006).
Slack, Chambers e Johnston (2008) definem como cadeia de suprimentos imediata todos os
fornecedores e clientes diretamente relacionadas a uma operação, envolvendo o fluxo de
materiais e informações ao longo dos processos de uma empresa, passando por compras,
produção, distribuição, entrega e demais atividades organizacionais até chegada ao cliente.
Dessa forma, conforme salientado pelos autores, certifica-se que a cadeia de suprimentos
abrange todos os processos e relações existentes em uma operação, desde os estágios iniciais
de aquisição e processamento da matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor,
sendo um fator inerente e indissociável à organização.
Os componentes da cadeia de suprimentos devem ser planejados para que associados possam
melhorar seu desempenho, adequando-se a mudanças externas e a outros componentes de
forma espontânea (MARTINS; ALT, 2003).
Segundo os autores, as funções internas da empresa também integram a cadeia de
suprimentos. Evidenciando a relação de interdependência entre os processos e a relevância de
cada atividade para o funcionamento da operação.
Satisfazer às necessidades do cliente e gerar lucro é a principal finalidade de qualquer cadeia
de suprimentos (CHOPRA; MEINDL, 2011).
Uma cadeia de suprimentos é um instrumento utilizado para aumentar a rentabilidade, a
competitividade organizacional e a satisfação do cliente (FRANCISCHINI; GURGEL, 2002).
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Para Martins e Laugeni (2005) os objetivos primordiais da cadeia de suprimentos consistem
na redução dos custos de fornecimento, redução do tempo total, aumento da produtividade e
das margens dos produtos e melhora no retorno de investimentos.
Conforme os pressupostos dos autores, identifica-se como propósito de uma cadeia de
suprimentos subsidiar o cumprimento do objetivo básico e que é indispensável à sua
sobrevivência no mercado: o atendimento satisfatório às necessidades do cliente com menor
custo e geração de lucro à empresa.
Pautando-se nos horizontes contemplados pelos autores desta seção, percebe-se a cadeia de
suprimentos como parte inerente às atividades de uma organização e indissolúvel a ela em sua
atividade macro, na medida em que abarca todos os processos e funções decorrentes do
relacionamento entre empresas que buscam, direta ou indiretamente, subsidiar uma operação e
atender ao cliente final e contribua efetivamente para os resultados almejados pela
organização.
Os objetivos de uma organização correspondem aos resultados que a organização persegue, e
centram-se nos precursores de desempenho que possibilitem a verificação dos resultados
organizacionais, como, por exemplo, a participação no mercado, satisfação do cliente e
ganhos com os investimentos (MAXIMIANO, 2008).
Compreende-se como objetivos organizacionais o alvo que a empresa quer atingir ao longo de
suas atividades, estabelecidos de forma mais abrangente à operação ou de maneira mais
específica aos órgãos que a compõem.
Os objetivos organizacionais constituem uma visão estratégica, associados ao planejamento e
controle da empresa, sendo imprescindíveis ao processo de administração e estando
subordinados aos objetivos individuais de cada parte da operação, sejam elas pessoas ou
funções.
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Aspectos metodológicos
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Para esta pesquisa, a estratégia adotada foi a qualitativa. Segundo Beuren (2008) a abordagem
qualitativa busca destacar características não observadas por meio de um estudo quantitativo,
tendo em vista que este apresenta maior superficialidade. O presente estudo caracteriza-se
como qualitativo, tendo em vista que os dados relevantes à pesquisa foram identificados por
meio da análise da percepção de seus participantes, integrantes da cadeia de suprimentos em
estudo. O estudo adotou a pesquisa de campo. Conforme Vergara (2011), a pesquisa de
campo é uma pesquisa empírica cujos dados são coletados no lugar onde os fatos realmente
ocorrem, no intuito de obter informações relevantes ao estudo. Aderiu-se a pesquisa de campo
ao trabalho, haja vista que a coleta dos dados pertinentes ao estudo foi realizada diretamente
na fábrica analisada e, posteriormente, subsidiou à pesquisa, em busca da resposta ao
problema e aos objetivos propostos. O universo da pesquisa foi composto por 13 fábricas
localizadas na cidade de Bom Jesus do Amparo-MG, conforme dados fornecidos em março de
2014 pela Secretaria Municipal de Administração, Fazenda e Planejamento, da Prefeitura do
município. A amostra foi composta por uma fábrica de eletrodutos. A escolha desta fábrica
como amostra para a pesquisa deve-se ao fato de que sua operação possui uma estruturação
mais favorável ao que se propõem para o trabalho em relação aos demais componentes da
população. Foram selecionados para a pesquisa os atores diretamente relacionados ao objeto
de estudo e que, portanto, possibilitaram a obtenção de informações mais efetivas sobre a
cadeia de suprimentos da empresa e suas relações observadas quanto aos objetivos
organizacionais. Segundo Andrade (2010) os sujeitos de uma pesquisa são os elementos que
serão examinados em um projeto e que correspondem a uma amostra do universo. Sendo um
fornecedor, um colaborador da área de produção, o gestor da empresa e um cliente imediato.
