PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM
EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
ENTREGA DO TCFC
LUCIANE MARIA DE OLIVEIRA BERNARDI
2
GINÁSTICA RÍTMICA: ENSINANDO CORDA, ARCO E BOLA.
Trabalho apresentado ao programa de Pós-graduação
da Universidade Norte do Paraná, para o curso de
Mestrado Profissional em Exercício Físico na
promoção da saúde, como requisito para a obtenção
do título de mestre na área de concentração de
prescrição de exercício físico em idades jovens.
Orientador: Cosme Franklim Buzzachera.
Coorientadora: Márcia R. Aversani Lourenço.
Londrina
2014
3
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO
E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação
Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
B444g
Bernardi, Luciane Maria de Oliveira
Ginástica rítmica: ensinado corda, arco e bola / Luciane Maria de Oliveira
Bernardi. Londrina: [s.n], 2014.
viii; 138f.
Dissertação (Mestrado). Exercício Físico na Promoção da Saúde. Métodos e
protocolos relacionados à prescrição do exercício físico. Universidade Norte do
Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera
Co-orientador: Profª Me. Márcia Regina Aversani Lourenço
1- Educação física - dissertação de mestrado - UNOPAR
2- Exercício
físico 3- Métodos e protocolos – exercício físico 4- Ginástica 5- Aparelhos 6Ensino/aprendizagem I- Buzzachera, Cosme Franklim, orient. II- Lourenço, Márcia
Regina Aversani, co-orient. III- Universidade Norte do Paraná.
CDU796.012.12
4
LUCIANE MARIA DE OLIVEIRA BERNARDI
GINÁSTICA RÍTMICA: ENSINANDO CORDA, ARCO E BOLA.
Trabalho apresentado ao programa de Pós-graduação da Universidade Norte do Paraná,
para o curso de Mestrado Profissional em exercício físico na promoção da saúde, como
requisito para a obtenção do título de mestre na área de concentração de prescrição de
exercício físico em idades jovens, com nota final igual a APROVADA conferida pela
Banca Examinadora formada pelos professores doutores:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera
Universidade Norte do Paraná - Unopar
__________________________________
Profª. Drª. Roberta Cortez Gaio
Universidade Nove de Julho - Uninove
__________________________________
Prof. Dr. Denílson de Castro Teixeira
Universidade Norte do Paraná – Unopar
Londrina, 20 de Março de 2014.
5
BERNARDI, Luciane Maria de Oliveira. Ginástica rítmica: ensinando corda, arco
e bola. 138 folhas. Produto final (Mestrado Profissional em Exercício Físico na
Promoção da Saúde) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014.
RESUMO
A proposta deste trabalho de conclusão final de curso enquanto produção técnica
foi a organização de livro específico para profissionais da ginástica rítmica contendo
processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores
no ensino/aprendizagem da modalidade, uma vez que há carência de apoios didáticos
adequados disponíveis para os estudiosos da área. Para fundamentar a elaboração dos
processos pedagógicos dos elementos técnicos dos aparelhos propostos percorremos um
caminho metodológico baseado em nossas experiências profissionais anteriores,
pesquisas bibliográficas, entrevistas com profissionais da iniciação na modalidade e um
estudo da prática do manejo de aparelhos em aulas de iniciação à GR registrando a forma
de ensinar os movimentos por parte do professor tanto como a resposta de aprendizagem
das crianças envolvidas. A publicação conta com quatro capítulos e apresenta no seu
primeiro capítulo um histórico da modalidade com suas características de acordo com a
bibliografia pesquisada e com ênfase no código de pontuação em vigência publicado pela
Federação Internacional de Ginástica para o 13º ciclo olímpico da modalidade
(2013/2016). Este capítulo aborda também informações relacionadas à importância dos
processos na aprendizagem dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica
rítmica. Os capítulos seguintes correspondem aos aparelhos corda, arco e bola com
introdução, definição e exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais,
definição e exemplos dos elementos dos outros grupos técnicos e por fim os processos
pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações para melhor
compreensão. O livro “Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola” sendo entregue
para publicação terá um número final de 90 páginas. Também como resultado deste
estudo foi elaborado um artigo com o tema “Ensino e aprendizagem dos aparelhos de
ginástica rítmica: dificuldades encontradas por profissionais da área” a ser publicado em
revista especializada na área.
PALAVRAS CHAVES: Ginástica Rítmica, aparelhos, ensino e aprendizagem.
6
BERNARDI, Luciane Maria de Oliveira. Rhythmic gymnastics: teaching rope, hoop
and ball. 138 sheets. Final product (Mestrado Profissional em Exercício Físico na
Promoção da Saúde) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014.
ABSTRACT
This final course completion paper proposes as technical production was organizing
specific book for professionals of rhythmic gymnastics containing pedagogical processes
for the handling of rope, arch and ball apparatus as facilitators in the teaching / learning
mode, since there is a lack appropriate teaching aids available to researchers in the area.
To support the development of the pedagogical processes of the technical elements of the
proposed devices, we traveled a methodological approach based on our previous
experience, literature searches, interviews with initiation professionals and a study of the
handling apparatus practice in RG initiation classes recording the way of teaching the
moves by the teacher as much as the answer children's learning involved. The publication
have four chapters and presents in its first chapter a history of the sport with its features
according to researched bibliography and an emphasis on scoring code in effect published
by the International Gymnastics Federation for the 13th Olympic cycle mode
(2013/2016). This chapter also covers information related to the importance of learning
processes in the specific elements of the official apparatus of rhythmic gymnastics. The
following chapters correspond to the rope, arch and ball apparatus introduction, definition
and examples of the elements of core technical groups, definition and examples of the
elements of the other technical groups and finally the pedagogical processes of core
technical groups, all with illustrations for better understanding. The book "Rhythmic
Gymnastics: teaching rope, hoop and ball" being submitted for publication will have a
final number of 90 pages. Also as a result of this study an article with the theme "
Teaching and learning rhythmic gymnastics apparatus: difficulties encountered by
professionals" to be published in a specialized journal in the area was developed.
KEYWORDS: Rhythmic gymnastics, equipment, teaching and learning.
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
FIG
FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA
GR
GINÁSTICA RÍTMICA
GRD
GINÁSTICA RÍTMICA DESPORTIVA
LIGIM
LIGA INTERNACIONAL DE GINÁSTICA MODERNA
UNOPAR
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............ ................................................................................................09
2 METODOLOGIA.........................................................................................................12
3 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................14
3.1 Pesquisa bibliográfica .................................................................................................. 15
3.2 Pesquisa com as treinadoras.........................................................................................16
3.3 Pesquisa nos polos.......................................................................................................19
3.4 Elaboração dos capítulos..............................................................................................19
3.4.1 Capítulo 1.............................................................................................................19
3.4.2 Capítulos 2, 3 e 4..................................................................................................22
4 CONCLUSÃO............................................................................................................... 26
5 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 27
APÊNDICES....................................................................................................................32
Apêndice A - livro..............................................................................................................33
Apêndice B - artigo..........................................................................................................125
ANEXOS.........................................................................................................................136
Anexo A – Questionário de avaliação..............................................................................137
Anexo B – Termo de consentimento................................................................................138
9
1 INTRODUÇÃO
A proposta deste trabalho de conclusão final de curso enquanto produção técnica
foi a organização de livro específico para profissionais da ginástica rítmica contendo
processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores
no ensino/aprendizagem da modalidade, uma vez que há carência de apoios didáticos
adequados disponíveis para os estudiosos da área.
A ginástica rítmica ou GR é uma modalidade praticada individualmente ou em
conjunto que tem como principal característica a utilização de aparelhos manuais
específicos que são a corda, o arco, a bola, as maças e a fita, em um espaço próprio de
13x13 metros. A execução do manejo destes aparelhos exige habilidade que se conquista
a partir da prática de exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos
elementos técnicos de forma correta. 35
Nesta modalidade que tem sua iniciação aproximadamente aos seis anos de idade
33,43
, a ginasta submete-se a cargas elevadas de treinamento por meio de um trabalho
disciplinado em que a prática do esporte passa a fazer parte de sua vida diária. Não são
todas as crianças que tem sucesso e seguem carreiras esportivas alcançando resultados em
competições, porém a iniciação pode auxiliar em atividades comuns do seu dia a dia. 31,32
Na GR é essencial a realização de elementos corporais e técnicos de cada aparelho
e em uma competição há a exigência de que no mínimo as ginastas executem a técnica
básica, dando atenção à postura correta, posição dos pés, mãos e dedos além de evitar as
possíveis falhas, pois há a necessidade do sincronismo do movimento como um todo uma
vez que a base deste esporte é a utilização total do corpo. 4,10,47
A prática da ginástica rítmica proporciona à criança, o enriquecimento do
desenvolvimento rítmico que acontece devido à exigência do acompanhamento musical,
contribui para o aprimoramento e melhoria no desempenho motor, promovendo o
desenvolvimento dos domínios da aprendizagem. 20,21
Os aparelhos corda, arco e a bola foram os primeiros a surgirem em
competições, no período de 1963 a 1967, e são muito presentes no imaginário infantil, já
a fita que também é muito apreciada pelas crianças tornou-se oficial em 1971 seguida do
aparelho maças em 1973. 3,42,45
Sendo a tríade desta modalidade a realização de elementos corporais aliados ao
manejo dos aparelhos com acompanhamento da música, há a necessidade de trabalhar de
forma harmoniosa estes três quesitos e entendemos que o ensino do manuseio dos
10
aparelhos é uma das mais difíceis tarefas, pois possibilitar a compreensão das técnicas de
manejo para seu desenvolvimento de forma correta e eficaz é um grande desafio.
De uma forma geral, profissionais da área têm dificuldade em ensinar os
elementos técnicos dos aparelhos devido à complexidade da execução dos mesmos, pois
se verifica um nível de exigência motora elevado. Por isso a organização sistematizada
das técnicas de manejo em processos pedagógicos que possam facilitar o aprendizado
levando em consideração a fase que estas crianças se encontram, e assim, contribuir para
que futuramente a execução técnica seja a mais próxima possível da ideal.
No panorama atual poucas são as referências que colaboram no processo ensinoaprendizagem de manejos de aparelhos da GR. Em levantamento bibliográfico realizado
para este estudo percebemos uma carência em publicações na área, encontramos livros da
década de 1980, em que a ginástica rítmica pertencia a outro panorama de exigências
corporais e técnicas dos aparelhos e, mais recentemente, publicaram-se livros
organizados e artigos científicos que apontam para o rendimento, aplicabilidade na escola
e evolução da modalidade. Porém, poucos nos remetem aos processos pedagógicos ou
ensinamentos para a iniciação esportiva bem como às técnicas corretas de execução de
manejos dos aparelhos oficiais da GR, relacionados ou não à exigência do código, o que
torna evidente a necessidade de organizar e socializar os processos pedagógicos para que
as ginastas possam ter um aprendizado facilitado e eficaz na prática dos manejos dos
aparelhos.
Portanto, o objetivo deste estudo foi elaborar exercícios específicos para a
execução dos manejos dos aparelhos próprios da ginástica rítmica e organizá-los como
facilitadores do processo de ensino/aprendizagem da modalidade na iniciação e
posteriormente no treinamento.
Para tal, as experiências como professora de iniciação há mais de dez anos frente
ao projeto permanente de extensão universitária “Escola de Iniciação em Ginástica
Rítmica da UNOPAR”
(*)
foram fundamentais neste momento, uma vez que o objetivo
principal no dia a dia no projeto é ensinar os movimentos básicos da GR em especial os
elementos dos aparelhos. As atividades diárias oportunizaram inúmeras tentativas de
novas possibilidades de ensinar estes mesmos movimentos, assim a escolha da melhor
técnica de ensino foi descoberta a cada nova turma, a cada nova dificuldade encontrada
por uma criança e sem dúvida a cada reflexão sobre a ação.
11
Por fim, depois de realizada a pesquisa bibliográfica e baseados em nossa
experiência profissional e ainda fundamentados nas análises dos resultados de pesquisa
realizada com profissionais da GR em âmbito estadual e nacional sobre as dificuldades
em ensinar os manejos dos aparelhos, apresentamos aqui a elaboração de um material
didático específico, em formato de livro, para dar embasamento técnico aos profissionais
da ginástica rítmica que buscam aprimorar seus conhecimentos para ensinar suas ginastas
desde a iniciação.
Também como resultado das pesquisas foi elaborado um artigo com o tema
“Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por
profissionais da área” que teve como objetivo identificar as dificuldades encontradas
pelos profissionais de ginástica rítmica que atuam no Brasil em ensinar os exercícios
específicos dos manejos dos aparelhos próprios da modalidade, sendo estes oficiais ou
alternativos.
Este estudo justifica-se pela ausência de pesquisas específicas na modalidade e
também pela procura de materiais que possam auxiliar no ensinamento correto da técnica
de manejo dos aparelhos e teve como suporte o projeto de pesquisa “Processos
pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da ginástica rítmica” com
parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEPUNOPAR-0069/12) de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos, sendo os dados coletados
após os participantes e responsáveis assinarem o termo de consentimento livre e
esclarecido.
_________________________________________________________
O projeto “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR – da iniciação ao alto nível”
existe desde 1972 e foi criado pela professora Elisabeth Bueno Laffranchi na então FEFI Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná. Em 1992 a FEFI passou a chamar-se
UNOPAR – Universidade Norte do Paraná e nesta década tornou-se sede da seleção brasileira de
conjuntos por vários anos, conquistando dois títulos dos Jogos Pan-americanos (1999 e 2003) e
duas finais olímpicas na modalidade de conjunto (2000 e 2004). O projeto atende meninas de
cinco a 16 anos e tem como objetivos promover o desenvolvimento da GR em Londrina, detectar
novos talentos, capacitar profissionais e ainda popularizar a modalidade. Conta com polos
externos para atendimento à comunidade e estima-se que aproximadamente 15.000 ginastas
passaram pelo mesmo no decorrer destes anos.
(*)
12
2 METODOLOGIA
Para fundamentar a elaboração dos processos pedagógicos dos elementos técnicos
dos aparelhos corda, arco e bola culminando no produto final percorremos um
caminho metodológico baseado em nossas experiências profissionais anteriores,
pesquisas bibliográficas, entrevistas com professoras de iniciação na modalidade e um
estudo mais aprofundado da prática do manejo de aparelhos em aulas de iniciação à
GR registrando a forma de ensinar os movimentos por parte da professora tanto como
a resposta de aprendizagem das crianças envolvidas.
Em um primeiro momento realizamos pesquisa bibliográfica, este tipo de
investigação procura explicar um problema a partir de referências teóricas de um
tópico em particular. Desenvolvida por meio de levantamento de temas e tipos de
abordagem já trabalhados por outros pesquisadores auxilia na assimilação de conceitos
explorando aspectos já publicados, contribuindo para a avaliação crítica no momento
da escrita do produto final. 49
Encontramos estudos importantes na ginástica rítmica que se utilizaram desta
metodologia, como por exemplo, as que abordaram questões relacionadas à detecção,
seleção e promoção de talentos esportivos em ginástica rítmica com o intuito
esclarecer a importância da utilização de critérios científicos com fundamentação
teórica adequada em respeito aos referenciais cineantropométricos de ginastas de alto
nível de diferentes categorias identificando as possuidoras de talento e possibilitando o
desenvolvimento por meio de treinamento sistematizado, para que atinjam o mais alto
desempenho possível, em razão do potencial existente. Porém para dar andamento ao
objetivo do nosso estudo foi necessário focar nas palavras chaves ginástica rítmica,
aparelhos e ensino-aprendizagem. 32
Em um segundo momento realizamos pesquisa sobre o processo ensino
aprendizagem dos manejos dos aparelhos da GR com profissionais que atuam em nível
estadual e nacional com a modalidade, tendo como método investigativo metodologia
descritiva, que tem como objetivo principal a descrição das características de
determinada população ou de determinado fenômeno, ou o estabelecimento de relação
entre as variáveis. Uma de suas características mais expressivas neste método é a
coleta de dados por meio de questionário e de observação, habitualmente
desenvolvidos por pesquisadores preocupados com a atuação prática. 26
13
O instrumento escolhido foi um questionário para identificar os procedimentos
metodológicos utilizados por profissionais que atuam com GR em suas aulas de
iniciação. O mesmo foi aplicado durante o Campeonato Paranaense de Conjuntos em
outubro de 2012 e o Campeonato Brasileiro de Conjuntos em outubro de 2013, a
amostra, caracterizada por conveniência, contou com 39 treinadores e teve como
critério de inclusão a participação nos eventos já citados. Dentre os sujeitos, 58,9%
atuaram no campeonato paranaense e 41,9% no campeonato brasileiro, todos
envolvidos com as diferentes categorias da GR, a saber: pré-infantil (9 a 10 anos);
infantil (11 a 12 anos); juvenil (13 a 15 anos); adulto (a partir dos 16 anos) e também
