PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE ENTREGA DO TCFC LUCIANE MARIA DE OLIVEIRA BERNARDI 2 GINÁSTICA RÍTMICA: ENSINANDO CORDA, ARCO E BOLA. Trabalho apresentado ao programa de Pós-graduação da Universidade Norte do Paraná, para o curso de Mestrado Profissional em Exercício Físico na promoção da saúde, como requisito para a obtenção do título de mestre na área de concentração de prescrição de exercício físico em idades jovens. Orientador: Cosme Franklim Buzzachera. Coorientadora: Márcia R. Aversani Lourenço. Londrina 2014 3 AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação B444g Bernardi, Luciane Maria de Oliveira Ginástica rítmica: ensinado corda, arco e bola / Luciane Maria de Oliveira Bernardi. Londrina: [s.n], 2014. viii; 138f. Dissertação (Mestrado). Exercício Físico na Promoção da Saúde. Métodos e protocolos relacionados à prescrição do exercício físico. Universidade Norte do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera Co-orientador: Profª Me. Márcia Regina Aversani Lourenço 1- Educação física - dissertação de mestrado - UNOPAR 2- Exercício físico 3- Métodos e protocolos – exercício físico 4- Ginástica 5- Aparelhos 6Ensino/aprendizagem I- Buzzachera, Cosme Franklim, orient. II- Lourenço, Márcia Regina Aversani, co-orient. III- Universidade Norte do Paraná. CDU796.012.12 4 LUCIANE MARIA DE OLIVEIRA BERNARDI GINÁSTICA RÍTMICA: ENSINANDO CORDA, ARCO E BOLA. Trabalho apresentado ao programa de Pós-graduação da Universidade Norte do Paraná, para o curso de Mestrado Profissional em exercício físico na promoção da saúde, como requisito para a obtenção do título de mestre na área de concentração de prescrição de exercício físico em idades jovens, com nota final igual a APROVADA conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores doutores: BANCA EXAMINADORA __________________________________ Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera Universidade Norte do Paraná - Unopar __________________________________ Profª. Drª. Roberta Cortez Gaio Universidade Nove de Julho - Uninove __________________________________ Prof. Dr. Denílson de Castro Teixeira Universidade Norte do Paraná – Unopar Londrina, 20 de Março de 2014. 5 BERNARDI, Luciane Maria de Oliveira. Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola. 138 folhas. Produto final (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014. RESUMO A proposta deste trabalho de conclusão final de curso enquanto produção técnica foi a organização de livro específico para profissionais da ginástica rítmica contendo processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores no ensino/aprendizagem da modalidade, uma vez que há carência de apoios didáticos adequados disponíveis para os estudiosos da área. Para fundamentar a elaboração dos processos pedagógicos dos elementos técnicos dos aparelhos propostos percorremos um caminho metodológico baseado em nossas experiências profissionais anteriores, pesquisas bibliográficas, entrevistas com profissionais da iniciação na modalidade e um estudo da prática do manejo de aparelhos em aulas de iniciação à GR registrando a forma de ensinar os movimentos por parte do professor tanto como a resposta de aprendizagem das crianças envolvidas. A publicação conta com quatro capítulos e apresenta no seu primeiro capítulo um histórico da modalidade com suas características de acordo com a bibliografia pesquisada e com ênfase no código de pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de Ginástica para o 13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016). Este capítulo aborda também informações relacionadas à importância dos processos na aprendizagem dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica rítmica. Os capítulos seguintes correspondem aos aparelhos corda, arco e bola com introdução, definição e exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais, definição e exemplos dos elementos dos outros grupos técnicos e por fim os processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações para melhor compreensão. O livro “Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola” sendo entregue para publicação terá um número final de 90 páginas. Também como resultado deste estudo foi elaborado um artigo com o tema “Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por profissionais da área” a ser publicado em revista especializada na área. PALAVRAS CHAVES: Ginástica Rítmica, aparelhos, ensino e aprendizagem. 6 BERNARDI, Luciane Maria de Oliveira. Rhythmic gymnastics: teaching rope, hoop and ball. 138 sheets. Final product (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2014. ABSTRACT This final course completion paper proposes as technical production was organizing specific book for professionals of rhythmic gymnastics containing pedagogical processes for the handling of rope, arch and ball apparatus as facilitators in the teaching / learning mode, since there is a lack appropriate teaching aids available to researchers in the area. To support the development of the pedagogical processes of the technical elements of the proposed devices, we traveled a methodological approach based on our previous experience, literature searches, interviews with initiation professionals and a study of the handling apparatus practice in RG initiation classes recording the way of teaching the moves by the teacher as much as the answer children's learning involved. The publication have four chapters and presents in its first chapter a history of the sport with its features according to researched bibliography and an emphasis on scoring code in effect published by the International Gymnastics Federation for the 13th Olympic cycle mode (2013/2016). This chapter also covers information related to the importance of learning processes in the specific elements of the official apparatus of rhythmic gymnastics. The following chapters correspond to the rope, arch and ball apparatus introduction, definition and examples of the elements of core technical groups, definition and examples of the elements of the other technical groups and finally the pedagogical processes of core technical groups, all with illustrations for better understanding. The book "Rhythmic Gymnastics: teaching rope, hoop and ball" being submitted for publication will have a final number of 90 pages. Also as a result of this study an article with the theme " Teaching and learning rhythmic gymnastics apparatus: difficulties encountered by professionals" to be published in a specialized journal in the area was developed. KEYWORDS: Rhythmic gymnastics, equipment, teaching and learning. 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS FIG FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GR GINÁSTICA RÍTMICA GRD GINÁSTICA RÍTMICA DESPORTIVA LIGIM LIGA INTERNACIONAL DE GINÁSTICA MODERNA UNOPAR UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............ ................................................................................................09 2 METODOLOGIA.........................................................................................................12 3 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................14 3.1 Pesquisa bibliográfica .................................................................................................. 15 3.2 Pesquisa com as treinadoras.........................................................................................16 3.3 Pesquisa nos polos.......................................................................................................19 3.4 Elaboração dos capítulos..............................................................................................19 3.4.1 Capítulo 1.............................................................................................................19 3.4.2 Capítulos 2, 3 e 4..................................................................................................22 4 CONCLUSÃO............................................................................................................... 26 5 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 27 APÊNDICES....................................................................................................................32 Apêndice A - livro..............................................................................................................33 Apêndice B - artigo..........................................................................................................125 ANEXOS.........................................................................................................................136 Anexo A – Questionário de avaliação..............................................................................137 Anexo B – Termo de consentimento................................................................................138 9 1 INTRODUÇÃO A proposta deste trabalho de conclusão final de curso enquanto produção técnica foi a organização de livro específico para profissionais da ginástica rítmica contendo processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores no ensino/aprendizagem da modalidade, uma vez que há carência de apoios didáticos adequados disponíveis para os estudiosos da área. A ginástica rítmica ou GR é uma modalidade praticada individualmente ou em conjunto que tem como principal característica a utilização de aparelhos manuais específicos que são a corda, o arco, a bola, as maças e a fita, em um espaço próprio de 13x13 metros. A execução do manejo destes aparelhos exige habilidade que se conquista a partir da prática de exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos elementos técnicos de forma correta. 35 Nesta modalidade que tem sua iniciação aproximadamente aos seis anos de idade 33,43 , a ginasta submete-se a cargas elevadas de treinamento por meio de um trabalho disciplinado em que a prática do esporte passa a fazer parte de sua vida diária. Não são todas as crianças que tem sucesso e seguem carreiras esportivas alcançando resultados em competições, porém a iniciação pode auxiliar em atividades comuns do seu dia a dia. 31,32 Na GR é essencial a realização de elementos corporais e técnicos de cada aparelho e em uma competição há a exigência de que no mínimo as ginastas executem a técnica básica, dando atenção à postura correta, posição dos pés, mãos e dedos além de evitar as possíveis falhas, pois há a necessidade do sincronismo do movimento como um todo uma vez que a base deste esporte é a utilização total do corpo. 4,10,47 A prática da ginástica rítmica proporciona à criança, o enriquecimento do desenvolvimento rítmico que acontece devido à exigência do acompanhamento musical, contribui para o aprimoramento e melhoria no desempenho motor, promovendo o desenvolvimento dos domínios da aprendizagem. 20,21 Os aparelhos corda, arco e a bola foram os primeiros a surgirem em competições, no período de 1963 a 1967, e são muito presentes no imaginário infantil, já a fita que também é muito apreciada pelas crianças tornou-se oficial em 1971 seguida do aparelho maças em 1973. 3,42,45 Sendo a tríade desta modalidade a realização de elementos corporais aliados ao manejo dos aparelhos com acompanhamento da música, há a necessidade de trabalhar de forma harmoniosa estes três quesitos e entendemos que o ensino do manuseio dos 10 aparelhos é uma das mais difíceis tarefas, pois possibilitar a compreensão das técnicas de manejo para seu desenvolvimento de forma correta e eficaz é um grande desafio. De uma forma geral, profissionais da área têm dificuldade em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos devido à complexidade da execução dos mesmos, pois se verifica um nível de exigência motora elevado. Por isso a organização sistematizada das técnicas de manejo em processos pedagógicos que possam facilitar o aprendizado levando em consideração a fase que estas crianças se encontram, e assim, contribuir para que futuramente a execução técnica seja a mais próxima possível da ideal. No panorama atual poucas são as referências que colaboram no processo ensinoaprendizagem de manejos de aparelhos da GR. Em levantamento bibliográfico realizado para este estudo percebemos uma carência em publicações na área, encontramos livros da década de 1980, em que a ginástica rítmica pertencia a outro panorama de exigências corporais e técnicas dos aparelhos e, mais recentemente, publicaram-se livros organizados e artigos científicos que apontam para o rendimento, aplicabilidade na escola e evolução da modalidade. Porém, poucos nos remetem aos processos pedagógicos ou ensinamentos para a iniciação esportiva bem como às técnicas corretas de execução de manejos dos aparelhos oficiais da GR, relacionados ou não à exigência do código, o que torna evidente a necessidade de organizar e socializar os processos pedagógicos para que as ginastas possam ter um aprendizado facilitado e eficaz na prática dos manejos dos aparelhos. Portanto, o objetivo deste estudo foi elaborar exercícios específicos para a execução dos manejos dos aparelhos próprios da ginástica rítmica e organizá-los como facilitadores do processo de ensino/aprendizagem da modalidade na iniciação e posteriormente no treinamento. Para tal, as experiências como professora de iniciação há mais de dez anos frente ao projeto permanente de extensão universitária “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR” (*) foram fundamentais neste momento, uma vez que o objetivo principal no dia a dia no projeto é ensinar os movimentos básicos da GR em especial os elementos dos aparelhos. As atividades diárias oportunizaram inúmeras tentativas de novas possibilidades de ensinar estes mesmos movimentos, assim a escolha da melhor técnica de ensino foi descoberta a cada nova turma, a cada nova dificuldade encontrada por uma criança e sem dúvida a cada reflexão sobre a ação. 11 Por fim, depois de realizada a pesquisa bibliográfica e baseados em nossa experiência profissional e ainda fundamentados nas análises dos resultados de pesquisa realizada com profissionais da GR em âmbito estadual e nacional sobre as dificuldades em ensinar os manejos dos aparelhos, apresentamos aqui a elaboração de um material didático específico, em formato de livro, para dar embasamento técnico aos profissionais da ginástica rítmica que buscam aprimorar seus conhecimentos para ensinar suas ginastas desde a iniciação. Também como resultado das pesquisas foi elaborado um artigo com o tema “Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por profissionais da área” que teve como objetivo identificar as dificuldades encontradas pelos profissionais de ginástica rítmica que atuam no Brasil em ensinar os exercícios específicos dos manejos dos aparelhos próprios da modalidade, sendo estes oficiais ou alternativos. Este estudo justifica-se pela ausência de pesquisas específicas na modalidade e também pela procura de materiais que possam auxiliar no ensinamento correto da técnica de manejo dos aparelhos e teve como suporte o projeto de pesquisa “Processos pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da ginástica rítmica” com parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEPUNOPAR-0069/12) de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos, sendo os dados coletados após os participantes e responsáveis assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido. _________________________________________________________ O projeto “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR – da iniciação ao alto nível” existe desde 1972 e foi criado pela professora Elisabeth Bueno Laffranchi na então FEFI Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná. Em 1992 a FEFI passou a chamar-se UNOPAR – Universidade Norte do Paraná e nesta década tornou-se sede da seleção brasileira de conjuntos por vários anos, conquistando dois títulos dos Jogos Pan-americanos (1999 e 2003) e duas finais olímpicas na modalidade de conjunto (2000 e 2004). O projeto atende meninas de cinco a 16 anos e tem como objetivos promover o desenvolvimento da GR em Londrina, detectar novos talentos, capacitar profissionais e ainda popularizar a modalidade. Conta com polos externos para atendimento à comunidade e estima-se que aproximadamente 15.000 ginastas passaram pelo mesmo no decorrer destes anos. (*) 12 2 METODOLOGIA Para fundamentar a elaboração dos processos pedagógicos dos elementos técnicos dos aparelhos corda, arco e bola culminando no produto final percorremos um caminho metodológico baseado em nossas experiências profissionais anteriores, pesquisas bibliográficas, entrevistas com professoras de iniciação na modalidade e um estudo mais aprofundado da prática do manejo de aparelhos em aulas de iniciação à GR registrando a forma de ensinar os movimentos por parte da professora tanto como a resposta de aprendizagem das crianças envolvidas. Em um primeiro momento realizamos pesquisa bibliográfica, este tipo de investigação procura explicar um problema a partir de referências teóricas de um tópico em particular. Desenvolvida por meio de levantamento de temas e tipos de abordagem já trabalhados por outros pesquisadores auxilia na assimilação de conceitos explorando aspectos já publicados, contribuindo para a avaliação crítica no momento da escrita do produto final. 49 Encontramos estudos importantes na ginástica rítmica que se utilizaram desta metodologia, como por exemplo, as que abordaram questões relacionadas à detecção, seleção e promoção de talentos esportivos em ginástica rítmica com o intuito esclarecer a importância da utilização de critérios científicos com fundamentação teórica adequada em respeito aos referenciais cineantropométricos de ginastas de alto nível de diferentes categorias identificando as possuidoras de talento e possibilitando o desenvolvimento por meio de treinamento sistematizado, para que atinjam o mais alto desempenho possível, em razão do potencial existente. Porém para dar andamento ao objetivo do nosso estudo foi necessário focar nas palavras chaves ginástica rítmica, aparelhos e ensino-aprendizagem. 32 Em um segundo momento realizamos pesquisa sobre o processo ensino aprendizagem dos manejos dos aparelhos da GR com profissionais que atuam em nível estadual e nacional com a modalidade, tendo como método investigativo metodologia descritiva, que tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou de determinado fenômeno, ou o estabelecimento de relação entre as variáveis. Uma de suas características mais expressivas neste método é a coleta de dados por meio de questionário e de observação, habitualmente desenvolvidos por pesquisadores preocupados com a atuação prática. 