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Análise dos dados
Para identificar a influência da cadeia de suprimentos no alcance dos objetivos
organizacionais na fábrica estudada, tornam-se necessárias a descrição da cadeia de
suprimentos da empresa, suas práticas de planejamento e controle, bem como a visão de seus
integrantes sobre a influência da mesma para o alcance dos objetivos organizacionais.
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Baseando-se nos dizeres de Maximiano (2008) de que os objetivos correspondem aos
resultados que a organização persegue, e centram-se nos precursores de desempenho que
possibilitem a verificação dos resultados organizacionais, como, por exemplo, a participação
no mercado, satisfação do cliente e ganhos com os investimentos, foram identificados os
seguintes objetivos organizacionais da empresa estudada:
Num médio prazo o objetivo é: primeira coisa, conseguir adquirir a sede
própria [...] Triplicar o volume de produção num prazo de seis meses, porque
você melhora os seus custos não é só diminuindo o preço do que você está
comprando, se você melhorar sua performance você também melhora os
custos. Com o aumento do volume de produção eu devo reduzir uns 30% dos
custos, é um objetivo também. [...] Um dos nossos objetivos também é
manter qualidade. E quando a gente fala em qualidade a gente está sempre
procurando melhorar a qualidade como um todo, de atendimento, de prazo
de entrega. (GESTOR).
O objetivo da empresa é poder crescer, produzir mais [...]. A questão da
qualidade também é um dos objetivos da empresa, porque a qualidade do
nosso tubo todo mundo está elogiando, é excelente. [...] Quanto menos custo
tiver pra empresa é melhor. Tentar economizar mais energia lá, menos perda
de material, colocar os tubos nas bitolas e pesos certos, tudo isso é objetivo
da empresa, é menos custo para ela. (COLABORADOR DO SETOR DE
PRODUÇÃO).
Percebeu-se por meio das entrevistas com o gestor e colaborador da empresa pesquisada, que
os objetivos da empresa não são formalmente constituídos e declarados entre os membros da
cadeia. Porém, ambos descreveram os mesmos propósitos para empresa, que apesar de
expostos de maneira diferente pelos entrevistados conduzem a um mesmo resultado almejado,
que de maneira estruturada podem ser aclarados como: adquirir sede própria em um ano;
triplicar o volume de produção em seis meses, reduzir os custos em 30% e manter a qualidade
operacional.
Sobre o estabelecimento dos objetivos organizacionais, a forma como surgem, são
estruturados e delineados, foram expostas as seguintes argumentações pelo gestor da empresa:
Esses objetivos aparecem naturalmente, você entendeu? Quando você
começa a trocar experiências com outras empresas, pegar uma visão das
outras, você vê o seu mercado, o contexto de mão de obra, sua situação,
então naturalmente você vai sentindo suas necessidades, vendo o resultado
da empresa, a forma como você tem que trabalhar. Os objetivos saltam aos
olhos! (GESTOR).
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O fato de a organização adotar esta postura informal perante seus objetivos pode ser
justificado pelo porte da empresa e nível de centralização, por ser desnecessário ou inviável à
organização elaborá-los oficialmente. Pois segundo Richers (1980), todas as empresas
possuem objetivos, o que acontece muitas vezes é que as organizações não elaboram
formalmente seus objetivos e nem os compartilha.
Tendo abordado os preceitos sobre os objetivos organizacionais torna-se conveniente
evidenciar suas interfaces com a cadeia de suprimentos. Em outras palavras, cabe argumentar
sobre a influência da cadeia de suprimentos no alcance dos objetivos organizacionais por
meio das fundamentações teóricas.
Certifica-se que, além do produto em si, a qualidade está envolvida nos processos
organizacionais. Tratando do critério qualidade junto aos entrevistados:
Nossa empresa tem como objetivo fornecer a matéria-prima com a melhor
qualidade possível, para que nossos clientes possam ter uma boa produção e
qualidade do seu produto final. (FORNECEDOR).
