Comunicação e Expressão
Apostila 01
1
• Dizem os pesquisadores da
linguagem, em crescente convicção:
aprendemos a ler lendo.
• E...vivendo?
2
A Importância da leitura na
Construção do Conhecimento
• As
modernas
teorias
da
aprendizagem
consideram o conhecimento como sendo uma
construção íntima de cada ser, uma elaboração
da
mente,
construindo,
desmontando
e
reconstruindo estruturas de pensamentos,
sempre a partir do que se percebeu e
experimentou.
3
O que isso significa?
• Significa que devemos considerar os fatores
externos, as possíveis estimulações, que são
recursos que podem despertar o interesse do
leitor para um determinado tema, numa atitude de
curiosidade e atenção.
4
Temos que considerar tudo o que já foi, por nós, vivido
(nessa encarnação e nas anteriores); tudo o que já se fez,
descobriu, percebeu, intuiu e pensou; os filmes que já
assistimos, as conversas que já ouvimos, as histórias que
lemos...
• Tudo participa do seu modo de ver o mundo e de
aprender.
• Todas as informações e exemplos a que somos
expostos, sempre podem nos influenciar, mais ou
menos intensamente.
5
A leitura eficiente, depende de MÉTODO.
• É fundamental compreender que, na formação
de cada cidadão bem como de um povo, a
leitura
é
de
máxima
importância,
representando um papel essencial, pois
revela-se como uma das vias no processo de
construção do conhecimento, como fonte de
informação e formação cultural.
6
• O ato de ler é um exercício de indagação, de
reflexão crítica, de entendimento, de captação de
símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo,
de informações...
• É um exercício de intercâmbio, uma vez que
possibilita relações intelectuais e potencializa
outras.
• Permite-nos a formação dos nossos próprios
conceitos, explicações e entendimentos sobre
realidades, elementos e/ou fenômenos com os
quais defrontamo-nos.
7
• A leitura torna nosso conhecimento mais amplo
e diversificado.
• Saber ler e compreender o que os outros dizem
nos difere dos animais irracionais, pois comer,
beber e dormir até eles sabem, é a leitura que
proporciona a capacidade de interpretação.
• Texto: 09 DICAS PARA MELHORAR
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.
A
8
Texto e Contexto
• A “grosso modo”, um texto pode ser entendido
como manifestação linguística das ideias de um
autor, que serão interpretadas pelo leitor de
acordo com seus conhecimentos linguísticos e
culturais e, seu tamanho, pode ser variável.
• As notícias lidas ou ouvidas são texto; aquelas
conversas, de que fazemos ou não parte, são um
texto; o que o palestrante diz é um texto; os
poemas, os contos etc. são textos; enfim,
estamos rodeados de textos, uma vez que,
repetindo: quando falamos, ouvimos, lemos e
escrevemos, produzimos textos.
9
Por isso, texto é:
• Ouvido – Você ouve conversas ocorridas entre
duas ou mais pessoas; noticiários ouvidos pelas
rádios ou televisão; palestras; discurso em época
de eleição; letras de música; entre tantos outros
textos.
• Falado – Você produz textos falados, quando
participa de conversas (entre você e outra(s)
pessoa(s)); uma aula que você ministra (caso
seja professor(a)); apresentação de um tópico em
reunião de trabalho; uma declaração de amor;
entre tantos outros textos.
10
• Lido – Você lê textos escritos: notícias,
horóscopos, carta do leitor, editorial em revista
ou jornal; romances, contos, poemas etc. em
livros impressos; e-mail, face e outros textos
virtuais; recados, bilhetes, receitas, bula e outros
do cotidiano.
• Escrito – Você escreve bilhetes, recados e outros
do
cotidiano;
e-mail,
cartas
comerciais,
memorandos, relatórios e outros possíveis de
trabalho; talvez poemas, contos, crônicas do
mundo da literatura; e outros, conforme a
necessidade e vontade.
11
Em resumo...
• Quando queremos nos comunicar, recorremos ao
texto e, por meio dele, nos expressamos. Assim,
o texto é expressão.
• Além disso, porque em cada situação
comunicativa nós temos um propósito, o texto
exerce uma função, isto é, tem uma serventia, ou
seja, todo texto é instituído de intenção, uma vez
que recorremos a ele com um objetivo específico.
12
• Produzimos – fala, escrita – com a intenção de
fazer algo e o sucesso da comunicação está na
identificação dessa intenção por parte do
interlocutor (o outro, com quem falamos ou para
quem escrevemos).
• No percurso da interação – entre nós e o outro –
damos instrução necessária para que o outro
faça, com eficácia, essa identificação.
