TÍTULO DA PALESTRA
(Org. por Sérgio Biagi Gregório)
20/7/2011
Dialética
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Dialética
Introdução
O objetivo deste estudo é refletir
sobre a arte de discutir no
sentido de melhorar a nossa
compreensão do mundo e de
nós mesmos.
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Dialética
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Dialética
Conceito
A dialética é, propriamente falando, a arte de discutir. A arte do
diálogo.
Com o passar do tempo o termo evolui para um sentido mais
preciso, designando uma discussão de algum modo
institucionalizada, organizando-se habitualmente em presença de
um público que acompanha o debate – como uma espécie de
concurso entre dois interlocutores que defendem duas teses
contraditórias.
A dialética eleva-se, então, ao nível de uma arte, arte de
triunfar sobre o adversário, de refutar as suas afirmações ou de o
convencer (Blanché, 1985).
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Dialética
Histórico
O primeiro sentido da dialética pode ser encontrado em Zeno de Eléia,
com os argumentos dialogados, para afirmar a doutrina parmediciana da
mobilidade do Ser e das idéias, contra a doutrina do movimento e das
experiências sensíveis, assinalada desde os jônios.
Sócrates inaugura uma nova dialética, que
compreende duas partes: a ironia e a
maiêutica. Na ironia ou refutação da
pseudociência, Sócrates procurava confundir
o interlocutor acerca do conhecimento que
este tinha das coisas. Posteriormente
(maiêutica), fazia-o penetrar em novas
idéias. Dizia que seu método consistia em
parir idéias, à semelhança de sua mãe, que
paria crianças.
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Dialética
Para Platão, a
dialética é o
movimento do
espírito que marcha
para a verdade,
movimento cujo
símbolo ele deu na
célebre alegoria da
caverna.
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Histórico
Na classificação de Aristóteles, "a dialética pertence às ciências poéticas
e não à lógica".
Para os estóicos, faz
parte da lógica:
"ciência do verdadeiro
e do falso ou nem de
um nem de outro".
Na Idade Média, a
dialética constitui com
a gramática e a
retórica, o Trivium.
O Renascimento
depreciou a
dialética.
O sentido depreciativo
permanece em Kant:
lógica das aparências,
reguladora das idéias
que não podem ser
explanadas por via
científica.
Foi primeiro com
Hegel, depois com
Marx e Engels, que
a dialética apareceu
com função essencial
na teoria do
conhecimento.
Para o marxismo,
a filosofia consiste
em reconstruir, com
a dialética da
razão, a dialética
da realidade.
(Soares, 1952)
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Dialética Platônica
Platão, discípulo de Sócrates, desenvolve as suas idéias através do mito.
O mito da
caverna ou
da
reminiscência
das ideias dá
embasamento
à sua dialética.
Nesta alegoria, Platão coloca alguns homens
voltados para o fundo da caverna, de modo que só
vêem suas próprias sombras. Depois, aponta para
um deles (chamando-o de filósofo), que se vira e
vai ao encontro da luz, que é o símbolo do
conhecimento, da idéia. Esta simbologia mostra
que o indivíduo deve resistir à sugestão do
sensível, para buscar as puras relações inteligíveis
(leis ou idéias) que se mantêm invariáveis através
da variabilidade do sensível.
É essa a dialética ascendente. A dialética descendente consiste em
descer dos princípios, ou idéias, encontradas pela dialética ascendente,
para a intelecção dos fenômenos particulares. (Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira)
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Dialética Hegeliana
O ponto central da filosofia de Hegel (1770-1831)
encontra-se na dialética da idéia.
Herda, para a construção
de sua teoria, os
pensamentos de
Heráclito, Aristóteles,
Descartes, Kant,
Espinosa, Fichte e
Schelling.
Parte da Tese - Ser, pura
potencialidade, o qual deve se
manifestar na realidade através
da Antítese - Não-Ser. Na
contradição entre tese e antítese
surge a Síntese - Vir-a-Ser.
Esse raciocínio é aplicado tanto à aquisição de conhecimento
quanto à explicação dos processos históricos e políticos. Para ele,
a verdadeira ciência do pensamento coincide com a
ciência do ser.
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Platão versus Hegel
Enquanto Platão nos fazia desviar os olhos do mundo das
sombras para concentrá-los na contemplação do invisível,
Hegel nos ensinava a suportar a morte, a separação.
Dizia: "o espírito só conquista a sua verdade encontrando a si
próprio e na dilaceração absoluta".
"Para Platão, quando o homem compreende que o mundo das
sombras não é ou é falso, procura desviar-se deste mundo e
colocar-se na via certa, orientar seus olhos para a visão da idéia;
ao passo que em Hegel não se trata simplesmente de substituir
um desvio pela via certa, e sim de suportar o desvio, porque só
então se alcança aquele ‘certo’ em toda a sua plenitude".
