Jornal do Comércio - Porto Alegre
Rodovias do Sul têm maior número de
interessados em estudos de viabilidade
O lote da BR-101 no trecho de
Santa Catarina foi o projeto rodoviário com maior número de interessados em elaborar estudos técnicos e
de viabilidade para a concessão, somando 37 propostas. Segundo afirmou o ministro do Planejamento,
Nelson Barbosa, foram apresentados 314 estudos para 11 novas rodovias que serão leiloadas.
A rodovia, entre Palhoça e a
fronteira com o Rio Grande do Sul, é
a continuação de um trecho já concedido à iniciativa privada e hoje
administrado pela Arteris. A extensão total é de 240 quilômetros, e as
estimativas iniciais são de um investimento de R$ 1,1 bilhão. O nome
das empresas e consórcios interessados ainda não foi divulgado.
Outros trechos na região Sul do
País também estão entre os que receberam grande número de pedidos de autorização para os estudos.
Os lotes BR-280/SC, BR-282/470/SC
e BR-101/116/290/386/RS receberam
30 propostas cada um. O primeiro
liga Porto União, no Norte catarinense, a São Francisco do Sul, em um
corredor de 307 quilômetros utilizado para escoar a safra e a produção
industrial do estado pelos portos
do Arco Sul, e deve exigir investimentos de R$ 2,1 bilhões. O lote BR282/470/SC é outro corredor de escoamento de produção agroindustrial,
mas com 455 quilômetros ligando o
Centro do estado aos terminais portuários de Navegantes/Itajaí.
Já o lote gaúcho, com 581 quilômetros de extensão total, tem como
objetivo duplicar a chamada Rodovia da Produção (BR-386), entre Carazinho e Canoas, e a BR-116, entre
Porto Alegre e Camaquã. Além disso, esse lote também inclui a relicitação da chamada freeway, que
atualmente é administrada pela
iniciativa privada, numa concessão
que está próxima do vencimento.
No total, os investimentos no lote
são estimados em R$ 3,2 bilhões.
Outro lote entre os mais atrativos para a realização de estudos foi
o BR-262/MS, com 31 pedidos de autorização. O trecho de 327 quilômetros entre Campo Grande e Três Lagoas é utilizado no escoamento da
produção agropecuária da região
para os portos de São Paulo e Paraná, e o governo pretende duplicar a
rodovia para reduzir os custos logísticos desses produtores. Os investimentos previstos na concessão são
da ordem de R$ 2,5 bilhões.
Na outra ponta, o lote com menor número de interessados foi o da
BR-364/RO/MT, que liga Porto Velho
a Comodoro (MT), com 21 pedidos
de autorização. É também o lote
com maior extensão de rodovia,
806 quilômetros, e maior investimento previsto na concessão: R$ 6,3
bilhões. Conforme o governo, o objetivo dessa concessão é melhorar a
integração das regiões produtoras
de grãos no Mato Grosso e Rondônia à hidrovia do Rio Madeira.
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DNIT-SC/DIVULGAÇÃO/JC
Trecho catarinense da BR-101 é o mais visado pelas concessionárias
Representantes do governo
exaltaram, na semana passada, o
elevado interesse das empresas em
elaborar os estudos técnicos: um total de 49 empresas ou consórcios,
somando 314 propostas. Segundo o
ministro dos Transportes, Antonio
Carlos Rodrigues, o total de pedidos
superou “todas as expectativas”.
Apesar do considerável número de interessados, agentes do setor
são céticos quanto à efetiva realização de tal número de estudos. “Os
editais anteriores também apresen-
taram um elevado número de interessados, mas, no final, apenas dois
ou três apresentaram efetivamente
os estudos”, recordou o executivo
de uma empresa que pediu autorização para estudar alguns dos lotes.
Ele lembrou que os estudos implicam em custos, muitas vezes elevados, que podem ultrapassar R$ 3
milhões, e para os quais não há certeza de retorno. O ressarcimento só
ocorre se o governo posteriormente
escolher o estudo daquela empresa
para embasar o edital do leilão.
Ministro diz a Sartori que estuda Novas empresas se preparam para
inclusão de vias gaúchas no plano participar da disputa das estradas
O ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, confirmou ao governador José
Ivo Sartori, em Brasília, que o governo federal
vai analisar, junto com técnicos do Estado, a
inclusão de novos trechos de rodovias federais e estaduais no plano de concessões da
União. Nesses trechos, há rodovias que têm
ligação com Santa Catarina, formando corredores até o porto do Rio Grande.
Lançado em junho, o Plano de Investimentos em Logística (PIL) prevê a licitação
de um trecho de 581 quilômetros das BRs 101,
116, 386 e 290, com investimentos de cerca de
R$ 3,2 bilhões. A intenção de Sartori é “fazer
uma grande rede, que possa estabelecer um
complexo de infraestrutura rodoviária”.