• Consequentemente, todo texto é expressão de
atividade social e comunicativa, não existindo
fora das inter-relações pessoais.
13
• Qualquer texto está ancorado em um contexto
social concreto.
• O texto, como expressão de uma atividade social
de comunicação, envolve um parceiro, um
interlocutor,
porque
construímos
nossa
expressão com o outro, a dois. Esforçamo-nos,
sem ter muita consciência disso, para o texto ser
relevante, supondo ser da necessidade, do
interesse ou do gosto do outro.
14
A estudiosa brasileira Koch, em sua obra
sobre texto, defende a posição de que:
• a)a produção textual é uma atividade verbal, a
serviço de fins sociais e, portanto, inserida em
contextos mais complexos de atividade;
• b)trata-se de uma atividade consciente, criativa,
que
compreende
o
desenvolvimento
de
estratégias concretas de ação e a escolha de
meios adequados à realização dos objetivos; isto
é, trata-se de uma atividade intencional que o
falante, de conformidade com as condições sob
as quais o texto é produzido, empreende,
tentando dar a entender seus propósitos ao
destinatário através da manifestação verbal;
15
• c)é uma atividade interacional, visto que os
interactantes, de maneiras diversas, se acham
envolvidos na atividade de produção textual
(KOCH, 1998,p.22).
• Outro aspecto importante sobre o texto é o tema,
ou seja, o núcleo semântico, que dá ao texto
continuidade e unidade. O texto não é um
conjunto aleatório de palavras ou de frases; ao
contrário,
é
composto
de
sentenças
interconectadas.
16
• Podemos dizer que o texto se constrói com base
em uma interação comunicativa, diante de uma
manifestação linguística, pela atuação conjunta
de uma rede de fatores de ordem situacional,
sociocultural e interacional, capazes de construir
determinado sentido.
• Desse modo, o sentido não está no texto, mas se
constrói a partir dele.
• Conforme Roncarati (2010, p.48) “o sentido é uma
construção sociointeracional, pois só surge após
colaboração entre leitor e texto”.
17
• Um texto não é uma mera soma de frases. O que
o diferencia de um não texto é a sua textualidade
que se manifesta em diferentes graus.
• Todo texto tem que ter alguns aspectos formais,
ou seja, tem que ter estrutura, elementos que
estabelecem relação entre si.
18
Os sete importantes
fatores da textualidade são:
• 1.a coesão: a relação de encadeamento de partes
e de unidades. "A coesão textual é a relação, a
ligação, a conexão entre as palavras, expressões
ou frases do texto”. (PLATÃO & FIORIN, 1996)
• 2.a coerência: o sentido atribuído por um
interlocutor. A coerência está relacionada com a
compreensão, a interpretação do que se diz ou
escreve. Um texto precisa ter sentido, isto é,
precisa ter coerência, que é um fator de
interpretabilidade do texto, pois possibilita que
todas as suas partes sejam englobadas num
único significado que explica cada uma delas.
19
• 3.a intencionalidade: o que o autor quer do leitor.
Concerne ao empenho do produtor em construir
um texto coerente, coeso e capaz de satisfazer os
objetivos que tem em mente numa determinada
situação comunicativa. A meta pode ser informar,
impressionar, alarmar, convencer, persuadir, ou
defender etc., e é ela que vai orientar a confecção
do texto.
20
• 4.a aceitabilidade: o que o leitor espera.
• O outro lado da moeda da intencionalidade (que
envolve o produtor) é a aceitabilidade, que diz
respeito à expectativa do recebedor do texto. O
leitor espera que o conjunto de ocorrências com
que se defronta seja um texto coerente, coeso,
útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir
conhecimentos ou a cooperar com objetivos do
produtor.
21
• 5.a informatividade: os dados novos. Refere-se
ao grau de previsibilidade (expectativa) da
informação presente no texto.
• É importante para o produtor saber com que
conhecimentos do recebedor ele pode contar e
que, portanto, não precisa explicitar no seu texto.
O interesse do leitor/ouvinte pelo texto vai
depender do grau de informatividade de que é
portador. Esse fator de textualidade trata da
medida na qual as ocorrências de um texto são
esperadas ou não, conhecidas ou não, no plano
conceitual e no formal.
22
• 6.a situacionalidade: os atores e o lugar da
comunicação. Refere-se ao lugar e ao momento
da comunicação.
• Todos os dados situacionais interferem na
produção e recepção do texto; diz respeito aos
elementos responsáveis pela pertinência e
relevância do texto quanto ao contexto em que
ocorre. É a adequação do texto à situação
sociocomunicativa.
