REVOLTAS, PROTESTOS E MOVIMENTOS SOCIAIS EM PERSPECTIVA GLOBAL
José Henrique Bortoluci - [email protected]
Jonas Medeiros – [email protected]
CPDOC-FGV
Sextas-feiras, 13h20 às 17h
Objetivos da Disciplina
Este curso pretende introduzir os alunos aos principais debates e à literatura brasileira e
internacional acerca das causas, dinâmicas e consequências de protestos, revoluções
e outras formas de conflito social. Isso será feito principalmente a partir do estudo
comparado de diversas revoltas e movimentos sociais recentes, em todo o globo.
Estudaremos, por exemplo, a relação entre limitações às liberdades individuais e a
emergência dos movimentos contra regimes autoritários na chamada “Primavera
Árabe”; a eclosão de protestos urbanos pouco centralizados no Brasil e na Espanha; e
a relação entre crise econômica, policiamento dos espaços públicos e a emergência
do movimento “Occupy” nos Estados Unidos, entre outros. Além disso, reconstruiremos
o histórico de lutas sociais no Brasil pós ditadura-militar e o impacto dessas na
produção do direito, como forma de contextualizar os grandes protestos de rua
recentes no país.
Objetivos de aprendizagem
A leitura da bibliografia obrigatória, os debates em sala de aula, a discussão de
material audiovisual diverso e os textos analíticos mais breves indicados ao longo do
curso deverão fornecer aos alunos instrumentos analíticos para a compreensão das
disputas acerca da relação entre regimes políticos e atores sociais organizados, do
caráter transnacional de temáticas e repertórios de organização e de manifestação, e
de entendimentos sobre justiça social em disputa em contextos diversos.
Conteúdos
 Movimentos sociais, revoltas e protestos: conceitos e debates
 Como emergem movimentos e revoltas
 Funcionamento e dinâmicas de protesto
 Repertórios de contestação
 Estudo comparado de movimentos sociais contemporâneos
 Movimentos sociais e a produção dos direitos no Brasil.
1
Critério de Avaliação
Condução do Seminário e Participação
Trabalho Escrito
Avaliação Final
40%
30%
30%
Metodologia
A aula será dividida em duas partes. Na primeira, os conceitos centrais serão
apresentados a partir de uma análise do texto obrigatório e da literatura atual
relevante em que ele se situa. Na segunda parte, exploraremos a temática da aula a
partir de estudos de casos, liderados pelos alunos. O estudo em sala de aula dos casos
destacados poderá ser feito a partir de debates, discussão de material audiovisual,
palestras seguidas de discussão, entre outros, a serem planejados pelos alunos que
liderarão cada sessão, em consulta com o professor.
PROGRAMAÇÃO DE AULAS E LEITURAS
(*=leitura obrigatória)
1. Introdução: ações coletivas, movimentos sociais e confronto político (07/08)
*SNOW, David, Sarah Soule, and Hanspeter Kriese. 2004. “Mapping the Terrain.” In
Snow, Soule, and Kriese, eds., The Blackwell Companion to Social Movements, pp. 3-11.
GOHN, Maria da Glória. 2011. Revista Brasileira de Educação, v.16, n. 47: 333-361.
2. O que leva à erupção de protestos e revoluções? Dois olhares clássicos (14/08)
*MARX, Karl e F. Engels. 1848. Manifesto do Partido Comunista (trecho selecionado).
Estudos Avançados 12(34), 1988, pp. 14-19.
*McADAM, Doug. 1982. Political Process and the Development of Black Insurgency,
1930-1970. Chicago: University of Chicago Press, pp. 5-19
BLUMER, Herbert. 1951. “Collective behavior”, in A. M. Lee (ed.), New outline of
principles of sociology . New York: Barnes and Noble.
STEINMETZ, George. 1994. “Regulation Theory, Post-Marxism, and the New Social
Movements.” Comparative Studies in Society and History 36 (01): 176–212.
Seminário 1
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3. A lógica das ações coletivas: movimentos sociais como organizações racionais
(21/08)
*McCARTHY, John D. and Mayer N. Zald. 1977. “Resource Mobilization and Social
Movements: A Partial Theory.” In Zald, Mayer, and McCarthy, eds. Social Movements
in an Organizational Society, Collected Essays, New Brunswick: Transaction Books
(1987), pp. 15-42.