(Bornheim, 1977)
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As Perguntas do Filósofo
O filósofo, para se dizer filósofo, tem que se valer da pergunta.
Toda pergunta exige
uma resposta. E a
própria resposta dá
origem a uma nova
pergunta.
Mas a pergunta do
filósofo não é qualquer
pergunta. É uma pergunta
que visa à descoberta da
verdade.
Por isso, não se contenta com os pré-conceitos. Ele busca o conceito,
retirando o verniz que esconde a realidade das coisas. Se perder este
ímpeto, esta condição ou esta postura deixará de ser filósofo, para se
apassivar aos acontecimentos. Nesse sentido, ele não deve querer saber
muito, estar a par de tudo o que acontece, mas adquirir o poder de se
concentrar num dado problema e tirar dele todo o conhecimento que for
possível.
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Explicar é Desdobrar
Plica em latim significa dobra. Ex-plicare significa desdobrar,
ou seja, abrir as dobras.
Toda explicação nada
mais é do que o
desdobramento de alguma
coisa; é o encadeamento
das idéias no discurso
falado ou escrito.
A árvore veio da semente;
muitos animais vieram do ovo.
Disto resulta que na semente
ou no ovo está contido todo o
desenvolver daquela espécie
de árvore ou de animal.
Dar uma explicação das coisas é reconstituir todo esse processo
de desdobramento. Nesse mister, uma explicação mais profunda,
denominada filosófica, exige uma explicação desde o começo:
explicatio ab ovo (explicação desde o primeiro ovo). (Cirne-Lima,
1997)
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Postura Científica
O cientista, acostumado a elaborar o seu pensamento através de
hipóteses, provas e conclusões, está sempre fortalecendo o
argumento fraco, a fim de descobrir e formular uma nova teoria em
sua ciência particular.
Utiliza-se da
contra-indução,
que é o processo de
rejeitar aquilo que já
foi provado.
Nesse sentido, destaca aqueles pontos
em que não houve adequação exata
entre a realidade e a teoria. Estuda-os
com o devido cuidado, a fim de chegar ao
verdadeiro conhecimento que os fatos
revelam.
A defesa das causas perdidas é outra postura que auxilia
o poder de argumentação do cientista. Empenhando-se
denodadamente na perquirição dos fatos adversos, ele consegue
penetrar no âmago da pureza científica.
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Diálogo: Crítica e Oposição
O verdadeiro diálogo inclui crítica e oposição.
São os elementos
diversos e
contraditórios que
deverão convergir
para uma síntese.
Note-se o diálogo
numa reunião, em que
as pessoas pensam
de forma diferente.
A função do coordenador é ouvir atentamente cada uma
delas, para depois tomar a sua decisão. Esta decisão
engloba uma síntese do discutido e do não discutido, ou
seja, daquilo que ficou dito nas entrelinhas dos discursos.
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Diálogo: Incluindo a Tolerância
A dialética tem um pressuposto fundamental: a
tolerância.
É por ela que nos
exercitamos a ouvir a fala do
nosso próximo.
Somos tão limitados, que
sempre julgamos ter razão.
Esforçando-nos em ouvir o outro, vamos educando os nossos
ouvidos para a contradição, pois sempre que há uma dicção, há,
em contrapartida, a contradição. Lembremo-nos da famosa frase
de Voltaire: "Não concordo com nada do que você diz, mas
defenderei o seu direito de dizê-lo até o fim".
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Diálogo: Uns Complementam os Outros
Ninguém é uma ilha.
A civilização
obriga-nos a nos
relacionarmos
uns com os
outros.
Por isso, a Lei de Sociedade
prescreve que cada indivíduo deve
complementar o seu próximo: ao
forte cabe o amparo do fraco; ao
inteligente, a instrução do ignorante;
ao rico, o auxílio do pobre.
Todos viemos a este mundo para desempenhar uma missão,
grande ou pequena, mas que pesa na soma geral. O desprezo
que os grandes sentem para com os pequenos é muito mais um
reflexo do orgulho e da ignorância, pois estão sempre os
utilizando para os serviços grosseiros, no sentido de manter a
ordem da vida social.
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Conclusão
Estejamos abertos ao debate, seja de que
tipo for.
Se soubermos tirar proveito das
discussões, não haverá um único
momento em que não possamos
acrescentar valores morais ao nosso
patrimônio espiritual, enriquecendo-o
ainda mais.
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Bibliografia Consultada
BLANCHÉ, R. História da Lógica de Aristóteles a Bertrand
Russel. Lisboa: Edições 70, 1985)
CIRNE-LIMA, C. Dialética para Principiantes. 2.ed., Porto Alegre:
Edipucrs, 1979
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA.
Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
SOARES, Órris. Dicionário de Filosofia. Rio de Janeiro:
Ministério da Educação e Saúde, INL, 1952.
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