23
• 7.a intertextualidade: a referência a outros textos.
• É o diálogo entre textos para aumentar o poder
de argumentação. Inúmeros textos só fazem
sentido quando entendidos em relação a outros
textos, que funcionam como contexto.
24
Um texto pode ser entendido como manifestação linguística das ideias de
um autor, que serão interpretadas pelo leitor de acordo com seus
conhecimentos linguísticos e culturais e, seu tamanho, pode ser variável.
• Texto é:
– Expressão;
– é instituído de intenção, uma vez que recorremos a ele
com um objetivo específico;
– é expressão de atividade social e comunicativa, não
existindo fora das inter-relações pessoais;
– não é um conjunto aleatório de palavras ou de frases,
ao contrário, é composto de sentenças interconectadas,
e
– se constrói com base em uma interação comunicativa,
diante de uma manifestação linguística, pela atuação
conjunta de uma rede de fatores de ordem situacional,
sociocultural e interacional, capazes de construir
determinado sentido.
25
Contexto
• Define-se como informações que acompanham o
texto. Por isso, a compreensão do texto, depende
da compreensão do contexto.
• Assim sendo, não basta a leitura do texto, é
preciso retomar os elementos do contexto,
aqueles que estiveram presentes na situação de
sua construção.
• O contexto deve ser visto em suas duas
dimensões: estrutura de superfície e estrutura de
profundidade.
26
Estrutura de superfície
• Considera os elementos do enunciado, ou seja, o
leitor busca o primeiro sentido produzido pelas
orações.
– Nota: chamamos de enunciado a dimensão material do
texto: as palavras, frases e no caso dos textos escritos,
temos a própria mensagem do texto, como também, os
desenhos, as fotos, etc.
– Sequência de palavras de forma a constituir uma frase, um
conjunto de frases ou um pensamento acabado.
– Ex:
Enunciado
de
uma
questão
de
prova:
Faça tal coisa , Cite, Explique, etc.
27
Estrutura de superfície
• Ex: O homem recebeu uma foto.
• O + homem + recebeu + uma + foto – temos a estrutura de
superfície apresentando as seguintes caraterísticas:
•
•
•
Ela está “diretamente relacionada com a forma fonética” – que
significa o estudo dos sons utilizados na fala - (Chomsky, 1970c. 34), do
enunciado;
A sua representação é linear (se trocarmos a ordem linear dos
elementos teremos uma frase sem sentido);
O arranjo de seus elementos submete-se a uma hierarquia.
28
Estrutura de
profundidade
• Considera a semântica (é o
estudo do significado) da
organização das palavras (a
análise sintática - sistema das
regras que definem as frases
permitidas em uma língua;).
• Aqui, vasculha-se a visão de
mundo que “enforma” o texto.
29
Ou seja,
• Estrutura
de
superfície
–
determinada
pela
interpretação
fonética.
• Estrutura
de
profundidade
–
determinada por sua interpretação
semântica.
30
• O contexto
situacional.
pode
ser
imediato
ou
31
Contexto Imediato
• Relaciona-se com os elementos que seguem ou
precedem o texto imediatamente.
• São os chamados referentes textuais.
• O título de um poema pode despertar
determinadas decodificações.
• Por exemplo: "Meu sonho’, de Álvares de
Azevedo, já prenuncia uma visão de mundo
centralizada no eu.
32
Contexto Imediato
• Esta
subjetividade
e
individualidade,
características românticas por excelência,
juntamente com o tema sonho, também de matiz
romântico, endereçam o leitor para uma
atmosfera estética romântica.
33
Contexto Situacional
• É formado por elementos exteriores ao texto.
• Esse contexto acrescenta informações, quer
históricas, quer geográficas, quer sociológicas,
quer literárias, para maior eficácia da leitura que
se imprime ao texto.
• Agora se exige uma postura ativa do leitor. O
texto é então enriquecido, às vezes, reinventado,
recriado.
34
• É
preciso
demonstrar
dois
dados
importantíssimos no que se refere a textos:
– O significado de uma parte não é autônomo,
mas depende das outras com que se relaciona.
– O significado global de um texto não é o
resultado de mera soma de suas partes, mas
de uma certa combinação geradora de
sentidos.
35
Intertexto
• Além do contexto, a leitura deve considerar que
um texto pode ser produto de relações com
outros textos, uma espécie de diálogo
estabelecido entre dois ou mais textos.
• Você se lembra deste texto?
• Monte Castelo
• Ainda que eu falasse a língua dos homens.
• E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
seria.
36
•
•
•
•
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
•
•
•
•
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
37
• Ainda que eu falasse a língua dos homens.
