EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL
A grande dificuldade que temos enfrentado atualmente é a falta de participação da
sociedade nos processos decisórios. Como podemos reverter essa situação? Um dos
instrumentos eficazes, porém, não solitário é a Educação Ambiental, que estimula a
formação de sociedades justas e ecologicamente equilibradas.
Mas, o que isso quer dizer? Isso quer dizer que, a responsabilidade de termos um mundo
melhor é de todos e depende de mudanças individuais e coletivas.
As causas de problemas como violência, pobreza, degradação ambiental, estão relacionadas
com um modelo de civilização dominante, que estimula o consumo, porém, não acessível a
todos, gerando uma crise planetária.
É necessário que toda a sociedade planeje e implemente alternativas para resolução dos
problemas e participe ativamente na construção de um futuro melhor. A Educação
Ambiental consegue gerar, mudanças na qualidade de vida e influencia no exercício da
cidadania, permitindo que cada pessoa sinta-se parte importante dessa transformação.
Dentre documentos importantes que trata o tema está o Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global que definiu princípios e planos
de ação aos países para atingir a sustentabilidade e cita a escola como um dos instrumentos.
A escola tem papel fundamental nessa transformação e os professores são essenciais para
mediar esse processo, pois a temática pode ser implementada no currículo escolar, por
meio de atividades, projetos, visitas externas, porém nunca como disciplina, prevista na Lei
9795/99.
Mas, para que isso aconteça, há necessidade da formação continuada para os professores
sobre a questão ambiental, porque sem conhecimento, seremos apenas reprodutores do
processo. Por exemplo, para trabalhar a questão do lixo na cidade, não podemos só fazer a
coleta seletiva, temos que saber as causas dos problemas e discutir a solução com os
envolvidos, discutir desde ações individuais até políticas públicas eficientes para o setor.
Trabalhar com a temática ambiental na escola ou fora do ambiente escolar exige que a
interdisciplinaridade esteja presente, pela complexidade do tema. A metodologia mais
apropriada para esse fim seria trabalhar por meio de projetos, onde todas as disciplinas
colaboraram com a solução do problema.
Mas será que a universidade prepara profissionais com visão interdisciplinar? Infelizmente
não é o que observamos nos currículos de diferentes áreas, o que distancia cada vez mais,
qualquer profissional que sai dos bancos da universidade a se preocupar com a questão
ambiental.
O que vale ressaltar é que, a ação do professor é revestida por sua opção política, na
perspectiva de como lidar com o problema e é necessário que ele permita que o educando
tenha liberdade e confiança de expressar opiniões, discutir as causas dos problemas e se
empoderar (ter poder e conhecimento) para participar dos processos decisórios onde está
inserido, isto é, trabalhar com uma Educação Ambiental libertadora e emancipatória e não
só separar o lixo, achando que está trabalhando com a questão ambiental. A separação é
muito importante, porém a Educação Ambiental é muito mais abrangente.
A escola tem um papel tão importante na transformação da sociedade e muitas vezes não
sabe mensurar sua importância nesse novo paradigma de mundo. A escola não pode negar
seu papel transformador, ela deve ter como finalidade tornar os educandos, indivíduos
críticos, para não serem manipulados.
Rose Gottardo, mestre em Educação, pós-graduada em Educação Ambiental pela FSP-USP. É
Coordenadora e professora do MBA em Gestão Ambiental; Coordenadora e professora da PósGraduação Gestão da Sustentabilidade do Instituto Nacional de Pós-Graduação. Foi Diretora de
Educação Ambiental das Secretarias de Educação e do Verde e Meio Ambiente. É Coordenadora
de Planejamento de SEMPLA/PMSP e Diretora Presidente da Fundação Paulistana de Educação e
Tecnologia.
*O artigo foi publicado na Revista Gestão Resíduos Sólidos, em 2010.
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