26 13 O instrumento escolhido foi um questionário para identificar os procedimentos metodológicos utilizados por profissionais que atuam com GR em suas aulas de iniciação. O mesmo foi aplicado durante o Campeonato Paranaense de Conjuntos em outubro de 2012 e o Campeonato Brasileiro de Conjuntos em outubro de 2013, a amostra, caracterizada por conveniência, contou com 39 treinadores e teve como critério de inclusão a participação nos eventos já citados. Dentre os sujeitos, 58,9% atuaram no campeonato paranaense e 41,9% no campeonato brasileiro, todos envolvidos com as diferentes categorias da GR, a saber: pré-infantil (9 a 10 anos); infantil (11 a 12 anos); juvenil (13 a 15 anos); adulto (a partir dos 16 anos) e também responsáveis pela iniciação esportiva da modalidade (escolinhas). Dentre os clubes inscritos e presentes nas competições, houve a representatividade de cinco diferentes cidades do Paraná e de oito estados brasileiros. O questionário foi organizado pela autora do estudo e referendado por três profissionais da área (todos com nível mínimo de mestrado e longa experiência profissional na modalidade) *1,*2,*3 , uma vez que não encontramos na literatura um modelo de instrumento que pudesse responder os objetivos desta pesquisa. O instrumento continha sete perguntas: 1- Quanto tempo trabalha com GR?, 2- Foi ginasta?, 3- Em qual categoria você trabalha?, 4- Qual sua formação?, 5- Quais os aparelhos que você ou seu clube utiliza nas aulas de iniciação em Ginástica Rítmica?, 6- Os aparelhos utilizados na iniciação são oficiais ou alternativos? Se forem alternativos, são de responsabilidade do clube ou construídos pelas ginastas?, 7- Qual a maior dificuldade encontrada em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita para as crianças de 6 a 9 anos? Após a análise dos dados, foram identificadas as frequências relativas de respostas. Em seguida, as categorias do Campeonato Brasileiro e Paranaense foram dicotomizadas e o teste do Qui-quadrado foi utilizado para identificar possíveis associações entre as variáveis. O nível de significância estabelecido foi de p<0.05. E o pacote estatístico utilizado foi o SPSS 17.01. _______________________________________________________ *1 *2 *3 Márcia Regina Aversani Lourenço – Mestre em Educação Física (Pedagogia do Movimento) pela UNIMEP e discente do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL Eliana Virginia Nobre dos Santos - Mestre em Educação Física (Pedagogia do Movimento) pela UNIMEP Suhellen Lee Porto Orsoli Silva – Mestre em Educação Física pela UEM 14 Os resultados encontrados entre os profissionais pesquisados serviram de subsídios para a elaboração objetiva de vários processos pedagógicos encontrados neste estudo, pois ficou claro que existe uma dificuldade em ensinar às crianças os manejos dos aparelhos. Todos os dados da pesquisa foram organizados e analisados com o intuito de elaboração e publicação de um artigo sobre o assunto. Também realizamos um estudo sobre o ensino-aprendizagem dos elementos dos aparelhos da GR no período de maio a setembro de 2012, em dois polos de iniciação do projeto da UNOPAR. As aulas foram filmadas e armazenadas em vídeos. As imagens podem contribuir para a captura de aspectos visuais que transcendem a capacidade de representação da escrita. 6 Foram observadas 70 crianças de seis a 10 anos de idade participantes das escolinhas de iniciação em Ginástica Rítmica da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR. Para a observação sistematizada foi utilizado um formulário com anotações sobre a forma do manuseio dos elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita. A observação foi realizada durante as aulas de iniciação com os aparelhos organizados de acordo com o planejamento anual. Para discussão dos dados utilizou-se o método descritivo tem como proposta descobrir e observar fenômenos procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. 49 Após apresentação do caminho metodológico para a elaboração do livro, passaremos a pontuar como se deu seu desenvolvimento na sequencia. 3 DESENVOLVIMENTO O processo de elaboração do livro foi fundamentado pelas etapas da pesquisa bibliográfica, das entrevistas com profissionais da modalidade e do estudo da prática do manejo nos polos do projeto UNOPAR, além da própria experiência da autora. O produto final conta com quatro capítulos distintos. Apresentamos o seu primeiro capítulo com dois momentos, primeiramente um histórico da modalidade com atenção especial a partir da introdução da modalidade nos Jogos Olímpicos em 1984 e as características da GR de acordo com bibliografia pesquisada, com ênfase no código de pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de Ginástica - FIG para o 13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016). Na sequencia, 15 o capítulo aborda informações relacionadas à importância dos processos na aprendizagem dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica rítmica. Os capítulos seguintes correspondem respectivamente aos aparelhos corda, arco e bola e estão organizados da seguinte forma: 1. Breve introdução sobre os aparelhos; 2. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos grupos técnicos fundamentais, que são os elementos característicos dos aparelhos, que demonstram a especificidade do mesmo e devem prevalecer nas coreografias de GR em detrimento dos demais movimentos; 3. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos outros grupos técnicos, que devem figurar nas coreografias pelo menos uma vez e podemos encontrá-los em outros aparelhos também; 4. Processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações para melhor compreensão. 3.1 Pesquisa bibliográfica Em nossa investigação bibliográfica buscamos maior amplitude de conhecimentos sobre o assunto em pauta nos bancos de dados Pubmed, Lilacs, Scielo e Google acadêmico no período de maio de 2012 a dezembro de 2013, selecionando artigos em português, inglês e espanhol. Como palavras chaves utilizamos os descritores “ginástica rítmica”, “aparelhos” e “ensino-aprendizagem”, não encontramos um número muito grande de publicações referentes ao nosso foco de estudo, desta forma foram examinados 78 artigos dos quais selecionamos apenas 33 que efetivamente contribuíram para nosso estudo. Em relação às publicações em formato de livros encontramos 60 literaturas publicadas com o tema de ginástica rítmica, porém, destes, apenas 39 nos deram suporte para a pesquisa em questão. E por fim, encontramos quatro dissertações de mestrados e doutorado com temas específico de ginástica rítmica. Todas as referências encontradas que se adequaram ao tema de nosso estudo podem ser visualizadas ao longo deste trabalho e em especial na organização final do produto. 16 3.2 Pesquisa com as treinadoras A aplicação de questionário aos profissionais que atuam com GR no Estado do Paraná e no Brasil traz como resultados e informações o trabalho realizado por clubes que desenvolvem treinamentos de alto nível na modalidade, uma vez que é no Paraná que se encontram as melhores equipes de conjunto do país e considerando que o Brasil é o atual tetra campeão de conjuntos dos Jogos Pan Americanos, títulos conquistados em Winnipeg (1999), Santo Domingo (2003), Rio de Janeiro (2007) e Guadalajara (2011). 37 Treinadoras paranaenses constantemente estão à frente das equipes nacionais de conjunto, como nas duas vezes em que o Brasil foi finalista olímpico em 2000 em Sydney na Austrália e em 2004 em Atenas na Grécia, na ocasião a treinadora da UNOPAR de Londrina, Bárbara Laffranchi, dirigia a seleção brasileira de conjuntos. 51 No campeonato nacional de conjuntos temos a inclusão de outros grandes clubes dos demais estados que também atuam com ginastas de qualidade e alto desempenho que igualmente representam nosso país em eventos internacionais. Apresentamos aqui apenas os resultados gerais da pesquisa, pois os dados analisados mais detalhadamente estão presentes em artigo científico elaborado com intuito de publicação do mesmo. Como já citado anteriormente, a pesquisa foi realizada durante o Campeonato Paranaense de Conjuntos/2012 e o Campeonato Brasileiro de Conjuntos/2013 e contou com a participação de 39 treinadores, sendo 23 profissionais no campeonato paranaense e 16 no campeonato brasileiro que atuam em diferentes categorias. Em relação ao tempo de experiência dos profissionais com a GR, constatamos que na sua maioria estes atuam há mais de quatro anos na modalidade. Dos 39 treinadores entrevistados 37 são mulheres e dois do gênero masculino e apenas oito não foram ginastas. Os profissionais de ginástica rítmica do Paraná e do Brasil trabalham em mais de uma categoria e não atuam somente com competição, mas também com a iniciação e ainda em várias categorias ao mesmo tempo. Percebemos que os profissionais que atuaram no campeonato paranaense se dedicam mais ao trabalho com a iniciação do que os profissionais que atuaram no campeonato brasileiro, em contraposição estes estão mais relacionados com a categoria adulta da modalidade do que os treinadores do Paraná. 17 A grande maioria os profissionais entrevistados já são pós-graduados além de ter formação inicial em educação física. Dentre os entrevistados quatro deles possui mestrado na área. Ao analisarmos a associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na iniciação à GR em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense (tabela 1) percebemos que a maioria dos treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da GR com aparelhos oficiais enquanto que a maioria dos treinadores do campeonato Paranaense trabalham com aparelhos alternativos. Tabela 1 Associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na iniciação à ginástica rítmica, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense. Aparelho Oficial Alternativo Total n (%) n (%) n (%) Campeonato Brasileiro 12 (75) 4 (25) 16 (100) Campeonato Paranaense 9 (39.1) 14 (60.9) 23 (100) X2 p-value 4.885 0.027 *Associação significativa p≤0,05 Os resultados nos mostram que os aparelhos corda, arco e bola são os mais presentes nas aulas de iniciação à GR nos diversos clubes do Paraná e do Brasil. O aparelho maças é o menos trabalhado nas aulas de iniciação à GR, os profissionais ainda utilizam aparelhos alternativos nas aulas de iniciação, já nas categorias de competição os aparelhos são oficiais devido às exigências do código de pontuação como peso, tamanho e espessura. 18 Tabela 2 Associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita na iniciação a GR, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense. Dificuldade em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita 1 Campeonato Brasileiro 2 3 4 Total n(%) n(%) n(%) n(%) n (%) 1(6.3) 1 (6.3) 9 (56.3) 5 (31.3) 16(100) X2 p-value 1.191 0.275 Campeonato 0 (0) 7 (30.4) 14(60.9) 2 (8.7) 23(100) Paranaense Nota: 1: Não saber fazer para ensinar; 2: Não ter um processo pedagógico sistematizado para seguir; 3: Dificuldade das crianças em entender o movimento; 4: Não tem dificuldade para ensinar. Não encontramos associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos de GR nos campeonatos Brasileiro e Paranaense podemos perceber na tabela 2, porém os resultados indicam que a maior dificuldade dos profissionais da GR está em fazer com que as crianças entendam os movimentos com facilidade, ou seja, por mais que os mesmos expliquem os movimentos as crianças não conseguem executar a contento e de acordo com as técnicas exigidas. A segunda maior dificuldade encontrada pelos participantes da pesquisa é o desconhecimento ou a inexistência de processos pedagógicos sistematizados para seguirem em suas aulas e assim obter um maior êxito no manejo correto de cada aparelho. Ainda encontramos respostas relacionadas a não saber executar, portanto não conseguem ensinar determinados movimentos, sustentando a necessidade de conhecimento de processos que levem ao aprendizado das diversas possibilidades de se manejar um aparelho de GR. A pesquisa nos mostrou que realmente existe dificuldade de ensinar os elementos técnicos dos aparelhos da GR, sendo por não existir um processo pedagógico a seguir ou em perceber as dificuldades que as crianças encontram ao aprender tais movimentos. As análises e discussões dos resultados da pesquisa se encontram no artigo “Ensino e aprendizagem dos aparelhos de ginástica rítmica: dificuldades encontradas por profissionais da área” 19 3.3 Pesquisa nos polos de iniciação O estudo sobre o ensino-aprendizagem dos elementos dos aparelhos da GR no período de maio a setembro de 2012, em dois polos de iniciação do projeto da UNOPAR durante as aulas de iniciação com a participação de 70 crianças e três professoras/monitoras. Para cada aparelho em específico foram filmadas oito aulas com duração de uma hora cada. Todas as crianças estavam em fase de iniciação da modalidade e coincidentemente todas as professoras envolvidas foram ginastas. Entendendo que as filmagens necessitavam de um cuidado metodológico mais detalhado, não as utilizamos para fins de publicação, porém as anotações da pesquisadora oportunizou análises das dificuldades das treinadoras em ensinar o movimento, ocorrendo inclusive mudanças na maneira de explicar o movimento mais de uma vez, na tentativa de fazer com que as crianças conseguissem realizar o mesmo. Também foi possível acompanhar as dificuldades das crianças em entender corretamente cada um destes movimentos. Percebemos claramente que só a execução da professora não era o suficiente para que as mesmas realizassem o movimento correto, sendo necessário muitas repetições e o acompanhamento individual de cada criança para os movimentos mais complexos. 3.4 Elaboração dos capítulos 3.4.1 Capítulo 1 O primeiro capítulo está subdividido em duas partes, primeiramente apresenta um histórico voltado para a organização do esporte enquanto modalidade olímpica, a partir da introdução da modalidade nos Jogos Olímpicos em 1984 e na sequencia as características da GR respaldado em 37 referências pesquisadas, com destaque para o Código de Pontuação em vigência publicado pela Federação Internacional de Ginástica - FIG para o 13º ciclo olímpico da modalidade (2013/2016). Ao longo dos anos a GR que ainda é praticada apenas por mulheres em nível competitivo vem evoluindo na perspectiva de apresentar técnica e beleza ao público, pois é uma modalidade em que são determinadas suas formas artísticas por meio dos elementos corporais e dos aparelhos que foram introduzidos ao longo desta evolução, sendo ambos intimamente relacionados com o caráter e harmonia musical. Com a boa 20 receptividade na participação em Jogos Olímpicos a FIG procura cada vez mais atender às expectativas do público, apresentando mudanças na organização da modalidade e na forma de avaliar com o intuito de facilitar o entendimento dos leigos e obter maior visualização na mídia. Para tanto, recentemente promoveu alterações no código de pontuação favorecendo a utilização dos aparelhos, que por algum tempo ficou em segundo plano. 3, 43 Os quadros abaixo foram elaborados especificamente para o capítulo 1 e os apresentamos aqui com o intuito de demonstrar uma pequena parte desta fase do produto final. Quadro 01 – Participações da ginástica rítmica nos Jogos Olímpicos de 1984 a 2012. Individual 1984 Los Angeles Conjuntos 1º Lori Fung – CAN - 2º Doina Stainculescu – ROM - 3º Regina Weber – GER - Participação da ginasta brasileira Rosane Favilla – RJ 1988 Seul 1992 Barcelona 1º Marina Lobatch – URS - 2º Adriana Dounavska – BUL - 3º Alexandra Timochenko – URS - 1º Alexandra Timochenko - URS - 2º Carolina Pascual – ESP - 3º Oksana Skaldina – EUN - Participação da ginasta brasileira Marta Cristina Schonhorst – SP 1996 Atlanta 2000 Sidney 1º Ekaterina Serebrianskaya - UKR 1º Espanha 2º Yanina Batirchina – RUS 2º Bulgária 3º Elena Vitrichenko – UKR 3º Rússia 1º Yulia Barsoukova – RUS 1º Rússia 2º Yulia Raskina – BLR 2º Bielorussia 21 3º Alina Kabaeva – RUS 3º Grécia Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação 2004 Atenas 1º Alina Kabaeva – RUS 1º Rússia 2º Irina Tcachina – RUS 2º Itália 3º Anna Bessonova – UKR 3º Bulgaria Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação 2008 Pequim 1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia 2º Inna Zhukova – BLR 2º China 3º Anna Bessonova – UKR 3º Bielorussia Participação do conjunto do Brasil – 12ª colocação 2012 Londres 1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia 2º Daria Dmitrieva – RUS 2º Bielorussia 3º Liubou Charkashyna – BIE 3º Itália Fonte: Federação Internacional de Ginástica, 2014 18 O Brasil participou na primeira edição individual em 1984 e também na primeira edição do conjunto em 2000, ambas as competições realizadas nos Estados Unidos da América, destaque para os Jogos Olímpicos de Sydney/2000 e Atenas/2004 quando o conjunto brasileiro foi finalista e terminou a competição na oitava colocação. Na sequencia, em sua segunda abordagem, o capítulo apresenta informações relacionadas ao processo ensino-aprendizagem, dando ênfase à importância dos processos pedagógicos, em especial dos elementos específicos dos aparelhos oficiais de ginástica rítmica. Nesta parte do capítulo foram utilizadas 14 referências que nos apoiaram com o ensino aprendizagem das crianças e seus processos de desenvolvimento. Os aparelhos da GR exigem das ginastas um bom desenvolvimento no processo de aprendizagem devido a grande variedade de movimentos que as ginastas podem executar com os mesmos, desde cedo é interessante adquirir domínio dos movimentos corporais aliados à técnica dos manejos. A execução correta dos manejos é adquirida com tempo, experiência e treinamento. No começo o desenvolvimento do vocabulário motor das crianças deve ser com as mais diferentes formas de movimentos, sem situações 22 motoras específicas que requer muita concentração, assim facilitando no processo de aprendizagem. 50 3.4.2 Capítulos 2, 3 e 4 Estes capítulos correspondem respectivamente aos aparelhos corda, arco e bola e estão organizados da seguinte forma: 1. Breve introdução sobre os aparelhos; 2. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos grupos técnicos fundamentais, que são os elementos característicos dos aparelhos, que demonstram a especificidade do mesmo e devem prevalecer nas coreografias de GR em detrimento dos demais movimentos; 3. Definição e exemplos ilustrados dos elementos dos outros grupos técnicos, que devem figurar nas coreografias pelo menos uma vez e podemos encontrá-los em outros aparelhos também; 4. Processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, todos com ilustrações para melhor compreensão. O capítulo 2 trata especificamente do aparelho corda, seu histórico e peculiaridades. O aparelho corda é o primeiro na ordem olímpica estabelecida pela FIG dentre os demais utilizados na GR e esteve presente pela primeira vez no terceiro campeonato mundial da modalidade, realizado em 1967 em Copenhague na Dinamarca. Nas competições de conjunto sua aparição foi durante o sexto campeonato do mundo em Rotterdam na Holanda em 1973 3, na ocasião as equipes de conjunto contavam com seis ginastas titulares. Atualmente a corda não aparece nas competições individuais da categoria adulta, os demais quatro aparelhos são fixos para as competições desta categoria desde 2009, embora nenhum documento tenha sido publicado pela FIG, acreditamos que isso se deve a pouca visibilidade principalmente ao ser transmitido pela televisão, seus movimentos ágeis e dinâmicos dificultam uma boa imagem no vídeo o que possivelmente também colaborou anteriormente com a proibição da utilização de corda na cor branca. Descrevemos detalhadamente as formas de manusear a corda com definições e exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros grupos técnicos. Por fim apresentamos de forma organizada os processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes formas de realização de cada um 23 destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar os movimentos e assim colaborar para um melhor entendimento do mesmo. O quadro a seguir exemplifica quais são os elementos específicos do aparelho corda. Quadro 3 – Elementos técnicos do aparelho corda Grupos técnicos fundamentais do aparelho corda Outros grupos técnicos do aparelho corda Série (mínimo três) de rotações, corda dobrada em dois. salto, corda girando para frente, para trás ou lateralmente. Uma rotação da corda aberta, estendida, segura pelo centro ou pela ponta. Passagem através da corda com uma Lançamento e recuperação. série de saltitos (três saltitos no mínimo), corda girando para frente, para trás ou lateralmente. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo. Movimentos em “oito” com movimento amplo do corpo. Grandes circunduções. Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna (s). Enrolamentos, quicadas. Passagem através da corda com um Escapadas e espirais. Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17 O capítulo 3 traz informações sobre o aparelho arco, seu histórico e peculiaridades. O aparelho arco assim como a corda também é de fácil introdução junto às crianças, é tradicionalmente conhecido como “bambolê” na qual as meninas em especial têm o hábito de brincar desde cedo, também é muito utilizado nas aulas de educação física escolar. O arco oficial para competições de ginástica rítmica é de plástico PVC ou madeira, mede de 80 e 90 cm de diâmetro e com um peso mínimo de 300 gramas, seu contorno pode ser circular, quadrado, retangular ou ovalado, podendo ser encapado de várias cores ou simplesmente de uma cor só. 3,40 Para as categorias de base podemos 24 utilizar o arco de 60 a 75 centímetros, substituído facilmente por um de mangueira grossa com uma pequena emenda para unir as extremidades. O arco com este formato que conhecemos surgiu ainda na Ginástica Moderna quando Henrich Medau (1890-1974) utilizou-os para formar os “anéis olímpicos” em uma apresentação nos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936.7 Mas somente 30 anos depois a Federação Internacional de Ginástica incluiu este aparelho durante o terceiro campeonato mundial realizado em Copenhague na Dinamarca em 1967, sendo apresentado nas coreografias individuais e de conjunto. Descrevemos detalhadamente as formas de manusear o arco com definições e exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros grupos técnicos. Por fim, assim como no capítulo anterior, apresentamos de forma organizada os processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes formas de realização de cada um destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar cada movimento, colaborando para um melhor entendimento. O quadro a seguir exemplifica quais são os elementos específicos do aparelho arco. Quadro 4 – Elementos técnicos do aparelho arco Grupos técnicos fundamentais do aparelho arco Outros grupos técnicos do aparelho arco Passagem por cima do arco com todo ou uma parte do corpo. Pequeno lançamento e recuperação. Rolamento sobre dois segmentos do corpo no mínimo. Lançamentos e recuperações. Rolamento do arco sobre o solo. Série (mínimo três) de rotações ao redor da mão ou uma parte do corpo. Movimentos em “oito” com movimento amplo do corpo. Grandes circunduções. Passagem através do arco com todo corpo ou parte do corpo. Rotações do arco ao redor do seu eixo: uma rotação livre entre os dedos; uma rotação livre sobre uma parte do corpo; série (mínimo três) de rotações no solo. Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna(s). Enrolamentos, quicadas, reimpulsos, etc. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo. Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17 25 No capítulo 4 tratamos especificamente do aparelho bola, seu histórico e peculiaridades. Enquanto material oficial determinado pela FIG, a bola para a categoria adulto (a partir dos 16 anos) deve ter de 18 a 20 centímetros de diâmetro com o peso de 400 gramas, sendo de borracha ou plástico de qualquer cor. 8,9,40 Para a iniciação, qualquer tipo de bola pode ser utilizada para executar os movimentos da GR, até mesmo as de meia ou isopor, sendo as mais indicadas as bolas de borracha tamanho 10 ou 12 com 14 a 17 cm de diâmetro. As bolas não precisam estar muito cheias, mas também não podem estar murchas, para que possam quicar e rolar sem deformações. Embora já popular no início da década de 1920 nas escolas europeias de ginástica, este aparelho se tornou oficial em competições de GR na segunda edição do Campeonato do Mundo realizado em Praga na antiga Checoslováquia em 1965, mas não sabemos ao certo quem foi o responsável por sua introdução na modalidade. 8 Descrevemos detalhadamente as formas de manusear a bola com definições e exemplos dos elementos dos grupos técnicos fundamentais e dos elementos dos outros grupos técnicos. Por fim apresentamos de forma organizada os processos pedagógicos dos grupos técnicos fundamentais, com diferentes formas de realização de cada um destes, feitos com a inserção de desenhos para ilustrar cada movimento, colaborando para um melhor entendimento dos mesmos. Quadro 5 – Elementos técnicos do aparelho bola 26 Grupos técnicos fundamentais do aparelho Bola Rolamento da bola sobre dois segmentos do corpo no mínimo. Rolamento da bola no solo. Quicadas: em séries ou isoladas . Movimento em “oito” com inversão da bola com movimento dos braços (circundução) e amplo movimento do tronco. Recuperação da bola com uma mão. Outros grupos técnicos do aparelho Bola Movimento de inversão da bola. Rotações da(s) mão(s) ao redor da bola. Pequenos rolamentos acompanhados em série (mínimo três). Rolamento do corpo por cima da bola no solo Pequenos lançamentos e recuperações. Lançamentos e recuperações. Grandes circunduções. Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna(s). Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo. Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) 17 4 CONCLUSÃO Pesquisar a ginástica rítmica no contexto das técnicas de manejo dos aparelhos não foi uma tarefa fácil, mas o ato de escrever os métodos, os exercícios e direcioná-los a treinadores, acadêmicos e profissionais da área foi muito empolgante. A ideia de levar o conhecimento avante e compartilhar com tantos outros que estão iniciando na modalidade ou até mesmo aqueles que já atuam na área nos dá satisfação e alimenta nossa paixão por este esporte. A evolução da ginástica rítmica segue com novas regras e mudanças, que a FIG realiza a cada novo ciclo olímpico com o intuito de adequar a modalidade para um maior entendimento do público em geral. Algumas mudanças como as novas possibilidades de utilização dos aparelhos, devem ser acompanhadas de perto pelo profissional envolvido com a GR para que este possa trabalhar adequadamente os elementos técnicos, oportunizando às futuras ginastas o desenvolvimento correto de técnicas de base diversificadas em todos os aparelhos. 27 Como resultado de nossa pesquisa podemos verificar que os profissionais encontram dificuldade em fazer com que a criança entenda o movimento correto do manejo do aparelho e também sentem falta de ter um processo pedagógico para seguir, como um instrumento de colaboração na técnica desses manejos. Os aparelhos são parte integrante do tripé necessário para a execução de coreografias de ginástica rítmica, é justamente o envolvimento dos mesmos com os movimentos corporais e a música que produz a beleza e graça desta modalidade que cada vez mais adquire novos expectadores e praticantes no mundo todo. 8 Para que esta simbiose aconteça é necessário entender e estudar as possibilidades de execução sem erros e acreditamos que esta preocupação começa exatamente nos processos de ensino aprendizagem dos elementos técnicos dos aparelhos. O estudo aqui apresentado busca suprir a lacuna existente na literatura específica da modalidade de ginástica rítmica e traz informações e propostas com exercícios específicos para a execução dos manejos dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores do processo de ensino/aprendizagem. Assim esperamos contribuir para o desenvolvimento deste esporte, pois acreditamos que quanto mais pesquisas e mais publicações expostas no mercado mais subsídios estarão à disposição de todos garantindo um futuro de qualidade para a GR em nosso país. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABBAD, Gardênia. & BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo. Aprendizagem humana em organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2004. 2. ALONSO, Heloisa. Meu corpo, minha cultura, minha Ginástica Rítmica. 3º Congresso Científico Latino Americano de Educação Física da Unimep. In: Anais, Piracicaba, p. 438, 2004. 3. BARBOSA-RINALDI, Ieda; MARTINELLI, Telma; TEIXEIRA, Roseli. Ginástica Rítmica: aspectos histórico-culturais e técnico-metodológicos dos aparelhos. Maringá: Eduem, 2009. (Coleção Fundamentum; 48) 4. BARBOSA-RINALDI, Ieda; MARTINELLI, Telma; TEIXEIRA, Roseli. Ginástica Rítmica: história, características, elementos corporais e música. Maringá: Eduem, 2009. (Coleção Fundamentum; 47) 28 5. BARDIN, Laurence. 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Copyright © 2014 by ____________ Editora Ltda Rua: ___________________ Bairro:_____________ CEP:______________________ Tel/Fax: __________________________ Site: _____________________________ E-mail: ___________________________ Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios eletrônicos, mecânico, fotocopiado, gravado ou outro, sem autorização prévia por escrito da Unopar Editora. Ilustrações Marcos Albert Oliveira Capa Alekcey W. Carvalho Silva Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional ou Brasil ______________________ - CRB __/_____ Ginástica rítmica: ensinando corda, arco e bola / Luciane Maria de Oliveira Bernardi, Márcia Regina Aversani Lourenço. _______: ______, 2014. 137p. : Il.; 23 cm ISBN 1. Ginástica rítmica. 2. Aparelhos. I. Bernardi, Luciane. II. Lourenço, Márcia. CDD: CDU: 36 Prefácio Apesar de parecer uma coisa simples, prefaciar um livro significa apresentá-lo, indicar aos interessados o motivo e o processo de elaboração da obra e sugerir ou não sua leitura. Que responsabilidade! Mas se tratando de um livro sobre ginástica rítmica, proposto por Luciane Bernardi e Márcia Aversani Lourenço é uma honra, uma tarefa prazerosa e sem dúvida uma oportunidade de incentivar os/as leitores/as a beberem de uma fonte segura e consistente. Porém, antes mesmo de falar sobre o conhecimento presente nas diversas páginas dessa obra, é necessário salientar o quanto Luciane e Márcia, sempre estiveram e ainda estão envolvidas com a ginástica rítmica, sejam como ginastas, árbitras, técnicas ou como professoras de projetos de extensão, da graduação e da especialização em educação física. Mas o tempo quando conspira a favor sempre produz excelentes frutos. E se tratando do desenvolvimento técnico e científico da ginástica rítmica com certeza os ventos sobraram sempre para um excelente sentido. Conheci Márcia Aversani no mestrado da Universidade Metodista de Piracicaba em 2000 e nosso encontro se deu por meio da ginástica rítmica, quando me tornei sua orientadora. Daquele tempo até os dias de hoje temos mais do que a ginástica rítmica em comum, pois além de parceiras em atividades profissionais nos tornamos amigas, daquelas que produzem juntas e separadas, mas estão sempre dividindo riquezas e conhecimentos. Digo riquezas para aqui me referir aos momentos vivenciados em comunhão. Já Luciane Bernardi, uma linda e jovem mulher, é uma eterna lembrança como ginasta da seleção brasileira, no universo da graduação e pós-graduação em educação física. Experiências não faltam e com certeza credenciam as autoras e tatuam, de certa forma, a obra como referencial a ser absorvido por aqueles e aquelas que desejam trabalhar com ginástica rítmica, da iniciação ao alto rendimento esportivo. 37 A obra é constituída de quatro capítulos, sendo que no primeiro há um relato histórico da modalidade, desde sua origem enquanto método de ginástica moderna até os dias atuais, mostrando as diversas terminologias que a modalidade assumiu. As autoras optaram em apresentar os resultados da ginástica rítmica nos Jogos Olímpicos, desde sua inserção, em 1984 em Los Angeles até Londres, em 2012, nas provas de individuais e de conjunto, sinalizando o avanço desta modalidade no universo mundial esportivo. A obra apresenta também, e não podia faltar, até pela experiência e conhecimento das autoras, a situação da seleção brasileira no decorrer desses anos no panorama que citamos acima. Nos três capítulos que se seguem, podemos afirmar que há uma riqueza de informação quanto às características dos aparelhos corda, arco e bola e na sequencia a metodologia de ensino com cada aparelho, com o objetivo de ensinar o manuseio técnico. As diversas ilustrações que acompanham as explicações auxiliam no entendimento dos movimentos e com certeza é mais um referencial para os ansiosos por conhecimento nesta área. Apesar da obra, ser direcionada para o trabalho específico da ginástica rítmica fora da escola, entendo que os/as professores/as podem e devem saborear com muito gosto os saberes que Luciane e Márcia apresentam com qualidade, pois somente quem conhece um determinado esporte pode adaptá-lo para a escola, numa metodologia lúdica. E as autoras trabalham com os três aparelhos da ginástica rítmica que fazem parte do folclore infantil e com certeza devem ser explorados nas aulas de educação física escolar. É fato que ninguém ensina o que não conhece! Não há tempo e nem espaço para discurso, é hora de declarar a minha satisfação em poder indicar este livro para todos e todas que desejam aprender para ensinar com qualidade. Podem conferir! Roberta Gaio UNINOVE/UNISAL 38 Apresentação Esta produção técnica em formato de livro é o produto final de conclusão de curso apresentado no Programa de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR. A elaboração de um livro específico para profissionais da ginástica rítmica contendo processos pedagógicos para o manejo dos aparelhos corda, arco e bola como facilitadores no ensino/aprendizagem da modalidade, vem ao encontro de uma das fortes características deste programa inovador que é atender às necessidades de capacitação profissional de natureza diferenciada. A realização de elementos corporais aliados ao manejo dos aparelhos e ao acompanhamento musical exigem um trabalho harmonioso desde a iniciação e entendemos que possibilitar a compreensão das técnicas de manejo para seu desenvolvimento de forma correta e eficaz é um grande desafio. De uma forma geral, profissionais da área têm dificuldade em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos devido à complexidade da execução dos mesmos, pois se verifica um elevado nível de exigência motora. Por isso na iniciação esportiva de manejos dos aparelhos oficiais da ginástica rítmica, relacionados ou não à exigência do código, necessitamos de organização de processos pedagógicos para que as ginastas possam ter um aprendizado facilitado e eficaz na prática dos manejos e posteriormente uma correta execução destes mesmos elementos nas fases de treinamento e competição. O caminho metodológico percorrido até a finalização do livro foi fundamentado em pesquisas bibliográficas e nas análises dos resultados de pesquisa realizada com profissionais da GR em âmbito estadual e nacional sobre as dificuldades em ensinar os manejos dos aparelhos e passa também por nossas experiências de longos anos como professoras de iniciação frente ao projeto permanente de extensão universitária “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR” (*) na qual o dia a dia no projeto é ensinar os movimentos básicos da GR em especial os elementos dos aparelhos. As atividades diárias oportunizaram inúmeras tentativas de novas possibilidades de ensinar estes 39 mesmos movimentos, assim a escolha da melhor técnica de ensino foi descoberta a cada nova turma, a cada nova dificuldade encontrada por uma criança e sem dúvida a cada reflexão sobre a ação. Esta obra justifica-se pela ausência de pesquisas específicas na modalidade e também pela procura de materiais que possam auxiliar no ensinamento correto da técnica de manejo dos aparelhos e teve como suporte o projeto de pesquisa “Processos pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da ginástica rítmica” com parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEP-UNOPAR-0069/12) de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Agradecemos a contribuição recebida pelos componentes da banca examinadora professora doutora Roberta Cortez Gaio da Universidade Nove de Julho, professor doutor Cosme Franklim Buzzachera e professor doutor Denílson de Castro Teixeira ambos da Universidade Norte do Paraná. As autoras _______________________________________________ (*) O projeto “Escola de Iniciação em Ginástica Rítmica da UNOPAR – da iniciação ao alto nível” existe desde 1972 e foi criado pela professora Elisabeth Bueno Laffranchi na então FEFI - Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná. Em 1992 a FEFI passou a chamar-se UNOPAR – Universidade Norte do Paraná e nesta década tornou-se sede da seleção brasileira de conjuntos por vários anos, conquistando dois títulos dos Jogos Pan-americanos (1999 e 2003) e duas finais olímpicas na modalidade de conjunto (2000 e 2004). O projeto atende meninas de cinco a 16 anos e tem como objetivos promover o desenvolvimento da GR em Londrina, detectar novos talentos, capacitar profissionais e ainda popularizar a modalidade. Conta com polos externos para atendimento à comunidade e estima-se que aproximadamente 15.000 ginastas passaram pelo mesmo no decorrer destes anos. 40 Sumário 1 Primeiro capítulo: Ginástica rítmica .............................................41 Histórico e características...............................................................................42 Processos de aprendizagem e a GR...................................................................45 2 Segundo capítulo: Aparelho Corda..................................................... 49 Técnicas de execução do aparelho corda........................................................53 Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais da corda................................................................................................................ 61 3 Terceiro capítulo: Aparelho Arco........................................................74 Técnicas de execução do aparelho arco..........................................................76 Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais do arco...................................................................................................................83 4 Quarto capítulo: Aparelho Bola...........................................................98 Técnicas de execução do aparelho bola........................................................101 Processos pedagógicos para os grupos técnicos fundamentais da bola................................................................................................................. 107 5 Bibliografia...........................................................................................120 41 Primeiro Capítulo Ginástica Rítmica 42 Histórico e características A ginástica rítmica ou GR é uma modalidade praticada individualmente ou em conjunto que tem como principal característica a utilização de aparelhos manuais específicos que são a corda, o arco, a bola, as maças e a fita, em um espaço próprio de 13x13 metros. A execução do manejo destes aparelhos exige habilidade que se conquista a partir da prática de exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos elementos técnicos de forma correta. 32 A GR tem suas raízes na ginástica moderna que surgiu no século XIX com influência de diversos estudiosos presentes em diferentes áreas do conhecimento, 24, 25,50 como Françoise Delsarte que trouxe para a ginástica a expressão dos sentimentos por meio dos elementos corporais, Émile Jacques Dalcroze que desenvolveu uma relação íntima entre os movimentos corporais e a música, Rudolf Bode que primeiramente utilizou os aparelhos na ginástica e por último Henrich Medau que adaptou todas as ideias que surgiram durante a evolução da ginástica com a criatividade e exploração dos aparelhos de forma livre. 18,19 Seguindo o contexto histórico a ginástica rítmica surge como um esporte feminino em 1952 quando foi criada a Liga Internacional de Ginástica Moderna (LIGIM) com o objetivo de divulgar a modalidade em apresentações e competições. 25,48 Pouco mais de uma década após o surgimento da LIGIM, a ginástica moderna tornou-se independente e realizou seu primeiro campeonato mundial no ano de 1963 em Budapeste, na Hungria. 4,6, 27,28 Em 1967, a ginástica moderna já contava com provas individuais e conjuntos com os aparelhos corda, arco e bola e em 1970 foi criado o primeiro código de pontuação já pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), criada em 1921 e que até os dias de hoje é o principal órgão que rege a modalidade. 16 Já em 1971 foi introduzido o aparelho fita como exercício obrigatório em competições, em 1972 a ginástica moderna passa a se chamar ginástica rítmica moderna e em 1973 o aparelho maças também surge como exercícios obrigatórios. 