responsáveis pela iniciação esportiva da modalidade (escolinhas). Dentre os clubes
inscritos e presentes nas competições, houve a representatividade de cinco diferentes
cidades do Paraná e de oito estados brasileiros.
O questionário foi organizado pela autora do estudo e referendado por três
profissionais da área (todos com nível mínimo de mestrado e longa experiência
profissional na modalidade)
*1,*2,*3
, uma vez que não encontramos na literatura um
modelo de instrumento que pudesse responder os objetivos desta pesquisa. O
instrumento continha sete perguntas: 1- Quanto tempo trabalha com GR?, 2- Foi
ginasta?, 3- Em qual categoria você trabalha?, 4- Qual sua formação?, 5- Quais os
aparelhos que você ou seu clube utiliza nas aulas de iniciação em Ginástica Rítmica?,
6- Os aparelhos utilizados na iniciação são oficiais ou alternativos? Se forem
alternativos, são de responsabilidade do clube ou construídos pelas ginastas?, 7- Qual
a maior dificuldade encontrada em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda,
arco, bola, maças e fita para as crianças de 6 a 9 anos?
Após a análise dos dados, foram identificadas as frequências relativas de
respostas. Em seguida, as categorias do Campeonato Brasileiro e Paranaense foram
dicotomizadas e o teste do Qui-quadrado foi utilizado para identificar possíveis
associações entre as variáveis. O nível de significância estabelecido foi de p<0.05. E o
pacote estatístico utilizado foi o SPSS 17.01.
_______________________________________________________
*1
*2
*3
Márcia Regina Aversani Lourenço – Mestre em Educação Física (Pedagogia do Movimento)
pela UNIMEP e discente do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física
UEM/UEL
Eliana Virginia Nobre dos Santos - Mestre em Educação Física (Pedagogia do Movimento)
pela UNIMEP
Suhellen Lee Porto Orsoli Silva – Mestre em Educação Física pela UEM
14
Os resultados encontrados entre os profissionais pesquisados serviram de
subsídios para a elaboração objetiva de vários processos pedagógicos encontrados
neste estudo, pois ficou claro que existe uma dificuldade em ensinar às crianças os
manejos dos aparelhos.
Todos os dados da pesquisa foram organizados e analisados com o intuito de
elaboração e publicação de um artigo sobre o assunto.
Também realizamos um estudo sobre o ensino-aprendizagem dos elementos dos
aparelhos da GR no período de maio a setembro de 2012, em dois polos de iniciação
do projeto da UNOPAR. As aulas foram filmadas e armazenadas em vídeos. As
imagens podem contribuir para a captura de aspectos visuais que transcendem a
capacidade de representação da escrita. 6
Foram observadas 70 crianças de seis a 10 anos de idade participantes das
escolinhas de iniciação em Ginástica Rítmica da Universidade Norte do Paraná –
UNOPAR. Para a observação sistematizada foi utilizado um formulário com anotações
sobre a forma do manuseio dos elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola,
maças e fita. A observação foi realizada durante as aulas de iniciação com os aparelhos
organizados de acordo com o planejamento anual. Para discussão dos dados utilizou-se
o método descritivo tem como proposta descobrir e observar fenômenos procurando
descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. 49
Após apresentação do caminho metodológico para a elaboração do livro,
passaremos a pontuar como se deu seu desenvolvimento na sequencia.
3 DESENVOLVIMENTO
O processo de elaboração do livro foi fundamentado pelas etapas da pesquisa
bibliográfica, das entrevistas com profissionais da modalidade e do estudo da prática
do manejo nos polos do projeto UNOPAR, além da própria experiência da autora.
O produto final conta com quatro capítulos distintos. Apresentamos o seu
primeiro capítulo com dois momentos, primeiramente um histórico da modalidade
com atenção especial a partir da introdução da modalidade nos Jogos Olímpicos em
1984 e as características da GR de acordo com bibliografia pesquisada, com ênfase
no código de pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de
Ginástica - FIG para o 13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016). Na sequencia,
15
o capítulo aborda informações relacionadas à importância dos processos na
aprendizagem dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica rítmica.
Os capítulos seguintes correspondem respectivamente aos aparelhos corda,
arco e bola e estão organizados da seguinte forma:
1. Breve introdução sobre os aparelhos;
2. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos grupos técnicos
fundamentais, que são os elementos característicos dos aparelhos, que
demonstram a especificidade do mesmo e devem prevalecer nas coreografias de
GR em detrimento dos demais movimentos;
3. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos outros grupos técnicos, que
devem figurar nas coreografias pelo menos uma vez e podemos encontrá-los em
outros aparelhos também;
4. Processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações
para melhor compreensão.
3.1 Pesquisa bibliográfica
Em nossa investigação bibliográfica buscamos maior amplitude de
conhecimentos sobre o assunto em pauta nos bancos de dados Pubmed, Lilacs, Scielo
e Google acadêmico no período de maio de 2012 a dezembro de 2013, selecionando
artigos em português, inglês e espanhol. Como palavras chaves utilizamos os
descritores
“ginástica
rítmica”,
“aparelhos”
e
“ensino-aprendizagem”,
não
encontramos um número muito grande de publicações referentes ao nosso foco de
estudo, desta forma foram examinados 78 artigos dos quais selecionamos apenas 33
que efetivamente contribuíram para nosso estudo.
Em relação às publicações em formato de livros encontramos 60 literaturas
publicadas com o tema de ginástica rítmica, porém, destes, apenas 39 nos deram
suporte para a pesquisa em questão. E por fim, encontramos quatro dissertações de
mestrados e doutorado com temas específico de ginástica rítmica.
Todas as referências encontradas que se adequaram ao tema de nosso estudo
podem ser visualizadas ao longo deste trabalho e em especial na organização final do
produto.
16
3.2 Pesquisa com as treinadoras
A aplicação de questionário aos profissionais que atuam com GR no Estado do
Paraná e no Brasil traz como resultados e informações o trabalho realizado por clubes que
desenvolvem treinamentos de alto nível na modalidade, uma vez que é no Paraná que se
encontram as melhores equipes de conjunto do país e considerando que o Brasil é o atual
tetra campeão de conjuntos dos Jogos Pan Americanos, títulos conquistados em
Winnipeg (1999), Santo Domingo (2003), Rio de Janeiro (2007) e Guadalajara (2011). 37
Treinadoras paranaenses constantemente estão à frente das equipes nacionais de
conjunto, como nas duas vezes em que o Brasil foi finalista olímpico em 2000 em Sydney
na Austrália e em 2004 em Atenas na Grécia, na ocasião a treinadora da UNOPAR de
Londrina, Bárbara Laffranchi, dirigia a seleção brasileira de conjuntos. 51 No campeonato
nacional de conjuntos temos a inclusão de outros grandes clubes dos demais estados que
também atuam com ginastas de qualidade e alto desempenho que igualmente representam
nosso país em eventos internacionais.
Apresentamos aqui apenas os resultados gerais da pesquisa, pois os dados analisados
mais detalhadamente estão presentes em artigo científico elaborado com intuito de
publicação do mesmo.
Como já citado anteriormente, a pesquisa foi realizada durante o Campeonato
Paranaense de Conjuntos/2012 e o Campeonato Brasileiro de Conjuntos/2013 e contou
com a participação de 39 treinadores, sendo 23 profissionais no campeonato paranaense e
16 no campeonato brasileiro que atuam em diferentes categorias.
Em relação ao tempo de experiência dos profissionais com a GR, constatamos
que na sua maioria estes atuam há mais de quatro anos na modalidade. Dos 39 treinadores
entrevistados 37 são mulheres e dois do gênero masculino e apenas oito não foram
ginastas.
Os profissionais de ginástica rítmica do Paraná e do Brasil trabalham em mais de
uma categoria e não atuam somente com competição, mas também com a iniciação e
ainda em várias categorias ao mesmo tempo. Percebemos que os profissionais que
atuaram no campeonato paranaense se dedicam mais ao trabalho com a iniciação do que
os profissionais que atuaram no campeonato brasileiro, em contraposição estes estão mais
relacionados com a categoria adulta da modalidade do que os treinadores do Paraná.
17
A grande maioria os profissionais entrevistados já são pós-graduados além de ter
formação inicial em educação física. Dentre os entrevistados quatro deles possui
mestrado na área.
Ao analisarmos a associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos
na iniciação à GR em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense (tabela 1)
percebemos que a maioria dos treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da
GR com aparelhos oficiais enquanto que a maioria dos treinadores do campeonato
Paranaense trabalham com aparelhos alternativos.
Tabela 1
Associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na iniciação à ginástica rítmica,
em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense.
Aparelho
Oficial
Alternativo
Total
n (%)
n (%)
n (%)
Campeonato
Brasileiro
12 (75)
4 (25)
16 (100)
Campeonato
Paranaense
9 (39.1)
14 (60.9)
23 (100)
X2
p-value
4.885
0.027
*Associação significativa p≤0,05
Os resultados nos mostram que os aparelhos corda, arco e bola são os mais
presentes nas aulas de iniciação à GR nos diversos clubes do Paraná e do Brasil. O
aparelho maças é o menos trabalhado nas aulas de iniciação à GR, os profissionais ainda
utilizam aparelhos alternativos nas aulas de iniciação, já nas categorias de competição os
aparelhos são oficiais devido às exigências do código de pontuação como peso, tamanho
e espessura.
18
Tabela 2
Associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco,
bola, maças e fita na iniciação a GR, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense.
Dificuldade em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco,
bola, maças e fita
1
Campeonato
Brasileiro
2
3
4
Total
n(%)
n(%)
n(%)
n(%)
n (%)
1(6.3)
1 (6.3)
9 (56.3)
5 (31.3)
16(100)
X2
p-value
1.191
0.275
Campeonato 0 (0)
7 (30.4)
14(60.9) 2 (8.7)
23(100)
Paranaense
Nota: 1: Não saber fazer para ensinar; 2: Não ter um processo pedagógico sistematizado para
seguir; 3: Dificuldade das crianças em entender o movimento; 4: Não tem dificuldade para
ensinar.
Não encontramos associação entre as dificuldades em ensinar os elementos
técnicos dos aparelhos de GR nos campeonatos Brasileiro e Paranaense podemos
perceber na tabela 2, porém os resultados indicam que a maior dificuldade dos
profissionais da GR está em fazer com que as crianças entendam os movimentos com
facilidade, ou seja, por mais que os mesmos expliquem os movimentos as crianças não
conseguem executar a contento e de acordo com as técnicas exigidas.
A segunda maior dificuldade encontrada pelos participantes da pesquisa é o
desconhecimento ou a inexistência de processos pedagógicos sistematizados para
seguirem em suas aulas e assim obter um maior êxito no manejo correto de cada
aparelho. Ainda encontramos respostas relacionadas a não saber executar, portanto não
conseguem
ensinar
determinados
movimentos,
sustentando
a
necessidade
de
conhecimento de processos que levem ao aprendizado das diversas possibilidades de se
manejar um aparelho de GR.
A pesquisa nos mostrou que realmente existe dificuldade de ensinar os
elementos técnicos dos aparelhos da GR, sendo por não existir um processo pedagógico a
seguir ou em perceber as dificuldades que as crianças encontram ao aprender tais
movimentos. As análises e discussões dos resultados da pesquisa se encontram no artigo
“Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por
profissionais da área”
19
3.3 Pesquisa nos polos de iniciação
O estudo sobre o ensino-aprendizagem dos elementos dos aparelhos da GR
no período de maio a setembro de 2012, em dois polos de iniciação do projeto da
UNOPAR durante as aulas de iniciação com a participação de 70 crianças e três
professoras/monitoras. Para cada aparelho em específico foram filmadas oito aulas com
duração de uma hora cada. Todas as crianças estavam em fase de iniciação da
modalidade e coincidentemente todas as professoras envolvidas foram ginastas.
Entendendo que as filmagens necessitavam de um cuidado metodológico
mais detalhado, não as utilizamos para fins de publicação, porém as anotações da
pesquisadora oportunizou análises das dificuldades das treinadoras em ensinar o
movimento, ocorrendo inclusive mudanças na maneira de explicar o movimento mais de
uma vez, na tentativa de fazer com que as crianças conseguissem realizar o mesmo.
Também foi possível acompanhar as dificuldades das crianças em entender
corretamente cada um destes movimentos. Percebemos claramente que só a execução da
professora não era o suficiente para que as mesmas realizassem o movimento correto,
sendo necessário muitas repetições e o acompanhamento individual de cada criança para
os movimentos mais complexos.
3.4 Elaboração dos capítulos
3.4.1 Capítulo 1
O primeiro capítulo está subdividido em duas partes, primeiramente apresenta um
histórico voltado para a organização do esporte enquanto modalidade olímpica, a partir da
introdução da modalidade nos Jogos Olímpicos em 1984 e na sequencia as características
da GR respaldado em 37 referências pesquisadas, com destaque para o Código de
Pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de Ginástica - FIG para o
13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016).
Ao longo dos anos a GR que ainda é praticada apenas por mulheres em nível
competitivo vem evoluindo na perspectiva de apresentar técnica e beleza ao público, pois
é uma modalidade em que são determinadas suas formas artísticas por meio dos
elementos corporais e dos aparelhos que foram introduzidos ao longo desta evolução,
sendo ambos intimamente relacionados com o caráter e harmonia musical. Com a boa
20
receptividade na participação em Jogos Olímpicos a FIG procura cada vez mais atender
às expectativas do público, apresentando mudanças na organização da modalidade e na
forma de avaliar com o intuito de facilitar o entendimento dos leigos e obter maior
visualização na mídia. Para tanto, recentemente promoveu alterações no código de
pontuação favorecendo a utilização dos aparelhos, que por algum tempo ficou em
segundo plano. 3, 43
Os quadros abaixo foram elaborados especificamente para o capítulo 1 e os
apresentamos aqui com o intuito de demonstrar uma pequena parte desta fase do produto
final.
Quadro 01 – Participações da ginástica rítmica nos Jogos Olímpicos de 1984 a 2012.
Individual
1984
Los Angeles
Conjuntos
1º Lori Fung – CAN
-
2º Doina Stainculescu – ROM
-
3º Regina Weber – GER
-
Participação da ginasta brasileira Rosane Favilla – RJ
1988
Seul
1992
Barcelona
1º Marina Lobatch – URS
-
2º Adriana Dounavska – BUL
-
3º Alexandra Timochenko – URS
-
1º Alexandra Timochenko - URS
-
2º Carolina Pascual – ESP
-
3º Oksana Skaldina – EUN
-
Participação da ginasta brasileira Marta Cristina Schonhorst – SP
1996
Atlanta
2000
Sidney
1º Ekaterina Serebrianskaya - UKR
1º Espanha
2º Yanina Batirchina – RUS
2º Bulgária
3º Elena Vitrichenko – UKR
3º Rússia
1º Yulia Barsoukova – RUS
1º Rússia
2º Yulia Raskina – BLR
2º Bielorussia
21
3º Alina Kabaeva – RUS
3º Grécia
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2004
Atenas
1º Alina Kabaeva – RUS
1º Rússia
2º Irina Tcachina – RUS
2º Itália
3º Anna Bessonova – UKR
3º Bulgaria
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2008
Pequim
1º Eugenia Kanaeva – RUS
1º Rússia
2º Inna Zhukova – BLR
2º China
3º Anna Bessonova – UKR
3º Bielorussia
Participação do conjunto do Brasil – 12ª colocação
2012
Londres
1º Eugenia Kanaeva – RUS
1º Rússia
2º Daria Dmitrieva – RUS
2º Bielorussia
3º Liubou Charkashyna – BIE
3º Itália
Fonte: Federação Internacional de Ginástica, 2014 18
O Brasil participou na primeira edição individual em 1984 e também na primeira
edição do conjunto em 2000, ambas as competições realizadas nos Estados Unidos da
América, destaque para os Jogos Olímpicos de Sydney/2000 e Atenas/2004 quando o
conjunto brasileiro foi finalista e terminou a competição na oitava colocação.
Na sequencia, em sua segunda abordagem, o capítulo apresenta informações
relacionadas ao processo ensino-aprendizagem, dando ênfase à importância dos processos
pedagógicos, em especial dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica
rítmica. Nesta parte do capítulo foram utilizadas 14 referências que nos apoiaram com o
ensino aprendizagem das crianças e seus processos de desenvolvimento.
Os aparelhos da GR exigem das ginastas um bom desenvolvimento no processo
de aprendizagem devido a grande variedade de movimentos que as ginastas podem
executar com os mesmos, desde cedo é interessante adquirir domínio dos movimentos
corporais aliados à técnica dos manejos. A execução correta dos manejos é adquirida com
tempo, experiência e treinamento. No começo o desenvolvimento do vocabulário motor
das crianças deve ser com as mais diferentes formas de movimentos, sem situações
22
motoras específicas que requer muita concentração, assim facilitando no processo de
aprendizagem. 50
3.4.2 Capítulos 2, 3 e 4
Estes capítulos correspondem respectivamente aos aparelhos corda, arco e
bola e estão organizados da seguinte forma:
1.
Breve introdução sobre os aparelhos;
2.
Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos grupos técnicos fundamentais,
que são os elementos característicos dos aparelhos, que demonstram a especificidade do
mesmo e devem prevalecer nas coreografias de GR em detrimento dos demais
movimentos;
3.
Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos outros grupos técnicos, que
devem figurar nas coreografias pelo menos uma vez e podemos encontrá-los em outros
aparelhos também;
4.
Processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações
para melhor compreensão.
O capítulo 2 trata especificamente do aparelho corda, seu histórico e
peculiaridades. O aparelho corda é o primeiro na ordem olímpica estabelecida pela FIG
dentre os demais utilizados na GR e esteve presente pela primeira vez no terceiro
campeonato mundial da modalidade, realizado em 1967 em Copenhague na Dinamarca.
Nas competições de conjunto sua aparição foi durante o sexto campeonato do mundo em
Rotterdam na Holanda em 1973 3, na ocasião as equipes de conjunto contavam com seis
ginastas titulares. Atualmente a corda não aparece nas competições individuais da
categoria adulta, os demais quatro aparelhos são fixos para as competições desta
categoria desde 2009, embora nenhum documento tenha sido publicado pela FIG,
acreditamos que isso se deve a pouca visibilidade principalmente ao ser transmitido pela
televisão, seus movimentos ágeis e dinâmicos dificultam uma boa imagem no vídeo o que
possivelmente também colaborou anteriormente com a proibição da utilização de corda
na cor branca.
Descrevemos detalhadamente as formas de manusear a corda com definições e
exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros
grupos técnicos. Por fim apresentamos de forma organizada os processos pedagógicos
dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes formas de realização de cada um
23
destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar os movimentos e assim colaborar
para um melhor entendimento do mesmo.
O quadro a seguir exemplifica quais são os elementos específicos do aparelho
corda.
Quadro 3 – Elementos técnicos do aparelho corda
Grupos técnicos fundamentais do aparelho
corda
Outros grupos técnicos do aparelho corda