Com o fornecedor da matéria-prima que a gente chama de nobre, o material
é chegar, virar e produzir, tem alta tecnologia, é de primeiríssima! Então em
qualidade meus fornecedores me atendem muito bem, porque se não me
atenderem eu devolvo. Não só em termos de qualidade, mas questão de
prazo de entrega, pagamento também. [...] A qualidade nossa aqui na fábrica
é bem razoável. O índice de rejeição a gente nem tem, e de inadimplência é
quase zero. A qualidade de atendimento, de entrega a gente não tem
reclamação, é praticamente zero de reclamação. (GESTOR).
O nosso tubo está sendo muito bem aceito no mercado, todo mundo fala
bem, elogia, muita procura. [...] Tem gente querendo tubo de longe, manda
tubo pra tudo em qualquer lugar. Mas quanto mais melhorar a qualidade para
empresa é melhor, porque aí vai ter saída para o nosso tubo. Porque talvez
um defeitinho o cara já deixe de comprar. (COLABORADOR DO SETOR
DE PRODUÇÃO).
Até o presente momento não tivemos nada a questionar com relação à
qualidade: qualidade dos produtos, no atendimento, no transporte, na
entrega, em nenhum desses quesitos. Nós somos atendidos muito bem.
(CLIENTE)
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Tanto na perspectiva de fornecimento, produção e distribuição, observa-se, pela descrição dos
entrevistados, que essa cadeia consegue cumprir com a qualidade da operação, em que o
próprio cliente, elo final da cadeia de suprimentos imediata da empresa, afirma de forma
enfática não haver problemas neste critério, seja ele relacionado aos processos ou aos
produtos. Outro fator a ser considerado é a compreensão do gestor e do colaborador sobre a
relevância para a operação em se atender o objetivo em qualidade e à sua preocupação em
exercê-la. Sendo positivo para a cadeia de suprimentos esse reconhecimento, pois, como
descrito por Slack, Chambers e Johnston (2008), o fator qualidade facilita as atividades dos
indivíduos pertencentes à operação e leva à satisfação dos clientes externos, conforme é
desempenhada.
A rapidez na tomada de decisão, na manipulação de materiais e informações internas da
operação auxilia na rapidez de resposta aos clientes externos. Por outro lado, a rapidez interna
proporciona a redução de estoques e do risco na operação, visto que a agilidade na previsão
dos eventos futuros reduz a probabilidade de erros (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON,
2008).
Visto tais afirmativas, constata-se que o grau de agilidade interna da organização também
afeta na rapidez em ofertar o produto ao mercado, ou seja, quanto mais ágeis forem os
processos mais rápido serão atendidas as solicitações dos clientes.
No que diz respeito à cadeia de suprimentos, a rapidez relaciona-se ao tempo gasto entre a
solicitação de um cliente e a entrega efetiva do produto, e ao tempo despendido na
movimentação de bens e serviços ao percorrer a cadeia. Sendo que alcance do ponto ideal
entre a rapidez de resposta aos consumidores e a rapidez no tempo de movimentação dos
recursos ao longo de uma cadeia está condicionado à forma pela qual a cadeia de suprimentos
atuará no mercado (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2008).
Em se tratando da rapidez da cadeia de suprimentos foi postulado que:
Não tenho problema com rapidez, funciona igual um reloginho [...] Dentro
do nosso tamanho, de acordo com o que nós funcionamos, já está tudo
funcionando redondinho, entendeu? Por exemplo, se um caminhão estragou,
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eu já ligo para outro caminhão carregar e levar para o meu cliente. Eu já
tenho essas coisas todas planejadas. (GESTOR).
Quando a gente precisa de uma coisa mais rápida, com mais urgência, já
aconteceu de material nosso acabar aqui, a gente ligou para o fornecedor ele
trouxe no mesmo dia. [...] Nossos processos são rápidos. Porque fazer a
pessoa ficar esperando aquele tempão é complicado né? (COLABORADOR
DO SETOR DE PRODUÇÃO).
Havendo uma necessidade de uma entrega do material fora do pedido
efetuado, algum material emergencial, eles têm nos atendido com presteza.
(CLIENTE).
Amparando-se nas afirmativas de Slack, Chambers e Johnston (2008), pode-se considerar que
a rapidez da cadeia de suprimentos da empresa, nos processos de fornecimento, produção e
entrega são satisfatórios às solicitações de seus clientes internos e externos.
