Renata Céli Moreira da Silva
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB
Responsabilidade Social no Ensino em
Administração: um estudo exploratório sobre
a visão dos estudantes de graduação
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Administração de Empresas da PUC-Rio
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Administração de Empresas.
Orientadora: Profª. Marie Agnes Chauvel
Rio de Janeiro
Março de 2009
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Renata Céli Moreira da Silva
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB
Responsabilidade Social no Ensino em
Administração: Um estudo exploratório
sobre a visão dos estudantes de graduação
Dissertação apresentada como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pósgraduação em Administração de Empresas da PUCRio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo
assinada.
Profª. Marie Agnes Chauvel
Orientadora
Departamento de Administração – PUC-Rio
Profª. Hélène Bertrand
Departamento de Administração – PUC-Rio
Profª. Daniela Abrantes Ferreira
FACC – UFRJ
Prof. Nizar Messari
Vice-Decano de Pós-Graduação do CCS – PUC-Rio
Rio de Janeiro, 17 de março de 2009.
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da
autora e da orientadora.
Renata Céli Moreira da Silva
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB
Graduou-se em Administração pela faculdade Ibmec-Rio em
dezembro de 2005. Participou de alguns congressos
relacionados à Administração. Trabalhou em empresas como
Xérox e Sistema Globo de Rádio.
Ficha Catalográfica
Silva, Renata Céli Moreira da
Responsabilidade
social
no
ensino
em
administração: um estudo exploratório sobre a visão
dos estudantes de graduação / Renata Céli Moreira da
Silva ; orientadora: Maria Agnes Chauvel. – 2009.
139 f. ; 30 cm
Dissertação
(Mestrado
em
Administração)–
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2009.
Inclui bibliografia
1. Administração – Teses. 2. Responsabilidade
social. 3. Ensino. I. Chauvel, Maria Agnes. II. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento
de Administração. III. Título.
CDD: 658
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Para meus pais, meus irmãos e meu noivo,
pelo apoio, confiança e companheirismo.
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Agradecimentos
À minha orientadora, Professora Marie Agnes Chauvel, pela parceria para a
realização deste trabalho.
À FAPERJ e à PUC-Rio, pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho
não poderia ter sido realizado.
Aos meus pais, pela educação, atenção, carinho e apoio em todas as horas.
Aos meus irmãos, por estarem sempre comigo.
Ao meu noivo, pelo estímulo, apoio e companheirismo. E à família dele, pelo
apoio.
Aos meus colegas da PUC-Rio. Foram ótimos os momentos que passamos durante
o curso.
Aos entrevistados dessa pesquisa, por disponibilizarem um tempo para esse
estudo.
Aos professores que participaram da Comissão examinadora.
À professora Hélène Bertrand, pelas conversas e esclarecimentos a respeito da
dissertação.
A todos os professores da PUC-Rio com quem eu tive aula. Os ensinamentos
foram muito importantes.
A todos os amigos e familiares que estiveram do meu lado e acompanharam
minha trajetória ao longo do mestrado.
Resumo
Silva, Renata Céli Moreira; Chauvel, Marie Agnes. Responsabilidade
Social no Ensino em Administração: Um estudo exploratório sobre a
visão dos estudantes de graduação. Rio de Janeiro, 2009. 139p.
Dissertação de Mestrado – Departamento de Administração, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
O tema Responsabilidade Social Corporativa tem sido alvo de inúmeros
debates. Com isso, é relevante saber se e como esse tema está sendo difundido e
discutido em salas de aula da graduação em Administração. O propósito deste
trabalho foi estudar a visão que os estudantes de Administração têm da RSC e do
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seu ensino nos cursos de graduação. Foram realizadas 30 entrevistas com alunos
de Administração do Rio de Janeiro próximos ao período de formatura. Os
resultados mostraram que os entrevistados se preocupam com o tema, pois
consideram a RSC importante para a prática da Administração. Muitos
entrevistados consideram o espaço dado para o tema insuficiente e que se deveria
dar mais espaço. Também foi apontado que a abordagem poderia ser melhorada,
pois é, às vezes, superficial, mesmo que os conteúdos passados sejam corretos.
Vários pesquisados declararam ter aprendido mais sobre o assunto em meios
externos, como revistas, jornais, trabalho. A maioria dos entrevistados apresentou
uma visão restrita da definição de RSC, abordando somente algumas poucas
dimensões, não demonstrando conhecimento sobre a totalidade do assunto.
Muitos entrevistados possuem questionamentos sobre RSC, essencialmente
quanto ao próprio conceito e às aplicações na prática da Administração. Muitos
pesquisados consideram que sua faculdade não é capaz de formar gestores
socialmente responsáveis, já que o tema não é muito discutido. Também foi
observado que aqueles que tiveram experiência na área em suas atividades
profissionais ou acadêmicas se mostraram mais seguros em relação ao assunto,
porém, ainda são poucos aqueles que utilizam a RSC na prática.
Palavras-chave
Responsabilidade social; ensino; administração.
Abstract
Silva, Renata Céli Moreira; Chauvel, Marie Agnes (Advisor). Social
Responsibility in Administration’s Education: An exploratory study
about the vision of the undergraduate students. Rio de Janeiro, 2009.
139p. MSc. Dissertation – Departamento de Administração, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
The topic of Corporate Social Responsibility has been largely discussed.
Thus, it is important to know how this issue is being discussed in undergraduate
classes of Business Administration. The purpose of this study was to explore the
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student’s vision of CSR and their view about the teaching of CSR in
undergraduate courses. Thirty Administration students of Rio de Janeiro were
interviewed. The results showed that the respondents are concerned about this
issue, since they consider that it is important for the practice of Administration.
Some respondents said that the space given to CSR in the university is inadequate
and, thus, it should be greater. They also said that the approach could be
improved, since sometimes it is considered a superficial approach, although the
content is correct. Many respondents learned more about it out of university, such
as in magazines, newspapers, or at work. Many respondents had a more restricted
view about the definition of CSR. The majority addressed only a few dimensions
of it, showing little knowledge about it. Some respondents have doubts about
CSR, especially basic questions, concerning the concept of the theme. Others have
also showed doubts regarding the practice of CSR. Many respondents believe that
the university where they study is not able to train socially responsible managers,
since the theme is not much discussed. Moreover, it was observed that those who
had experience in the area were more secure during the interviews; however, there
were few respondents who had used CSR in practice.
Keywords
Social responsibility; education; administration.
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Sumário
1. Introdução
1.1. Objetivos do estudo
1.2. Relevância do estudo
1.3. Delimitação do estudo
1.4. Organização do estudo
14
18
19
20
20
2. Referencial teórico
2.1. Revisão da literatura
2.1.1. Responsabilidade social corporativa (RSC)
2.1.1.1. Origem
2.1.1.2. Conceito
2.1.1.3. Síntese dos principais conceitos de RSC
2.1.1.4. A RSC no Brasil
2.1.2. Ensino em administração e a responsabilidade social
22
22
22
22
27
36
38
44
3. Metodologia
3.1. A questão da pesquisa
3.2. O tipo de pesquisa e a metodologia utilizada
3.3. A coleta e o tratamento dos dados
3.4. Limitações do método
48
48
48
50
52
4. Análise dos resultados
4.1. Perfil dos entrevistados
4.2. Disciplina de RSC nas faculdades
4.3. Análise das entrevistas
4.3.1. Nível de interesse/preocupação com o tema
4.3.2. Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a
satisfação/insatisfação com o espaço e abordagens dadas
4.3.2.1. Disciplinas que abordaram o tema
4.3.2.1.1. Disciplina específica sobre RSC
4.3.2.1.2. Outras disciplinas que abordaram o tema RSC
4.3.2.1.3. Realização de trabalho sobre RSC
4.3.2.2. Satisfação/insatisfação com o espaço dado à RSC
4.3.2.3. Satisfação/insatisfação com a abordagem dada
4.3.3. A visão sobre RSC dos entrevistados
4.3.3.1. O que os entrevistados pensam sobre esse tema
4.3.3.2. O que significa RSC, segundo os entrevistados
4.3.3.3. Síntese da visão dos entrevistados
4.3.4. Questionamentos e dúvidas sobre RSC
4.3.5. Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais.
4.3.5.1. Utilização dos conhecimentos de RSC na prática
4.3.5.2. RSC das empresas em que trabalharam
4.3.5.3. Como a RSC poderia ser posta em prática
4.3.6. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC
53
53
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58
62
62
62
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4.3.6.1. Capacidade de a faculdade formar gestores socialmente
responsáveis
4.3.6.2. Como a faculdade poderia formar gestores socialmente
responsáveis
97
100
5. Considerações finais
5.1. Conclusões
5.1.1. Nível de interesse/preocupação com o tema
5.1.2. Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a
satisfação/insatisfação com o espaço e as abordagens dadas
5.1.3. Visão de RSC
5.1.4. Dúvidas e questionamentos sobre RSC
5.1.5. Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais
5.1.6. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC
5.2. Sugestões para futuras pesquisas
105
105
105
6. Referências bibliográficas
111
7. Anexo
7.1. Roteiro de entrevista
138
138
106
107
107
108
108
110
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Lista de figuras
Figura 1 – Pirâmide de RSC de Carroll (1991)
27
Figura 2 – Modelo de Quazi e O’Brien (2000)
31
Lista de quadro
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Quadro 1 – Modelo de Wood (1991)
29
Lista de tabelas
Tabela 1 – Síntese dos conceitos de RSC
37
Tabela 2 – Dados demográficos dos entrevistados
53
Tabela 3 – Entrevistados que tiveram contato com RSC na faculdade
55
Tabela 4 – Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática
56
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Tabela 5 – Entrevistados que fizeram trabalho sobre RSC na faculdade 70
Tabela 6 – Síntese da visão dos entrevistados
83
Tabela 7 – Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática
89
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Seja a mudança que você quer ver no mundo.
Mahatma Gandhi
1
Introdução
Recentemente, o tema Responsabilidade Social Corporativa tem sido alvo
de inúmeros debates, seja no campo da educação, solidariedade, meio ambiente,
respeito aos funcionários, dentre outros pontos. Revistas, jornais, artigos
científicos, palestras, dentre outras fontes de comunicação e informação, têm
tratado essa questão, mostrando sua importância para a sociedade no mundo. O
tema tem sido muito abordado não só no meio acadêmico, como também no
ambiente empresarial.
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Com isso, pode-se dizer que mundialmente há uma pressão da sociedade
para que as organizações tenham práticas socialmente responsáveis, e essas
pressões estão cada vez maiores (KLEIN, 2004; MOHR e WEBB, 2005;
AGUILERA et al., 2007; CHEAH et al., 2007; HOND e BAKKER, 2007;
MARQUIS et al., 2007; RODRÍGUEZ e LEMASTER, 2007). Kotler e Armstrong
(1998) dizem que essa pressão também vem da parte dos consumidores, que estão
prestando mais atenção a essas práticas sociais. Muitos consumidores passam a
comprar produtos de empresas socialmente corretas (LAROCHE et al., 2001).
Além disso, as pessoas hoje possuem mais informação (FUENTES-GARCÍA et
al., 2008).
McWilliams et al. (2006) apontam que essas pressões também são exercidas
pelos empregados, fornecedores, grupos da comunidade, organizações nãogovernamentais e governos. Doh e Guay (2006) e Schepers (2006) também falam
das pressões das organizações não-governamentais. Outro fator que pressiona as
empresas é o fato de as multinacionais irem para países em desenvolvimento,
onde a infra-estrutura é deficiente. Nesse contexto, são vistas como organizações
capazes de preencher essa lacuna e, em alguns casos, precisam fazê-lo pra
desempenhar suas atividades (EWEJE, 2006; BIRD E SMUCKER, 2007).
Para Fuentes-García et al. (2008) essas pressões existem também devido a
alguns regulamentos e à pressão do mercado financeiro, já que hoje muitos
investidores estão procurando investir de forma socialmente responsável. A
15
questão dos investidores socialmente responsáveis é também mencionada por
outros autores (DILLENBURG et al., 2003; JOHNSEN, 2003; SCHUETH, 2003).
Segundo Melo Neto e Froes (2001), a globalização também acabou gerando essas
pressões, pois trouxe uma grande concentração do poder econômico e uma grande
exclusão social.
Segundo Gerde (2001), as empresas que não respondem a essas pressões
perdem legitimidade. Além disso, é importante que a empresa comece a adotar
práticas sociais e que mantenha a realização dessas práticas, tendo então uma
continuidade, ou seja, que as práticas sociais sejam parte das atividades da
empresa e não somente algo pontual. É preciso que seja um processo contínuo
(RANDEL, 2002; HEUGENS e DENTCHEV, 2007).
Soma-se a isso a preocupação com os recursos do planeta, com os
problemas sociais (DUFLOTH e BELLUMAT, 2005) e com os escândalos sobre
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a irresponsabilidade de empresas (CARSON, 2003; NEUBAUM e ZAHRA,
2006; CAMPBELL, 2007; BASU e PALAZZO, 2008; CHIH et al., 2008). Um
exemplo notório é o da Nike, que tinha práticas de trabalho inadequadas, cuja
divulgação abalou a reputação da empresa (AUGER et al., 2003; DETIENNE e
LEWIS, 2005). O Brasil e o mundo apresentam problemas éticos que chamam a
atenção para sua resolução (URDAN e HUERTAS, 2004). Com isso, Wood
(1991) fala que as empresas precisam responder a seguinte pergunta: Como eu
posso contribuir para construir uma boa sociedade?
Há países em que a consciência socialmente responsável está bastante
desenvolvida. Dessa forma, um fator fundamental para a entrada de empresas
nesses mercados é certificar que seu produto é correto, ou seja, que a empresa
pratica a Responsabilidade Social (CARVALHO e BARBIERI, 2007; SOUZA et
al., 2007). Um exemplo é a Natura que pratica a Responsabilidade Social e isso
constitui um fator importante na sua estratégia internacional, pois a coloca em
uma posição mais favorável para concorrer com seus competidores globais
(SERRA et al., 2007), muitos dos quais com tradição e sólida reputação em países
que ocupam posição de liderança no mercado de cosméticos.
Dessa forma, estudos têm sido feitos considerando a Responsabilidade
Social Corporativa como fonte de vantagem competitiva para as empresas e que
mostram que o investimento em Responsabilidade Social está sendo incorporado à
estratégia organizacional (MOTTA e ROSSI, 2003; HUSTED e ALLEN, 2004;
16
HUSTED e ALLEN, 2007; LUO e BHATTACHARYA, 2006; LOMBARDI e
BRITO, 2007; BARBOSA, 2007; BONATTO et al., 2007; SERPA e
FOURNEAU, 2007; SERRA et al., 2007). Pesquisas relatam que a prática
socialmente responsável pode trazer à empresa uma imagem melhor na marca,
produtos, serviços e na própria empresa, pois ela passa a ser mais valorizada pelos
seus consumidores e/ou funcionários (SEN e BHATTACHARYA, 2001;
BORINI, 2004; BONATTO et al, 2007).
Outro ponto a ser destacado é que cada vez mais as organizações têm feito
relatórios de sustentabilidade e divulgado seus balanços sociais. No Bovespa há o
Índice de Sustentabilidade Empresarial que divulga informações sobre
Responsabilidade Social. Assim, as empresas buscam comunicar aos stakeholders
suas ações sociais, para conquistar uma boa imagem na sociedade. Há também
prêmios dedicados ao tema, recompensando empresas que são exemplos para a
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sociedade (SERPA, 2005). A Responsabilidade Social vem sendo muito discutida
entre investidores e empresas que atuam no mercado de capitais (BARBOSA e
LEMME, 2007).
Ou seja, atualmente almejar o lucro não é mais uma condição suficiente para
a organização, é importante também que ela pratique a Responsabilidade Social,
que ela leve em conta quais são os impactos de suas ações dentro e fora do seu
ambiente (MILES e WHITE, 1998). Portanto, atualmente, muitas empresas
buscam investir em práticas socialmente responsáveis (VENTURA, 2003;
PASSADOR et al., 2005; BARBOSA, 2007). Há um número cada vez maior de
empresas atuando na área social (BIES et al., 2007).
Muitos estudos têm sido feitos sobre o tema Responsabilidade Social no
meio acadêmico (MACEDO e SOUZA, 2007). Alguns desses estudos mostram a
Responsabilidade Social como um aspecto estratégico para a organização
(MOTTA e ROSSI, 2003; LOMBARDI e BRITO, 2007; BARBOSA, 2007;
SERRA et al., 2007); outros estudos abordam o tema na ótica do consumidor, ou
seja, pesquisas que tratam da percepção dos consumidores em relação ao
comportamento socialmente responsável das empresas, se eles valorizam isso de
fato e se isso influencia a sua intenção de compra de determinado produto
(CARRIGAN
e
ATTALLA,
2001;
MOHR
et
al.,
2001;
SEN
e
BHATTACHARYA, 2001; URDAN, 2001; AUGER et al., 2003; MAIGNAN e
FERRELL, 2003; MOTTA e ROSSI, 2003; MRTVI, 2003; LICHTENSTEIN et
17
al., 2004; VOLPON e CRUZ, 2004; CHERRIER, 2005; KIM e CHOI, 2005;
MEIJER e SCHUYT, 2005; ROMANIELLO e AMÂNCIO, 2005; BECKEROLSEN et al., 2006; SERPA e AVILA, 2006; SERPA e AVILA, 2006; CASTRO
el al, 2007; NAN e HEO, 2007; SERPA e FOURNEAU, 2007; CHAN et al.,
2008; SINGH et al., 2008); alguns focam produtos socialmente responsáveis
(PUJARI et al., 2003; FULLER e OTTMAN, 2004).
Outros estudos abordam o tema sob a ótica da própria empresa (BANSAL e
ROTH, 2000; KÄRNÄ et al., 2003; ARAMBURÚ e ANTUNES, 2004;
MAGALHÃES et al., 2005; CAJAZEIRA e BARBIERI, 2006; CARRIERI et al.,
2006; DAHER et al., 2007; SOUSA FILHO e WANDERLEY, 2007; ROCHA et
al., 2008). Outros, finalmente, abordam o tema da Responsabilidade Social na
ótica de gestores e futuros gestores (CORDANO e FRIEZE, 2000; GREENING e
TURBAN,
2000;
RAMUS
e
STEGER,
2000;
LUCE
et
al.,
2001;
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SINGHAPAKDI et al., 2001; WATSON, 2001; OLIVEIRA e TEIXEIRA, 2003;
JUWER, 2004; NASCIMENTO, 2005; SERPA, 2005; BARROS e TENÓRIO,
2007).
Por conseguinte, o tema Responsabilidade Social vem sendo muito estudado
mostrando que possui uma grande relevância na academia e na vida empresarial.
Diante desse quadro, torna-se relevante saber se e como esse tema está sendo
difundido e discutido em salas de aula da graduação em Administração.
Sobretudo, é importante atentar para o que os alunos de graduação retiram desse
ensino. É preciso saber se as instituições de ensino estão sendo capazes de formar
profissionais aptos para a gestão da Responsabilidade Social, que conheçam os
significados desse conceito, os debates que o cercam e suas implicações; que
possam se tornar gestores éticos e socialmente responsáveis (MEDEIROS et al.,
2007).
O propósito deste trabalho surgiu da preocupação da autora em estudar a
visão que os estudantes de Administração têm da Responsabilidade Social e do
seu ensino nos cursos de graduação.
18
1.1.
Objetivos do estudo
Esta dissertação de mestrado tem como objetivo principal levantar,
descrever e analisar a visão que os formandos em Administração possuem sobre a
Responsabilidade Social e do seu ensino no curso de graduação.
Portanto, a pergunta de pesquisa é: Qual a visão dos estudantes que se
formam em Administração sobre o tema Responsabilidade Social e também a
visão sobre como o tema é abordado no curso?
Para responder à pergunta de pesquisa, foram elaborados objetivos
intermediários julgados necessários para abranger toda a questão de pesquisa. Os
objetivos intermediários são:
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•
Efetuar uma revisão de literatura sobre o tema Responsabilidade Social
Corporativa (sua origem e conceitos) e sobre a Responsabilidade Social no
ensino em Administração.
•
Efetuar um levantamento em 5 faculdades de Administração das cidades
do Rio de Janeiro e Niterói sobre a presença do tema nos programas de
ensino, pesquisando a existência de disciplinas sobre o tema.
•
Efetuar uma pesquisa de campo junto aos formandos em Administração,
investigando:
a. Seu nível de interesse/preocupação com o tema;
b. Os cursos/aulas que tiveram sobre o tema ao longo de sua
formação; sua satisfação/insatisfação com o espaço e as
abordagens dadas;
c. Sua visão de RSC;
d. Questionamentos e dúvidas sobre RSC;
e. Aplicações, na prática de suas atividades profissionais, da RSC;
f. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre a RSC.
19
1.2.
Relevância do estudo
Do ponto de vista teórico, a importância deste estudo origina da necessidade
de mais pesquisas sobre Responsabilidade Social, para melhor disseminar o
conhecimento dentro desta área de pesquisa em Administração. O tema
Responsabilidade Social está tendo muito destaque no meio acadêmico e
empresarial, como pode ser evidenciado através do crescente número de
publicações sobre o assunto e também pela criação da área temática “Gestão
Social” no Congresso EnANPAD (MACÊDO e SOUZA, 2007). Portanto, é
importante dar continuidade aos estudos sobre o tema. Sendo assim, a pesquisa
contribuirá para os estudos existentes sobre Responsabilidade Social, buscando
abordar um aspecto até o momento pouco pesquisado, que é o do ensino em
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB
administração sobre esse tema.
Do ponto de visto prático, o estudo é também relevante, visto que o tema
Responsabilidade Social vem sendo muito estudado e exercido pelas organizações
e com isso, é importante saber se e como este tema está sendo difundido e
discutido na sala de aula da graduação em Administração, já que este é o lugar
onde se formam os futuros gestores.
Algumas instituições de ensino dedicam espaço à RSC, em disciplinas,
palestras, monografias, dissertações e outras atividades didáticas. Mas sabe-se
pouco sobre o que vem sendo feito nessa área e sobre a contribuição dessas
atividades.
De acordo com Grit (2004), o administrador dos dias de hoje precisa ter um
perfil que atenda à satisfação de diversos públicos ao mesmo tempo, como é o
caso do administrador socialmente responsável. Kraft e Singhapakdi (1991)
sublinham que as instituições de ensino de administração possuem um papel
muito importante na formação de gestores socialmente responsáveis. É importante
formar administradores que tenham isso em mente. Portanto, é preciso investigar
a visão dos formandos sobre Responsabilidade Social: seus conhecimentos sobre
o conceito, se possuem dúvidas sobre o assunto, que importância dão ao tema e
como relacionam o que aprenderam sobre o assunto com suas primeiras
experiências em seus ambientes de trabalho.
20
De acordo com Medeiros et al. (2007), para ajudar a evitar escândalos
corporativos é necessária a formação de gestores éticos e socialmente
responsáveis. Este trabalho visa contribuir para esse esforço por meio de uma
melhor compreensão do que os estudantes em administração pensam sobre a
Responsabilidade Social, sobre o que aprenderam a respeito desse tema em sala
de aula e sobre suas perspectivas de aplicação dos conhecimentos adquiridos em
sua vida profissional.
1.3.
Delimitação do estudo
O presente estudo está restrito à visão dos estudantes que se formam em
Administração nas instituições de ensino superior.
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O público pesquisado foram estudantes de instituições do Rio de Janeiro que
se formaram no 1º e 2º semestres de 2008 e estudantes que irão se formar no 1º
semestre de 2009. Esse horizonte temporal da pesquisa é importante já que a
presença do tema nas grades curriculares ainda é recente, ou seja, não dá para
comparar estudantes formados há 5 anos com os de hoje, dado que provavelmente
a exposição ao tema não foi a mesma. Além disso, o intuito foi focar estudantes
que estão se formando em administração – e não profissionais de administração.
O estudo não pretendeu avaliar a formação oferecida pelas instituições de
ensino em termos de RSC. Embora tenham sido levantadas informações nos sites
das faculdades e universidades sobre as disciplinas oferecidas, esses dados
tiveram apenas um papel complementar, sendo utilizados para a elaboração do
roteiro e como informação adicional na análise dos resultados. É importante
ressaltar também que não foram realizadas entrevistas com membros do corpo
docente e coordenadores das instituições de ensino. Em suma, o foco da pesquisa
foi a visão dos estudantes sobre o tema RSC e seu ensino em administração.
1.4.
Organização do estudo
A presente pesquisa está organizada em seis capítulos. Neste primeiro
capítulo, está apresentada uma introdução, ou seja, uma contextualização do
21
assunto, junto com os objetivos, a relevância e a delimitação do estudo nesta
dissertação de mestrado.
O segundo capítulo refere-se ao referencial teórico, onde é feita uma ampla
revisão da literatura sobre o tema Responsabilidade Social, mostrando a evolução
do seu conceito, as principais definições e estudos feitos acerca deste tema. Dessa
forma, será dado um panorama sobre o que é esse tema e o que ele aborda.
Também é feita uma revisão sobre o ensino de Administração e a
Responsabilidade Social. Em seguida é mostrado o posicionamento teórico, ou
seja, quais conceitos são assumidos pela autora desta dissertação.
O terceiro capítulo diz respeito à metodologia adotada pela presente
pesquisa. Nesta etapa, serão mostrados: o tipo de pesquisa feito e suas
características, como os dados foram coletados e tratados e quais são as limitações
do método adotado na dissertação.
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O quarto capítulo apresenta a análise das entrevistas realizadas com o
público da pesquisa, mostrando os resultados e discussão, ou seja, se refere à
análise e interpretação das entrevistas, elaborando as principais evidências
encontradas na pesquisa.
E finalmente, o quinto capítulo traz as considerações finais do presente
estudo e algumas sugestões para futuras pesquisas nesta área.
2
Referencial teórico
Esta seção irá apresentar a Revisão da Literatura da presente dissertação.
2.1.
Revisão da literatura
Esta seção será apresentada da seguinte forma: primeiramente será falado
sobre a Responsabilidade Social Corporativa. Serão abordados: a sua origem, os
seus conceitos e algumas considerações sobre o tema. Em seguida será falado
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB
sobre o Ensino em Administração e a Responsabilidade Social.
A Revisão da Literatura foi feita através de pesquisa aos principais
periódicos nacionais de Administração, com conceito A pela CAPES. Também
foram pesquisados os anais dos EnANPADs e outros Congressos da ANPAD.
Também foram pesquisados 19 periódicos internacionais, dentre eles os que
possuem maior JCR – Journal Citation Reports. O levantamento dos artigos
cobriu um período um pouco maior que 10 anos, ou seja, de 1998 até metade de
2008. Após a leitura de todos os artigos levantados sobre o tema, foram também
pesquisados os artigos que interessavam e se encontravam na referência
bibliográfica dos mesmos.
2.1.1.
Responsabilidade social corporativa (RSC)
Esta seção irá abordar sobre o tema Responsabilidade Social Corporativa
(RSC).
2.1.1.1.
Origem
No início do século de 1900, já começava a se tratar de questões envolvendo
práticas sociais.