Série (mínimo três) de rotações, corda
dobrada em dois.
salto, corda girando para frente, para
trás ou lateralmente.

Uma rotação da corda aberta, estendida,
segura pelo centro ou pela ponta.
 Passagem através da corda com uma

Lançamento e recuperação.
série de saltitos (três saltitos no
mínimo), corda girando para frente, para
trás ou lateralmente.

Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo.

Movimentos em “oito” com movimento
amplo do corpo.

Grandes circunduções.

Transmissão do aparelho ao redor de
qualquer parte do corpo ou por baixo da
(s) perna (s).

Enrolamentos, quicadas.
 Passagem através da corda com um
 Escapadas e espirais.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17
O capítulo 3 traz informações sobre o aparelho arco, seu histórico e peculiaridades. O
aparelho arco assim como a corda também é de fácil introdução junto às crianças, é
tradicionalmente conhecido como “bambolê” na qual as meninas em especial têm o
hábito de brincar desde cedo, também é muito utilizado nas aulas de educação física
escolar. O arco oficial para competições de ginástica rítmica é de plástico PVC ou
madeira, mede de 80 e 90 cm de diâmetro e com um peso mínimo de 300 gramas, seu
contorno pode ser circular, quadrado, retangular ou ovalado, podendo ser encapado de
várias cores ou simplesmente de uma cor só.
3,40
Para as categorias de base podemos
24
utilizar o arco de 60 a 75 centímetros, substituído facilmente por um de mangueira grossa
com uma pequena emenda para unir as extremidades. O arco com este formato que
conhecemos surgiu ainda na Ginástica Moderna quando Henrich Medau (1890-1974)
utilizou-os para formar os “anéis olímpicos” em uma apresentação nos Jogos Olímpicos
de Berlim, 1936.7 Mas somente 30 anos depois a Federação Internacional de Ginástica
incluiu este aparelho durante o terceiro campeonato mundial realizado em Copenhague na
Dinamarca em 1967, sendo apresentado nas coreografias individuais e de conjunto.
Descrevemos detalhadamente as formas de manusear o arco com definições e
exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros
grupos técnicos. Por fim, assim como no capítulo anterior, apresentamos de forma
organizada os processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes
formas de realização de cada um destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar
cada movimento, colaborando para um melhor entendimento.
O quadro a seguir exemplifica quais são os elementos específicos do aparelho
arco.
Quadro 4 – Elementos técnicos do aparelho arco
Grupos técnicos fundamentais do aparelho
arco
Outros grupos técnicos do aparelho arco

Passagem por cima do arco com todo ou
uma parte do corpo.

