RESENHA
Profª. Rejane Marques
Definição:
Para Andrade(1995,p.61):
Tipo de resumo crítico, contudo mais
abrangente: permite comentários e
opiniões, inclui julgamentos de valor,
comparações com outras obras da
mesma área e avaliação da
relevância da obra com relação às
outras obras do mesmo gênero.
Estrutura da resenha:
a) Capa;
b) Folha de rosto;
c) Sumário(se necessário);
d) Introdução;
e) Apresentação das ideias do texto;
f) Apreciação crítica;
g) Conclusão;
h) Referências.
Tipos de Resenha:
1) Descritiva;
2) Crítica ou Científica.
Como o resenhista pode iniciar seu
texto:
A) informar ao leitor quem é o autor da
obra;
B) apresentar brevemente o conceito do
objeto do livro;
C) contar uma passagem da vida do autor;
D) discorrer sobre a expectativa da
publicação;
E) relacionar ideias atuais com antigas já
publicadas.
I – Resenha descritiva:
Estrutura da resenha descritiva:
nome do autor;
título e subtítulo da obra;
se tradução, nome do tradutor;
nome da editora;
lugar e data da publicação da obra;
número de páginas e volume;
descrição
sumária
de
partes,
capítulos, índices;
resumo da obra, salientando objeto,
objetivo, gênero (poesia, prosa,
dramaturgia, ensaio literário, político);
tom do texto;
métodos utilizados;
ponto de vista que defende.
Exemplo de resenha descritiva:
Discurso e texto: formulação e circulação dos
sentidos (218 páginas), de Eni Puccinelli Orlandi,
publicado (2001) pela Editora Pontes de
Campinas, é uma obra composta de 13 capítulos.
Entre eles, ressaltam-se: Análise de discurso e
interpretação; A escrita da análise de discurso; Os
efeitos de leitura na relação discurso/texto; O
estatuto do texto na história da reflexão sobre a
linguagem; Do sujeito na história e no simbólico;
Ponto
final:
interdiscurso,
incompletude,
textualização; Boatos e silêncios: os trajetos dos
sentidos, os percursos do dizer; Divulgação
científica e efeito leitor: uma política social
urbana; A textualização política do discurso sobre
a terra.
A obra da Prof. ª Eni Puccinelli tem como objeto o
discurso e seu funcionamento, área da qual
jamais se afastou, como se pode verificar pelas
dezenas de textos que publicou. Procura, na obra
atual, dar resposta às questões "o que é texto?",
"como se textualiza um discurso político, um
discurso jurídico, um discurso científico?", "como
os boatos funcionam no espaço social e político?"
Ocupa-se a autora das diferentes maneiras pelas
quais os sentidos são constituídos, são
formulados e circulam.
Essas maneiras de constituição dos
sentidos são decisivas para a relação do
homem com a sociedade, a natureza e a
história. O texto é o momento fundamental
da significação em que o sujeito, ao dizer
de um modo e não de outro, define a
maneira como o sentido faz sentido não
apenas para ele mesmo, como também
para os outros, para a sociedade em que
vive.
A autora adota a perspectiva da Análise de
Discurso de linha francesa, como o leitor pode
verificar pela bibliografia utilizada, pelos
posicionamentos e pelos conceitos de que se vale
para explicar o discurso. A análise de discurso
concebe a linguagem como mediação necessária
entre o homem e a realidade natural e social. E é
essa mediação, que é o discurso, que torna
possível a permanência e a continuidade, o
deslocamento e a transformação do homem e da
realidade em que vive. Entre outros, o leitor vai
deparar com autores citados corno Courtine,
Ducrot, Maingueneau, Pêcheux. Considera a
autora, antes de tudo, a Análise de Discurso uma
disciplina da interpretação.
Trabalha não só a textualização do político, mas
também a política da língua que se materializa no
corpo do texto, ou seja, na formulação, por gestos
de interpretação que tornam forma na
textualização do discurso. Interessa-se
pela
determinação histórica dos processos de
significação, pelos processos de subjetivação,
pelos processos de identificação e de
individualização dos sujeitos e de constituição de
sentidos, assim como por sua formulação e
circulação.
II – Resenha crítica:
Na resenha crítica, além dos
elementos descritivos e narrativos, há
os dissertativos, a defesa de um
ponto de vista, a apresentação de
argumentos, provas.
Trecho de resenha crítica:
Quando morreu, em dezembro de
2001, Cássia Eller estava empenhada
em realizar uma metamorfose
artística. Cansada do rótulo de
roqueira barulhenta, ela queria
consolidar a imagem de excelente
intérprete, o que de fato era.(Veja,4
dez. 2002)
Modelo para a prática de resenhas
críticas:
1) Referência bibliográfica:
-Autor.
- Título da obra.