23
Segundo com Ashley et al. (2000), no ano de 1919, esse tema veio à tona
através do caso Dodge e Ford. Henry Ford, que era o presidente e acionista
majoritário da Ford, se via na autoridade de tomar decisões que não estavam de
acordo com as opiniões de alguns acionistas da Ford, os chamados John e Horace
Dodge. Henry Ford realizou objetivos sociais, não distribuindo parte dos
dividendos para, assim, reinvestir na própria Ford através de aumento de salários,
investimentos na capacidade de produção e como fundo de reserva, pois havia
tido redução no preço dos carros. Os acionistas John e Horace Dodge não
concordaram com a idéia de não receber todos os dividendos por eles esperados e
resolveram entrar na justiça. O resultado do julgamento foi a favor de John e
Horace Dodge, com a justificativa de que o objetivo maior de uma empresa é
maximizar os lucros dos acionistas. Dessa forma, o presidente Henry Ford só
poderia ter flexibilidade em suas decisões se fossem com o objetivo de beneficiar
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os acionistas. Porém, foi dito que a filantropia e o investimento na imagem da
empresa para conquistar consumidores poderiam ser realizados, se viessem a
maximizar os lucros para os acionistas.
De acordo com Carroll (1999), a discussão sobre RSC foi iniciada com
Howard R. Bowen, quando ele publicou um livro sobre os negócios e a
responsabilidade social.A definição usada para o termo foi “obrigação dos
homens de negócios de adotar diretrizes, decisões e linhas de ações desejáveis no
âmbito dos objetivos e valores de nossa sociedade” (CARROLL, 1999, p. 269).
Essa publicação ocorreu em 1953. Portanto, a partir de 1950, a questão da RSC
passou a ser discutida e ganhar importância nos negócios.
Posteriormente, nas décadas de 1960 e 1970, essa discussão foi disseminada
por diversos países. Começaram a ser discutidos também os problemas de
proteção ambiental, os direitos das mulheres e os problemas que o capitalismo
gerava, pois não era capaz de atender às necessidades dos indivíduos de forma
equilibrada, gerando desigualdades sociais (SCHOMMER e ROCHA, 2007).
Segundo Schommer e Rocha (2007), foi a partir da década de 1980 que o
debate a respeito da RSC ganhou novos destaques, por causa de fatores como:
avanço da globalização, privatização de empresas estatais, flexibilização da
produção. Com esses acontecimentos, os debates foram sendo feitos para analisar
o papel de cada ator para o equilíbrio entre dimensões econômicas, sociais e
ambientais. Faria e Sauerbronn (2008) também relatam sobre os motivos das
24
discussões da RSC como sendo a globalização acelerada, o crescente poder
político e econômico das grandes empresas e os grandes escândalos corporativos.
Melo Neto e Froes (2001) também apontam que uma das origens foi a
globalização, já que ela trouxe concentração de poder econômico nas
multinacionais e exclusão social. Com a concentração do poder econômico nas
multinacionais, passa-se a cobrar das empresas uma postura socialmente
responsável.
A partir da década de 1990, as empresas começaram a se envolver nas
práticas
socialmente
responsáveis,
pensando
em
questões
estratégicas
(SCHOMMER e ROCHA, 2007). Observa-se que houve transformação no
conceito de RSC, passando de uma visão meramente filantrópica, para uma
incorporação da RSC na estratégia empresarial (SERPA e AVILA, 2006). Bowen
(2007) também fala que as empresas passaram a adotar a RSC como sendo parte
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da estratégia da empresa, alocando recursos estrategicamente para atingir
objetivos sociais de longo prazo e vantagem competitiva.
De acordo com Drucker (1995) essas discussões vieram à tona devido à
ineficiência do Governo em cumprir suas atividades. Schroeder e Schroeder
(2004) e Burton e Hegarty (1999), assim como Drucker (1995), relataram a
ineficiência do Estado. Segundo Melo Neto e Froes (2001), as ações sociais do
governo no Brasil possuem problemas como a falta de integração, a falta de foco e
problemas no planejamento, implantação e gerenciamento das políticas sociais.
Ou seja, existe uma má qualidade dos gastos, que são na maioria das vezes de
caráter assistencialista.
Porém, apesar da ineficiência, o Estado continua tendo um papel
importantíssimo para a RSC (CAMPANHOL e BREDA, 2005; MORETTI e
FIGUEIREDO, 2007), apesar de agora as empresas também terem atribuições
para com a sociedade.
Além disso, Drucker (1997) também afirma que as organizações devem
praticar a RSC, já que elas precisam ter princípios morais, éticos e respeitar os
conceitos de cidadania.
Para Ventura (2003), essas discussões vieram à tona devido às críticas sobre
como as empresas se relacionam com a sociedade. A autora explica que as
empresas retiram da sociedade seus lucros e em troca podem até causar-lhe danos.
Essa situação acabou trazendo à tona essas discussões e uma sociedade mais
25
rigorosa em relação às empresas exigindo práticas responsáveis. Collier e
Wanderley (2004) também chamam a atenção para essas discussões, apontando
que as empresas são agentes globais de mudança e suas ações não são somente
econômicas; por isso é necessário que as empresas assumam as responsabilidades
pelos impactos de suas ações para se comprometerem com um futuro sustentável e
próspero para a economia global. Ou seja, essas discussões são a respeito do novo
contexto do capitalismo. Passador et al. (2005) também afirmam que a sociedade
não está mais tolerante a situações antiéticas, sendo então mais rigorosa com as
empresas. Com isso, foram criados institutos para lidar com esse tema,
certificações na área social, balanços sociais, dentre outras formas de tornar a
prática da RSC mais difundida.
No Brasil, a RSC tem suas origens em 1960. Em 1984, a empresa Nitrofértil
publicou o primeiro Balanço Social e em 1997, houve a campanha do sociólogo
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Herbet de Souza, o Betinho, para incentivar a aproximação das empresas com as
questões sociais (CALIXTO, 2007). Betinho fundou o Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas – IBASE – para se dedicar à democratização das
informações sociais das empresas brasileiras (BONATTO et al., 2007).
Mas, de acordo com Dufloth e Bellumat (2005), outros fatores também
motivaram o início das discussões da RSC no Brasil, dentre eles o fortalecimento
dos movimentos sociais, a desigualdade social intensa, a globalização, a mudança
de postura da sociedade se tratando de problemas sociais, ineficiência do Governo
e maior participação da sociedade em busca de uma qualidade de vida. Ashley
(2002) ainda acrescenta outros fatores, como a velocidade das inovações
tecnológicas e da informação que impõem às empresas uma nova maneira de
realizar os negócios. Margolis e Walsh (2003) também citam a grande
desigualdade social que há no mundo e acrescentam problemas como: mortalidade
infantil, poluição, analfabetismo e desnutrição. Bowie (1991) cita fatores como
uso de drogas, péssima qualidade do ensino público, o declínio dos valores éticos
no trabalho e a instabilidade familiar. Também é destaque a questão de que a
percepção dos brasileiros é de que o Governo não é capaz de prover sozinho as
condições necessárias para uma boa qualidade de vida da população (GRIESSE,
2007).
Com essa nova realidade, as empresas passaram a investir também nas
questões sociais e ambientais (ASHLEY, 2002).
26
À medida que iam surgindo os debates a respeito da RSC, duas visões se
destacavam. Uma visão era a visão clássica, que é uma visão estritamente
econômica. Defendida por Milton Friedman, que foi Prêmio Nobel de Economia,
ele afirmava que a empresa socialmente responsável é aquela que dá lucro para
seus acionistas. Ou seja, o objetivo das organizações é maximizar os lucros e
riqueza dos acionistas, obedecendo às suas obrigações legais. Para Milton
Friedman, quem deve tratar das questões sociais do mundo é o Governo
(LANTOS, 2001; FERRELL et al., 2001; HUSTED e SALAZAR, 2006; SERPA
e AVILA, 2006). Ou seja, a empresa não deve se engajar em ações sociais
voluntariamente (WINDSOR, 2006). Vale ressaltar que a visão econômica
clássica leva em conta as dimensões legal, ética e econômica, deixando de lado a
dimensão filantrópica (CARROLL, 1991). De acordo com Marrewijk (2003), a
visão econômica pode ser denominada de abordagem do acionista ou shareholder
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approach. Freeman e Liedtka (1991) fizeram um artigo concordando com a visão
de Friedman de que a RSC deve ser abandonada.
Em 2001, o The Economist se posicionou a favor da visão clássica
econômica de Milton Friedman, abordando que a adoção de práticas sociais das
empresas pode ser dispendiosa e desnecessária (RODRIGUES, 2005). Heugens e
Dentchev (2007) também falam que há alguns riscos que a empresa pode
enfrentar ao se engajar na RSC, como a diluição da atenção dos gestores e o gasto
de dinheiro não-produtivo. Porém, muitos autores discordam dessa visão
(SCHAEFER, 2008).
A outra visão que se destacava era contrária às idéias de Milton Friedman. É
a chamada visão sócio-econômica que aborda que as organizações devem incluir
em suas atividades a promoção do bem estar social. De acordo com a visão sócioeconômica, as atividades das organizações alcançam um universo de agentes
maior do que somente os acionistas, ou seja, as empresas impactam também
outros agentes da sociedade (FERRELL et al., 2001; SERPA e AVILA, 2006).
Para Xavier e Souza (2004), a visão sócio-econômica traz uma responsabilidade
proativa e seu percursor foi Andew Carnegie, que publicou um livro apresentando
os princípios da RSC. Logo, para a visão sócio-econômica, as empresas possuem,
além da visão econômica, obrigações para com a sociedade (CASTRO et al.,
2007). Para Marrewijk (2003), a visão sócio-econômica pode ser denominada de
abordagem dos stakeholders.
27
Dentre essas duas visões que emergiram, a que predomina nos estudos
acadêmicos em muitos países é a visão sócio-econômica (BROWN e DANCIN,
1997; ELLEN et al., 2000), inclusive no Brasil (XAVIER e SOUZA, 2004). E as
práticas de RSC podem variar entre países (CHAPPLE e MOON, 2005; ANTAL
e SOBCZAK, 2007). A presente dissertação também adota essa visão sócioeconômica como a visão de RSC.
2.1.1.2.
Conceito
Existem inúmeras definições sobre o que é RSC, o que mostra que ainda é
um conceito em construção, o que vem provocando discussões e reflexões sobre o
assunto (ASHLEY, 2002; HIGUCHI e VIEIRA, 2007). Para Matten e Moon
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(2008), essas definições podem variar de país para país.
Pereira e Campos Filho (2006) fizeram uma pesquisa e viram que há 4
modelos de RSC que possuem grande representatividade nas publicações
acadêmicas. Os principais modelos selecionados foram o de Carroll (1991), Wood
(1991), Enderle e Tavis (1998) e Quazi e O’Brien (2000).
Carroll (1991) definiu RSC através da elaboração de um modelo, chamado
de a pirâmide da RSC, que pode ser vista na Figura 1.
Figura 1: Pirâmide da RSC de Carroll (1991)
Filantrópica
Ética
Legal
Econômica
Fonte: Carroll (1991)
Ser um bom cidadão corporativo
Ser ético
Cumprir as leis
Ser lucrativa
28
Como pode ser visto na Figura 1, para Carroll (1991), a RSC é composta
por quatro componentes: econômico, legal, ético e filantrópico. Para uma empresa
ser socialmente responsável, ela precisa atender a esses componentes.
O componente econômico é a base da pirâmide e diz respeito às seguintes
responsabilidades: ter um desempenho consistente maximizando os ganhos, estar
comprometido com a lucratividade, manter uma posição competitiva, manter alto
nível de eficiência operacional e ter lucros consistentes.
O componente legal diz respeito às seguintes responsabilidades: ter um
desempenho levando em consideração as leis, cumprir regulamentos federais,
estaduais e locais, ser uma empresa cidadã que respeita as leis, cumprir suas
obrigações legais, fornecer bens e serviços que, pelo menos, satisfaçam os
requisitos legais mínimos.
O componente ético diz respeito aos seguintes componentes: ter um
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desempenho consistente com as expectativas morais e éticas da sociedade,
reconhecer e respeitar novas ou atuais normas éticas e morais adotadas pela
sociedade, fazer o que é esperado moralmente e eticamente, reconhecer que a
integridade e o comportamento ético da organização vão além do mero
cumprimento das leis e regulamentos.
O componente filantrópico diz respeito às seguintes responsabilidades: ter
desempenho de forma coerente com as expectativas de caridade e filantropia da
sociedade, ter práticas voluntárias com a comunidade local, prover assistência a
instituições de ensino, assistir voluntariamente projetos que contribuam para a
qualidade de vida da comunidade, ou seja, contribuir com recursos para a
comunidade para melhorar seu bem-estar.
Os autores Ferrell et al. (2001) também consideram essas quatro dimensões
como sendo as dimensões da RSC. Esses autores também consideram que a RSC
ocorre quando a empresa busca maximizar os efeitos positivos e minimizar os
efeitos negativos gerados por ela para a sociedade.
Já o modelo de Wood (1991) aborda a RSC sob a ótica do desempenho
social e possui três dimensões, como pode ser visto no Quadro 1.
29
Quadro 1: Modelo de Wood (1991)
Modelo de Wood (1991)
Dimensão 1: Princípios de RSC
Legitimidade: Princípio institucional
Responsabilidade pública: Princípio organizacional
Arbítrio dos executivos: Princípio individual
Dimensão 2: Processos de responsividade social corporativa
Avaliação do ambiente
Gerenciamento dos stakeholders
Gerenciamento das questões
Dimensão 3: Resultados das ações de responsabilidade social
Impactos sociais (interno e externo)
Programas sociais
Políticas sociais
Fonte: Wood (1991)
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A dimensão 1 abrange os princípios da RSC. O princípio de legitimidade diz
respeito à valorização da organização pela sociedade, o que traz para a empresa
poder. O princípio de responsabilidade pública diz respeito à responsabilidade que
a empresa tem sobre seus outcomes. O princípio do arbítrio dos executivos se
refere à moral dos executivos.
A dimensão 2 abrange os processos de responsividade social corporativa. O
primeiro processo é o da avaliação do ambiente, que diz respeito à avaliação do
ambiente para estar sempre se adaptando às mudanças que ocorrem. O segundo
processo é o de gerenciamento dos stakeholders, que se refere a atender aos
diferentes públicos com que a empresa se relaciona, tanto internamente quanto
externamente. O terceiro processo é o gerenciamento das questões; significa
gerenciar os processos internos e externos da empresa para evitar “surpresas”.
A dimensão 3 abrange os resultados das ações de RSC. O primeiro resultado
são os impactos sociais que diz respeito aos impactos que a organização pode
prover para a sociedade. A empresa precisa ficar atenta aos impactos,
principalmente se eles forem negativos. O segundo resultado diz respeito aos
programas sociais que são os programas que a empresa pode investir recursos para
alcançar resultados específicos. O terceiro resultado se refere às políticas sociais,
que diz respeito ao estabelecimento de uma política social para institucionalizar os
processos socialmente responsáveis.
30
Já o modelo de Enderle e Tavis (1998) considera a RSC tendo as dimensões
econômica, social e ambiental. A dimensão econômica diz respeito a maximizar
lucros, ter produtividade, ser leal aos competidores, levar em conta os
funcionários, servir clientes, preservar a riqueza dos acionistas e respeitas
fornecedores. A dimensão social se refere ao cumprimento de leis, respeitar
patrimônio cultural, ter uma vida cultural e política, engajar em ações sociais
filantrópicas e iniciativas educacionais. A dimensão ambiental se refere ao
comprometimento com o desenvolvimento sustentável, consumindo menos
recursos naturais, por exemplo. Os autores também consideram a relação das
organizações com seus stakeholders, mostrando que a RSC está associada não só
aos acionistas, e sim a um grupo muito maior de envolvidos. Para Henriques e
Sadorsky (1999), os stakeholders são: governo, associações comerciais,
funcionários, consumidores, acionistas, fornecedores, a comunidade e os meios de
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comunicação em massa. Para Souza et al. (2003), os stakeholders são: acionistas,
fornecedores, consumidores, sociedade, comunidade local, governo, empregados e
dependentes, concorrentes e o meio ambiente. Maignan et al. (2005) cita como
sendo os stakeholders: funcionários, consumidores, investidores, fornecedores,
comunidade, grupos ambientais. A noção de stakeholders começou com Freeman
(apud JAMALI, 2008) na década de 1980.
Além das três dimensões do modelo de Enderle e Tavis (1998), os autores
também propõem que as empresas podem estar em diferentes estágios, chamados
de três níveis éticos. O nível 1 é quando a empresa cumpre os mínimos requisitos
éticos, sendo o maior objetivo o de maximização do lucro. O nível 2 é quando a
organização possui compromissos além do objetivo econômico, como exemplo
sendo a empresa provedora do bem-estar social. Nessa fase ela tem uma reação
reativa às demandas sociais. O nível 3 é quando a empresa aspira a ideais éticos,
sendo pró-ativa às demandas sociais.
Para os autores, as empresas podem ter suas ações de RSC variadas, de
acordo com a sua missão. Como a missão das empresas varia de uma para a outra,
cada uma deve achar o seu equilíbrio para ser socialmente responsável. Por
exemplo, umas empresas podem ter mais investimentos na dimensão social,
outras, mais investimentos na dimensão ambiental, dependendo dos objetivos de
cada empresa. Drucker (2001) também ressalta essa idéia dizendo que se as
31
empresas se dedicarem a ações além de sua especialização, elas poderão até se
prejudicar.
Já Quazi e O´Brien (2000) propõem um modelo de RSC que pode ser visto
na Figura 2.
Figura 2- Modelo de Quazi e O’Brien (2000)
Benefícios de
ações de RSC
Visão
Moderna
Visão Sócioeconômica
Responsabilidade
Restrita
Responsabilidade
Ampla
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Visão
Filantrópica
Visão
Clássica
Custos de ações
de RSC
Fonte: Quazi e O’Brien (2000)
Para os autores as ações de RSC podem ser amplas ou restritas. São amplas
quando se tratam de um envolvimento em atividades além da visão clássica e
econômica. São restritas quando se tratam somente de uma visão de maximização
de lucros. O modelo possui quatro quadrantes: visão clássica, visão sócioeconômica, visão filantrópica e visão moderna.
A visão clássica diz respeito à maximização dos lucros para os acionistas.
Ela enxerga ações sociais como sendo custos para a organização. A visão sócioeconômica aceita um pouco de RSC que pode trazer benefícios para a
organização, como exemplo, construir bom relacionamento com clientes e
fornecedores. A visão filantrópica diz respeito à participação em ações de
caridade como resultado de sentimentos éticos e altruístas de fazer o bem para a
sociedade. A visão moderna fala que ações de RSC geram benefícios para a
empresa no curto prazo e no longo prazo e também inclui que a empresa precisa
estar atenta aos stakeholders.
Esse modelo dos autores permite ver em que nível a determinada empresa
está, ou seja, em qual quadrante ela se encontra.
32
Sen e Bhattacharya (2001) também levam em conta que os conceitos de
responsabilidade social corporativa podem variar desde aqueles estritamente
econômicos, como no caso a visão econômica, até o caso das empresas
socialmente pró-ativas, que seria a visão moderna.
Posteriormente, Pereira e Campos Filho (2007) fizeram uma proposta de um
modelo de RSC baseado nos modelos de Carroll (1991), Wood (1991), Enderle e
Tavis (1998) e Quazi e O’Brien (2000). O modelo possui três dimensões: a
econômica, a institucional e a ética. A dimensão econômica diz respeito à
maximização dos lucros para os acionistas, obedecendo às leis e visando a
sustentabilidade dos negócios. A dimensão institucional corresponde a ações
sociais e responsabilidade sobre tomadas de decisão, que podem beneficiar os
envolvidos e a empresa. A dimensão ética se refere às obrigações éticas das
organizações, ter padrões e ideais éticos. Portanto, é importante ressaltar que
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obedecer às leis e ter lucros não é mais suficiente. É preciso fazer mais para ser
uma empresa socialmente responsável.
Jamali e Mirshak (2007) também fizeram uma proposta de um novo
modelo, baseando-se nos modelos de Carroll (1991) e Wood (1991). O novo
modelo proposto diz que a RSC possui quatro dimensões: econômica, ética, legal
e filantrópica, conforme Carroll (1991). Cada uma dessas dimensões possui os
princípios da RSC, os processos de responsividade e resultados das ações de RSC,
conforme proposto por Wood (1991).
Há muitos outros conceitos de RSC, além desses modelos já descritos.
Os autores Maignan e Ferrell (2004) consideram a RSC tendo múltiplas
abordagens. São elas: obrigação social (linhas de ação coerentes com a missão e
valores da empresa), obrigação para com os stakeholders (aqueles que estão direta
ou indiretamente ligados à empresa), ética (ações movidas pela ética) e processo
gerencial (gerenciamento necessário para o negócio).
Para os autores Mohr et al. (2001), a RSC é um comprometimento da
empresa em reduzir ou eliminar os impactos negativos e aumentar os impactos
positivos, ou seja, aumentar os benefícios para a sociedade a longo prazo. Os
autores dão exemplos de como as empresas podem atuar de forma socialmente
responsável: obedecendo a leis e normas éticas, tratando bem seus funcionários,
protegendo o meio ambiente e contribuindo com caridades.
33
McWilliams e Siegel (2001), ao definirem a RSC, falam que as empresas
devem tratar as decisões de RSC como elas tratam as outras decisões de
investimento. E definem a RSC como sendo as ações sociais, que vão além dos
interesses da organização e do que é exigido pela lei. Ou seja, para os autores, isso
significa ir além da obediência à lei. Portanto, uma empresa que não discrimina a
mulher, por exemplo, não pode se dizer socialmente responsável, pois ela está
apenas cumprindo a lei. Bakker et al. (2005) e Wadman et al. (2006) também
seguem a definição de McWilliams e Siegel (2001).
Daft (1999) também segue a linha de McWilliams e Siegel (2001) e diz que
a RSC não se restringe exclusivamente à geração de lucro e riqueza. É preciso que
as organizações desdobrem suas ações no âmbito social, para dessa forma
contribuir para a qualidade de vida da sociedade e da própria organização.
Frederick (1994) também baseiam a sua definição de RSC no âmbito de que as
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empresas devem trabalhar de forma a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar
da sociedade.
Já para Macedo-Soares e Coutinho (2002), a RSC diz respeito à atuação da
empresa levando em consideração os públicos interno e externo. Atuando dessa
forma, a empresa poderá ter uma fonte de vantagem competitiva.
McAlister e Ferrell (2002) falam que a empresa deve ter uma sinergia no
uso de suas competências organizacionais e seus recursos para alcançar os
interesses dos stakeholders e alcançar ambos os benefícios para a organização e
sociedade. Os autores consideram que as ações sociais fazem parte da estratégia
da organização.
Melo Neto e Froes (2001) dizem que a RSC pode ter de 3 estágios: interno
(prezando a saúde e segurança dos empregados, a qualidade do ambiente da
empresa, educação dos funcionários, benefícios aos familiares, ou seja, foco nos
funcionários), externo (ações responsáveis pelo meio ambiente, sociedade –
comunidade ao redor – e consumidores) e o terceiro estágio diz respeito a uma
RSC sendo a empresa uma empresa cidadã, provendo o bem estar da sociedade, o
desenvolvimento social da comunidade e promovendo ações sociais, ou seja,
ultrapassa a visão somente da comunidade local. Um exemplo seria a criação de
uma escola. Para os autores a empresa é cidadã quando realiza ações internas e
externas de responsabilidade social, atuando para atenuar as carências da
sociedade. Mohr e Webb (2005) também falam dessa terceira dimensão onde a
34
empresa realiza ações voltadas para o ambiente, como exemplo ações de
preservação ambiental.
Além disso, Melo Neto e Froes (2001) chamam a atenção para que não se
confunda a filantropia com a RSC. A filantropia é apenas uma dimensão da RSC.
A RSC é mais do que uma simples filantropia, pois diz respeito a uma consciência
social e não somente a uma caridade. A RSC requer ações planejadas e
estratégicas (DUFLOTH e BELLUMAT, 2005). Passador (2002), assim como
Melo Neto e Froes (2001) fala que não adianta a empresa somente financiar
projetos filantrópicos, é preciso ter uma atitude global, socialmente responsável e
ética em todas as suas relações.
Melo Neto e Froes (1999) também ressaltam que as empresas que possuem
bom desempenho nas dimensões sociais, ambientais e econômicas, estarão
contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país que atuam. E que as
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empresas devem ter um comportamento ético junto aos stakeholders: parceiros,
sociedade global, comunidade, governo, consumidores, meio ambiente e
concorrentes (MELO NETO e FROES, 2001). Eles também acrescentam que a
RSC exige a prática de ações sistematizadas e periódicas, não ações pontuais.
Deve haver um gerenciamento das empresas em relação às práticas da RSC e ela
deve ser uma ação estratégica, que pode obter retornos econômicos, tributários e
até institucional (MELO NETO e FROES, 2001).
De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a
RSC é:
“a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para
as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais”.
E os negócios se desenvolvem melhor quando são feitos de forma
socialmente responsável, pois a sociedade fica mais saudável, melhor
desenvolvida (BRONN e VRIONI, 2001). Para o Instituto Ethos, não adianta uma
empresa pagar propina, dar salários ruins para os empregados e ao mesmo tempo
desenvolver programas com a comunidade local. A empresa precisa ser
socialmente responsável internamente e externamente. E acima de tudo, ela
precisa ser ética.
35
Para Srour (1998), a empresa socialmente responsável deve realizar ações
para contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Essas ações podem ser
projetos que aumentem o bem estar, que contribuam para a preservação do meio
ambiente, que melhorem o ambiente de trabalho para os funcionários, e também
podem ser investimentos em tecnologia para melhorar processos e produtos para
assim satisfazer seus clientes.
Buchholz (1991) define a RSC, como tendo alguns elementos principais: as
empresas possuem responsabilidades que estão além de obter lucro. Essas
responsabilidades envolvem ajudar a resolver problemas sociais que a própria
empresa ajudou a criar; as empresas se relacionam com mais atores do que
somente com os investidores e as empresas causam impactos que vão além de
suas simples transações; as empresas devem ter valores que vão além de somente
ter valores econômicos.
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Segundo Souza et al. (2003), a RSC se refere às práticas que a empresa tem
para manter o equilíbrio social e preservar os valores do meio ambiente e
sociedade.
Esses
compromissos
podem
ser
compulsórios,
através
de
regulamentos, ou ser compromissos referentes aos valores da empresa,
interferindo no bem estar da sociedade, de forma ética e ambientalmente correta.
Para Fuentes-García et al. (2008), as ações de RSC são aquelas que incluem
atividades sociais e ambientais que vão além dos interesses meramente
econômicos e que quebram com a imagem de que a empresa foca somente na
geração de valor para os acionistas.
Lockett et al. (2006) fizeram uma pesquisa sobre a produção científica na
área da RSC e os autores consideraram que a RSC possui quatro dimensões: ética
nos
negócios,
responsabilidade
ambiental,
responsabilidade
social
e
responsabilidade para com os stakeholders.
