ID: 55412420
25-08-2014
Tiragem: 35060
Pág: 14
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 27,28 x 31,17 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 3
Líderes do BPI e da Galp são os que têm
mais dinheiro em acções das empresas
Fernando Ulrich tem mais de 2,7 milhões
de euros em acções e lidera a lista de dez
executivos que, não sendo os donos das
empresas, detêm títulos, seguido por
Ferreira de Oliveira, da Galp. Acções são
incluídas em planos de remuneração em
apenas duas das empresas analisadas
Gestão
Ana Rute Silva, João Pedro
Pereira, Luís Villalobos
Os presidentes executivos do BPI,
da Galp Energia e do BCP são os três
gestores do PSI 20 que mais dinheiro têm em acções das empresas que
lideram. Fernando Ulrich, líder do
BPI, encabeça a lista elaborada pelo
PÚBLICO com base nas informações
disponíveis nos relatórios e contas
de 2013 e na informação prestada
à Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários em 2014.
Nesta análise, foram excluídos os
gestores que são simultaneamente
donos das cotadas no principal índice da Bolsa de Lisboa, agora com
18 empresas, como Paulo Azevedo,
CEO da Sonae, ou Paulo Fernandes,
da Cofina e da Altri. No total, há 12
gestores que não são empresários e,
destes, dez detêm acções. A grande
maioria comprou por sua iniciativa
as acções. Apenas dois (Miguel Almeida, da Nos, e Fernando Ulrich)
recebem acções no âmbito de um
plano de remuneração.
No fecho da sessão de sexta-feira,
as acções do BPI encerraram a 1,33
euros (já valeram mais), o que representa 2,7 milhões de euros em títulos
nas mãos do CEO. O banqueiro tem
mais do dobro do segundo executivo do ranking, Manuel Ferreira de
Oliveira, da Galp Energia, com 1,1
milhões euros em acções, e quase 11
vezes mais que Nuno Amado, do BCP
(254,2 mil euros).
Há dois factores que ajudam a explicar a primazia de Fernando Ulrich
entre os outros presidentes executivos. Além da sua longevidade no
banco (entrou para o banco logo no
começo da instituição, em 1983), é,
da lista analisada pelo PÚBLICO, o
CEO que está há mais tempo na actual função (desde 2004). Outro é o
facto de o BPI ter uma política de remuneração variável de acções (RVA),
o que facilita a aquisição de títulos
do banco, já que recebe acções em
vez de dinheiro como prémio pelo
desempenho e objectivos alcançados. A RVA foi alvo de alterações em
2011. O PÚBLICO colocou questões a
Fernando Ulrich para saber, nomeadamente, se foram adquiridas acções
fora do regime de RVA, mas não foi
possível obter uma resposta. Certo
é que, pelo menos desde Dezembro
de 2012, o CEO do BPI não se desfez
de qualquer título.
Presidente executivo da Galp
Energia desde Janeiro de 2007 e administrador desde Abril de 2006,
Ferreira de Oliveira ocupa o segundo lugar nesta tabela e tem um total de 85.640 acções da petrolífera
portuguesa, exactamente as mesmas
que em 2012. No ano passado, o CEO
não comprou nem alienou os títulos,
que valem, por esta altura, mais de
1,1 milhões de euros.
A empresa não tem planos de
atribuição de acções, nem opções
de aquisição de acções pelo que o
executivo, que antes liderou a cervejeira Unicer, investiu a nível pessoal
na Galp. “A compra de acções, que
tenho feito ao longo do tempo a um
preço médio de 12,8 euros por acção,
é um investimento pessoal que manifesta a minha confiança no futuro
da empresa”, disse ao PÚBLICO, por
email.
Nuno Amado, o actual CEO do
Millennium bcp, está a o terceiro lugar, com 2,8 milhões de acções da
instituição financeira, avaliadas em
254.218 euros, um valor que não é
muito expressivo devido à baixa cotação do título (0,09 euros). Em Dezembro de 2013 o gestor, que veio
do Santander Totta (de onde saiu no
início de 2012), detinha pouco mais
de um milhão de acções. O reforço
ocorreu no último aumento de capital da instituição, em Julho. Nessa
altura, Nuno Amado subscreveu mais
1821 mil títulos, subindo a sua posição
final no Millennium bcp para as actuais 2.824.650 acções. Também foram
enviadas questões ao gestor, mas não
foi possível obter resposta.
Incluir acções no plano de remu-
Fernando Ulrich é o gestor, da lista analisada pelo PÚBLICO, que ocupa há mais tempo a cadeira de CEO
10
Entre os 18 gestores do PSI
20, 12 não são os donos das
empresas. E, destes, dez têm
acções, a grande maioria
adquiridas fora de um plano
salarial
150
Henrique Granadeiro, que está
de saída da PT, tem apenas uma
participação simbólica de 150
acções da operadora
neração de um executivo é uma prática comum nas grandes empresas
europeias, como forma de incentivar
os gestores a cumprirem os objectivos, já que passam a ter um interesse directo nos bons resultados
financeiros.
Contudo, e como diz Tânia Silva,
responsável pelos estudos salariais
do Hay Group, a prática de premiar
através de stock options (quando é
dado ao executivo a opção de comprar acções por determinado preço
num determinado período de tempo ou data) tem caído em desuso,
sobretudo, desde a crise financeira
de 2008 e devido à volatilidade dos
mercados. As formas de atribuir acções têm mudado e incluem, agora,
as chamadas “performance shares”.
Neste caso, os títulos são oferecidos
ao executivo, se ele atingir as metas
delineadas durante um determinado
período.
