Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário
Ciência da Educação II – Sociologia
Ano Lectivo 2010 / 2011
Diferenças entre as Estratégias Familiares de Educação das Crianças
Este trabalho tem como objectivo indicar as diferenças entre as diferentes estratégias
familiares na educação das crianças.
O seguinte quadro apresenta as características de cada uma das estratégias: estratégias
“contratualistas” e as “estatutárias”.
Estratégia Contratualista
Estratégia Estatutária
Plano de objectivos
Desenvolvimento das potencialidades da criança e
Acomodação às normas sociais, assegurar e manter
da sua sensibilidade, utilização mais técnicas de
a estabilidade normativa, atribuição de um papel
compreensão do que de estabilidade normativa,
especifico às outras instâncias socializadoras
coordenação
com
as
outras
instâncias
(participação distanciada)
socializadoras (participação activa)
Objectivos e Métodos
Auto-realização e relação
Acomodação e disciplina
Criar condições para dar resposta aos desejos
Melhorar ou manter as condições de vida
“naturais” da criança
Cada criança tem uma personalidade a desenvolver
Receio que venham a ser marginais
de forma orientada, controlada e apoiada
Sobrevalorizam a personalidade social (conjunto
Acomodação para garantir integração social
atitudes para se integrar no ambiente relacional)
Importância ao desenvolvimento do “ser” (criativos, Ser trabalhador, empreendedor e digno de
curiosos, sensíveis, responsáveis e sociáveis)
confiança
Expectativa que as crianças venham a ocupar, Tensão entre os desejos que sentem e a realidade
profissionalmente, lugares semelhantes
que vivem (aceitação do que vier)
Dispensável tirar licenciatura, mas reconhecem que Desejo de que os filhos tirem curso superior (desejo
poderá facilitar a vida
com algumas dúvidas)
Importância no diálogo, no estimulo e elogio para o Sacrifícios para a satisfação dos filhos no sucesso
desenvolvimento da criança e auto-confiança
escolar
Autoridade persuasiva (recorrem mais facilmente à Adoptam o “sistema de castigo” em vez do castigo
sanção física que a sistema de castigo)
corporal (não punem severamente)
Relação educativa assente numa pedagogia da Relação educativa assente numa pedagogia da
mediação inscrita num contexto comunicacional interiorização, as regras e papeis são rígidos e
muito valorizado
inerentes à instituição familiar e à sociedade
Importância no argumentar e dialogar, na orientação A palavra é normalmente usada para chamar a
das crianças, através do apoio, encorajamento e atenção dos desvios do que para argumentar e
autonomia na educação
convencer através do discurso
Realização de “contratos” (papeis negociados e Necessidade de contrariar todas as tendências
trocas com as outras instituições são encorajadas)
socialmente aceites
Coordenação com a escola, companheiros e a TV
Coordenação
Participação Distanciada
A relação com a TV é diminuída, maior valorização
Atribuição de um papel relevante à escola e TV,
dos companheiros e escola.
Trocas de locais de convívio (casa dos colegas) Não existem trocas de convívio (os existentes
mas com observação de influências (incentivadas limitam-se ao parentes) e desconhecem as
mas controladas)
brincadeiras
Atribuem um papel instrutivo à TV (instrumento
Papel da TV ambíguo (positiva mas criticada)
facilitador de explicação de alguns assuntos) mas
não controlam a programação
Acompanham e esclarecem dúvidas, discutem Fechamento da família em relação ao exterior
conteúdos com os filhos
(podem aprender o que não deviam)
Instâncias socializadoras individualizadas (giram
Proximidade com a escola, processo de cooperação
sobre si) e a relação com a escola é de distância e
“natural”
exterioridade
Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário
Ciência da Educação II – Sociologia
Ano Lectivo 2010 / 2011
A escola tem missão difusa e alargada, devendo
preocupar-se com os aspectos globais da
socialização da criança
Realização de actividades preparatórias em casa e
desenvolvem o gosto pela leitura e escrita
Procuram informação dos filhos, vão às reuniões e
falam com eles para perceber o que se passa, vêem
e ajudam nos TPC’s
Os princípios dos professores
semelhantes aos das famílias
devem
ser
Estranham a participação dos encarregados na
participação das decisões da escola e preocupamse com a falta de igualdade no tratamento dos
alunos com mais dificuldades
Preparação mínima para a escola (normalmente o
irmãos mais velhos) e preocupam-se mais a nível
do comportamento e obediência aos professores
Procuram informação com os vizinhos ou pais dos
colegas para confrontar os filhos, frequentam as
reuniões apenas para ouvir, participam pouco nos
TPC’s (mais para controlar)
Os professores não devem ter papel na educação,
deve ser feita em casa
Conclusão
As famílias socializam os filhos procurando transmitir uma dada cultura (de classe);
Os filhos das famílias “contratualistas” são socializados num contexto que valoriza a
individualidade, a expressão das “inclinações naturais”, o desenvolvimento da autoconfiança, a verbalização de intenções, desejos e problemas através de um processo
relacional baseado no diálogo, argumentação e na explicação;
Para as famílias “contratualistas” a escola, convívio com os companheiros e a TV têm um
papel complementar na educação dos filhos;
Para as famílias “estatutárias” os filhos são as expectativas para melhorar as condições
de vida, é importante que não desenvolvam comportamentos desviantes, que sejam
respeitados e interiorizem as regras socialmente aceites. Daqui compreende-se a
desvalorização do convívio com os colegas. Para estas famílias a escola e TV são
bastante valorizadas, uma vez que são identificadas como meio de divulgação de um
saber a que é preciso aceder, acelerando assim, o processo de integração nesse mundo
a que desejam pertencer;
Para as famílias mais favorecidas a escola é integrada no processo “natural” de
desenvolvimento das crianças ao contrário das famílias mais desfavorecidas em que a
escola é claramente um instrumento de mudança da própria família, onde depositam os
sonhos;
Em suma, a escola tem um poder de socialização familiar e participa de forma decisiva na
ampliação ou redução das probabilidades do sucesso escolar das crianças.
Docente: Prof. Alice Mendonça
Discentes: António Pereira; Dulce Marques; Júlio Jacinto e Marco Willy
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Trabalho 2 – Análise de Caso: Ocupado mas não Produtivo