De acordo com Ashley (2002, p. 6), a RSC é definida da seguinte forma:
“compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade,
expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo
amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente
e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua
prestação de contas para com ela. A organização, nesse sentido, assume
obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não
diretamente vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o
desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida,
responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a
melhoria da qualidade de vida da sociedade”.
36
A autora ainda cita os autores Melo Neto e Froes (1999) ao dizer que a RSC
engloba o público interno e externo (atuando nas duas vertentes, a empresa será
uma empresa cidadã) e cita também que a RSC possui sete vetores:
•
Vetor 1: Apoio ao desenvolvimento da comunidade na qual atua
•
Vetor 2: Preservação do meio ambiente
•
Vetor 3: Investimento no bem-estar dos funcionários e dependentes e em
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um ambiente de trabalho agradável
•
Vetor 4: Comunicações transparentes
•
Vetor 5: Retorno aos acionistas
•
Vetor 6: Sinergia com os parceiros
•
Vetor 7: Satisfação de clientes e consumidores
Para Ashley (2002) a RSC é vista hoje como algo incorporado à estratégia
da empresa e é fundamental para incrementar os lucros e o desenvolvimento da
empresa. Portanto, a RSC alia a estratégia a ações sociais para garantir o lucro e
também a satisfação dos clientes e sociedade.
De acordo com Gonçalves (1984) o ideal é que as empresas maximizem seu
resultado econômico e social, sendo assim ela atua nesses dois campos de forma a
ter um bom desempenho.
Como pôde ser visto há inúmeras definições sobre o que é RSC, o que
mostra que ainda é um conceito em construção, o que vem provocando discussões
e reflexões sobre o assunto (ASHLEY et al., 2000; ASHLEY, 2002; BAKKER et
al., 2005; ASHLEY et al., 2006; MCWILLIAMS et al., 2006). Para Pereira e
Campos Filho (2006), essas divergências entre conceitos são amplas e só há um
consenso quando se trata do assunto de que as empresas deveriam ser socialmente
responsáveis.
2.1.1.3.
Síntese dos principais conceitos de RSC
Esta seção mostra uma síntese dos principais conceitos de RSC e estes são
os conceitos em que esta dissertação se baseia. Foram escolhidos os quatro
conceitos de autores internacionais que, segundo Pereira e Campos Filho (2006),
37
são os mais citados. Também foram escolhidos dois conceitos de autores
nacionais, pois são conceitos muito citados em artigos brasileiros. Os autores
internacionais são: Carroll (1991), Wood (1991), Enderle e Tavis (1998) e Quazi e
O´Brien (2000). Os autores nacionais são: Melo Neto e Froes (1999), Melo Neto e
Froes (2001) e Ashley (2002).
Tabela 1: Síntese dos conceitos de RSC
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Autores:
Principais pontos dos conceitos de RSC
Melo Neto e
•
Engloba o público interno e externo
Froes (1999) e
•
Dimensões sociais, ambientais e econômicas
Melo Neto e
•
Ética
Froes (2001)
•
Filantropia não é o bastante; ações continuadas
•
RSC deve fazer parte da estratégia da empresa
•
Atender aos stakeholders
•
Dimensões sociais, ambientais e econômicas
•
Contribuição para melhoria da qualidade de vida da
Ashley (2002)
sociedade
•
Apoio ao desenvolvimento da comunidade em que atua
•
Engloba
o
público
interno
(funcionários
dependentes)
•
Transparência
•
Sinergia com os parceiros
•
Satisfação de clientes e consumidores
•
Atender aos stakeholders
Carroll (1991)
•
Dimensões: econômica, legal, ética e filantrópica
Wood (1991)
•
Atender aos stakeholders
•
Moral dos executivos
•
Preocupação com os impactos da empresa
•
Programas sociais
•
Políticas sociais na empresa
•
Valorização da organização pela sociedade
•
Dimensões: econômica, social e ambiental
•
Atender aos stakeholders
Enderle
Tavis (1998)
e
e
38
•
Existência de diferentes estágios para prática da RSC
(três estágios)
•
Os investimentos em RSC variam e dependem dos
objetivos de cada empresa
•
Visão clássica: maximização dos lucros
O´Brien
•
Visão sócio-econômica: só um pouco de RSC
(2000)
•
Visão filantrópica: ações altruístas para o bem estar da
Quazi
e
sociedade
•
Visão moderna: atender aos stakeholders; RSC gera
benefícios para a empresa
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2.1.1.4.
A RSC no Brasil
O tema RSC vem sendo muito discutido tanto na academia quanto no meio
empresarial. Muitos estudos têm sido feitos para analisar os impactos da RSC no
mundo, analisar as vantagens da RSC, dentre outros fatores.
Bonatto et al. (2007) citam uma pesquisa realizada pela IBM, que mostrou
como resultado que 75% das pessoas entrevistadas disseram que uma empresa
socialmente responsável atrai e retém talentos. Outra pesquisa, desta vez feita por
outra empresa, revelou que 83% dos estudantes de MBA (que trabalham)
escolheriam uma empresa que tivesse maior nível de RSC e 50% desses
estudantes relataram que trabalhariam numa empresa socialmente responsável por
um salário um pouco inferior.
Por outro lado, há pesquisas que mostram o contrário. Um estudo feito com
estudantes de graduação mostrou que seu comportamento em relação à RSC é
ambíguo e contraditório. O estudo alertou para a necessidade de inserir o tema na
graduação (MEDEIROS et al., 2007). E também, estudos apontam que os atuais
gestores valorizam mais a RSC que os alunos da graduação, que serão futuros
gestores (SERPA, 2005). Pode ser que os estudantes por não terem muito contato
com o tema RSC não saibam da sua importância no mundo dos negócios e quando
se tornam trabalhadores nas empresas, passem a valorizar o tema. Xavier et al.
(2006) também chamaram essa atenção para o ensino da ética nas universidades.
Weaver et al. (1999) também abordam a importância de se ter gestores éticos para
39
atuar nas empresas. Os autores falam que os gestores são fundamentais na
integração da empresa com atividades responsáveis.
Há também pesquisas com empresas, mostrando a importância que elas dão
à atuação social, como é o exemplo da pesquisa realizada pelo Serviço Nacional
do Comércio (Senac) de São Paulo, que mostrou que as principais razões para o
investimento em RSC das empresas se devem à consciência e cidadania
empresarial, à visão e missão do negócio e o sentimento de que a organização é
uma extensão da comunidade, sendo capaz de impactar sua qualidade de vida.
Esta pesquisa também revelou que quase metade das empresas pesquisadas realiza
investimentos em ações sociais com parcerias, como escolas e instituições sociais
(ASHLEY, 2002).
Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
mostrou que de 782 mil empresas no Brasil, 462 mil investem de alguma forma na
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área social, sendo que este investimento nas ações sociais é feito habitualmente
por dois terços destas organizações (BORINI, 2004).
Outra pesquisa feita pelo IPEA mostrou que 67% das empresas que estão na
região sudeste do país praticaram ações sociais em 1998 nas áreas da saúde,
educação e lazer. Também foi observado que há uma relação entre a prática social
e o tamanho das empresas, pois 62% eram microempresas, 76% eram pequenas
empresas, 75% eram médias empresas e 95% eram grandes empresas
(PASSADOR, 2002). A pesquisa também evidenciou que 49% das grandes
empresas da região sudeste têm intenção de aumentar as suas ações sociais
(TENÓRIO, 2006).
Uma outra pesquisa realizada pela Associação dos Dirigentes de Vendas do
Brasil mostrou que as ações sociais das empresas são destinadas principalmente
para as áreas de educação, saúde, meio ambiente, cultura e qualificação
profissional, respectivamente (MELO NETO e FROES, 2001).
Além desses estudos que mostram o crescimento das empresas brasileiras na
prática da RSC, outros fatores também podem evidenciar essa valorização da RSC
no país. Um exemplo é a criação de diversas instituições, fundações e
organizações com objetivo de debater e implementar projetos de RSC (ASHLEY,
2002). Um dos institutos criados foi o Instituto Ethos de Responsabilidade Social,
fundado em 1998 (BERNARDO et al., 2005). Segundo Costa e Carvalho (2004),
o Instituto Ethos é uma associação de empresas do setor privado com interesse no
40
desenvolvimento de práticas de RSC. A missão do Instituto Ethos é disseminar as
práticas de RSC e auxiliar as organizações a incorporar o conceito de RSC,
implementar práticas socialmente responsáveis, considerar os stakeholders,
demonstrar aos acionistas os benefícios que as ações de RSC trazem para as
empresas, fomentar parcerias para a prática da RSC e contribuir para o
desenvolvimento do país, levando em conta os aspectos sociais, ambientais e
econômico.
Outro instituto criado foi a Associação Brasileira dos Fabricantes de
Brinquedos – ABRINQ – que foi formada em 1989 para defender os direitos das
crianças e se engajar nas práticas sociais (GRIESSE, 2007). Este instituto foi
criado por um grupo de empresários, cujo chairman era Oded Grajew, expresidente da Grow. Hoje, a ABRINQ é reconhecida internacionalmente por sua
expertise em questões relacionadas a crianças e por seu empreendedorismo social.
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A ABRINQ já respondeu por necessidades de mais de um milhão de crianças de
1990 a 2003 e, hoje, ela possui 78 funcionários e mais de 100 parceiros
(RAUFFLET e AMARAL, 2007).
Outro fator que também pode evidenciar a valorização da RSC no Brasil é a
publicação de relatórios sociais. Esses relatórios são instrumentos que divulgam
as informações sociais das empresas. Para Snider et al. (2003), os relatórios são
uma forma de você divulgar as informações sociais para os stakeholders. Não são
obrigatórios no Brasil, contudo muitas empresas os estão publicando. Esses
relatórios também têm sido amplamente divulgados em outros países
(FORTANIER e KOLK, 2007). E estão sendo divulgados não só por grandes
empresas, mas por pequenas empresas também (PARSA e KOUHY, 2008).
Segundo Quaak et al. (2007), os relatórios são importantes para que a empresa
tenha transparência. Alguns exemplos de instrumentos são:
•
Global Reporting Initiative (GRI): relatório de sustentabilidade que leva
em conta os resultados sociais, econômicos e ambientais. Ele representa
referência mundial. No Brasil, há empresas que utilizam esse relatório,
como Petrobrás, Natura, CPFL, Souza Cruz, McDonald’s e Usiminas
(RODRIGUES, 2005).
41
•
Dow Jones Sustainability (DJSI): índice mundial de ações composto por
empresas sustentáveis. As empresas são selecionadas para compor o índice
através do enquadramento dentro de dimensões econômicas, sociais e
ambientais. (TUNG, 2005) Há empresas brasileiras que compõem o
índice, como o Itaú, Cemig e Itaúsa (RODRIGUES, 2005). No Brasil, há o
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, que é
semelhante ao DJSI (GONÇALVES ET AL., 2007).
•
ISO: a ISO 14000 é voltada para a gestão do meio ambiente. Para receber
essa certificação, as empresas são auditadas. Há discussão para o
lançamento da ISO 26000, que será em prol da RSC (RODRIGUES,
2005). Nos EUA, por exemplo, há uma grande pressão para que as
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empresas que vendem madeira tenham certificações de que a madeira é de
uma empresa correta (VLOSKY et al., 1999).
•
Balanço Social: criado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas – IBASE. É um relatório com indicadores sociais,
econômicos e ambientais (DIAS et al., 2006). Muitas empresas publicam
esse relatório no Brasil, cerca de 260 organizações (RODRIGUES, 2005).
•
Indicadores Ethos: criados pelo Instituto Ethos, são indicadores de RSC.
Cerca de 323 empresas responderam aos indicadores no ano de 2003
(RODRIGUES, 2005). Esses indicadores abrangem as dimensões:
transparência e valores da empresa, meio ambiente, funcionários,
fornecedores,
comunidade,
consumidores,
sociedade
e
governo
(TENÓRIO, 2006).
Oliveira (2003) realizou uma pesquisa com as 500 maiores empresas S.A.
não-financeiras do Brasil, para analisar como elas estão divulgando esses
relatórios sociais. Os resultados apontaram que quanto maior a empresa, mais se
publica relatórios sociais. As maiores empresas brasileiras divulgam seus
relatórios sociais em número semelhante ao das maiores empresas internacionais e
42
as empresas que mais publicam relatórios sociais atuam em áreas que causam
grandes impactos ambientais e sociais.
Esta divulgação dos relatórios sociais pode ser vista como uma prestação de
contas à sociedade, representando também uma grande transparência vindo das
empresas (GONÇALVES et al., 2007). Pesquisas apontam indícios de que a
divulgação de relatórios sociais pode ser uma ferramenta de construção de
imagem da empresa (SIQUEIRA et al., 2006). Além disso, esses relatórios têm
sido publicados em muitas empresas do mundo (SCHERER e PALAZZO, 2007).
Estudos mostram que com a divulgação das ações sociais das empresas, seja
através de relatórios sociais ou até nos seus próprios websites, a empresa pode
gerar uma melhor imagem na mente dos consumidores, tendo então vantagem
competitiva. Porém há estudo que mostra que as empresas brasileiras não têm
divulgado muito suas informações em websites, por exemplo (SOUSA FILHO e
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WANDERLEY, 2006). Isso se mostra um erro, visto que muitas pessoas preferem
companhias com uma reputação socialmente responsável (CASTRO et al., 2007),
portanto, é interessante essa divulgação. Há estudos que mostram a importância
das causas sociais para a imagem da empresa (YOON e GÜRHAN-CANLI,
2003). Há estudos que falam que as empresas devem saber qual o melhor meio de
comunicação para divulgar suas ações sociais, para conseguir gerar uma imagem
positiva (SWAEN e VANHAMME, 2005). Para Melo Neto e Froes (1999), as
empresas socialmente responsáveis conquistam um fortalecimento da sua
imagem, conquistam novos clientes, obtém reconhecimento público e maior apoio
dos seus funcionários.
Conforme dito no parágrafo anterior, as empresas podem obter, a partir da
RSC, uma melhoria na sua imagem corporativa (BRAMMER e PAVELIN, 2006),
reputação (DECKOP et al., 2006) e uma vantagem competitiva, porém há também
outros ganhos: ambiente de trabalho saudável, fidelidade de clientes, mais
investidores e abatimentos percentuais no imposto de renda (BARBOSA, 2007).
Isso mostra que a RSC é mais do que um modismo, é uma vantagem para as
empresas (GARAY, 2006).
Além disso, há pesquisas internacionais que mostram que pode haver efeitos
positivos entre RSC e desempenho financeiro (MCGUIRE et al., 1988; PAVA e
KRAUSZ, 1996; JONES e MURRELL, 2001; ROBERTS e DOWLING, 2002;
SIMPSON e KOHERS, 2002; GOLL e RASHEED, 2004; GODFREY, 2005).
43
Entretanto, a pesquisa dos brasileiros Barbosa e Lemme (2007) mostrou que não
foi possível provar tal relação. McWilliams e Siegel (2000) afirmam que nos
diversos estudos sobre correlação entre RSC e desempenho financeiro há uma
variedade nos resultados. Barnett (2007) e Mackey et al. (2007) falam que os
efeitos da RSC no desempenho financeiro variam entre empresas e ao longo do
tempo. É difícil desenvolver instrumentos para medir o desempenho social das
empresas (MATTINGLY e BERMAN, 2006).
Tenório (2006) aborda em seu livro que a empresa socialmente responsável,
mesmo tendo investimentos e custos maiores, tem sucesso a longo prazo, pois
essas ações sociais são muito importantes para o negócio da empresa, já que pode
minimizar o risco de greves, vinculação da imagem da empresa a questões
negativas, dentre outros riscos, o que mostra que o investimento em RSC é
justificável em termos financeiros.
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Outro assunto que é interessante ressaltar é que no Brasil a RSC ocorreu em
três ondas, de acordo com Schommer e Rocha (2007). Para eles, a primeira onda
foi a onda da filantropia, onde as empresas brasileiras somente realizavam ações
filantrópicas que eram desvinculadas do negócio da empresa. Eram feitas só por
caridade e atendia a demandas emergenciais. A segunda onda foi do investimento
social privado, tendo o repasse dos recursos de uma forma mais planejada. A
terceira onda foi quando a RSC passou a ser considerada como estratégia da
gestão, relacionada ao negócio da empresa. A RSC passou a ser considerada como
um processo contínuo de reflexão sobre a ética e o melhoramento das ações. Pena
(2003) também descreve essas ondas da RSC no Brasil. Lantos (2002) defende
que a RSC deve fazer parte da estratégia da empresa, o que caracteriza a terceira
onda como sendo importante para as empresas.
Com isso, pode ser observado que a RSC está crescendo no Brasil, sendo
então importante saber como esse tema está sendo abordado no ensino da
graduação de Administração, já que esse curso forma futuros gestores que irão
atuar em empresas.
44
2.1.2.
Ensino em administração e a responsabilidade social
Não são somente as empresas que estão adotando práticas de RSC, há
universidades que também estão adotando essa postura (ATAKAN e EKER,
2007).
Além de adotar práticas de RSC, as universidades também estão sendo alvos
de discussões sobre o ensino de RSC. Isso ocorre, pois foram notados
comportamentos antiéticos nos negócios e por trás dessas ações irresponsáveis
estão gestores que pertenceram a uma universidade de Administração (URDAN e
HUERTAS, 2004; MEDEIROS et al., 2007). Com isso, as escolas de negócio
passam a ser questionadas em relação ao ensino da RSC, visto que os
comportamentos antiéticos observados em grandes escândalos corporativos
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geraram uma desconfiança da sociedade em relação às organizações (MEDEIROS
et al., 2007).
Urdan e Huertas (2004) defendem que a educação é uma solução para evitar
essas ações antiéticas, já que a educação possui um papel fundamental na
formação dos indivíduos. Gonçalves-Dias et al. (2006) também falam da
importância da educação e acrescentam que é importante que os educadores
capacitem os alunos de Administração não só a atingir um bom desempenho
empresarial, mas também a reduzir os problemas sócio-ambientais.
Canopf e Passador (2004) também relatam que a universidade de
Administração deve assumir o papel fundamental de proporcionar ao aluno uma
formação que contemple aspectos de RSC, já que esses alunos irão ocupar cargos
em empresas e irão enfrentar situações que envolvam, por exemplo, aspectos
éticos ou aspectos de conciliação de interesses organizacionais e sociais. Ou seja,
é importante que as universidades de Administração preparem os alunos para que,
nas organizações, eles estejam aptos a lidar com a RSC.
Araújo e Lacerda (2002) falam que a instituição de educação superior deve
estimular o conhecimento dos problemas do mundo, o que é mais um motivo para
que as universidades ensinem RSC, já que ela faz parte do atual cotidiano das
organizações e dos debates mundiais. Araújo e Correia (2001) relatam que a
capacitação do aluno de graduação ocorre através da assimilação dos conteúdos
das disciplinas do curso. Essa assimilação faz com que ele atue no mercado
45
corretamente. Com isso, mostra-se mais um motivo para o ensino da RSC na
graduação.
Há algumas pesquisas que mostram a RSC sob o ponto de vista dos
estudantes de graduação. Esses estudos podem trazer algumas evidências de como
está o ensino da RSC nas universidades. Romaniello e Amâncio (2005) fizeram
uma pesquisa mostrando que os estudantes de administração julgam que é
importante que a empresa pratique a RSC e Garay (2006) mostrou que os
estudantes valorizam as empresas socialmente responsáveis para se trabalhar.
Serpa e Avila (2006) estudaram os efeitos da RSC no benefício percebido pelo
consumidor e na intenção de compra. Os sujeitos da pesquisa eram estudantes de
administração. Os resultados mostraram que os entrevistados perceberam um
benefício adicional dos produtos de empresas socialmente responsáveis. Porém,
Serpa (2005) também fez um estudo com futuros e atuais gestores para investigar
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se havia diferença na valorização da RSC nas práticas empresariais e os resultados
mostraram que os atuais gestores valorizam mais o papel da RSC do que os
estudantes de Administração. Esse estudo pode apontar para a necessidade de
mostrar a importância da RSC para os estudantes.
Com isso, é importante saber se a RSC está constando no ensino de
Administração para os alunos, pois é um tema muito importante. Há autores que
pesquisam sobre isso. Muijen (2004) fala que a RSC começa na universidade e
defende a idéia de que a universidade deve ensinar RSC para os alunos da
graduação.
Souza et al. (2003) falam que, de acordo com as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o curso de Administração, dentre as competências e habilidades
requeridas no curso, há a necessidade de se passar a consciência da qualidade e
das implicações éticas do exercício profissional, o que mostra uma abertura para o
ensino da RSC. E, em relação aos conteúdos curriculares, apresenta-se uma
preocupação com o ambiente e as relações entre organização e realidade social.
Canopf e Passador (2004) também relatam que, de acordo com as Diretrizes
Curriculares Nacionais, a preocupação com as questões sociais precisa estar
presente no meio acadêmico e a universidade deve buscar formar profissionais
capazes de corresponder às expectativas da sociedade.
Com toda essa preocupação, há pesquisas internacionais sobre o ensino da
RSC em Administração (HAZEN et al., 2004; MATTEN e MOON, 2004;
46
MUIJEN, 2004; CHRISTENSEN et al., 2007). Também há muitas pesquisas
sobre o ensino da ética em Administração, que segundo Carroll (1991) é uma
dimensão da RSC (OWENS, 1998; POLONSKY, 1998; SEXTY, 1998; CRANE e
MATTEN, 2004; HARTOG e FRAME, 2004; MACFARLANE e OTTEWILL,
2004; MCDONALD, 2004; MOORE, 2004; SIMS, 2004; CORNELIUS et al.,
2007).
No Brasil, também há pesquisas sobre o ensino da ética nas universidades.
Oliveira e Moreira (2002) estudaram se algumas universidades da cidade de São
Paulo estão abordando a ética no ensino. Os resultados mostraram que existe uma
preocupação das instituições de ensino em abordar este assunto. Xavier et al.
(2006) fizeram um estudo para investigar a percepção de ética dos alunos de
Administração em uma faculdade particular da cidade de Fortaleza. Como
conclusão, os autores alertaram para a necessidade de um maior esforço para
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formar profissionais conscientes em relação à ética. Fourneau e Serpa (2006)
fizeram uma pesquisa sobre a percepção e opiniões dos alunos sobre o ensino da
ética. O estudo foi feito com alunos de uma faculdade particular no Rio de Janeiro
e mostrou que os alunos acham importante o ensino da ética, mas houve críticas
em relação ao ensino da ética que é dado atualmente. Os alunos acham que o tema
deve ser mais abordado na universidade. Há estudos que defendem o ensino da
ética nos cursos de Administração (GIMENES et al., 2003; MATTOS et al., 2003;
SERTEK e REIS, 2003; STACHELSKI et al., 2003).
Há também pesquisas nacionais que falam da importância da abordagem do
meio ambiente no ensino de Administração e, de acordo com Enderle e Tavis
(1998), a dimensão ambiental é uma das dimensões da RSC. Lemme (2001)
pesquisou o ensino e pesquisa de pós-graduação de uma universidade de
Administração e verificou que os professores e pesquisadores da área não estavam
em sintonia com algumas das preocupações da sociedade, já que de 1996 a 1999
não houve muito interesse no tema de gestão ambiental. Há estudos que defendem
o ensino da gestão ambiental no curso de Administração (BONILLA, 2002;
PEREIRA, 2002; GONÇALVES-DIAS et al., 2006).
Em relação a pesquisas sobre o ensino da RSC, Pessoa et al. (2005)
defendem a integração do aluno de administração com a questão da RSC e que as
universidades devem prover isso. Alves e Melo (2000) também alertaram para a
necessidade de se formar administradores que conhecessem o terceiro setor, para
47
melhor atuar nele. Silva (2006) mostrou em seu artigo que uma faculdade de
Administração buscou integrar os alunos com atividades de trabalho voluntário,
para transmitir-lhes uma visão sobre a importância das ações sociais. Canopf e
Passador (2004) fizeram um estudo com quatro universidades de Administração
do Paraná para investigar o ensino da RSC e os resultados mostraram que as
universidades tendem a formar profissionais que visem mais o lucro para as
empresas. Os autores levantam a discussão para mais inserções da RSC nos
projetos pedagógicos. Medeiros et al. (2007) estudam a RSC na perspectiva do
estudante de Administração na cidade de Uberlândia. Os resultados mostram que
há ambigüidades e contradições no comportamento dos estudantes em relação à
RSC, pois eles dizem que a RSC é importante, mas não se comportam no dia a dia
de acordo com isso. Isso mostra que eles consideram a RSC uma exigência da
sociedade, mas uma sociedade da qual eles se excluem, já que eles orientam a
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escolha deles na compra de um produto, por exemplo, de acordo com preço,
qualidade e marca, e não de acordo com a RSC, mas acham que a RSC é
importante. Esse estudo sugeriu para futuras pesquisas investigar como as
faculdades de Administração estão abordando o tema RSC no ensino.
3
Metodologia
O presente capítulo descreve a metodologia utilizada pela pesquisa e aborda
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os seguintes pontos:
•
A questão da pesquisa
•
O tipo da pesquisa e metodologia utilizada
•
A coleta dos dados e tratamento dos dados
•
As limitações do método
3.1.
A questão da pesquisa
A presente dissertação de mestrado tem por objetivo responder a seguinte
pergunta de pesquisa:
Qual a visão dos estudantes que se formam em Administração sobre o tema
Responsabilidade Social e também a visão sobre como o tema é abordado no
curso?
3.2.
O tipo de pesquisa e a metodologia utilizada
A presente dissertação de mestrado caracteriza-se como um estudo
exploratório, visto que visa “proporcionar maior familiaridade com a questão o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL,
1987, p. 41). Segundo Gil (1987), o estudo exploratório aprimora as idéias ou
descobre intuições. Geralmente, o estudo é exploratório quando há pouco
conhecimento sobre o tema a ser abordado (AAKER et al., 2004), que é o caso
desta dissertação.
49
O presente estudo também se caracteriza como uma pesquisa descritiva,
pois tem o objetivo descrever um determinado fenômeno (GIL, 1987),
descrevendo as respostas dos entrevistados.
Sendo uma pesquisa exploratória e descritiva, a metodologia utilizada foi a
pesquisa qualitativa, que, de acordo com Levy (2005), é uma metodologia que
vem sendo adotada crescentemente por diversos autores.
O propósito desta metodologia é explorar o subjetivo e pessoal do
entrevistado na sua experiência vivida, que será expressada de forma descritiva.
Geralmente, a pesquisa qualitativa tem a vantagem de provocar sugestões para
futuros estudos que foram geradas ao longo do andamento da pesquisa. (KATES,
1998). De acordo com Gephart (2004), a pesquisa qualitativa fornece uma
narrativa da visão da realidade dos indivíduos, sendo altamente descritiva. Ela
ainda dá uma ênfase aos detalhes situacionais, permitindo uma boa descrição dos
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processos (GEPHART, 2004).
Segundo Fraser e Gondim (2004, p. 8):
“na abordagem qualitativa, o que se pretende, além de conhecer as opiniões
das pessoas sobre determinado tema, é entender as motivações, os
significados e os valores que sustentam as opiniões e as visões de mundo.
Em outras palavras é dar voz ao outro e compreender de que perspectiva ele
fala”.
