MÚSICAS E POEMAS
*Rosiele Ferreira, Sandra Rejane Silva Vargas
**Márcia Gil Wagner
RESUMO
O presente trabalho tem como principal objetivo encontrar novas maneiras de encantar o
aluno através de estratégias, lendo as letras das músicas e poesia apresentadas no projeto
realizado na disciplina de Estratégias de Leitura. Desta forma, o educando buscaria analisar
criticamente as músicas através da intertextualidade, reconhecer que a música também é um
gênero literário, por também ser um poema, ler os textos, instigados pelo trabalho em grupo e
pela estratégia desenvolvida, organizar com coerência o texto musical. A metodologia
utilizada corresponde às pesquisas bibliográficas, realizadas em aula com o auxílio da
orientadora deste e leituras individuais dos componentes do grupo. Logo, este projeto
contribui para reconhecer a importância da leitura em sala de aula, não somente pelos gêneros
textuais mais comumente usados, mas através de outros, como a música e a poesia.
Palavras-chave: Leitura, música, poesia.
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como foco o poema, a música, suas características e sua utilização
na prática com os alunos. Será tratada a nomenclatura referente aos poemas e, principalmente,
sobre a importância de se realizar estratégias de leitura sobre os mesmos. Através das
músicas, será feita a leitura, buscando despertar a atenção do nosso aluno por fazerem parte da
sua realidade. A música traz consigo fatos marcantes que ocorreram nos anos em que foram
compostas e, muitas vezes, fazem parte da história de um país.
Assim, a música também é um instrumento que deve ser trabalhado e valorizado
pelos professores, pois além de transmitir cultura, provoca descontração e permeia os
sentimentos de quem a escuta. O professor que utilizar a música tem que estar ciente que ela
não foi feita apenas para ser ouvida superficialmente e sim sentida, analisada criticamente,
interligando com a realidade existente. Através do texto musical, pode-se trabalhar a
intertextualidade com o meio em que se vive, buscando meios que faça com que o aluno se
envolva e crie a partir do seu mundo.
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*Acadêmicas do Curso de Letras da Universidade Luterana do Brasil – Campus Guaiba-RS
**Professora da Disciplina de Estratégias de Leitura e orientadora deste trabalho – ULBRA/GUAIBA-RS
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O PRAZER DA LEITURA
Este artigo tem como justificativa o interesse de ambas acadêmicas em
diversificarem as aulas de Língua Portuguesa e as mesclarem com as de Literatura,
interligando-as de modo prazeroso ao aluno. Assim sendo, determinou-se como foco o poema,
pois este abrange as duas áreas já citadas, buscando centralizar as aulas nas letras musicais. A
idéia de escolher as poesias musicais como tema do projeto é de fundamental relevância, pois
a música faz parte da vivência de nossos alunos, que muitas vezes trazem relatos importantes
que ocorreram em determinada época ou sentimentos já vividos por eles próprios.
Ler é algo que transcende o simples ato de pegar um livro e folheá-lo. O ato de ler
vai muito além do que pensamos, num primeiro momento, pois, como diz Paulo Freire (1986,
p. 11) “a retomada da infância distante, buscando compreensão do meu ato de ‘ler’ o mundo
particular em que me ouvia - até onde não sou traído pela memória - , me é absolutamente
significativa.” Logo, podemos concluir que ler é sentir, recriar, reviver. É a compreensão das
experiências que temos.
A leitura está diariamente presente em nossa vida. Tudo o que se vê e faz é fruto de
uma leitura feita direta ou indiretamente, tendo como pressuposto a cultura a que este
indivíduo está inserido. Desta forma, Freire (1986, p.11) afirma que
o mundo social é permanentemente leitor e leitura dos seus indivíduos. Nossa
cultura nos transfere conhecimentos sobre a realidade e formas de pensar essa
mesma realidade. Aprender a ler o mundo é apropriar-se desses valores de nossa
cultura. (FREIRE, 1986, P.11)
O que faz parte da cultura deve ser valorizado em sala de aula, pois o discente
vivenciando este momentos demonstrará melhor interesse. Em relação aos poemas e às
músicas, não poderia ser diferente. Eles estão inseridos no cotidiano de todos, porém a música
de modo particular, pois traz consigo lembranças de gerações e vem a cada dia evoluindo.
Logo, Granatic (1997, p. 93) nos revela que “quando nos detemos na análise das letras das
músicas populares do nosso país, percebemos que a produção de letras de aproximadamente
vinte anos atrás apresenta diferenças em relação às que são escritas atualmente.”
A partir desta idéia, pode-se dizer que o texto das músicas se modifica de acordo
com o tempo em que se vive. Porém, a teoria literária auxilia na busca de conceitos que
expliquem elementos imutáveis na criação das letras de música, podendo existir ou não na sua
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estrutura, mas que aparecem na maioria das vezes. Tais elementos utilizados nas composições
musicais representam recursos poéticos, sendo eles os versos, os sons, o ritmo, a rima, o
refrão, a musicalidade, etc. Estes recursos se aproximam do conceito literário de canção que
significa, segundo Soares (2005, p. 31), “toda composição poética destinada ao canto”. Para
Moisés (1967, p. 281) deve-se considerar que existem dois tipos de poema compreendidos
com o “rótulo de canção: a canção popular, vizinha do folclore e da música, e praticamente
viva em toda parte, e a canção erudita, dotada de autor próprio e obediente a moldes cultos e
relativamente definidos”.