Pequeno lançamento e recuperação.
Rolamento sobre dois segmentos do
corpo no mínimo.

Lançamentos e recuperações.

Rolamento do arco sobre o solo.


Série (mínimo três) de rotações ao
redor da mão ou uma parte do corpo.
Movimentos em “oito” com movimento
amplo do corpo.
Grandes circunduções.



Passagem através do arco com todo
corpo ou parte do corpo.
Rotações do arco ao redor do seu eixo:
uma rotação livre entre os dedos; uma
rotação livre sobre uma parte do corpo;
série (mínimo três) de rotações no solo.


Transmissão do aparelho ao redor de
qualquer parte do corpo ou por baixo da
(s) perna(s).

Enrolamentos, quicadas, reimpulsos, etc.

Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17
25
No capítulo 4 tratamos especificamente do aparelho bola, seu histórico e
peculiaridades. Enquanto material oficial determinado pela FIG, a bola para a categoria
adulto (a partir dos 16 anos) deve ter de 18 a 20 centímetros de diâmetro com o peso de
400 gramas, sendo de borracha ou plástico de qualquer cor.
8,9,40
Para a iniciação,
qualquer tipo de bola pode ser utilizada para executar os movimentos da GR, até mesmo
as de meia ou isopor, sendo as mais indicadas as bolas de borracha tamanho 10 ou 12
com 14 a 17 cm de diâmetro. As bolas não precisam estar muito cheias, mas também não
podem estar murchas, para que possam quicar e rolar sem deformações. Embora já
popular no início da década de 1920 nas escolas europeias de ginástica, este aparelho se
tornou oficial em competições de GR na segunda edição do Campeonato do Mundo
realizado em Praga na antiga Checoslováquia em 1965, mas não sabemos ao certo quem
foi o responsável por sua introdução na modalidade. 8
Descrevemos detalhadamente as formas de manusear a bola com definições e
exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros
grupos técnicos. Por fim apresentamos de forma organizada os processos pedagógicos
dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes formas de realização de cada um
destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar cada movimento, colaborando para
um melhor entendimento dos mesmos.
Quadro 5 – Elementos técnicos do aparelho bola
26
Grupos técnicos fundamentais do aparelho
Bola
 Rolamento da bola sobre dois segmentos
do corpo no mínimo.
 Rolamento da bola no solo.
 Quicadas: em séries ou isoladas
.
 Movimento em “oito” com inversão da
bola com movimento dos braços
(circundução) e amplo movimento do
tronco.
 Recuperação da bola com uma mão.
Outros grupos técnicos do aparelho Bola
 Movimento de inversão da bola.
 Rotações da(s) mão(s) ao redor da bola.
 Pequenos rolamentos acompanhados em
série (mínimo três).
 Rolamento do corpo por cima da bola no
solo
 Pequenos lançamentos e recuperações.
 Lançamentos e recuperações.
 Grandes circunduções.
 Transmissão do aparelho ao redor de
qualquer parte do corpo ou por baixo da
(s) perna(s).
 Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17
4 CONCLUSÃO
Pesquisar a ginástica rítmica no contexto das técnicas de manejo dos aparelhos
não foi uma tarefa fácil, mas o ato de escrever os métodos, os exercícios e direcioná-los a
treinadores, acadêmicos e profissionais da área foi muito empolgante. A ideia de levar o
conhecimento avante e compartilhar com tantos outros que estão iniciando na modalidade
ou até mesmo aqueles que já atuam na área nos dá satisfação e alimenta nossa paixão por
este esporte.
A evolução da ginástica rítmica segue com novas regras e mudanças, que a FIG
realiza a cada novo ciclo olímpico com o intuito de adequar a modalidade para um maior
entendimento do público em geral. Algumas mudanças como as novas possibilidades de
utilização dos aparelhos, devem ser acompanhadas de perto pelo profissional envolvido
com a GR para que este possa trabalhar adequadamente os elementos técnicos,
oportunizando às futuras ginastas o desenvolvimento correto de técnicas de base
diversificadas em todos os aparelhos.
27
Como resultado de nossa pesquisa podemos verificar que os profissionais
encontram dificuldade em fazer com que a criança entenda o movimento correto do
manejo do aparelho e também sentem falta de ter um processo pedagógico para seguir,
como um instrumento de colaboração na técnica desses manejos.
Os aparelhos são parte integrante do tripé necessário para a execução de
coreografias de ginástica rítmica, é justamente o envolvimento dos mesmos com os
movimentos corporais e a música que produz a beleza e graça desta modalidade que cada
vez mais adquire novos expectadores e praticantes no mundo todo. 8
Para que esta simbiose aconteça é necessário entender e estudar as possibilidades
de execução sem erros e acreditamos que esta preocupação começa exatamente nos
processos de ensino aprendizagem dos elementos técnicos dos aparelhos.
O estudo aqui apresentado busca suprir a lacuna existente na literatura específica
da modalidade de ginástica rítmica e traz informações e propostas com exercícios
específicos para a execução dos manejos dos aparelhos corda, arco e bola como
facilitadores do processo de ensino/aprendizagem. Assim esperamos contribuir para o
desenvolvimento deste esporte, pois acreditamos que quanto mais pesquisas e mais
publicações expostas no mercado mais subsídios estarão à disposição de todos garantindo
um futuro de qualidade para a GR em nosso país.
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32
APÊNDICES
33
Apêndice A
34
GINÁSTICA RÍTMICA:
ensinando corda, arco e bola
Luciane Maria de Oliveira Bernardi
Márcia Regina Aversani Lourenço
35
Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola.
Copyright © 2014 by ____________ Editora Ltda
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Ilustrações
Marcos Albert Oliveira
Capa
Alekcey W. Carvalho Silva
Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional ou Brasil
______________________ - CRB __/_____
Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola / Luciane Maria de Oliveira Bernardi,
Márcia Regina Aversani Lourenço. _______: ______, 2014.
137p. : Il.; 23 cm
ISBN
1. Ginástica rítmica. 2. Aparelhos. I. Bernardi, Luciane. II. Lourenço, Márcia.
CDD:
CDU:
36
Prefácio
Apesar de parecer uma coisa simples, prefaciar um livro significa apresentá-lo,
indicar aos interessados o motivo e o processo de elaboração da obra e sugerir ou
não sua leitura. Que responsabilidade!
Mas se tratando de um livro sobre ginástica rítmica, proposto por Luciane
Bernardi e Márcia Aversani Lourenço é uma honra, uma tarefa prazerosa e sem
dúvida uma oportunidade de incentivar os/as leitores/as a beberem de uma fonte
segura e consistente.
Porém, antes mesmo de falar sobre o conhecimento presente nas diversas
páginas dessa obra, é necessário salientar o quanto Luciane e Márcia, sempre
estiveram e ainda estão envolvidas com a ginástica rítmica, sejam como ginastas,
árbitras, técnicas ou como professoras de projetos de extensão, da graduação e da
especialização em educação física.
Mas o tempo quando conspira a favor sempre produz excelentes frutos. E se
tratando do desenvolvimento técnico e científico da ginástica rítmica com certeza
os ventos sobraram sempre para um excelente sentido.
Conheci Márcia Aversani no mestrado da Universidade Metodista de
Piracicaba em 2000 e nosso encontro se deu por meio da ginástica rítmica, quando
me tornei sua orientadora. Daquele tempo até os dias de hoje temos mais do que a
ginástica rítmica em comum, pois além de parceiras em atividades profissionais nos
tornamos amigas, daquelas que produzem juntas e separadas, mas estão sempre
dividindo riquezas e conhecimentos. Digo riquezas para aqui me referir aos
momentos vivenciados em comunhão.
Já Luciane Bernardi, uma linda e jovem mulher, é uma eterna lembrança como
ginasta da seleção brasileira, no universo da graduação e pós-graduação em educação
física.
Experiências não faltam e com certeza credenciam as autoras e tatuam, de
certa forma, a obra como referencial a ser absorvido por aqueles e aquelas que
desejam trabalhar com ginástica rítmica, da iniciação ao alto rendimento esportivo.
37
A obra é constituída de quatro capítulos, sendo que no primeiro há um relato
histórico da modalidade, desde sua origem enquanto método de ginástica moderna
até os dias atuais, mostrando as diversas terminologias que a modalidade assumiu.
As autoras optaram em apresentar os resultados da ginástica rítmica nos Jogos
Olímpicos, desde sua inserção, em 1984 em Los Angeles até Londres, em 2012, nas
provas de individuais e de conjunto, sinalizando o avanço desta modalidade no
universo mundial esportivo. A obra apresenta também, e não podia faltar, até pela
experiência e conhecimento das autoras, a situação da seleção brasileira no
decorrer desses anos no panorama que citamos acima.
Nos três capítulos que se seguem, podemos afirmar que há uma riqueza de
informação quanto às características dos aparelhos corda, arco e bola e na
sequencia a metodologia de ensino com cada aparelho, com o objetivo de ensinar o
manuseio técnico. As diversas ilustrações que acompanham as explicações auxiliam
no entendimento dos movimentos e com certeza é mais um referencial para os
ansiosos por conhecimento nesta área.
Apesar da obra, ser direcionada para o trabalho específico da ginástica
rítmica fora da escola, entendo que os/as professores/as podem e devem saborear
com muito gosto os saberes que Luciane e Márcia apresentam com qualidade, pois
somente quem conhece um determinado esporte pode adaptá-lo para a escola, numa
metodologia lúdica. E as autoras trabalham com os três aparelhos da ginástica
rítmica que fazem parte do folclore infantil e com certeza devem ser explorados
nas aulas de educação física escolar. É fato que ninguém ensina o que não conhece!
Não há tempo e nem espaço para discurso, é hora de declarar a minha
satisfação em poder indicar este livro para todos e todas que desejam aprender
para ensinar com qualidade.
Podem conferir!
Roberta Gaio
UNINOVE/UNISAL
38
Apresentação
Esta produção técnica em formato de livro é o produto final de
conclusão de curso apresentado no Programa de Mestrado Profissional em
Exercício Físico na Promoção da Saúde da Universidade Norte do Paraná –
UNOPAR. A elaboração de um livro específico para profissionais da ginástica
rítmica contendo processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda,
arco e bola como facilitadores no ensino/aprendizagem da modalidade, vem ao
encontro de uma das fortes características deste programa inovador que é
atender às necessidades de capacitação profissional de natureza diferenciada.
A realização de elementos corporais aliados ao manejo dos aparelhos e ao
acompanhamento musical exigem um trabalho harmonioso desde a iniciação e
entendemos que possibilitar a compreensão das técnicas de manejo para seu
desenvolvimento de forma correta e eficaz é um grande desafio.
De uma forma geral, profissionais da área têm dificuldade em ensinar os
elementos técnicos dos aparelhos devido à complexidade da execução dos
mesmos, pois se verifica um elevado nível de exigência motora. Por isso na
iniciação esportiva de manejos dos aparelhos oficiais da ginástica rítmica,
relacionados ou não à exigência do código, necessitamos de organização de
processos pedagógicos para que as ginastas possam ter um aprendizado
facilitado e eficaz na prática dos manejos e posteriormente uma correta
execução destes mesmos elementos nas fases de treinamento e competição.
O caminho metodológico percorrido até a finalização do livro foi
fundamentado em pesquisas bibliográficas e nas análises dos resultados de
pesquisa realizada com profissionais da GR em âmbito estadual e nacional sobre
as dificuldades em ensinar os manejos dos aparelhos e passa também por nossas
experiências de longos anos como professoras de iniciação frente ao projeto
permanente de extensão universitária “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica
da UNOPAR”
(*)
na qual o dia a dia no projeto é ensinar os movimentos básicos
da GR em especial os elementos dos aparelhos. As atividades diárias
oportunizaram inúmeras tentativas de novas possibilidades de ensinar estes
39
mesmos movimentos, assim a escolha da melhor técnica de ensino foi descoberta
a cada nova turma, a cada nova dificuldade encontrada por uma criança e sem
dúvida a cada reflexão sobre a ação.
Esta obra justifica-se pela ausência de pesquisas específicas na
modalidade e também pela procura de materiais que possam auxiliar no
ensinamento correto da técnica de manejo dos aparelhos e teve como suporte o
projeto de pesquisa “Processos pedagógicos para a prática de manejo dos
aparelhos oficiais da ginástica rítmica” com parecer positivo do Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEP-UNOPAR-0069/12) de
acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Agradecemos a contribuição recebida pelos componentes da banca
examinadora professora doutora Roberta Cortez Gaio da Universidade Nove de
Julho, professor doutor Cosme Franklim Buzzachera e professor doutor
Denílson de Castro Teixeira ambos da Universidade Norte do Paraná.
As autoras
_______________________________________________
(*)
O projeto “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR – da iniciação ao alto nível” existe
desde 1972 e foi criado pela professora Elisabeth Bueno Laffranchi na então FEFI - Faculdade de Educação
Física do Norte do Paraná. Em 1992 a FEFI passou a chamar-se UNOPAR – Universidade Norte do Paraná
e nesta década tornou-se sede da seleção brasileira de conjuntos por vários anos, conquistando dois títulos
dos Jogos Pan-americanos (1999 e 2003) e duas finais olímpicas na modalidade de conjunto (2000 e 2004).
O projeto atende meninas de cinco a 16 anos e tem como objetivos promover o desenvolvimento da GR em
Londrina, detectar novos talentos, capacitar profissionais e ainda popularizar a modalidade. Conta com
polos externos para atendimento à comunidade e estima-se que aproximadamente 15.000 ginastas passaram
pelo mesmo no decorrer destes anos.
40
Sumário
1 Primeiro capítulo: Ginástica rítmica
.............................................41
Histórico e características...............................................................................42
Processos de aprendizagem e a GR...................................................................45
2 Segundo capítulo: Aparelho Corda..................................................... 49
Técnicas de execução do aparelho corda........................................................53
Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais da
corda................................................................................................................ 61
3 Terceiro capítulo: Aparelho Arco........................................................74
Técnicas de execução do aparelho arco..........................................................76
Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais do
arco...................................................................................................................83
4 Quarto capítulo: Aparelho Bola...........................................................98
Técnicas de execução do aparelho bola........................................................101
Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais da
bola................................................................................................................. 107
5 Bibliografia...........................................................................................120
41
Primeiro Capítulo
Ginástica Rítmica
42
Histórico e características
A ginástica rítmica ou GR é uma modalidade praticada individualmente ou em
conjunto que tem como principal característica a utilização de aparelhos manuais
específicos que são a corda, o arco, a bola, as maças e a fita, em um espaço próprio de
13x13 metros. A execução do manejo destes aparelhos exige habilidade que se conquista
a partir da prática de exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos
elementos técnicos de forma correta. 32
A GR tem suas raízes na ginástica moderna que surgiu no século XIX com
influência de diversos estudiosos presentes em diferentes áreas do conhecimento,
24, 25,50
como Françoise Delsarte que trouxe para a ginástica a expressão dos sentimentos por
meio dos elementos corporais, Émile Jacques Dalcroze que desenvolveu uma relação
íntima entre os movimentos corporais e a música, Rudolf Bode que primeiramente
utilizou os aparelhos na ginástica e por último Henrich Medau que adaptou todas as
ideias que surgiram durante a evolução da ginástica com a criatividade e exploração dos
aparelhos de forma livre. 18,19
Seguindo o contexto histórico a ginástica rítmica surge como um esporte feminino
em 1952 quando foi criada a Liga Internacional de Ginástica Moderna (LIGIM) com o
objetivo de divulgar a modalidade em apresentações e competições.
25,48
Pouco mais de
uma década após o surgimento da LIGIM, a ginástica moderna tornou-se independente e
realizou seu primeiro campeonato mundial no ano de 1963 em Budapeste, na Hungria. 4,6,
27,28
Em 1967, a ginástica moderna já contava com provas individuais e conjuntos com
os aparelhos corda, arco e bola e em 1970 foi criado o primeiro código de pontuação já
pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), criada em 1921 e que até os dias de hoje
é o principal órgão que rege a modalidade.
16
Já em 1971 foi introduzido o aparelho fita
como exercício obrigatório em competições, em 1972 a ginástica moderna passa a se
chamar ginástica rítmica moderna e em 1973 o aparelho maças também surge como
exercícios obrigatórios.
42
No ano de 1975 a modalidade passa a ser denominada como
ginástica rítmica desportiva. 12,13, 46
A então ginástica rítmica desportiva (GRD) teve sua inclusão nos Jogos
Olímpicos de 1984 em Los Angeles nos EUA somente com apresentações da modalidade
individual e devido a um boicote liderado pela antiga União das Repúblicas Socialistas
43
Soviéticas, os países do leste europeu com tradição na modalidade não compareceram,
assim a medalha olímpica ficou com a ginasta Lori Fung do Canadá, país sem muita
expressividade na modalidade na década de 1980. Nesta edição tivemos a participação da
ginasta brasileira Rossane Favilla Ferreira do Rio de Janeiro. 18
Nos Jogos Olímpicos seguinte, em 1988 realizados em Seul na Coréia do Sul, a
modalidade ganhou muitos admiradores com a participação de vários países, a campeã foi
Marina Lobatch da URSS e não houve a participação de nenhuma ginasta brasileira.
45
Em 1992, os Jogos Olímpicos de Barcelona na Espanha foi o último a apresentar somente
a prova de individual, a campeã foi a ginasta Alessandra Timochenko representando a
Comunidade dos Estados Independentes (entidade que abrigou atletas da URSS durante a
separação das repúblicas) e pela segunda vez tivemos a participação do Brasil com a
ginasta Marta Cristina Schonhosrt de São Paulo.
11
A última edição dos Jogos Olímpicos
com a nomenclatura de GRD foi em 1996 na cidade de Atlanta, EUA sendo a ginasta
Ekaterina Serebrianskaya da Ucrânia campeã individual. Este evento também registrou a
inclusão das provas de conjunto no qual a equipe da Espanha se sagrou campeã, sem
nenhuma participação brasileira nestes jogos. 50
Em 1998 a modalidade mais uma vez passa por mudanças em sua nomenclatura
assumindo a denominação de ginástica rítmica ou simplesmente GR como é conhecida
até o momento,
16
Nos Jogos Olímpicos de 2000 realizado em Sidney na Austrália a GR
teve a participação do conjunto brasileiro pela primeira vez, que na ocasião se destacou
no cenário mundial conquistando uma vaga na final olímpica e terminado na oitava
posição, a equipe campeã foi da Rússia e a ginasta campeã no individual foi Yulia
Barsukova também da Rússia. Nos Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas na Grécia, o
Brasil novamente foi representado com a equipe de conjunto e repetiram o feito de 2000
terminando na oitava posição e mais uma vez o conjunto da Rússia sagrou-se campeão
com a também russa Alina Kabaeva campeã individual.45 Nas duas últimas edições, de
2008 em Pequim na China e 2012 em Londres na Inglaterra, não houve alterações no
podium sendo o primeiro lugar no conjunto a Rússia e a ginasta russa Eugenia Kanaeva
bicampeã olímpica, tivemos a participação do conjunto brasileiro em 2008, terminando
na décima segunda posição e em 2012 o Brasil não conquistou a vaga olímpica. 50
Organizamos um quadro com os resultados das competições individuais e de
conjunto nas edições dos Jogos Olímpicos de 1984 a 2012 para melhor visualização.
44
Individual
1984
Los
Angeles
Conjuntos
1º Lori Fung – CAN
X
2º Doina Stainculescu – ROM
X
3º Regina Weber – GER
X
Participação da ginasta brasileira Rosane Favilla – RJ
1988
Seul
1992
Barcelona
1º Marina Lobatch – URS
X
2º Adriana Dounavska – BUL
X
3º Alexandra Timochenko - URS
X
1º Alexandra Timochenko - URS
X
2º Carolina Pascual – ESP
X
3º Oksana Skaldina – EUN
X
Participação da ginasta brasileira Marta Cristina Schonhorst – SP
1996
Atlanta
2000
Sidney
1º Ekaterina Serebrianskaya – UKR
1º Espanha
2º Yanina Batirchina – RUS
2º Bulgária
3º Elena Vitrichenko – UKR
3º Rússia
1º Yulia Barsoukova – RUS
1º Rússia
2º Yulia Raskina – BLR
2º Bielorussia
3º Alina Kabaeva – RUS
3º Grécia
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2004
Atenas
1º Alina Kabaeva – RUS
1º Rússia
2º Irina Tcachina – RUS
2º Itália
3º Anna Bessonova – UKR
3º Bulgária
Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação
2008
Pequim
1º Eugenia Kanaeva – RUS
1º Rússia
2º Inna Zhukova – BLR
2º China
3º Anna Bessonova – UKR
3º Bielorussia
Participação do conjunto do Brasil – 12ª colocação
2012
Londres
1º Eugenia Kanaeva – RUS
1º Rússia
2º Daria Dmitrieva – RUS
2º Bielorussia
3º Liubou Charkashyna – BIE
3º Itália
Fonte: Federação Internacional de Ginástica, 2014.
45
Ao longo dos anos a GR que ainda é praticada apenas por mulheres em nível
competitivo vem evoluindo na perspectiva de apresentar técnica e beleza ao público, pois
é uma modalidade em que são determinadas suas formas artísticas por meio dos
elementos corporais e dos aparelhos que foram introduzidos ao longo desta evolução,
sendo ambos intimamente relacionados com o caráter e harmonia musical.
Com boa receptividade na participação em Jogos Olímpicos, observa-se que a FIG
vem apresentando mudanças na organização da modalidade como, por exemplo,
aumentar o número de vagas para os conjuntos que têm grande aceitação do público,
possibilitar a utilização de músicas com palavras e também alterações na forma de avaliar
com o intuito de diminuir a subjetividade entre os árbitros e facilitar o entendimento dos
leigos valorizando as transmissões da mídia em geral.
15
Para tanto, recentemente
promoveu alterações no código de pontuação favorecendo a utilização dos aparelhos, que
por algum tempo ficou em segundo plano. 3, 32
Processos de aprendizagem e a GR
Os aparelhos da ginástica rítmica exigem das ginastas um bom desenvolvimento
já no processo de aprendizagem devido a grande variedade de movimentos que podem ser
executados com os mesmos, desde cedo é interessante adquirir domínio dos movimentos
corporais aliados à técnica dos manejos. A execução correta dos manejos é adquirida com
tempo, experiência e treinamento. No início, como em qualquer modalidade esportiva o
desenvolvimento se dá pelas vivências motoras diversificadas sem situações motoras
específicas que requer muita concentração, assim facilitando o processo de
aprendizagem. 44
O processo de aprendizagem pode ser dividido em três fases: cognitivo,
associativo e autônomo. Na fase cognitiva há o recebimento de informação específica
para a aquisição da habilidade trabalhada e percebe-se um desempenho altamente
inconsistente, o principal fator é compreender o objetivo e a atividade estabelecida,
decidindo o que fazer e quando fazer.17 Nesta fase a ginasta passa por um período de
conhecimento dos movimentos, não atingindo a técnica correta do mesmo.
Na fase associativa a pequena ginasta começa a detectar seus erros ao
desempenhar a tarefa, obtém uma menor variabilidade nas respostas e assim passa por um
refinamento da habilidade, nesta fase há uma organização mais eficiente nos padrões de
46
movimento. 17 Na última fase conhecida como autônoma a mesma apresenta habilidades
quase automáticas e os ajustes necessários para a correção dos erros são realizados aqui.
Esta fase é o resultado de grande quantidade de treino e prática dos movimentos.
17
A
quantidade de repetições é decisivo para o progresso na aprendizagem e o envolvimento
intelectual é um importante requisito para o estímulo da coordenação, como também o
direcionamento da atenção para as particularidades da execução do movimento. 34 Aqui as
ginastas são capazes de produzir suas ações praticamente sozinhas com pouca ou
nenhuma ajuda.
23
O domínio de novas formas de movimento oferece informação sobre a percepção
de si mesma e do mundo que a cerca,
22
podendo apresentar movimentos precisos,
individualidade definida, trabalho rápido e se concentrar nas atividades agindo sem
dificuldades nas tarefas com domínio das técnicas que usa.
26
O treinador ou professor
tem muita importância no período de desenvolvimento, tendo que estar sempre atento às
necessidades das crianças para o processo de aprendizado, devendo proporcionar
oportunidades e orientação que possibilitem um bom desenvolvimento no seu
comportamento motor. 47
Na primeira fase da aprendizagem, a cognitiva, o treinador deve oferecer
informações verbais e visuais, dando uma ideia global da habilidade a ser executada.
17
Os métodos globais e parciais são amplamente discutidos em aprendizagem, grande parte
dos estudos sugerem a utilização do método global no início da aprendizagem do
movimento para que a criança possa visualizar o movimento por completo, e executar
com suas próprias características, criatividade e imaginação na manipulação dos
aparelhos. 39
A iniciação em ginástica rítmica tem uma boa vantagem a seu favor, pois também
possibilita a execução de movimentos da cultura infantil que são encontrados em
brincadeiras e jogos, favorecendo desde cedo variadas vivências motoras, sem exigir a
precocidade na habilidade proposta. 2
Muitas vezes devido ao escasso tempo dos treinadores, as fases de aprendizagem
são ignoradas em detrimento da necessidade de um rápido desempenho competitivo, se
esquecendo do processo e partindo diretamente ao produto final.
9
O processo do
movimento lida com a técnica de execução ao realizar um movimento específico e o
produto diz respeito ao resultado da ação.
33
O desenvolvimento da ginasta passará por
uma alternância de estágios maduros, para estágios imaturos e novamente para estágios
47
maduros. 33 O fato da ginasta atingir ou não o estágio amadurecido dependerá do ensino e
das oportunidades com a prática, devendo o treinador ou professor direcionar as
atividades para o aperfeiçoamento do desenvolvimento motor e apresentar diversas
possibilidades de execução do movimento para assim adquirir uma boa consistência
motora. 20, 21
Algumas dicas motoras favorecem ao aprendizado das ginastas, facilitando e
motivando as pequenas e oportunizando um aprendizado eficiente e divertido. 10 A prática
em partes, conhecida como método parcial pode ser eficiente quando se trata de aprender
movimentos que são combinados para formar uma sequencia como, por exemplo,
trabalhar os elementos corporais e os elementos dos aparelhos juntos.
30,41,43
O método
parcial faz com que as ginastas reproduzam os movimentos de forma isolada com o foco
de uma boa execução do movimento específico, com objetivo de resultado imediato. 43
Podemos citar também o método misto, uma junção entre o parcial e global, em
que primeiramente é importante que a ginasta tenha uma noção globalizada do processo e
posteriormente obtenha uma fundamentação parcial, até o pleno domínio do movimento.
49
Esse método pode ser a melhor forma de alcançar resultados positivos na execução
correta dos movimentos, na medida em que o método global facilita a aprendizagem num
todo, mas não consegue resolver os problemas de execução e aplicação do movimento
técnico e o método parcial permite refinar esses pormenores, centralizando a atenção da
ginasta no detalhe da execução técnica. 36
Independente dos métodos utilizados no processo ensino/aprendizagem na GR o
treinador ou professor deve organizar de forma cuidadosa e refletida seu planejamento e
proporcionar situações de aprendizagem válidas, consistentes e duradouras para a ginasta.
8,36
A proposta que apresentamos neste livro tem exatamente o objetivo de atingir os
profissionais da área que encontram dificuldade em ensinar o manejo dos aparelhos da
ginástica rítmica (corda, arco, bola) devido à falta de experiência, desconhecimento e
principalmente a ausência de apoios didáticos adequados que apresentem um processo
pedagógico fundamentado como facilitador do processo ensino/aprendizagem em
ginástica rítmica, pois há pouca publicação nesta área que atenda a estas necessidades.
Esperamos preencher uma lacuna existente no âmbito pedagógico da GR apresentando
48
subsídios para treinadores, professores de iniciação esportiva, acadêmicos e demais
estudiosos da modalidade desenvolver seus trabalhos.
Assim, a partir da organização dos conteúdos apresentados nos próximos capítulos
esperamos contribuir para o desenvolvimento deste esporte, pois acreditamos que quanto
mais pesquisas e mais publicações expostas no mercado mais subsídios estarão à
disposição de todos garantindo um futuro de qualidade para a GR em nosso país.
49
Segundo Capítulo
Aparelho corda
50
O aparelho corda é o primeiro na ordem olímpica estabelecida pela FIG dentre os
demais utilizados na GR e esteve presente pela primeira vez no terceiro campeonato
mundial da modalidade, realizado em 1967 em Copenhague na Dinamarca. Nas
competições de conjunto sua aparição foi durante o sexto campeonato do mundo em
Rotterdam na Holanda em 1973 3, na ocasião as equipes de conjunto contavam com seis
ginastas titulares. Atualmente a corda não aparece nas competições individuais da
categoria adulta, os demais quatro aparelhos são fixos para as competições desta
categoria desde 2009, embora nenhum documento tenha sido publicado pela FIG,
acreditamos que isso se deve a pouca visibilidade da corda, principalmente ao ser
transmitido pela televisão, seus movimentos ágeis e dinâmicos dificultam uma boa
imagem no vídeo o que possivelmente também colaborou anteriormente com a proibição
da utilização de corda na cor branca.
Nas competições de conjunto e em outras categorias, consideradas de base, a
corda continua como aparelho oficial, até porque ela oferece subsídios básicos aos
movimentos para todos os outros aparelhos, em especial com grande contribuição para o
desenvolvimento do ritmo e da ambidestralidade. O comprimento da corda deve ser
adequado ao tamanho da ginasta, a mesma deve segurar nas duas extremidades e pisar ao
centro da corda para que as pontas cheguem à altura dos ombros e assim aplicar um nó
em cada ponta. Sua cor pode variar de acordo com o interesse da ginasta (menos a cor
branca), levando-se em consideração a escolha da música e do collant para o momento da
competição.
De fácil aplicabilidade, podemos trabalhar na iniciação com cordas de sisal,
nylon, barbante, cânhamo ou qualquer outro tipo diferenciado de material, sua espessura
deve ser uniforme ou reforçada ao centro.
45
Cordas confeccionadas com retalhos de
tecidos são ótimas opções para a iniciação e para a utilização nas escolas a um custo zero.
Podemos observar nas imagens 1 e 2, o comprimento da corda e seus nós. Logo
após dar o nó nas extremidades, as pontas deverão ser queimadas para evitar que desfiem,
aumentando assim a vida útil do aparelho.
51
O aparelho corda geralmente é o primeiro a ser ensinado para as crianças e a partir
deste a criança terá facilidade em realizar transferência de aprendizagem para os demais
aparelhos.
5,6,7,37
A transferência de aprendizagem pode ser definida como a aplicação
efetiva no trabalho do conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos em ação
instrucional
44
e também como mudanças no indivíduo verificadas em atividades e
situações diferentes daquelas em que ocorreu a aquisição.1
A corda possibilita a realização de diversos movimentos conhecidos pelas
crianças, como brincar de pular a corda que desenvolve o sentido rítmico e o controle do
corpo, tão necessários na prática da GR e executados com facilidade pelas crianças. 6 O
ritmo é desenvolvido a todo momento, pois o aparelho corda exige das crianças uma boa
percepção de si mesma e do aparelho em questão, adquirindo assim um domínio maior do
corpo e consequentemente auxiliando para os próximos aparelhos.
Várias são as possibilidades de manejar a corda, ao longo dos anos novos
exercícios foram surgindo e outros aprimorados o que contribui constantemente para a
evolução da modalidade, pois a cada novo ciclo surge elementos originais e que são
valorados de diferentes formas. Os movimentos específicos para a prática da ginástica
rítmica são denominados de “elementos técnicos do aparelho” e os encontramos no
código de pontuação do 13º ciclo da modalidade (FIG, 2013/2016) com o título de
Grupos Técnicos Fundamentais do Aparelho e Outros Grupos Técnicos do Aparelho,
conforme o quadro abaixo. 15
52
Grupos técnicos fundamentais do
aparelho corda
 Passagem através da corda com um
salto, corda girando para frente,
para trás ou lateralmente.
 Passagem através da corda com
uma série de saltitos (três saltitos
no mínimo), corda girando para
frente, para trás ou lateralmente.
 Escapadas e espirais.
Outros grupos técnicos do aparelho corda