A pesquisa qualitativa é importante para a Administração, pois fornece
insights que são difíceis de serem obtidos em uma pesquisa quantitativa
(GEPHART, 2004; SHAH e CORLEY, 2006). Além disso, a pesquisa qualitativa
pode fornecer bases para compreender processos de gestão e pode humanizar a
pesquisa realçando as interações humanas e os significados do fenômeno
(GEPHART, 2004). Segundo Hanson e Grimmer (2007), a pesquisa qualitativa,
além da habilidade de fornecer insights fornece um entendimento mais profundo
sobre o que está sendo explorado. Goldman e Mac Donald (1987) apud Casotti
(1999) relatam que a metodologia qualitativa produz evidências com maior
validade do que os questionários, já que possibilita o aparecimento de dados
imprevistos ao longo da pesquisa que os questionários não possibilitam.
Um outro aspecto que Goldman e Mac Donald (1987) apud Casotti (1999)
abordam é a interação entre pesquisador e pesquisado que permite maior
flexibilidade, favorecendo a pesquisa.
50
3.3.
A coleta e o tratamento dos dados
A coleta de dados foi feita em duas etapas. A primeira etapa abrangeu uma
pesquisa na Internet sobre as disciplinas contidas nas faculdades de Administração
pesquisadas, para investigar as ementas das disciplinas e se há disciplinas
exclusivas para este tema. A segunda etapa foi feita através da entrevista em
profundidade guiada por um roteiro de perguntas abertas, que está reproduzido no
anexo 1.
Segundo Gephart (2004), entrevistas são métodos qualitativos que
apresentam uma interação face a face, onde os pesquisadores fazem perguntas
para os entrevistados responderem. Nas entrevistas, os entrevistados respondem as
perguntas abertas, mas estruturadas, de acordo com suas experiências e narrativas
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pessoais (SHAH e CORLEY, 2006). Geralmente, as entrevistas são feitas com um
número pequeno de informantes, porém são feitas em profundidade (REMENYI
et al., 1998).
O roteiro das entrevistas foi elaborado considerando o objetivo principal e
os objetivos intermediários da pesquisa, julgados necessários para abranger toda a
questão de pesquisa. Após elaborar o roteiro de entrevistas, foi feito um pré-teste
com uma aluna de uma faculdade do penúltimo período, para saber se precisava
haver melhorias no roteiro da entrevista. A realização desse teste antes de fazer a
pesquisa de fato é sugerida por Vergara (1997), pois dessa forma, há mais chances
de melhorar o roteiro de entrevista.
A seleção dos entrevistados foi da seguinte forma: como a pesquisa foi feita
segundo a percepção dos alunos, foram escolhidos seis alunos (pertencentes ao
penúltimo ou último período da graduação em Administração ou que já haviam se
formado no primeiro semestre de 2008) de cinco faculdades das cidades do Rio de
Janeiro e Niterói, pertencentes ao estado do Rio de Janeiro, sendo 2 faculdades
públicas e 3 privadas, sendo que o objetivo não era diferenciar os resultados por
tipo de faculdade. Com isso, foram trinta alunos entrevistados no total. Foram
realizadas 30 entrevistas, sendo 6 em cada faculdade. Com essa quantidade de
entrevistas foi possível observar o fenômeno de saturação, já que os conteúdos se
tornaram repetitivos, apontando que novas entrevistas já não traziam informações
adicionais sobre o tema pesquisado.
51
O contato com os entrevistados foi feito da seguinte forma: a pesquisadora
conhecia professores e alunos das cinco universidades e pediu para que eles
indicassem alunos que se enquadrassem nos requisitos da pesquisa. Os próprios
alunos que a pesquisadora conseguia como voluntários para o estudo indicavam
amigos para participarem da entrevista até que fosse completado o número de
entrevistas requeridas.
As entrevistas foram feitas nas próprias faculdades dos alunos e foram
gravadas e, em seguida, transcritas. A própria pesquisadora realizou as entrevistas
com os alunos.
Vale ressaltar a existência de dificuldades ao longo da pesquisa. Uma das
dificuldades foi o fato de ter um público alvo com algumas limitações de
expressão. Pela idade e maturidade do público alvo, os entrevistados
apresentavam dificuldade em se expressar em certos momentos, ou até mesmo
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ficavam querendo acertar as perguntas, como se houvesse uma resposta correta
para elas. Para superar esses obstáculos, a pesquisadora informou aos
entrevistados que eles tinham tempo para pensar sobre as questões, não
precisavam responder na mesma hora, ou seja, podiam pensar um pouco que não
havia problema nenhum. Uma outra forma de superar esses obstáculos foi dizer a
eles que aquelas perguntas não representavam nenhuma prova e que eles tinham a
liberdade de responder o que eles entendiam e percebiam.
Uma outra dificuldade percebida foi a de que o aluno teria que fazer uma
avaliação da própria faculdade, pois seriam feitas perguntas em relação a isso e,
dessa forma, o entrevistado poderia tentar defender a faculdade em que
estuda/estudou. Esse obstáculo foi superado informando aos alunos que nem eles
nem as faculdades seriam identificadas no estudo.
O tratamento dos dados foi feito através da leitura e interpretação das
entrevistas que foram transcritas. As etapas do tratamento dos dados foram as
seguintes:
•
Transcrições das entrevistas;
•
Separação das entrevistas por universidade;
•
Identificação das universidades e entrevistados por códigos: Foram cinco
faculdades presentes na pesquisa e que foram identificadas pelas letras A,
B, C, D e E, sendo as faculdades A e B públicas e C, D e E privadas. Os
52
alunos entrevistados foram identificados como A1, A2, B1, B2, e assim
por diante.
•
Realização de um resumo sobre os dados demográficos de cada
entrevistado;
•
Leitura das entrevistas para melhor se familiarizar com os dados, ver qual
seria a melhor forma de interpretá-los e perceber quais eram os pontos
principais de cada tópico da pesquisa;
•
Elaboração de um resumo de cada entrevista para melhor entender cada
entrevistado;
•
Agrupamento dos dados obtidos de acordo com os objetivos
intermediários, para estruturar a análise dos dados;
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•
Interpretação dos dados das entrevistas.
3.4.
Limitações do método
Uma das limitações da pesquisa qualitativa é que não há crédito quanto a
sua generalização (KATES, 1998), ou seja, é preciso tomar cuidado com as
generalizações desse tipo de pesquisa, pois esta é limitada ao grupo dos
entrevistados.
Uma outra limitação é dada por Creswell (2003), que diz que há a
possibilidade de haver o viés do pesquisador, isto é, como o pesquisador interpreta
os dados, é provável que ele interprete de acordo com seu olhar pessoal,
influenciando então a interpretação dos dados. Buscou-se superar essa limitação
da subjetividade, focando o discurso dos entrevistados, as frases ditas por eles.
Por isso, foram utilizadas as citações das transcrições das entrevistas para
demonstrar as análises.
Uma outra limitação é que os próprios entrevistados podem ter dado
respostas enviesadas, pois como eles sabem qual o objetivo do estudo, eles podem
querer prezar pela faculdade que eles estudam e dar respostas consideradas por ele
“corretas”. Como dito anteriormente, procurou-se minimizar esse possível viés
deixando claro que as instituições de ensino não seriam identificadas e que os
respondentes permaneceriam anônimos.
4
Análise dos resultados
No presente capítulo é apresentada a análise dos resultados. O capítulo foi
dividido em 3 partes. A primeira parte mostra o perfil dos entrevistados, para
descrever, por exemplo, dados demográficos dos alunos pesquisados. A segunda e
terceira partes foram elaboradas a partir dos objetivos intermediários, sendo a
segunda parte em relação ao levantamento sobre a presença do tema RSC nos
programas de ensino das faculdades estudadas e a terceira parte refere-se à
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pesquisa de campo feita junto aos alunos.
4.1.
Perfil dos entrevistados
A seguir, é mostrado o perfil dos entrevistados. A Tabela 2 contém os dados
demográficos dos entrevistados. Os entrevistados estão identificados por códigos
– A1, A2, A3... B1, B2... e assim por diante, conforme falado anteriormente. As
faculdades A e B são públicas e as faculdades C, D e E são particulares.
Tabela 2: Dados demográficos dos entrevistados
Entrevistado
Sexo
Idade
Data Formatura
A1
Feminino
23
2009.1
A2
Masculino
24
2009.1
A3
Masculino
27
2008.1
A4
Feminino
23
2009.1
A5
Masculino
40
2009.1
A6
Masculino
29
2009.1
B1
Feminino
23
2008.2
B2
Feminino
22
2009.1
B3
Feminino
23
2008.1
B4
Feminino
22
2008.2
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54
B5
Feminino
22
2009.1
B6
Masculino
22
2008.1
C1
Masculino
25
2008.2
C2
Feminino
22
2008.2
C3
Masculino
22
2008.2
C4
Masculino
23
2008.2
C5
Feminino
25
2008.2
C6
Masculino
27
2008.2
D1
Masculino
22
2008.2
D2
Feminino
22
2008.2
D3
Feminino
21
2008.2
D4
Masculino
22
2008.2
D5
Feminino
21
2008.2
D6
Feminino
21
2009.1
E1
Masculino
22
2009.1
E2
Masculino
31
2009.1
E3
Masculino
21
2009.1
E4
Masculino
22
2009.1
E5
Masculino
26
2009.1
E6
Feminino
23
2008.2
O total de entrevistados foi trinta. Desse total, 14 eram do sexo feminino e
16 do sexo masculino. A idade dos entrevistados pertence a um intervalo de 21 a
29 anos, com exceção de 2 entrevistados (um com 31 anos e o outro com 40
anos). Em relação à data de formatura, 3 entrevistados se formaram no 1º semestre
de 2008, 14 entrevistados se formaram no 2º semestre de 2008 e 16 se formarão
no 1º semestre de 2009.
A Tabela 3 mostra quais entrevistados já tiveram algum contato mais
próximo com o tema Responsabilidade Social na faculdade, ou seja, mostra se o
aluno já cursou alguma disciplina relacionada ao assunto, se fez algum trabalho
sobre o assunto na faculdade e/ou se abordou o tema em sua monografia.
55
Tabela 3: Entrevistados que tiveram contato com RSC na faculdade
Entrevistado
Cursou
Fez
disciplina?
RSC?
trabalho
sobre Monografia sobre o
assunto?
A2, B1, C1, Não
Sim, sobre a RSC de Não
C2
uma empresa
A3
Não
Sim, sobre a definição Sim, sobre a RSC
de RSC e seu histórico
como Instrumento de
combate à pobreza
A4
Não
Sim, sobre diferença Não
entre RSC, marketing
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social e filantropia.
A6
Não
Sim, sobre o conceito
Não
B2
Não
Sim, foi um trabalho de Não
campo em que o grupo
teve que ajudar uma
instituição carente
C4
Não
Sim, sobre um líder que Não
também era socialmente
responsável
D1, D2
Sim
Sim, sobre a elaboração Não
de um balanço social
E2
Sim
Sim,
sobre
GRI
e Não
balanço social
E3
Não
Sim,
sobre
a Não
importância da RSC
E4
Sim
Sim, sobre a RSC de Não
uma empresa
E5
Não
Não
Sim,
modelo
sobre
de
um
gestão
sustentável
Como pode ser observado, do total de entrevistados, 14 fizeram um trabalho
sobre RSC na graduação em Administração, 4 entrevistados cursaram uma
56
disciplina específica de RSC e 2 entrevistados realizaram/estão realizando uma
monografia sobre o tema. Ou seja, uma quantidade baixa de entrevistados teve
contato mais profundo com o tema RSC na graduação em Administração.
A Tabela 4 mostra quais entrevistados já tiveram algum contato mais
próximo com o tema Responsabilidade social no ambiente de trabalho, ou seja,
mostra se o aluno já teve alguma experiência com a RSC na prática empresarial.
Como pode ser visto a seguir, apenas 10 entrevistados já viram a RSC na prática
na empresa.
Tabela 4: Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática
Entrevistado Que tipo de contato?
A1
A empresa em que trabalha possui um programa voltado
para o assistencialismo: arrecadação de alimentos e
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brinquedos, visitas a instituições.
A5
A organização em que trabalha, opera em áreas carentes da
Amazônia levando assistência médica. O entrevistado já
participou por 2 anos desse tipo de atividade.
A6
Trabalhou na Empresa Júnior da faculdade, que possuía uma
área de RSC e o entrevistado participou de projetos de RSC.
Um exemplo de projeto que participou foi um projeto de
conscientização da classe empresarial sobre a inclusão de
portadores de deficiência.
B1
Trabalha numa organização que faz pesquisas e atualmente
pesquisa sobre RSC.
B3 e E6
Participou de algumas ações sociais da empresa como
recolhimento de doações.
D1
Participou
de
um
projeto
que
auxilia
pessoas
de
comunidades a criarem projetos auto-sustentáveis.
D3
Trabalha em uma área estratégica, que se preocupa com as
questões ambientais.
D4
Trabalha na área de relações com os investidores e está
vendo que há fundos que exigem empresas socialmente
responsáveis.
57
E5
Trabalhou em um projeto de reestruturação de uma área que
é responsável por gerir a parte de RSC. Trabalha numa
empresa que faz campanhas de reciclagem e outras
campanhas. O entrevistado já participou de uma campanha
de voluntários que foram pintar uma creche.
4.2.
Disciplina de RSC nas faculdades
Foi realizada uma pesquisa através da Internet nos sites das universidades
pesquisadas para saber se há a disciplina de RSC na grade curricular do curso de
graduação em Administração.
Dentre as faculdades públicas, as faculdades A e B não possuem uma
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disciplina de RSC, conforme visto em seus sites, porém a faculdade B possui uma
disciplina obrigatória voltada para a Ética em Administração, que segundo Carroll
(1991) é uma das dimensões da RSC.
Dentre as faculdades particulares, a faculdade C também possui uma
disciplina obrigatória voltada para a Ética, chamada Liderança e Ética. E, segundo
seu site, há uma disciplina eletiva chamada Cidadania e Liderança de
Organizações Socialmente Ativas.
A faculdade D possui uma disciplina obrigatória chamada Políticas e Gestão
do Meio Ambiente, possui outra disciplina obrigatória voltada para a Ética,
chamada Filosofia, Métodos e Ética. A faculdade D, segundo seu site, também
possui uma disciplina eletiva de Gestão Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável. Apesar de não estar no seu site a existência de uma disciplina voltada
especificamente para RSC, alguns respondentes disseram que há uma eletiva
sobre o tema.
A faculdade E possui uma disciplina voltada para a Ética Profissional e
possui uma disciplina voltada para a Responsabilidade Social, que segundo os
respondentes da pesquisa, é uma disciplina eletiva.
58
4.3.
Análise das entrevistas
Nesta seção será mostrada a análise das entrevistas realizadas com os
estudantes de Administração.
4.3.1.
Nível de interesse/preocupação com o tema
Foi perguntado aos entrevistados se eles consideram o tema RSC importante
para a prática da Administração. Foi unanimidade que a RSC é importante para a
prática da Administração, sendo que a maioria relatou que considera o tema muito
importante.
O motivo pelo qual esse tema é importante para a prática da Administração
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variou de entrevistado para entrevistado. Alguns se mostraram preocupados com a
questão dos impactos sociais e ambientais que as empresas podem provocar
(WOOD, 2001; VENTURA, 2003; COLLIER e WANDERLEY, 2004) e, por
isso, consideram a RSC como algo importante para a prática da Administração,
como pode ser visto nos depoimentos a seguir.
“Acho que é muito importante, como eu falei, porque a partir do momento
que você está administrando uma empresa, você tem que entender que a sua
empresa tem um impacto social e que você tem que analisar esses impactos
para tentar mitigar e fazer com que o impacto da sua empresa seja o menor
possível na sociedade.” (Entrevistada A1).
“Acho que é bastante importante, muito importante ... eu acho que hoje em
dia, você tem vários fatores que podem, com esse lance de você querer
sempre mais lucratividade, reduzir custos, você passa por cima de muita
coisa. Você passa por cima das pessoas, você passa por cima do meio
ambiente. Eu acho importante você ter a noção do que é, como as suas ações
podem impactar todas essas coisas, e tentar reduzir, tentar ajudar.”
(Entrevistada B1).
“Eu acho fundamental ... porque, é, eu acho que a empresa, ela não está
sozinha, ela está num ambiente. E o ambiente pode contribuir para
acrescentar ou para subtrair o que a empresa está fazendo.” (Entrevistada
B3).
“É essencial ... administrador tem que trabalhar com ética, ética tem que
estar ligada a responsabilidade social. Então, ele tem que saber se planejar
59
para ... desenvolver sem agredir o meio ambiente mesmo, sem pôr em risco
a sociedade.” (Entrevistada B4).
Outros entrevistados acham que a RSC é importante para a prática da
Administração, porque demonstram uma preocupação com a imagem da empresa.
Para alguns entrevistados, a RSC está associada a uma melhora na imagem da
empresa (WOOD, 1991; SEN e BHATTACHARYA, 2001; BORINI, 2004;
BONATTO et al., 2007) e conseqüentemente, a uma melhor visão dos seus
consumidores em relação à empresa socialmente responsável, como pode ser visto
nos depoimentos a seguir.
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“Eu acho que sim, porque isso está muito visto nas empresas. Eu acho que a
sociedade, ela olha com muito bons olhos as empresas que adotam RSC.”
(Entrevistada B5).
“Eu acho que sim, é bastante importante ... as empresas que praticam isso
estão cada vez mais sendo mais bem vistas pela sociedade mesmo.”
(Entrevistado B6).
“É importante, é muito importante ... porque se você não desenvolver tudo
que você tem em volta, se você não criar um comprometimento com as
pessoas, as pessoas também não vão criar um comprometimento em relação
à sua empresa, não vão ver sua empresa bem no mercado.” (Entrevistada
C2).
“Sim, bastante ... porque uma empresa com RSC, ela é melhor vista pelas
pessoas, pelos consumidores.” (Entrevistado C3).
“Acho fundamental, porque agora está cada vez mais em foco isso, até o
consumidor está pensando: Ah ... vou optar por determinado produto,
porque essa empresa ... tem uma responsabilidade, tem um empenho em
ajudar a comunidade, manter os recursos.” (Entrevistado C4).
“É, porque agora, hoje em dia, está todo mundo cobrando isso das empresas.
Então, se você não tem, você já fica mal visto.” (Entrevistada C5).
“É muito importante, é como eu disse, hoje a empresa tem que ter a RSC
incutida em suas veias. Antes, era só algo a mais, mas agora, a empresa, é
necessário que ela tenha. Se não, ela vai ser mal falada para todo mundo.
Daqui a pouco isso vira lei, né?.” (Entrevistado E2).
60
“É muito importante ... Caso a mesma (empresa) não esteja cumprindo os
requisitos legais, tanto ambientais, sociais, ela pode perder mercado.”
(Entrevistado E5).
Outros entrevistados demonstram uma preocupação com o tema RSC,
dizendo que esse tópico é importante para a prática da Administração, pois é
importante para a empresa como um todo (SCHOMMER e ROCHA, 2007;
BOWEN, 2007). Uns entrevistados falaram que a RSC é fundamental para o
desenvolvimento da empresa e teve uma entrevistada que até relatou que a RSC
deve fazer parte da estratégia empresarial (MELO NETO e FROES, 1999; MELO
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NETO e FROES, 2001), como pode ser observado a seguir.
“Acho muito importante ... porque eu acho que você ajudando a sociedade
como um todo, você aumenta o poder de mercado da sua empresa, você
aumenta o poder de mercado do próprio mercado, e isso acaba fazendo com
que o lucro gire mais e a demanda gire mais também, e você acaba
aumentando as próprias, os próprios trabalhos da sua organização.”
(Entrevistada A4).
“É, acho que sim, acho que pelo que é abordado aí, ainda mais que eu sei
que ... você ganha muito benefício fiscal se você fizer também, se tiver
alguns programas assim, você ganha benefício fiscal. Então, além de toda a
questão ambiental e tudo mais, se você souber disso daí, você pode, tem
ainda mais lucro para a empresa.” (Entrevistado C6).
“Eu acho que é de extrema importância hoje, pelo fato de você está nesse
movimento global de, é, de se preocupar com o meio ambiente, de não
poluir, diminuição da utilização de combustível fóssil, e cada vez menos
emissão de CO² na atmosfera. E o fato também de você querer trabalhar
efetivamente com a comunidade e diminuindo a desigualdade social que há
entre pessoas que moram na mesma cidade, ou então querendo gerar algum
tipo de ajuda àquelas pessoas com emprego, gerando renda, emprego para
elas. É, eu acho que, hoje em dia, para a administração você é,
inevitavelmente vai ter que pensar nisso também, né? Pelo próprio
desenvolvimento da organização onde você se encontra.” (Entrevistado D1).
“É, porque faz parte da estratégia da empresa, até.” (Entrevistada D3).
“Para a prática das empresas, extremamente importante ... É uma forma de
agregar valor para a empresa no longo prazo.” (Entrevistado D4.)
E outros entrevistados mostraram preocupação com a sociedade em geral
(ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e
61
FROES, 2001; ASHLEY, 2002; SCHOMMER e ROCHA, 2007), demonstrando
que por isso é importante que as empresas pratiquem a RSC.
“Olha, na minha opinião, esse tema é importantíssimo na prática da
administração ... não só para ter retorno econômico, mas para melhorar
mesmo o nosso ambiente, seja o nosso bairro, seja o nosso município, o
país.” (Entrevistado A6).
“É sim ... bastante ... porque é muito importante para um administrador, ele
saber, ele se preocupar com o contexto todo, com o grupo, não somente com
a empresa dele. Com a RSC, então, a empresa dele tendo RSC, eu acredito
que ela vai estar melhorando toda a sociedade, todo o lugar que ela vive,
toda a cidade, tudo.” (Entrevistado E3).
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“É, eu acredito que a empresa tem que fazer alguma coisa pela sociedade.
Não só querer o lucro, ela tem que ajudar.” (Entrevistado E4).
“Eu acho que é bastante importante porque ... O Brasil, a maior parte do
Brasil é, tipo, pobre, são pessoas que não têm condição nenhuma, e as
pessoas não estão nem aí para isso. Também tem outra parte, tipo assim, a
parte tipo ambiental, que eu acho que seria importante também. As pessoas,
não ligam, elas acham que, tipo, é bobagem, que desmatamento: Ah, não
estou vendo, não é comigo! Eu acho que é muito importante para as pessoas
em geral.” (Entrevistada E6).
Portanto, pode ser considerado que os entrevistados possuem preocupação
com o tema, já que consideram a RSC algo importante para a prática da
Administração, pois a RSC é boa para a imagem da empresa – assim como
retratam Wood (1991), Sen e Bhattacharya (2001), Borini (2004) e Bonatto et al
(2007) – é boa para o desenvolvimento da sociedade e ambiente – como falam
Enderle e Tavis (1998), Melo Neto e Froes (1999), Melo Neto e Froes (2001),
Ashley (2002) e Schommer e Rocha (2007), que a RSC foi originada para resolver
esses problemas – é boa para o desenvolvimento da empresa – como Melo Neto e
Froes (1999), Melo Neto e Froes (2001), Schommer e Rocha (2007) e Bowen
(2007) disseram que a RSC passou a ser estratégica para a empresa obter
vantagem competitiva – e é boa para reduzir os impactos causados pelas
organizações – como relatam Wood (2001), Ventura (2003) e Collier e Wanderley
(2004).
Por outro lado, apesar de os entrevistados se mostrarem preocupados com o
tema RSC, a maioria dos pesquisados que cursaram a disciplina eletiva de RSC,
62
disseram que cursaram, porque a disciplina primeiramente encaixava no horário.
Foram 4 pessoas que cursaram essa disciplina eletiva e somente um respondente
disse que cursou a matéria por achar o tema interessante. Houve entrevistados que
disseram que cursariam essa matéria se existisse na sua faculdade, porém outro
entrevistado disse que cursaria a disciplina de RSC se ela fosse obrigatória e caso
ela fosse eletiva, ele teria que ver se ela se adaptaria ao seu horário. Isso leva a
questionar se seria o caso de colocar o tema de RSC em disciplinas obrigatórias,
já que em relação à eletiva, os alunos cursam aquelas que melhor encaixam no seu
horário.
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4.3.2.
Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a
satisfação/insatisfação com o espaço e as abordagens dadas
4.3.2.1.
Disciplinas que abordaram o tema
Essa seção está dividida em três itens: o primeiro diz respeito às disciplinas
sobre RSC, o segundo é sobre outras disciplinas que abordaram o tema RSC, e o
terceiro diz respeito aos trabalhos que os alunos já realizaram sobre o tema.
4.3.2.1.1.
Disciplina específica sobre RSC
Dos entrevistados, somente 5 responderam que há uma disciplina específica
de RSC na faculdade. Vale a pena ressaltar que esses 5 entrevistados eram de duas
universidades diferentes, o que mostra que a existência dessa disciplina não é
muito divulgada, já que outros entrevistados das mesmas faculdades responderam
que não havia disciplina sobre o tema especificamente.
Dos 5 alunos que responderam, 4 cursaram a disciplina, que era uma eletiva.
As justificativas sobre o porquê a pessoa cursou a disciplina podem ser vistas nos
depoimentos a seguir. Somente 1 entrevistado – E2 – relatou sobre o interesse real
nessa disciplina. Era um entrevistado mais velho, de 31 anos e também que já
havia feito projetos sociais, ou seja, alguém que possuía um elevado nível de
interesse e preocupação com o assunto. Os outros entrevistados cursaram mais
pelo encaixe no horário.
63
“Olha, foi mais por, é, falta de escolha (risos). Porque eu tinha que matar
uma certa quantidade de eletivas, e no caso só essa que tinha, mas eu me
interessei bastante pelo assunto também por eu já ter trabalhado nisso. Então
não foi muito difícil escolher não, não foi só por ter ela para escolher. Mas,
é, facilitou bastante, porque já tinha trabalhado com isso.” (Entrevistado
D1).
“Por falta de opção.” (Entrevistada D2).
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“Bom, é, cursei um pouco também questão do horário, assim, era o que
encaixava no horário, e achei interessante a questão da RSC, porque acho
que é um tema, assim, que hoje eu não posso aplicar na minha empresa por
questão de recursos, mas eu acho sempre interessante você estar ajudando,
estar, é, contribuindo de alguma forma para o pessoal ali, sociedade.”
(Entrevistado E4).
“Eu cursei porque eu queria conhecer um pouco mais sobre o tema, porque
eu sempre ouvi falar no Betinho, no Betinho, que foi o, foi o que criou o
balanço social. E aí sempre ouvia falar, poxa, isso deve ser importante na
minha carreira de administrador um dia. De repente, você administrador de
uma empresa privada de grande porte, ou até na empresa pública que estou,
pode ser que a empresa venha a querer desempenhar o papel para fixar mais
o seu nome na sociedade.” (Entrevistado E2).
Porém, uma entrevistada – D5 – disse ter o conhecimento de que havia uma
disciplina eletiva de RSC na faculdade. Contudo, ela não cursou essa disciplina,
que era eletiva, pois, segundo ela, seria uma complicação no horário, já que a
disciplina não encaixava no horário para se formar.
