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Ficha de Estudo
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Tema
Conhecendo e representando a realidade
Tópico de estudo
Movimentos sociais, pensamento político e ação do Estado
Entendendo a competência
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas,
associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
A competência 3 refere-se à capacidade de perceber a importância das instituições sociais e as relações que delas derivam. É fundamental entender historicamente a formação e a evolução das instituições sociais, para poder
relacioná-las com a sociedade atual.
Desvendando a habilidade
Habilidade 13 – Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Para desenvolver essa habilidade, é importante analisar lutas e movimentos que afetaram ou modificaram as relações de poder. Ao analisar cada movimento e sua luta, procure identificar os aspectos em que ela se opôs ao poder
dominante e os processos por meio dos quais conseguiu ou não a vitória.
Situações-problema e conceitos básicos
© RODRIGO PAIVA/AE/AE
© Alexandre Tokitaka / Pulsar Imagens
O local em que você vive apresenta problemas? Esses problemas incomodam só a você ou a outras pessoas
também? O que pode ser feito para que eles sejam resolvidos?
As imagens a seguir retratam pessoas reunidas, em diferentes contextos, lutando por algum objetivo. Mobilizações como essas são chamadas de movimentos sociais e são fundamentais para compreender as mudanças que
ocorrem em nossa sociedade.
Vamos analisar alguns exemplos de movimentos sociais, mas, antes, é necessário esclarecer algumas de suas
características.
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Características que identificam os Movimentos Sociais
Em primeiro lugar, os movimentos sociais devem ser compreendidos como:(i) indivíduos reunidos, (ii) organizados e atuando de forma coletiva, (iii) para reivindicar algum tipo de mudança social ou comportamental. Além
disso, (iv) seus participantes desenvolvem uma identidade comum. Para melhor compreender tais características,
podemos analisar separadamente cada uma delas.
© BIRF
t Indivíduos reunidos
A ação de um indivíduo só pode ganhar status de movimento social quando ele se associa de forma organizada
a outros indivíduos. Ou seja, um movimento social pressupõe a participação de diferentes pessoas atuando de
maneira minimamente organizada e sistemática. Assim, uma rebelião em um presídio ou um quebra-quebra no
metrô, por exemplo, não podem ser chamados de movimentos sociais, apesar de contarem com a participação de
várias pessoas. Um movimento social tem uma ação sistemática e não esporádica.
© Raimundo Pacco/Folhapress
t Formas de ação e organização
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Dizer que os movimentos sociais são “formas de ação” significa afirmar que por si mesmos esses movimentos
não existem, pois é necessário haver alguém que atue de maneira organizada e sistemática, para atingir objetivos de transformação e/ou de conscientização social. Por outro lado, assim como o Estado (ou o governo), os
movimentos sociais não são pessoas em si, mas formas de gerenciar a ação de indivíduos para a sociedade. Os
indivíduos, ao se organizarem, possuem mais chances de alcançar os objetivos: alunos que reivindicam mudanças em uma escola, trabalhadores que desejam leis sociais ou ainda ativistas que são contra o uso de animais em
laboratórios, todos eles têm mais chances de êxito se agirem de maneira organizada e conseguirem o apoio da
comunidade em que estão inseridos.
t Reivindicação de algum tipo de mudança
Talvez esta seja uma das características mais evidentes de qualquer movimento social: o anseio por algum tipo
de transformação. Isso fica bem claro se percebermos que o descontentamento de um grupo pode levá-lo a lutar
pelo fim de alguma coisa que seja considerada injusta. Os exemplos se multiplicam através da história, desde
camponeses, na Idade Média, que invadiam as propriedades da aristocracia, até os tenentes que, no início do século XX, no Brasil, queriam acabar com o predomínio das oligarquias rurais no cenário político nacional. Existem
também os movimentos sociais que lutam pela conscientização ambiental e pela diminuição da exploração dos
recursos naturais ao redor do mundo, como o Greenpeace, por exemplo.
