4.ª Conferência da Central de Balanços do Banco de Portugal
Intervenção do Vice-Governador Pedro Duarte Neves
Funchal, 22 de Outubro de 2014
É um prazer ter a oportunidade de abrir esta 4.ª Conferência da Central de
Balanços. Esta é uma iniciativa que já vai na sua quarta edição e que tem
percorrido o País em ocasiões anteriores. Começou, por Lisboa e pelo Porto, e
esteve nos anos seguintes em Braga, Aveiro, Loulé e Santarém. É agora a vez
de sair do continente e é com muito agrado que nos deslocamos ao Funchal.
Estas conferências fazem parte de uma iniciativa mais ampla que, para além
destes eventos, engloba também a publicação regular dos Estudos da Central
de Balanços. Estes Estudos, que contam atualmente com dezasseis volumes,
contêm análises dos vários setores da economia portuguesa, do setor agrícola
ao setor das atividades de informação e comunicação, passando por outros
como o da construção e da indústria do calçado. O Banco de Portugal faz hoje
a publicação e divulgação nesta Conferência do número 17 desta serie de
Estudos, o qual é dedicado precisamente à “Análise do Setor do Turismo”.
Globalmente, estas iniciativas têm o mérito não só de divulgar esta
informação e promover o debate e a troca de ideias, mas também o de
aproximar os diferentes intervenientes e partes interessadas, tanto públicas
como privadas, nestas matérias. E esta congregação de esforços é
fundamental, já que o papel das empresas será decisivo para o futuro do País.
A necessidade de criar valor em mercados cada vez mais competitivos obriga
à eficiência e à inovação. A transição de uma estrutura produtiva mais focada
no mercado doméstico e em bens não transacionáveis, para uma estrutura
orientada para os mercados internacionais e para os bens transacionáveis só
é possível com melhorias dos níveis de competitividade da nossa economia. É
desta forma que conseguiremos elevar os padrões de desenvolvimento
económico e assegurar um futuro mais próspero para o País.
A 4.ª Conferência da Central de Balanços debruça-se exatamente sobre esta
questão, ou seja, sobre a internacionalização da economia portuguesa. O
tema desta primeira sessão é particularmente relevante para a Região
Autónoma da Madeira. Efetivamente, o turismo é um sector que tem uma
expressão significativa nesta Região, à semelhança do que se verifica com
outras regiões de Portugal e com o nosso País como um todo. Para além da
importância que tem no emprego e na criação de riqueza, contribui também
de forma decisiva para o equilíbrio das contas externas portuguesas, fruto dos
saldos externos consistentemente excedentários verificados para esta
rubrica. A segunda sessão desta 4ª Conferência da Central de Balanços terá
lugar em Lisboa, no próximo dia 1 de dezembro e focar-se-á na
internacionalização das empresas portuguesas no contexto da atividade dos
serviços.
Não quero contudo adiantar-me àquilo que aqui vai ser analisado no decurso
dos trabalhos; ao longo desta conferência vamos ter a oportunidade de
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usufruir de um conjunto de apresentações que nos vão dar uma perspetiva
detalhada desta realidade. Deixem-me ao invés dizer algumas palavras sobre
a relevância das estatísticas da Central de Balanços.
Como Vice-Governador do Banco de Portugal, não posso deixar de ressalvar a
importância que estas estatísticas têm para os decisores de política. No atual
contexto marcado pelas profundas alterações estruturais do nosso tecido
empresarial, e num contexto de elevado endividamento do sector privado da
economia, esta informação tem uma importância fundamental não só para as
atividades do Banco de Portugal enquanto autoridade monetária e de
supervisão do sistema financeiro, mas também para a análise económica e
para o acompanhamento atento da situação do País.