Com isso, pode ser feito um paralelo com a literatura. Enquanto há
pesquisas mostrando que os alunos se importam com a RSC (ROMANIELLO e
AMÂNCIO, 2005; GARAY, 2006; SERPA e AVILA, 2006) e, inclusive este
estudo mostrou que os estudantes pesquisados também se interessam pelo assunto,
houve entrevistados que disseram que cursaram a disciplina de RSC por causa do
encaixe no horário e não pelo interesse.
Os 4 entrevistados que cursaram a disciplina de RSC, quando perguntados
sobre em que a matéria havia contribuído para sua formação/conhecimentos, 3
mostraram que aprenderam algo.
“É, isso contribui bastante para eu poder ter uma segunda visão sobre as
conseqüências que podem gerar, é, algumas atitudes na empresa. E também,
me dá, me agrega mais luz, me amplia o meu horizonte para também se
64
preocupar com as pessoas da comunidade, gerando empreso, gerando renda.
Não só trabalhando com a questão de maximização de lucros, porque isso
pode causar de certa forma uma agressão no ambiente em que você se
encontra, onde encontra a sua empresa.” (Entrevistado D1).
“Eu acho que eu aprendi muita coisa que eu não sabia, tive maior
conscientização sobre as coisas.” (Entrevistada D2).
“Na verdade, ela me deu mais informações, como posso dizer, não sei como
explicar isso melhor. É uma formação a mais que você tem, você ter noção
das coisas, que o mundo não é feito só pela matemática, tudo matematizado
... o mundo é formado por pessoas, você tem que saber as dificuldades e
necessidades que as pessoas possuem.” (Entrevistado E2).
Como pode ser observado no discurso dos entrevistados, eles demonstram
que se conscientizaram de que na Administração não basta somente se preocupar
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com o lucro, tem muitas outras coisas envolvidas e isso corresponde ao discurso
da visão sócio-econômica da RSC, diferente da visão econômica de Friedman.
Porém, um entrevistado mencionou que a disciplina não contribuiu muito
para sua formação, já que a turma estava desinteressada e, além disso, o horário
da matéria era um horário ruim, o que dificultava a atenção dos alunos.
“Bom, para a formação em si, acho que não muito, até porque o tem é um
pouco reduzido, é, acho que ela deu uma idéia em si de algumas normas,
como ISO, algumas normas assim, GRI, algumas ferramentas, Balanço
Social, por exemplo. Mas, também pegou a turma um pouco desinteressada,
já era um número pequeno, o horário então também, parecia que o pessoal
queria ir embora mais cedo. Então, não foi muito produtivo em si a
matéria.” (Entrevistado E4).
4.3.2.1.2.
Outras disciplinas que abordam o tema RSC
Apesar de a maioria responder que não há uma disciplina voltada
especificamente ao tema RSC, os respondentes disseram que existem matérias que
abordam o tema durante as aulas. As disciplinas citadas que abordam o tema RSC
ao
longo
das
Comportamento
aulas
são:
Gerencial,
Recursos
Ética,
Humanos,
Gestão
de
Marketing,
Empresas
Sociologia,
Internacionais,
Administração Internacional, Estratégia Empresarial, Psicologia, Administração
Contemporânea, Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais, Teorias de
65
Administração, Administração de Carreira, Qualidade, Negócios Internacionais,
Organizações Sistemas e Métodos, Teoria Organizacional, Introdução à
Administração, Tópicos Especiais em Administração – Meio Ambiente,
Comportamento do Consumidor, Pesquisa de Marketing. As disciplinas de RH e
de Ética foram as mais citadas.
Porém, 6 entrevistados, de faculdades diferentes, disseram que o tema RSC
não é abordado em seu curso de graduação. Além disso, 9 entrevistados disseram
que o tema é muito pouco abordado ou que não é abordado com profundidade ou
de forma estruturada, como pode ser visto em alguns depoimentos a seguir.
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“Na realidade, não tem uma matéria específica que aborde, mas todos os
professores de alguma forma, de uma maneira até desestruturada, não tão
estruturada como deveria ser, abordam esse tema.” (Entrevistada A1).
“Em alguns casos sim. Não tem a profundidade como uma instituição
pública deveria ter, até para participar como RSC seria uma função social da
universidade, a ênfase no tema, formação de pessoas socialmente
conscientes. Mas, nas várias disciplinas é abordado alguma parte do tema e
de uma forma específica em trabalhos e seminários.” (Entrevistado A5).
“Algumas vezes, alguns professores falam sim, mas não é normal, não.
Como eu te falei, geralmente é na parte de Ética.” (Entrevistada B1).
“Abordou uma vez vagamente na aula de Ética. Mas muito vagamente,
assim, um lance: Responsabilidade Social é isso, ponto.” (Entrevistada B4).
“É, aborda de maneira mais genérica, nada muito aprofundado.”
(Entrevistado B6).
“Não, não aborda muito não. Já teve algumas aulas de professores
comentarem a respeito, mas nada, assim, muito específico não.”
(Entrevistado C6).
“Pouquíssimo, praticamente zero.” (Entrevistada D3).
“Olha, não me lembro. Sinceramente, de forma clara, não. Talvez
comentando, mas não fazendo parte da disciplina mesmo, da grade, da
matéria.” (Entrevistada D6).
“Olha, eu acho que não muito. Eu vi alguma coisa assim em Marketing,
alguma coisa bem superficial, mas nada muito a fundo, assim ... é muito
66
básico mesmo, fala só sobre RSC é importante. Agora, não chega muito a
fundo em ferramentas e algo mais.” (Entrevistado E4).
Ou seja, ao responderem as perguntas sobre quais matérias abordam o tema
RSC, 9 entrevistados quiseram frisar que o tema é pouco abordado na faculdade.
Soma-se a isso, um entrevistado que relatou que o tema não é muito abordado e
que ele vem à tona nas discussões de disciplinas, mais por interesse dos próprios
alunos, como mostra o relato a seguir.
“Não, às vezes, isso é citado, mas mais por interesse de algum aluno e tudo,
mas os professores de maneira espontânea, poucas vezes ele fala sobre a
importância da RSC. Ás vezes o assunto surge e ele desenvolve um pouco,
mas por livre e espontânea vontade, acho que isso não está no quadro, não.”
(Entrevistado E3).
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A entrevistada B5, apesar de ter falado que a faculdade aborda o tema
durante algumas aulas, mas de uma maneira não muito focada, também relatou,
assim como o entrevistado E3, que esses assuntos surgem mais por conta dos
próprios alunos.
Somente 1 entrevistado disse que o tema é bastante abordado nas disciplinas
da graduação, o que mostra que o número de entrevistados que acham que o tema
não é muito abordado nas disciplinas é alto. Com isso, pode ser visto que
enquanto a literatura aborda uma necessidade de ensinar a RSC nos cursos de
Administração (ALVES e MELO, 2000; ARAÚJO e LACERDA, 2002;
CANOPF e PASSADOR, 2004; MUIJEN, 2004; PESSOA et al., 2005;
GONÇALVES-DIAS et al., 2006), na prática, segundo os alunos pesquisados,
esse ensino não está adequado.
Quando os entrevistados foram perguntados sobre o que eles acham que o
tópico de RSC contribuiu para a formação/conhecimento deles, 10 entrevistados
responderam que contribuiu para eles perceberem que não basta ver somente a
empresa, que existe muito mais além da empresa, como a sociedade e o meio
ambiente, indo junto a autores como Wood (1991), Enderle e Tavis (1998), Melo
Neto e Froes (1999), Quazi e O’Brien (2000), Melo Neto e Froes (2001) e Ashley
(2002). Ou seja, serviu para eles terem essa noção de que é preciso olhar ao redor
da empresa também, se preocupar com os recursos que ela está consumindo, com
67
a sociedade que está à sua volta, com o ambiente ao seu redor. Isso pode ser visto
em alguns relatos a seguir.
“Eu acho que esse tópico, ele é importante para a formação do pensamento,
principalmente para o administrador, que às vezes, é muito voltado para a
empresa. Acho que é bom para abrir o campo de visão dele, para perceber
que ele está num, está inserido num mundo bem complexo, que precisa ser
levada essa parte em conta ... vamos dizer, você bota uma empresa do lado
de uma comunidade carente, você tem que interagir, você vai interagir com
eles.” (Entrevistado A2).
“... é pensar que eu estou aqui, eu, administrador, estou tomando a decisão
agora e isso pode afetar uma pessoa ... ela me ajuda a perceber que existem
muitas, muitos envolvidos.” (Entrevistado A3).
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“Acho que foi importante, porque a gente aprende que não adianta só ganhar
dinheiro se você não gerar benefícios para as pessoas que estão ao seu
redor.” (Entrevistado C1).
“Eu acho importante ter essa visão da organização, como não só um ... não
só números. Mas sim, como um impacto que ela gera no meio ambiente.”
(Entrevistado D4).
“Olha, esse tópico contribuiu para minha formação no sentido de me tornar,
é, uma pessoa, um cidadão, como eu falei, mais crítico, mais crítico com
relação à forma de atuar das empresas, como as empresas podem estar
ajudando para melhorar a realidade que nós temos aí, seja ela de
desmatamento, seja ela de pobreza, miséria. De estar igualando, de estar
promovendo a igualdade social, estar promovendo ambientes melhores para
você trabalhar e ambientes melhores no sentido de diminuir poluição,
reflorestamento e tal ... pra minha formação foi muito importante esse tema,
porque eu pude ver isso, você tem os recursos que a empresa utiliza e esses
recursos, eles vão acabar um dia. Então, como administrador, você tem que
preservar também esses recursos e você tem que batalhar também por uma
sociedade mais igualitária e mais, mais bem desenvolvida como um todo.”
(Entrevistado A6).
Alguns poucos entrevistados responderam que o tópico de RSC contribuiu
para seus conhecimentos no sentido de se tornarem pessoas mais cidadãs, mais
preocupadas com as relações de trabalho, melhores administradores e até no
sentido de que aprenderam a usar ferramentas como GRI – Global Reporting
Initiative, contribuindo para sua formação. Porém foram poucas as respostas nesse
sentido.
68
“Eu acho que ela vai contribuir de duas formas. Acho que um, pelo papel
como administrador, gestor, e outro, como cidadão, assim. Acho que em
ambos os casos ela vai contribuir no desempenho na sociedade, seja gerindo
uma empresa, seja vivendo em sociedade.” (Entrevistado E5).
“Eu acho que em conhecer essas ferramentas (GRI, ISO, Balanço Social),
ver que isso daí pode ser um diferencial competitivo quando você está num
mercado assim com muita competitividade.” (Entrevistado E4).
Um outro entrevistado relatou que o tópico de RSC contribuiu para ele ter o
conhecimento de que a empresa socialmente responsável é bem vista pelos
consumidores, ou seja, que melhora a imagem da empresa, como foi dito por
autores como Wood (1991), Sen e Bhattacharya (2001), Borini (2004) e Bonatto
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et al. (2007).
“Bom, é, esse tópico me ajudou a ter uma real noção da situação das
empresas, da importância de um administrador ser responsável socialmente
na empresa onde ele trabalha, e acho isso muito importante, porque, é, uma
empresa responsável socialmente, ela é melhor vista até pelos
consumidores, tem uma melhor imagem.” (Entrevistado C3).
Porém, muitos entrevistados – 14 pessoas – relataram que o que eles
aprenderam de RSC não se deve muito à faculdade e, por isso, esse tópico de RSC
da faculdade não contribuiu muito para seus conhecimentos. Os conhecimentos
foram obtidos mais por outras fontes, como trabalho, mídia e discussão com
outras pessoas.
“Bom, eu acho que dentro da faculdade, o que eu aprendi sobre RSC foi
muito pouco. O que eu aprendi mais sobre RS vem do meu trabalho. E eu
acho que é importante justamente porque a partir do momento que você vai
administrar uma empresa, você tem que entender qual é a sua
responsabilidade nesse assunto, para você não ficar sozinho, e saber que o
mercado te cobra isso também, que as pessoas te cobram que você tenha
RSC.” (Entrevistada A1).
“Tipo, eu acho legal saber e eu acho importante a empresa e você atuar
como, com RSC. Agora, tipo, como eu te falei, foi pouca coisa que a gente
aprendeu na faculdade. Não sei se contribuiu muita coisa.” (Entrevistada
B1).
“Bom, como eu não tive isso muito bem abordado na faculdade, eu não tive
nenhum, nenhum crescimento em relação a isso na faculdade. Eu acho que
69
mais nesses últimos anos que coincidentemente foi o período que eu estive
na faculdade, a mídia abordou mais esse tema em revistas e etc. Então, foi a
base do meu conhecimento maior foi por isso.” (Entrevistada B2).
“É, no que contribuiu para a minha formação, eu não acredito que tenha
contribuído assim fundamentalmente, porque realmente eu não estou
lembrado de ter esse assunto abordado mais profundamente na faculdade.
Mas, pelo que se vê na própria televisão, eu consegui ver dentro da minha
experiência profissional, dentro das empresas, é realmente importante, eu
acho que no meu futuro profissional eu vou querer propagar isso.”
(Entrevistado B6).
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“Ajudou, é, pude ver quais são as ferramentas para responsabilidade social,
mas o que mais influencia são as coisas que eu leio, e não muito a
faculdade.” (Entrevistada C2).
“Aqui da faculdade, nada, porque ele não me agregou em nada ... É que eu
vejo dia a dia (no trabalho), as ações que a tem que fazer, até no âmbito
governamental para conseguir uma licitação, uma licitação não, uma
licença, outra coisa, que a gente tem que fazer.” (Entrevistada D3).
“Acho que mais pelo cotidiano mesmo ... das pessoas se comunicarem na
rua, comentarem sobre RSC.” (Entrevistada D5, falando que o que ela
aprendeu sobre RSC vem mais do cotidiano).
Portanto, os dados apontam que as disciplinas que abordaram o tema, apesar
de muitos terem falado que abordou pouco, o que foi abordado tratou de tópicos
importantes relacionados à RSC, como os stakeholders meio ambiente e
sociedade, e também mostrando ferramentas como Balanço Social e GRI. Porém,
o número de entrevistados que disse que o que aprenderam sobre RSC não se
deveu muito pela faculdade foi alto, 14 pessoas. Como muitos entrevistados
disseram que o que eles aprenderam sobre a RSC se deu mais por meio de fontes
externas à faculdade, pode-se ver que, segundo os pesquisados, a faculdade não
aborda muito o tema. Alguns estudos nacionais também mostraram que é preciso
abordar mais a RSC no ensino como os estudos de Canopf e Passador (2004) e
Fourneau e Serpa (2006).
70
4.3.2.1.3.
Realização de trabalho sobre RSC
Também foi perguntado aos pesquisados, se eles fizeram, ao longo da
faculdade, algum trabalho sobre o tema RSC. Do total de entrevistados 14
disseram que fizeram um trabalho sobre o tema e 16 não fizeram. A Tabela 5, a
seguir, mostra o tema dos trabalhos realizados.
Tabela 5: Entrevistados que fizeram trabalho sobre RSC na faculdade
Entrevistado
Tema do trabalho
A2, B1, C1, A RSC de uma empresa
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C2, E4
A3
A definição de RSC e seu histórico
A4
A diferença entre RSC, marketing social e filantropia.
A6
O conceito
B2
Foi um trabalho de campo em que o grupo teve que ajudar
uma instituição carente
C4
Trabalho sobre um líder que também era socialmente
responsável
D1, D2
A elaboração de um balanço social
E2
Sobre GRI e balanço social
E3
Sobre a importância da RSC
Os pesquisados também foram perguntados sobre o que eles aprenderam
com o trabalho realizado. Eles disseram que o que aprenderam foi interessante,
isto é, em geral eles avaliaram bem o que aprenderam com o trabalho, o que
mostra que trabalhos são itens que os alunos se interessam em fazer e por isso
poderia ser feito mais nas faculdades, já que foram 14 entrevistados que
realizaram o trabalho e não a maioria dos entrevistados. Isso mostra o interesse
dos alunos entrevistados no tema, que vai ao encontro de pesquisas de alguns
autores (ROMANIELLO e AMÂNCIO, 2005; GARAY, 2006; SERPA e AVILA,
2006).
71
“Eu achei interessante, porque você vê que uma empresa só poderia
conseguir realizar seus serviços com a comunidade. Então, eu acho
importante por causa disso, pra gente perceber isso.” (Entrevistado A2).
“Avalio bem, assim. Hoje em dia, eu tenho um entendimento bem melhor
do que eu tinha. Há um ano atrás, eu nem fazia idéia direito do que era RSC
... eu acho muito interessante ... pra eu ter esse conceito mais limpo na
cabeça.” (Entrevistada A4).
“Eu acho que foi legal, foi legal, porque você, tipo, de alguma forma você
também criticou a empresa, criticou a forma de ela atuar socialmente
responsável. Achei interessante.” (Entrevistada B1).
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“Foi bom, aprendi bastante, aprendi que existem diversas formas de RSC.”
(Entrevistada C2).
“Eu acho que foi muito bom, porque o meu aproveitamento
especificamente, eu acho que eu aproveitei bastante por conta de ter entrado
no site, visto em sites de instituições que cuidam desse assunto ... e saber
como estruturar mesmo um tipo de projeto desse.” (Entrevistado D1).
“Eu achei muito interessante, mas ao mesmo tempo eu vi que muitas
empresas, elas fingem ser responsáveis socialmente para se beneficiar.”
(Entrevistada D2).
“Foi interessante pra conhecer todo o lado, o lado branco, o lado negro das
empresas, com certeza.” (Entrevistado E2).
“Interessante, porque você vê a percepção dos consumidores devido a algum
fato que aconteça ou alguma ação que a empresa promova. Então, em outros
trabalhos de colegas da minha classe, você vê que as pessoas podem deixar
de consumir ou não um produto em relação do que a empresa faz para a
sociedade.” (Entrevistado E4).
Interessante observar que um entrevistado que realizou o trabalho sobre
RSC na faculdade disse que não deu muita atenção ao trabalho por não se tratar de
uma disciplina a que ele atribuía um alto grau de importância.
“É, o trabalho, assim, a atenção que a gente deu para RSC nessas matérias
foram pequenas, até porque a matéria era de ética, que é uma matéria que a
gente não dá tanta importância assim. Não é uma administração financeira,
uma administração de material. Matéria que a gente dá menos importância.
Então, dei pouca importância para esses tópicos. Acho que se esses tópicos
estivessem relacionados talvez com matéria de Recursos Humanos, talvez
relacionado a outra matéria que seja importante, a gente desse mais atenção
72
... pra mim, eu acho que são matérias que eu acho bobas, que eu estou
fazendo só porque é obrigatório na grade. Já Recursos Humanos, mesmo se
não fosse obrigatório, eu ia me sentir na obrigação, como administrador, de
fazer. Matemática financeira, Administração financeira, é, Comportamento
do consumidor também. Toda essa matéria relacionada à empresa, me
sentiria mais obrigado a fazer do que Ética profissional, porque acho que
não tem como ensinar ética, entendeu? Então, eu acho que a RSC tem que
estar ligada a uma matéria fixa, matéria do quadro.” (Entrevistado E3).
É interessante observar que esse mesmo entrevistado atribui à RSC bastante
importância em relação à prática da Administração, porém, ele acha que a RSC
deve ser abordada em matérias como RH, Comportamento do Consumidor. Ele
considera a matéria de Ética não muito importante e, por isso, não deu muita
atenção aos trabalhos realizados nesta disciplina. Ele também relatou que se a
faculdade começasse a dar mais importância ao tema RSC, os alunos também iam
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atribuir mais importância ao assunto.
4.3.2.2.
Satisfação/insatisfação com o espaço dado à RSC
Em relação à satisfação/insatisfação com o espaço dado para o tema RSC na
faculdade, a grande maioria – 27 entrevistados – demonstrou insatisfação, ou seja,
demonstrou que deveria haver mais espaço na graduação em Administração para a
RSC.
“Eu acho que é inadequado e deveria ter mais espaço para esse assunto, com
certeza ... Porque é um assunto que está aqui, não é nem porque está na
moda dizer que existe RSC, mas porque a gente precisa pensar nisso
também para ter uma organização sustentável.” (Entrevistada A1).
“Acho que poderia haver mais espaço, acho que poderia haver um espaço
formal, porque às vezes é uma contribuição do professor. Às vezes não é
uma coisa oficial, que está na ementa. Acho que poderia ter uma coisa mais
formal, assim.” (Entrevistado A2).
“Acho que poderia haver mais espaço pra ser mais específico, pra ser mais
específico ... se as disciplinas, todas as disciplinas de humanas tivessem ali,
todo professor, no caso, quando faz lá o seu cronograma de aula, tiver lá um
texto sobre RSC, ou um espaço voltado, por exemplo, aqui no curso é
noturno, essencialmente noturno, ele poderia ser mais diurno para que possa
de repente os alunos aqui fazerem trabalhos ... não só ler sobre o tema, mas
entrar, praticar o tema realmente, ver o resultado obtido e passar esse
73
conhecimento ... e você está também podendo ter a chance de fazer um
evento, uma semana de administração com uma palestra pra RSC, para
poder estar convidando a comunidade empresarial do município, para poder
estar chamando os outros alunos para assistir. Eu acho que é mais espaço
nesse sentido, que eu acho que falta mesmo.” (Entrevistado A6).
“Poderia haver espaço, acho que seria a palavra certa. Não há espaço, não
há matérias. Eu acho que o currículo é realmente muito, muito sequinho,
muito antigo. Não mudaram muita coisa, muita coisa está mudando e a
universidade não está conseguindo captar essa mudança.” (Entrevistada B3).
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“Bom, com certeza não é adequado e deveria ter uma disciplina. Uma não,
até acho que várias. Deveria ser incorporada em outras, no meio das aulas,
Ética, Filosofia, Administração Estratégica. Tem que estar ligado sempre a
esses temas.” (Entrevistada B4).
“Eu acho que poderia ter mais espaço, porque na verdade, o que é dado, ele
é mais, assim, parte de algumas matérias, são questões que são levantadas.
Mas não o foco nisso. Na verdade, muitas vezes esse assunto surge mais dos
próprios alunos que buscam assim, é, o assunto no meio da aula do que da
matéria em si, dos professores. Então, eu acho que deveria ter um espaço
maior do tema.” (Entrevistada B5).
“Acho que poderia ter uma matéria específica, poderia dar mais espaço.
Tem muita coisa para ser falada que não dá tempo de abordar sendo parte
das matérias ... Hoje em dia, tem tanto foco nisso, tem tantas matérias,
jornal, revista, TV. As pessoas poderiam ter mais tempo para discutir. Você
só conhece no geral, ninguém entra fundo.” (Entrevistada C5).
“Poderia haver mais espaço e sendo uma matéria obrigatória, para poder, é,
eu acho que todo administrador teria que ter essa idéia de RSC.”
(Entrevistada D5).
“Acho que podia ter mais espaço, porque é um tema importante ... não é
muito explorado. Cada vez a gente fala mais sobre o tema, isso podia ser
muito mais explorado do que é hoje em dia ... se a faculdade começasse a
dar uma atenção maior acho que os alunos também iam seguir e dar mais
atenção a esse assunto.” (Entrevistado E3).
“Acho que mais espaço ... porque ... se todo mundo que estuda nessa
faculdade sair daqui com a consciência importante, se for falar em termos de
negócios, dos impactos que a responsabilidade social e ambiental tem no
mercado, assim, nos consumidores. Acho que cada vez mais hoje os
consumidores estão muito mais conscientes e o mercado muito mais
competitivo. Então, isso tende até a ficar um pouco mais acirrado.”
(Entrevistado E5).
74
Somente 3 entrevistados disseram que o espaço dado é adequado, porém,
vale a pena ressaltar que um dos entrevistados – A3 – fez a monografia sobre o
assunto, um outro entrevistado – D1 – participou de projetos extracurriculares de
RSC na faculdade, ou seja, projetos não ligados às disciplinas da faculdade, e o
terceiro entrevistado – C1 – ressaltou que o espaço é adequado, já que sua
universidade é mais voltada para finanças, portanto não precisa de uma
abordagem muito social.
Portanto, pode ser visto que, segundo os entrevistados, o espaço dado ao
tema RSC é insuficiente, enquanto a literatura defende que a RSC deve ser bem
abordada em sala de aula (ARAÚJO e LACERDA, 2002; CANOPF e
PASSADOR, 2004; MUIJEN, 2004; GONÇALVES-DIAS et al., 2006). Inclusive
as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Administração dão espaço
para haver o ensino do tema (SOUZA et al., 2003; CANOPF e PASSADOR,
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2004).
4.3.2.3.
Satisfação/insatisfação com a abordagem dada
Em relação à abordagem dada ao tema RSC na graduação, as respostas
foram divididas, pois metade disse que a abordagem era adequada e a outra
metade disse que não era adequada.
Entre os entrevistados que disseram que a abordagem dada à RSC era
adequada, muitos mencionaram que apesar de o espaço dado ser pequeno, ela foi
adequada, mostrando que eles acham que há pouco espaço hoje para a RSC na
faculdade, porém, o pouco que falam é de uma forma adequada, eles acham
interessante.
“Eu acho que é adequado, apesar de ser pouco adequado, sim, adequado.”
(Entrevistada A1).
“Sim. Eu acho que é a mais correta. Eu, quando pesquisei, eu tudo o que eu
li e estudei estava em linha com tudo que falavam e a forma como
colocavam. Eu acho que está correto, não tem nem o que mexer.”
(Entrevistado A3).
75
“A abordagem, ela é adequada sim. No caso a abordagem é adequada,
porque, é, ela é discutida da forma correta, que eu considero correta, ética,
moral, como você tem que praticar a RSC.” (Entrevistado A6).
“Assim, é, apesar de eles não colocarem como principal, como foco da
matéria, eles, acho que sim. Assim, pouco, mas é adequado. Eles dão uma
visão boa, mas acho que não total.” (Entrevistada B5).
“Eu gostei, nessa aula de Liderança e Ética, eu gostei muito do foco do
professor. Deixou as pessoas muito a vontade para discutir muito. Ela não
botou uma posição e fez todo mundo seguir. Ela deixou as pessoas falarem,
dar opinião. Acho que foi interessante para as pessoas.” (Entrevistada C5).
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“Olha, como teve muito poça abordagem, eu vou te falar que na aula de
Liderança e Ética até foi, eu nem lembro direito, mas eu acredito, eu acho
que foi sim ... eu acho que não falaram muito, mas explicaram o básico, pelo
menos explicaram.” (Entrevistado C6).
“Sim, com certeza. A minha faculdade consegue colocar professores muito
responsáveis e ligados ao tema, que conseguem abordar, pelo menos no
limite do tempo. Mas dá uma pincelada, como eu disse, uma pincelada.”
(Entrevistado E2).
“O pouco que falou, acho que sim. Acho que foi bem dito, foi legal. Mas o
problema é a quantidade, foi muito pouco. Assim, a faculdade tem uns
professores que são muito bons ... e são pessoas vividas, que lêem e tal.
Então assim, são profissionais muito bons e que sabem colocar bem as
coisas ... então eu acho que eles têm uma visão legal e uma abordagem boa
também.” (Entrevistada E6).