O governador já havia apresentado a proposta ao vice-presidente Michel Temer e ao
presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos. Conforme
Sartori, os técnicos terão prazo para examinar
a questão até o final do ano, já que os leilões
dos trechos devem ser feitos em 2016. “Estamos apresentando o nosso caderno de estudos, para que possam se acentuar a negociação e o entendimento”, afirmou. Para Sartori,
é importante fazer um trabalho articulado
para a inclusão das novas estradas – só nas
de âmbito estadual, estimou, seriam 300 ou
400 quilômetros.
Entre elas, parte da ERS-122, na Serra gaúcha, administrada pela EGR. Outra, seria o
trecho da BR-448 previsto para ligar Sapucaia
do Sul a Portão. “É melhor fazer um trabalho
de forma dialogada e entendida, e achamos
que haverá interessados para enfrentar esse
desafio”, disse Sartori. A concessão da BR386 seria estendida até Iraí, na divisa com
Santa Catarina, e a concessão da freeway até
Cachoeira do Sul. O leilão da BR-101 incluiria o
trecho de Torres a Osório, e a BR-116 teria concessão entre Porto Alegre e Camaquã.
JOÃO MATTOS/JC
Administração da ERS-122, atualmente feita pela EGR, pode ser alterada com projeto federal
O espaço aberto pelas construtoras envolvidas na Operação Lava Jato virou oportunidade de negócios para muitos grupos
nacionais e estrangeiros no setor de infraestrutura. Nas últimas semanas, vários deles
têm procurado escritórios de advocacia e se
debruçado sobre as informações disponíveis
para avaliar a atratividade dos projetos do
pacote de concessão lançado em junho pela
presidente Dilma Rousseff. Mas ainda é cedo
para avaliar se esse movimento resultará em
disputa nos leilões.
A lista de possíveis concorrentes inclui a
JSL, uma tradicional empresa de logística rodoviária. Desde que disputou a concessão da
ponte Rio-Niterói, em março, a empresa vem
demonstrando apetite por novos projetos no
setor. “Queremos ser grandes na infraestrutura viária. Ficamos entusiasmados com o plano de concessão, mas antes de qualquer coisa
é preciso aprimorar os projetos”, diz Hilário
Pereira, diretor de infraestrutura da CS Brasil,
braço de prestação de serviço da JSL.
Segundo ele, a empresa está de olho em
todos os projetos que representem sinergia
com o grupo. Isso inclui rodovias - tanto as
com vocação ao transporte de cargas quanto as de passageiros - e aeroportos. “Muitos
investidores de fora do País têm nos procurado para negociar a formação de grupos para
disputar futuras concessões.” Pereira destaca, entretanto, que a participação da empresa ainda depende de uma série de fatores e
condições.
Além da questão sobre a Taxa Interna de
Retorno (TIR), é preciso entender como será
o financiamento dos projetos. No lançamento
do pacote, o governo anunciou que o percentual de empréstimo do Bndes dependerá do
volume de debêntures que será lançado. Mes-
mo assim, será inferior aos 70% dos últimos
leilões. Outra empresa que espera os detalhes
do pacote é a J&F, controladora do JBS. A companhia criou uma subsidiária de infraestrutura para disputar negócios de energia, logística, iluminação pública, soluções ambientais
e desenvolvimento urbano. Para isso, contratou ex-executivos do grupo OAS para comandar a nova empresa.
A paralisia provocada pela crise interna
e o baixo volume de obras nas carteiras também despertaram a curiosidade das pequenas e médias construtoras. No mês passado,
cerca de 80 empresários da área de construção, representantes de consultorias e escritórios de advocacia lotaram o auditório da Associação Paulista de Empresários de Obras
Públicas (Apeop) para discutir a formação
de grupos de trabalho para estudar as concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs).
“Todos estão interessados em obras e concessões. Estamos sendo procurados por empresas de fora de São Paulo que nem são
associadas da Apeop”, diz o presidente da
entidade, Luciano Amadio.
O objetivo é auxiliar os interessados nas
oportunidades, além de ajudá-los a se preparar para elaborar propostas. Para Amadio, o
governo Dilma precisa acelerar as concessões
para reverter a queda na atividade econômica.
Mas o fato é que o governo fez o caminho inverso: primeiro lançou a ideia e agora precisa
de investidores para fazer os estudos de viabilidade econômico-financeira. Sem dinheiro para elaborar os relatórios que serão base
para o editais de licitação, o governo tem pedido que algumas empresas façam, ao menos, dois estudos de projetos incluídos no Pacote de Concessão por meio de Procedimento
de Manifestação de Interesse (PMI).
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