Neoclassicismo
O neoclassicismo foi um movimento
cultural nascido na Europa em meados
do século XVIII, que teve larga
influência na arte e cultura de todo o
ocidente até meados do século XIX.
Teve como base os ideais
do iluminismo e um renovado interesse
pela cultura da Antiguidade clássica,
advogando
os
princípios
da
moderação, equilíbrio e idealismo
como uma reação contra os excessos
decorativistas e dramáticos do
Barroco.
As três graças ouvindo a canção de Cupido,
uma obra neoclássica por Bertel Thorvaldsen,
O Juramento dos Horácios, escola neoclássica
por Jacques-Louis David, 1784, Museu do Louvre
Museu Thordvaldsen, Copenhague
Contexto e caracterização geral
Os primeiros sinais do neoclassicismo se fazem notar em vários pontos da Europa nas primeiras décadas do século XVIII, embora
desde já se deva advertir que a cronologia dos estilos é sempre muito polêmica, e seus limites, muito imprecisos. O neoclassicismo,
como o nome indica, foi um movimento cultural revivalista, que voltou-se para a Antiguidade clássica - a Grécia e a Roma antigas como a principal referência estética e modelo de vida. Considerava-se há muito tempo que a tradição clássica, onde se incluía a
cultura renascentista, ela também um revivalismo classicista, era imbuída de grande autoridade moral e estética, e por isso era um
modelo ideal.
Uma série de fatores se conjugaram para que em meados do século XVIII houvesse nascido uma nova corrente classicista, nítida e
influente, centralizada em Roma, convivendo com e combatendo as últimas manifestações do Barroco e do Rococó. Dois fatores
foram principais: em primeiro lugar, o esgotamento da fórmula barroca e a condenação do que se viu nela como excessos, peso,
decorativismo fútil, falta de decoro e irregularidade, acompanhado por um crescente interesse pela Antiguidade clássica de modo
geral, com seus valores de racionalismo, modéstia, equilíbrio, harmonia, simplicidade formal, idealismo e desapego do luxo. Em
segundo, o neoclassicismo está intimamente ligado ao declínio da influência da religião e à ascensão dos ideais do iluminismo, que
tinham base no racionalismo, combatiam as superstições e dogmas religiosos, e enfatizavam o aperfeiçoamento pessoal e o
progresso social dentro de uma forte moldura ética. Os valores clássicos permaneceram uma forte referência nas academias de
arte e de ciências mesmo durante o Barroco, o estilo anticlássico por excelência.
O neoclassicismo conheceu seu ponto mais alto entre meados do século XVIII e as décadas iniciais do século XIX, quando
Winckelmann fazia grande propaganda da cultura antiga e nas artes brilhavam Goethe, David, Haydn, Mozart e Canova, além de
muitos outros. É uma das características deste período a coexistência do neoclassicismo com um outro movimento cultural também
de larga influência: o romantismo. Ambos foram em muitos pontos estilos opostos, pois o romantismo tendia a enfatizar o drama, o
movimento, a visão individual, o irracional, o misticismo e a emoção, mas por outro lado, não era inteiramente avesso à referência
clássica nem ao idealismo, tendo nascido também sob influência do iluminismo. Muitas vezes será difícil distingui-los. Ao longo do
século XIX ambas as escolas viriam a dialogar e se fundir cada vez mais, gerando o academismo eclético, trivial e sentimental do
fim do século. No início do século XX o neoclassicismo - bem como o romantismo - havia sido suplantado pela estética modernista,
embora continuasse a gerar frutos em algumas regiões. Na década de 1980, cultivada pelos pós-modernos, uma forma atualizada
de classicismo apareceu em cena com algum ímpeto, manifestando-se em várias formas de arte.
Artes plásticas
A arte neoclássica busca inspiração no equilíbrio e na simplicidade, bases da criação
na Antiguidade. As características marcantes são o caráter ilustrativo e literário, marcados pelo
formalismo e pela linearidade, poses escultóricas, com anatomia correta e exatidão nos contornos,
temas "dignos" e clareza na composição. Sua sistematização era feita através do sistema
conhecido como academicismo, que estabelecia uma série de normas práticas e teóricas para a
produção da boa arte.
