CIRURGIA PLÁSTICA
DR. ERNANDO FERRAZ
CREMEPE 13455
CARTA DE INFORMAÇÕES
Caro(a) paciente,
É objetivo tanto do paciente e de familiares como também de seu cirurgião
plástico que “tudo dê certo” com a cirurgia.
Para que o paciente não se depare com “surpresas”, é fundamental que todas as
informações necessárias sejam transmitidas de uma forma clara e elucidativa. O
conhecimento e o entendimento dos itens abaixo são muito importantes antes da
realização de qualquer cirurgia plástica. Essas informações poderão servir como um
“MANUAL DE CABECEIRA”.
A cirurgia plástica não é diferente de outras especialidades médicas, pois ela
também trata de doença, que é a quebra do bem estar físico, social e mental. Ao mesmo
tempo, ela é semelhante a qualquer outro procedimento médico, já que também
envolve riscos. Esses podem variar desde pequenas insatisfações de resultados a
problemas graves, como a morte.
Tire suas dúvidas, tente não se preocupar ou tirar certas conclusões até que o
resultado cirúrgico esteja definitivamente estabelecido. Lembre-se que existem diferentes
fases de pós operatório, com resultados intermediários ou parciais. A sua paciência, aliado
à confiança no seu cirurgião, trará, com certeza, mais calma na resolução de problemas
que poderão surgir, como tudo tenderá a fluir dentro da normalidade habitual. É preciso
sua colaboração para que sejam tomadas as devidas providências na busca de minimizar
resultados insatisfatórios ou não desejados.
As orientações aqui contidas não excluem a parcela de responsabilidade do seu
cirurgião plástico em eventuais complicações, mas auxilia no esclarecimento pré e pós
operatório sobre a sua cirurgia.
Essas informações não são aleatórias, têm embasamento científico e estão de
acordo com os princípios éticos básicos de respeito pelo ser humano, conforme
recomenda a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e o Conselho Federal de Medicina.
Considerações:
Relativo às cicatrizes
Um fator importante quanto às cicatrizes é a sua evolução. Há sempre uma ansiedade
muito grande nas primeiras semanas e meses quanto ao resultado final de uma cicatriz,
porém, além dos inúmeros fatores individuais que afetam seu resultado, há também o
tempo de maturação. Existem 3 períodos, com diferentes características, e são:
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PERÍODO IMEDIATO: Vai até o 30º dia de pós operatório e se apresenta com
aspecto pouco visível. Alguns casos apresentam uma discreta reação aos pontos
ou ao curativo, com áreas avermelhadas.
•
PERÍODO MEDIATO: Vai do 2º ao 12º mês. Neste período haverá um espessamento
com endurecimento natural da cicatriz, bem como uma mudança na tonalidade
de sua cor, passando do “vermelho para o “marrom” que vai, aos poucos,
clareando. Este período, o menos favorável da evolução cicatricial, é o que mais
incomoda os pacientes, até porque é longo. Como não podemos apressar o
processo natural de cicatrização, recomendamos aos pacientes que tenham
paciência, pois, o período tardio se encarregará de diminuir os vestígios cicatriciais.
Existem diversos métodos com embasamento científico que podem ser úteis nesta
fase da cicatrização, e o cirurgião irá indicar o que melhor se adapte ao seu caso.
•
PERÍODO TARDIO: Vai do 12º ao 18º mês. Neste período a cicatriz começa a se
tornar mais clara e menos consistente, atingindo assim o seu aspecto definitivo.
Qualquer avaliação do resultado definitivo de uma cicatriz deverá ser feita após
este período.
As cicatrizes patológicas
São tipos de cicatrizes de mau resultado estético ocasionados por uma
infinidade de fatores, mas principalmente relacionados ao próprio paciente. Os
determinantes mais importantes da qualidade de uma cicatriz são o tipo de pele
do paciente, a idade, herança genética, hábitos de vida, problemas de saúde
associados e cuidados pós operatórios. Outros fatores que prejudicam as fases
iniciais da cicatrização são: presença de inflamação, reação a fios utilizados,
infecção ou abertura de pontos.
As principais alterações patológicas das cicatrizes são os alargamentos,
hipertrofias e quelóides. Os alargamentos ocorrem devido à força contrária da pele
enquanto está havendo a cicatrização, e surgem em áreas onde se exige uma
maior tensão das suturas (fechamentos). As hipertrofias são áreas de cicatrizes
avermelhadas, elevadas, endurecidas e espessadas. Podem ser transitórias ou
permanentes. A ação solar direta ou indireta pode ser prejudicial a esse tipo
cicatricial. Já os quelóides, mais raros, são verdadeiros “caroços” cicatriciais,
geralmente dolorosos e com coceira. Há uma importante correlação genética e
racial na ocorrência desta patologia.
Relativo à anestesia e ao ato operatório
É sabido que durante o ato operatório existem aspectos que não podem ser previamente
identificados e, por isso, eventualmente, necessitarão de procedimentos adicionais ou
diferentes daqueles inicialmente programados.
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Pode haver reações inesperadas após uso das medicações necessárias ao ato anestésico
(efeitos colaterais ou alérgicos).
Pode haver dificuldade durante a realização da anestesia proposta que faça com que o
anestesista lance mão de outra modalidade anestésica para que o procedimento
transcorra normalmente. Por exemplo, em casos de anestesia peridural, por algum
determinado motivo não previsto, precisar realizar a anestesia geral com intubação.
