TalentosHumanos
Humanos
Carlos Eduardo nos áureos tempos de alpinismo,
escalando a Pedra Bonita, no Rio de Janeiro
Sérgio entre seus companheiros de Krav-Magá
Radicais pela natureza
A concepção que se tem ao
ouvir a palavra radical é a de
algo que se pratica colocando
a vida em risco. Os perigos
existem até mesmo ao se
atravessar uma rua. Os
talentosos desse mês
evidenciam que nem tudo é
tão arriscado quanto parece.
Vejamos:
Carlos Eduardo Capillé, do Departamento de Equipamentos Eletroeletrônicos, por exemplo, começou a pra26
• janeiro 2004 • Linha Direta nº 304
ticar alpinismo aos 17 anos. Dez anos
mais tarde, “migrou” para as caminhadas ecológicas. Conscientizou-se do
perigo? Não, até pelo contrário, conforme explica: “parte da segurança do
esporte está na sua prática constante,
responsável pelo equilíbrio, auto-confiança e condicionamento adequado.
Como não tinha mais tempo para fazêlo regularmente, preferi ir para outra
atividade, cuja regularidade não fosse
um fator classificado como de risco”.
Observar a vida de grandes altitudes, faz parte do esporte preferido de
Guido José Gomes Ferraz, da Assessoria de Administração de Contratos, Normalização e Arquivo Técnico, também
adepto do alpinismo. Ou melhor:
montanhismo. “preferimos usar a palavra montanhismo, já que alpinismo é
um termo originário da prática nos
Alpes europeus”, esclarece. Mas não
foi apenas a altura que despertou o
gosto de Guido pelo esporte. “Superar
desafios utilizando o físico e o mental
talvez tenha sido o que mais me atraiu
para o esporte”, conta. Indagado sobre o que aprendeu fazendo escaladas,
Guido não vacila: “o maior aprendizado foi o de respeitar a natureza. Ficar
no sofá assistindo a degradação do
meio ambiente pelo telejornal e reclamar do governo, é muito fácil. Só quando há o real envolvimento é que se
José Carlos, em plena forma,
preparando-se para entrar no ringue
Delayne praticando rapel
Guido aprecia a natureza em uma pausa na escalada do Pão de Açúcar, RJ
F OTOS A RQUIVOS P ESSOAIS
valoriza o que se tem”. Uma outra lição
importante, Guido faz questão de ressaltar: a de “ajudar e ser ajudado na
superação dos obstáculos, valorizando
o companheirismo, o que difere de
outros esportes que sempre ‘puxam’
para o lado da competição”.
Enquanto Capillé e Guido “enveredam por caminhos tortuosos”,
Delayne Cristina Machado, do Centro de Ensaios e Medições, é uma
praticante de rapel, que, em comum
com os dois, tem o mesmo sentimento de amor pela natureza. “Sou apaixonada pela natureza e por emoções
diferentes. O rapel não é para mim
apenas um esporte, mas sim uma
técnica de descida vertical com o
auxílio de corda, pela qual tenho um
acesso privilegiado à natureza”.
Em Terra Firme
Ao contrário dos talentosos que
optaram pela prática de “esportes nas
alturas”, José Carlos Lima, do Escritório de Representação de São Paulo, e
Sérgio Tadeu de Souza Pinto, do Departamento de Controle Patrimonial,
optaram por atividades que não os
tirassem do “nível do mar”. José Carlos
é um lutador de boxe, enquanto Sérgio
faz defesa pessoal, ou melhor, KravMagá, técnica presente no treinamento dos soldados israelenses.
José Carlos conta que se inspirou no
campeão mundial Muhammad Ali e que
começou a lutar aos 13 anos, quando
seu vizinho comprou um par de luvas.
“Naquela época, era algo diferente para
os meninos da nossa idade. Nós ficávamos encantados. Então, quando entrei
para o Exército, consegui um par de
luvas e não parei mais”, lembra. Ele
afirma que o boxe o ensinou a “ter mais
garra, determinação. Consigo traçar os
meus objetivos com mais segurança.
Busco ser um vencedor tanto na minha
vida profissional, quanto pessoal”.
Sérgio é um praticante recente. “Comecei no Krav-Magá em abril passado.
De acordo com o meu médico, precisava
‘quebrar’ o sedentarismo. Então, juntei
o útil ao agradável”. Apesar do pouco
tempo, Sérgio revela: “aprendi a reconhecer os meus limites e adquiri mais
equilíbrio emocional”.
Como mostra a reportagem, os
entrevistados dessa edição não têm
nada de radicais. São pessoas pacíficas em busca de um maior aprimoramento físico e emocional.
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