- Elementos de imprenta (local da edição,
editora, data).
- Número de páginas.
- Formato.
Exemplo:
GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna:
aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 8.
ed. Rio de Janeiro: FGV, 1980. 522 p. 14 x 21
cm.
2) Credenciais do autor:
Informações
sobre
o
autor,
nacionalidade, formação universitária,
títulos, livro ou artigo publicado.
3) Resumo da obra (digesto):
- Resumo das ideias principais da obra.
De que trata o texto? Qual sua
característica principal? Exige algum
conhecimento prévio para entendê-Ia?
Descrição do conteúdo dos capítulos ou
partes da obra.
4) Conclusões da autoria:
- Quais as conclusões a que o autor
chegou?
5) Metodologia da autoria:
- Que métodos utilizou? Dedutivo?
Indutivo? Histórico? Comparativo?
Estatístico?
- Que técnicas utilizou? Entrevista?
Questionários?
6) Quadro de referência do autor:
- Que teoria serve de apoio ao estudo
apresentado? Qual o modelo teórico
utilizado?
7) Crítica do resenhista (apreciação):
- Julgamento da obra. Qual a
contribuição da obra? As ideias são originais? Como é o estilo do autor: conciso,
objetivo, simples? Idealista? Realista?
8) Indicações do resenhista:
- A quem é dirigida a obra? A obra é
endereçada a que disciplina? Pode
ser adotada em algum curso? Qual?
Exemplo de resenha crítica:
ANDRADE, Mário de. Querida Henriqueta: cartas
de Mário de Andrade a Henriqueta Lisboa. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1991. 214 p.
Já foram publicadas cartas de Mário de Andrade a
Manuel Bandeira, a Oneyda AIvarenga (Mário de
Andrade: um pouco), a Álvaro Lins, a Fernando
Sabino (Cartas a um jovem escritor), a Carlos
Drummond de Andrade (A lição do amigo), a
Prudente de Morais Neto, a Pedro Nava
(Correspondente contumaz), a Rodrigo de MeIo
Franco, e Anita Malfatti. Em todas elas, é possível
verificar
a
surpreendente
revelação
da
personalidade de Mário de Andrade, seus
conhecimentos,
suas
preocupações,
sua
dedicação à arte, o entusiasmo com que tratava
os escritores iniciantes.
Em Querida Henriqueta, reunião de cartas
de Mário à poetisa Henriqueta Lisboa,
Mário é tão generoso quanto o fora em A
lição do amigo, tão competente quanto o
fora nas cartas a Manuel Bandeira. A
exposição é sempre franca, os temas
abordados variados e a profundidade e o
valor humano notáveis. Para alguns, as
cartas de Mário, em seu conjunto, estão no
mesmo nível que suas criações literárias.
É possível ver nas cartas o interesse de
Mário pela motivação dos iniciantes,
analisando com dedicação e competência
tudo o que lhe chegava às mãos. Há em
seu comportamento o sentido quase de
missão estética. As recomendações são as
mais variadas: ora sugere alterações, ora a
supressão, ora o cuidado com o ritmo, ora
com as manifestações de conteúdo
cultural. Não é o mestre que fala, mas o
amigo.
Não é o professor, mas o artista experiente, que
sabe o que diz e por que o diz, que tem
consciência de tudo o que fala, que leva o
trabalho artístico muito a sério. As considerações
não são, no entanto, apenas de ordem técnica.
Mário de Andrade, por sua argúcia crítica, penetra
na análise psicológica. Assim, examina os retratos
feitos por diversos artistas, como Portinari, Anita
Malfatti, Lasar Segall. Segundo ele, Segall ter-seia fixado em seu lado obscuro, quase oculto,
malévolo de sua personalidade.
A relação angustiada do autor de Macunaíma
consigo mesmo aparece nas cartas a Henriqueta
Lisboa. Da mesma forma, aparecem o problema
do remorso e da culpa, o cansaço diante da
propaganda pessoal, do prestígio, da notoriedade,
da polêmica. Não silencia sequer a análise das
relações com a família.Aqui, não é a imagem de
Mário revolucionário e exuberante que apresenta.
Não. Também não há lamentações: tudo é
exposto com extrema lucidez quanto às virtudes e
defeitos. Mário abre o coração numa confidência
de quem acredita na amiga e nas relações
humanas.
As cartas foram escritas de 1939 a
1945, quando Mário veio a falecer. E
são mais do que uma fonte de
informação ou depósito de ideias
estéticas: são um retrato de seu
autor, com suas angústias e
expansões de alegria, de emoção e
de rigidez comportamental.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MEDEIROS,
João
Bosco
de.
Redação científica: a prática de
fichamentos, resumos, resenhas.
11.ed.São Paulo: Atlas, 2009.
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