Nascendo como uma reação ao Barroco e ao Rococó, a arte neoclássica não foi apenas um
movimento artístico, mas também cultural, que refletiu as mudanças que ocorriam na época
marcadas pela ascensão da burguesia. Este estilo procurou expressar e interpretar os interesses,
a mentalidade e os hábitos da burguesia manufatureira e mercantil da época da Revolução
Francesa e do Império Napoleônico, mas também expressou muitos valores políticos e cívicos
quando patrocinado pelo Estado.
A Morte de Marat, Jacques Louis
David 1793, Museus Reais de
Belas-Artes da Bélgica
Principais características do neoclassicismo nas artes plásticas
formalismo e racionalismo
retorno ao estilo greco-romano
academicismo e técnicas apuradas
culto à teoria de Aristóteles
ideal da época: democracia
na pintura, exatidão nos contornos, sobriedade nos ornamentos e no colorido, pinceladas que não marcavam a superfície,
dando à obra um aspecto impessoal onde predominava o desenho sobre a cor
na escultura, preferência pelo mármore branco, considerado o mais nobre dos materiais
Pintura
Uma amostra de pintura neoclássica nesse período é O Juramento dos Horácios, do francês Jacques-Louis David. Nesta obra de
temática inspirada na história da Roma Antiga, os valores estéticos da Antiguidade servem de veículo condutor a uma mensagem
atual: cidadãos (homens livres), agarram em armas, ou seja, tomam nas suas mãos o poder sobre o futuro da nação. A obra fez
furor no Salão de Paris em 1784. A pintura neoclássica de David dominou o panorama artístico francês durante quase meio século,
fazendo com que ele, acima das contingências políticas, fosse o pintor oficial da Revolução Francesa e, depois, do regime
de Napoleão Bonaparte. Outro pintor de destaque é Dominique Ingres, de A Banhista de Valpinçon.
Principais pintores
Jacques Louis David (francês, 1748-1825): foi o mais
característico representante do neoclassicismo. Durante
alguns anos controlou a atividade artística francesa, sendo o
pintor oficial da corte imperial, pintando fatos históricos
ligados à vida do imperador Napoleão. Pintou também temas
solenes, personagens e motivos inspirados na antiguidade
clássica, através de cores sóbrias. Sua luminosidade
lembra Caravaggio, mas é em Rafael Sanzio (mestre
inegável do equilíbrio da composição e da harmonia das
cores) que reside sua maior influência. Figuras sólidas e
imóveis. Excelente retratista. Obras mais importantes: A
Morte de Marat(1793); A Morte de Sócrates (1787); As
Sabinas; A Coroação de Napoleão em Notre Dame.
A banhista de Valpinçon, por Jean-Auguste Dominique Ingres, 1808, Museu
do Louvre e Perseu com a cabeça da Medusa: um dos maiores ícones do
neoclassicismo escultórico, por Antonio Canova, c. 1800, Museus Vaticanos
Dominique Ingres (francês, 1780-1867): Formado na oficina
de David, permaneceu fiel aos postulados neoclássicos do seu mestre ao longo de toda a vida. Passou muitos anos em Roma,
onde assimilou aspectos formais de Rafael e do maneirismo. Ingres sobreviveu largamente à época de predomínio do seu
estilo, dado que morreu em 1867. A partir de 1830 opôs-se com veemência, da sua posição de académico, ao triunfo
doromantismo pictórico representado por Delacroix. Ingres preferia os retratos e os nus às cenas mitológicas e históricas.
Entre os seus melhores retratos contam-se Bonaparte Primeiro Cônsul, A Bela Célia, O Pintor Granet e A Condessa de
Hassonville. Nos nus que pintou (A Grande Odalisca, Banho Turco e, sobretudo, A Banhista) é patente o domínio e a graça
com que se serve do traço. A sua obra mais conhecida é Apoteose de Homero, de desenho nítido e equilibrada composição.