• E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
seria.
•
•
•
•
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
38
•
•
•
•
É um estar preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
• Estou acordado e todos dormem todos dormem
todos dormem.
• Agora vejo em parte. Mas então veremos face a
face.
39
•
•
•
•
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
seria.
• (VILLA-LOBOS; BONFÁ; RUSSO, 1995)
40
• É uma letra de música de muito sucesso e nela
ocorre a intertextualidade de forma explícita, ou
seja, há cópia de trechos de outros textos nela.
• Há trecho do poema de Luiz Vaz de Camões:
41
Amor é fogo que arde sem se ver
•
•
•
•
•
•
•
•
Amor é fogo que arde sem se
ver;
É ferida que dói e não se
sente;
É um contentamento
descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que
bem querer;
É solitário andar por entre a
gente;
É nunca contentar-se de
contente;
É cuidar que se ganha em se
perder;
42
•
•
•
•
•
•
É querer estar preso por
vontade;
É servir a quem vence, o
vencedor;
É ter com quem nos mata
lealdade.
Mas como causar pode seu
favor
Nos corações humanos
amizade,
Se tão contrário a si é o
mesmo Amor?
•
(CAMÕES)
43
• Verificamos que o músico estabelece um diálogo
com o poeta Camões, ao utilizar uma das
estrofes de seu poema.
• Caso o leitor não tenha esse conhecimento, a
intertextualidade não será reconhecida e,
portanto, também não será reconhecida a
essência da mensagem sobre o tema “amor”.
• A escolha de uma mesma caracterização os une
no papel de poetas, cuja proposta é difundir um
valor ou ponto de vista sobre o amor.
44
• Há também trechos bíblicos:
– Ainda que eu falasse as línguas dos homens e
dos anjos... (BÍBLIA, 1993, COR. I, 13:1)
• Intertexto é o diálogo que cada texto estabelece
com outros textos.
45
• Como se vê, é possível elaborar um texto novo a
partir de um texto já existente. É assim que os
textos "conversam" entre si. É comum encontrar
ecos ou referências de um texto em outro. A essa
relação se dá o nome de intertextualidade.
• Para entender melhor a palavra, pense em sua
estrutura. O sufixo inter, de origem latina, se
refere à noção de relação (entre). Logo,
intertextualidade é a propriedade de textos se
relacionarem.
• EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.
46
• Falamos da leitura e do conhecimento que
adquirimos com esse hábito.
• Mas, existe uma única forma de conhecimento?
47
Conhecimento prévio
• O conhecimento prévio é o nosso repertório, os
nossos conhecimentos adquiridos e que fazem
parte de nossa memória e inteligência e que
utilizamos quando necessários na leitura.
• Por exemplo: Hoje Pedrinho veio buscar o avô. O
velhinho caminhava apoiando-se numa bengala.
48
• Relacionamos velhinho ao termo avô. Essa
ligação não está expressa no texto e só é
possível elaborar essa inferência por causa do
conhecimento que você tem sobre avô, que inclui
não somente significado básico da palavra – pai
do pai ou pai da mãe - mas também que em geral
os avós são pessoas mais velhas.
49
• O nosso conhecimento prévio nos leva a
compreender o que está expresso de forma
explícita no texto e a completar o que não está
expresso claramente.
• Segundo Liberato e Fulgêncio (2007, p. 31):
– Quando lemos, não estamos jogando unicamente
com aquilo que é expresso explicitamente, mas
também com um mundo de informação implícita,
não expressa claramente no texto, mas totalmente
imprescindível para poder compor o significado.
50
• Nós devemos, então, acrescentar conhecimentos
extras ao que é lido para criar lógica ao texto e
compreensão daquilo que o autor quer
comunicar. A esse processo de elaboração ativa
de conhecimentos damos o nome de inferência.
• É devido a essa nossa capacidade de inferência
que se permite a qualquer autor não colocar no
texto toda a informação necessária à sua
compreensão.
• Na verdade, seria inviável a comunicação se as
pessoas precisassem explicar cada item.
51
• Já imaginou explicar a frase: “Fernando queria
consertar o armário?”
• Fernando, um humano, bípede, meu irmão (ou
cunhado, ou...), irmão tem relação sanguínea
(relação sanguínea significa...), consertar é o ato
de ..., armário é o objeto em que se guarda...
• Vamos examinar outro texto:
– Amanhã é o aniversário da Laurinha. Ana e Luísa
foram comprar um presente. Elas estão pensando
em comprar uma boneca. (LIBERATO e FULGÊNCIO, 2007, p.