42 No ano de 1975 a modalidade passa a ser denominada como ginástica rítmica desportiva. 12,13, 46 A então ginástica rítmica desportiva (GRD) teve sua inclusão nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles nos EUA somente com apresentações da modalidade individual e devido a um boicote liderado pela antiga União das Repúblicas Socialistas 43 Soviéticas, os países do leste europeu com tradição na modalidade não compareceram, assim a medalha olímpica ficou com a ginasta Lori Fung do Canadá, país sem muita expressividade na modalidade na década de 1980. Nesta edição tivemos a participação da ginasta brasileira Rossane Favilla Ferreira do Rio de Janeiro. 18 Nos Jogos Olímpicos seguinte, em 1988 realizados em Seul na Coréia do Sul, a modalidade ganhou muitos admiradores com a participação de vários países, a campeã foi Marina Lobatch da URSS e não houve a participação de nenhuma ginasta brasileira. 45 Em 1992, os Jogos Olímpicos de Barcelona na Espanha foi o último a apresentar somente a prova de individual, a campeã foi a ginasta Alessandra Timochenko representando a Comunidade dos Estados Independentes (entidade que abrigou atletas da URSS durante a separação das repúblicas) e pela segunda vez tivemos a participação do Brasil com a ginasta Marta Cristina Schonhosrt de São Paulo. 11 A última edição dos Jogos Olímpicos com a nomenclatura de GRD foi em 1996 na cidade de Atlanta, EUA sendo a ginasta Ekaterina Serebrianskaya da Ucrânia campeã individual. Este evento também registrou a inclusão das provas de conjunto no qual a equipe da Espanha se sagrou campeã, sem nenhuma participação brasileira nestes jogos. 50 Em 1998 a modalidade mais uma vez passa por mudanças em sua nomenclatura assumindo a denominação de ginástica rítmica ou simplesmente GR como é conhecida até o momento, 16 Nos Jogos Olímpicos de 2000 realizado em Sidney na Austrália a GR teve a participação do conjunto brasileiro pela primeira vez, que na ocasião se destacou no cenário mundial conquistando uma vaga na final olímpica e terminado na oitava posição, a equipe campeã foi da Rússia e a ginasta campeã no individual foi Yulia Barsukova também da Rússia. Nos Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas na Grécia, o Brasil novamente foi representado com a equipe de conjunto e repetiram o feito de 2000 terminando na oitava posição e mais uma vez o conjunto da Rússia sagrou-se campeão com a também russa Alina Kabaeva campeã individual.45 Nas duas últimas edições, de 2008 em Pequim na China e 2012 em Londres na Inglaterra, não houve alterações no podium sendo o primeiro lugar no conjunto a Rússia e a ginasta russa Eugenia Kanaeva bicampeã olímpica, tivemos a participação do conjunto brasileiro em 2008, terminando na décima segunda posição e em 2012 o Brasil não conquistou a vaga olímpica. 50 Organizamos um quadro com os resultados das competições individuais e de conjunto nas edições dos Jogos Olímpicos de 1984 a 2012 para melhor visualização. 44 Individual 1984 Los Angeles Conjuntos 1º Lori Fung – CAN X 2º Doina Stainculescu – ROM X 3º Regina Weber – GER X Participação da ginasta brasileira Rosane Favilla – RJ 1988 Seul 1992 Barcelona 1º Marina Lobatch – URS X 2º Adriana Dounavska – BUL X 3º Alexandra Timochenko - URS X 1º Alexandra Timochenko - URS X 2º Carolina Pascual – ESP X 3º Oksana Skaldina – EUN X Participação da ginasta brasileira Marta Cristina Schonhorst – SP 1996 Atlanta 2000 Sidney 1º Ekaterina Serebrianskaya – UKR 1º Espanha 2º Yanina Batirchina – RUS 2º Bulgária 3º Elena Vitrichenko – UKR 3º Rússia 1º Yulia Barsoukova – RUS 1º Rússia 2º Yulia Raskina – BLR 2º Bielorussia 3º Alina Kabaeva – RUS 3º Grécia Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação 2004 Atenas 1º Alina Kabaeva – RUS 1º Rússia 2º Irina Tcachina – RUS 2º Itália 3º Anna Bessonova – UKR 3º Bulgária Participação do conjunto do Brasil – 8ª colocação 2008 Pequim 1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia 2º Inna Zhukova – BLR 2º China 3º Anna Bessonova – UKR 3º Bielorussia Participação do conjunto do Brasil – 12ª colocação 2012 Londres 1º Eugenia Kanaeva – RUS 1º Rússia 2º Daria Dmitrieva – RUS 2º Bielorussia 3º Liubou Charkashyna – BIE 3º Itália Fonte: Federação Internacional de Ginástica, 2014. 45 Ao longo dos anos a GR que ainda é praticada apenas por mulheres em nível competitivo vem evoluindo na perspectiva de apresentar técnica e beleza ao público, pois é uma modalidade em que são determinadas suas formas artísticas por meio dos elementos corporais e dos aparelhos que foram introduzidos ao longo desta evolução, sendo ambos intimamente relacionados com o caráter e harmonia musical. Com boa receptividade na participação em Jogos Olímpicos, observa-se que a FIG vem apresentando mudanças na organização da modalidade como, por exemplo, aumentar o número de vagas para os conjuntos que têm grande aceitação do público, possibilitar a utilização de músicas com palavras e também alterações na forma de avaliar com o intuito de diminuir a subjetividade entre os árbitros e facilitar o entendimento dos leigos valorizando as transmissões da mídia em geral. 15 Para tanto, recentemente promoveu alterações no código de pontuação favorecendo a utilização dos aparelhos, que por algum tempo ficou em segundo plano. 3, 32 Processos de aprendizagem e a GR Os aparelhos da ginástica rítmica exigem das ginastas um bom desenvolvimento já no processo de aprendizagem devido a grande variedade de movimentos que podem ser executados com os mesmos, desde cedo é interessante adquirir domínio dos movimentos corporais aliados à técnica dos manejos. A execução correta dos manejos é adquirida com tempo, experiência e treinamento. No início, como em qualquer modalidade esportiva o desenvolvimento se dá pelas vivências motoras diversificadas sem situações motoras específicas que requer muita concentração, assim facilitando o processo de aprendizagem. 44 O processo de aprendizagem pode ser dividido em três fases: cognitivo, associativo e autônomo. Na fase cognitiva há o recebimento de informação específica para a aquisição da habilidade trabalhada e percebe-se um desempenho altamente inconsistente, o principal fator é compreender o objetivo e a atividade estabelecida, decidindo o que fazer e quando fazer.17 Nesta fase a ginasta passa por um período de conhecimento dos movimentos, não atingindo a técnica correta do mesmo. Na fase associativa a pequena ginasta começa a detectar seus erros ao desempenhar a tarefa, obtém uma menor variabilidade nas respostas e assim passa por um refinamento da habilidade, nesta fase há uma organização mais eficiente nos padrões de 46 movimento. 17 Na última fase conhecida como autônoma a mesma apresenta habilidades quase automáticas e os ajustes necessários para a correção dos erros são realizados aqui. Esta fase é o resultado de grande quantidade de treino e prática dos movimentos. 17 A quantidade de repetições é decisivo para o progresso na aprendizagem e o envolvimento intelectual é um importante requisito para o estímulo da coordenação, como também o direcionamento da atenção para as particularidades da execução do movimento. 34 Aqui as ginastas são capazes de produzir suas ações praticamente sozinhas com pouca ou nenhuma ajuda. 23 O domínio de novas formas de movimento oferece informação sobre a percepção de si mesma e do mundo que a cerca, 22 podendo apresentar movimentos precisos, individualidade definida, trabalho rápido e se concentrar nas atividades agindo sem dificuldades nas tarefas com domínio das técnicas que usa. 26 O treinador ou professor tem muita importância no período de desenvolvimento, tendo que estar sempre atento às necessidades das crianças para o processo de aprendizado, devendo proporcionar oportunidades e orientação que possibilitem um bom desenvolvimento no seu comportamento motor. 47 Na primeira fase da aprendizagem, a cognitiva, o treinador deve oferecer informações verbais e visuais, dando uma ideia global da habilidade a ser executada. 17 Os métodos globais e parciais são amplamente discutidos em aprendizagem, grande parte dos estudos sugerem a utilização do método global no início da aprendizagem do movimento para que a criança possa visualizar o movimento por completo, e executar com suas próprias características, criatividade e imaginação na manipulação dos aparelhos. 39 A iniciação em ginástica rítmica tem uma boa vantagem a seu favor, pois também possibilita a execução de movimentos da cultura infantil que são encontrados em brincadeiras e jogos, favorecendo desde cedo variadas vivências motoras, sem exigir a precocidade na habilidade proposta. 2 Muitas vezes devido ao escasso tempo dos treinadores, as fases de aprendizagem são ignoradas em detrimento da necessidade de um rápido desempenho competitivo, se esquecendo do processo e partindo diretamente ao produto final. 9 O processo do movimento lida com a técnica de execução ao realizar um movimento específico e o produto diz respeito ao resultado da ação. 33 O desenvolvimento da ginasta passará por uma alternância de estágios maduros, para estágios imaturos e novamente para estágios 47 maduros. 33 O fato da ginasta atingir ou não o estágio amadurecido dependerá do ensino e das oportunidades com a prática, devendo o treinador ou professor direcionar as atividades para o aperfeiçoamento do desenvolvimento motor e apresentar diversas possibilidades de execução do movimento para assim adquirir uma boa consistência motora. 20, 21 Algumas dicas motoras favorecem ao aprendizado das ginastas, facilitando e motivando as pequenas e oportunizando um aprendizado eficiente e divertido. 10 A prática em partes, conhecida como método parcial pode ser eficiente quando se trata de aprender movimentos que são combinados para formar uma sequencia como, por exemplo, trabalhar os elementos corporais e os elementos dos aparelhos juntos. 30,41,43 O método parcial faz com que as ginastas reproduzam os movimentos de forma isolada com o foco de uma boa execução do movimento específico, com objetivo de resultado imediato. 43 Podemos citar também o método misto, uma junção entre o parcial e global, em que primeiramente é importante que a ginasta tenha uma noção globalizada do processo e posteriormente obtenha uma fundamentação parcial, até o pleno domínio do movimento. 49 Esse método pode ser a melhor forma de alcançar resultados positivos na execução correta dos movimentos, na medida em que o método global facilita a aprendizagem num todo, mas não consegue resolver os problemas de execução e aplicação do movimento técnico e o método parcial permite refinar esses pormenores, centralizando a atenção da ginasta no detalhe da execução técnica. 36 Independente dos métodos utilizados no processo ensino/aprendizagem na GR o treinador ou professor deve organizar de forma cuidadosa e refletida seu planejamento e proporcionar situações de aprendizagem válidas, consistentes e duradouras para a ginasta. 8,36 A proposta que apresentamos neste livro tem exatamente o objetivo de atingir os profissionais da área que encontram dificuldade em ensinar o manejo dos aparelhos da ginástica rítmica (corda, arco, bola) devido à falta de experiência, desconhecimento e principalmente a ausência de apoios didáticos adequados que apresentem um processo pedagógico fundamentado como facilitador do processo ensino/aprendizagem em ginástica rítmica, pois há pouca publicação nesta área que atenda a estas necessidades. Esperamos preencher uma lacuna existente no âmbito pedagógico da GR apresentando 48 subsídios para treinadores, professores de iniciação esportiva, acadêmicos e demais estudiosos da modalidade desenvolver seus trabalhos. Assim, a partir da organização dos conteúdos apresentados nos próximos capítulos esperamos contribuir para o desenvolvimento deste esporte, pois acreditamos que quanto mais pesquisas e mais publicações expostas no mercado mais subsídios estarão à disposição de todos garantindo um futuro de qualidade para a GR em nosso país. 49 Segundo Capítulo Aparelho corda 50 O aparelho corda é o primeiro na ordem olímpica estabelecida pela FIG dentre os demais utilizados na GR e esteve presente pela primeira vez no terceiro campeonato mundial da modalidade, realizado em 1967 em Copenhague na Dinamarca. Nas competições de conjunto sua aparição foi durante o sexto campeonato do mundo em Rotterdam na Holanda em 1973 3, na ocasião as equipes de conjunto contavam com seis ginastas titulares. Atualmente a corda não aparece nas competições individuais da categoria adulta, os demais quatro aparelhos são fixos para as competições desta categoria desde 2009, embora nenhum documento tenha sido publicado pela FIG, acreditamos que isso se deve a pouca visibilidade da corda, principalmente ao ser transmitido pela televisão, seus movimentos ágeis e dinâmicos dificultam uma boa imagem no vídeo o que possivelmente também colaborou anteriormente com a proibição da utilização de corda na cor branca. Nas competições de conjunto e em outras categorias, consideradas de base, a corda continua como aparelho oficial, até porque ela oferece subsídios básicos aos movimentos para todos os outros aparelhos, em especial com grande contribuição para o desenvolvimento do ritmo e da ambidestralidade. O comprimento da corda deve ser adequado ao tamanho da ginasta, a mesma deve segurar nas duas extremidades e pisar ao centro da corda para que as pontas cheguem à altura dos ombros e assim aplicar um nó em cada ponta. Sua cor pode variar de acordo com o interesse da ginasta (menos a cor branca), levando-se em consideração a escolha da música e do collant para o momento da competição. De fácil aplicabilidade, podemos trabalhar na iniciação com cordas de sisal, nylon, barbante, cânhamo ou qualquer outro tipo diferenciado de material, sua espessura deve ser uniforme ou reforçada ao centro. 45 Cordas confeccionadas com retalhos de tecidos são ótimas opções para a iniciação e para a utilização nas escolas a um custo zero. Podemos observar nas imagens 1 e 2, o comprimento da corda e seus nós. Logo após dar o nó nas extremidades, as pontas deverão ser queimadas para evitar que desfiem, aumentando assim a vida útil do aparelho. 51 O aparelho corda geralmente é o primeiro a ser ensinado para as crianças e a partir deste a criança terá facilidade em realizar transferência de aprendizagem para os demais aparelhos. 5,6,7,37 A transferência de aprendizagem pode ser definida como a aplicação efetiva no trabalho do conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos em ação instrucional 44 e também como mudanças no indivíduo verificadas em atividades e situações diferentes daquelas em que ocorreu a aquisição.1 A corda possibilita a realização de diversos movimentos conhecidos pelas crianças, como brincar de pular a corda que desenvolve o sentido rítmico e o controle do corpo, tão necessários na prática da GR e executados com facilidade pelas crianças. 6 O ritmo é desenvolvido a todo momento, pois o aparelho corda exige das crianças uma boa percepção de si mesma e do aparelho em questão, adquirindo assim um domínio maior do corpo e consequentemente auxiliando para os próximos aparelhos. Várias são as possibilidades de manejar a corda, ao longo dos anos novos exercícios foram surgindo e outros aprimorados o que contribui constantemente para a evolução da modalidade, pois a cada novo ciclo surge elementos originais e que são valorados de diferentes formas. Os movimentos específicos para a prática da ginástica rítmica são denominados de “elementos técnicos do aparelho” e os encontramos no código de pontuação do 13º ciclo da modalidade (FIG, 2013/2016) com o título de Grupos Técnicos Fundamentais do Aparelho e Outros Grupos Técnicos do Aparelho, conforme o quadro abaixo. 15 52 Grupos técnicos fundamentais do aparelho corda Passagem através da corda com um salto, corda girando para frente, para trás ou lateralmente. Passagem através da corda com uma série de saltitos (três saltitos no mínimo), corda girando para frente, para trás ou lateralmente. Escapadas e espirais. Outros grupos técnicos do aparelho corda Série (mínimo três) de rotações, corda dobrada em dois. Uma rotação da corda aberta, estendida, segura pelo centro ou pela ponta. Lançamento e recuperação. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo. Movimentos em “oito” movimento amplo do corpo. Grandes circunduções. Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna (s). Enrolamentos, quicadas. com Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) O código de pontuação de GR apresenta os elementos técnicos de cada aparelho, mas não os define ou explica como devem ser executados. Tem sido assim nas últimas publicações, o que é compreensível, pois o código tem como um de seus objetivos desde 1999 divulgar apenas normas relativas à pontuação e não normas técnicas.32 Por este motivo há a necessidade de descrever e difundir as respectivas definições de tais elementos, que faremos no decorrer deste capítulo. Existem alguns movimentos clássicos do aparelho corda que não aparecem no atual código de pontuação; como os véus e os balanceios, mas que são importantes para se adquirir um bom manejo, no qual o praticante desenvolve maiores habilidades com o aparelho obtendo assim um melhor resultado para os movimentos exigidos em uma coreografia. 53 TÉCNICAS DE EXECUÇÃO DOS MANEJOS DO APARELHO CORDA 1. Empunhadura - A corda deve ser segura levemente de forma que tenha toda a mobilidade necessária para a execução dos elementos próprios do aparelho. O manejo do aparelho pode ser realizado por uma ou duas mãos de diferentes formas, ou seja, nas extremidades, no centro, uma mão ao centro e outra na extremidade. A corda pode estar totalmente aberta ou dobrada em duas, três ou quatro partes, quando segura pelas extremidades, ou seja, pelos nós, os mesmos devem ficar escondidos na palma da mão e encaixados entre o indicador e o polegar. Há a possibilidade de realizar movimentos independentes com outras partes do corpo ou ainda elementos mistos em que uma mão segura uma determinada parte da corda enquanto outra parte do corpo realiza a ação, muito comum nos elementos de enrolamento no corpo. 2. Balanceios – A empunhadura é pelas extremidades (nós), o aparelho deve realizar um movimento de “vai e vem” contínuo mantendo sempre o desenho da letra “U” sem tocar o solo e mantendo os cotovelos com uma pequena flexão. Os balanceios podem ser realizados no plano vertical, lateral, oblíquo ou horizontal e é importante que todo o corpo acompanhe o movimento com o intuito de dar a fluência desejada na execução dos mesmos. 54 3. Circunduções – Para executar as circunduções (o código do 13º ciclo traz como: grandes circunduções) a corda pode estar aberta ou dobrada e segura por uma ou duas mãos, estes movimentos se caracterizam pela ação da articulação do ombro e quando executados com ambas as mãos exigem participação ampla do tronco. 4. Rotações – As rotações podem ser realizadas com a corda dobrada em duas partes ou ainda com a corda totalmente aberta segura pelo centro ou pela extremidade. No caso da corda dobrada, os dois nós deverão estar seguros pela mesma mão e a corda pode girar para frente, para trás, oblíquo ou lateral com uma velocidade variada. A realização da rotação é feita pela força dos punhos, apenas nos casos de corda aberta segura por uma das pontas é que o impulso inicial pode ter auxílio do braço e em seguida volta a ser uma ação isolada do punho. 5. Movimentos em “oito” – Segue o princípio da rotação, mantendo um ou dois braços estendido à frente do corpo na altura do ombro e é o punho que realiza o movimento de rotação, porém com alternância de lados direita/esquerda. Mantendo o braço acima 55 da cabeça o movimento passa a ser frente/trás. Também pode ser realizado no plano oblíquo com uma rotação à frente e abaixo da cintura e em seguida acima da cabeça. Estes movimentos caracterizam-se pela fluência e continuidade dos mesmos e em ambos os casos desenham o número “oito” imaginário na posição vertical ou horizontal. 