Série (mínimo três) de rotações, corda
dobrada em dois.

Uma rotação da corda aberta,
estendida, segura pelo centro ou pela
ponta.

Lançamento e recuperação.

Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo.

Movimentos
em
“oito”
movimento amplo do corpo.

Grandes circunduções.

Transmissão do aparelho ao redor de
qualquer parte do corpo ou por baixo
da (s) perna (s).

Enrolamentos, quicadas.
com
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016)
O código de pontuação de GR apresenta os elementos técnicos de cada aparelho,
mas não os define ou explica como devem ser executados. Tem sido assim nas últimas
publicações, o que é compreensível, pois o código tem como um de seus objetivos
desde 1999 divulgar apenas normas relativas à pontuação e não normas técnicas.32 Por
este motivo há a necessidade de descrever e difundir as respectivas definições de tais
elementos, que faremos no decorrer deste capítulo.
Existem alguns movimentos clássicos do aparelho corda que não aparecem no
atual código de pontuação; como os véus e os balanceios, mas que são importantes
para se adquirir um bom manejo, no qual o praticante desenvolve maiores habilidades
com o aparelho obtendo assim um melhor resultado para os movimentos exigidos em
uma coreografia.
53
TÉCNICAS DE EXECUÇÃO DOS MANEJOS DO APARELHO CORDA
1. Empunhadura - A corda deve ser segura levemente de forma que tenha toda a
mobilidade necessária para a execução dos elementos próprios do aparelho. O manejo
do aparelho pode ser realizado por uma ou duas mãos de diferentes formas, ou seja,
nas extremidades, no centro, uma mão ao centro e outra na extremidade. A corda pode
estar totalmente aberta ou dobrada em duas, três ou quatro partes, quando segura pelas
extremidades, ou seja, pelos nós, os mesmos devem ficar escondidos na palma da mão
e encaixados entre o indicador e o polegar. Há a possibilidade de realizar movimentos
independentes com outras partes do corpo ou ainda elementos mistos em que uma mão
segura uma determinada parte da corda enquanto outra parte do corpo realiza a ação,
muito comum nos elementos de enrolamento no corpo.
2. Balanceios – A empunhadura é pelas extremidades (nós), o aparelho deve realizar um
movimento de “vai e vem” contínuo mantendo sempre o desenho da letra “U” sem
tocar o solo e mantendo os cotovelos com uma pequena flexão. Os balanceios podem
ser realizados no plano vertical, lateral, oblíquo ou horizontal e é importante que todo
o corpo acompanhe o movimento com o intuito de dar a fluência desejada na execução
dos mesmos.
54
3. Circunduções – Para executar as circunduções (o código do 13º ciclo traz como:
grandes circunduções) a corda pode estar aberta ou dobrada e segura por uma ou duas
mãos, estes movimentos se caracterizam pela ação da articulação do ombro e quando
executados com ambas as mãos exigem participação ampla do tronco.
4. Rotações – As rotações podem ser realizadas com a corda dobrada em duas partes ou
ainda com a corda totalmente aberta segura pelo centro ou pela extremidade. No caso
da corda dobrada, os dois nós deverão estar seguros pela mesma mão e a corda pode
girar para frente, para trás, oblíquo ou lateral com uma velocidade variada. A
realização da rotação é feita pela força dos punhos, apenas nos casos de corda aberta
segura por uma das pontas é que o impulso inicial pode ter auxílio do braço e em
seguida volta a ser uma ação isolada do punho.
5. Movimentos em “oito” – Segue o princípio da rotação, mantendo um ou dois braços
estendido à frente do corpo na altura do ombro e é o punho que realiza o movimento
de rotação, porém com alternância de lados direita/esquerda. Mantendo o braço acima
55
da cabeça o movimento passa a ser frente/trás. Também pode ser realizado no plano
oblíquo com uma rotação à frente e abaixo da cintura e em seguida acima da cabeça.
Estes movimentos caracterizam-se pela fluência e continuidade dos mesmos e em
ambos os casos desenham o número “oito” imaginário na posição vertical ou
horizontal.
6. “Véus” – Os movimentos de “véus” são realizados a partir dos movimentos em oito,
porém neste caso há a utilização ampla dos membros superiores e do tronco ao passar
a corda com alternância de amplitude ora aberta ora fechada.
7. Escapada e recuperação de uma das pontas da corda - Realizados com ambas as
mãos, uma das pontas da corda é solta enquanto a outra extremidade fica segura pelos
nós, o retorno de ser rápido para a ginasta.
56
8. Espirais – Com uma das pontas da corda na mão a ginasta realiza desenhos diferentes
com a corda conforme o impulso dado para a outra extremidade. As espirais são
realizadas com três ou mais giros da corda e podem ter início a partir de uma
escapada.
9. Lançamentos e recuperações - Esses elementos na corda em geral são coordenados
inicialmente com movimentos de rotação, e no momento em que o aparelho sai das
mãos o corpo todo deve acompanhar o movimento. Os braços e os dedos devem ficar
estendidos esperando o retorno para a execução de uma recuperação tecnicamente
correta. Os lançamentos podem ser realizados com as mãos ou pés, com a corda
dobrada, aberta ou ainda com um nó unindo as duas pontas, já as recuperações são as
mais variadas possíveis: recuperar nas duas ou apenas uma das extremidades; de forma
mista, ou seja, uma ponta em uma mão e a outra no pé; diretamente com uma
passagem por dentro em salto ou saltito; com enrolamentos em diferentes partes do
corpo; etc.
57
10. Nó para lançamentos – Segurando nas duas extremidades da corda (nós) ao cruzar
as mãos irá desenhar um “X’ com a corda, passando uma ponta por dentro do
desenho do “X” e por fim unindo as duas pontas, assim teremos um nó. A partir
deste movimento inicial há muitas possibilidades de realizar o nó na corda que
geralmente é utilizado para lançamentos que requerem grande altura.
11. Saltitos por dentro da corda – A corda deve ser segura pelos nós e a ginasta deve
manter os cotovelos próximos ao corpo na altura da cintura, o movimento será
conduzido pelos punhos sem inclinação do tronco para frente. Os saltitos se
caracterizam como pequenos saltos que não necessitam de grande elevação do centro
de gravidade e podem ser executados de diferentes formas, (com um pé, dois pés, no
lugar, em deslocamento) coordenados com a passagem por dentro da corda: para
frente, para trás e lateralmente; com braços cruzando e descruzando; com duplo giro
58
da corda a cada passagem; com giro do corpo e alternância de direção a cada
passagem. Os saltitos são realizados em série de três no mínimo, o que significa que
para valer como tal deverá haver três passagens pela corda de forma contínua e
durante a execução dos mesmos a corda não deve tocar o solo.
12. Saltos por dentro da corda – A corda deve ser segura pelos nós e a ginasta deverá
realizar no momento do salto uma boa amplitude dos braços para que o aparelho não
tenha contato com o corpo ou o solo durante o movimento. Os saltos são
caracterizados por um momento de suspensão no ar claramente visível. Todos os
tipos de saltos podem ser executados com a corda girando para frente, para trás ou
lateralmente. É possível realizar saltos com passagem pela corda dobrada em duas
partes, as exigências são as mesmas, porém é mais utilizado para saltos com saída
dos dois pés.
____________________________________________
59
13. Salto duplo por dentro da corda – a partir do salto por dentro da corda, realizar
duas vezes a passagem da corda durante um único salto.
14. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo – Equilibrar o aparelho em uma
parte reduzida do corpo que não seja as mãos como, por exemplo, o pescoço ou os
pés. Deve haver uma relação corpo e aparelho com um risco de perda do mesmo, por
isso no caso da corda sempre é utilizado durante um elemento de rotação e o
aparelho não pode estar encaixado/preso/enrolado em nenhuma parte do corpo.
15. Transmissão do aparelho – As transmissões podem ser executadas com a corda
aberta ou dobrada passando ao redor ou debaixo de uma parte do corpo com a troca
entre as mãos, ou de uma das mãos para outra parte do corpo ou ainda vice versa.
60
16. Quicadas – Com um nó seguro na mão e o outro no chão e a corda estendida à
frente, a ginasta realizará uma circundução ampla (para frente e para baixo) com o
braço que está segurando a corda, batendo o nó da corda no solo, assim ele vai
“quicar” e retornar para a outra mão que está livre.
17. Enrolamento – Segurando um nó da corda em cada mão deixar um braço estendido
ao lado do corpo e o outro na altura do peito a frente do corpo. O braço que está ao
lado do corpo realiza a enrolada da corda em volta do braço, deixando a corda toda
enrolada no braço, pode ser realizado em outros segmentos corporais.
61
PROCESSOS PEDAGÓGICOS PARA OS GRUPOS TÉCNICOS
FUNDAMENTAIS DO APARELHO CORDA
1.
Saltitos coletivos: com duas pessoas segurando as extremidades da corda para
realizar o movimento de ondas na corda (cobrinhas) pedir para que as ginastas
passem pela corda primeiramente da forma que desejar e em seguida com diversos
tipos de saltitos, sem que as mesmas toquem na corda. Repetir com o movimento de
balanceio do aparelho (vai e vem),
*variações: saltitar de frente, lado e costas.
2.
Saltitos coletivos 2: com duas pessoas segurando as extremidades da corda pedir
para que a ginasta se posicione ao lado da corda, realizar a circundução completa do
aparelho para que a mesma possa saltitar a corda, de diversas maneiras. O mesmo
movimento deve ser repetido, porém a ginasta iniciará o saltito já com a corda em
movimento (como chamamos nas brincadeiras cantadas “entrar na corda”).
*variações: saltitar de frente, lado e costas.
62
3.
Saltito livre: segurando sua própria corda nas extremidades com as duas mãos,
braços ligeiramente abertos à frente do corpo, realizar movimentos de balanceio (vai
e vem) para frente e para trás enquanto saltita por cima da mesma.
4.
Saltito livre 2: segurando sua própria corda nas extremidades com as duas mãos,
realizar os movimentos de pular a corda livremente (sozinha), ainda sem correções
de braços e pernas.
5.
Saltito estendido de frente: em pé com a corda atrás do corpo, um nó em cada mão
e os braços estendidos e levemente afastados ao lado do corpo, a ginasta realizará o
impulso da corda para frente e em seguida o saltito com joelhos estendidos passando
por cima da corda, a condução do movimento dos demais saltitos será realizado
apenas pelos punhos. A corda não deve tocar o solo e a sequencia de saltitos deve ser
contínua.
*variações: com um pé, grupados, galopes, tesouras.
63
6.
Saltito cruzado de frente: em pé com a corda atrás do corpo e os braços estendidos
levemente afastados ao lado do corpo, a ginasta realizará o impulso da corda para
frente e em seguida o saltito passando primeiramente com os braços abertos, na
sequencia a ginasta irá cruzar os braços quando a corda começar a descer na frente
do corpo formando um “X” com os braços deixando a corda com espaço suficiente
para a passagem de todo o corpo. Manter os braços cruzados até a corda estar de
novo em cima da cabeça; descruze os braços e passe novamente com a corda aberta e
assim sucessivamente. A corda não deve tocar o solo e o movimento depois de
compreendido deve ser fluente.
7.
Saltito estendido para trás: em pé com um nó da corda em cada mão e com a corda
à frente do corpo, braços estendidos e afastados na largura dos ombros a ginasta irá
realizar o impulso dos braços para trás com circundução total dos mesmos e passar
64
pelo saltito com joelhos estendidos. Os próximos saltitos serão executados apenas
com a condução dos punhos. A corda não deve tocar o solo e os saltitos devem ser
contínuos.
*variações: com um pé, grupado, galope, cabriole.
8.
Saltito cruzado para trás: a diferença do saltito cruzado para trás em relação ao
saltito cruzado para frente é apenas a direção do movimento da corda, pois os braços
continuam cruzados na frente do corpo em forma de “X” e o movimento deve ser de
cruzar e descruzar os braços a cada saltito.
OBS: O maior erro na execução deste elemento é querer cruzar os braços atrás do
corpo, o que não é possível, uma vez compreendida esta ação, os saltitos deverão ser
realizados de forma contínua sem que a corda toque o solo.
___________________________
65
9.
Saltito com movimento em “oito” da corda: em pé, pernas unidas, um nó da corda
em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta
realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente como nos demais
exemplos, para realizar a passagem da corda deverá girar seu tronco para um dos
lados (direita ou esquerda) enquanto abre os braços e assim passará por dentro da
corda lateralmente executando o saltito e finalizando o movimento em pé, mais uma
vez o movimento realizado é dos punhos.
10. Saltito galope frente/trás com giro da corda: em pé, pernas unidas, segurando um
nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a
ginasta realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente (como
nos demais exemplos) realizar um saltito com a passagem da corda para frente, na
sequencia girar o corpo e a corda para o mesmo lado dando continuidade ao
movimento da corda passando a mesma por trás enquanto repete o saltito de costas,
mais uma vez o movimento realizado é dos punhos.
66
11. Saltito com duplo giro da corda: encima do banco sueco, em pé, pernas unidas, um
nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a
ginasta realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente como nos
demais exemplos, abrir os braços e “pular” para frente e para cima passando por
dentro da corda executando duas passagens da corda por baixo do corpo durante um
único saltito e finalizando o movimento em pé no solo, neste caso o movimento deve
ser apenas dos punhos com muita agilidade. Executar este movimento primeiramente
saindo de uma superfície mais alta facilita a passagem dupla da corda durante um
único saltito e auxilia no entendimento deste elemento complexo.
*variações: no solo, estendido, grupado, com um pé.
12. Salto coletivo: com duas pessoas segurando as extremidades da corda que deverá
estar bem estendida na altura dos joelhos, pedir para as ginastas passarem por cima
da corda com saltos livres, depois com a corda em movimento (balanceio) e aos
poucos ir aumentando a altura da corda, por fim poderá utilizar a mesma técnica para
os saltos específicos da GR.
67
13. Salto coletivo 2: com duas pessoas segurando as extremidades da corda e realizando
a circundução completa da mesma, pedir para a ginasta passar pela mesma com
saltos variados e aos poucos ir inserindo saltos específicos da GR.
*variações: de frente, lateralmente e costas, iniciando com impulso de um ou dois
pés.
14. Salto espacato (impulso de um pé): em pé, pernas unidas, segurando um nó da
corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta
realizará um movimento em “oito” para frente no momento do saltito chassé
(movimento preparatório para o salto), abrirá os braços à frente na altura os ombros
enquanto dá um passo e passará por dentro da corda com o impulso de um pé no
salto espacato e finalizando o movimento em pé.
* variações: corza, cossaco, em círculo.
68
15. Salto corza (impulso de dois pés): em pé, pernas unidas, segurando um nó da corda
em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta
realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente, abrirá os braços
na frente do corpo na largura dos ombros e passará por dentro da corda com o
impulso dos dois pés no salto corza e finalizando o movimento em pé.
*variações: grupado, cossaco, em círculo.
16. Salto arqueado para trás: em pé, braços à frente e afastados na largura do quadril
segurando um nó em cada mão, a ginasta realizará um impulso com os dois pés para
a execução do salto arqueado e executará uma passagem da corda para trás com
grande amplitude e extensão total dos braços, finalizando em pé.
*variações: corza em círculo, boucle, em círculo com um pé na cabeça.
17. Salto cabriole lateralmente: em pé, pernas unidas, segurando um nó da corda em
cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta realizará
69
um movimento em “oito” com a corda girando para frente como nos demais
exemplos, porém ao dar o passo para realizar a passagem da corda deverá girar seu
tronco para um dos lados (direita ou esquerda) enquanto abre os braços e assim
passará por dentro da corda lateralmente com o impulso de um dos pés executando o
salto cabriole e finalizando o movimento em pé, mais uma vez o movimento
realizado é dos punhos.
*variações: cabriole estendido a frente e carpado.
18. Escapada (preparatório) - puxada de uma ponta: em pé, segurando uma ponta da
corda com o braço estendido ao lado do corpo e a outra ponta da corda estendida no
solo para trás, a ginasta irá realizar uma puxada para frente, subindo o braço
estendido até a altura dos ombros e recuperando com a mão que está livre com a
palma da mão para cima.
19. Escapada (preparatório) – batida no solo: em pé, com a corda segura por uma mão
e toda estendida no solo à frente do corpo, realizar uma circundução do braço ao lado
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do corpo de baixo para cima até a corda voltar à frente novamente, batendo o nó da
corda no solo e recuperando com a outra mão logo em seguida.
20. Escapada (preparatório) – troca das pontas: em pé, com a corda toda estendida no
solo e a frente, segurando uma ponta da corda com o braço também estendido à
frente, a ginasta irá realizar um impulso para cima com o braço que está segurando
uma ponta (nó), realizando meia volta com a corda no ar, trocando as pontas (nós).
21. Escapada na vertical: em pé, segurando um nó em cada mão com o braço direito
estendido ao lado do corpo na altura do ombro e o esquerdo na frente do corpo
alinhado à cintura, ou seja, a corda está toda do lado direito do corpo. A ginasta irá
realizar uma circundução ampla dos braços para trás (passando pela frente e por cima
da cabeça) e quando finalizar a circundução os braços retornam à posição do lado
direito, mas agora o esquerdo está atrás do corpo, neste momento a ginasta irá soltar
a ponta da corda na altura da cintura (mão esquerda) dando um impulso para frente
com a mão direita para em seguida recuperar a ponta com a mão esquerda. A ponta
da corda não pode tocar o solo no momento da escapada.
71
22. Escapada na horizontal: em pé, segurando um nó em cada mão com um braço ao
lado do corpo estendido na altura do ombro e o outro na frente do corpo na altura da
cintura, a ginasta irá realizar uma circundução do braço estendido por cima da cabeça
e pela lateral; passará o braço que está a frente para trás do corpo. Logo que o braço
da frente chegar atrás a ginasta irá soltar a ponta da corda na altura da cintura e o
outro braço que está segurando a ponta da corda irá realizar um volta com a corda
abaixo e à frente do corpo e logo em seguida puxar para cima a ponta da corda
recuperando com a mão que está livre.
23. Espiral: em pé, segurando um nó da corda e o outro já solto no solo a ginasta irá
realizar movimentos circulares com o braço e em seguida apenas com o punho,
desenhando espirais com a corda para o lado de dentro e depois para o lado de fora.
72
24. Espiral em baixo e cima: o processo inicial é idêntico da escapada, porém a ponta
da corda não necessita retornar para a outra mão, a ginasta irá soltar a ponta da corda
por trás da cintura e o outro braço que está segurando a corda irá realizar uma espiral
com a corda embaixo e à frente do corpo e logo em seguida eleva o braço realizando
duas voltas da corda em cima da cabeça, abaixar rapidamente o braço e realizar mais
uma volta embaixo, e logo puxar a ponta livre para recuperar. Quando o braço está
acima da cabeça o movimento é realizado pelo punho dando a ideia de um laço de
rodeio, a corda pode tocar o solo, mas não deve tocar o corpo. Não há número
máximo de espirais, devem ser realizadas de acordo com a música e a ideia da
composição.
25. Espiral ao lado: a partir da escapada vertical, logo que o braço da frente chegar atrás
a ginasta irá soltar a ponta da corda na altura da cintura levando a mão que está
73
segurando a ponta da corda a realizar uma volta da corda no ar do lado contrário da
mão, em seguida passar a mão por trás da cabeça e realizar mais duas voltas do
mesmo lado da mão que está segurando a corda e recuperar a ponta com a mão que
está livre. A ponta da corda não pode tocar o solo no momento da escapada.
"Como a Ginástica Rítmica é um esporte em que a
complexidade dos movimentos do corpo e do aparelho é
grande, e a ânsia pelo aprimoramento e aperfeiçoamento da
execução é constante, deve-se buscar a técnica de base
correta desde os primeiros dias da ginasta dentro do
ginásio" 28
74
Terceiro Capítulo
Aparelho arco
75
O aparelho arco assim como a corda também é de fácil introdução junto às
crianças, é tradicionalmente conhecido como “bambolê” na qual as meninas em especial
têm o hábito de brincar desde cedo, também é muito utilizado nas aulas de educação
física escolar. O arco oficial para competições de ginástica rítmica é de plástico PVC ou
madeira, mede de 80 e 90 cm de diâmetro e com um peso mínimo de 300 gramas, seu
contorno pode ser circular, quadrado, retangular ou ovalado, podendo ser encapado de
várias cores ou simplesmente de uma cor só.
3,35
Para as categorias de base podemos
utilizar o arco de 60 a 75 centímetros, substituído facilmente por um de mangueira
grossa com uma pequena emenda para unir as extremidades.
O arco com este formato que conhecemos surgiu ainda na Ginástica Moderna
quando Henrich Medau (1890-1974) utilizou-os para formar os “anéis olímpicos” em
uma apresentação nos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936.5 Mas somente 30 anos depois a
Federação Internacional de Ginástica incluiu este aparelho durante o terceiro campeonato
mundial realizado em Copenhague na Dinamarca em 1967, sendo apresentado nas
coreografias individuais e de conjunto. Foi a primeira vez que a modalidade de conjunto
apareceu em competições oficiais.
3,35
O arco pode ser manuseado de várias formas, com
uma ou duas mãos, em diferentes planos e direções, com várias partes do corpo, e
principalmente de acordo com a criatividade da ginasta, treinador e do grupo de
aprendizagem em questão.
Seus elementos do grupo técnico fundamental e outros grupos técnicos aparecem
no quadro abaixo como descrito no código de pontuação do 13º ciclo (FIG, 2013/2016).
15
Grupos técnicos fundamentais do
aparelho arco
Outros grupos técnicos do aparelho arco

Passagem através do arco com
todo corpo ou parte do corpo.

Passagem por cima do arco com todo
ou uma parte do corpo.

Rolamento sobre dois segmentos
do corpo no mínimo.

Pequeno lançamento e recuperação.


Lançamentos e recuperações
Rolamento do arco sobre o solo.

Movimentos
em
“oito”
movimento amplo do corpo.

Grandes circunduções.

Série (mínimo três) de rotações
ao redor da mão ou uma parte do
corpo.
com
76

Rotações do arco ao redor do seu
eixo: uma rotação livre entre os
dedos; uma rotação livre sobre
uma parte do corpo; série (mínimo
três) de rotações no solo.

Transmissão do aparelho ao redor de
qualquer parte do corpo ou por baixo
da (s) perna(s).

Enrolamentos, quicadas, reimpulsos,
etc.

Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016)
TÉCNICAS DE EXECUÇÃO DOS MANEJOS DO APARELHO ARCO
1. Forma de segurar – O contato da mão sobre o arco deve ser leve afim de que o
aparelho tenha toda a mobilidade necessária para a execução dos movimentos. A
utilização dos dedos em vários momentos do manejo possibilita a fluência dos
movimentos próprios do aparelho e em alguns momentos é possível segurar o arco
firmemente com punho cerrado ou ainda com apoio do dedo indicador.
2. Balanceios - O arco pode ser seguro por uma ou duas mãos ou estar simplesmente
apoiado sobre a mão. O corpo deve acompanhar o movimento de balancear.
77
3. Circunduções – as circunduções são movimentos amplos da articulação do ombro ou
ainda com participação de todo o tronco, ao executar este movimento o arco deve ser
manuseado pela mão entre o dedo indicador e o polegar tomando o cuidado para não
deslizar para o antebraço, para isso a mão deverá se manter firme e com os dedos
estendidos para auxiliar na execução do movimento.
4. Movimento em oito – segurar pela parte interna do arco, impulsionar o aparelho com
o braço para trás e para cima e em seguida descendo ao lado oposto como que
desenhando um número oito deitado, passando o arco de um lado e outro ou ainda
imitando o ato de remar de um lado para o outro. O arco deve estar apoiado sobre a
mão levemente fechada e os punhos auxiliam no movimento.
78
5. Rolamento no corpo – O arco deve ser seguro firmemente pela mão que irá realizar
um balanceio e seguidamente um impulso inicial e assim soltar o aparelho nos braços
ou outra parte do corpo, o segmento executor (neste caso o braço) deverá estar
posicionado de forma que facilite o início do rolamento, ou seja, de cima para baixo.
Durante os rolamentos não pode haver sobressaltos ou vibrações e o arco deve rolar
livremente pelo segmento corporal escolhido.
6. Rolamento no solo – O rolamento livre no solo deve começar por impulso de uma das
mãos: com uma mão segurar o arco em pé no solo e com a outra mão impulsionar o
arco para frente. Já o rolamento por retroversão ou “boomerang”, como também é
conhecido, deve ser seguro firmemente por uma das mãos e no momento em que soltar
o arco por um impulso a ginasta deverá realizar a “quebra” do punho para trás para
promover o retorno do aparelho ao ponto de partida.
79
7. Rotações – existem dois tipos de rotação: em torno de uma parte do corpo (geralmente
a mão) e em torno do próprio eixo do arco. As rotações ao redor das mãos devem ter
um movimento regular, sem vibrações e sem deslizamento sobre outro segmento
corporal e para sua execução correta o arco deve ser manuseado firmemente e com
precisão. Para realizar rotações em outras partes do corpo a ação inicial é da mão e em
seguida o segmento escolhido deverá dar continuidade ao movimento, como por
exemplo, rotação do arco na cintura, muito conhecido como “bambolear”. As rotações
ao redor do próprio eixo do arco podem ser realizadas pelas mãos com ação principal
dos dedos, de forma livre vertical ou horizontalmente também na palma da mão ou
ainda em outras partes do corpo. Quando realizadas no solo também por ação dos
dedos não devem se deslocar sobre a superfície.
8. Lançamentos e recuperações – os lançamentos mais simples são seguros com uma
das mãos firmemente e com apoio do dedo indicador. A ginasta irá realizar um
balanceio com o arco e estenderá os braços para cima no momento do lançamento com
todos os dedos estendidos indicando a direção. Os lançamentos podem ser executados
80
em diferentes direções e planos, com ou sem rotações. O arco durante a fase de voo,
não deve sofrer alterações do plano ou vibrações.
9.
Recuperação – As recuperações devem ser precisas, quando recuperar o arco pelo
lado de fora acompanhar a descida do mesmo sem causar um impacto e ao recuperar
o arco por rotações deixar a mão firme e introduzi-la por dentro do arco realizando a
rotação para o mesmo lado em que o arco está girando, sempre acompanhando o
movimento.
10. Recuperação direta com rolamento – logo que o arco estiver em processo de
decida do lançamento, esperar com os braços estendidos e afastados com a palma da
mão voltada para cima, amortecendo a queda na palma da mão e rolando pelos dois
braços, segurando firmemente na outra mão.
81
11. Passagens por cima do arco – Consiste em passar todo o corpo ou parte dele por
cima do arco sem tocá-lo, podendo ser quando o arco está executando rolamentos ou
rotações no solo ou ainda em transmissões de uma mão para a outra. As passagens
podem ser executadas com o arco parado ou em movimento.
12. Passagens através do arco – Podem ser realizadas com passagem total ou parcial do
corpo por dentro do arco, considerando que para ser parcial deverá ter o
envolvimento de dois segmentos, por exemplo, cabeça e braço. O arco pode estar
parado ou em movimento.
82
13. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo – Consiste em equilibrar o aparelho
sem o auxílio das mãos. Deve ser realizado em partes do corpo com uma superfície
reduzida do segmento corporal como: pescoço, pés, etc. Deve haver uma relação
corpo e aparelho com um risco de perda do mesmo e o aparelho não pode estar
encaixado (preso) em nenhuma parte do corpo.
14. Transmissão do aparelho – As transmissões consistem na transferência do aparelho
de um segmento corporal para outro sem deixar o mesmo cair. Podem ser executadas
com o arco em qualquer plano, passando ao redor ou debaixo de uma parte do corpo
com a troca entre as mãos, ou da mão para outra parte do corpo ou ainda vice versa.
15. Quicadas – Embora pouco comum no arco, consiste em bater uma parte do aparelho
no solo fazendo com que o mesmo “pule”, podendo o mesmo estar no plano oblíquo
ou vertical.
83
16. Reimpulsos – Este movimento se dá a partir de uma pequena soltura do aparelho em
direção à determinada parte do corpo que imediatamente retorna por meio de um
reimpulso ocasionando em alguns momentos um pequeno lançamento.
PROCESSOS PEDAGÓGICOS PARA OS GRUPOS TÉCNICOS
FUNDAMENTAIS DO APARELHO ARCO
1.
Passagem através do arco no solo: a ginasta deve segurar o arco no plano vertical
ao lado do corpo e apoiado ao solo, em seguida passar todo o corpo de um lado para
o outro por dentro do arco sem que o mesmo caia, para isso ao finalizar a passagem
rapidamente deve segurá-lo outra vez.
84
2.
Passagem através do arco: segurando o arco no plano vertical com a mão direita
com os braços na altura dos ombros, passar o arco pela frente do corpo entrando com
a perna e o braço esquerdo pelo arco e retirando pelo lado direito novamente.
Realizar o mesmo movimento começando com a mão esquerda.
3.
Passagem através do arco no saltito grupado: segurar o arco no plano horizontal
com as duas mãos à frente do corpo na altura dos ombros, realizar a passagem por
dentro do arco flexionando os cotovelos e logo após, estender os braços à frente do
corpo para finalizar, imitando o movimento de pular corda.
85
4.
Passagem através do arco no saltito galope: segurar o arco no plano horizontal ao
lado do corpo na altura do ombro, passar o arco por baixo das pernas durante um
saltito entrando no arco, depois realizar novamente o saltito tirando o arco por
debaixo das pernas terminando na posição em que começou.
5.
Passagem através do arco no equilíbrio passê: segurar o arco com uma das mãos
no plano horizontal ao lado do corpo na altura do ombro, elevar o arco acima da
cabeça segurando o mesmo com as duas mãos e braços estendidos, no momento do
equilíbrio passê o arco irá descer por dentro do corpo até a altura do quadril com os
braços estendidos.
6.
Passagem através do arco no corpo: sentada com as pernas flexionadas e o arco
por dentro das mesmas na posição vertical, seguro por uma mão na parte superior do
arco com o braço estendido, subir realizando um movimento de onda para trás
passando o arco por todo o tronco até ficar na posição em pé.
86
7.
Passagem através do arco no solo: sentada com as pernas flexionadas e o arco por
dentro das mesmas na posição vertical, seguro pelas duas mãos com os braços
estendidos, realizar um pré-acrobático para trás (mataborrão) passando o tronco por
dentro do arco até terminar o movimento deitada em decúbito ventral.
8.
Passagem através do arco no salto grupado: segurando o arco no plano vertical
com o braço estendido acima da cabeça, realizar um saltito chassé antecedendo o
salto, no momento do salto levar o braço que está segurando o arco para frente e para
baixo do corpo para que passe todo o corpo com o braço acompanhando o
movimento do salto grupado, passando o arco de baixo para cima, até que todo o
corpo saltando passe por dentro do arco. Termine o movimento na mesma posição
inicial.
87
9.
Rolamento do arco no solo: apoiar o arco no solo com uma mão em cima para
segurá-lo e a outra mão irá impulsionar o mesmo para frente, realizando o rolamento
no solo. Correr ao lado do arco e segurar com a mão firme ao final do movimento.
10. Rolamento do arco com passagem por dentro (trio): duas ginastas de frente uma
para a outra, irão rolar o arco no solo entre elas e a terceira ginasta irá passar por
dentro do arco no momento em que este está rolando.
88
11. Rolamento do arco no solo no plano oblíquo: segurar o arco por fora com as duas
mãos na posição obliqua no solo, impulsionar e deixá-lo rolar livremente pelo solo.
Realizar primeiramente meio círculo e depois volta inteira e ao terminar a
circunferência no solo recuperar com uma mão.
12. Rolamento boomerang: segurar o arco firmemente com uma mão e com o dedo
indicador em cima do arco, braço estendido à frente realizar um balanceio e soltar o
arco com um impulso à frente e logo realizar a quebra do punho para trás e para
baixo, para assim poder obter o movimento de retroversão do arco que deverá voltar
ao ponto de partida, por isso o nome “boomerang”.
89
13. Rolamento do arco sobre o peito e costas: segurar o arco no plano vertical com as
duas mãos na altura do quadril; com o arco apoiado no corpo a ginasta irá
impulsionar o mesmo para cima rolando pelo peito até a altura do ombro, curvando o
tronco para frente e deixando o arco rolar nas costas (de frente para trás), segurar
firmemente com uma mão após o rolamento.
14. Rolamento do arco no peito e braços: segurar o arco no plano vertical com a mão
por dentro do arco na altura do quadril, impulsionar o arco para cima passando pelo
peito inclinando o tronco um pouco para trás e passando pelo braço que está acima
da cabeça, segurando firmemente.
90
15. Rolamento do arco nos braços sem impulso: com os braços abertos segurar o arco
no plano vertical ao lado do corpo na altura do ombro com as palmas das mãos
voltadas para cima, realizar uma pequena elevação do braço que está segurando o
arco e abrir a mão para que o mesmo role pelo braço, peito e outro braço chegando
ao lado oposto, segurar firmemente com a palma da mão para cima. Tanto no início
quanto na finalização do movimento o arco fica equilibrado sobre a mão.
16. Rolamento do arco nos braços com impulso (frente): segurar o arco no plano
vertical ao lado do corpo na altura do ombro, realizar um balanceio atrás do corpo e
impulsionar o arco quando o mesmo já estiver na altura do ombro passando pelo
antebraço, braço, peito e no outro braço até que chegue a mão do braço oposto,
segurando firmemente no plano vertical.
91
17. Rolamento do arco nos braços com impulso (trás): seguindo o mesmo processo do
rolamento à frente, iniciando com o apoio da parede. Com a ginasta bem próxima a
parede e de costas para a mesma a ginasta irá realizar um impulso com o arco por
detrás do corpo e quando o mesmo for rolar nos braços na altura dos ombros a
ginasta deverá encostar os ombros na parede para que o arco role por todos os braços
e aos poucos ir afastando o corpo da parede.
Em seguida realizar o mesmo
movimento fora da parede.
18. Rotação do arco nas mãos em duplas: uma ginasta de frente para a outra em pé e
com a palma das mãos contrárias unidas (direita com direita ou esquerda com
esquerda) e polegares estendidos para cima, com o auxílio da outra mão irão dar
início à rotação do arco entre os polegares para que o arco realize rotações simples
duas mãos e entre os polegares ao mesmo tempo. Depois que o movimento estiver
fluente, umas das ginastas retira a mão e deixa sua companheira realizar a rotação
individualmente, na sequencia retorna ao movimento inicial (palma com palma) para
que a outra companheira possa realizar a rotação.
92
19. Rotação livre entre os dedos: com o arco na posição vertical seguro por uma mão e
apoiado no solo, realizar um impulso no arco para fora ou para dentro passando o
arco por entre os dedos da mão, em seguida elevar o braço e realizar o movimento
sem o arco tocar o solo, enfatizando a ação dos dedos durante toda a rotação.
20. Rotações no solo (mínimo 3): apoiar o arco no solo no plano vertical segurando
com uma mão, impulsionar para fora ou para dentro com firmeza para realizar o
rotação do arco, manter a mão aberta sobre o arco com intuito de garantir o eixo,
após realizar três voltas finalizar segurando em apenas uma das mãos.
93
21. Rotação livre sobre uma parte do corpo (peito): em pé com o corpo inclinado um
pouco para trás apoiar o arco no peito e segurar com uma mão a cada lado do arco,
impulsionar com firmeza para realizar a rotação do arco no peito.
22. Rotação livre sobre uma parte do corpo (mãos): segurando o arco firmemente,
estender o braço para cima com o arco no plano vertical. Realizar um impulso com a
mão e deixar o arco realizar a rotação livremente na palma da mão.
23. Série de rotações ao redor da mão: segurar o arco na posição horizontal e na altura
do ombro, realizar uma pequena inclinação do arco para dentro e impulsionar para o
lado de fora com firmeza realizando assim as rotações ao redor da mão, estando estas
estendidas e firmes, fechar a mão para segurar o arco no final.
94
24. Série de rotações ao redor do pescoço: apoiar o arco no ombro na posição vertical
segurando com uma mão à frente do arco e a outra atrás, levar o arco para frente do
pescoço deixando na posição horizontal e quando impulsionar para o outro lado do
ombro soltar as mãos e deixar o arco realizar a rotação livremente em volta do
pescoço, segurar firmemente após as rotações.
25. Série de rotação ao redor de uma perna: em posição de equilíbrio perna ao lado
com ajuda e com o arco entrelaçado na perna debaixo da ginasta no plano vertical,
impulsionar o arco para fora ou para dentro e deixar o arco realizar a rotação ao redor
da perna.
95
26. Lançamento simples: segurando o arco com uma das mãos firmemente e com apoio
do dedo indicador, a ginasta irá realizar um balanceio com o arco e estenderá os
braços para cima no momento do lançamento com todos os dedos estendidos
indicando a direção. Esperar o arco com os dois braços estendidos para cima e no
momento em que ele estiver retornando acompanhar a descida, amortecendo a queda
do aparelho na recuperação, segurando o arco pelo lado de fora.
27. Lançamento na horizontal: com o arco na posição horizontal seguro pelas duas
mãos à frente do corpo, a ginasta realizará um balanceio para baixo e estender os
braços para cima no momento do lançamento.
96
28. Lançamento do arco em rotação: com o arco na posição horizontal seguro pelas
duas mãos à frente do corpo, a ginasta irá realizar um pequeno balanceio para baixo e
estender os braços para cima impulsionando o arco que deverá dar uma rotação no ar.
Podemos começar com meia volta apenas, porém a ação será dos punhos e não dos
braços.
29. Recuperação em rotação ao redor da mão: com os braços para cima recuperar o
arco pelo lado de dentro, realizando a rotação ao redor da mão, com continuidade da
direção da rotação do arco.
97
30. Recuperação com um pé e uma mão: quando o arco estiver retornando a ginasta
acompanha o movimento e apoia o pé na parte de dentro do arco tocando no solo
firmemente e com uma mão segura a parte de cima do aparelho pelo lado de fora.
“As
meninas
adquirem
primeiro
certo
conhecimento com esses materiais e suas características
particulares,
tornando-se familiarizadas
com
alguns
aparelhos da ginástica rítmica e assim, estão introduzindose à técnica de cada um deles.” 35.
98
Quarto Capítulo
Aparelho bola
99
O aparelho bola sem dúvida alguma é o material mais utilizado na infância com
ótima aceitação das crianças. Na ginástica rítmica, o trabalho com bola tem como um de
seus principais objetivos desenvolver noções de equilíbrio, pois a mesma deverá estar
equilibrada na mão a maior parte do tempo em uma coreografia na qual “agarrar” a bola é
proibido. O movimento da bola, assim como nos demais aparelhos, deve estar sempre em
harmonia com a música e os elementos corporais.
Enquanto material oficial determinado pela FIG, a bola para a categoria adulto (a
partir dos 16 anos) deve ter de 18 a 20 centímetros de diâmetro com o peso de 400
gramas, sendo de borracha ou plástico de qualquer cor.
6,7,35
Para a iniciação, qualquer
tipo de bola pode ser utilizada para executar os movimentos da GR, até mesmo as de
meia ou isopor, sendo as mais indicadas as bolas de borracha tamanho 10 ou 12 com 14 a
17 cm de diâmetro. As bolas não precisam estar muito cheias, mas também não podem
estar murchas, para que possam quicar e rolar sem deformações.
Embora já popular no início da década de 1920 nas escolas europeias de ginástica,
este aparelho se tornou oficial em competições de GR na segunda edição do Campeonato
do Mundo realizado em Praga na antiga Checoslováquia em 1965, mas não sabemos ao
certo quem foi o responsável por sua introdução na modalidade. 6
Movimentos com o aparelho bola são conhecidos pelas crianças desde seus
primeiros anos escolares, pois estas vivenciam várias modalidades esportivas de maneira
lúdica e recreativa, como jogos pré-desportivos para o vôlei, basquete, handebol e o mais
popular de todos, o futebol. Utilizando elementos já conhecidos como o chute, o drible,
arremessos e quicadas temos a oportunidade de introduzir facilmente na iniciação os
elementos do grupo fundamental e outros grupos específicos da GR que são diferenciados
e interessantes para a criança, como por exemplo, os rolamentos no corpo e no solo.
Devido às possibilidades de execução de movimentos extremamente variados, o
trabalho com o aparelho bola irá incentivar as crianças a realizarem diferentes exercícios
que talvez antes parecessem impossíveis, esta vivência diversificada com certeza
contribuirá para o aumento do seu vocabulário motor, o que é uma das exigências para a
realização de boas coreografias nesta modalidade. 14
Elencamos no quadro abaixo todos os elementos técnicos fundamentais e dos
outros grupos do aparelho bola seguindo o Código de Pontuação da Ginástica Rítmica da
Federação Internacional de Ginástica do 13º ciclo (2013 a 2016). 15
100
Grupos técnicos fundamentais do
aparelho Bola
 Rolamento da bola sobre dois
segmentos do corpo no mínimo.
 Rolamento da bola no solo.
 Quicadas: em séries ou isoladas
Outros grupos técnicos do aparelho Bola
 Movimento de inversão da bola.
 Rotações da(s) mão(s) ao redor da
bola.
 Pequenos rolamentos acompanhados
em série (mínimo três).
.
 Movimento em “oito” com inversão
da bola com movimento dos braços
(circundução) e amplo movimento
do tronco.
 Recuperação da bola com uma
mão.
 Rolamento do corpo por cima da bola
no solo
 Pequenos lançamentos e recuperações.
 Lançamentos e recuperações.
 Grandes circunduções.
 Transmissão do aparelho ao redor de
qualquer parte do corpo ou por baixo
da (s) perna(s).
 Equilíbrio instável sobre uma parte do
corpo.
Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016)
O aparelho bola apresenta movimentos variados dentro dos “outros grupos
técnicos” como o movimento de inversão da bola, rolamento da bola acompanhado
com o corpo e por cima da mesma, sendo movimentos “novos” comparados a códigos
de pontuação de ciclos anteriores, porém já realizados pelas ginastas em outras
décadas. Esses movimentos estão sendo resgatados aos poucos no universo da GR.
101
TÉCNICAS DE EXECUÇÃO DOS MANEJOS DO APARELHO BOLA
1. Forma de segurar - A bola deve ser colocada na palma da mão que por sua vez deve
se adaptar à forma arredondada da bola. Os dedos devem estar levemente separados e
