O
O meu primeiro dia
MARIA
MANUEL
SEABRA
DA COSTA
conta-nos como foram
os seus primeiros dias
como Director na
PricewaterhouseCoopers
Portugal.
… E naquele meu primeiro dia
na PricewaterhouseCoopers
Portugal, a minha primeira
impressão não precisou de ser
reparada por uma segunda
oportunidade, dado ter ficado
claramente marcada pela
afabilidade com que fui recebida.
Porque parte dos meus colegas
já me conheciam, fui recebida
como se já fizesse parte da casa,
sentimento que marcou o meu
primeiro dia!
52 RH MAGAZINE / JANEIRO-FEVEREIRO 2010
DE FORMA MAIS OBJECTIVA, considero
que um processo de acolhimento e integração numa nova empresa é sempre marcado
por quatro tendências marcantes:
1. a imagem pela qual vamos ser conhecidos. A integração é um primeiro momento
de clara sinalização sobre quem somos, porque estamos ali e o que é esperado de nós!
2. as pessoas que vamos conhecer e que
são os transmissores da cultura da organização em que nos vamos integrar;
3. o valor que associamos à organização que nos recebe e que está na base da
nossa escolha por esta organização. O primeiro dia é o momento de começar a perceber
como teremos de adaptar os nossos comportamentos a esta;
4. a incerteza do futuro e de como eu
e a organização nos poderemos influenciar e
completar mutuamente.
O primeiro dia numa organização é o início de uma nova etapa, de um projecto, de
um caminho de evolução profissional. Estas
quatro ideias fundamentais nunca deixaram
de passar pela minha cabeça no meu primeiro dia na PricewaterhouseCoopers. Em
todos os momentos em que viajava por estes pensamentos, surgiam-me outras ideias
complementares, a primeira das quais e a que
mais destaco é o facto de que, na verdade,
a integração de um quadro numa organização não começa no dia de acolhimento, mas
sim no recrutamento. O processo de recrutamento por que passei foi, na verdade, o meu
primeiro momento de integração. Foi um
processo muito interessante e permitiu-me
descobrir muito acerca da PricewaterhouseCoopers ao longo das conversas que fui tendo com os vários decisores. Sei que muitas
vezes não pensamos no quanto um processo
de recrutamento pode ser relevante para a integração numa organização. Mas um quadro
com experiência consolidada e carreira tem
um olhar diferente acerca destes momentos,
fruto do seu capital de referência e que em
cada oportunidade lhe vai permitindo ler os
sinais que vai recebendo. É essa leitura, que
vai sendo construída pelas experiências dos
primeiros contactos, que contribui para enfrentar estes processos com uma serenidade
diferente.
Uma vez chegados à organização, temos
que começar a conhecer o novo contexto, a
entender os seus valores e como vamos gerir
a nossa integração – começamos a percepcionar quais as características que devemos
manter, pois estão na base do que somos
como pessoas e profissionais e deverão ser
as razões de termos sido escolhidos – e onde
temos de nos adaptar para nos integrarmos
numa nova realidade.
As apresentações acerca do trabalho de 850
pessoas e de uma organização com a dimensão da PricewaterhouseCoopers Portugal não
são simples ou breves… A sensação de não ter
espaço para integrar a quantidade de conhecimento que me foi passada naquelas primeiras
semanas era permanente. E todos os dias algo
novo me surpreendia e me fazia espantar com
o quanto eu tinha já aprendido e necessitava
ainda de aprender sobre esta organização.
Ao fim de alguns dias a sensação de me
sentir em casa começou a alojar-se e a rotina
do quotidiano a impor-se. Para além da recepção calorosa e amigável que já referi, sinto
que muitos momentos marcaram este meu
ajustamento… A visita aos restantes escritórios da empresa em território nacional foi um
desses momentos!
