MÚSICA E POESIA
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Que é ? Simpatia (Casimiro de Abreu)
Estrela do Mar (Marino Pinto e Paulo Soledade)
Risque (Ary Barroso)
Habeas Corpus (Orestes Barbosa e Noel Rosa)
Desejos ( Casimiro de Abreu )
Meu Amanhã (Lenine)
Distantes Demais (Lenine)
O Quereres (Caetano Veloso)
01) Que é - simpatia (Casimiro de Abreu)
Simpatia ? é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.Simpatia ? são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.Simpatia ? meu anjinho,
É o canto de passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céui d`agosto
É o que m´inspira teu rosto...
Simpatia ? é quase amor!
02) Estrela do mar (Marino Pinto e Paulo Soledade)
Sucesso do Carnaval de 1952 na voz de Dalva de Oliveira (uma das melhores cantoras que o Brasil já teve, apelidada
por Francisco Alves, o "Rei da Voz", como a "Rainha da Voz").
Um pequenino grão de areia
Que era um pobre sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor, ô, ô, ô
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar
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Dizem que nunca o pobrezinho
Pôde com ela encontrar
Se houve, ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O que há de verdade é que depois
Muito depois, apareceu a estrela do mar.
03) Risque (Ary Barroso)
Risque meu nome do seu caderno
Pois não suporto o inferno
Do nosso amor fracassado
Deixe que eu siga novos caminhos
Em busca de outros carinhos
Matemos nosso passado
Mas, se um dia talvez a saudade apertar
Não se perturbe, afogue a saudade
Nos copos de um bar
Creia, toda quimera se escuma
Como a brancura da espuma
Que se desmancha na areia
04) Habeas Corpus (Orestes Barbosa e Noel Rosa)
No tribunal da minha consciência,
O teu crime não tem apelação.
Debalde tu alegas inocência,
Não terás minha absolvição.
Os autos do processo da agonia,
Que me causaste em troca ao bem que eu fiz,
Chegaram lá daquela pretoria,
Na qual o coração foi o juiz.
Tu tens as agravantes da surpresa
E também as da premeditação,
Mas na minh`alma tu não ficas presa
Porque o teu caso é caso de expulsão.
Tu vais ser deportada do meu peito
Porque o teu crime encheu-me de pavor
Talvez o habeas corpus da saudade
Consinta o teu regresso ao meu amor.
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05) DESEJOS - (Casimiro de Abreu, com publicação em 1857)
(Versa sobre a visão do Autor de uma mulher, imaginada por ele como a mulher perfeita, ideal...)
Se eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
De amor em terna expansão;
Do peito calara as mágoas,
Bem feliz eu era então!
Se essa mulher fosse linda
Como os anjos lindos são
Se tivesse quinze anos,
Se fosse rosa em botão,
Se linda brincasse inocente
Descuidosa no gazão;
Se tivesse a tez morena,
Os olhos com expressão,
Negros, negros, que matassem,
Que morressem de paixão,
Impondo sempre tiranos
Um jugo de sedução;
Se as tranças fossem escuras,
Lá castanhas é que não,
E que caíssem formosas
Ao sopro da viração,
Sobre uns ombros torneados,
Em amável confusão;
Se a fronte pura e serena
Brilhasse d`inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;
Se a voz fosse harmoniosa
Como d`harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;
E se o peito lhe ondulasse
Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
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Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;
E se essa mulher formosa
Que me aparece em visão
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão,
Por ela tudo daria...
_ A vida, o céu, a razão!
06) Meu amanhã (LENINE)
Ela é minha delícia
O meu adorno
Janela de retorno
Uma viagem sideral
Ela minha festa
Meu requinte
A única ouvinte
Da minha Rádio Nacional
Ela minha sina
O meu cinema
A tela da minha cena
A cerca do meu quintal
Minha
Minha
Minha
Minha
meta, minha metade
seta, minha saudade
diva, meu divã
manha, meu amanhã
Ela é minha orgia
Meu quitute
Insaciável apetite
Numa ceia de Natal
Ela é minha bela
Meu brinquedo
Minha certeza, meu medo
É meu céu e meu mal
Ela é meu vício
E dependência
Incansável paciência
E o desfecho final
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Minha
Minha
Minha
Minha
meta, minha metade
seta, minha saudade
diva, meu divã
manha, meu amanhã
Meu fá, minha fã
A massa e a maçã
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã
Meu lá, minha lã
Minha paga, minha pagã
Meu velar, minha avelã
Amor em Roma, aroma de romã
O sal e o são
O que é certo, o que é sertão
Meu Tao, e meu tão...
Nau de Nassau, minha nação
07) Distantes Demais (Lenine e Dudu Falcão)
Somos
Somente
A fotografia.
Dois navegantes
Perdidos no cais,
Distantes demais.
Somos
Instantes
Palavras, poesia.
Dois delirantes
Ficando reais,
Distantes demais.
Noites de sol.
Loucos de amar.
Quem poderia nos alcançar.
Eu e você,
Sem perceber,
Fomos ficando iguais.
Longe,
Distantes demais.
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08) O Quereres (Caetano Veloso)
Onde queres revólver sou coqueiro
E onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo
E onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada nada faltaE onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas o chão minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez
Onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão
E onde queres cowboy eu sou chinês
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor bruta flor
Onde queres o ato eu sou espírito
E onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido sou herói
Eu queria querer-te e amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor bruta flor
Onde queres comício, flipper-video
E onde queres romance, rock?n?roll
Onde queres a lua eu sou o sol
Onde a pura natura, o inseticídio
E onde queres mistério eu sou a luz
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
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Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim.
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