Mas a utilidade destas estatísticas não se esgota apenas com os propósitos
dos decisores de política. Como qualquer estatística, elas são um bem público
ao dispor dos cidadãos. E são, em particular para as próprias empresas nelas
retratadas, um importante instrumento auxiliar para a sua tomada de decisão
mais informada e tendencialmente melhor. Esta vertente é reforçada pelo
elevado nível de detalhe e granularidade das estatísticas da Central da
Balanços, que têm vindo progressivamente a revelar-se de grande
importância, em especial nos últimos anos. É particularmente relevante num
País como Portugal, caracterizado por uma elevada percentagem de
empresas de pequena e média dimensão e que, no total, são responsáveis
por uma parte significativa do emprego e da riqueza criada. De facto, a noção
da distribuição é fundamental para que as empresas possam ver para lá dos
grandes agregados e saber situar-se face aos seus pares. Só desta forma
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poderão comparar-se adequadamente com empresas que exercem atividade
nas mesmas áreas. A vantagem deste tipo de análises é que não têm
forçosamente um carácter estático. Pelo contrário, elas podem incutir uma
dinâmica de alteração comportamental: a noção clara do posicionamento
relativo num dado sector e para um dado indicador pode conduzir a um
ajustamento das políticas da empresa e da sua estratégia, com potenciais
benefícios não só para o seu desempenho individual, mas também ao nível
agregado.
Reconhecendo a importância da informação granular, o Banco de Portugal
tem vindo a investir nesta componente ao longo dos anos, com vista à
provisão de um serviço com cada vez mais valor para os seus utilizadores. O
reconhecimento da importância destas estatísticas e do trabalho levado a
cabo no Banco de Portugal para as produzir e divulgar está também
espelhado nas iniciativas internacionais em que estamos envolvidos. Aliás, a
Presidência do Comité Europeu das Centrais de Balanços, assumida pelo
Diretor do Departamento de Estatística há cerca de um ano, atesta como a
atividade do Banco de Portugal nesta matéria está na linha da frente do que é
feito atualmente à escala mundial. O objetivo primordial deste Comité, que
terá a sua reunião anual aqui no Funchal nos próximos dois dias, é o de
contribuir para a melhoria da análise das empresas não financeiras através da
compilação de informação de dados sobre as mesmas pelas diversas centrais
de balanços nacionais.
Um dos produtos desenvolvidos por este Comité é a base de dados europeia
BACH – Bank for the Accounts of Companies Harmonised, que contém
informação contabilística anual harmonizada sobre as estruturas de balanço e
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da demonstração de resultados, bem como rácios económico-financeiros.
Uma vez mais, dada a importância de conhecer os perfis das distribuições,
estes dados estão agrupados por setor de atividade e dimensão das
empresas.
Espero desta forma ter contribuído para despertar a vossa curiosidade para
os trabalhos desta 4.ª Conferência da Central de Balanços, cujas
apresentações e discussões serão seguramente muito interessantes.
Antes de terminar, gostaria de dizer algumas palavras sobre a organização
desta Conferência.
As primeiras apresentações estão a cargo do Dr. João Cadete de Matos e a
Dra. Ana Margarida de Almeida, respetivamente Diretor e Diretora-adjunta
do Departamento de Estatística do Banco de Portugal, que nos farão uma
panorâmica sobre as estatísticas produzidas pelo Banco de Portugal e sobre a
forma como a atividade económica da Madeira se encontra espelhada
naquelas estatísticas.
De seguida, teremos o prazer de ouvir a Dra. Emília Alves, Diretora da Direção
Regional de Estatísticas da Madeira, acerca da caraterização socioeconómica
da Região Autónoma da Madeira.
A Doutora Paula Menezes e a Dra. Margarida Brites, respetivamente
Coordenadoras das Áreas da Central de Balanços e da Balança de Pagamentos
e Posição de Investimento Internacional do Banco de Portugal, dar-nos-ão um
enquadramento das empresas do setor do turismo em Portugal e das viagens
e turismo na Balança de Pagamentos Portuguesa.
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A terminar as apresentações desta conferência, teremos o privilégio de contar
com a participação de Doutor Aurel Schubert, Diretor-Geral de Estatísticas do
Banco Central Europeu, que nos falará sobre a crescente utilização de
estatísticas nos centros de decisão europeus.
Finalmente, caberá ao Dr. João Cotrim Figueiredo, Presidente do Turismo de
Portugal, o encerramento dos trabalhos.
Finalmente, permitam-me que aproveite esta oportunidade para agradecer a
dedicação e o empenho dos nossos colaboradores da Delegação Regional do
Funchal que, à semelhança das demais agências e delegações do Banco de
Portugal, ajudam a aproximar a nossa Instituição do País e dos Portugueses.
Muito obrigado pela vossa atenção.
Pedro Duarte Neves
Vice-Governador, Banco de Portugal
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