6. “Véus” – Os movimentos de “véus” são realizados a partir dos movimentos em oito, porém neste caso há a utilização ampla dos membros superiores e do tronco ao passar a corda com alternância de amplitude ora aberta ora fechada. 7. Escapada e recuperação de uma das pontas da corda - Realizados com ambas as mãos, uma das pontas da corda é solta enquanto a outra extremidade fica segura pelos nós, o retorno de ser rápido para a ginasta. 56 8. Espirais – Com uma das pontas da corda na mão a ginasta realiza desenhos diferentes com a corda conforme o impulso dado para a outra extremidade. As espirais são realizadas com três ou mais giros da corda e podem ter início a partir de uma escapada. 9. Lançamentos e recuperações - Esses elementos na corda em geral são coordenados inicialmente com movimentos de rotação, e no momento em que o aparelho sai das mãos o corpo todo deve acompanhar o movimento. Os braços e os dedos devem ficar estendidos esperando o retorno para a execução de uma recuperação tecnicamente correta. Os lançamentos podem ser realizados com as mãos ou pés, com a corda dobrada, aberta ou ainda com um nó unindo as duas pontas, já as recuperações são as mais variadas possíveis: recuperar nas duas ou apenas uma das extremidades; de forma mista, ou seja, uma ponta em uma mão e a outra no pé; diretamente com uma passagem por dentro em salto ou saltito; com enrolamentos em diferentes partes do corpo; etc. 57 10. Nó para lançamentos – Segurando nas duas extremidades da corda (nós) ao cruzar as mãos irá desenhar um “X’ com a corda, passando uma ponta por dentro do desenho do “X” e por fim unindo as duas pontas, assim teremos um nó. A partir deste movimento inicial há muitas possibilidades de realizar o nó na corda que geralmente é utilizado para lançamentos que requerem grande altura. 11. Saltitos por dentro da corda – A corda deve ser segura pelos nós e a ginasta deve manter os cotovelos próximos ao corpo na altura da cintura, o movimento será conduzido pelos punhos sem inclinação do tronco para frente. Os saltitos se caracterizam como pequenos saltos que não necessitam de grande elevação do centro de gravidade e podem ser executados de diferentes formas, (com um pé, dois pés, no lugar, em deslocamento) coordenados com a passagem por dentro da corda: para frente, para trás e lateralmente; com braços cruzando e descruzando; com duplo giro 58 da corda a cada passagem; com giro do corpo e alternância de direção a cada passagem. Os saltitos são realizados em série de três no mínimo, o que significa que para valer como tal deverá haver três passagens pela corda de forma contínua e durante a execução dos mesmos a corda não deve tocar o solo. 12. Saltos por dentro da corda – A corda deve ser segura pelos nós e a ginasta deverá realizar no momento do salto uma boa amplitude dos braços para que o aparelho não tenha contato com o corpo ou o solo durante o movimento. Os saltos são caracterizados por um momento de suspensão no ar claramente visível. Todos os tipos de saltos podem ser executados com a corda girando para frente, para trás ou lateralmente. É possível realizar saltos com passagem pela corda dobrada em duas partes, as exigências são as mesmas, porém é mais utilizado para saltos com saída dos dois pés. ____________________________________________ 59 13. Salto duplo por dentro da corda – a partir do salto por dentro da corda, realizar duas vezes a passagem da corda durante um único salto. 14. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo – Equilibrar o aparelho em uma parte reduzida do corpo que não seja as mãos como, por exemplo, o pescoço ou os pés. Deve haver uma relação corpo e aparelho com um risco de perda do mesmo, por isso no caso da corda sempre é utilizado durante um elemento de rotação e o aparelho não pode estar encaixado/preso/enrolado em nenhuma parte do corpo. 15. Transmissão do aparelho – As transmissões podem ser executadas com a corda aberta ou dobrada passando ao redor ou debaixo de uma parte do corpo com a troca entre as mãos, ou de uma das mãos para outra parte do corpo ou ainda vice versa. 60 16. Quicadas – Com um nó seguro na mão e o outro no chão e a corda estendida à frente, a ginasta realizará uma circundução ampla (para frente e para baixo) com o braço que está segurando a corda, batendo o nó da corda no solo, assim ele vai “quicar” e retornar para a outra mão que está livre. 17. Enrolamento – Segurando um nó da corda em cada mão deixar um braço estendido ao lado do corpo e o outro na altura do peito a frente do corpo. O braço que está ao lado do corpo realiza a enrolada da corda em volta do braço, deixando a corda toda enrolada no braço, pode ser realizado em outros segmentos corporais. 61 PROCESSOS PEDAGÓGICOS PARA OS GRUPOS TÉCNICOS FUNDAMENTAIS DO APARELHO CORDA 1. Saltitos coletivos: com duas pessoas segurando as extremidades da corda para realizar o movimento de ondas na corda (cobrinhas) pedir para que as ginastas passem pela corda primeiramente da forma que desejar e em seguida com diversos tipos de saltitos, sem que as mesmas toquem na corda. Repetir com o movimento de balanceio do aparelho (vai e vem), *variações: saltitar de frente, lado e costas. 2. Saltitos coletivos 2: com duas pessoas segurando as extremidades da corda pedir para que a ginasta se posicione ao lado da corda, realizar a circundução completa do aparelho para que a mesma possa saltitar a corda, de diversas maneiras. O mesmo movimento deve ser repetido, porém a ginasta iniciará o saltito já com a corda em movimento (como chamamos nas brincadeiras cantadas “entrar na corda”). *variações: saltitar de frente, lado e costas. 62 3. Saltito livre: segurando sua própria corda nas extremidades com as duas mãos, braços ligeiramente abertos à frente do corpo, realizar movimentos de balanceio (vai e vem) para frente e para trás enquanto saltita por cima da mesma. 4. Saltito livre 2: segurando sua própria corda nas extremidades com as duas mãos, realizar os movimentos de pular a corda livremente (sozinha), ainda sem correções de braços e pernas. 5. Saltito estendido de frente: em pé com a corda atrás do corpo, um nó em cada mão e os braços estendidos e levemente afastados ao lado do corpo, a ginasta realizará o impulso da corda para frente e em seguida o saltito com joelhos estendidos passando por cima da corda, a condução do movimento dos demais saltitos será realizado apenas pelos punhos. A corda não deve tocar o solo e a sequencia de saltitos deve ser contínua. *variações: com um pé, grupados, galopes, tesouras. 63 6. Saltito cruzado de frente: em pé com a corda atrás do corpo e os braços estendidos levemente afastados ao lado do corpo, a ginasta realizará o impulso da corda para frente e em seguida o saltito passando primeiramente com os braços abertos, na sequencia a ginasta irá cruzar os braços quando a corda começar a descer na frente do corpo formando um “X” com os braços deixando a corda com espaço suficiente para a passagem de todo o corpo. Manter os braços cruzados até a corda estar de novo em cima da cabeça; descruze os braços e passe novamente com a corda aberta e assim sucessivamente. A corda não deve tocar o solo e o movimento depois de compreendido deve ser fluente. 7. Saltito estendido para trás: em pé com um nó da corda em cada mão e com a corda à frente do corpo, braços estendidos e afastados na largura dos ombros a ginasta irá realizar o impulso dos braços para trás com circundução total dos mesmos e passar 64 pelo saltito com joelhos estendidos. Os próximos saltitos serão executados apenas com a condução dos punhos. A corda não deve tocar o solo e os saltitos devem ser contínuos. *variações: com um pé, grupado, galope, cabriole. 8. Saltito cruzado para trás: a diferença do saltito cruzado para trás em relação ao saltito cruzado para frente é apenas a direção do movimento da corda, pois os braços continuam cruzados na frente do corpo em forma de “X” e o movimento deve ser de cruzar e descruzar os braços a cada saltito. OBS: O maior erro na execução deste elemento é querer cruzar os braços atrás do corpo, o que não é possível, uma vez compreendida esta ação, os saltitos deverão ser realizados de forma contínua sem que a corda toque o solo. ___________________________ 65 9. Saltito com movimento em “oito” da corda: em pé, pernas unidas, um nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente como nos demais exemplos, para realizar a passagem da corda deverá girar seu tronco para um dos lados (direita ou esquerda) enquanto abre os braços e assim passará por dentro da corda lateralmente executando o saltito e finalizando o movimento em pé, mais uma vez o movimento realizado é dos punhos. 10. Saltito galope frente/trás com giro da corda: em pé, pernas unidas, segurando um nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente (como nos demais exemplos) realizar um saltito com a passagem da corda para frente, na sequencia girar o corpo e a corda para o mesmo lado dando continuidade ao movimento da corda passando a mesma por trás enquanto repete o saltito de costas, mais uma vez o movimento realizado é dos punhos. 66 11. Saltito com duplo giro da corda: encima do banco sueco, em pé, pernas unidas, um nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente como nos demais exemplos, abrir os braços e “pular” para frente e para cima passando por dentro da corda executando duas passagens da corda por baixo do corpo durante um único saltito e finalizando o movimento em pé no solo, neste caso o movimento deve ser apenas dos punhos com muita agilidade. Executar este movimento primeiramente saindo de uma superfície mais alta facilita a passagem dupla da corda durante um único saltito e auxilia no entendimento deste elemento complexo. *variações: no solo, estendido, grupado, com um pé. 12. Salto coletivo: com duas pessoas segurando as extremidades da corda que deverá estar bem estendida na altura dos joelhos, pedir para as ginastas passarem por cima da corda com saltos livres, depois com a corda em movimento (balanceio) e aos poucos ir aumentando a altura da corda, por fim poderá utilizar a mesma técnica para os saltos específicos da GR. 67 13. Salto coletivo 2: com duas pessoas segurando as extremidades da corda e realizando a circundução completa da mesma, pedir para a ginasta passar pela mesma com saltos variados e aos poucos ir inserindo saltos específicos da GR. *variações: de frente, lateralmente e costas, iniciando com impulso de um ou dois pés. 14. Salto espacato (impulso de um pé): em pé, pernas unidas, segurando um nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta realizará um movimento em “oito” para frente no momento do saltito chassé (movimento preparatório para o salto), abrirá os braços à frente na altura os ombros enquanto dá um passo e passará por dentro da corda com o impulso de um pé no salto espacato e finalizando o movimento em pé. * variações: corza, cossaco, em círculo. 68 15. Salto corza (impulso de dois pés): em pé, pernas unidas, segurando um nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta realizará um movimento em “oito” com a corda girando para frente, abrirá os braços na frente do corpo na largura dos ombros e passará por dentro da corda com o impulso dos dois pés no salto corza e finalizando o movimento em pé. *variações: grupado, cossaco, em círculo. 16. Salto arqueado para trás: em pé, braços à frente e afastados na largura do quadril segurando um nó em cada mão, a ginasta realizará um impulso com os dois pés para a execução do salto arqueado e executará uma passagem da corda para trás com grande amplitude e extensão total dos braços, finalizando em pé. *variações: corza em círculo, boucle, em círculo com um pé na cabeça. 17. Salto cabriole lateralmente: em pé, pernas unidas, segurando um nó da corda em cada mão com os braços estendidos à frente na altura dos ombros, a ginasta realizará 69 um movimento em “oito” com a corda girando para frente como nos demais exemplos, porém ao dar o passo para realizar a passagem da corda deverá girar seu tronco para um dos lados (direita ou esquerda) enquanto abre os braços e assim passará por dentro da corda lateralmente com o impulso de um dos pés executando o salto cabriole e finalizando o movimento em pé, mais uma vez o movimento realizado é dos punhos. *variações: cabriole estendido a frente e carpado. 18. Escapada (preparatório) - puxada de uma ponta: em pé, segurando uma ponta da corda com o braço estendido ao lado do corpo e a outra ponta da corda estendida no solo para trás, a ginasta irá realizar uma puxada para frente, subindo o braço estendido até a altura dos ombros e recuperando com a mão que está livre com a palma da mão para cima. 19. Escapada (preparatório) – batida no solo: em pé, com a corda segura por uma mão e toda estendida no solo à frente do corpo, realizar uma circundução do braço ao lado 70 do corpo de baixo para cima até a corda voltar à frente novamente, batendo o nó da corda no solo e recuperando com a outra mão logo em seguida. 20. Escapada (preparatório) – troca das pontas: em pé, com a corda toda estendida no solo e a frente, segurando uma ponta da corda com o braço também estendido à frente, a ginasta irá realizar um impulso para cima com o braço que está segurando uma ponta (nó), realizando meia volta com a corda no ar, trocando as pontas (nós). 21. Escapada na vertical: em pé, segurando um nó em cada mão com o braço direito estendido ao lado do corpo na altura do ombro e o esquerdo na frente do corpo alinhado à cintura, ou seja, a corda está toda do lado direito do corpo. A ginasta irá realizar uma circundução ampla dos braços para trás (passando pela frente e por cima da cabeça) e quando finalizar a circundução os braços retornam à posição do lado direito, mas agora o esquerdo está atrás do corpo, neste momento a ginasta irá soltar a ponta da corda na altura da cintura (mão esquerda) dando um impulso para frente com a mão direita para em seguida recuperar a ponta com a mão esquerda. A ponta da corda não pode tocar o solo no momento da escapada. 71 22. Escapada na horizontal: em pé, segurando um nó em cada mão com um braço ao lado do corpo estendido na altura do ombro e o outro na frente do corpo na altura da cintura, a ginasta irá realizar uma circundução do braço estendido por cima da cabeça e pela lateral; passará o braço que está a frente para trás do corpo. Logo que o braço da frente chegar atrás a ginasta irá soltar a ponta da corda na altura da cintura e o outro braço que está segurando a ponta da corda irá realizar um volta com a corda abaixo e à frente do corpo e logo em seguida puxar para cima a ponta da corda recuperando com a mão que está livre. 23. Espiral: em pé, segurando um nó da corda e o outro já solto no solo a ginasta irá realizar movimentos circulares com o braço e em seguida apenas com o punho, desenhando espirais com a corda para o lado de dentro e depois para o lado de fora. 72 24. Espiral em baixo e cima: o processo inicial é idêntico da escapada, porém a ponta da corda não necessita retornar para a outra mão, a ginasta irá soltar a ponta da corda por trás da cintura e o outro braço que está segurando a corda irá realizar uma espiral com a corda embaixo e à frente do corpo e logo em seguida eleva o braço realizando duas voltas da corda em cima da cabeça, abaixar rapidamente o braço e realizar mais uma volta embaixo, e logo puxar a ponta livre para recuperar. Quando o braço está acima da cabeça o movimento é realizado pelo punho dando a ideia de um laço de rodeio, a corda pode tocar o solo, mas não deve tocar o corpo. Não há número máximo de espirais, devem ser realizadas de acordo com a música e a ideia da composição. 25. Espiral ao lado: a partir da escapada vertical, logo que o braço da frente chegar atrás a ginasta irá soltar a ponta da corda na altura da cintura levando a mão que está 73 segurando a ponta da corda a realizar uma volta da corda no ar do lado contrário da mão, em seguida passar a mão por trás da cabeça e realizar mais duas voltas do mesmo lado da mão que está segurando a corda e recuperar a ponta com a mão que está livre. A ponta da corda não pode tocar o solo no momento da escapada. "Como a Ginástica Rítmica é um esporte em que a complexidade dos movimentos do corpo e do aparelho é grande, e a ânsia pelo aprimoramento e aperfeiçoamento da execução é constante, deve-se buscar a técnica de base correta desde os primeiros dias da ginasta dentro do ginásio" 28 74 Terceiro Capítulo Aparelho arco 75 O aparelho arco assim como a corda também é de fácil introdução junto às crianças, é tradicionalmente conhecido como “bambolê” na qual as meninas em especial têm o hábito de brincar desde cedo, também é muito utilizado nas aulas de educação física escolar. O arco oficial para competições de ginástica rítmica é de plástico PVC ou madeira, mede de 80 e 90 cm de diâmetro e com um peso mínimo de 300 gramas, seu contorno pode ser circular, quadrado, retangular ou ovalado, podendo ser encapado de várias cores ou simplesmente de uma cor só. 3,35 Para as categorias de base podemos utilizar o arco de 60 a 75 centímetros, substituído facilmente por um de mangueira grossa com uma pequena emenda para unir as extremidades. O arco com este formato que conhecemos surgiu ainda na Ginástica Moderna quando Henrich Medau (1890-1974) utilizou-os para formar os “anéis olímpicos” em uma apresentação nos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936.5 Mas somente 30 anos depois a Federação Internacional de Ginástica incluiu este aparelho durante o terceiro campeonato mundial realizado em Copenhague na Dinamarca em 1967, sendo apresentado nas coreografias individuais e de conjunto. Foi a primeira vez que a modalidade de conjunto apareceu em competições oficiais. 3,35 O arco pode ser manuseado de várias formas, com uma ou duas mãos, em diferentes planos e direções, com várias partes do corpo, e principalmente de acordo com a criatividade da ginasta, treinador e do grupo de aprendizagem em questão. Seus elementos do grupo técnico fundamental e outros grupos técnicos aparecem no quadro abaixo como descrito no código de pontuação do 13º ciclo (FIG, 2013/2016). 15 Grupos técnicos fundamentais do aparelho arco Outros grupos técnicos do aparelho arco Passagem através do arco com todo corpo ou parte do corpo. Passagem por cima do arco com todo ou uma parte do corpo. Rolamento sobre dois segmentos do corpo no mínimo. Pequeno lançamento e recuperação. Lançamentos e recuperações Rolamento do arco sobre o solo. Movimentos em “oito” movimento amplo do corpo. Grandes circunduções. Série (mínimo três) de rotações ao redor da mão ou uma parte do corpo. com 76 Rotações do arco ao redor do seu eixo: uma rotação livre entre os dedos; uma rotação livre sobre uma parte do corpo; série (mínimo três) de rotações no solo. Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna(s). Enrolamentos, quicadas, reimpulsos, etc. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo. Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) TÉCNICAS DE EXECUÇÃO DOS MANEJOS DO APARELHO ARCO 1. Forma de segurar – O contato da mão sobre o arco deve ser leve afim de que o aparelho tenha toda a mobilidade necessária para a execução dos movimentos. A utilização dos dedos em vários momentos do manejo possibilita a fluência dos movimentos próprios do aparelho e em alguns momentos é possível segurar o arco firmemente com punho cerrado ou ainda com apoio do dedo indicador. 2. Balanceios - O arco pode ser seguro por uma ou duas mãos ou estar simplesmente apoiado sobre a mão. O corpo deve acompanhar o movimento de balancear. 77 3. Circunduções – as circunduções são movimentos amplos da articulação do ombro ou ainda com participação de todo o tronco, ao executar este movimento o arco deve ser manuseado pela mão entre o dedo indicador e o polegar tomando o cuidado para não deslizar para o antebraço, para isso a mão deverá se manter firme e com os dedos estendidos para auxiliar na execução do movimento. 