Outros pintores: Pierre-Paul Prud'hon, Antoine-Jean Gros, Jean Germain Drouais, Jean-Baptiste François Desoria (França); Karl
Briullov (Rússia); Andrea Appiani, Niccolò Contestabile (Itália); Angelica Kauffmann (Áustria); Leo von Klenze (Alemanha); Thomas
Lawrence, John Hamilton Mortimer (Grã-Bretanha); Benjamin West e John Singleton Copley (Estados Unidos).
Escultura
Na escultura o movimento buscava inspiração no passado. A estatuária grega foi o modelo favorito pela harmonia das proporções,
regularidade das formas e serenidade da expressão. Também foi menos ousada que a pintura e arquitetura de seu tempo. Entre os
principais escultores destaca-se acima de todos o italiano Antonio Canova (1757-1822), que dominou a cena europeia durante sua
maturidade com suas estátuas de heróis e figuras mitológicas, como Perseu com a cabeça da Medusa e Eros revive Psique com
um beijo. Seu estilo tem um refinamento incomum, reconhecido por seus contemporâneos como insuperável, e como a mais
perfeita encarnação dos ideais de Winckelmann. Outro grande nome e concorrente de Canova foi Bertel Thorvaldsen, autor de um
celebrado Jasão com o Velo de Ouro. Em muitos outros países o neoclassicismo inspirou grandes escultores, como Jean-Antoine
Houdon, William Wetmore Story e Richard Westmacott
Arquitetura - A arquitetura neoclássica foi produto da reacção ao barroco e ao rococó, levada a cabo pelos novos artistasintelectuais do século XVIII. Os arquitectos eram formados no clima cultural do racionalismo iluminista, com entusiasmo crescente
pelacivilização clássica, que se tornara mais conhecida e estudada devido aos progressos da arqueologia e da história.
Algumas características desse movimento artístico na arquitetura são
Materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras)
Formas regulares, geométricas e simétricas
Volumes corpóreos, maciços, bem definidos por planos murais lisos
Uso de abóbada de berço ou de aresta
Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade
Pórticos colunados
Entablamentos direitos
Frontões triangulares
Panteão de Paris, com uma fachada inspirada no
Espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e formais
modelo dotemplo greco-romano
de grande racionalidade
Decoração caracterizada por elementos estruturais com formas clássicas, pintura rural e relevo em estuque
Valorização da intimidade e do conforto nas mansões familiares
Decoração de carácter estrutural
Neoclassicismo no Brasil
Em 1816, desembarca no Brasil a Missão Artística Francesa, contratada para fundar e
dirigir no Rio de Janeiro uma Escola Real de Artes e Ofícios. Nela está, entre outros, o
pintor Jean-Baptiste Debret, que retrata com charme e humor costumes e personagens da
época. Em 1826 é fundada a Academia Imperial de Belas Artes, que adota o gosto
neoclássico europeu e atrái outros pintores estrangeiros de porte, como Auguste Marie
Taunay e Johann Moritz Rugendas. Pintores brasileiros desse período são Manuel de
Araújo Porto-Alegre e Rafael Mendes de Carvalho, entre outros.
A tendência torna-se visível também na arquitetura. Seu expoente é Grandjean de
Montigny, que chega com a Missão Francesa. Suas obras, como a sede da reitoria da
Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro, adaptam a estética neoclássica ao
clima tropical. Mesmo que sua fundamentação fosse de uma sociedade agrárioescravocrata e com um comércio relativamente atrasado, tendo um governo monárquico.
Na pintura a influência neoclássica está submetida ao romantismo. A composição e o
desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a
dramaticidade romântica. Um exemplo é Flagelação de Cristo, de Vítor Meirelles.
Fachada do edifício da Academia Imperial de
Belas Artes, um projeto de Grandjean de
Montigny, fotografada por Marc Ferrez em 1891.