Identidade
Os indivíduos que compõem um mesmo movimento social certamente possuem interesses em comum, seja a
luta contra um governo ou a conscientização da sociedade, por exemplo. Por isso, podemos afirmar que tal grupo
possui necessariamente uma identidade, um laço que une seus membros e os caracteriza como integrantes de um
movimento social.
Muitas vezes, esses grupos criam símbolos que de alguma forma ajudam a identificá-los. Tais símbolos podem
surgir espontaneamente ou como fruto da reflexão de membros de um movimento. Se considerarmos o cristianismo como movimento social, podemos dizer que a cruz é um dos símbolos (talvez o principal) que identificam
os cristãos; se pensarmos o movimento gay, teremos o arco-íris como símbolo do movimento. Assim, uma cruz,
um arco-íris, uma roupa ou ainda um corte de cabelo podem ser utilizados como instrumento para fortalecer e
divulgar a identidade de um movimento social.
Os movimentos sociais na história
É importante notar que nem sempre os movimentos sociais agiram da mesma forma. Ao longo da história, eles
atuaram de maneiras diferentes de acordo com os seus objetivos e, principalmente, com os contextos sociais em
que estavam inseridos. As condições nas quais um movimento social acontece influenciam as formas de atuação
de seus integrantes e também o objetivo da luta.
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© Album / akg-images/ Latinstock
Até o século XVIII, os movimentos sociais eram, de maneira geral um tanto “paroquiais”, ou seja, possuíam
exigências locais, tais como a luta por alimentos, a defesa de direitos adquiridos, a luta contra aumentos abusivos
de impostos e até mesmo a resistência ao alistamento militar compulsório. A partir do século XIX, os movimentos
ficaram menos violentos, mas, por outro lado, ampliaram seu escopo, passando a caracterizar-se como manifestações pela expansão de direitos ou de acesso a recursos que só alguns possuíam na sociedade.
© Arquivo/Agência Estado / AE
A partir do século XX, eles vêm se tornando agentes de pressão social contra o Estado. Podem lutar pelo fim
de uma guerra, pelo fim de um regime ditatorial ou por direitos iguais. Todos eles tinham ou têm, entre suas principais estratégias, o convencimento da sociedade civil e da opinião pública em favor de suas causas.
As imagens a seguir mostram situações em que importantes movimentos do século XX tentavam convencer a
opinião pública de suas causas para pressionar os governantes: à esquerda, o movimento hippie contra a guerra
do Vietnã e, à direita, a luta pelos direitos da mulher.
Por fim, no século XXI, os movimentos sociais continuam em transformação, simplesmente porque as sociedades também mudam. Atualmente, grande parte das mobilizações defende questões que ultrapassam as fronteiras
nacionais. Sinal da globalização e da velocidade com que a informação viaja por todo mundo, principalmente nas
redes sociais.
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© Daniel Cymbalista / Pulsar Imagens
Mais uma característica específica dos movimentos sociais em nossos dias é a profissionalização do ativismo.
Se antes alguns ativistas sociais seriam considerados marginais, hoje em dia eles recebem salário por suas atividades e, não raro, são reconhecidos até mesmo pelos governos por suas atuações em determinado movimento.
Outro ponto central das manifestações nos dias atuais é a predominância de movimentos que lutam, não para
tomar o governo (uma revolução propriamente) ou para garantir condições básicas de vida, mas sim para obter
melhoria na qualidade de vida.
A foto acima representa um movimento social do século XXI, que luta pela legalização do aborto. Ele seria
impensável há algumas décadas no Brasil.
Como vimos, por trás de grandes transformações políticas, sociais e culturais ao longo da história, os movimentos sociais sempre tiveram – e ainda têm – um papel fundamental. Podemos citar, como exemplo, a ação
de operários na luta por direitos sociais e trabalhistas durante o século XIX, na Europa. Na história do Brasil,
também podemos perceber inúmeros exemplos da ação de movimentos sociais. E como no Brasil a cidadania
ainda está em processo de construção, estudar esses exemplos é muito importante para a formação de indivíduos
conscientes de seus papeis na sociedade.
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