Sobre o objetivo confiabilidade foram realizados os seguintes levantamentos:
Quanto à confiabilidade os fornecedores cumprem religiosamente com seus
prazos e especificações, com o que a gente pede. Esses fornecedores de São
Paulo, são anos e anos que a gente se relaciona neste nível de valor, a
confiabilidade é imensa e ninguém conhece o outro cara a cara, e a confiança
é 100%. [...]. (GESTOR).
Sempre quando está faltando material a gente encomenda e depois de pouco
tempo chega. Nós nunca ficamos prejudicados por causa de fornecedor não,
eles entregam tudo certinho. (COLABORADOR DO SETOR DE
PRODUÇÃO).
A fábrica tem se mostrado bem confiável, pois conheço a Empresa há mais
de 10 anos e tem mantido o mesmo padrão de qualidade. (CLIENTE).
É uma empresa idônea que honra seus compromissos. [...] A vantagem de ter
um relacionamento com a fábrica é que tudo é tratado e combinado e
diretamente com o proprietário, isso traz confiança e agilidade nos
processos. (FORNECEDOR).
Nos dizeres de Slack, Chambers e Johnston (2008) confiabilidade consiste em operar em
tempo hábil, de modo que os produtos estejam disponíveis aos clientes conforme o
combinado. Fundamentando-se nesta afirmativa foi possível constatar nas descrições dos
entrevistados que, de forma geral, a cadeia de suprimentos, do fornecimento até a chegada ao
cliente, proporciona a confiabilidade da operação.
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Para Davis, Aquilano e Chase (2001) a flexibilidade corresponde à aptidão de uma
organização em fornecer uma gama variada de produtos aos clientes, sendo uma medida de
rapidez pela qual um processo antigo pode ser adaptado para a produção de uma nova linha.
Quanto à flexibilidade da cadeia de suprimentos, verificou-se que:
Se o cliente tiver necessidade de modificar o pedido e eu tiver
disponibilidade tudo bem, mas normalmente não tem. O cara já tem a região
dele, o quê que consome mais ali, não tem muito disso de precisar mudar
não. (GESTOR).
Quando a gente pede alguma coisa, consegue atender. Já aconteceu deles
mandarem pra gente um material que estava com muita impureza, aí a gente
ligou pra ele falou que o material não estava nos conformes. Ele levou o
material ruim e mandou outro. [...] Se a gente quiser mudar a produção, fazer
outros produtos, dá pra fazer. (COLABORADOR DO SETOR DE
PRODUÇÃO).
Quando temos necessidade de um material, preço ou condição de
pagamento, normalmente entramos em contato na fábrica e ele tem nos
ouvido. (CLIENTE).
A cadeia de suprimentos apresenta flexibilidade em suas transações, conseguindo se adaptar
às alterações que lhes são impostas com eficiência. Porém, quanto à variedade do produto e
modificações nos pedidos, não é exigida flexibilidade à fábrica, conforme afirmado pelo
gestor que o tipo de produto já está bem definido no mercado e geralmente, os clientes não
alteram as solicitações estabelecidas.
Em observância ao discurso dos entrevistados, a flexibilidade da cadeia de suprimentos
estudada pode ser compreendida como um fator positivo para os resultados da empresa
contribuindo, inclusive, para seus objetivos em redução de custos, por meio de processos
adaptáveis às possíveis oscilações sem comprometer o funcionamento da operação, e
manutenção da qualidade como um todo: do produto, atendimento, entrega, etc.
Considerando que a redução de custos corresponde a um dos objetivos organizacionais
propostos pela organização estudada e que, como afirmado por Slack, Chambers e Johnston
(2008), o custo é o objetivo principal para as empresas que competem diretamente em preço, e
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mesmo as empresa que concorrem em outros critérios atentam-se em manter baixos custos,
trata-se como conveniente analisar o custo na cadeia de suprimentos, conforme se apresentou.
De custo a gente tem energia elétrica, matéria-prima, mão de obra, uns
produtos intermediários nossos que também são mais caros. Então esse custo
a gente tem na mão, não tem jeito. [...] A matéria-prima mais nobre é bem
mais cara, e a dos outros fornecedores é um material muito mais barato, 30%
do valor do outro [...] (GESTOR).
O material de São Paulo que vem aí com certeza não é barato. Porque se vier
material ruim na máquina eu vou gastar energia, mão de obra e não vou fazer
nada no final do dia, então ia gerar um custo bem maior. Mas não acontece
isso aqui não, porque o material que a gente usa é muito bom, então não gera
muita perda pra gente aqui não. [...] (COLABORADOR DO SETOR DE
PRODUÇÃO).