*PIVEN, Frances F. and Richard Cloward. 1979. “Introduction.” In Poor People’s
Movements: Why they succeed, how they fail, pp. xix-xxiv.
OLSON, Mancur. 1965. The Logic of Collective Action. Harvard University Press, pp. 5-16.
McADAM, Doug. 1982. Political Process and the Development of Black Insurgency,
1930-1970. Chicago: University of Chicago Press, pp. 20-35.
Seminário 2
4. Estado e oportunidades políticas para a ação coletiva (28/08)
*McADAM, Doug. 1982. Political Process and the Development of Black Insurgency,
1930-1970. Chicago: University of Chicago Press, pp. 36-51.
*Da SILVA, Fabrício P. “Analisando democracias a partir das relações entre Estados e
movimentos sociais: os casos da Venezuela, Bolívia e Equador”. In M. G. Gohn e B. M.
Bringel, 2012. Movimentos sociais na era global. Editora Vozes.
McADAM, Doug. 1988. Freedom Summer. Oxford University Press, pp. 11-34.
Debate em sala de aula: O Movimento por Direitos Civis nos EUA. Filme: Eyes on the
Prize, episode 5: “Mississippi, is this America?” (exibido em aula).
5. Redes, Mídia e o problema da mobilização (11/09)
*CASTELLS, Manuel. 2013. Redes de Indignação e Esperança. Ed. Zahar. Cap. 6.
SNOW, David, et al. 1980. “Social Networks and Social Movements: A Microstructural
Approach to Differential Recruitment.” In McAdam & Snow, eds. Social Movements:
Readings on Their Emergence, Mobilization, and Dynamics. Los Angeles: Roxbury
Publishing, pp. 122-132.
GOULD, Roger V. 1991. “Multiple Networks and Mobilization in the Paris Commune,
1871.” American Sociological Review 56:716-729.
Seminário 3
6. Como se protesta? Repertórios de contestação e ciclos de protesto (18/09)
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*TARROW, Sidney. 1993. “Cycles of Collective Action: Between Moments of Madness
and the Repertoire of Contention”. In McAdam & Snow, eds. Social Movements:
Readings on Their Emergence, Mobilization, and Dynamics. Roxbury Publishing (1997),
pp. 328-339.
*SUBCOMANDANTE MARCOS, “In our dreams we have seen another world”; “Five
Hundred Years of Indigenous Resistance”; “Why we use the weapons of resistance”. In
Our word is our weapon: selected writings of Subcomandante Marcos. 2001. Edited by
Juana Ponce de León. Pp. 18; 40-42; 159-163.
TILLY, Charles and Sidney Tarrow. 2006. Contentious Politics. Oxford University Press, pp.
27-68.
Seminário 4
7. Direito à Cidade e disputas por justiça social a partir de conflitos urbanos (25/09)
*HARVEY, David. 2012. “O direito à Cidade”. Lutas Sociais, São Paulo, n.29, p.73-89,
jul./dez. 2012.
*BAYAT, Asef. 2000. “From `Dangerous Classes’ to `Quiet Rebels’ Politics of the Urban
Subaltern in the Global South.” International Sociology 15 (3): 533–57.
ROLNIK, Raquel. “Ten years of the City Statute in Brazil: from the struggle for urban
reform to the World Cup cities”. International Journal of Urban Sustainable
Development, v. 1, p. 1-11, 2013.
Seminário 5
*ENTREGA DO TRABALHO ESCRITO
8. Mobilizações sociais recentes no Brasil: 2013 e 2015 (02/10)
* SINGER, André. 2013. “Brasil, junho de 2013: Classes e ideologias cruzadas”.Novos
Estudos CEBRAP, v. 97, pp. 23-40.
* NOBRE, Marcos. 2013. Choque de Democracia - Razões da Revolta. E-book.
Companhia das Letras.
BRINGEL, Breno. 2013. “Miopias, sentidos e tendências do levante brasileiro de
2013”. Insight Inteligência (Rio de Janeiro), v. 62, p. 42-53.
ORTELLADO, Pablo, Luciana Lima, Elena Judensnaider. 2013. Vinte centavos: a luta
contra o aumento. Editora Veneta.
Vários autores. 2013. As jornadas de junho em perspectiva global. NETSAL, IESP/UERJ.
Pp. 30-44; 72-79.
4
9. O impacto dos movimentos sociais na produção do direito (09/10)
*RODRIGUEZ, José Rodrigo. 2008. “Franz Neumann: O direito liberal para alèm de si
mesmo”. In: NOBRE, Marcos (Org.). Curso Livre de Teoria Critica. Campinas: Papirus. p.