A recepção que tive na PricewaterhouseCoopers no Porto foi um dos momentos mais
ricos da minha integração pela atenção que
foi dada aos detalhes para que efectivamente
me sentisse em casa e deixou-me com a sensação de que uma organização pode ter dentro
de si surpresas permanentes… No entanto, é
fundamental revelar também parte das visitas que me foram feitas! Senti-me lisonjeada
quando, ao longo da minha primeira semana
de trabalho, recebi a visita do líder da organização, apenas para confirmar que tudo estava
a correr bem… sinal que li como um cuidado
no detalhe para que a visão que estava a construir da organização fosse o mais próximo da
imagem que me tinha sido apresentada ao
longo do processo de recrutamento.
Neste contexto, é importante também referir o constante apoio da minha secretária e
a proactividade com que sempre se dedicou a
explicar-me os diferentes aspectos relevantes
para a organização e aos quais eu não podia
deixar de estar atenta. Uma das mais relevantes fontes de integração e aculturação de um
quadro na organização é e sempre será o secretariado… Esta foi uma lição de vida que
me deram há alguns anos atrás e que também na PricewaterhouseCoopers Portugal
tive oportunidade de confirmar!
Os primeiros dias ajudaram-me também
a conhecer os casos de negócio e a forma
como são construídas soluções, procurando
superar as expectativas dos clientes e desta
forma diferenciar-nos no mercado. Um dos
mais marcantes momentos da minha integração na PricewaterhouseCoopers Portugal foi
Não existe uma segunda
oportunidade para causar
uma segunda impressão.
Al Ries & Jack Trout
o meu primeiro trabalho em que necessitei
de colaborar com colegas de outras áreas e
unidades de negócio. Deste processo ressalvo
o quanto foi relevante a boa disposição dos
colegas com quem colaborei e a sua imediata abertura para me dar a conhecer o cliente,
as suas especificidades e unicidade… e aqui,
mais uma vez, a experiência das equipas do
Porto se destaca pelo empenho na integração
numa relação de um cliente numa equipa.
Estes dois elementos foram fundamentais
para o sucesso do projecto e, acima de tudo,
para a satisfação que nos deu completá-lo…
Confidências à parte, e depois de tantas recordações memoráveis sobre os meus primeiros dias na PricewaterhouseCoopers
Portugal, importa agora reflectir sobre o que
é importante no processo de acolhimento e
como deve ser assegurado. Se as preocupações com a imagem pela qual vamos ser conhecidos, as pessoas que vamos conhecer, o
valor que associamos à organização e a incerteza quanto ao futuro são permanentes no
nosso primeiro dia, não podemos deixar de
recordar que um processo de acolhimento é
acima de tudo um processo de gestão de expectativas que molda percepções e opiniões,
confere a capacidade de acreditar numa organização e contribui para combatermos
o receio da incerteza. Assim enquadrado, o
processo de acolhimento deve ser pensado
para responder a questões como: “Quem recebe?”, “Quem apresenta?”, “O que se apresenta?”, “Como se apresenta?”...
A reflexão que fiz para esta partilha foi o
primeiro momento em que tive oportunidade
de questionar se o meu processo de integração
e acolhimento na PricewaterhouseCoopers
Portugal já teria efectivamente terminado.
Acredito que o acolhimento deve ser encarado em sentido lato e assim sendo só termina quando se tem a possibilidade de conhecer
todo o ciclo de negócio da empresa e a forma
como o mesmo se materializa em actividades e
períodos de maior relevância para a actividade.
É importante admitir que um processo de
integração é algo durável e permanente no
tempo, não se esgotando no primeiro dia, na
primeira semana, no primeiro projecto ou no
primeiro contratempo! E, portanto, o fundamental do primeiro dia é o sentimento com
que ficamos e que deverá permanecer ao longo do tempo… E o meu sentimento naquele
primeiro dia foi o de que estava a dar início a
um processo de integração numa organização
de referência mundial e que a seu tempo as
peças deste novo puzzle em que me estava a
envolver iriam fazer sentido. Um processo de
integração começa num processo de recrutamento e, naqueles primeiros dias, tudo apontou para que o meu processo de recrutamento
tivesse sido o primeiro passo bem sucedido do
meu acolhimento – ao escolher e ser escolhida
para integrar a PricewaterhouseCoopers!
JANEIRO-FEVEREIRO 2010 / RH MAGAZINE 53
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