35)
52
• Em primeiro lugar, se amanhã é o aniversário da
Laurinha, supomos que ela ganhará presentes.
Essa inferência é baseada no conhecimento
cultural, uma vez que há países onde presentes
não são oferecidos no dia de aniversário.
Portanto, nem todas as pessoas poderiam
construir aqui essa inferência.
• Outro aspecto é que a compra da boneca feita
por Ana e Luísa é para Laurinha. Sabemos disso
devido ao nosso conhecimento de que quando
alguém faz aniversário, compramos presente.
53
• Por fim, inferimos a idade de Laurinha, que deve
ser uma criança, porque o presente é uma
boneca.
• A reconstrução das inferências envolvidas na
interpretação desse pequeno texto pode parecer
extensa, mas quem compreendeu o texto fez
todas essas relações. Essas operações mentais
são realizadas com facilidade e automaticamente.
54
• A compreensão da linguagem é então um
verdadeiro jogo entre aquilo que está explícito no
texto (que é em parte percebido, em parte
previsto) e entre aquilo que o leitor insere no
texto por conta própria, a partir de inferências
que faz, baseado no seu conhecimento de
mundo. (LIBERATO e FULGÊNCIO, 2007, p.36)
55
Síntese feita por Dell’Isola (2001, p.44):
• Inferência é, pois, uma operação mental em que o
leitor constrói novas proposições a partir de
outras já dadas. Não ocorre apenas quando o
leitor estabelece elos lexicais, organiza redes
conceituais no interior do texto, mas também
quando o leitor busca, extratexto, informações e
conhecimentos adquiridos pela experiência de
vida, com os quais preenche os “vazios” textuais.
O leitor traz para o texto um universo individual
que interfere na sua leitura, uma vez que extrai
inferências
determinadas
por
contextos
psicológico, social, cultural, situacional, dentre
outros.
56
Conhecimento de mundo
• O conhecimento enciclopédico ou conhecimento
de mundo, trata do nosso embasamento cultural,
dos conhecimentos que vamos acumulando no
cotidiano, nas nossas experiências, vivências e
aprendizagens, é aquele que encontra-se
armazenado na memória de longo tempo – referese a conhecimentos gerais sobre o mundo.
57
Conhecimento Interacional
• Engloba-se neste tipo de conhecimento a
interação entre o escritor e o leitor. Algumas
vezes, o escritor dialoga diretamente com o leitor
ou no preâmbulo do livro, ou mesmo no decorrer
do texto. Outras vezes, há um trocadilho com
uma mensagem implícita esperando o riso do
leitor.
58
• Da parte do escritor há de haver também
preocupação com objetividade daquilo que
pretende informar, a adequação dos elementos,
coerência, etc. Palavras grifadas, entre aspas,
parênteses, são recursos gráficos que o escritor
usa para chamar a atenção do leitor. Entende-se,
portanto, como conhecimento interacional, que
leitor e escritor caminhem juntos.
59
Conhecimento linguístico
• O conhecimento linguístico é o básico dos
conhecimentos prévios de leitura, é o falar uma
língua desde o nascimento, é o conhecimento de
uso da língua nativa que cada indivíduo tem, ou
seja, significa de forma óbvia, conhecer uma
língua. Se falamos melhor o português do que
outra língua, leremos melhor em português do
que em outra língua.
• É nesse conhecimento, o linguístico, que entra o
saber
uma
língua
estrangeira
e,
este
conhecimento, será graduado conforme a
extensão do entendimento que o indivíduo tem
desta outra língua. Quanto mais souber esta
outra língua, melhor funcionará o seu
conhecimento quando da leitura.
60
Por exemplo:
• Segundo
nosso
conhecimento linguístico,
sabemos que uma palavra em língua portuguesa
pode ser feminina e masculina, sendo que
usualmente o final das palavras é “o” para indicar
masculino e “a” para indicar feminino.
• Sabemos também que as palavras podem indicar
uma só unidade ou várias unidades, ou seja, a
palavra pode estar no singular ou no plural,
sendo que “-s” é um indicador de plural na nossa
língua e a ausência desse indicador significa que
a palavra está no singular.
61
Conhecimento textual
• O conhecimento textual diz respeito ao
conhecimento dos tipos de textos existentes, de
suas estruturas e tipos de discurso e de seus
usos, o que faz, por exemplo, um poema ser
diferente de um despacho jurídico, formalmente
falando.
• Texto: CONCEITO DE TEXTO, CONTEXTO E
INTERTEXTUALIDADE.
• EXERCÍCIOS DE INTERPRETAR TEXTOS DE
QUADRINHOS.
62
Download

Apost 01 - 2015 (2)