4. Movimento em oito – segurar pela parte interna do arco, impulsionar o aparelho com o braço para trás e para cima e em seguida descendo ao lado oposto como que desenhando um número oito deitado, passando o arco de um lado e outro ou ainda imitando o ato de remar de um lado para o outro. O arco deve estar apoiado sobre a mão levemente fechada e os punhos auxiliam no movimento. 78 5. Rolamento no corpo – O arco deve ser seguro firmemente pela mão que irá realizar um balanceio e seguidamente um impulso inicial e assim soltar o aparelho nos braços ou outra parte do corpo, o segmento executor (neste caso o braço) deverá estar posicionado de forma que facilite o início do rolamento, ou seja, de cima para baixo. Durante os rolamentos não pode haver sobressaltos ou vibrações e o arco deve rolar livremente pelo segmento corporal escolhido. 6. Rolamento no solo – O rolamento livre no solo deve começar por impulso de uma das mãos: com uma mão segurar o arco em pé no solo e com a outra mão impulsionar o arco para frente. Já o rolamento por retroversão ou “boomerang”, como também é conhecido, deve ser seguro firmemente por uma das mãos e no momento em que soltar o arco por um impulso a ginasta deverá realizar a “quebra” do punho para trás para promover o retorno do aparelho ao ponto de partida. 79 7. Rotações – existem dois tipos de rotação: em torno de uma parte do corpo (geralmente a mão) e em torno do próprio eixo do arco. As rotações ao redor das mãos devem ter um movimento regular, sem vibrações e sem deslizamento sobre outro segmento corporal e para sua execução correta o arco deve ser manuseado firmemente e com precisão. Para realizar rotações em outras partes do corpo a ação inicial é da mão e em seguida o segmento escolhido deverá dar continuidade ao movimento, como por exemplo, rotação do arco na cintura, muito conhecido como “bambolear”. As rotações ao redor do próprio eixo do arco podem ser realizadas pelas mãos com ação principal dos dedos, de forma livre vertical ou horizontalmente também na palma da mão ou ainda em outras partes do corpo. Quando realizadas no solo também por ação dos dedos não devem se deslocar sobre a superfície. 8. Lançamentos e recuperações – os lançamentos mais simples são seguros com uma das mãos firmemente e com apoio do dedo indicador. A ginasta irá realizar um balanceio com o arco e estenderá os braços para cima no momento do lançamento com todos os dedos estendidos indicando a direção. Os lançamentos podem ser executados 80 em diferentes direções e planos, com ou sem rotações. O arco durante a fase de voo, não deve sofrer alterações do plano ou vibrações. 9. Recuperação – As recuperações devem ser precisas, quando recuperar o arco pelo lado de fora acompanhar a descida do mesmo sem causar um impacto e ao recuperar o arco por rotações deixar a mão firme e introduzi-la por dentro do arco realizando a rotação para o mesmo lado em que o arco está girando, sempre acompanhando o movimento. 10. Recuperação direta com rolamento – logo que o arco estiver em processo de decida do lançamento, esperar com os braços estendidos e afastados com a palma da mão voltada para cima, amortecendo a queda na palma da mão e rolando pelos dois braços, segurando firmemente na outra mão. 81 11. Passagens por cima do arco – Consiste em passar todo o corpo ou parte dele por cima do arco sem tocá-lo, podendo ser quando o arco está executando rolamentos ou rotações no solo ou ainda em transmissões de uma mão para a outra. As passagens podem ser executadas com o arco parado ou em movimento. 12. Passagens através do arco – Podem ser realizadas com passagem total ou parcial do corpo por dentro do arco, considerando que para ser parcial deverá ter o envolvimento de dois segmentos, por exemplo, cabeça e braço. O arco pode estar parado ou em movimento. 82 13. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo – Consiste em equilibrar o aparelho sem o auxílio das mãos. Deve ser realizado em partes do corpo com uma superfície reduzida do segmento corporal como: pescoço, pés, etc. Deve haver uma relação corpo e aparelho com um risco de perda do mesmo e o aparelho não pode estar encaixado (preso) em nenhuma parte do corpo. 14. Transmissão do aparelho – As transmissões consistem na transferência do aparelho de um segmento corporal para outro sem deixar o mesmo cair. Podem ser executadas com o arco em qualquer plano, passando ao redor ou debaixo de uma parte do corpo com a troca entre as mãos, ou da mão para outra parte do corpo ou ainda vice versa. 15. Quicadas – Embora pouco comum no arco, consiste em bater uma parte do aparelho no solo fazendo com que o mesmo “pule”, podendo o mesmo estar no plano oblíquo ou vertical. 83 16. Reimpulsos – Este movimento se dá a partir de uma pequena soltura do aparelho em direção à determinada parte do corpo que imediatamente retorna por meio de um reimpulso ocasionando em alguns momentos um pequeno lançamento. PROCESSOS PEDAGÓGICOS PARA OS GRUPOS TÉCNICOS FUNDAMENTAIS DO APARELHO ARCO 1. Passagem através do arco no solo: a ginasta deve segurar o arco no plano vertical ao lado do corpo e apoiado ao solo, em seguida passar todo o corpo de um lado para o outro por dentro do arco sem que o mesmo caia, para isso ao finalizar a passagem rapidamente deve segurá-lo outra vez. 84 2. Passagem através do arco: segurando o arco no plano vertical com a mão direita com os braços na altura dos ombros, passar o arco pela frente do corpo entrando com a perna e o braço esquerdo pelo arco e retirando pelo lado direito novamente. Realizar o mesmo movimento começando com a mão esquerda. 3. Passagem através do arco no saltito grupado: segurar o arco no plano horizontal com as duas mãos à frente do corpo na altura dos ombros, realizar a passagem por dentro do arco flexionando os cotovelos e logo após, estender os braços à frente do corpo para finalizar, imitando o movimento de pular corda. 85 4. Passagem através do arco no saltito galope: segurar o arco no plano horizontal ao lado do corpo na altura do ombro, passar o arco por baixo das pernas durante um saltito entrando no arco, depois realizar novamente o saltito tirando o arco por debaixo das pernas terminando na posição em que começou. 5. Passagem através do arco no equilíbrio passê: segurar o arco com uma das mãos no plano horizontal ao lado do corpo na altura do ombro, elevar o arco acima da cabeça segurando o mesmo com as duas mãos e braços estendidos, no momento do equilíbrio passê o arco irá descer por dentro do corpo até a altura do quadril com os braços estendidos. 6. Passagem através do arco no corpo: sentada com as pernas flexionadas e o arco por dentro das mesmas na posição vertical, seguro por uma mão na parte superior do arco com o braço estendido, subir realizando um movimento de onda para trás passando o arco por todo o tronco até ficar na posição em pé. 86 7. Passagem através do arco no solo: sentada com as pernas flexionadas e o arco por dentro das mesmas na posição vertical, seguro pelas duas mãos com os braços estendidos, realizar um pré-acrobático para trás (mataborrão) passando o tronco por dentro do arco até terminar o movimento deitada em decúbito ventral. 8. Passagem através do arco no salto grupado: segurando o arco no plano vertical com o braço estendido acima da cabeça, realizar um saltito chassé antecedendo o salto, no momento do salto levar o braço que está segurando o arco para frente e para baixo do corpo para que passe todo o corpo com o braço acompanhando o movimento do salto grupado, passando o arco de baixo para cima, até que todo o corpo saltando passe por dentro do arco. Termine o movimento na mesma posição inicial. 87 9. Rolamento do arco no solo: apoiar o arco no solo com uma mão em cima para segurá-lo e a outra mão irá impulsionar o mesmo para frente, realizando o rolamento no solo. Correr ao lado do arco e segurar com a mão firme ao final do movimento. 10. Rolamento do arco com passagem por dentro (trio): duas ginastas de frente uma para a outra, irão rolar o arco no solo entre elas e a terceira ginasta irá passar por dentro do arco no momento em que este está rolando. 88 11. Rolamento do arco no solo no plano oblíquo: segurar o arco por fora com as duas mãos na posição obliqua no solo, impulsionar e deixá-lo rolar livremente pelo solo. Realizar primeiramente meio círculo e depois volta inteira e ao terminar a circunferência no solo recuperar com uma mão. 12. Rolamento boomerang: segurar o arco firmemente com uma mão e com o dedo indicador em cima do arco, braço estendido à frente realizar um balanceio e soltar o arco com um impulso à frente e logo realizar a quebra do punho para trás e para baixo, para assim poder obter o movimento de retroversão do arco que deverá voltar ao ponto de partida, por isso o nome “boomerang”. 89 13. Rolamento do arco sobre o peito e costas: segurar o arco no plano vertical com as duas mãos na altura do quadril; com o arco apoiado no corpo a ginasta irá impulsionar o mesmo para cima rolando pelo peito até a altura do ombro, curvando o tronco para frente e deixando o arco rolar nas costas (de frente para trás), segurar firmemente com uma mão após o rolamento. 14. Rolamento do arco no peito e braços: segurar o arco no plano vertical com a mão por dentro do arco na altura do quadril, impulsionar o arco para cima passando pelo peito inclinando o tronco um pouco para trás e passando pelo braço que está acima da cabeça, segurando firmemente. 90 15. Rolamento do arco nos braços sem impulso: com os braços abertos segurar o arco no plano vertical ao lado do corpo na altura do ombro com as palmas das mãos voltadas para cima, realizar uma pequena elevação do braço que está segurando o arco e abrir a mão para que o mesmo role pelo braço, peito e outro braço chegando ao lado oposto, segurar firmemente com a palma da mão para cima. Tanto no início quanto na finalização do movimento o arco fica equilibrado sobre a mão. 16. Rolamento do arco nos braços com impulso (frente): segurar o arco no plano vertical ao lado do corpo na altura do ombro, realizar um balanceio atrás do corpo e impulsionar o arco quando o mesmo já estiver na altura do ombro passando pelo antebraço, braço, peito e no outro braço até que chegue a mão do braço oposto, segurando firmemente no plano vertical. 91 17. Rolamento do arco nos braços com impulso (trás): seguindo o mesmo processo do rolamento à frente, iniciando com o apoio da parede. Com a ginasta bem próxima a parede e de costas para a mesma a ginasta irá realizar um impulso com o arco por detrás do corpo e quando o mesmo for rolar nos braços na altura dos ombros a ginasta deverá encostar os ombros na parede para que o arco role por todos os braços e aos poucos ir afastando o corpo da parede. Em seguida realizar o mesmo movimento fora da parede. 18. Rotação do arco nas mãos em duplas: uma ginasta de frente para a outra em pé e com a palma das mãos contrárias unidas (direita com direita ou esquerda com esquerda) e polegares estendidos para cima, com o auxílio da outra mão irão dar início à rotação do arco entre os polegares para que o arco realize rotações simples duas mãos e entre os polegares ao mesmo tempo. Depois que o movimento estiver fluente, umas das ginastas retira a mão e deixa sua companheira realizar a rotação individualmente, na sequencia retorna ao movimento inicial (palma com palma) para que a outra companheira possa realizar a rotação. 92 19. Rotação livre entre os dedos: com o arco na posição vertical seguro por uma mão e apoiado no solo, realizar um impulso no arco para fora ou para dentro passando o arco por entre os dedos da mão, em seguida elevar o braço e realizar o movimento sem o arco tocar o solo, enfatizando a ação dos dedos durante toda a rotação. 20. Rotações no solo (mínimo 3): apoiar o arco no solo no plano vertical segurando com uma mão, impulsionar para fora ou para dentro com firmeza para realizar o rotação do arco, manter a mão aberta sobre o arco com intuito de garantir o eixo, após realizar três voltas finalizar segurando em apenas uma das mãos. 93 21. Rotação livre sobre uma parte do corpo (peito): em pé com o corpo inclinado um pouco para trás apoiar o arco no peito e segurar com uma mão a cada lado do arco, impulsionar com firmeza para realizar a rotação do arco no peito. 22. Rotação livre sobre uma parte do corpo (mãos): segurando o arco firmemente, estender o braço para cima com o arco no plano vertical. Realizar um impulso com a mão e deixar o arco realizar a rotação livremente na palma da mão. 23. Série de rotações ao redor da mão: segurar o arco na posição horizontal e na altura do ombro, realizar uma pequena inclinação do arco para dentro e impulsionar para o lado de fora com firmeza realizando assim as rotações ao redor da mão, estando estas estendidas e firmes, fechar a mão para segurar o arco no final. 94 24. Série de rotações ao redor do pescoço: apoiar o arco no ombro na posição vertical segurando com uma mão à frente do arco e a outra atrás, levar o arco para frente do pescoço deixando na posição horizontal e quando impulsionar para o outro lado do ombro soltar as mãos e deixar o arco realizar a rotação livremente em volta do pescoço, segurar firmemente após as rotações. 25. Série de rotação ao redor de uma perna: em posição de equilíbrio perna ao lado com ajuda e com o arco entrelaçado na perna debaixo da ginasta no plano vertical, impulsionar o arco para fora ou para dentro e deixar o arco realizar a rotação ao redor da perna. 95 26. Lançamento simples: segurando o arco com uma das mãos firmemente e com apoio do dedo indicador, a ginasta irá realizar um balanceio com o arco e estenderá os braços para cima no momento do lançamento com todos os dedos estendidos indicando a direção. Esperar o arco com os dois braços estendidos para cima e no momento em que ele estiver retornando acompanhar a descida, amortecendo a queda do aparelho na recuperação, segurando o arco pelo lado de fora. 27. Lançamento na horizontal: com o arco na posição horizontal seguro pelas duas mãos à frente do corpo, a ginasta realizará um balanceio para baixo e estender os braços para cima no momento do lançamento. 96 28. Lançamento do arco em rotação: com o arco na posição horizontal seguro pelas duas mãos à frente do corpo, a ginasta irá realizar um pequeno balanceio para baixo e estender os braços para cima impulsionando o arco que deverá dar uma rotação no ar. Podemos começar com meia volta apenas, porém a ação será dos punhos e não dos braços. 29. Recuperação em rotação ao redor da mão: com os braços para cima recuperar o arco pelo lado de dentro, realizando a rotação ao redor da mão, com continuidade da direção da rotação do arco. 97 30. Recuperação com um pé e uma mão: quando o arco estiver retornando a ginasta acompanha o movimento e apoia o pé na parte de dentro do arco tocando no solo firmemente e com uma mão segura a parte de cima do aparelho pelo lado de fora. “As meninas adquirem primeiro certo conhecimento com esses materiais e suas características particulares, tornando-se familiarizadas com alguns aparelhos da ginástica rítmica e assim, estão introduzindose à técnica de cada um deles.” 35. 98 Quarto Capítulo Aparelho bola 99 O aparelho bola sem dúvida alguma é o material mais utilizado na infância com ótima aceitação das crianças. Na ginástica rítmica, o trabalho com bola tem como um de seus principais objetivos desenvolver noções de equilíbrio, pois a mesma deverá estar equilibrada na mão a maior parte do tempo em uma coreografia na qual “agarrar” a bola é proibido. O movimento da bola, assim como nos demais aparelhos, deve estar sempre em harmonia com a música e os elementos corporais. Enquanto material oficial determinado pela FIG, a bola para a categoria adulto (a partir dos 16 anos) deve ter de 18 a 20 centímetros de diâmetro com o peso de 400 gramas, sendo de borracha ou plástico de qualquer cor. 6,7,35 Para a iniciação, qualquer tipo de bola pode ser utilizada para executar os movimentos da GR, até mesmo as de meia ou isopor, sendo as mais indicadas as bolas de borracha tamanho 10 ou 12 com 14 a 17 cm de diâmetro. As bolas não precisam estar muito cheias, mas também não podem estar murchas, para que possam quicar e rolar sem deformações. Embora já popular no início da década de 1920 nas escolas europeias de ginástica, este aparelho se tornou oficial em competições de GR na segunda edição do Campeonato do Mundo realizado em Praga na antiga Checoslováquia em 1965, mas não sabemos ao certo quem foi o responsável por sua introdução na modalidade. 6 Movimentos com o aparelho bola são conhecidos pelas crianças desde seus primeiros anos escolares, pois estas vivenciam várias modalidades esportivas de maneira lúdica e recreativa, como jogos pré-desportivos para o vôlei, basquete, handebol e o mais popular de todos, o futebol. Utilizando elementos já conhecidos como o chute, o drible, arremessos e quicadas temos a oportunidade de introduzir facilmente na iniciação os elementos do grupo fundamental e outros grupos específicos da GR que são diferenciados e interessantes para a criança, como por exemplo, os rolamentos no corpo e no solo. Devido às possibilidades de execução de movimentos extremamente variados, o trabalho com o aparelho bola irá incentivar as crianças a realizarem diferentes exercícios que talvez antes parecessem impossíveis, esta vivência diversificada com certeza contribuirá para o aumento do seu vocabulário motor, o que é uma das exigências para a realização de boas coreografias nesta modalidade. 14 Elencamos no quadro abaixo todos os elementos técnicos fundamentais e dos outros grupos do aparelho bola seguindo o Código de Pontuação da Ginástica Rítmica da Federação Internacional de Ginástica do 13º ciclo (2013 a 2016). 15 100 Grupos técnicos fundamentais do aparelho Bola Rolamento da bola sobre dois segmentos do corpo no mínimo. Rolamento da bola no solo. Quicadas: em séries ou isoladas Outros grupos técnicos do aparelho Bola Movimento de inversão da bola. Rotações da(s) mão(s) ao redor da bola. Pequenos rolamentos acompanhados em série (mínimo três). . Movimento em “oito” com inversão da bola com movimento dos braços (circundução) e amplo movimento do tronco. Recuperação da bola com uma mão. Rolamento do corpo por cima da bola no solo Pequenos lançamentos e recuperações. Lançamentos e recuperações. Grandes circunduções. Transmissão do aparelho ao redor de qualquer parte do corpo ou por baixo da (s) perna(s). Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo. Fonte: Código de pontuação de ginástica rítmica da FIG (2013/2016) O aparelho bola apresenta movimentos variados dentro dos “outros grupos técnicos” como o movimento de inversão da bola, rolamento da bola acompanhado com o corpo e por cima da mesma, sendo movimentos “novos” comparados a códigos de pontuação de ciclos anteriores, porém já realizados pelas ginastas em outras décadas. Esses movimentos estão sendo resgatados aos poucos no universo da GR. 101 TÉCNICAS DE EXECUÇÃO DOS MANEJOS DO APARELHO BOLA 1. Forma de segurar - A bola deve ser colocada na palma da mão que por sua vez deve se adaptar à forma arredondada da bola. Os dedos devem estar levemente separados e dizemos às ginastas que a mão deve ficar em formato de “conchinha”. 2. Impulsos - Com a bola segura pela mão em formato de “concha” a ginasta realizará o movimento de impulso com o braço sem encostar a bola no antebraço. O impulso é caracterizado apenas pelo movimento de “ida”, ou seja, tem um acento único e deve ser realizado em todas as direções. 3. Balanceios - Balanceios são movimentos de “ida e volta” realizados continuamente com acento e pausa. Durante a execução desses elementos, a bola deve estar em equilíbrio na mão o tempo todo, para que haja fluência total nos movimentos. A ginasta não deve encostar a bola no antebraço. 