Na literatura, a principal expressão é o arcadismo, caracterizado por um estilo mais simples e objetivo e pela temática voltada para
a natureza. Os seus principais poetas encontram-se em Vila Rica, atual Ouro Preto centro cultural do Brasil na época. A vida no
campo é também abordada, mas os pastores europeus são substituídos pelos vaqueiros brasileiros. Cláudio Manuel da
Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga são os principais poetas do movimento no Brasil.
Romantismo
O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou
por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou
um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito
romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais
para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi
marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela
emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético, ou seja, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido
objetivo. O romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à
arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão,
na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.
O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas
de governo despóticos e surgia o liberalismo político (não confundir com o liberalismo econômico do Século XX). No campo social
imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de seu nascimento de fato, sendo assim
chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e na Inglaterra.
O romantismo viria a se manifestar de forma bastante variada nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a
música (embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo
explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que daria forma
ao realismo.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado, com a guerra do
Paraguai e com a campanha abolicionista.
Romantismo nas belas artes
O Romantismo foi uma escola estética que surgiu, paralelamente ao romantismo literário,como reação ao classicismo e ao
neoclassicismo e se caracterizou pelo subjetivismo, pela liberdade de assuntos, de composição, de cores etc., a arte utilizada como
meio de expressão e de sentimentos.
Segundo Giulio Carlo Argan, na sua obra Arte moderna: O romantismo e o
neoclassicismo são simplesmente duas faces de uma mesma moeda. Enquanto o
neoclássico busca um ideal sublime, objetivando o mundo, o romântico faz o mesmo,
embora tenda a subjetivar o mundo exterior. Os dois movimentos estão interligados,
portanto, pela idealização da realidade (mesmo que com resultados diversos).
As primeiras manifestações românticas na pintura ocorreram quando Francisco
Goya passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de temática
neoclássica como Saturno devorando seus filhos, por exemplo, apresenta uma série de
A liberdade guiando o povo
emoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado. Goya cria um
por Eugène Delacroix, no Museu do Louvre
jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de
forma a acentuar a situação dramática representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o romantismo somente chegaria à
Academia mais tarde.
O francês Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela A Liberdade guiando o povo reúne o vigor
e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os revolucionários de 1830 guiados pelo
espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da França). O artista coloca-se metaforicamente como
um revolucionário ao se retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa reserva para os acontecimentos
(refletindo a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica mais conhecida.
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica fundamental do romantismo. Exaltavam-se as
sensações extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em
navios com destino aos polos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O pintor inglês William
Turner refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma
de atingir os sentimentos supracitados.
Géricault é outro dos grandes nomes do romantismo na pintura. A sua obra A Jangada da Medusa, pintada por volta de 1819, com
a mistura entre os elementos barrocos, o naturalismo e o dramatismo pessoal das personagens, é uma das mais célebres pinturas
do movimento romântico.
Romantismo no Brasil
Apesar da produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país neste período um grande incentivo ao
academicismo e ao neoclassicismo. O neoclássico foi o estilo oficial do Império do Brasil recém-proclamado e o grande centro das
artes no país é a Escola Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da Missão
francesa trazida pelo príncipe-regente D. João VI. Principais características: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e
religiosidade.
Realismo
Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas doséculo XIX na Europa, mais especificamente
na França, em reação aoRomantismo. Entre 1850 e 1900 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se
estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do Neoclassicismo e do
Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em
modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na arquitetura.
Artes visuais
O Realismo fundou uma Escola artística que surgiu no século XIX em reação ao Romantismo e se desenvolveu baseada na
observação da realidade (como contexto social), na razão e na ciência. O realismo, como movimento artístico do século XIX, que se
caracterizava pela oposição ao idealismo das escolas clássica, romântica e acadêmica, não deve ser confundindo com técnicas
realistas de execução de obras de arte, ou seja, com o esmero do artista em reproduzir as imagens (em artes plásticas) tal qual as
vê na realidade. Técnicas realistas de pintura e de escultura existem desde, ao menos, a Antiguidade clássica e foram e continuam
sendo utilizadas por diversas escolas (como, a dos surrealistas).