Apesar de a maioria que disse que a abordagem era adequada dizer também
que o espaço é pouco, um aluno entrevistado disse que a abordagem é adequada e
é até de forma exagerada, ou seja, é dado um espaço muito amplo. Porém, vale
ressaltar que esse entrevistado – D1 – trabalhou em projetos extracurriculares na
faculdade e fez iniciação científica com um professor que aborda esse assunto.
“Eu acho, acho que sim. Acho que é adequado sim, Acho que, às vezes, até
eles exageram com esse tema por ter pessoas especializadas nesse assunto.”
(Entrevistado D1).
Por outro lado, a outra metade dos entrevistados disse que a abordagem
dada ao tema RSC na faculdade não era adequada, pois falava-se muito pouco na
faculdade sobre isso e, além disso, alguns entrevistados mostraram que a
76
abordagem é superficial, como pode ser visto nos trechos sublinhados das
transcrições. Houve também uma entrevistada – D5 – que disse que a abordagem
não era adequada, pois o tema tratado em sala de aula não era um tema
interessante.
“Adequado, acho que não é, porque como te falei, não é nada oficial, é mais
contribuição dos professores.” (Entrevistado A2).
“É precário. Existe, vamos dizer assim, uma linha geral por não ser
aprofundado. Muitas vezes, nas várias disciplinas que tratam sobre o
assunto é sempre sobre assuntos que são, que passam pela mídia, assuntos
que estão em evidência.” (Entrevistado A5).
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“Não, totalmente inadequada (risos). Porque o tema não é tratado. Você sai
da faculdade, se você não for buscar fora, lá dentro você não vai ter acesso a
esse tema, pelo menos eu não tive.” (Entrevistada B3).
“Não ... não é, porque falta esclarecimentos, falta debate sobre isso.”
(Entrevistada B4).
“Abordagem? Não. Ele ficou falando assim: Ah, poluição! Mas não viu
nada na prática. O que as empresas têm que fazer, o que está sendo feito, ela
não falou nada. Só falou a água está acabando, poluição, que a gente vê em
colégio, mas não viu a prática dentro da empresa.” (Entrevistada D5).
“Não, porque a gente não vê muito, a gente vê uma parte que compõe o
sistema da RSC. A gente tem que ter, é, responsabilidade com o meio
ambiente, mas também tem que ter responsabilidade com a comunidade.”
(Entrevistado D4).
“Não acho que seja adequado ... porque não tem, volto naquela questão da
atenção, acho que não tem muita atenção.” (Entrevistado E1).
“Não, não acho, porque em primeiro lugar, você não tem nenhuma matéria
já na grade ... o conceito de responsabilidade social empresarial, ambiental,
você não dá na faculdade.” (Entrevistado E5).
Dessa forma, também se vê uma lacuna entre literatura e prática, segundo os
estudantes pesquisados, já que na literatura há estudos que defendem o ensino de
RSC (ARAÚJO e LACERDA, 2002; SOUZA et al., 2003; CANOPF e
PASSADOR, 2004; MUIJEN, 2004; GONÇALVES-DIAS et al., 2006) e, de
acordo com os entrevistados, esse ensino ainda é deficiente.
77
4.3.3.
A visão sobre RSC dos entrevistados
4.3.3.1.
O que os entrevistados pensam sobre esse tema
Quando os entrevistados foram perguntados sobre o que eles pensam sobre
esse tema RSC, surgiram três linhas de pensamento. A primeira linha de
pensamento, onde mais entrevistados se posicionaram, abordou que entendia o
tema como de extrema importância. As justificativas foram que a RSC é
fundamental porque hoje em dia é preciso saber que as empresas possuem
impactos sobre a sociedade, o meio ambiente, a concorrência; que hoje há
problemas sociais, ambientais, climáticos; que as empresas devem colaborar para
reduzir os problemas sociais e, também, que é importante que as empresas tenham
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a RSC ligada à estratégia das empresas. Houve também um pesquisado que disse
que é um tema importante e por isso deve ser passado para os alunos dentro da
faculdade.
“Bom, acho que RSC é um tema super importante ... é muito importante a
gente trabalhar isso, porque as empresas em si, elas não têm só o intuito de
atingir seus objetivos e atingir a lucratividade, como a gente sempre
imagina. A gente precisa ter uma consciência ambiental e uma consciência
social também, saber que toda nossa atividade produtiva, saber que essa
empresa em si tem um impacto social e ambiental.” (Entrevistada A1).
“... E eu acho que realmente é muito importante que a gente difunda essa
idéia nas universidades principalmente, porque é a massa pensante, digamos
assim, da população, pra que de dentro da universidade, essa população já
passe isso pra sociedade como um todo.” (Entrevistada A4).
“... a RSC é importante para desenvolver a sociedade como um todo, reduzir
pobreza, impactos ambientais, tornar uma sociedade mais igualitária, uma
sociedade mais desenvolvida em toda a extensão do termo, e democratizar
mais tudo que a gente tem aí disponível, que nós temos num município, no
país.” (Entrevistado A6).
“... eu acho que é importante as empresas terem noção o quanto elas afetam
a sociedade. E isso que demonstra quando algumas empresas procuram
esses projetos de RSC quando eles tentam devolver para a sociedade o
pouco que eles tiram dela, que é até como uma forma de agradecimento
mesmo.” (Entrevistado B6).
78
“Eu acho que a RSC é uma ferramenta bastante válida que as empresas vêm
usando, porque não basta a empresa crescer de um modo desordenado e
irresponsável, ou seja, ela tem que fazer o bem para a sociedade, para a
comunidade onde ela atua, pensando sempre no amanhã. Não adianta ela
crescer sem ter uma base sólida, sem ter uma estrutura bem construída pra
depois ela não gerar malefícios para a sociedade, para a concorrência. Tem
que ser responsável em todos os sentidos.” (Entrevistado C1).
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“... é de extrema importância para o Brasil, por ter tanta desigualdade social,
é, principalmente nas cidades metropolitanas, como Rio de Janeiro, São
Paulo.” (Entrevistado D1).
“Bom, acho muito importante, é, acho que é essencial, que principalmente
as empresas tenham essa consciência social, é, até porque algumas delas
agridem, não só o meio ambiente, mas como a sociedade, e acho que é uma
maneira relevante, significante de, é, de compensar um pouco esse lado e
não só compensar, mas também ajudar de uma forma geral, não só quando
elas fazem, prejudicam, mas é importante que elas tenham essa consciência
pra sociedade hoje, já que elas podem fazer alguma coisa de repente que a
política não faz.” (Entrevistado E1).
“... acho que é um conceito muito importante e acho também que tem que
estar em pauta na estratégia de gestão das empresas.” (Entrevistado E5).
Analisando esses depoimentos, pode ser observado que os entrevistados
responderam segundo as linhas de pensamento de alguns autores. Foram
mencionadas as dimensões sociais (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e
FROES, 2001; ASHLEY, 2002) e as dimensões ambientais (ENDERLE e TAVIS,
1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002). Também foram citados
alguns stakeholders, que precisam ser atendidos, como meio ambiente,
comunidade e concorrência (WOOD, 1991; ENDERLE e TAVIS, 1998; QUAZI e
O’BRIEN, 2000; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002). Também foi
muito citada a preocupação com os impactos da empresa (WOOD, 1991). E um
aluno entrevistado citou que a RSC deve fazer parte da estratégia da empresa
(MELO NETO e FROES, 2001).
Vale ressaltar que um entrevistado também chamou atenção para o fato de o
governo não fazer seu papel, fato este que também é relatado por muitos autores
(DRUCKER, 1995; BURTON e HEGARTY, 1999; MELO NETO e FROES,
2001; SCHROEDER e SCHROEDER, 2004; DUFLOTH e BELLUMAT, 2005).
O entrevistado E2 também falou um pouco sobre essa ineficiência do governo.
79
“Na verdade, como eu já conheço um pouquinho da história, é um tipo de ...
são responsabilidades que o governo deveria assumir, mas devido a sua
irresponsabilidade social, ele acabou delegando isso para as empresas
fazerem, já que ele não queria só que elas recebessem o lucro. Acabou
canalizando essa tarefa que deveria ser sua para que as empresas o
fizessem.” (Entrevistado E2).
A segunda linha de pensamento, segundo a visão dos alunos, sobre a RSC
foi que eles percebem que é um tema onde há um marketing muito grande e
muitas vezes a empresa não faz o que realmente deveria fazer. Isso mostra que
ainda há alunos céticos em relação à prática da RSC pelas empresas.
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“Eu acho que, é, como vou dizer? As empresas estão percebendo que essa
demanda da sociedade, mas acho que ainda está muito, é mais, às vezes
meio deturpadas. É muito mais marketing do que propriamente uma RSC
efetiva. Acho que tem que evoluir.” (Entrevistado A2).
“Bom, é um assunto importante, só que é feito mais um estardalhaço,
propaganda e poucas entidades, ou poucas pessoas realmente têm interesse
em fazer esse assunto ter a ênfase que deveria ter.” (Entrevistado A5).
“É, atualmente, eu creio que as empresas estão se utilizando desse tema pra
promover um marketing, um marketing social. As pessoas, é, assim, para
influenciar a cabeça dos consumidores...” (Entrevistado E2).
“... eu acho que é um ponto muito importante, bem falado, mas as pessoas
falam muito e fazem muito pouco.” (Entrevistada E6).
A terceira linha de pensamento dos entrevistados foi em relação à imagem
da empresa. Quando perguntados sobre o que eles pensam sobre RSC, eles
disseram que ela traz uma boa imagem, uma vantagem competitiva (MACEDO
SOCARES e COUTINHO, 2002; BOWEN, 2007), que hoje os consumidores
valorizam as empresas socialmente responsáveis.
“Eu penso que é de bom senso das empresas atuarem socialmente, mas não
só as empresas, mas as pessoas também. E que é uma forte fonte de
vantagem competitiva pras empresas. Tem como eles conseguirem
diferenciação se valendo da RSC. Por isso vale a pena.” (Entrevistado A3).
“... é um tema muito abordado. Hoje em dia, as empresas que não são
responsáveis socialmente, elas não se inserem no mercado, não são bem
vistas.” (Entrevistada C2).
80
“Olha, a RSC hoje é muito importante para as empresas por conta de elas
estarem trabalhando cada vez mais a imagem delas, que elas gostariam que
os consumidores tivessem da marca dessas empresas. Então eu acho que a
RSC é tão bom hoje em dia para as empresas, para trabalhar a imagem
delas, como para os consumidores, que estão ajudando de certa forma as
empresas a continuarem com esses projetos sociais, ajudando a
comunidade.” (Entrevistado D1).
“Ah, eu acho que hoje em dia, com a competitividade das empresas, é,
qualquer diferencial se torna importante para ela ser preferida do que as
outras. Então, eu acho que um pouco desse modismo é talvez para ser uma
vantagem competitiva.” (Entrevistado E4).
4.3.3.2.
O que significa RSC, segundo os entrevistados
Quando perguntados sobre o que significa o termo RSC, as respostas foram
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bem variadas. Pode-se perceber que cada um entende a RSC como uma forma. A
maioria possui uma visão limitada do tema. Poucos entrevistados mostraram
entender a totalidade que a RSC pode significar, segundo os autores.
Muitos entrevistados só relataram a dimensão social, dizendo que a RSC
está ligada à sociedade, à comunidade, ou seja, ser responsável com a
comunidade, atender a esse stakeholder (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO
NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002), mostrando que possuem somente a
visão da dimensão social da RSC.
“Acho que RSC significa você ter responsabilidade com a comunidade e
com a sociedade. Entender qual é o impacto que você causa neles e tentar
mitigar esses impactos.” (Entrevistada A1).
“Pra mim, significa aquela instituição, ela prestar uma assistência, uma
contrapartida daquilo que a sociedade fornece pra ela. Ela fornece a
oportunidade de trabalhar e tal, mas ela tem, acho que ela tem a
responsabilidade de melhorar a sociedade também, não só a atividade fim,
mas contribuindo pra melhorar essa sociedade em termos de renda, de
educação, em termos de várias coisas.” (Entrevistado A2).
“... Procurar dar um, agregar alguma coisa, participar tanto com seus
funcionários, como, quem está em volta, a cidade, enfim, o local. Você dar
alguma coisa para essas pessoas, seja, tipo, curso, ou, é, mesmo esporte,
qualquer coisa que faça alguma diferença para as pessoas, que elas não
poderiam ter acesso sem esse auxílio.” (Entrevistado C5).
81
“Você ser responsável com a sociedade. É você saber o que é certo ou
errado, pensar, tomar atitudes responsáveis, acho que é isso..” (Entrevistada
D2).
“RSC é você tentar produzir para a sociedade algo além dos bens que você
produz, quer dizer, dar um retorno a sociedade...” (Entrevistado E2).
“Bom, RSC eu acho que envolve muita coisa ... é, tipo, preocupação com a
outra pessoa, com a sociedade no geral. Acho que envolve muito essa
questão...” (Entrevistada E6).
Muitos entrevistados também definiram a RSC levando em conta alguns
stakeholders, seja meio ambiente e comunidade, seja comunidade e funcionários,
seja comunidade e concorrentes, mostrando que conhecem algumas dimensões da
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RSC, mas não conhecem a sua totalidade.
“Eu acho que é você olhar pra sociedade mesmo. Assim, toda a questão, eu
acho que até ligado à sustentabilidade, a questão de você pensar na sua
responsabilidade de tentar olhar o meio ambiente, não só o meio ambiente,
mas também as pessoas, tentar fazer os processos do, no caso de uma
empresa, organização, tentar visar, é, o mundo mesmo de tentar contribuir
de alguma forma de, não sei, tentar ajudar a sociedade, tentar ajudar as
pessoas, o meio ambiente, não prejudicar, não poluir. Eu acho que é um
tema bem amplo.” (Entrevistada B5).
“RSC é uma, nada mais é do que a empresa ou uma instituição qualquer, é,
ela se preocupar com o benefício que ela gera para a sociedade. Ou seja, não
adianta só ela gerar o benefício pra ela, ela crescer de um modo
desordenado, de um modo irresponsável, de um modo incorreto, se ela vai
prejudicar a sociedade, se ela vai prejudicar seus concorrentes. Ou seja, ela
tem que crescer e gerar benefício para todas as pessoas que estão ao redor
dela.” (Entrevistado C1).
“RSC é você agir em prol, você, como empresa, tomar certas decisões tendo
em mente o que isso pode acarretar na comunidade que você está instalado.
Por exemplo, quando você trabalha com uma empresa que polui de mais,
você está preocupado em selecionar os resíduos que são, que provém da
produção da sua fábrica de modo a não causar nenhum tipo de poluição ou
agressão à saúde das pessoas que moram na comunidade onde a fábrica é
instalada. Eu acho que a RSC está mais ligada a essa parte. E auxiliar
também que, está ligado também a você saber investir nas pessoas que estão
próximas aonde sua empresa se encontra. Você investir na sociedade que
por ventura poderia estar gerando algum retorno pra você, ou trabalhando,
ou consumindo o seu produto, ou falando bem da sua marca. Pra mim, acho
que RSC é isso.” (Entrevistado D1).
82
“Na minha opinião, significa, no meu entendimento significa, é, uma
consciência, uma responsabilidade que as pessoas, as empresas têm perante
a sociedade, é, de ajudar o próximo, ajudar com todos os recursos que hoje
não são possíveis em algumas áreas, como educação, saúde, é, ensino em
geral, alimentação e meio ambiente também.” (Entrevistado E1).
“Significa se preocupar com as outras pessoas, é, se preocupar com o meio
ambiente que elas vivem, não se preocupar somente com a relação de
trabalho que a pessoa tem com a empresa, mas se preocupar também com a
sociedade como um todo.” (Entrevistada E3).
“Eu acho que RSC está voltado para as causas assim de meio ambiente, a
sociedade, o que a empresa se preocupa com esses temas.” (Entrevistado
E4).
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“É, RSC significa, assim, no âmbito empresarial, significa gerir uma
empresa não apenas considerando as questões econômicas de uma
organização, mas considerando as questões sociais e ambientais que uma
empresa deve se preocupar também.” (Entrevistado E5).
Ainda tiveram poucos entrevistados que definiram a RSC levando em conta
somente a dimensão ambiental (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e
FROES, 2001; ASHLEY, 2002), mostrando uma visão limitada do assunto.
“É um crescimento ordenado, responsável, que não agrida o meio ambiente,
que não ponha em risco as gerações futuras. Basicamente isso.”
(Entrevistada B4).
“Você fazer, mas se preocupar também em não destruir. Fazer uma coisa,
mas não fazer negócio que vá destruir. Mesmo que você destrua, que você
depois tenha um programa pra que a coisa volte, tipo no caso que eu falei,
reflorestamento, alguma coisa assim....” (Entrevistado C6).
Tiveram dois entrevistados que definiram a RSC de uma maneira mais
assistencialista, mais filantrópica, mostrando também uma visão limitada do tema,
conforme dizem Melo Neto e Froes (1999) e Melo Neto e Froes (2001).
“RSC, pra mim, é ajuda das pessoas, das empresas, é, por parte responsável
em doação, ou ajudas a comunidades a qual, por exemplo, uma empresa está
atuando, é, naquele lugar para ajudar as pessoas que estão na volta dela.
Acho que é mais ou menos isso.” (Entrevistado C3).
83
“RSC, para mim é a parte de colaborar para ajudar as ONGs, ajudar o
próximo mais necessitado.” (Entrevistada D5).
Poucos entrevistados mostraram ter uma visão mais ampla do que é RSC,
dizendo que envolve diversos stakeholders (WOOD, 1991; ENDERLE e TAVIS,
1998; QUAZI e O’BRIEN, 2000; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY,
2002). Vale ressaltar que o entrevistado A3, que definiu a RSC de uma forma
ampla realizou sua monografia sobre o tema.
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“É agir pensando em todos os envolvidos dentro de um determinado
processo. Quando a gente pensa numa ação empresarial exclusivamente, a
gente tem a comunidade, a sociedade, os trabalhadores, o cliente, o
acionista. Quem mais eu posso falar? Tem aí uns 6 ou 7, sem citar autores,
nada, temos uns 6 envolvidos dentro de um determinado processo. RSC é
você agir de uma forma que não atrapalhe ou não diminua nenhum desses 6
envolvidos ... eu lembrei ... tem o meio ambiente.” (Entrevistado A3).
“RSC significa criar valor para todos os stakeholders, as pessoas que são
internamente, que trabalham internamente para a empresa e externamente,
desenvolver uma sociedade também.” (Entrevistada C2).
Portanto, a maioria dos entrevistados apresentou uma visão mais restrita
sobre a definição de RSC, o seu conceito. A maioria abordou somente algumas
poucas dimensões, não conhecendo a totalidade do assunto.
4.3.3.3.
Síntese da visão dos entrevistados
A seguir, foi elaborada uma tabela considerando os principais conceitos de
RSC listados na Tabela 1 da Revisão da Literatura, na qual essa dissertação se
posiciona, e foi feita uma análise para ver se esse conceito foi citado ou não pelos
entrevistados.
Tabela 6: Síntese da visão dos entrevistados
Principais pontos dos conceitos sobre Foi citado pelos entrevistados na
RSC
definição de RSC
Engloba o público interno e externo Sim
(MELO NETO e FROES, 1999;
84
MELO
NETO
e
FROES,
2001;
ASHLEY, 2002)
Dimensão social (CARROLL, 1991; Sim
ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO
NETO e FROES, 1999; MELO NETO
e FROES, 2001; ASHLEY, 2002)
Dimensão ambiental (ENDERLE e Sim
TAVIS,
1998;
MELO
NETO
e
FROES,
1999;
MELO
NETO
e
FROES, 2001; ASHLEY, 2002)
Dimensão
econômica
(CARROLL, Sim
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1991; ENDERLE e TAVIS, 1998;
MELO
NETO
e
FROES,
1999;
MELO
NETO
e
FROES,
2001;
ASHLEY, 2002)
Dimensão ética (CARROLL, 1991; Não
MELO
NETO
e
FROES,
1999;
MELO
NETO
e
FROES,
2001;
ASHLEY, 2002)
Dimensão legal (CARROLL, 1991)
Não
Dimensão filantrópica (CARROLL, Sim
1991; QUAZI e O’BRIEN, 2000)
Filantropia não é o bastante; ações Não
continuadas (MELO NETO e FROES,
1999; MELO NETO e FROES, 2001)
RSC deve fazer parte da estratégia da Sim
empresa (MELO NETO e FROES,
1999; MELO NETO e FROES, 2001)
Atender aos stakeholders (WOOD, Sim
1991; ENDERLE e TAVIS, 1998;
MELO
NETO
e
FROES,
1999;
QUAZI e O’BRIEN, 2000; MELO
NETO e FROES, 2001; ASHLEY,
85
2002)
Transparência (ASHLEY, 2002)
Não
Preocupação com os impactos da Sim
empresa (WOOD, 1991)
Valorização
da
organização
pela Sim
sociedade (WOOD, 1991)
Existência de diferentes estágios para Não
prática da RSC – três estágios
(ENDERLE e TAVIS, 1998)
Os investimentos em RSC variam e Não
dependem dos objetivos de cada
empresa (ENDERLE e TAVIS, 1998)
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Visão
clássica:
maximização
dos Não
lucros (QUAZI e O’BRIEN, 2000)
Visão sócio-econômica: só um pouco Não
de RSC (QUAZI e O’BRIEN, 2000)
RSC gera benefícios para a empresa Sim
(QUAZI e O’BRIEN, 2000)
A Tabela 6 mostra uma comparação entre as principais teorias de RSC –
listadas na Tabela 1 da Revisão da Literatura – e o que foi citado ou não pelos
entrevistados quando foram perguntados sobre o que significa RSC e o que eles
pensam sobre o tema. Como pode ser visto, alguns tópicos foram citados e outros
não foram citados, como a dimensão ética e a dimensão legal.
4.3.4.
Questionamentos e dúvidas sobre RSC
Quando perguntados se tinham alguma dúvida ou questionamento sobre o
assunto RSC, somente 6 entrevistados apontaram não ter dúvidas ou
questionamentos, como pode ser visto em alguns depoimentos a seguir.
“Não, eu acho que eu sei, tipo, o fio da meada, a idéia principal eu acho que
sei. Mas não sou um expert sobre o assunto, mas acho que entendo um
pouco, razoável.” (Entrevistado C1).
86
“Não, não tenho dúvidas.” (Entrevistada C2).
“Não, não. Eu pelo menos acho que não (risos). Já trabalho bastante em
cima desse assunto e aprendi o suficiente pra poder, de repente, trabalhar
isso na minha empresa.” (Entrevistado D1).
“Não, até porque na empresa, a gente acaba vendo isso.” (Entrevistada D3).
Porém, a maioria dos entrevistados ficou dividida em duas respostas. Uma
parte disse não ter dúvidas, pois não conhecia bem o assunto e gostaria de
conhecer mais.
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“Tudo, no momento como eu sei pouco, eu não tenho dúvidas, mas gostaria
de ter mais esclarecimentos...” (Entrevistada B4).
“Não, não é dúvida, mas eu queria assim, por exemplo, se tivesse uma
matéria, conhecer mais iniciativas de RSC, de empresas. Porque tenho
amigos que fazem faculdade que viram isso e a gente comenta e acha
interessante, de como fazer realmente, não ficar só na teoria, é isso, é
aquilo.” (Entrevistado C4).
“Ah, eu tenho ainda, porque não aprendi tudo. Eu tive só uma idéia ampla,
assim, do que é.” (Entrevistada D2).
“Eu gostaria de conhecer mais. Eu acho que eu conheço muito pouco.”
(Entrevistada E6).
A outra parte dos entrevistados demonstrou ter dúvidas em relação ao
conceito do tema.
“Vários. O próprio conceito do tema em si eu não domino. Eu acho que, é,
somente as pessoas que são envolvidas em trabalhos acadêmicos, ou até
empresas grandes que são, como Petrobrás, por exemplo, que fazem estudos
específicos sobre o assunto é que podem, acho, que têm uma consciência
mais aproximada do que seria a amplitude de RSC.” (Entrevistado A5).
“Acho que sim, acho que eu não sei se o que eu entendo sobre RSC é o
certo. Não sei se é isso que é RSC. Eu acredito no que pra mim seja RSC,
que é você ter uma consciência que suas ações vão refletir das pessoas e
você ser responsável também por ajudar um pouco a sociedade como um
todo. Mas, eu realmente confesso que não tenho muito conhecimento sobre
as características e conceitos do tema.” (Entrevistada B2).
87
“Ah, eu tenho muitas. Eu acho que o próprio conceito assim eu não consigo
definir muito bem. Tanto que eu misturo um pouco a parte de
sustentabilidade, a parte de projetos sociais. Mas eu não sei exatamente
como definir RSC. Então, eu tenho muitas dúvidas sobre esse tema, assim.”
(Entrevistada B5).
“Nada muito específico, mas também, eu sei no geral, não tenho um
conhecimento profundo. Eu sei de ouvir falar, mais nada. Não sei muito
bem definir exatamente o que é.” (Entrevistada C5).
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“É, talvez alguns (risos). O que eu te falei, eu não sei se eu saberia definir
exatamente o que seria RSC, entendeu? Seria uma, por exemplo.”
(Entrevistada D6).
“Na verdade, é assim, como eu estou estudando agora esse assunto, tenho
vários questionamentos. Mas, é, eu acho que o próprio conceito, o que seria
RSC, assim seria responsabilidade sócio-ambiental, cada hora a gente ouve
uma sigla diferente, assim. O próprio conceito de sustentabilidade, assim,
que é na verdade, um, o que a gente teria acima de TSC, já que
responsabilidade social e ambiental, acho que é um desdobramento do
conceito de sustentabilidade.” (Entrevistado E5).
Alguns entrevistados relataram que possuem dúvidas em relação à
implementação da RSC.
“Como é que funciona o mecanismo, como seria trabalhar num
departamento desses numa empresa, como seria coordenar um projeto desse.
Eu queria ter uma idéia mais ampla de como funciona isso e de como são
medidos os esforços, os retornos e tudo.” (Entrevistada B3).
“Não sei, como a gente colocaria a RSC dentro de uma empresa, maneiras
de implementação e tudo. Acho que isso é muito importante para um
administrador aprender, porque muitas vezes isso fica falho. Então, acho
que isso é uma dúvida assim, claro, como a gente pode fazer de uma
maneira barata, efetiva e que dê resultado e que seja fácil implementar na
nossa empresa. Ou o step by step de como se faz isso.” (Entrevistado E3).
Alguns entrevistados relataram que possuem dúvidas em relação à
mensuração de retorno que a prática de RSC proporciona. Essas dúvidas
correspondem aos debates que ocorrem até hoje sobre isso, conforme visto na
Revisão da Literatura.
88
“... seria como a RSC mesmo dentro desse escopo mais restrito de ter uma
orientação que seja estratégica pra empresa como ela pode contribuir com a
sociedade e estado na construção, na redução da pobreza e no
desenvolvimento efetivo, de verdade, com números do país. Porque a RSC
ainda pelas empresas é algo que não é muito mensurável: A gente ajuda 12
mil crianças. Eu acho isso lindo, mas eu quero assim, ver mais a médio e
longo prazo como essas 12 mil crianças saíram daquela condição de pobreza
e vieram a se tornar pessoas que vieram a compor uma população
economicamente ativa no país.” (Entrevistado A3).