102 4. Circundução - Este movimento é realizado por ação da articulação do ombro e com grande amplitude. A bola deve estar em equilíbrio na mão, ou seja, sem agarrar o aparelho e o braço deverá realizar o movimento circular com a bola sempre voltada para cima. 5. Movimento em oito - Segurando a bola na palma da mão, este movimento simula o desenho do número oito, realizando um pequeno círculo na altura do quadril (o braço fica invertido), na sequencia elevar o braço com a bola voltada para cima e realizar um grande círculo acima da cabeça. Finalizando o exercício no mesmo ponto em que começou. 103 6. Movimento de inversão da bola – segurando a bola em equilíbrio na palma da mão ao lado do corpo na altura dos ombros, realizar apenas uma rotação da articulação do ombro sem deixar o aparelho cair e depois retorna. Ao realizar este movimento o tronco não deve se alterar, a ação é apenas do braço. A inversão pode ser também em nível de articulação do cotovelo, neste caso será realizado um pequeno círculo do antebraço com a bola em equilíbrio na mão e em seguida retorna à posição inicial. 7. Rotações da mão ao redor da bola - Segurar a bola em equilíbrio à frente do corpo e passar a mão ao redor da bola, sem que a mesma se movimente. 104 8. Lançamentos e recuperações - Esses elementos são realizados por impulso dos braços com a participação de todo o corpo estendendo-se totalmente. No momento em que a bola deixar a mão, os dedos devem estar estendidos e no momento da recuperação o primeiro contato da bola é também com a ponta dos dedos. Todas as recuperações, independente de como for, devem ser executadas sem ruído. 9. Recuperação com uma mão – Esperar a bola com os dois braços estendidos para cima e assim que a bola começar o trajeto de queda os braços deverão acompanhar a bola de cima até em baixo das pontas dos dedos até a palma da mão, realizando um balanceio sem encostar a bola no antebraço. 105 10. Quicadas - Este movimento é caracterizado pela pressão que a mão ou uma outra parte do corpo exerce sobre o aparelho bola e podem ser de dois tipos: Ativa – quando há esta pressão e passiva – quando a bola quica devido à força da gravidade podendo ser após um lançamento ou simplesmente uma soltada da bola. 11. Rolamento no corpo - Os rolamentos livres no corpo são aqueles na qual a bola sozinha efetua livremente seu trajeto, rolando apenas a partir do impulso das mãos ou outra parte do corpo. Durante esses rolamentos não poderá haver sobressaltos da bola ou pequenas quicadas. Consideram-se apenas os que são realizados em dois segmentos corporais, por exemplo, nos dois braços. 12. Rolamento no solo – A bola efetua livremente seu trajeto no solo, sem nenhuma ajuda. Para dar início ao rolamento a mão toca o solo e a bola é impulsionada suavemente pelos dedos não podendo haver sobressaltos ou pequenas quicadas durante o mesmo e para recuperá-la o processo é idêntico, o dorso da mão toca o solo e a bola sobe na mão primeiramente passando pelos dedos. 106 13. Pequenos rolamentos acompanhados – a bola rola no corpo com a ajuda de uma mão ou outro segmento corporal de forma contínua e fluente, sem risco de queda do aparelho. 14. Rolamento do corpo por cima da bola no solo – com a bola posicionada no solo e à frente, a ginasta ajoelhada irá realizar um impulso para frente deslizando todo o corpo por cima da bola. Terminar com o corpo estendido e a bola parada entre as pernas da ginasta. Este mesmo exercício pode ser executado começando por uma das pernas, assim todo o corpo passa deslizando pela bola até a mesma chegar às costas ou ao peito, pois o corpo pode girar durante o movimento. 107 15. Transmissão do aparelho - As transmissões são executadas com a bola em qualquer parte do corpo, passando ao redor ou debaixo de um segmento corporal com a troca entre as mãos, ou da mão para outra parte do corpo ou ainda vice versa. 16. Equilíbrio instável sobre uma parte do corpo - Equilibrar a bola em uma parte do corpo em uma superfície reduzida do mesmo ou ainda em apenas um segmento corporal como pescoço, pés, dorso da mão, etc. Deve haver uma relação corpo e aparelho com um risco real de perda, ou seja, a bola não pode estar agarrada ou encaixada em nenhuma parte do corpo. Durante os elementos de rotação do corpo, a bola na palma da mão é considerada como equilíbrio instável também. PROCESSOS PEDAGÓGICOS PARA OS GRUPOS TÉCNICOS FUNDAMENTAIS DO APARELHO BOLA 1. Rolamento da bola no solo em duplas: com o impulso das pontas dos dedos, rolar a bola para a colega à sua frente, sem deixar quicar ao solo e vice versa. 108 2. Rolamento da bola no solo: ajoelhada ou sentada, rolar a bola de uma mão para a outra à frente do corpo, sempre iniciando o movimento com o impulso dos dedos. 3. Rolamento da bola no solo livre: rolar a bola no solo com as pontas dos dedos, correr ao lado da mesma e recuperá-la com uma mão primeiramente pelos dedos e depois mão inteira. 4. Rolamento da bola no solo em pé: em pé com as pernas afastadas e os braços estendidos na altura dos ombros, segurar a bola com uma mão, apoiar a bola no solo inclinando o tronco para o lado e flexionando a perna do mesmo lado, rolar a bola no 109 solo para o outro lado e inverter o movimento do tronco para segurar a bola do lado oposto, realizando uma transferência de apoio. 5. Rolamento da bola no solo deitada: deitada em decúbito ventral com as pernas unidas e os braços afastados e estendidos, elevar a cabeça e ombros, segurar a bola com uma mão apoiada no solo, impulsionar a bola na frente do peito para que role até a outra mão que está livre. 6. Rolamento da bola nos braços em duplas: de mãos dadas com os braços estendidos à frente do corpo, as ginastas irão rolar a bola nos braços com o impulso dos mesmos sem soltar as mãos, simulando o movimento de “balancinha”. 110 7. Rolamento da bola nos dois braços: em pé, a ginasta irá segurar a bola com as duas mãos apoiada no peito, dedos estendidos e cotovelos abertos. Impulsionar a bola em direção às mãos, deixando a mesma rolar pelos braços. 8. Rolar a bola do peito para a mão: apoiar a bola no peito com os dedos da mão estendido e cotovelo aberto. Impulsionar a bola em direção ao ombro e para baixo, deixando-a rolar até chegar à mesma mão e finalizar com o braço estendido. 9. Rolar a bola da mão para o peito: com a bola apoiada na mão em formato de “concha” deixar o braço um pouco mais alto que a altura do ombro, realizar um pequeno impulso com os dedos para a bola possa deslizar pelo braço e segurar com a mão contrária na altura do peito. 111 10. Rolar a bola da mão para o peito e do peito para a mão: unindo os movimentos anteriores, deixar rolar a bola da mão para o peito, segurar com a mão contrária e rolar para o outro lado do peito para a mão e realizar tudo novamente com o lado contrário, mão – peito / peito – mão. Os braços podem estar à frente do corpo no início, mas em seguida deverão se posicionar estendidos ao lado na altura dos ombros. 11. Rolar a bola de uma mão para outra (frente): com a bola na mão e o braço estendido ao lado um pouco mais alto que o ombro realizar um impulso para que a bola role pelo braço, passando pelo peito e termine o rolamento na outra mão. É importante manter a postura corporal durante todo o rolamento, a ação é da mão e dos braços apenas. 12. Rolar a bola de uma mão para outra (atrás): a posição dos braços é a mesma do exercício anterior e para auxiliar no aprendizado a ginasta deve se posicionar próxima de uma parede, pois ao realizar o impulso da bola com os dedos e deixar a bola rolar pelo braço, costas e outro braço o apoio da parede irá facilitar o rolamento. 112 Aos poucos ir se afastando da parede e executar o exercício livremente, lembrandose da manutenção da postura corporal. 13. Rolar a bola dos pés para o peito: sentadas com as pernas unidas e estendidas, prender a bola entre os pés, elevar as pernas e deixar a bola rolar, ao mesmo tempo o tronco vai descendo até o solo facilitando o rolamento até o peito. Segurar a bola no final com as duas mãos já em decúbito dorsal. 14. Rolamento da bola nas costas de cima para baixo: em pé com as pernas afastadas, sendo uma flexionada à frente e a outra estendida atrás, com o tronco inclinado segurar a bola com as duas mãos atrás do pescoço e soltar para deslizar pelas costas e segurar imediatamente com as duas mãos na altura do quadril. 113 15. Rolamento da bola nas costas: em pé, com as pernas unidas e a bola segura pelas duas mãos atrás do corpo, flexionar as pernas e o tronco para frente, impulsionando a bola para que role pelas costas e braços rapidamente deixando que a bola continue a rolar nos braços. Segure firmemente com as duas mãos ao final do movimento. No início pode posicionar as mãos próximas de uma parede para evitar que a bola caia. 16. Quicadas com as duas mãos: em pé, segurando a bola com as duas mãos realizar quicadas no solo na altura da cintura segurando a bola novamente a cada vez e sem “quebrar” os punhos. Realizar o mesmo movimento com as pernas flexionadas, assim a quicada será na altura do joelho. 17. Quicadas em duplas: segurar a bola com as duas mãos e realizar a quicada para uma colega, que também irá recuperar com as duas mãos. Em seguida repetir a quicada com apenas uma mão e na sequencia alternar as mãos. 114 18. Quicadas em grupo: em círculo realizar a quicada da bola para a colega que está ao lado, sem deixar a bola cair, dentro de um ritmo pré-determinado pela treinadora e recuperar sempre com uma mão. Primeiramente para o lado direito e depois para o esquerdo. Inicia com uma bola apenas para o grupo e na sequencia cada ginasta com uma bola realiza os movimentos ao mesmo tempo. *variação: quicar a bola no lugar e a ginasta se desloca para o lado direito recuperando a bola da companheira que estava ao seu lado, repetir para o outro lado. A treinadora pode unir as duas possibilidades com alternância de lados e ritmos diferenciados. 19. Quicadas de uma mão à outra: em pé, com os braços afastados e a bola em uma mão realizar a quicada ao solo trocando de mãos. Quicar da direita para a esquerda e da esquerda para a direita. * variação: com afastamento lateral realizar transferência de apoio durante a quicada. 115 20. Série de pequenas quicadas: em pé com as pernas unidas e o tronco flexionado à frente, segurar a bola em uma mão e quicar ao solo no mínimo três vezes em ritmo contínuo. Podendo alternar as mãos durante as quicadas ou realizar com as duas mãos ao mesmo tempo. Realizar as séries com ritmos diferenciados que podem ser controlados pelas palmas da treinadora ou uma música ambiente. 21. Quicada visível a partir de uma parte do corpo: em pé com a bola em uma mão realizar a quicada ao solo e em seguida quicar a bola com a cabeça estando com os braços afastados ao lado do corpo e as pernas flexionadas, recuperando logo em seguida. * variações: quicar com os pés, joelho, cotovelo, ombro, peito. 116 22. Movimento em oito de cima para baixo: em pé com um dos braços estendido ao longo do corpo e o outro estendido à frente na altura do ombro segurando a bola corretamente, realizar uma circundução acima da cabeça com a bola passando de trás para frente e assim que o braço completar a volta em cima flexionar o mesmo realizando um círculo por meio da articulação do cotovelo próximo à cintura de fora para dentro, terminando na mesma posição do início. 23. Movimento em oito de baixo para cima: em pé com um dos braços estendido ao longo do corpo e o outro estendido à frente na altura do ombro segurando a bola corretamente, realizar um círculo por meio da articulação do cotovelo com a bola de dentro para fora, ao final elevar o braço com o cotovelo flexionado e ir estendendo gradativamente o mesmo, realizando uma grande circundução acima da cabeça até finalizar na mesma posição de início, sempre com a bola em equilíbrio na mão, sem agarrá-la. 117 24. Movimento em oito no solo: ajoelhada com uma perna flexionada e a outra estendida ao lado, segurar a bola com um braço estendido na altura do ombro do mesmo lado da perna estendida, realizar uma circundução do braço acima da cabeça de trás para frente, no momento em que a bola estiver à frente flexionar o cotovelo e realizar um círculo por meio da articulação do cotovelo em baixo de fora para dentro, finalizando com os dois braços estendidos à frente na altura dos ombros e pernas unidas. 25. Lançamento da bola sem impulso: com as duas mãos segurando a bola à frente do corpo e na altura do peito, empurrar a mesma para cima, saindo pelas pontas dos dedos e estendendo os braços por completo. O mesmo movimento é realizado com a bola inicialmente atrás do corpo na altura da nuca. 118 26. Lançamento da bola por impulso: com a bola apoiada na mão em formato de “conchinha” e os dois braços estendidos à frente do corpo na altura dos ombros, realizar um balanceio dos braços para baixo e em seguida um impulso para cima realizando o lançamento da bola. No momento em que a bola deixa a mão, a mesma deve deslizar pelos dedos estendidos para dar a direção correta. Importante: o corpo todo participa do movimento. 27. Recuperação da bola: esperar a bola com os dois braços estendidos acima da cabeça, assim que a bola retornar recuperá-la com as duas mãos acompanhando a descida da bola. Na sequencia repetir a recuperação com apenas uma mão acompanhando a descida até parar com os braços estendidos abaixo e próximos do corpo, sem deixar que a bola encoste no antebraço. 119 28. Recuperação da bola em “X”: esperar a bola com os dois braços estendidos acima da cabeça, assim que a bola retornar deixar a mesma deslizar pelos braços cruzando-os ao final do rolamento na altura do peito. “Exatidão e perfeição: essa é a contínua exigência no começo da carreira”. Mais tarde, corrigem se os erros difíceis, alguns jamais se corrigem. 42 120 Bibliografia 121 1. ABBAD, Gardênia. & BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo. Aprendizagem humana em organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2004. 2. ALONSO, Heloisa. Meu corpo, minha cultura, minha Ginástica Rítmica. 3º Congresso Científico Latino Americano de Educação Física da Unimep. In: Anais, Piracicaba, p. 438, 2004. 3. BARBOSA-RINALDI, Ieda; MARTINELLI, Telma; TEIXEIRA, Roseli. Ginástica Rítmica: aspectos histórico-culturais e técnico-metodológicos dos aparelhos. Maringá: Eduem, 2009. (Coleção Fundamentum; 48) 4. BARBOSA-RINALDI, Ieda; MARTINELLI, Telma; TEIXEIRA, Roseli. 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Utilizou-se pesquisa do tipo descritiva, com delineamento transversal, com aplicação de questionários a 39 treinadores nacionais (94, 87 % mulheres e 5,1% homens) participantes dos Campeonatos Paranaense e Brasileiro de Conjuntos. Foram identificadas as frequências relativas de respostas e o teste do qui-quadrado foi utilizado para identificar possíveis associações entre as variáveis. O nível de significância estabelecido foi de p<0.05. Os resultados apresentam associação para a utilização de aparelhos oficiais e alternativos e indicam que os treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da GR com aparelhos oficiais enquanto que os treinadores do campeonato Paranaense trabalham com aparelhos alternativos e para ambos a maior dificuldade está em fazer com que as crianças entendam os movimentos com facilidade, seguida pelo desconhecimento ou a inexistência de processos pedagógicos sistematizados para seguirem em suas aulas e assim obter um maior êxito no ensino-aprendizagem. Palavras-chaves: “processos de aprendizagem, manejo, ginástica rítmica, iniciação esportiva” Abstract This study had as objective of identify the difficulties found by rhythmic gymnastics professionals working in Brazil to teach specifics handling exercises of the modality own devices, it being alternative or official. It was utilized descriptive research, with cross-sectional, applying questionnaires to 39 national coaches (94,87% women and 5,1% men) participants of the state and Brazilian Championship of Groups. It was identified the related frequency of answers and the chi-square test was utilized to identify possible associations between the variables. The significance level defined was p<0,05. The results showed association to use of official and alternative apparatus and indicates that coaches from Brazilian Championship start the teaching of RG with official apparatus and coaches from the state Championship work with alternative equipments and to both groups of coaches, the biggest difficulty lies into make children easily understand the movements, followed by lack or nonexistence of systematized pedagogical processes to follow in their classes and so reach a bigger success in teaching-learning. Keywords: "Learning processes, handling, rhythmic gymnastics, sports initiation" 126 Introdução O domínio dos movimentos corporais aliados à técnica dos manejos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita constituem as principais características da ginástica rítmica (GR), modalidade olímpica, essencialmente feminina que conta com competições individuais e em conjunto. Manusear os aparelhos necessita habilidade que se conquista a partir da prática de exercícios organizados que possam levar ao aprendizado dos elementos técnicos de forma correta (Lourenço, 2010). Uma competição de ginástica rítmica exige que as ginastas executem com bom desempenho a técnica básica dos aparelhos, dando atenção às possíveis falhas, porém sem deixar de lado a postura correta com posição segmentar refinada (Róbeva e Rankélova, 1991). Devido aos elevados requisitos técnicos, corporais e do aparelho, o treinador deve ter atenção constante para evitar uma automatização incorreta de movimentos garantindo uma boa execução (Botti e Nascimento, 2011). A execução correta dos manejos é adquirida com tempo, experiência e treinamento, por isso na iniciação esportiva a vivência motora das ginastas deve ser ampla e variada, porém sem excesso de exigências específicas, facilitando assim, o processo de aprendizagem. Embora seja amplamente divulgada e praticada em todos os estados brasileiros, raros são os estudos e consequentemente publicações relacionadas ao ensino/aprendizagem de aparelhos em ginástica rítmica. Caçola e Ladewig (2005) pesquisaram o uso de dicas de aprendizagem na GR nos estágios iniciais da modalidade e as apresentam como estratégias cognitivas que podem facilitar o aprendizado de habilidades deste desporto complexo. Indicam o uso de dicas para professores e técnicos de GR com o intuito de motivar e alegrar as aulas da modalidade, possibilitando um aprendizado mais eficiente e também divertido para as ginastas. Dicas de aprendizagem tem estreita relação com a melhoria da qualidade do movimento e são utilizadas como estratégias cognitivas na aquisição de habilidade motoras (Tani, Basso, Silveira, Correia e Corrêa, 2013). Em outro estudo, Caçola e Ladewig (2007) tratam da aprendizagem por partes ou pelo todo. A prática em partes é o método mais utilizado por profissionais de GR, pois aparentemente facilita a aprendizagem, uma vez que divide o movimento corporal e o movimento do aparelho, porém os autores alertam que é ao unir corpo e aparelho que surge a dificuldade, o que ocasiona muitas vezes a necessidade de recomeçar a aprendizagem desde o início. Ao confrontarem os dois métodos durante a execução do lançamento da bola chegaram à 127 conclusão de que o uso da prática como um todo propiciou uma melhor aprendizagem do elemento em questão. Também utilizando o aparelho bola, ao investigar a frequência autocontrolada de feedback na aprendizagem do lançamento em dois grupos de crianças de sete a 10 anos de idade, Lemos, Chiviacowsky, Àvila e Drews (2013) não encontraram diferenças em relação à aprendizagem, apenas concluíram que o grupo autocontrolado solicitou feedback após boas tentativas de prática enquanto o grupo externamente controlado solicitou feedback sempre que desejado. Os feedebacks dados pelos professores fazem a diferença durante as aulas de iniciação bem como nos treinamentos, uma vez que o nível de dificuldade e a qualidade da execução são exigências para todos os aparelhos independente do tamanho, forma ou peso e são critérios de avaliação para os juízes nas competições. Cada aparelho oficial possui características próprias para a competição de acordo com a Federação Internacional de Ginástica – FIG (2012), a corda é medida de acordo com o tamanho da ginasta com nós nas extremidades para facilitar a empunhadura, o arco pesa 300 gramas e pode ter de 80 a 90 cm de diâmetro, a bola de borracha ou material sintético deve pesar 400 gramas com 40 cm de diâmetro, as maças tem formato de garrafas e pesa 150 gramas cada medindo de 40 a 50 cm e por fim, a fita acetinada de seis metros está ligada a um estilete de fibra que mede 50 a 60 cm de comprimento. Para as aulas de iniciação é possível utilizar materiais alternativos, como proposto por Gaio (2007) as cordas e bolas podem ser de qualquer tamanho e material, o arco pode ser substituído pelo bambolê (brinquedo infantil feito de mangueira), a fita, de cetim e com tamanho menor (3 a 4 metros são suficientes) é conectada a um estilete de madeira e para a iniciação das maças é possível utilizar garrafas plásticas de refrigerante ou ainda par de meias cheios de papéis. Todavia, independente do tipo de material utilizado encontramos lacunas entre o ensinar e o aprender e neste processo ensino/aprendizagem nos coube indagar quais são as dificuldades em ensinar o manejo dos aparelhos? Para tanto, objetivamos com este estudo identificar as dificuldades encontradas pelos profissionais de ginástica rítmica que atuam no Brasil em ensinar os exercícios específicos dos manejos dos aparelhos próprios da modalidade, sendo estes oficiais ou alternativos. 