97-116.
NEUMANN, Franz. 2014 [1937]. “A mudança de função da lei no direito da sociedade
burguesa”. Trad. Bianca Tavolari. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte,
n. 109, p. 13-87, jul./dez.
CARDOSO, Evorah Lusci; FANTI, Fabiola. 2013. “Movimentos Sociais e Direito: o Poder
Judiciário em disputa”. In: SILVA, Felipe Gonçalves; RODRIGUEZ, José Rodrigo
(Org.). Manual de sociologia jurídica. São Paulo, Saraiva.
Seminário 6
10. Brasil: movimentos sociais na redemocratização, anos 1970 e 1980 (23/10)
*GOHN, Maria da Glória. 2012. Teorias dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e
contemporâneos. 10ª ed. São Paulo: Loyola. pp. 273-295.
SADER, Eder. 1988. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas
e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (1970-80). Rio de Janeiro: Paz e Terra.
pp. a definir.
TELLES, Vera da Silva. 1999. Sociedade civil e espaços públicos: os caminhos (incertos)
da cidadania no Brasil atual. In: Direitos sociais: afinal do que se trata? Belo Horizonte:
UFMG. pp. 135-167.
Seminário 7
11. Movimentos sociais na constituinte brasileira, 1987-1988 (30/10)
*BRANDÃO, Lucas Coelho. 2011. Os movimentos sociais e a Assembleia Nacional
Constituinte de 1987-1988: entre a política institucional e a participação popular.
Dissertação (Mestrado em Sociologia) – FFLCH/USP, São Paulo. pp. 145-184.
PILATTI, Adriano. 2008. A Constituinte de 1987-1988: progressistas, conservadores, ordem
econômica e regras do jogo. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
NERIS, Natália. 2015. Movimento Negro na Assembleia Nacional Constituinte
(1987/1988): um estudo das demandas por direitos. Dissertação (Mestrado em Direito) ED/FGV-SP, São Paulo.
Seminário 8
12. O Movimento Popular de Saúde (06/11)
5
*RODRIGUEZ NETO, Eleutério. 2003. Saúde: promessas e limites da Constituição. Rio de
Janeiro: Fiocruz.
NEDER, Carlos. 2001. Participação e gestão pública: a experiência dos movimentos
populares de saúde no município de São Paulo. (Mestrado em Saúde Coletiva) –
Unicamp, Campinas.
PALMA, José João Lanceiro da. 2013. Lutas sociais e construção do SUS: o movimento
de saúde da zona leste da cidade de São Paulo e a conquista da participação
popular na saúde. Tese (Doutorado em Ciências) – Unifesp, São Paulo.
Debate em sala de aula: A saúde nos EUA. Filme: Sicko, de Michael Moore (exibido em
aula).
13. Feminismos contemporâneos e interseccionalidades com raça e classe (13/11)
*GOMES, Carla; SORJ, Bila. 2014. “Corpo, geração e identidade: a Marcha das
vadias no Brasil”. Sociedade e Estado, v. 29, n. 2, pp. 433-447.
CALDEIRA, Teresa. 2014. “Gênero continua a ser o campo de batalhas: juventude,
produção cultural e a reinvenção do espaço público em São Paulo”. Revista USP, São
Paulo, n. 102, pp. 83-100, jun./ago.
CORREIA, Ana Paula de Santana. 2015. Mulheres da periferia em movimento: um
estudo sobre outras trajetórias do feminismo. Dissertação (Mestrado em Ciências
Sociais) – Unifesp, Guarulhos.
Seminário 9
14. A questão racial, o movimento negro e a cultura na periferia (27/11)
*GUIMARÃES, Antonio Sérgio. 2002. “Democracia racial: o ideal, o pacto e o mito”.
In: Classes, raças e democracia. São Paulo: Ed. 34. pp. 137-168.
NASCIMENTO, Érica Peçanha do. 2010. "A periferia de São Paulo: revendo discursos,
atualizando o debate". Rua, Campinas, v. 2, p. 7, pp. 111-127.
D'ANDREA, Tiaraju Pablo. 2013. A formação dos sujeitos periféricos: cultura e política na
periferia de São Paulo. Tese (Doutorado em Sociologia) – FFLCH/USP, São Paulo.
Seminário 10
15. Avaliação Final (04/12).
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