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“... eu queria ter uma idéia mais ampla de como funciona isso e de como são
medidos os esforços, os retornos e tudo.” (Entrevistada B3).
“É, assim, é sempre difícil, assim, como estudei um pouco de treinamento e
acho que tem o mesmo problema em RSC, que é mensurar o quanto que isso
afeta. Talvez muita gente vê a parte de finanças, talvez fique vendo só os
lucros e não saiba mensurar o quanto isso traz de retorno pra empresa.
Então, vai ser muito difícil fazer esse tipo de análise, mas era interessante
ver o quanto que isso retorna à empresa. Porque não tem jeito, acionista
quer saber quanto que ele está ganhando, quanto que está entrando no bolso
quando ele faz um investimento. Se você faz um investimento de RSC era
bom saber o quanto isso te retorna.” (Entrevistado B6).
Alguns poucos entrevistados relataram que possuem dúvidas em relação a
outros assuntos referentes à RSC, como pode ser visto nos depoimentos a seguir.
“Bom, eu tenho alguns ... é, bom, se tem alguma lei sobre RSC, se é uma
coisa mesmo voluntária ou se existe alguma obrigatoriedade.” (Entrevistado
C3).
“Olha, vou te falar que eu não tenho muita dúvida, porque eu não entendo
muito. Então, eu não tenho nem o que ter muita dúvida. Claro que eu queria
poder me aprofundar mais nisso, na questão que eu falei de, dos benefícios
que você ganha, entendeu? Porque as empresas também não fazem isso só
porque é bonito. Eles fazem também por causa disso. Saber um pouco mais
disso, e acho que é isso.” (Entrevistado C6).
Com isso, pode ser observado que a maioria dos entrevistados possui
dúvidas e questionamentos sobre o tema RSC, principalmente em relação a
aspectos básicos, como o próprio conceito, mostrando que o tema ainda não é
muito bem difundido entre os alunos na faculdade. Isso pode ser um indício de
que a abordagem dada ao tema não é adequada, conforme metade dos
entrevistados relatou.
89
Também existiram dúvidas em relação ao retorno que a RSC dá à empresa,
o que corresponde a discussões que existem na literatura sobre isso (há autores
que acham que dá um retorno positivo, outros não conseguem provar tal
afirmação).
Além disso, houve dúvidas em relação à prática da RSC. Isso também
pode ser associado ao que foi falado anteriormente sobre a abordagem dada ao
tema nas instituições de ensino. Alguns entrevistados disseram que a abordagem
não era adequada, que era superficial e, por isso, os alunos possuem dúvidas e
questionamentos. Esses questionamentos sobre a prática da RSC são interessantes,
pois mostram que os alunos gostariam de saber como exercer a RSC na prática, ou
seja, eles se preocupam com como é a aplicação disso no ambiente de trabalho.
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4.3.5.
Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais
4.3.5.1.
Utilização dos conhecimentos de RSC na prática
Como foi visto no início das análises dos resultados, onde foi feita uma
tabela contendo as experiências práticas dos entrevistados com a RSC em
empresas que já trabalharam ou trabalham atualmente, somente 10 entrevistados
já praticaram a RSC em empresas. A Tabela 7, a seguir, mostra novamente esse
contato com a prática de alguns entrevistados.
Tabela 7: Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática
Entrevistado Que tipo de contato?
A1
A empresa em que trabalha possui um programa voltado
para o assistencialismo: arrecadação de alimentos e
brinquedos, visitas a instituições.
A5
A organização em que trabalha, opera em áreas carentes da
Amazônia levando assistência médica. O entrevistado já
participou por 2 anos desse tipo de atividade.
A6
Trabalhou na Empresa Júnior da faculdade, que possuía uma
área de RSC e o entrevistado participou de projetos de RSC,
como exemplo um projeto de conscientização da classe
90
empresarial sobre a inclusão de portadores de deficiência.
B1
Trabalha numa organização que faz pesquisas e atualmente
pesquisa sobre RSC.
B3 e E6
Participou de algumas ações sociais da empresa como
recolhimento de doações.
D1
Participou
de
um
projeto
que
auxilia
pessoas
de
comunidades a criarem projetos auto-sustentáveis.
D3
Trabalha em uma área estratégica, que se preocupa com as
questões ambientais.
D4
Trabalha na área de relações com os investidores e está
vendo que há fundos que exigem empresas socialmente
responsáveis.
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E5
Trabalhou em um projeto de reestruturação de uma área que
é responsável por gerir a parte de RSC. Trabalha numa
empresa que faz campanhas de reciclagem e outras
campanhas. O entrevistado já participou de uma campanha
de voluntários que foram pintar uma creche.
Como podem ser visto, poucos foram os entrevistados que tiveram contato
com a RSC na prática, cerca de 1/3 dos entrevistados. Porém, alguns desses
entrevistados se mostraram mais seguros sobre o assunto, provavelmente por já
terem tido uma experiência prática. Os entrevistados A6, B1, D1, D3, D4 e E5 se
mostraram muito seguros em relação ao tema, pois falaram de tópicos importantes
abordados na literatura em relação ao tema RSC. O entrevistado A3, apesar de
não ter trabalhado com a RSC na prática, realizou a monografia sobre o assunto e,
com isso, também falou sobre o tema com segurança. Durante a entrevista, esses
entrevistados tentaram passar para o entrevistador que entendiam do tema. Isso
pôde ser visto através do jeito de falar deles, e da forma com que eles afirmavam
suas respostas.
Com isso, pode ser visto que a maioria não teve contato com a prática da
RSC, o que sugere que a faculdade pode suprir essa questão ensinando a prática
para os alunos. Há faculdades que já tentam fazer isso, conforme relata Silva
(2006).
91
4.3.5.2.
RSC das empresas em que trabalharam
Quando perguntados se as empresas em que trabalham ou já trabalharam
põem em prática a RSC, as respostas ficaram divididas. Alguns entrevistados
disseram que não, que suas empresas não praticam a RSC; outros disseram que
suas empresas praticam a RSC. Seguem alguns depoimentos de entrevistados
falando sobre a prática de RSC de suas empresas.
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“Tem esse programa, Programa Atitude, que é da atual empresa onde eu
trabalho, e na minha antiga empresa onde trabalhava, que é a H.Stern, eles
tinham também essa prática de visitar algumas entidades de pessoas
carentes, idosos. Eles tinham também um programa de aprendizes em que
você desenvolvia o jovem para o trabalho. Não era só na questão do
assistencialismo, mas também tinha esse assunto de desenvolver mesmo as
pessoas no mercado de trabalho.” (Entrevistada A1).
“Só a Petrobrás ... é só você olhar para os lados. A Petrobrás participa quase
de tudo que é projeto social, tudo tem um papel, tudo tem o nome da
Petrobrás em eventos culturais. E dentro da empresa, por sua vez, ela tem
uma preocupação muito grande com o funcionário. Por ser Estado, ela
também se preocupa, ela tem uma orientação muito forte pro Estado. Eu
digo por ser Estado, por ser capital misto. Eu acho que ainda que fale muito,
é como eu disse, também não acredito 100% na Petrobrás, ela já falhou
muito no passado com derramamentos e ações despreocupadas com todos os
envolvidos. Ela ainda é a que se aproxima mais. As outras estão muito
distantes, muito distantes...” (Entrevistado A3).
“Sim, as que eu trabalhei, sim. Sempre tinha alguma ação. Tipo, a Oi, por
exemplo, ela tem Oi Futuro, que tem várias pequenas ações lá dentro. É um
centro cultural, tem ações relacionadas à educação, ao desenvolvimento
profissional, algumas coisas interessantes.” (Entrevistada B1).
“Ah, tem vários. Ela faz programas com alunos universitários. É uma
empresa bem socialmente responsável, bem consciente mesmo. Tem
programas de capacitação, tem muita coisa.” (Entrevistada B3).
“Tenta pôr, mas acho que tem muita coisa a desenvolver ainda ... tentando
oferecer treinamento para os funcionários, dando bolsas para os
funcionários em instituições de ensino, criando uma responsabilidade das
pessoas imprimir menos, gastar menos água. Enfim, fatores de produção
para gastar menos. E também tem um programa chamado Criando Laços,
que é um trabalho voluntário, também é muito importante.” (Entrevistada
C2).
92
“Na Vale, a princípio, pelo que eu escuto, coloca sim. Tanto que tem várias
campanhas aí em relação a isso. Eu não lembro de muita não, mas tem
também negócio de Mato Verde, não sei, alguma coisa relacionada a isso
que estão plantando perto da linha do trem, alguma coisa assim. Tem alguns
outros, mas as outras duas (empresas em que trabalhou) não, não que eu
saiba.” (Entrevistado C6).
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“A LLX Logística sim, porque senão os projetos dela não vão sair. Como
eles geram muito impacto no ambiente, tem que ter capacitação dos, de
quem vai trabalhar no porto, tem que ter, é, reservar área para reservas
mesmo, senão o projeto acaba até não saindo se você não cumprir as
exigências do governo. Então, tem que ter de qualquer maneira,
independente da empresa estar, se tem mentalidade de ser voltada, ela tem
que ter, senão ela não vai poder existir.” (Entrevistada D3).
“Sim, sim, eles colocam. Tem vários programas sociais e ambientais no
estado de, no estado do Rio de Janeiro, em São João da Barra, onde vai ter
um empreendimento. É um empreendimento grande, de um porto, que é até
gerador de, é um pólo de desenvolvimento. E sabendo dos impactos que um
porto tem para uma região, a organização, ela se viu obrigada, teve essa
responsabilidade, se viu no papel de tentar ajudar, ou gerar uma mão de obra
qualificada, preservação de rios, é, de colônias de pescadores e vários outros
programas de capacitação mecânica, técnica para serem utilizadas na
construção do porto.” (Entrevistado D4).
“Tem, o banco que eu trabalhei, ele fazia bastante atividade de RSC com os
funcionários dele e tudo. Nas outras empresas, por serem empresas menores,
tinham menos essa, davam menos importância à RSC. O banco, ele dava um
grande sistema de suporte de treinamento para os funcionários. Era muito
grande, ele dava sistema grande também para as famílias e tudo. E se
preocupavam, não só com o funcionário, mas com a família do funcionário.
Pra mim, isso é RSC. Então, acho que se importava, o banco dava essa
atenção. Se o filho do funcionário estava numa escola, como ele estava. O
Recursos Humanos cuidava disso tudo.” (Entrevistado E3).
“Sim, sim, acho que sim. Pelo menos na última, principalmente. Na
verdade, a única ... ele tem coleta seletiva de lixo, assim eles incentivam, é,
os consultores, todo mundo, a equipe, a realizarem iniciativas sociais,
creche, seja, enfim. No caso, eu participei foi até uma creche, a gente foi
pintar a creche. Então isso, é uma iniciativa que a empresa incentiva e dá
prêmios, como se fossem campeonatos de grupos, a empresa toda se divide
em grupos, né. E o melhor projeto social é meio que feito uma eleição pra
ver qual que é o melhor projeto social. Acho que é isso.” (Entrevistado E5).
Com isso, pode-se ver que ainda há empresas que não praticam a RSC, já
que alguns entrevistados disseram que suas empresas não a colocam em prática.
Por outro lado, também há empresas que praticam a RSC e, conforme relatado no
93
depoimento dos entrevistados, essas práticas são através de projetos voltados para
a dimensão social (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001;
ASHLEY, 2002), atenção aos funcionários (MELO NETO e FROES, 2001) e
dimensão ambiental (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001;
ASHLEY, 2002). Não foi citado pelos entrevistados uma empresa que exercesse
uma RSC considerando diversos stakeholders, foram citados alguns, somente.
4.3.5.3.
Como a RSC poderia ser posta em prática
Quando perguntados sobre como as empresas deveriam colocar em prática a
RSC, as respostas foram divididas, assim como a visão que os entrevistados têm
sobre o que é o conceito do tema.
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A maioria dos entrevistados respondeu considerando somente a dimensão
social da RSC (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001;
ASHLEY, 2002), como pode ser visto nos depoimentos a seguir.
“A partir do momento em que houvesse uma filosofia de, de aumento de
qualidade de vida e também como um estímulo ao desenvolvimento
intelectual da sociedade. Uma forma de investir em educação seria uma boa
forma de aplicar o conceito de RSC.” (Entrevistado A5).
“Acho que depende da empresa, depende do setor, depende de muita coisa.
Agora, eu acho que é, até falei como crítica, acho que as pessoas, as
empresas poderiam escutar mais o que a população precisa. Talvez fosse
mais difícil de fazer, mas mais legal para a população de uma maneira geral.
É isso, acho que elas poderiam ouvir mais o que a população precisa, em
vez de fazer o que é mais fácil pra ela, o que é mais cômodo. Apesar que eu
acho que estou pedindo demais (risos), mas eu acho que seria legal se fosse
assim.” (Entrevistada B1).
“Acho que as empresas poderiam desenvolver mais o local em que elas se
desenvolvem em volta. Pensar mais nas pessoas carentes e não só olhar para
dentro dela. Pensar fora.” (Entrevistada C2).
“Bom, acho que toda empresa pode fazer um pouquinho a respeito da RSC.
Por exemplo, a empresa que eu trabalhei poderia ajudar de uma forma,
alguma forma as crianças carentes, ou a comunidade, pode ser pequena, mas
poderia, sim, ajudar de alguma forma algumas pessoas.” (Entrevistado C3).
94
“Eu, partindo do zero é difícil. Mas você, de repente, recebendo essa
demanda da comunidade seria mais interessante. Ou a comunidade falando?
Nós precisamos, por exemplo, 5 mil para criar uma biblioteca comunitária
com 500 volumes. A empresa vai lá e financia esse projeto. Porque é um
pouco complicado a empresa partir do zero e financiar esse projeto, porque
ela não sabe qual é a necessidade da comunidade. Então, de repente tendo
essa, esse caminho inverso da comunidade procurando a empresa pra
financiar o projeto, seria interessante. Mas seria mais interessante ainda se a
empresa já tivesse a noção de conhecer os benefícios que você tem, não só
os benefícios fiscais, mas pra imagem da empresa, de você estar financiando
esse tipo de projeto voltado para RSC..” (Entrevistado D1).
“Acho que, tipo, não só se preocupar, por exemplo, Natal. Tentar ajudar as
outras pessoas, é, ao longo do ano. A Oi, ela é uma empresa que tem um dos
projetos bem legais de tirar meninos de rua, de ajudar, de dar, fazer um
curso para as crianças....” (Entrevistada E6).
Interessante observar que os entrevistados B1 e D1 disseram que as
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empresas precisam ajudar a comunidade, mas não de forma aleatória, é preciso
entender e saber o que a sociedade está precisando.
Muitos entrevistados também disseram que a RSC deve ser posta em prática
da seguinte forma: levando em conta alguns stakeholders, seja meio ambiente e
comunidade, seja comunidade e funcionários.
“Eu acho que, é, a questão do meio ambiente, acho que sempre deve ser
vista, é algo que influencia a todos, então, assim, qualquer processo que seja
ligado ao ambiente eu acho que tem que ser estudado, tem que ser visto
formas de tentar sempre conservar e até melhorar o meio ambiente. Eu acho
que a questão social também, as empresas, elas têm como investir, tem
como dar recursos a essa parte social, acho que isso pode até ser até em
benefício delas. Por exemplo, dando ensino nas áreas voltadas da empresa
pra crianças, pra estudantes que são mais carentes, que eles dando
oportunidades mesmo para as pessoas. Eu acho que isso é interessante de
você, ao mesmo tempo que você está ajudando, você está contribuindo pra
própria empresa, não só com a imagem de RSC, mas com pessoas mesmo,
qualificando pessoas que não têm tantas oportunidades.” (Entrevistada B5).
“Poderiam ter projetos para desenvolvimento dos profissionais mais
humildes, pagando bolsas de estudos, distribuindo mais cestas básicas.
Deveriam ter um projeto com a comunidade local. Por exemplo, trabalhei
numa empresa de engenharia, lá na obra ela poderia fazer alguma atividade
social, alguma aula de informática pra comunidade mesmo mais carente,
distribuição de agasalhos, alimentos. Acho que poderia ter algum tipo de
atividade assim, que eu não vi.” (Entrevistado C1).
95
“Acho que dessa maneira, capacitar os funcionários. No caso da minha, que
é a construção, os recursos serem reaproveitados, não só construir o porto e
sair. Se preocupar com os impactos que estão sendo causados para poder
mitigar, se vai destruir uma área, tantos hectares, repõe essa área em outro
lugar para poder contrabalancear. Acho que eles até têm feito isso, pelo que
estou vendo.” (Entrevistada D3).
“Ah, não sei, tendo cuidado com as pessoas ... sei lá, com as pessoas que
trabalham na organização, as que não trabalham, mas de alguma forma
mantém contato. Não sei, alguma coisa desse tipo. Com, sei lá, o ambiente
que ela está, também não só com a organização, mas aonde ela está inserida,
com as conseqüências que ela, que ela traz pra, sei lá, aquela cidadezinha lá
em volta dela.” (Entrevistada D6).
“... Atuar, assim, atuar no mundo de hoje reduzindo, se preocupando com o
mínimo impacto assim, tanto no morro, tanto no meio ambiente, como no
meio social...” (Entrevistado E5).
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Alguns entrevistados disseram que a empresa precisa colocar a RSC em
prática começando dentro dela, ou seja, começando pelos funcionários da própria
organização. Esse aspecto é mencionado por alguns autores (MELO NETO e
FROES, 2001; ASHLEY, 2002).
“Eu acho que é aquilo que te falei, de você ver a qual comunidade você está,
e não só onde você está, mas quem faz parte da sua empresa também. Acho
que você precisa também pensar como as pessoas da sua empresa estão, pra
começar de dentro, digamos, trabalhar isso. Então acho que poderia ser por
aí.” (Entrevistado A2).
“Eu acho que podia começar de dentro mesmo, com os próprios
funcionários e perceber o que, o que move eles exatamente. Não só no
quesito motivacional em si, mas o que convence o cara ir a frente. O que
convence ele a se mover e a dar um pouco mais de si. Eu acho que a RSC
podia estar ligada um pouco a isso.” (Entrevistada B3).
“Bom, acho que você tem que começar de, com pequenas ações. Depende
do tamanho da empresa também, mas você fazer pequenas coisas,
começando com seus funcionários, as famílias, pra poder, você vendo algum
retorno nisso, você poder expandir pra sociedade que está em volta da
empresa, que participa.” (Entrevistada C5).
“Ela poderia primeiro analisar o quadro de funcionários que ela tem, e ver
quais são as necessidades deles. Se, por exemplo, quando eu trabalhei numa
construtora, muitas das pessoas que trabalhavam na construtora eram
analfabetas. Então, o que na empresa eles fizeram? Eles colocaram pessoal
96
lá pra ensinar. Porque esse é um trabalho que o sindicato da construção civil
tem, você pode botar um professor na tua obra. Então, a primeira coisa acho
que era analisar as necessidades dos funcionários, ver lá, a maioria dos
funcionários é analfabeta, preciso de alguém que ensine eles na obra. Tem
alguém que faça isso? Tem o sindicato da construção civil faz isso, quanto
custa? Ah, é de graça. Então vamos implementar? Vamos. Então, três vezes
por semana, no final do expediente, ou início do expediente, eles têm essas
aulas. Entendeu? Então, primeiro ver a necessidade do funcionário e ver
como é que poderia fazer, e a melhor forma de fazer isso com, talvez com
custo baixo para não sobrecarregar a empresa.” (Entrevistado E3).
Alguns entrevistados disseram que para colocar em prática a RSC, é
importante que a empresa tenha uma estrutura formal em seu organograma, ou
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seja, uma área para realizar as práticas de RSC.
“Olha, eu acho que, a RSC poderia ser posta em prática nas empresas, bom,
eu tenho dúvidas da minha forma de pensar, como eu disse. Mas, é, primeira
coisa é ter uma diretoria, um cargo dentro do seu organograma hierárquico
voltado só pra isso. Uma empresa que tem uma diretoria de RSC, um diretor
de RSC, né. Uma gerência de RSC para que seja só voltado para projetos
sociais, seja voltado só para essa visão...” (Entrevistado A6).
“Não sei, de repente, é, não sei se seria somente da área de recursos
humanos, mas dentro dessa área ter uma pessoa responsável por esses
projetos, em tentar ver aonde a empresa pode trabalhar, onde a empresa
pode utilizar seus recursos e as suas capacidades pra ajudar de repente a
população onde a empresa está instalada, ou mesmo os seus funcionários, as
comunidades onde seus funcionários moram. Acho que isso poderia ser
feito.” (Entrevistada B2).
“... Até propriamente criar uma, ou ter algum canal, alguma área da empresa
que cuide disso e que tome conta disso.” (Entrevistado C4).
Dois entrevistados responderam que a RSC deveria ser posta em prática
através de doações, ou seja, um caráter mais assistencialista.
“De acordo com a minha visão de RSC, seria colaborando com alguma
ONG, investindo, dando verba.” (Entrevistada D5).
“Não sei, talvez uma campanha pra reciclagem, alguma doação pra época de
Natal.” (Entrevistado E4).
97
Um entrevistado respondeu que a empresa deveria fazer bastante marketing
sobre suas práticas de RSC, já que isso atrai consumidores para o consumo de
produtos ou serviços da empresa.
“Como eu acho? Olha, vou te falar que, eu acho que em relação a isso,
programas e principalmente também no marketing da empresa. Porque a
empresa que tem, que é conhecida com RSC, ela acaba estando no gosto do
público e automaticamente na preferência dele. Então, acaba que vende
mais, é mais bem vista. Acho importante. Que tipo de programa? Agora
você me pegou. Nunca pensei sobre isso, não, mas espera aí, que tipo de
programa, olha, não sei. Não sei mesmo porque eu nunca parei pra pensar
sobre isso não, assim, de como não é um assunto que eu sou muito interado
assim, eu não, só parando pra pensar mesmo.” (Entrevistado C6).
Um entrevistado respondeu que a empresa deveria atender a todos os
stakeholders, mostrando ter uma visão bem ampla sobre o assunto. Ele também
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disse que a RSC deve ir além da pura filantropia, assim como dizem os autores
Melo Neto e Froes (2001).
“É como eu falei, a RSC é uma postura, é uma forma de tomar, é uma
orientação para tomada de decisão que entende que toda ação mexe com
seis envolvidos: Estado, cliente, sociedade, empregado, acionista ... Ser
posta em prática, eu penso que não é só você ter uma fundação social e
ajudar algumas crianças ou comprar remédio pro hospital ou comprar
alimentos para mandar pro sertão na época da seca. É você ter uma política
que efetivamente faça com que as pessoas, principalmente o nível
estratégico, tomem decisões que não vá afetar ou prejudicar o mínimo
possível todos esses envolvidos...” (Entrevistado E4).
4.3.6.
Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC
4.3.6.1.
Capacidade de
responsáveis
a
faculdade
formar
gestores
socialmente
Quando perguntados se a faculdade em que eles estudavam/estudaram era
capaz de formar gestores socialmente responsáveis, a maioria dos entrevistados –
17 entrevistados – responderam que a faculdade que eles cursaram/cursam não é
capaz de formar gestores socialmente responsáveis.
98
“Acho difícil. Tem até uma pessoa ou outra que pode até, pode até saber, até
por conta de monografia, alguma coisa assim de interesse próprio mesmo.
Mas eu acho que só por conta das matérias, eu acho difícil. Acho que não.”
(Entrevistada A4).
“Se ela tivesse uma abordagem mais direcionada, eu acredito que sim. Hoje,
está um pouco deficiente. Apesar das várias disciplinas que tratam
superficialmente do assunto, acho que eles não dão um foco muito
direcionado não.” (Entrevistado A5).
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“Não.Nenhum momento o tema é abordado, então não tem como formar.
Tem muita coisa que falta para formar.” (Entrevistada B3).
“Atualmente, não. Eu acho que isso está muito ligado também aos valores
das pessoas. Pessoas também não é só aprender e adotar. Eu acho que essas
pessoas, elas têm também que ter esse sentimento de responsabilidade, que
também, claro, pode ser despertado um pouco na faculdade. Mas assim, ela
só pela faculdade só, acho que não. Porque não é muito debatido esse tema,
não é levado muito, assim, é considerado como, parece não ser considerado
tanto quanto importante. Várias matérias e poucas abordam esse tema,
assim, dentro da matéria. Acho que ela não é vista como principal, como
fator importante mesmo pra pessoa sair preparada pro mercado.”
(Entrevistada B5).
“... aqui na faculdade especificamente, eu acho que não tem muito espaço,
não. Se ela (pessoa) não se informa de outra forma, ela não tem muito
conhecimento.” (Entrevistada C5).
“Bem, da minha parte, não (riso). Eu pelo menos, se dependesse daqui, eu
não ia saber muita coisa, não. Te falei, ia saber o básico, saber o que é certo,
o que é errado em relação a isso. Mas nada que mudasse o meu, que pudesse
ser, guiar uma opinião minha a respeito do assunto, não.” (Entrevistado C6).
“Ah, eu acho que não. Porque, porque muitas das pessoas não sabem nem o
que é isso e a faculdade não foca nem um pouco sobre esse tema. Então, eu
acho que muita gente vai se formar aqui sem saber o que é isso.”
(Entrevistada D2).
“Acho que depende da pessoa. Acho que a faculdade em si, ela não dá uma
abordagem significativa pra isso, não. Vai depender da pessoa, do exemplo
que a pessoa tiver, das experiências profissionais dela, não da faculdade.”
(Entrevistado E3).
“Acho que é muito difícil, porque o tema não é abordado a fundo e as
matérias que têm são eletivas.” (Entrevistado E4).
99
O restante dos entrevistados – 13 entrevistados – responderam que a
faculdade em que estudam/estudaram é capaz de formar gestores socialmente
responsáveis, conforme pode ser visto nos depoimentos a seguir.
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“Com certeza ... o que eu falei, aqui, a minha faculdade, o curso de
Administração tem uma orientação humana e social muito forte, muito forte
mesmo. A gente, quando eu falo VPL, penso nas questões financeiras por
gosto e por cursos externos, mas aqui dentro, as pessoas que se formam em
média, elas não ficam pensando tanto em dinheiro quanto, eu acho na
média, medianamente, as pessoas que se formam aqui não pensam tanto em
dinheiro quanto de repente outras universidades com quem eu tenho contato,
com quem eu converso.” (Entrevistado A3).
“Na minha opinião, sim, é capaz de formar gestores socialmente
responsáveis, até porque, as cadeiras que nós temos aqui, as disciplinas que
nós temos aqui, a instituição pública, de ciências sociais, de psicologia, elas
dão pra gente um embasamento teórico, como eu falei, pra gente poder estar
olhando a realidade, pra gente poder se formar cidadãos com opiniões
voltadas para esses problemas sociais. Nós temos trabalhos aqui de
monografia, é, muitos trabalhos de monografia voltados pra área social, para
políticas públicas na área social, pra melhoria de condições de trabalho
dentro da empresa pra, enfim, combate à pobreza e miséria. Então, os
alunos, eles saem daqui com esse diferencial. Acho que aqui tem um
diferencial sim, né, que é proveitoso nesse sentido. Você pode ter não só de
RSC, mas outro voltado para outros problemas sociais e melhoria da
realidade que nós temos hoje, principalmente nosso país e até no mundo.”