dizemos às ginastas que a mão deve ficar em formato de “conchinha”.
2. Impulsos - Com a bola segura pela mão em formato de “concha” a ginasta realizará o
movimento de impulso com o braço sem encostar a bola no antebraço. O impulso é
caracterizado apenas pelo movimento de “ida”, ou seja, tem um acento único e deve
ser realizado em todas as direções.
3. Balanceios - Balanceios são movimentos de “ida e volta” realizados continuamente
com acento e pausa. Durante a execução desses elementos, a bola deve estar em
equilíbrio na mão o tempo todo, para que haja fluência total nos movimentos. A
ginasta não deve encostar a bola no antebraço.
102
4. Circundução - Este movimento é realizado por ação da articulação do ombro e com
grande amplitude. A bola deve estar em equilíbrio na mão, ou seja, sem agarrar o
aparelho e o braço deverá realizar o movimento circular com a bola sempre voltada
para cima.
5. Movimento em oito - Segurando a bola na palma da mão, este movimento simula o
desenho do número oito, realizando um pequeno círculo na altura do quadril (o braço
fica invertido), na sequencia elevar o braço com a bola voltada para cima e realizar um
grande círculo acima da cabeça. Finalizando o exercício no mesmo ponto em que
começou.
103
6. Movimento de inversão da bola – segurando a bola em equilíbrio na palma da mão ao
lado do corpo na altura dos ombros, realizar apenas uma rotação da articulação do
ombro sem deixar o aparelho cair e depois retorna. Ao realizar este movimento o
tronco não deve se alterar, a ação é apenas do braço. A inversão pode ser também em
nível de articulação do cotovelo, neste caso será realizado um pequeno círculo do
antebraço com a bola em equilíbrio na mão e em seguida retorna à posição inicial.
7. Rotações da mão ao redor da bola - Segurar a bola em equilíbrio à frente do corpo e
passar a mão ao redor da bola, sem que a mesma se movimente.
104
8. Lançamentos e recuperações - Esses elementos são realizados por impulso dos
braços com a participação de todo o corpo estendendo-se totalmente. No momento em
que a bola deixar a mão, os dedos devem estar estendidos e no momento da
recuperação o primeiro contato da bola é também com a ponta dos dedos. Todas as
recuperações, independente de como for, devem ser executadas sem ruído.
9. Recuperação com uma mão – Esperar a bola com os dois braços estendidos para
cima e assim que a bola começar o trajeto de queda os braços deverão acompanhar a
bola de cima até em baixo das pontas dos dedos até a palma da mão, realizando um
balanceio sem encostar a bola no antebraço.
105
10. Quicadas - Este movimento é caracterizado pela pressão que a mão ou uma outra parte
do corpo exerce sobre o aparelho bola e podem ser de dois tipos: Ativa – quando há
esta pressão e passiva – quando a bola quica devido à força da gravidade podendo ser
após um lançamento ou simplesmente uma soltada da bola.
11. Rolamento no corpo - Os rolamentos livres no corpo são aqueles na qual a bola
sozinha efetua livremente seu trajeto, rolando apenas a partir do impulso das mãos ou
outra parte do corpo. Durante esses rolamentos não poderá haver sobressaltos da bola
ou pequenas quicadas. Consideram-se apenas os que são realizados em dois segmentos
corporais, por exemplo, nos dois braços.
12. Rolamento no solo – A bola efetua livremente seu trajeto no solo, sem nenhuma ajuda.
Para dar início ao rolamento a mão toca o solo e a bola é impulsionada suavemente
pelos dedos não podendo haver sobressaltos ou pequenas quicadas durante o mesmo e
para recuperá-la o processo é idêntico, o dorso da mão toca o solo e a bola sobe na
mão primeiramente passando pelos dedos.
106
13. Pequenos rolamentos acompanhados – a bola rola no corpo com a ajuda de uma mão
ou outro segmento corporal de forma contínua e fluente, sem risco de queda do
aparelho.
14. Rolamento do corpo por cima da bola no solo – com a bola posicionada no solo e à
frente, a ginasta ajoelhada irá realizar um impulso para frente deslizando todo o corpo
por cima da bola. Terminar com o corpo estendido e a bola parada entre as pernas da
ginasta. Este mesmo exercício pode ser executado começando por uma das pernas,
assim todo o corpo passa deslizando pela bola até a mesma chegar às costas ou ao
peito, pois o corpo pode girar durante o movimento.
107
15. Transmissão do aparelho - As transmissões são executadas com a bola em qualquer
parte do corpo, passando ao redor ou debaixo de um segmento corporal com a troca
entre as mãos, ou da mão para outra parte do corpo ou ainda vice versa.
16. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo - Equilibrar a bola em uma parte do
corpo em uma superfície reduzida do mesmo ou ainda em apenas um segmento
corporal como pescoço, pés, dorso da mão, etc. Deve haver uma relação corpo e
aparelho com um risco real de perda, ou seja, a bola não pode estar agarrada ou
encaixada em nenhuma parte do corpo. Durante os elementos de rotação do corpo, a
bola na palma da mão é considerada como equilíbrio instável também.
PROCESSOS PEDAGÓGICOS PARA OS GRUPOS TÉCNICOS
FUNDAMENTAIS DO APARELHO BOLA
1.
Rolamento da bola no solo em duplas: com o impulso das pontas dos dedos, rolar a
bola para a colega à sua frente, sem deixar quicar ao solo e vice versa.
108
2.
Rolamento da bola no solo: ajoelhada ou sentada, rolar a bola de uma mão para a
outra à frente do corpo, sempre iniciando o movimento com o impulso dos dedos.
3.
Rolamento da bola no solo livre: rolar a bola no solo com as pontas dos dedos,
correr ao lado da mesma e recuperá-la com uma mão primeiramente pelos dedos e
depois mão inteira.
4.
Rolamento da bola no solo em pé: em pé com as pernas afastadas e os braços
estendidos na altura dos ombros, segurar a bola com uma mão, apoiar a bola no solo
inclinando o tronco para o lado e flexionando a perna do mesmo lado, rolar a bola no
109
solo para o outro lado e inverter o movimento do tronco para segurar a bola do lado
oposto, realizando uma transferência de apoio.
5.
Rolamento da bola no solo deitada: deitada em decúbito ventral com as pernas
unidas e os braços afastados e estendidos, elevar a cabeça e ombros, segurar a bola
com uma mão apoiada no solo, impulsionar a bola na frente do peito para que role
até a outra mão que está livre.
6.
Rolamento da bola nos braços em duplas: de mãos dadas com os braços
estendidos à frente do corpo, as ginastas irão rolar a bola nos braços com o impulso
dos mesmos sem soltar as mãos, simulando o movimento de “balancinha”.
110
7.
Rolamento da bola nos dois braços: em pé, a ginasta irá segurar a bola com as duas
mãos apoiada no peito, dedos estendidos e cotovelos abertos. Impulsionar a bola em
direção às mãos, deixando a mesma rolar pelos braços.
8.
Rolar a bola do peito para a mão: apoiar a bola no peito com os dedos da mão
estendido e cotovelo aberto. Impulsionar a bola em direção ao ombro e para baixo,
deixando-a rolar até chegar à mesma mão e finalizar com o braço estendido.
9.
Rolar a bola da mão para o peito: com a bola apoiada na mão em formato de
“concha” deixar o braço um pouco mais alto que a altura do ombro, realizar um
pequeno impulso com os dedos para a bola possa deslizar pelo braço e segurar com a
mão contrária na altura do peito.
111
10. Rolar a bola da mão para o peito e do peito para a mão: unindo os movimentos
anteriores, deixar rolar a bola da mão para o peito, segurar com a mão contrária e
rolar para o outro lado do peito para a mão e realizar tudo novamente com o lado
contrário, mão – peito / peito – mão. Os braços podem estar à frente do corpo no
início, mas em seguida deverão se posicionar estendidos ao lado na altura dos
ombros.
11. Rolar a bola de uma mão para outra (frente): com a bola na mão e o braço
estendido ao lado um pouco mais alto que o ombro realizar um impulso para que a
bola role pelo braço, passando pelo peito e termine o rolamento na outra mão. É
importante manter a postura corporal durante todo o rolamento, a ação é da mão e
dos braços apenas.
12. Rolar a bola de uma mão para outra (atrás): a posição dos braços é a mesma do
exercício anterior e para auxiliar no aprendizado a ginasta deve se posicionar
próxima de uma parede, pois ao realizar o impulso da bola com os dedos e deixar a
bola rolar pelo braço, costas e outro braço o apoio da parede irá facilitar o rolamento.
112
Aos poucos ir se afastando da parede e executar o exercício livremente, lembrandose da manutenção da postura corporal.
13. Rolar a bola dos pés para o peito: sentadas com as pernas unidas e estendidas,
prender a bola entre os pés, elevar as pernas e deixar a bola rolar, ao mesmo tempo o
tronco vai descendo até o solo facilitando o rolamento até o peito. Segurar a bola no
final com as duas mãos já em decúbito dorsal.
14. Rolamento da bola nas costas de cima para baixo: em pé com as pernas afastadas,
sendo uma flexionada à frente e a outra estendida atrás, com o tronco inclinado
segurar a bola com as duas mãos atrás do pescoço e soltar para deslizar pelas costas e
segurar imediatamente com as duas mãos na altura do quadril.
113
15. Rolamento da bola nas costas: em pé, com as pernas unidas e a bola segura pelas
duas mãos atrás do corpo, flexionar as pernas e o tronco para frente, impulsionando a
bola para que role pelas costas e braços rapidamente deixando que a bola continue a
rolar nos braços. Segure firmemente com as duas mãos ao final do movimento. No
início pode posicionar as mãos próximas de uma parede para evitar que a bola caia.
16. Quicadas com as duas mãos: em pé, segurando a bola com as duas mãos realizar
quicadas no solo na altura da cintura segurando a bola novamente a cada vez e sem
“quebrar” os punhos. Realizar o mesmo movimento com as pernas flexionadas,
assim a quicada será na altura do joelho.
17. Quicadas em duplas: segurar a bola com as duas mãos e realizar a quicada para uma
colega, que também irá recuperar com as duas mãos. Em seguida repetir a quicada
com apenas uma mão e na sequencia alternar as mãos.
114
18. Quicadas em grupo: em círculo realizar a quicada da bola para a colega que está ao
lado, sem deixar a bola cair, dentro de um ritmo pré-determinado pela treinadora e
recuperar sempre com uma mão. Primeiramente para o lado direito e depois para o
esquerdo. Inicia com uma bola apenas para o grupo e na sequencia cada ginasta com
uma bola realiza os movimentos ao mesmo tempo.
*variação: quicar a bola no lugar e a ginasta se desloca para o lado direito
recuperando a bola da companheira que estava ao seu lado, repetir para o outro lado.
A treinadora pode unir as duas possibilidades com alternância de lados e ritmos
diferenciados.
19. Quicadas de uma mão à outra: em pé, com os braços afastados e a bola em uma
mão realizar a quicada ao solo trocando de mãos. Quicar da direita para a esquerda e
da esquerda para a direita.
* variação: com afastamento lateral realizar transferência de apoio durante a quicada.
115
20. Série de pequenas quicadas: em pé com as pernas unidas e o tronco flexionado à
frente, segurar a bola em uma mão e quicar ao solo no mínimo três vezes em ritmo
contínuo. Podendo alternar as mãos durante as quicadas ou realizar com as duas
mãos ao mesmo tempo. Realizar as séries com ritmos diferenciados que podem ser
controlados pelas palmas da treinadora ou uma música ambiente.
21. Quicada visível a partir de uma parte do corpo: em pé com a bola em uma mão
realizar a quicada ao solo e em seguida quicar a bola com a cabeça estando com os
braços afastados ao lado do corpo e as pernas flexionadas, recuperando logo em
seguida.
* variações: quicar com os pés, joelho, cotovelo, ombro, peito.
116
22. Movimento em oito de cima para baixo: em pé com um dos braços estendido ao
longo do corpo e o outro estendido à frente na altura do ombro segurando a bola
corretamente, realizar uma circundução acima da cabeça com a bola passando de trás
para frente e assim que o braço completar a volta em cima flexionar o mesmo
realizando um círculo por meio da articulação do cotovelo próximo à cintura de fora
para dentro, terminando na mesma posição do início.
23. Movimento em oito de baixo para cima: em pé com um dos braços estendido ao
longo do corpo e o outro estendido à frente na altura do ombro segurando a bola
corretamente, realizar um círculo por meio da articulação do cotovelo com a bola de
dentro para fora, ao final elevar o braço com o cotovelo flexionado e ir estendendo
gradativamente o mesmo, realizando uma grande circundução acima da cabeça até
finalizar na mesma posição de início, sempre com a bola em equilíbrio na mão, sem
agarrá-la.
117
24. Movimento em oito no solo: ajoelhada com uma perna flexionada e a outra
estendida ao lado, segurar a bola com um braço estendido na altura do ombro do
mesmo lado da perna estendida, realizar uma circundução do braço acima da cabeça
de trás para frente, no momento em que a bola estiver à frente flexionar o cotovelo e
realizar um círculo por meio da articulação do cotovelo em baixo de fora para dentro,
finalizando com os dois braços estendidos à frente na altura dos ombros e pernas
unidas.
25. Lançamento da bola sem impulso: com as duas mãos segurando a bola à frente do
corpo e na altura do peito, empurrar a mesma para cima, saindo pelas pontas dos
dedos e estendendo os braços por completo. O mesmo movimento é realizado com a
bola inicialmente atrás do corpo na altura da nuca.
118
26. Lançamento da bola por impulso: com a bola apoiada na mão em formato de
“conchinha” e os dois braços estendidos à frente do corpo na altura dos ombros,
realizar um balanceio dos braços para baixo e em seguida um impulso para cima
realizando o lançamento da bola. No momento em que a bola deixa a mão, a mesma
deve deslizar pelos dedos estendidos para dar a direção correta. Importante: o corpo
todo participa do movimento.
27. Recuperação da bola: esperar a bola com os dois braços estendidos acima da
cabeça, assim que a bola retornar recuperá-la com as duas mãos acompanhando a
descida da bola. Na sequencia repetir a recuperação com apenas uma mão
acompanhando a descida até parar com os braços estendidos abaixo e próximos do
corpo, sem deixar que a bola encoste no antebraço.
119
28. Recuperação da bola em “X”: esperar a bola com os dois braços estendidos acima
da cabeça, assim que a bola retornar deixar a mesma deslizar pelos braços
cruzando-os ao final do rolamento na altura do peito.
“Exatidão e perfeição: essa é a contínua exigência no
começo da carreira”. Mais tarde, corrigem se os erros
difíceis, alguns jamais se corrigem. 42
120
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Disponível
http://www.gymnastcsresults.com Acesso em: 21 jul.2013.
em:
125
Apêndice B
Artigo que será submetido à Revista Motricidade
ENSINO E APRENDIZAGEM DOS APARELHOS DE GINÁSTICA RÍTMICA:
dificuldades encontradas por profissionais da área
TEACHING AND LEARNING RHYTHMIC GYMNASTICS APPARATUS: difficulties encountered
by professionals
Márcia Regina Aversani Lourenço
Universidade Norte do Paraná - UNOPAR
Luciane Maria de Oliveira Bernardi
Universidade Norte do Paraná – UNOPAR
artigo original
Resumo
Este estudo teve por objetivo identificar as dificuldades encontradas pelos profissionais de
ginástica rítmica que atuam no Brasil em ensinar os exercícios específicos dos manejos dos
aparelhos próprios da modalidade, sendo estes oficiais ou alternativos. Utilizou-se pesquisa do
tipo descritiva, com delineamento transversal, com aplicação de questionários a 39 treinadores
nacionais (94, 87 % mulheres e 5,1% homens) participantes dos Campeonatos Paranaense e
Brasileiro de Conjuntos. Foram identificadas as frequências relativas de respostas e o teste do
qui-quadrado foi utilizado para identificar possíveis associações entre as variáveis. O nível de
significância estabelecido foi de p<0.05. Os resultados apresentam associação para a utilização
de aparelhos oficiais e alternativos e indicam que os treinadores do campeonato Brasileiro
iniciam o ensino da GR com aparelhos oficiais enquanto que os treinadores do campeonato
Paranaense trabalham com aparelhos alternativos e para ambos a maior dificuldade está em
fazer com que as crianças entendam os movimentos com facilidade, seguida pelo
desconhecimento ou a inexistência de processos pedagógicos sistematizados para seguirem em
suas aulas e assim obter um maior êxito no ensino-aprendizagem.
Palavras-chaves: “processos de aprendizagem, manejo, ginástica rítmica, iniciação esportiva”
Abstract
This study had as objective of identify the difficulties found by rhythmic gymnastics
professionals working in Brazil to teach specifics handling exercises of the modality own devices,
it being alternative or official. It was utilized descriptive research, with cross-sectional, applying
questionnaires to 39 national coaches (94,87% women and 5,1% men) participants of the state
and Brazilian Championship of Groups. It was identified the related frequency of answers and
the chi-square test was utilized to identify possible associations between the variables. The
significance level defined was p<0,05. The results showed association to use of official and
alternative apparatus and indicates that coaches from Brazilian Championship start the teaching
of RG with official apparatus and coaches from the state Championship work with alternative
equipments and to both groups of coaches, the biggest difficulty lies into make children easily
understand the movements, followed by lack or nonexistence of systematized pedagogical
processes to follow in their classes and so reach a bigger success in teaching-learning.
Keywords: "Learning processes, handling, rhythmic gymnastics, sports initiation"
126
Introdução
O domínio dos movimentos corporais aliados à técnica dos manejos dos aparelhos
corda, arco, bola, maças e fita constituem as principais características da ginástica rítmica (GR),
modalidade olímpica, essencialmente feminina que conta com competições individuais e em
conjunto. Manusear os aparelhos necessita habilidade que se conquista a partir da prática de
exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos elementos técnicos de forma
correta (Lourenço, 2010).
Uma competição de ginástica rítmica exige que as ginastas executem com bom
desempenho a técnica básica dos aparelhos, dando atenção às possíveis falhas, porém sem
deixar de lado a postura correta com posição segmentar refinada (Róbeva e Rankélova, 1991).
Devido aos elevados requisitos técnicos, corporais e do aparelho, o treinador deve ter atenção
constante para evitar uma automatização incorreta de movimentos garantindo uma boa
execução (Botti e Nascimento, 2011).
A execução correta dos manejos é adquirida com tempo, experiência e treinamento, por
isso na iniciação esportiva a vivência motora das ginastas deve ser ampla e variada, porém sem
excesso de exigências específicas, facilitando assim, o processo de aprendizagem. Embora seja
amplamente divulgada e praticada em todos os estados brasileiros, raros são os estudos e
consequentemente publicações relacionadas ao ensino/aprendizagem de aparelhos em
ginástica rítmica.
Caçola e Ladewig (2005) pesquisaram o uso de dicas de aprendizagem na GR nos
estágios iniciais da modalidade e as apresentam como estratégias cognitivas que podem facilitar
o aprendizado de habilidades deste desporto complexo. Indicam o uso de dicas para professores
e técnicos de GR com o intuito de motivar e alegrar as aulas da modalidade, possibilitando um
aprendizado mais eficiente e também divertido para as ginastas. Dicas de aprendizagem tem
estreita relação com a melhoria da qualidade do movimento e são utilizadas como estratégias
cognitivas na aquisição de habilidade motoras (Tani, Basso, Silveira, Correia e Corrêa, 2013).
Em outro estudo, Caçola e Ladewig (2007) tratam da aprendizagem por partes ou pelo
todo.
A prática em partes é o método mais utilizado por profissionais de GR, pois
aparentemente facilita a aprendizagem, uma vez que divide o movimento corporal e o
movimento do aparelho, porém os autores alertam que é ao unir corpo e aparelho que surge a
dificuldade, o que ocasiona muitas vezes a necessidade de recomeçar a aprendizagem desde o
início. Ao confrontarem os dois métodos durante a execução do lançamento da bola chegaram à
127