Tiago Borges, responsável pela
área de estudos de mercado e de
compensações da consultora Mercer, sublinha que em Portugal não
há muito o hábito de remunerar em
acções. Em vez disso, os CEO recebem um bónus diferido em dinheiro,
sujeito a cláusulas e numa “óptica de
gestão de risco”. Por outro lado, um
gestor que compra directamente as
acções, sem que haja um pacote de
incentivos, pode querer “demonstrar o seu compromisso” para com
a empresa. “Quando não há, obviamente, qualquer indicação sobre o
aproveitamento de informação privilegiada, pode ser um sinal de que
acredita no trabalho que faz e que
existe um potencial de valorização
das acções que comprou”, analisa
ID: 55412420
25-08-2014
Tiragem: 35060
Pág: 15
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 16,58 x 26,85 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 2 de 3
RICARDO BRITO
As acções dos gestores do PSI 20
Em euros
Fernando Ulrich
2.782.599
BPI
1.104.756
Manuel Ferreira de Oliveira Galp Energia
254.218
Nuno Amado
BCP
Miguel Almeida
Nos
Jorge Tomé
Banif
António Mexia
EDP
Gonçalo Moura Martins
Mota Engil
53.719
Emílio Rui Vilar
REN
Francisco de Lacerda
CTT
27.533
24.226
Henrique Granadeiro
PT
204
João Manso Neto
EDP Renováveis
Diogo da Silveira
Portucel
280.839
159.957
143.910
0
0
BPI e Nos têm um plano de remuneração variável que inclui acções.
São as únicas empresas, da lista analisada, a utilizar este tipo de ferramenta.
Fonte: Empresas, CMVM e cotação na Bolsa de Lisboa no dia 22.08.2014
Tiago Borges. Deste modo, o CEO
está disposto a gastar o seu dinheiro
na empresa que lidera, mostrando ao
mercado “que acredita no potencial”
da organização.
Tânia Silva, por seu lado, faz uma
ressalva: “Não nos podemos esquecer que cada um tem o seu próprio
perfil de risco, e este aspecto é determinante nas decisões de investimento, especialmente no mercado
financeiro, caracterizado pela sua
volatilidade e reactividade.”
Uma das poucas empresas a incluirem os títulos na componente variável do salário é a Nos, que Miguel Almeida passou a gerir depois da fusão
entre a Optimus e a Zon. Em Junho
o CEO de 47 anos tinha um total de
64.859 acções, então a um preço unitário de 4,97 euros. A atribuição, cujo
valor rondava os 322 mil euros, foi
feita ao abrigo do regulamento sobre remuneração variável de curto e
médio prazo, que a assembleia geral
da Zon Optimus aprovou em Abril. À
cotação actual, o presidente executivo da operadora tem agora 280.839
euros em acções e está em quarto
lugar nesta análise.
O quinto executivo com mais dinheiro em acções é Jorge Tomé, que
assumiu a liderança do Banif em Março de 2012, vindo do grupo Caixa Geral de Depósitos. No final de 2013 detinha 8344 mil títulos do banco. Estas
foram adquiridas no âmbito da oferta
pública de subscrição que decorreu
em Julho de 2013.
Já este ano, em Junho, o gestor
reforçou a posição, no quadro do
aumento de capital do Banif. Nessa
altura, Jorge Tomé adquiriu mais 7152
mil títulos, com o preço unitário de
0,01 euros. Agora, a sua posição é de
15.995.780 acções, que correspondem a 159.957 euros. Jorge Tomé aplicou ainda dinheiro em obrigações do
Banif (175 mil euros).
Sem ter comprado ou vendido
acções desde final de 2012, o presidente executivo da EDP António
Mexia, 56 anos, tem 41 mil títulos da
empresa, os mesmos que tinha no
final de 2012.Está na sexta posição,
com títulos no valor de 143.910 euros,
e também é dono de 4200 acções da
EDP Renováveis.
Segue-se Gonçalo Moura Martins,
da Mota Engil, que ascendeu à presidência da comissão executiva em
Janeiro de 2013. Tem 12.435 acções,
avaliadas em 53.719 euros.
PÚBLICO
Pouco mais de metade desse valor
(27.533 euros) é detido por Emílio
Rui Vilar, líder da REN. Comprou
dez mil acções em Junho deste ano
a um preço unitário de 2,68 euros.
A compra aconteceu no âmbito da
oferta pública de venda (OPV) em
que o Estado alienou os 11% que ainda detinha.
O mesmo aconteceu com Francisco Lacerda, 53 anos, e reconduzido no cargo de CEO dos CTT a 24
de Março deste ano. A empresa não
tem em vigor qualquer plano de atribuição de acções ou de opção de
compra de acções, mas no âmbito
do processo de OPV comprou 3110
acções, agora avaliadas em mais de
24.226 euros.
O presidente demissionário da PT,
Henrique Granadeiro, tem apenas
uma participação simbólica de 150
acções. Granadeiro, que assumiu o
lugar deixado vago por Zeinal Bava, quando este foi no ano passado
para a brasileira Oi, apresentou a
demissão este mês, na sequência
do investimento de 870 milhões de
euros feito pela PT em papel comercial da Rioforte, empresa do Grupo
Espírito Santo que não reembolsou
a operadora.
Na lista estão ainda João Manso
Neto, CEO da EDP Renováveis, e Diogo da Silveira, da Portucel que não
detêm, até ao momento, acções. Este último está no cargo apenas desde Fevereiro deste ano, enquanto
Manso Neto iniciou funções como
presidente executivo em Fevereiro
de 2012.
ID: 55412420
25-08-2014
Tiragem: 35060
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País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
Corte: 3 de 3
CEO do BPI é o gestor
do PSI20 com mais
capital da empresa
Fernando Ulrich tem 2,7
milhões de euros em acções
do banco. Segue-se Ferreira
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