De acordo com Goldstein (2002, p.56), canção é
uma composição curta, cujo teor pode ser ora melancólico, ora
satírico. Permite todos os temas e nem sempre se destina a ser cantada.
Pode, ou não, apresentar estribilho ou refrão. As “canções nacionais”
incorporam-se à tradição de todos os povos.(GOLDSTEIN, 2002.
P.56)
Goldstein (2002) revela que, às vezes, a musicalidade pode se originar a partir do
título da canção, sugerindo o que se espera que apareça no texto. A autora afirma também que
o ritmo faz parte da vida de qualquer indivíduo, o que facilita que o leitor/ouvinte o perceba.
Desta maneira, Goldstein (2002, p. 7) explica que
a poesia tem um caráter de oralidade muito importante: ela é feita para ser falada,
recitada. Mesmo que estejamos lendo um poema silenciosamente, perceberemos seu
lado musical, sonoro, pois nossa audição capta a articulação das palavras do
texto.(GOLDSTEIN, 2002, P. 7)
Neste projeto será trabalhado o recurso da paródia. Segundo o dicionário Barsa de
Língua Portuguesa (2006, p. 767), paródia é “a imitação cômica de uma obra literária;
imitação cômica”. Entretanto, Shipley (apud SANT’ANNA, 2001, p. 12) demonstra três tipos
básicos de paródia, que são: “verbal, com alteração de uma outra palavra; formal, em que o
estilo e os efeitos técnicos de um escritor são usados como forma de zombaria; temática, em
que se faz a caricatura da forma e do espírito de um autor. Sant’anna (2001, p. 12) afirma que,
hoje em dia, a paródia “se define através de um jogo intertextual.”
Tynianov (apud SANT’ANNA, 2001, p. 13,14) afirma ainda que
a estilização está próxima da paródia. Uma e outra vivem de uma vida dupla: além
da obra há um segundo plano estilizado ou parodiado. Mas, na paródia, os dois
planos devem ser necessariamente discordantes, deslocados: a paródia de uma
tragédia será uma comédia (não importa se exagerando o trágico ou substituindo
cada um de seus elementos pelo cômico); a paródia de uma comédia pode ser uma
tragédia. (TYNIANOV apud SANT’ANNA, 2001, p. 13,14)
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Todo o projeto envolve a intertextualidade entre os textos musicais escolhidos. É
comum ler algum texto que nos remete a outro, ouvir uma música que nos lembra outra.
Assim, de acordo com a autora Koch (1998, p. 48), a intertextualidade ocorre quando “há
relação de um texto com outros textos previamente existentes, isto é, efetivamente produzido.
CONCLUSÃO
Conclui-se que através da utilização de poemas e músicas, pode-se trabalhar diversos
temas. Abre-se um leque de informações e sugestões do que se pode fazer para tornar as aulas
de Língua Portuguesa mais atrativas. As estratégias de leitura desenvolvidas são essenciais
para fazer com o aluno tenha mais motivação e encantamento pela leitura.
As pesquisas bibliográficas enriqueceram nosso aprendizado a respeito das músicas,
dando-nos propriedade para entender a importância das poesias escritas pelos compositores
brasileiros. A intertextualidade encontrada nos textos musicais escolhidos dão margem para
outros projetos, inclusive interdisciplinares, como nas aulas de Geografia, História, Artes, etc.
Enfim, acreditamos que o projeto pode melhorar consideravelmente as práticas em sala de
aula, buscando envolver o aluno, de modo que ele sinta prazer na leitura, seja de letras
musicais, seja de poemas...
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 12ª E. São Paulo: Cortez, 1986.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons e Ritmos. 13ª Ed. São Paulo: Ática, 2002.
GRANATIC, Branca. Técnicas Básicas de Redação. 4ª Ed. São Paulo: Ática, 1997 .
KOCH, Ingedore Villaça. O Texto e a Construção dos Sentidos. São Paulo: Contexto, 1998.
MOISÉS, Massaud. A Criação Literária: Poesia. 15ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, Paráfrase & Cia. 7ª Ed. São Paulo: Ática,
2001.
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SOARES, Angélica. Gêneros Literários. 6ª Ed. São Paulo: Ática, 2005
SHIPLEY, Josephe apud SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, Paráfrase & Cia. 7ª
Ed. São Paulo: Ática, 2001.
TYNIANOV, Yuri apud SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, Paráfrase & Cia. 7ª
Ed. São Paulo: Ática, 2001.
Acesso em 10 de junho de 2007, disponível em http//www.vagalume.com.br/.
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MÚSICAS E POEMAS *Rosiele Ferreira, Sandra Rejane