Como movimento artístico, surgiu na França, e sua influência se estendeu a numerosos países. Esta corrente aparece no momento
em que ocorrem as primeiras lutas sociais contra o capitalismo progressivamente mais dominador, ao mesmo tempo em que há um
crescente respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências exatas e experimentais e pelo progresso técnico. Das
influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e
contra as suas idealizações da paixão amorosa. A passagem do Romantismo para o Realismo corresponde uma mudança do belo
e ideal para o real e objetivo.
Pintura realista
Os impressionistas não pintavam temas
religiosos, históricos ou relacionados com o
que viesse da imaginação. Na realidade,
compartilhavam muitas de suas ideias com
o pintor realista Gustave Courbet. Courbet,
porém, queria pintar a realidade árdua da
vida cotidiana, enquanto os impressionistas
concentravam-se em temas agradáveis,
belos ou considerados interessantes. Para
eles, essa era a realidade de sua vida: não
O Enterro em Ornans, de Gustave Courbet, cerca de 1849-50.
tinha nenhuma mensagem social a
transmitir. O historiador Seymour Slive cita
que quando se discute o realismo em relação aos pintores de paisagem é importante especificar que esses artistas quase nunca
pintavam seus quadros em exteriores. A prática de fazer pinturas ao ar livre só se tornou comum no século XIX. Em épocas
anteriores as pinturas de paisagem eram quase sempre compostas nos ateliês. A França foi o país europeu que propôs,
desenvolveu e alimentou o Realismo durante todo o período de sua permeância na literatura, ou seja, ao longo de toda segunda
metade do século XIX. Segundo Massaud Moisés, as artes plásticas francesas foram a primeira manifestação contra a estética
romântica:
As suas origens situam-se na França e nas artes plásticas: antes que os literários, os pintores reagiram violentamente
contra o Romantismo, a pintura idealista e imaginativa, não raro feita de memória. E essa reação divisa a primeira
característica do Realismo. Em 1850 e 1853, Gustave Courbet (1818-1877) expõe duas obras realistas (O Enterro em
Ornans e As Banhistas), nas quais procura traduzir os costumes, o aspecto de sua época, faz arte atual.
A primeira característica divisada por Moisés na pintura daquele momento é justamente a ênfase dada ao "retrato do real",
resultando na insatisfação com a expressão subjetiva e desfocada do inventário da realidade que os realistas vão propor a partir
daí.
Principais pintores realistas:
Édouard Manet era um artista pivô durante o século XIX. Não só o seu trabalho crítico foi de princípios realistas, mas sua arte
também desempenhou um papel importante no desenvolvimento doImpressionismo em 1870. Sua obra-prima, Le déjeuner sur
l'herbe (O piquenique no bosque), retrata duas mulheres, uma nua, e dois homens vestidos desfrutando um tipo de piquenique.
Em consonância com os princípios realistas, Manet baseava todas as figuras de primeiro plano em pessoas vivendo.
Gustave Courbet é a figura principal do movimento realista na arte doséculo XIX. Na verdade, Courbet usou o
termo Realismo quando exibia suas obras, mesmo tendo evitado rótulos. A sinceridade dos realistas em examinar seu
ambiente levou a retratação de objetos e imagens que nos últimos séculos artistas tinham considerado indignas de
representação — os mundanos e triviais trabalhadores da classe operária e os camponeses, e assim por diante. Além disso,
realistas retratavam essas cenas em uma escala e com uma sinceridade e seriedade anteriormente reservadas à
grande pintura histórica.