128 Método Este estudo utilizou-se de pesquisa do tipo descritiva, caracterizada por realizar um levantamento das características conhecidas ou opiniões atuais de uma população específica. Contou com delineamento transversal, envolvendo a aplicação de questionários autoadministráveis sem a observação do comportamento. Uma das características mais expressivas neste método é a coleta de dados por meio de questionário, habitualmente desenvolvidos por pesquisadores preocupados com a atuação prática. A pesquisa ocorreu durante o Campeonato Paranaense de Conjuntos de GR de 2012 realizado no mês de outubro na cidade de Curitiba no Paraná (estado que fica na região sul do Brasil) e durante o Campeonato Brasileiro de Conjuntos de GR de 2013 realizado em outubro em Palmas, Tocantins. Os eventos foram organizados pela Federação Paranaense de Ginástica e Confederação Brasileira de Ginástica respectivamente. Amostra A amostra, caracterizada por conveniência, contou com 39 treinadores e teve como critério de inclusão a participação nos eventos já citados. Dentre os sujeitos, 58,9% atuaram no campeonato paranaense e 41,9% no campeonato brasileiro, todos envolvidos com as diferentes categorias da GR, a saber: pré-infantil (9 a 10 anos); infantil (11 a 12 anos); juvenil (13 a 15 anos); adulto (a partir dos 16 anos) e também responsáveis pela iniciação esportiva da modalidade (escolinhas). Dentre os clubes inscritos e presentes nas competições, houve a representatividade de cinco diferentes cidades do Paraná e de oito estados brasileiros. Clubes paranaenses desenvolvem treinamentos de alto nível em ginástica rítmica, uma vez que é no Paraná que se encontram as melhores equipes de conjunto do país, com treinadoras constantemente à frente das equipes nacionais de conjunto, como nas duas vezes em que o Brasil foi finalista olímpico em Sydney/2000 e em Atenas/2004, atualmente a treinadora da seleção brasileira de conjuntos também é do Paraná (Santos, Lourenço e Gaio, 2010). Considerando que o Brasil é tetra campeão de conjuntos nos Jogos Pan Americanos, títulos conquistados em Winnipeg /1999, Santo Domingo/2003, Rio de Janeiro/2007 e Guadalajara/2011, no campeonato nacional de conjuntos temos a inclusão de outros grandes clubes dos demais estados na nação que também atuam com ginastas de qualidade e alto desempenho que igualmente representam nosso país em eventos internacionais ( Lourenço, Bernardi e Colares, 2012). 129 Instrumentos e procedimentos O instrumento utilizado foi um questionário contendo sete questões. As questões de um a quatro referem-se ao tempo que atua na área, se foi ginasta ou não, as categorias que atua e o nível de formação profissional, as questões de cinco a sete referem-se ao ensino dos elementos com os aparelhos. O questionário foi organizado pelas autoras do estudo e referendado por três profissionais da área (todos com nível mínimo de mestrado e longa experiência profissional na modalidade), uma vez que não encontramos na literatura um modelo de instrumento que pudesse responder os objetivos desta pesquisa. Os questionários foram entregues na reunião técnica dos dois campeonatos e a coleta se deu no decorrer da realização das competições. Este estudo possui parecer positivo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná (CEP-UNOPAR-0069/12) de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos, sendo os dados coletados após os participantes assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Análise estatística Após a análise dos dados, foram identificadas as frequências relativas de respostas. Em seguida, as categorias do Campeonato Brasileiro e Paranaense foram dicotomizadas e o teste do Qui-quadrado foi utilizado para identificar possíveis associações entre as variáveis. O nível de significância estabelecido foi de p<0.05. E o pacote estatístico utilizado foi o SPSS 17.01. Resultados e discussão Em relação ao tempo de atuação como treinador de GR, dos 39 entrevistados 36 (92,3%) estão na área a mais de quatro anos e os demais profissionais estão trabalhando com ginastas a menos de três anos. Se analisarmos os eventos separadamente, 100% dos treinadores participantes do Campeonato Brasileiro estão atuando a mais de quatro anos. Quanto ao gênero, 5,1% dos entrevistados são do sexo masculino e 94, 87 % do sexo feminino, natural encontrarmos mais mulheres neste esporte uma vez que em nível de competição a Federação Internacional de Ginástica (FIG) ainda não reconhece oficialmente a participação de homens. Dentre as treinadoras mulheres 78,3% foram ginastas. Embora essa experiência facilite alguns processos ela não é necessária, o bom profissional é aquele que consegue conquistar a atenção das atletas, o respeito e acima de tudo consegue transmitir o conhecimento necessário para a aprendizagem correta da ginasta. Para Ferreira e Gaspar (2005) os “bons treinadores” são aqueles que encorajam os seus atletas a cometerem erros e a 130 arriscarem, ensinando-os a reagir perante esses erros de um modo positivo, aprendendo com os mesmos. Todos os treinadores entrevistados têm formação superior em Educação Física, sendo que 15,3% possuem título de mestrado e 56,5% são pós-graduados em nível lato sensu. Percebemos que os profissionais da GR buscam cada vez mais o conhecimento científico reconhecendo a necessidade de pesquisa para a área. Nunes (2010) considera que o Profissional de Educação Física deve estar atento à sua formação continuada para empreender e compreender alguns contextos que vivencia, tendo uma análise baseada no conhecimento, sendo ele da prática profissional ou acadêmica. A formação permanente deve propiciar aos treinadores um contato mais próximo da modalidade em questão e estabelecer uma relação estreita com a atualidade e os estudos específicos possibilitam um aprimoramento técnico desportivo adequado para o conhecimento didático pedagógico. Em relação aos aparelhos mais utilizados nas aulas de iniciação detectamos que a corda, o arco e a bola são os mais presentes nas aulas de iniciação à GR nos diversos clubes do Brasil, creditamos este resultado ao fato destes aparelhos fazerem parte do universo infantil, nas brincadeiras diárias e também nas aulas de educação física escolar, facilitando assim o aprendizado dos elementos iniciais e promovendo uma maior aceitação entre as crianças. Santos, Lourenço e Gaio (2010) sugerem iniciar com os aparelhos mais próximos da cultura infantil que são exatamente a corda, o arco e a bola, deve-se considerar também que estes são aparelhos fáceis de adquirir ou confeccionar diferente do aparelho maças indicado pelos entrevistados como o menos trabalhado nas aulas de iniciação a GR. Mendizábal e Mendizábal (1995) sugerem que a ordem para a iniciação seja corda, bola, arco, fita e maças, mas alertam que pode variar de acordo com a habilidade de cada ginasta, para as autoras deve-se iniciar introduzindo a forma de segurar para a mesma ir se adaptando às características gerais do aparelho e a partir daí passar para as técnicas de base que são formadas pelos grupos de elementos próprios de cada aparelho. Ao analisarmos a associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na iniciação à GR em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense (tabela 1) percebemos que a maioria dos treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da GR com aparelhos oficiais enquanto que a maioria dos treinadores do campeonato Paranaense trabalham com aparelhos alternativos. 131 Tabela 1 Associação entre a utilização de aparelhos oficiais e alternativos na iniciação à ginástica rítmica, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense. Aparelho Campeonato Brasileiro Oficial Alternativo Total n (%) n (%) n (%) 12 (75) 4 (25) 16 (100) 14 (60.9) 23 (100) Campeonato 9 Paranaense (39.1) X2 p-value 4.885 0.027 *Associação significativa p≤0,05 Espera-se que aparelhos oficiais sejam utilizados apenas nas categorias de competição devido às exigências específicas, porém o resultado da pesquisa nos mostra que os clubes que participam de campeonatos nacionais já os utilizam amplamente desde a iniciação, embora saibamos que materiais oficiais no Brasil são importados, portanto muito caros e de difícil acesso. Para Barbosa-Rinaldi, Martinelli e Teixeira (2009) ao iniciar o aprendizado dos aparelhos a criança deve portar materiais com tamanhos proporcionais ao seu, evitando-se aparelhos oficiais principalmente da categoria adulto, a bola, por exemplo, deve ser de tamanho reduzido para que as pequenas mãos das ginastas possam se adaptar ao formato do aparelho uma vez que a literatura especializada indica que a iniciação à GR deve acontecer por volta dos seis anos de idade (Laffranchi, 2001; Róbeva e Rankélova, 1991). A transferência de aprendizagem a partir de materiais alternativos é totalmente possível e devem ser utilizados na iniciação à GR com objetivos de criar e vivenciar movimentos de manipulação de diversas formas. É muito importante que nesta fase de iniciação a ginasta se familiarizar com os aparelhos, sinta seu formato, seu peso e sua estrutura por meio de atividades lúdicas (Gaio, 2007; Laffranchi, 2001). A tabela 2 apresenta a associação entre as dificuldades destacadas pelos treinadores presentes nos campeonatos Brasileiro e Paranaense em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita na iniciação a GR. 132 Tabela 2 Associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita na iniciação a GR, em relação aos campeonatos Brasileiro e Paranaense. Dificuldade em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita 1 n (%) 2 3 4 n (%) n (%) n (%) Campeonato 1 1 9 5 Brasileiro (6.3) (6.3) (56.3) (31.3) 7 14 2 (30.4) (60.9) (8.7) Campeonato Paranaense 0 (0) Total n (%) 16(100) X2 p-value 1.191 0.275 23(100) Nota: 1: Não saber fazer para ensinar; 2: Não ter um processo pedagógico sistematizado para seguir; 3: Dificuldade das crianças em entender o movimento; 4: Não tem dificuldade para ensinar. Não encontramos associação entre as dificuldades em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos de GR nos campeonatos Brasileiro e Paranaense podemos perceber na tabela 2, porém os resultados indicam que a maior dificuldade dos profissionais da GR está em fazer com que as crianças entendam os movimentos com facilidade, ou seja, por mais que os mesmos expliquem os movimentos as crianças não conseguem executar a contento e de acordo com as técnicas exigidas. Tibeau (1988) diz que o manuseio dos aparelhos é altamente motivador para os aprendizes, sendo fundamental no início do processo de ensino e aprendizagem. No entanto, a autora relata que o escasso tempo que dispõe um elevado nível de preparação técnica exigido pela GR tem levado muitas treinadoras a utilizarem a aprendizagem para algo imediato. Este imediatismo pode ser o fator determinante na hora do treinador alegar que a criança não entende o que ele quer ensinar. Caçola e Ladewig (2005) sugerem o uso de dicas de aprendizagem como estratégias cognitivas que podem facilitar o aprendizado de habilidades na GR, auxiliando professores e técnicos e colaborando para um aprendizado eficiente e muito divertido para as ginastas. Embora muitos profissionais aleguem não ter dificuldade alguma para ensinar (17,6% do total de entrevistados), a segunda maior dificuldade encontrada pelos participantes da pesquisa é o desconhecimento ou a inexistência de processos pedagógicos sistematizados para seguirem em suas aulas e assim obter um maior êxito no manejo correto de cada aparelho. 133 Santos et al. (2010) ao propor um diálogo entre o compreender e o fazer, com intuito de traçar procedimentos pedagógicos para as aulas de ginástica rítmica, sugerem que antes de iniciar especificamente as técnicas de manejo dos aparelhos as crianças possam vivenciar de forma lúdica as diferentes dimensões, pesos e formas de empunhadura de cada um deles, assim compreenderá este novo universo. A aprendizagem dos movimentos técnicos dos aparelhos é enfrentado de modo diversificado pelas crianças, por isso deve-se seguir uma sequencia lógica de trabalho, priorizando elementos menos complexos no início dos trabalhos. Em momento algum deve ser exigido movimentos que levem à fadiga ou exaustão, deve-se respeitar os limites de aprendizagem de cada criança, valorizando as pequenas conquistas e evitando o desinteresse pela continuidade da prática da GR (Barbosa-Rinaldi, Martinelli e Teixeira, 2009; Róbeva e Rankélova, 1991). A opção “não saber fazer para ensinar” foi assinalada apenas por um treinador, o fato de não saber executar determinados movimentos, sustenta a necessidade de conhecimento de processos que levem ao aprendizado das diversas possibilidades de se manejar um aparelho de GR. Embora este estudo apresente dados de uma boa parcela de profissionais que atuam com a GR no Brasil, podemos considerar como limitação do mesmo a abrangência territorial, uma vez que, dos 21 estados brasileiros que possuem trabalho nesta modalidade contamos com a presença de oito no campeonato nacional de 2013. Esperamos que investigações como esta sejam realizadas em outros eventos como campeonatos escolares e torneios nacionais contribuindo para o amplo desenvolvimento da ginástica rítmica. Conclusões De acordo com as observações e análises realizadas podemos concluir que mesmo os treinadores que já trabalham há mais de 4 anos com a modalidade, os que já cursaram pós graduação e até mesmo já foram ginastas e vivenciaram o manejo de todos os aparelhos encontram dificuldades em ensinar os exercícios específicos de corda, arco, bola, maças e fita. Os resultados apresentam associação para a utilização de aparelhos oficiais e alternativos e indicam que os treinadores do campeonato Brasileiro iniciam o ensino da GR com aparelhos oficiais enquanto que os treinadores do campeonato Paranaense trabalham com aparelhos alternativos e para ambos a maior dificuldade está em fazer com que as crianças entendam os movimentos com facilidade, seguida pelo desconhecimento ou a inexistência de 134 processos pedagógicos sistematizados para seguirem em suas aulas e assim obter um maior êxito no ensino-aprendizagem. A ginástica rítmica é uma modalidade jovem, em crescente evolução e carente de estudos específicos que possam colaborar com seu desenvolvimento, esperamos contribuir com a área acadêmica e profissional fornecendo subsídios para futuros pesquisadores desse esporte. Referências Barbosa-Rinaldi, Ieda Parra; Martineli Telma Adriana Pacífico; Teixeira Roseli Selicani. (2009). Ginástica Rítmica: história, características, elementos corporais e música. Maringá, PR: Eduem. Botti, M., & Nascimento, J. V. (2011). The teaching-learning-training process in Rhythmic Gymnastics supported by the ecological theory. Science of Gymnastics Journal, 3(1), 35-48. Caçola, Priscila; Ladewig, Iverson. (2005). A utilização de dicas na aprendizagem da Ginástica Rítmica: Um estudo de revisão. Lecturas: Educación Física y Deportes, v. 82, abr. Caçola, P., & Ladewig, I. (2007). Comparação entre as práticas em partes e como um todo e a utilização de dicas na aprendizagem de uma habilidade da ginástica rítmica. 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Métodos de pesquisa em atividade física. 5 ed. Porto Alegre,Artmed. 136 ANEXOS 137 Título da pesquisa: “Processos pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica” QUESTIONÁRIO TREINADORES Nome: _____________________________________________________________________ Clube: ___________________________________ Cidade: __________________________ 1. Quanto tempo trabalha com GR? ( ) Menos de 6 meses ( ) 6 meses a 1 ano ( ) 1 a 3 anos ( ) mais de 4 anos 2. Foi ginasta? ( ) Sim. Quanto tempo? ( )1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 a 4 anos ( ) mais de 5 anos ( ) Não 3. Em qual categoria você trabalha? ( ) Escolinha ( ) Pré infantil ( ) Infantil ( ) Juvenil ( ) Adulto 4. Qual sua formação: ( ) Graduação ( ) Pós graduação. Qual? ________________________________________________ ( ) Mestrado ( ) Doutorado 5. Quais os aparelhos que você ou seu clube utiliza nas aulas de iniciação em Ginástica Rítmica? ( ) Corda ( ) Arco ( ) Bola ( ) Maças ( ) Fita 6. Os aparelhos utilizados na iniciação são oficiais ou alternativos? Se forem alternativos, são de responsabilidade do clube ou construídos pelas ginastas? ( ) Oficiais ( ) Alternativos: responsabilidade do clube ( ) responsabilidade da ginasta ( ) 7. Qual a maior dificuldade encontrada em ensinar os elementos técnicos dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita para as crianças de 6 a 9 anos? ( ) Não saber fazer para ensinar ( ) Não saber por onde começar ( ) Não ter um processo pedagógico sistematizado para seguir ( ) Dificuldade das crianças em entender o movimento ( ) Não tenho dificuldades 138 Anexo B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Titulo da pesquisa: “Processos pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica” Prezado (a) Senhor (a): Solicitamos vossa participação em nossa pesquisa cujo título é “Processos pedagógicos para a prática de manejo dos aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica” que tem como objetivo identificar exercícios para a execução dos manejos dos aparelhos próprios da Ginástica Rítmica e organizá-los em sequencia como facilitadores do processo ensino/aprendizagem da modalidade. Sua participação é muito importante, pois irá auxiliar na análise dos dados que será realizado com as ginastas e professoras envolvidas nas aulas de iniciação em GR. Gostaríamos de esclarecer que a participação na pesquisa é voluntária. Informamos ainda que os dados coletados serão utilizados somente para os fins desta pesquisa mantendo a identidade dos participantes em sigilo. Os benefícios esperados são trazer contribuições ás pesquisas e o desenvolvimento da Ginástica Rítmica. Caso o senhor (a) tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode nos contatar (Márcia Regina Aversani Lourenço – (43) 9993.3797, Luciane Maria de Oliveira Bernardi – (43) 9957.4692 ou Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná – (43) 3371.7834. Londrina, 10 de outubro de 2012. Profª Márcia R. Aversani Lourenço Profª Luciane M. de Oliveira Bernardi. ________________________________________________ (nome por extenso do sujeito de pesquisa), tendo sido devidamente esclarecido sobre os procedimentos da pesquisa, concordo em participar voluntariamente da pesquisa descrita acima. _____________________________ Assinatura Data: ________________________