(Entrevistado A6).
“Olha, eu acho que a minha faculdade é capaz. Ela não está, acho que ela
poderia trabalhar mais isso, mas que ela tem todas as condições de formar
esse tipo de pessoa, é. Só precisa melhor esse aspecto de difundir mais essa
idéia ... é uma faculdade de renome, é uma faculdade que tem, os
professores, eles conhecem bem o mercado, são consultores em muitas
empresas. Então, eles sabem como é que funciona e sabe a importância
disso. Só precisa entrar mais na parte do curricular, precisa estar mais dentro
da ementa dos próprios cursos.” (Entrevistado B6).
“Ela dá as ferramentas necessárias, mas acho que isso vai depender do
futuro de cada um, onde cada um vai trabalhar.” (Entrevistada C2).
“Acredito que sim, porque é uma faculdade em que ela visa a ética e visa a
ação responsável das pessoas. E os professores sempre estão ensinando
voltado a isso. Então, acredito que os alunos formados também vão ter esse
pensamento.” (Entrevistado C3).
100
“Sim. Apesar de não ter um curso voltado pra isso, mas é um curso bem
completo que abrange várias áreas. E como eu falei, essa área de tópicos
especiais de meio ambiente dá uma visão mesmo que meio que obscura
sobre RSC. Então, dá pra ter uma noção, uma idéia sobre o papel da
organização no meio.” (Entrevistado D4).
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“É, porque acho que a RSC, ela tem muito a ver com ética também. E a
gente tem professores que abordam o tema o tempo inteiro, e, assim,
professor, ele tem uma, isso estou falando particularmente os professores da
minha faculdade até dar aula em outras instituições, mas estou falando do
professor da minha faculdade. Muitos deles abordam o tema ética, falam
sobre isso e o professor, ele tem aquela imagem de, ele ensina, tem aquela
imagem de que sabe muito, ele acaba passando muitas informações que os
alunos absorvem muito bem. Então, acho que hoje, a gente tem professores
bons que abordam o tema e passam bastante pro aluno a responsabilidade
que é. Então, acho que ela é capaz de formar sim, só que falando mais do
lado, é, da educação, mas não o lado profissional. Por exemplo, matérias
voltadas pra esse tema. Mas você tem professores qualificados, eu acho.
Então, ela é capaz de formar, mas pode ser melhorado.” (Entrevistado E1).
Dessa forma, pode ser visto que é interessante que as instituições de ensino
estejam atentas a questões ligadas ao ensino da RSC, já que houve estudantes que
responderam que suas universidades não são capazes de formar gestores
socialmente responsáveis. Com isso, as faculdades estariam se adequando à essa
demanda do ensino de RSC, que é até abordada nas Diretrizes Curriculares
(SOUZA et al., 2003; CANOPF e PASSADOR, 2004).
4.3.6.2.
Como a faculdade
responsáveis
poderia
formar
gestores
socialmente
Quando os entrevistados foram perguntados sobre o que as faculdades
deveriam fazer para formarem gestores socialmente responsáveis, foram várias as
sugestões.
A maioria sugeriu que fosse criada uma disciplina de RSC ou que o tema
RSC fosse incluído nas ementas das disciplinas, já que a RSC está ligada a muitas
coisas, Estratégia, Marketing e até Finanças.
“Acho que se aprofundar mais no assunto. De repente, até colocar uma
matéria optativa, mas falar dentro das aulas de marketing, ou às vezes até de
RH, mais sobre esse assunto, de modo que as pessoas pudessem se sentir
101
estimuladas e com vontade de aprender mais sobre o tema pra procurar isso
de outras formas.” (Entrevistada A4).
“Não sei exatamente como (risos). Mas eu acho que tem várias matérias que
dão uma brecha grande pra ser falado alguma coisa sobre RSC. Acho que de
uma maneira geral, principalmente a matéria de marketing, dá uma brecha
muito grande pra você falar, às vezes alguma citação, algum exemplo, uma
aula dada sobre o assunto, relacionando o que você está fazendo com o
assunto...” (Entrevistada B1).
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“Bom, acho que poderia ter uma matéria, é, não precisa ser uma matéria
sobre RSC, de repente, porque a grade curricular ainda precisa de outras
coisas também. Mas que dentro de alguma coisa, é, ou de repente dentro de
todas as matérias, os professores linkem o que pode ser feito. De repente
dentro do marketing que acho que pode ser muito bem utilizado. Façam link
dentro do, como o gestor pode atuar sendo responsavelmente ligado à
sociedade, e como, de repente, como futuros gestores, a gente poderia
utilizar os recursos das empresas pra isso.” (Entrevistada B2).
“Incorporar esse tema a todas as disciplinas, não só, também ter uma
disciplina voltada exclusivamente pra isso, mas não ficar só no teórico,
como a gente coloca em prática, mudar o pensamento voltado pra isso. Mas
não só uma matéria exclusiva, mas também tentar incorporar isso às outras,
esse tema.” (Entrevistada B4).
“Eu acho que poderia ser oferecida uma cadeira voltada para a RSC, única e
exclusivamente para RSC, e até mesmo desenvolver parceria com algumas
empresas e mostrarem como se dá o processo de RSC dentro da empresa,
visitar alguns projetos, mostrar mais como se dá um processo de RSC. Não
só ficar na teoria...” (Entrevistado C1).
“Eu acho que poderiam ter ênfase, é, em RSC, como tem aqui... e também
acho que deviam abordar mais até nas próprias aulas, assim, mostrar
resultados referentes a cada matéria, resultados bons do que é RSC.”
(Entrevistada C2).
“Acredito que mais matérias voltadas a esse tema, e botar em prática, acho
que ajudaria bastante.” (Entrevistado C3).
“Eu acho que no mínimo era ter uma disciplina obrigatória sobre esse tema
que hoje em dia está muito falado.” (Entrevistada D2).
“É, fazer uma grade mais mesclada, pegando um pouco de matemática, um
pouco da parte de humanas, que é pouco explorado.” (Entrevistada D5).
102
“Trazendo mais matérias que, mais matérias, colocando mais matérias na
grade, pelo menos uma matéria obrigatória, hoje, pelo menos a gente aqui
não tem. Colocando uma matéria obrigatória e eletivas para pessoas que têm
interesse. E trazendo exemplos do dia a dia, trazendo tipo solução, assim
como a gente tem soluções estratégicas, também ter soluções pra RSC.”
(Entrevistado E1).
“Poderia mostrar a importância disso e realmente colocar a RSC numa das
matérias que a pessoa aprenda. Que a pessoa aprende matemática, aprende
um monte de matéria importante aqui e acaba não aprendendo RSC, que é
tão importante quanto.” (Entrevistado E3).
Alguns entrevistados disseram que seria interessante desenvolver trabalhos
voluntários, trabalhos de ajuda à comunidade, para que os alunos tenham contato
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com esse tipo de prática.
“Eu acho que a faculdade poderia incentivar mais essa, esse tipo de trabalho
em relação, até trabalhos voluntários, trabalhos de interação com o meio
onde ela está. Porque muitas vezes, a gente fica isolado aqui, só fica, vai pra
aula e acabou. Você não sabe o que está se passando. Acho que poderia
incentivar mais isso.” (Entrevistado A2).
“... Talvez, uma administração, ou um administrador consciente do seu
papel social, ele possa desenvolver programas tanto no meio interno de sua
instituição, até como meio externo com a comunidade que está próxima a
sua instituição, de forma a melhorar a vida, o padrão de vida de uma forma
geral do nosso povo.” (Entrevistado A5).
“... mas como eu falei, o curso deveria ser mais diurno, os alunos deveriam
poder ter mais chance de poder estar fazendo projetos voltados pra melhoria
da sociedade. Os próprios alunos mesmos, com algum professor, fazendo
um trabalho científico, produzindo artigos. Ainda no meio da faculdade,
estar podendo atuar dentro da sociedade, dentro de uma idéia de RSC,
usando o conhecimento que eles têm pra poder já ta praticando uma gestão
de RSC dentro da própria comunidade onde a universidade deles está
inserida.” (Entrevistado A6).
“De repente, você tendo visitas a campo, ou então, é, exercícios em sala de
aula que visem desenvolver projetos sociais, ou então você, juntando
algumas pessoas da comunidade pra dizer quais são as necessidades delas e
aí você ajudar elas a montar projetos sociais...” (Entrevistado D1).
Alguns entrevistados disseram que seria interessante desenvolver trabalhos
na prática, ou seja, que a faculdade deve estimular o aluno a fazer trabalhos na
103
prática de, por exemplo, analisar se as empresas estão realmente exercendo a
RSC.
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“... o que as universidades podem fazer são principalmente fazer uma
espécie de controle social, a palavra melhor seria essa, do que os
empresários estão fazendo dentro das empresas. As ações dessas empresas
principalmente as que estão listadas em bolsa, não as ações, as ações o
título, estou dizendo as ações, as atividades e os planos, elas serem vistas e
acompanhadas de perto, pra que se possa discernir com argumento e com
consciência o que está sendo socialmente responsável ou não. Essa
proximidade, esse efetivo acompanhamento, exemplificando o que é e o que
não é, eu acho que isso vai ajudar a amadurecer e a desenvolver uma
posição socialmente responsável nos alunos de administração.”
(Entrevistado A3).
“... acho que poderia ter também dentro dessas cadeiras, questões tipo, ah,
visita a empresa, avalia a responsabilidade social da empresa, que empresa
vai fazendo, propões alguma coisa pra essa empresa. Tem uma série de
trabalhos assim que com certeza os alunos iam fazer, iam gostar bastante.
Só que a gente não tem aqui. Pelo menos eu não tive, agora eu estou saindo
da faculdade.” (Entrevistado C4).
“... principalmente, incentiva a visita a empresas socialmente responsáveis,
identificação de projetos e fazer esse tipo de análise mesmo, um impacto,
análise de impacto de uma organização no meio. Seria interessante pra fazer
numa faculdade de negócios, como é a minha.” (Entrevistado D4).
“Projeto em prática, principalmente nas segundas avaliações, pra realmente
ser um pré-requisito para aprovar aluno...” (Entrevistado E2).
Outros poucos entrevistados sugeriram, além de ter aulas e trabalhos sobre o
assunto, ter também eventos, como workshops, exposições, seminários.
“... podendo ter a chance de fazer um evento, um evento, uma semana de
administração com uma palestra pra RSC, pra poder estar convidando a
comunidade empresarial do município pra poder estar chamando os outros
alunos pra assistir ... eu acho que palestra e trazer a classe empresarial pra
falar sobre o tema, debater, é muito importante...” (Entrevistado A6).
“Hum, maior, acho que não basta só também, só na teoria também. Acho
que evidências práticas, assim, workshops sobre isso, é, iniciativas externas,
como movimentos ... Eu vejo muitos movimentos, muitos eventos aqui que
na verdade, tudo bem não vamos julgar valores, mas evento de moda, mas
você não vê eventos relacionados a esse tema. Eu não quero julgar, mas
acho que é muito mais importante.” (Entrevistado E5).
104
“... a faculdade podia ter aulas, trabalhos, exposição de alguma coisa pra
fazer com que os outros pensem nesse sentido.” (Entrevistada E6).
Portanto, como pôde ser visto, alguns entrevistados mostraram a
necessidade de ter uma abordagem mais prática em relação ao assunto RSC. Eles
demandam aprender a implementação da RSC na prática e, com isso, acham que a
instituição de ensino superior deve ensinar aos alunos a prática da RSC. Isso pode
se relacionar com os questionamentos dos entrevistados sobre como implementar
a RSC. Eles mostraram ter dúvidas em relação a isso e, por conseguinte,
sugeriram que as universidades devam ensinar isso aos alunos. Esse assunto
também pode ser relacionado com a superficialidade da abordagem dada ao tema,
conforme relatada por alguns entrevistados, mostrando que a abordagem pode ser
melhorada através dessas sugestões.
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Também pode ser ressaltado que alguns entrevistados sugeriram que o tema
seja mais abordado durante as aulas ou que tenha uma matéria somente sobre o
assunto. Como alguns entrevistados mostraram ter dúvidas em relação ao próprio
conceito de RSC, seria interessante que essas matérias abordassem mais o
assunto, para melhor explicá-lo.
5
Considerações finais
5.1.
Conclusões
A presente dissertação teve o objetivo principal de investigar a visão dos
alunos que se formam em Administração sobre RSC e o seu ensino. Para alcançar
esse objetivo, foram estabelecidos objetivos intermediários. As considerações
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finais foram elaboradas a partir dos objetivos intermediários.
5.1.1.
Nível de interesse/preocupação com o tema
Pode ser considerado que os entrevistados possuem preocupação com o
tema, já que consideram a RSC algo importante para a prática da Administração,
pois responderam que a RSC é boa para a imagem da empresa, para o
desenvolvimento da sociedade e ambiente, para o desenvolvimento da empresa e
para reduzir os impactos causados pelas organizações.
Por outro lado, apesar de os entrevistados se mostrarem preocupados com o
tema RSC, a maioria dos pesquisados que cursaram a disciplina eletiva de RSC,
disseram que cursaram, porque a disciplina primeiramente encaixava no horário.
Foram 4 pessoas que cursaram essa disciplina eletiva e somente um respondente
disse que cursou a matéria por achar o tema interessante. Houve entrevistados que
disseram que cursariam essa matéria se existisse na sua faculdade, porém outro
entrevistado disse que cursaria a disciplina de RSC se ela fosse obrigatória e caso
ela fosse eletiva, ele teria que ver se ela se adaptaria ao seu horário.
Isso leva a questionar se seria o caso de colocar o tema de RSC em
disciplinas obrigatórias, já que em relação à eletiva, os alunos cursam aquelas que
melhor encaixam no seu horário. Isso também leva ao questionamento sobre
dados quantitativos em relação ao nível de importância dado ao tema, já que
apesar de falarem que é importante, eles cursariam mais por causa do horário.
106
5.1.2.
Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a
satisfação/insatisfação com o espaço e as abordagens dadas
Em primeiro lugar, pôde ser observado que existe uma falha na
comunicação sobre as disciplinas que a faculdade oferece, já que foi visto que
alunos de uma mesma faculdade tiveram respostas diferentes em relação à
existência de disciplina. Enquanto uns responderam que não existia a disciplina de
RSC, outros da mesma faculdade disseram que essa disciplina existia. Isso mostra
que é interessante que tenha uma maior comunicação e divulgação da existência
de disciplinas ligadas ao tema.
Outra evidência relacionada a essa falha na comunicação pode ser
observada ao verificar a grade curricular dos alunos na Internet. Há faculdades
que oferecem matérias ligadas à área social, porém estas não foram citadas por
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nenhum aluno.
Portanto, isso sugere que seria interessante melhorar a divulgação da grade
curricular para os alunos, para que eles tenham maior conhecimento do leque de
opções que eles possuem em relação às disciplinas.
Em relação aos alunos que cursaram a disciplina de RSC, foram apenas 4
estudantes. Os demais entrevistados disseram que, apesar de não haver disciplina
sobre o tema, ele é abordado em algumas outras disciplinas, porém muitos
disseram que não é abordado de forma aprofundada, ou seja, é bem superficial.
Apesar disso, alguns disseram que o pouco que é abordado é adequado, correto.
Alguns entrevistados até disseram que o tema é abordado de forma
desestruturada, ou até é abordado em sala de aula por causa do interesse dos
próprios alunos.
Com isso, pode ser visto que alguns entrevistados consideram que o espaço
dado atualmente para o tema RSC é insuficiente.
Soma-se a isso, o fato de que um número razoável de pesquisados também
disse que o que aprendeu sobre o assunto de RSC vem mais de meios externos à
faculdade, como revistas, jornais, trabalho. Estes disseram que na faculdade, eles
não aprenderam muito. Isso mostra que os alunos possuem certo interesse no
tema, já que apesar de a faculdade não ter muito espaço para ele, eles procuraram
ler alguma coisa sobre o assunto.
107
Além disso, houve 14 entrevistados que realizaram um trabalho sobre o
tema RSC na faculdade e eles avaliaram a realização desse trabalho como
interessante. Isso pode mostrar outro indício de que os alunos se interessam por
esse assunto, já que eles julgaram o desenvolvimento do trabalho de forma
positiva.
Portanto, os dados dessa seção sugerem que o espaço para o tema RSC
poderia ser aumentado e que a abordagem poderia ser melhorada, já que é
considerada uma abordagem superficial, apesar de correta.
5.1.3.
Visão de RSC
Outra consideração interessante a ser feita é que a maioria dos entrevistados
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apresentou uma visão mais restrita sobre a definição de RSC, o seu conceito. A
maioria abordou somente algumas poucas dimensões, não demonstrando
conhecimento sobre a totalidade do assunto. Isso sugere que o tema não é muito
bem passado para os alunos na faculdade ou que é passado de uma maneira que
não é adequada, já que os alunos ainda não possuem isso assimilado. Como
muitos entrevistados disseram que não há espaço adequado para o tema, pode ser
que o tema realmente não seja muito abordado na faculdade e, por isso, os alunos
não possuem uma noção do que ele envolve.
Como a maioria dos entrevistados mostrou que possuem uma visão restrita
sobre o tema RSC, um número razoável considera que poderia haver mais espaço
para esse assunto na faculdade e os alunos que fizeram trabalho sobre o tema
acharam interessante, isso mostra indícios de que poderia ocorrer uma melhoria na
forma de estruturar a abordagem do tema.
5.1.4.
Dúvidas e questionamentos sobre RSC
Outra evidência é de que muitos entrevistados possuem questionamentos e
dúvidas sobre o tema RSC, principalmente dúvidas básicas, como exemplo, em
relação ao próprio conceito do tema. Muitos demonstraram que querem ter mais
esclarecimentos sobre o assunto, o que também mostra que o tema ainda não é
bem difundido entre os alunos na faculdade.
108
Alguns também mostraram ter dúvidas referentes à prática da RSC. Isso
mostra que eles têm uma necessidade de saber a prática. Isso realmente reflete a
realidade, pois os alunos geralmente demandam a prática da Administração nas
salas de aula. Portanto, é interessante que seja mostrado esse lado prático da RSC
nas empresas para os estudantes de Administração. Consequentemente, muitos
entrevistados deram sugestões de que as universidades devem ensinar mais a
prática da RSC aos alunos.
5.1.5.
Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais
Alguns entrevistados disseram que as empresas em que trabalharam não
praticam a RSC, outros responderam que praticam. Dos que responderam que
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praticam, alguns já se envolveram na prática da RSC, ou seja, já tiveram essa
experiência prática. Foi observado que aqueles que tiveram experiência na área se
mostraram mais seguros em relação ao assunto.
Como alguns entrevistados relataram que suas empresas não praticam a
RSC e alguns disseram que praticam, vale a pena estudar posteriormente quais são
as perspectivas dos alunos em relação à prática da RSC nas empresas, ou seja, se
eles esperam que irão trabalhar com isso nas empresas, ou até se eles estão
satisfeitos com o grau da RSC da empresa em que trabalham.
5.1.6.
Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC
Vale ressaltar que muitos entrevistados também mostraram que consideram
que sua faculdade não é capaz de formar gestores socialmente responsáveis, já
que o tema não é muito falado e discutido. E para eles, as faculdades devem
mudar para passarem a formar gestores socialmente responsáveis. Uma das ações
que a maioria dos entrevistados considerou ser fundamental para que a faculdade
passe a formar gestores socialmente responsáveis é a inclusão de uma disciplina
relacionada ao tema ou à mudança na ementa das disciplinas como Marketing e
Recursos Humanos, para que elas abordem o tema e relacionem o tema à prática
da Administração. De repente, dessa forma, pode ser superada a dúvida existente
dos entrevistados em relação ao conceito da RSC, conforme relatado por eles.
109
Além disso, ainda são poucos os alunos que trabalham na prática com a
RSC, no dia a dia em suas empresas, portanto, é importante que a faculdade passe
para os alunos os assuntos relacionados ao tema, já que na prática, os alunos ainda
não estão utilizando muito isso.
Também é importante ressaltar, que alguns entrevistados sugeriram que as
universidades devem ensinar a prática da RSC. Isso mostra que os alunos
demandam esse tipo de ensino e então sugere que essa metodologia poderia ser
adotada.
Esse estudo também mostrou que, observando as respostas dos
entrevistados, há um grande interesse por parte dos alunos em estudar o tema e ao
mesmo tempo uma grande frustração por não ter esse tema muito abordado em
sala de aula.
Enfim, o presente estudo realmente me deu uma visão de como está o
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ensino da RSC, segundo o público pesquisado, mostrando que ele ainda está
abaixo do esperado pelos alunos e que poderia ser melhorado.
Com todas essas evidências, pode ser interessante considerar mudar a
estrutura da grade ou a ementa das disciplinas, ou seja, alterar a metodologia da
faculdade em relação ao ensino da RSC para seus alunos. Alguns autores
defendem a idéia de que deve haver uma mudança no currículo do administrador.
Pereira et al. (2004) abordam a importância da flexibilização do currículo do
ensino em Administração para melhor atender aos acontecimentos do mercado.
De repente, isso poderia ser mais bem pensado para atender a esse assunto de
RSC dentro da faculdade. Para Lopes (2002), há evidências em relação à
necessidade de mudar o processo de formação do administrador. Isso poderia ser
pensado, já que este estudo também mostrou evidências de que pode ser mudado.
Ou seja, esse trabalho pode dar às universidades a sugestão de aprofundar essas
questões do ensino de RSC para dar mais subsídios sobre o que elas podem fazer
para melhorar.
Contudo, vale a pena ressaltar que, como foi dito no item Limitações do
Método, essa pesquisa possui limitações quanto à generalização, pois ela está
limitada ao grupo dos entrevistados.
110
5.2.
Sugestões para futuras pesquisas
Uma das sugestões para futuras pesquisas é procurar saber se os alunos
gostariam de ter matérias sobre o assunto, isto é, se eles acham que é válido a
faculdade ter disciplinas relacionadas ao tema RSC.
Outra sugestão é saber se os alunos teriam o interesse em aprender mais
sobre o tema RSC, não necessariamente sendo através de uma disciplina
específica sobre o assunto.
Outra sugestão seria fazer uma pesquisa com uma quantidade maior de
entrevistados, já que essa pesquisa abrangeu 6 alunos de cada 5 universidades.
Uma pesquisa quantitativa poderia ser utilizada também.
Além disso, seria interessante fazer uma comparação entre estados do Brasil
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ou até entre países, a respeito da visão dos alunos sobre o ensino de RSC. Dessa
forma, poderia ser estudado se há estados do Brasil ou países em que o ensino de
RSC está mais desenvolvido, segundo a visão dos alunos.
Uma outra sugestão seria pesquisar segundo o ponto de vista dos
professores e coordenadores dos cursos de Administração, já que essa pesquisa foi
segundo a percepção dos alunos. Seria interessante saber se, do ponto de vista dos
professores e coordenadores, a faculdade está dando espaço e abordagem
adequados para a RSC e o que eles acham que a faculdade poderia fazer, caso eles
achem que precise melhorar. Olhar os dois lados, o do aluno e o dos professores e
coordenadores, seria bastante interessante.
Além disso, também poderia haver uma pesquisa sobre o projeto
pedagógico de universidades para saber se está no seu objetivo passar para o
aluno o tema RSC.
Também vale a pena estudar posteriormente quais são as perspectivas dos
alunos em relação à prática da RSC nas empresas, ou seja, se eles esperam que
irão trabalhar com isso nas empresas, ou até se eles estão satisfeitos com o grau da
RSC da empresa em que trabalham.
Finalmente, seria válido aprofundar essas questões estudadas na presente
dissertação para dar subsídios às universidades sobre como elas podem proceder
para preencher essa lacuna do ensino de RSC.
6
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138
7
Anexo
7.1.
Roteiro de entrevista
Dados Demográficos:
1.Sexo
2. Idade
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB
3. Estado Civil
4. Quando se forma/formou?
5. Qual o tema da monografia/projeto final?
6. A Faculdade/Universidade na qual estuda/se formou é pública ou
particular?
7. Você trabalha? Há quanto tempo? Em que empresas já trabalhou? Em que
empresa trabalha atualmente? Há quanto tempo trabalha nessa empresa? Em que
área você trabalha? Qual o cargo: estagiário, trainee, funcionário?
Roteiro de Entrevista:
1. Essa pesquisa é sobre Responsabilidade Social. Em primeiro lugar, eu
gostaria de saber o que você pensa sobre essa questão, que vem sendo bastante
discutida na mídia, nas empresas e na universidade.
2. Segundo seu entendimento e baseando-se no que você leu e ouviu sobre o
tema, o que significa o termo Responsabilidade Social?
3. Em sua opinião, esse tema é importante para a prática da Administração?
Muito? Pouco? Por quê?
4. A faculdade em que você cursa Administração oferece uma disciplina
voltada especificamente para Responsabilidade Social? Sim? Não?
5. Se sim, você cursou essa disciplina? Sim? Não? Por quê?
139
6. Em que você acha que a disciplina contribuiu para sua formação/seus
conhecimentos?
7. A faculdade em que você estuda aborda o tema Responsabilidade Social
durante as aulas? Quais matérias abordam esse tema? Mais alguma matéria?
8. Em que você acha que esse tópico de Responsabilidade Social contribuiu
para sua formação/seus conhecimentos?
9. Você chegou a fazer, ao longo da faculdade, algum trabalho sobre o tema
Responsabilidade Social? Qual era o tema do trabalho? Como você avalia o que
aprendeu com o trabalho? (muito interessante, pouco interessante, por quê?)
10. Você acha que o espaço dado ao tema Responsabilidade Social na
Faculdade/Universade que cursa/cursou é: Adequado? Poderia haver mais espaço?
Poderia haver menos espaço? Por quê?
11. Você acha que a abordagem dada ao tema Responsabilidade Social na
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB
Faculdade/Universidade que cursa/cursou é adequada? Sim? Não? Por quê?
12. Você tem alguma dúvida e/ou questionamento sobre o tema
Responsabilidade Social? Qual? Mais algum?
13. Na sua experiência de trabalho/estágio, você teve a oportunidade de
utilizar algum dos conhecimentos que tem sobre Responsabilidade Social? Sim?
Não? Se sim, poderia contar essa experiência?
14. Você acha que a(s) empresa(s) na(s) qual(is) trabalhou põem em prática
a Responsabilidade Social? Sim? Não? (se sim, pedir exemplos).
15. Como você acha que a Responsabilidade Social poderia/deveria ser
posta em prática nas empresas?
16. Em sua opinião, a faculdade/universidade que você cursou é capaz de
formar gestores socialmente responsáveis? Sim? Não? Por quê?
17. O que você acha que poderia ser feito nas faculdades/universidades para
formar gestores socialmente responsáveis?
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Renata Céli Moreira da Silva Responsabilidade Social no Ensino