Honoré Daumier trabalhou como balconista de uma livraria, no Palais Royal, um lugar perfeito para observar todos os passos
da vida parisiense. As pessoas que lá ele observava inspiraram sua carreira posterior de caricatura e seu interesse em retratar
a classe trabalhadora. Ele escolheu retratar a vida urbana. Era litógrafo assim como pintor e fez muitas litografias para revistas
francesas liberais. Pintores realistas eram muitas vezes políticos radicais que queriam transmitir opiniões políticas e sociais em
suas obras. As caricaturas de Honoré Daumier, por exemplo, criticaram acidamente a ordem social existente. 18 19
Jean-Baptiste Camille Corot tem sido chamado de o último pintor neoclássico, ele também tem sido chamado de o primeiro
impressionista. Há verdades em ambas as declarações. Também é verdade que há traços de naturalismo, realismo e
romantismo em suas obras. Ele admirava o estilo mais realista, natural da pintura de
paisagem no início do século dezenove pelo artista, como os pintores ingleses Richard
Bonington e John Constable, que estavam determinados a pintar o que viam, e que
muitas vezes eram pintadas no local, em vez de artisticamente organizadas paisagens
em estúdio.
Jean-François Millet foi notável por sua interpretação "rigorosamente sincera" da vida
rural. Os camponeses mostrados em sua pintura parecem ser "homens subjugados
pelas forças da Natureza, mas também soberanos em relação a isso." Millet infundiu
sua pintura com uma aura solene, oferecendo ao Realismo um significado diferente,
Jean-François Millet, As Catadoras, 1857.
menos provocante, mais calmo do que o de Coubert.
Théodore Rousseau
Escultura do realismo: Neste gênero os escultores, assim como os pintores, preferem temas contemporâneos. Animam-se de
intenções políticas e de propósitos doutrinários. Procuram fazer uma escultura social, ao enaltecer os aspectos realistas. 22 Na
escultura, o grande representante realista foi o Auguste Rodin (1840-1917), dono de um estilo feito de naturalismo e passionalismo.
Era grande admirador de Donatello e Michelangelo, a princípio apreciava os aspectos naturalísticos e, no segundo, a dramaticidade.
O escultor não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além
disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua
característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano. Para Duílio Battistoni Filho "é difícil julgar Rodin,
pois suas obras mais significativas como O Beijo, O Pensador e Balzac, apresentam sugestões patéticas góticas, a luminosidade
dos impressionistas e a sobriedade dos gregos". Em resumo: "foi um escultor que valorizou as sensações imediatas".
O Realismo na arquitetura: Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas,
criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações
ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.
Realismo no Brasil Nas ultimas décadas do século XIX, observa-se que os escritores passaram a demostrar uma preocupação com uma descrição
mais detalhada dos costumes orientais, sob manifestações humanas, tais como gestos, palavras e atitudes, e, procuraram
apresentar também, animais e árvores dentro de paisagens típicas. Com o declínio da poesia romântica e sob influência do
Realismo, apareceu o movimento parnasianista que repudiou a expressão do Eu. Os princípios dessa escola impuseram a
impersonalidade, o cuidado artístico e os poetas passaram a prender-se mais ainda que Vitor Hugo, ao esplendor do estilo, à
riqueza das rimas. Leconte de Lisle, que foi uma das figuras mais influentes desse movimento no Brasil, apresentou quadros com
precisão impressionante, resultados da observação direta e de informações tiradas da arqueologia ou da história natural. Sob a sua
influência, e de Gustave Flaubert, Olavo Bilac fez sonetos sobre crenças religiosas que foram conhecidas sucessivamente pela
humanidade e sobre costumes de civilizações antigas. Bilac descreveu os países exóticos e suas religiões em "A Missão de Purna",
como havia feito Leconte de Lisle em "Les Paraboles de Dom Guy" e "Djihan-Ara". Provavelmente sobre a influência de Salombo de
Flaubert, escreveu "Delenda Cartago" e "Panoplias" onde fez uso de cores e imagens do poeta francês.
Impressionismo
Impressionismo foi um movimento que surgiu na pintura francesa do século XIX, vivia-se
nesse momento a chamada Belle Epoque ou Bela Época em português. O nome do movimento
é derivado da obra "Impressão: nascer do sol" (1872), deClaude Monet.