conclusão de que o uso da prática como um todo propiciou uma melhor aprendizagem do
elemento em questão.
Também utilizando o aparelho bola, ao investigar a frequência autocontrolada de
feedback na aprendizagem do lançamento em dois grupos de crianças de sete a 10 anos de
idade, Lemos, Chiviacowsky, Àvila e Drews (2013) não encontraram diferenças em relação à
aprendizagem, apenas concluíram que o grupo autocontrolado solicitou feedback após boas
tentativas de prática enquanto o grupo externamente controlado solicitou feedback sempre que
desejado.
Os feedebacks dados pelos professores fazem a diferença durante as aulas de iniciação
bem como nos treinamentos, uma vez que o nível de dificuldade e a qualidade da execução são
exigências para todos os aparelhos independente do tamanho, forma ou peso e são critérios de
avaliação para os juízes nas competições.
Cada aparelho oficial possui características próprias para a competição de acordo com a
Federação Internacional de Ginástica – FIG (2012), a corda é medida de acordo com o tamanho
da ginasta com nós nas extremidades para facilitar a empunhadura, o arco pesa 300 gramas e
pode ter de 80 a 90 cm de diâmetro, a bola de borracha ou material sintético deve pesar 400
gramas com 40 cm de diâmetro, as maças tem formato de garrafas e pesa 150 gramas cada
medindo de 40 a 50 cm e por fim, a fita acetinada de seis metros está ligada a um estilete de
fibra que mede 50 a 60 cm de comprimento.
Para as aulas de iniciação é possível utilizar materiais alternativos, como proposto por
Gaio (2007) as cordas e bolas podem ser de qualquer tamanho e material, o arco pode ser
substituído pelo bambolê (brinquedo infantil feito de mangueira), a fita, de cetim e com
tamanho menor (3 a 4 metros são suficientes) é conectada a um estilete de madeira e para a
iniciação das maças é possível utilizar garrafas plásticas de refrigerante ou ainda par de meias
cheios de papéis.
Todavia, independente do tipo de material utilizado encontramos lacunas entre o
ensinar e o aprender e neste processo ensino/aprendizagem nos coube indagar quais são as
dificuldades em ensinar o manejo dos aparelhos? Para tanto, objetivamos com este estudo
identificar as dificuldades encontradas pelos profissionais de ginástica rítmica que atuam no
Brasil em ensinar os exercícios específicos dos manejos dos aparelhos próprios da modalidade,
sendo estes oficiais ou alternativos.
128
Método
Este estudo utilizou-se de pesquisa do tipo descritiva, caracterizada por realizar um
levantamento das características conhecidas ou opiniões atuais de uma população específica.
Contou com delineamento transversal, envolvendo a aplicação de questionários autoadministráveis sem a observação do comportamento. Uma das características mais expressivas
neste método é a coleta de dados por meio de questionário, habitualmente desenvolvidos por
pesquisadores preocupados com a atuação prática.
A pesquisa ocorreu durante o Campeonato Paranaense de Conjuntos de GR de 2012
realizado no mês de outubro na cidade de Curitiba no Paraná (estado que fica na região sul do
Brasil) e durante o Campeonato Brasileiro de Conjuntos de GR de 2013 realizado em outubro em
Palmas, Tocantins. Os eventos foram organizados pela Federação Paranaense de Ginástica e
Confederação Brasileira de Ginástica respectivamente.
Amostra
A amostra, caracterizada por conveniência, contou com 39 treinadores e teve como
critério de inclusão a participação nos eventos já citados. Dentre os sujeitos, 58,9% atuaram no
campeonato paranaense e 41,9% no campeonato brasileiro, todos envolvidos com as diferentes
categorias da GR, a saber: pré-infantil (9 a 10 anos); infantil (11 a 12 anos); juvenil (13 a 15
anos); adulto (a partir dos 16 anos) e também responsáveis pela iniciação esportiva da
modalidade (escolinhas). Dentre os clubes inscritos e presentes nas competições, houve a
representatividade de cinco diferentes cidades do Paraná e de oito estados brasileiros.
Clubes paranaenses desenvolvem treinamentos de alto nível em ginástica rítmica, uma
vez que é no Paraná que se encontram as melhores equipes de conjunto do país, com
treinadoras constantemente à frente das equipes nacionais de conjunto, como nas duas vezes
em que o Brasil foi finalista olímpico em Sydney/2000 e em Atenas/2004, atualmente a
treinadora da seleção brasileira de conjuntos também é do Paraná (Santos, Lourenço e Gaio,
2010).
Considerando que o Brasil é tetra campeão de conjuntos nos Jogos Pan Americanos,
títulos conquistados em Winnipeg /1999, Santo Domingo/2003, Rio de Janeiro/2007 e
Guadalajara/2011, no campeonato nacional de conjuntos temos a inclusão de outros grandes
clubes dos demais estados na nação que também atuam com ginastas de qualidade e alto
desempenho que igualmente representam nosso país em eventos internacionais ( Lourenço,
Bernardi e Colares, 2012).
129
Instrumentos e procedimentos
O instrumento utilizado foi um questionário contendo sete questões. As questões de um
a quatro referem-se ao tempo que atua na área, se foi ginasta ou não, as categorias que atua e o
nível de formação profissional, as questões de cinco a sete referem-se ao ensino dos elementos
com os aparelhos. O questionário foi organizado pelas autoras do estudo e referendado por três
profissionais da área (todos com nível mínimo de mestrado e longa experiência profissional na
modalidade), uma vez que não encontramos na literatura um modelo de instrumento que
pudesse responder os objetivos desta pesquisa.
Os questionários foram entregues na reunião técnica dos dois campeonatos e a coleta
se deu no decorrer da realização das competições. Este estudo possui parecer positivo do
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEP-UNOPAR-0069/12) de
acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa
envolvendo seres humanos, sendo os dados coletados após os participantes assinarem o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Análise estatística
Após a análise dos dados, foram identificadas as frequências relativas de respostas. Em
seguida, as categorias do Campeonato Brasileiro e Paranaense foram dicotomizadas e o teste
do Qui-quadrado foi utilizado para identificar possíveis associações entre as variáveis. O nível
de significância estabelecido foi de p<0.05. E o pacote estatístico utilizado foi o SPSS 17.01.
Resultados e discussão
Em relação ao tempo de atuação como treinador de GR, dos 39 entrevistados 36 (92,3%)
estão na área a mais de quatro anos e os demais profissionais estão trabalhando com ginastas a
menos de três anos. Se analisarmos os eventos separadamente, 100% dos treinadores
participantes do Campeonato Brasileiro estão atuando a mais de quatro anos.
Quanto ao gênero, 5,1% dos entrevistados são do sexo masculino e 94, 87 % do sexo
feminino, natural encontrarmos mais mulheres neste esporte uma vez que em nível de
competição a Federação Internacional de Ginástica (FIG) ainda não reconhece oficialmente a
participação de homens. Dentre as treinadoras mulheres 78,3% foram ginastas. Embora essa
experiência facilite alguns processos ela não é necessária, o bom profissional é aquele que
consegue conquistar a atenção das atletas, o respeito e acima de tudo consegue transmitir o
conhecimento necessário para a aprendizagem correta da ginasta. Para Ferreira e Gaspar (2005)
os “bons treinadores” são aqueles que encorajam os seus atletas a cometerem erros e a
130
arriscarem, ensinando-os a reagir perante esses erros de um modo positivo, aprendendo com os
mesmos.
Todos os treinadores entrevistados têm formação superior em Educação Física, sendo
que 15,3% possuem título de mestrado e 56,5% são pós-graduados em nível lato sensu.
Percebemos que os profissionais da GR buscam cada vez mais o conhecimento científico
reconhecendo a necessidade de pesquisa para a área. Nunes (2010) considera que o Profissional
de Educação Física deve estar atento à sua formação continuada para empreender e
compreender alguns contextos que vivencia, tendo uma análise baseada no conhecimento,
sendo ele da prática profissional ou acadêmica. A formação permanente deve propiciar aos
treinadores um contato mais próximo da modalidade em questão e estabelecer uma relação
estreita com a atualidade e os estudos específicos possibilitam um aprimoramento técnico
desportivo adequado para o conhecimento didático pedagógico.
Em relação aos aparelhos mais utilizados nas aulas de iniciação detectamos que a corda,
o arco e a bola são os mais presentes nas aulas de iniciação à GR nos diversos clubes do Brasil,
creditamos este resultado ao fato destes aparelhos fazerem parte do universo infantil, nas
brincadeiras diárias e também nas aulas de educação física escolar, facilitando assim o
aprendizado dos elementos iniciais e promovendo uma maior aceitação entre as crianças.
Santos, Lourenço e Gaio (2010) sugerem iniciar com os aparelhos mais próximos da cultura
infantil que são exatamente a corda, o arco e a bola, deve-se considerar também que estes são
aparelhos fáceis de adquirir ou confeccionar diferente do aparelho maças indicado pelos
entrevistados como o menos trabalhado nas aulas de iniciação a GR. Mendizábal e Mendizábal
(1995) sugerem que a ordem para a iniciação seja corda, bola, arco, fita e maças, mas alertam
que pode variar de acordo com a habilidade de cada ginasta, para as autoras deve-se iniciar
introduzindo a forma de segurar para a mesma ir se adaptando às características gerais do
aparelho e a partir daí passar para as técnicas de base que são formadas pelos grupos de
elementos próprios de cada aparelho.
Ao analisarmos a associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na
iniciação à GR em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense (tabela 1) percebemos que
a maioria dos treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da GR com aparelhos
oficiais enquanto que a maioria dos treinadores do campeonato Paranaense trabalham com
aparelhos alternativos.
131
Tabela 1
Associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na iniciação à ginástica
rítmica, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense.
Aparelho
Campeonato
Brasileiro
Oficial
Alternativo
Total
n (%)
n (%)
n (%)
12 (75)
4 (25)
16 (100)
14 (60.9)
23 (100)
Campeonato
9
Paranaense
(39.1)
X2
p-value
4.885
0.027
*Associação significativa p≤0,05
Espera-se que aparelhos oficiais sejam utilizados apenas nas categorias de competição
devido às exigências específicas, porém o resultado da pesquisa nos mostra que os clubes que
participam de campeonatos nacionais já os utilizam amplamente desde a iniciação, embora
saibamos que materiais oficiais no Brasil são importados, portanto muito caros e de difícil
acesso.
Para Barbosa-Rinaldi, Martinelli e Teixeira (2009) ao iniciar o aprendizado dos aparelhos
a criança deve portar materiais com tamanhos proporcionais ao seu, evitando-se aparelhos
oficiais principalmente da categoria adulto, a bola, por exemplo, deve ser de tamanho reduzido
para que as pequenas mãos das ginastas possam se adaptar ao formato do aparelho uma vez
que a literatura especializada indica que a iniciação à GR deve acontecer por volta dos seis anos
de idade (Laffranchi, 2001; Róbeva e Rankélova, 1991).
A transferência de aprendizagem a partir de materiais alternativos é totalmente possível
e devem ser utilizados na iniciação à GR com objetivos de criar e vivenciar movimentos de
manipulação de diversas formas. É muito importante que nesta fase de iniciação a ginasta se
familiarizar com os aparelhos, sinta seu formato, seu peso e sua estrutura por meio de
atividades lúdicas (Gaio, 2007; Laffranchi, 2001).
A tabela 2 apresenta a associação entre as dificuldades destacadas pelos treinadores
presentes nos campeonatos Brasileiro e Paranaense em ensinar os elementos técnicos dos
aparelhos corda, arco, bola, maças e fita na iniciação a GR.
132
Tabela 2
Associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco,
bola, maças e fita na iniciação a GR, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense.
Dificuldade em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco,
bola, maças e fita
1
n
(%)
2
3
4
n (%)
n (%)
n (%)
Campeonato
1
1
9
5
Brasileiro
(6.3)
(6.3)
(56.3)
(31.3)
7
14
2
(30.4)
(60.9)
(8.7)
Campeonato
Paranaense
0 (0)
Total
n (%)
16(100)
X2
p-value
1.191
0.275
23(100)
Nota: 1: Não saber fazer para ensinar; 2: Não ter um processo pedagógico sistematizado para
seguir; 3: Dificuldade das crianças em entender o movimento; 4: Não tem dificuldade para
ensinar.
Não encontramos associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos
dos aparelhos de GR nos campeonatos Brasileiro e Paranaense podemos perceber na tabela 2,
porém os resultados indicam que a maior dificuldade dos profissionais da GR está em fazer com
que as crianças entendam os movimentos com facilidade, ou seja, por mais que os mesmos
expliquem os movimentos as crianças não conseguem executar a contento e de acordo com as
técnicas exigidas.
Tibeau (1988) diz que o manuseio dos aparelhos é altamente motivador para os
aprendizes, sendo fundamental no início do processo de ensino e aprendizagem. No entanto, a
autora relata que o escasso tempo que dispõe um elevado nível de preparação técnica exigido
pela GR tem levado muitas treinadoras a utilizarem a aprendizagem para algo imediato. Este
imediatismo pode ser o fator determinante na hora do treinador alegar que a criança não
entende o que ele quer ensinar.
Caçola e Ladewig (2005) sugerem o uso de dicas de aprendizagem como estratégias
cognitivas que podem facilitar o aprendizado de habilidades na GR, auxiliando professores e
técnicos e colaborando para um aprendizado eficiente e muito divertido para as ginastas.
Embora muitos profissionais aleguem não ter dificuldade alguma para ensinar (17,6% do
total de entrevistados), a segunda maior dificuldade encontrada pelos participantes da pesquisa
é o desconhecimento ou a inexistência de processos pedagógicos sistematizados para seguirem
em suas aulas e assim obter um maior êxito no manejo correto de cada aparelho.
133
Santos et al. (2010) ao propor um diálogo entre o compreender e o fazer, com intuito de traçar
procedimentos pedagógicos para as aulas de ginástica rítmica, sugerem que antes de iniciar
especificamente as técnicas de manejo dos aparelhos as crianças possam vivenciar de forma
lúdica as diferentes dimensões, pesos e formas de empunhadura de cada um deles, assim
compreenderá este novo universo.
A aprendizagem dos movimentos técnicos dos aparelhos é enfrentado de modo
diversificado pelas crianças, por isso deve-se seguir uma sequencia lógica de trabalho,
priorizando elementos menos complexos no início dos trabalhos. Em momento algum deve ser
exigido movimentos que levem à fadiga ou exaustão, deve-se respeitar os limites de
aprendizagem de cada criança, valorizando as pequenas conquistas e evitando o desinteresse
pela continuidade da prática da GR (Barbosa-Rinaldi, Martinelli e Teixeira, 2009; Róbeva e
Rankélova, 1991).
A opção “não saber fazer para ensinar” foi assinalada apenas por um treinador, o fato de
não saber executar determinados movimentos, sustenta a necessidade de conhecimento de
processos que levem ao aprendizado das diversas possibilidades de se manejar um aparelho de
GR.
Embora este estudo apresente dados de uma boa parcela de profissionais que atuam
com a GR no Brasil, podemos considerar como limitação do mesmo a abrangência territorial,
uma vez que, dos 21 estados brasileiros que possuem trabalho nesta modalidade contamos com
a presença de oito no campeonato nacional de 2013. Esperamos que investigações como esta
sejam realizadas em outros eventos como campeonatos escolares e torneios nacionais
contribuindo para o amplo desenvolvimento da ginástica rítmica.
Conclusões
De acordo com as observações e análises realizadas podemos concluir que mesmo os
treinadores que já trabalham há mais de 4 anos com a modalidade, os que já cursaram pós
graduação e até mesmo já foram ginastas e vivenciaram o manejo de todos os aparelhos
encontram dificuldades em ensinar os exercícios específicos de corda, arco, bola, maças e fita.
Os resultados apresentam associação para a utilização de aparelhos oficiais e
alternativos e indicam que os treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da GR com
aparelhos oficiais enquanto que os treinadores do campeonato Paranaense trabalham com
aparelhos alternativos e para ambos a maior dificuldade está em fazer com que as crianças
entendam os movimentos com facilidade, seguida pelo desconhecimento ou a inexistência de
134
processos pedagógicos sistematizados para seguirem em suas aulas e assim obter um maior
êxito no ensino-aprendizagem.
A ginástica rítmica é uma modalidade jovem, em crescente evolução e carente de
estudos específicos que possam colaborar com seu desenvolvimento, esperamos contribuir com
a área acadêmica e profissional fornecendo subsídios para futuros pesquisadores desse esporte.
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136
ANEXOS
137
Título da pesquisa:
“Processos pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica”
QUESTIONÁRIO TREINADORES
Nome: _____________________________________________________________________
Clube: ___________________________________ Cidade: __________________________
1. Quanto tempo trabalha com GR?
( ) Menos de 6 meses
( ) 6 meses a 1 ano
( ) 1 a 3 anos
( ) mais de 4 anos
2. Foi ginasta?
( ) Sim. Quanto tempo? ( )1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 a 4 anos ( ) mais de 5 anos
( ) Não
3. Em qual categoria você trabalha?
( ) Escolinha
( ) Pré infantil
( ) Infantil
( ) Juvenil
( ) Adulto
4. Qual sua formação:
( ) Graduação
( ) Pós graduação. Qual? ________________________________________________
( ) Mestrado
( ) Doutorado
5. Quais os aparelhos que você ou seu clube utiliza nas aulas de iniciação em Ginástica
Rítmica?
( ) Corda
( ) Arco
( ) Bola
( ) Maças
( ) Fita
6. Os aparelhos utilizados na iniciação são oficiais ou alternativos? Se forem alternativos,
são de responsabilidade do clube ou construídos pelas ginastas?
( ) Oficiais
( ) Alternativos: responsabilidade do clube ( )
responsabilidade da ginasta ( )
7. Qual a maior dificuldade encontrada em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos
corda, arco, bola, maças e fita para as crianças de 6 a 9 anos?
( ) Não saber fazer para ensinar
( ) Não saber por onde começar
( ) Não ter um processo pedagógico sistematizado para seguir
( ) Dificuldade das crianças em entender o movimento
( ) Não tenho dificuldades
138
Anexo B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Titulo da pesquisa:
“Processos pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica”
Prezado (a) Senhor (a):
Solicitamos vossa participação em nossa pesquisa cujo título é “Processos pedagógicos
para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica” que tem como objetivo
identificar exercícios para a execução dos manejos dos aparelhos próprios da Ginástica Rítmica e
organizá-los em sequencia como facilitadores do processo ensino/aprendizagem da modalidade.
Sua participação é muito importante, pois irá auxiliar na análise dos dados que será realizado com
as ginastas e professoras envolvidas nas aulas de iniciação em GR.
Gostaríamos de esclarecer que a participação na pesquisa é voluntária. Informamos ainda
que os dados coletados serão utilizados somente para os fins desta pesquisa mantendo a
identidade dos participantes em sigilo.
Os benefícios esperados são trazer contribuições ás pesquisas e o desenvolvimento da
Ginástica Rítmica. Caso o senhor (a) tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode
nos contatar (Márcia Regina Aversani Lourenço – (43) 9993.3797, Luciane Maria de Oliveira
Bernardi – (43) 9957.4692 ou Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná –
(43) 3371.7834.
Londrina, 10 de outubro de 2012.
Profª Márcia R. Aversani Lourenço
Profª Luciane M. de Oliveira Bernardi.
________________________________________________ (nome por extenso do sujeito de
pesquisa), tendo sido devidamente esclarecido sobre os procedimentos da pesquisa, concordo em
participar voluntariamente da pesquisa descrita acima.
_____________________________
Assinatura
Data: ________________________
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