Minha visão da empresa no mercado é que ela ocupa um mercado muito
bom de crescimento. Também é uma empresa de sucesso, mas tem
dificuldades de competitividade devido o seu custo ser um pouco alto.
Consegue alcançar seus objetivos com um pouco mais de tempo em relação
aos seus concorrentes, que têm um custo menor. (FORNECEDOR).
As argumentações dos entrevistados justificam a busca da empresa pelo objetivo de redução
de custos, visto os altos gastos envolvidos na operação, especialmente com matéria-prima. E
estes altos custos, na visão do fornecedor, comprometem a competitividade da empresa e
retardam o alcance dos seus objetivos de redução de custos. Observa-se, entretanto, que a
empresa compreende os custos operacionais e busca constantemente alternativas de
minimização destes dispêndios, principalmente para que estes não venham a comprometer os
preços de seu produto.
Observou-se com base nas argumentações dos entrevistados que os custos são inerentes à
cadeia de suprimentos, e que a peculiaridade da matéria-prima limita a contenção dos gastos e
seu repasse aos preços.
5 Considerações finais
Constata-se que os objetivos organizacionais da empresa, identificados como a aquisição da
sede própria, o aumento da produção, a redução dos custos e a manutenção da qualidade
operacional, apesar de definidos com propriedade pelo gestor, não são formalizados e
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declarados entre seus membros, surgindo de forma espontânea como reação da empresa às
condições a que está exposta e às necessidades que surgem para a operação. Fato que pode ser
explicado pelas características inerentes ao porte da empresa e a seu nível de centralização,
cuja disseminação ou declaração dos objetivos a todos os membros da cadeia se tornam
menos relevantes do que em uma empresa descentralizada de maior porte, visto que o poder
de decisão na cadeia está concentrado, basicamente, nas mãos do gestor e não é
compartilhado a outros níveis hierárquicos.
Associando os objetivos organizacionais aos objetivos de desempenho aliados a cadeia de
suprimentos (qualidade, confiabilidade, flexibilidade, rapidez e custo) concluiu-se que a
cadeia de suprimentos em questão apresenta um bom desempenho em ambos os quesitos,
atendendo com eficácia ao cliente. Constatou-se que a cadeia de suprimentos estudada
influencia nos resultados da empresa, visto que, numa perspectiva de cadeia, a qualidade, os
custos, confiabilidade e todos os demais aspectos refletiram em todos os processos da cadeia,
um bom fornecimento, com uma matéria-prima de qualidade favorece a um produto de
qualidade; o cumprimento dos prazos de entrega do fornecedor proporciona o cumprimento
dos prazos da produção, e dela para a distribuição e assim consecutivamente, bem como o
consumo de insumos de alto custo oneram os processos produtivos que, consequentemente,
afetam no preço do produto, submetendo à ideia de que o bom funcionamento da operação
depende da coordenação entre todos os membros da cadeia e que, portanto, qualquer
interferência ocorrida em alguns dos processos irá comprometer todos os outros.
O alcance dos propósitos da empresa está condicionado à coordenação e funcionamento da
cadeia como um todo, pois qualquer interferência ocorrida em algum elo dessa cadeia ira
afetar todos os outros, e, portanto, irão influenciar a forma, os prazos e as condições em que
as atividades serão realizadas e os objetivos serão buscados, sendo a cadeia um condicionante
que irá exercer uma influência positiva ou negativa no alcance dos objetivos organizacionais
conforme for dimensionada.
Recomenda-se também uma pesquisa voltada ao estudo de como o planejamento e controle da
cadeia de suprimentos pode otimizar os objetivos da empresa, seja em custo, qualidade,
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confiabilidade ou qualquer outro propósito. Bem como um estudo que contemple a percepção
do cliente sobre organizações com sistemas de planejamento e controle implantados na cadeia
de suprimentos. Ou ainda, a verificação de como a adoção da logística reversa na cadeia de
suprimentos impacta nos propósitos empresariais.
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2010.
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Rubenich. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
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São Paulo: Atlas, 2008.
CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operações.
Tradução de Daniel Vieira. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
DAVIS, Mark M.; AQUILANO, Nicholas J.; CHASE, Richard B. Fundamentos da administração da
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São Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
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MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e recursos
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Janeiro, n.20, p. 7-18, jul./set. 1980. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rae/v20n3/v20n3a01>. Acesso
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SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. Tradução de Maria
Teresa Corrêa de Oliveira e Fábio Alher. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 13. ed. São Paulo: Atlas,
2011.
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