Começou com um grupo de jovens pintores que rompeu com as regras da pintura vigentes até
então. Os autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos do Realismo ou
da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores
impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres
ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e
o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que
geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as
variações de cores da natureza.
É um modo de pintar, sem muitos detalhes e geralmente é na natureza.
Monet: Mulheres no jardim de 1866.
Características - Orientações gerais que caracterizam a pintura:
a tintura deve mostrar os pontos que os objetos adquirem ao refletir a luz do corpo num determinado momento, pois as cores
da natureza mudam todo dia, dependendo da incidência da luz do sol;
é também, com isto, uma pintura instantânea (captação do momento), recorrendo, inclusivamente, à fotografia;
as figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro, passando a ser a
mancha/cor;
as sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam. O preto jamais é usado em uma
obra impressionista plena;
os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim um amarelo próximo
a um violeta produz um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos academicistas no passado. Essa
orientação viria dar mais tarde origem ao [pontilhismo];
as cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura de pigmentos. Pelo contrário,devem ser puras e dissociadas no
quadro em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado
final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se tornar óptica;
preferência pelos pintores em representar uma natureza morta a um objeto;
Valorização de decomposição das cores.
Entre os principais expoentes do Impressionismo estão Claude Monet, Edouard
Manet, Edgar Degas, Auguste Renoir, Alfred Sisley e Camille Pissarro. Podemos dizer
ainda que Claude Monet foi um dos maiores artistas da pintura impressionista da época.
Orientações gerais que caracterizam o impressionista:
rompe completamente com o passado;
Impression Sunrise, óleo sobre tela de 1872.
inicia pesquisas sobre a óptica e os efeitos ópticos (ilusões);
é contra a cultura tradicional;
pertence a um grupo individualizado;
vão para o exterior pintar, algo bastante fácil com a evolução da indústria, nomeadamente, telas com mais formatos, tubos
com as tintas, entre outras coisas.
Os efeitos ópticos descobertos pela pesquisa fotográfica, sobre a composição de cores e a formação de imagens na retina do
observador, influenciaram profundamente as técnicas de pintura dos impressionistas. Eles não mais misturavam as tintas na tela, a
fim de obter diferentes cores, mas utilizavam pinceladas de cores puras que colocadas uma ao lado da outra, são misturadas pelos
olhos do observador, durante o processo de formação da imagem.
Origens : Édouard Manet não se considerava um impressionista, mas foi em torno dele que se reuniram grande parte dos artistas
que viriam a ser chamados de Impressionistas. O Impressionismo possui a característica de quebrar os laços com o passado e
diversas obras de Manet são inspiradas na tradição. Suas obras no entanto serviram de inspiração para os novos pintores.
O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros quadros de Claude Monet (1840-1926) Impressão - Nascer do Sol, por
causa de uma crítica feita ao quadro pelo pintor e escritor Louis Leroy "Impressão, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se
estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais
elaborado que esta cena marinha". A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adotaram o
título, sabendo da revolução que estavam iniciando.
Impressionismo no Brasil: No início do século XX, Eliseu Visconti foi sem dúvida o artista que melhor representou os postulados
impressionistas no Brasil. Sobre o impressionismo de Visconti, diz Flávio de Aquino: "Visconti é, para nós, o precursor da arte dos
nossos dias, o nosso mais legítimo representante de uma
das mais importantes etapas da pintura contemporânea: o
impressionismo. Trouxe-o da França ainda quente das
discussões, vivo; transformou-o, ante o motivo brasileiro,
perante a cor e a atmosfera luminosa do nosso País".
Principais pintores impressionistas brasileiros: Eliseu
Visconti, Almeida Júnior, Timótheo da Costa, Henrique
Cavaleiro e Vicente do Rego Monteiro.
O Violeiro, de Almeida Júnior, 1899.
Eliseu Visconti - Moça no Trigal - c.1916
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