A avaliação do cirurgião e do anestesista e uma conversa transparente sobre uso de
medicações, hábitos de vida, vícios ou problemas de saúde prévios na fase pré operatória
são fundamentais para que não ocorram situações inusitadas que venham a
comprometer a integridade física do paciente.
Uma grave complicação, muito temida em cirurgia plástica, é a chamada embolia
pulmonar. É rara. Geralmente o evento se inicia com a trombose (coagulação) das veias
profundas dos membros inferiores. Obesidade, tabagismo, uso de drogas,
anticoncepcionais, idade avançada, tempo de cirurgia prolongado, varizes de grosso
calibre e anestesia geral são alguns dos fatores que estão associados à sua ocorrência. O
seu cirurgião deverá avaliar os riscos individuais de cada paciente e de sua cirurgia para
então orientar e tomar medidas de prevenção, como deambulação (andar) precoce,
uso de meias elásticas, botas de compressão pneumática e, em casos excepcionais, uso
de medicação anti-coagulante.
É importante, ainda, o esclarecimento dos seguintes pontos:
Toda cirurgia envolve perda sanguínea, acarretando num maior ou menor grau de
anemia. Na grande maioria das vezes são casos leves, e não há sintomas, Nada precisará
ser feito, já que o organismo se recupera sozinho em cerca de 1 a 3 meses. Em casos
moderados a graves, ocorre aceleração do coração e desmaios freqüentes, e alguma
medicação suplementar poderá ser necessária. Transfusões sanguíneas podem ser
aventadas em situações emergenciais.
Pode haver dor de intensidade bastante variável, principalmente na primeira semana
após a cirurgia e que piora à movimentação; ela pode ser melhorada com o uso de
analgésicos e repouso adequado.
Poderá haver coceira e alteração de sensibilidade (muito ou pouco sensível) nas regiões
operadas, em graus variáveis e com período de recuperação também variável. A
sensibilidade da pele próxima a uma cicatriz nunca é a mesma de uma pele normal.
Dependendo da fragilidade da pele de cada um, podem ocorrer dermatites (alérgicas,
de contato ou infecciosas) ocasionadas geralmente pelo “abafamento” por uso dos
modeladores, limpeza insuficiente ou inadequada da pele e desequilíbrios hormonais.
O edema ou inchaço sempre ocorre; pode surgir de forma irregular, deixando assimetrias
temporárias, e por um tempo bastante variável, dependendo de cada paciente e da
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região operada. De uma forma geral, está mais de 90% ausente após 6 meses de cirurgia.
O uso das malhas compressivas e um pós operatório adequado ajudam a melhorar o
desconforto.
Fibrose é o nome que se dá à cicatrização interna de uma área operada. Ocorre um
verdadeiro endurecimento por baixo da pele ou da cicatriz, que se inicia cerca de 7 dias
após a cirurgia e o seu tempo de duração é bastante variável. Depende, além das
características individuais de cada paciente, de cuidados pós operatórios, para que não
haja a permanência desse tipo de cicatrização, podendo causar irregularidades e
comprometimento dos resultados. Um grande exemplo dessa reação ocorre em
lipoaspirações, onde uma drenagem linfática mal realizada põe a perder o resultado de
um procedimento bem executado.
Poderá haver líquidos (seroma), sangue ou secreções acumuladas na região operada,
podendo requerer alguma intervenção, como punção, drenagem ou revisão cirúrgica.
Obedecer ao tempo de repouso, evitando esforços físicos durante o tempo determinado
é fundamental para minimizar os riscos destas complicações.
Poderá haver áreas “machucadas” na pele (equimoses), ocasionadas pelo trauma
cirúrgico, e que se apresentam arroxeadas, e duram cerca de 14 a 20 dias. Em alguns
casos pode ocorrer uma pigmentação mais prolongada da pele (manchas), e a ação
solar é bastante prejudicial nesse período de pós operatório.
Poderá haver áreas de pele com perda de sua vitalidade, levando a “abrir pontos”,
chamadas de deiscências, formando ulcerações e tecidos expostos, gerando
dificuldades e prolongamento do processo de cicatrização, sendo necessários curativos e
até revisão cirúrgica (dar pontos) para se obter resultados mais satisfatórios. Há uma maior
incidência desta complicação em pacientes com pele fina, branca e com estrias.
A necrose da pele é uma complicação rara e grave ocasionada por diminuição da
irrigação sanguínea de uma determinada área operada, e o tabagismo é considerado
um dos principais fatores na ocorrência desta patologia. Compressões exageradas ou
inadequadas por mau uso de modeladores e cintas poderão também acarretar neste
tipo de comprometimento vascular dos tecidos.
Considerações finais
Ocasionalmente poderá haver transtornos temporários do comportamento afetivo, em
geral, na forma de ansiedade e depressão, e, em casos raros, outros estados psicológicos
mais complexos, podendo necessitar de avaliação profissional relacionada a estas áreas.
Importante lembrar que a cirurgia plástica não é indicada em pacientes com
desequilíbrio emocional ativo, e que o ato cirúrgico e o embelezamento ocasionado pelo
procedimento não é garantia de melhora de um eventual estado depressivo.
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Caso haja necessidade de cirurgias complementares para melhorar o resultado obtido ou
corrigir um insucesso eventual, os custos de material, da instituição hospitalar e de
anestesia não são de responsabilidade do cirurgião.
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