EDUCAÇÃO SUPERIOR
Rankings podem ajudar estudantes na escolha do curso e da universidade
Eu me lembro como se fosse hoje: aos 17 anos, ouvindo “Enya” no meu recém-ganhado de Natal CD
player portátil, eu viajei acompanhada da minha mãe para fazer matrícula no curso de “comunicação
social com habilitação em jornalismo”. Era início de 1999, eu havia sido aprovada na Unesp, uma
universidade pública estadual com campi por todo o Estado de São Paulo. Aquele campus, de Bauru,
fica a 330 km de onde eu nasci. Mas naquela época eu ainda não sabia disso.
Também não tinha a menor ideia do que estudaria no curso de jornalismo. Sabia que teria disciplinas
como sociologia, algo assim, alguém tinha me dito. Não sabia de muita coisa naquela época, nem sabia
direito o que era uma universidade. Mas eu gostava da ideia de ir para uma “universidade” como
aquelas que eu via em filmes. Ou como a USP, que um dia, ainda criança, ouvi dizer que era a “melhor
universidade do Brasil”. Era mesmo?
Lembro-me de que eu queria estudar em uma “universidade pública no Estado de São Paulo”, não sei
exatamente o porquê, mas desconfio que seja simplesmente porque eu não sabia que existiam
universidades públicas boas fora da minha vizinhança. Eu não tinha informação nenhuma sobre cursos
e nem sobre universidades. Dei sorte: parece que escolhi o curso certo, acabei me dando bem na
universidade e, sim, virei uma jornalista. Mas isso não acontece com todo mundo.
No Brasil, somos muito cruéis: os estudantes têm de escolher a carreira da vida inteira aos 17 ou 18
anos. Isso acontece porque aqui, diferentemente de países como os Estados Unidos, o aluno entra em
um curso específico –engenharia civil, administração pública– e não em uma grande área de estudos
que, depois, vai se afunilando em uma especialidade. Dá para saber que se pretende ser “engenheiro
civil” no final da adolescência? Pois é.
Para dificultar a situação, aqui no Brasil os estudantes não têm muito costume de visitar as instituições
de ensino antes de decidir na qual pretendem entrar. Pode parecer bobo, mas isso é importantíssimo:
tem gente que se dá melhor em escolas pequenas, dessas em que os professores conhecem os alunos
por nome. Outros preferem as grandes universidades com campus enormes e cheios de árvores. Tem
gente que já trabalha e pretende estudar à noite, outros buscam uma universidade de pesquisa para
perseguir uma carreira acadêmica.
E o mais importante: sete em cada dez alunos matriculados no ensino superior no país pagam pelos
seus estudos e precisam ter informações sobre o seu investimento. Se der errado, essas pessoas vão
perder tempo e dinheiro. Simples assim.
EDUCAÇÃO SUPERIOR
Todas as vezes em que me deparei com essas questões, com os dados altíssimos sobre evasão
escolar e com a história de alunos frustrados por terem errado no curso ou na instituição, pensava que
seria interessante ter uma maneira de compilar dados e informações que facilitassem a escolha dos
estudantes. Foi assim que surgiu, há cinco anos, a proposta do RUF- Ranking Universitário, publicado
pela primeira vez em 2012. Neste ano, o RUF chega à quarta edição.
DADOS ABERTOS
O RUF reúne uma série de informações sobre o ensino superior do país que antes eram
desconhecidas. Quais são as universidades com mais professores com doutorado? Em quais os
docentes são mais produtivos? E quais têm mais inovação tecnológica? Tudo isso está no RUF.
Os dados que dão base ao RUF são coletados em bases do Inep-MEC, do Inpi, de portais de periódicos
científicos “Web of Science” (internacional) e SciELO (nacional). Também são feitas duas pesquisas
exclusivas de opinião com empregadores e com docentes. Dá para saber, por exemplo, quais
instituições têm a melhor percepção de quem contrata no país.
A ideia principal do RUF é que os estudantes de hoje não precisem tomar uma das decisões mais
importantes da sua vida às cegas, torcendo para ver se dá certo, como eu fiz e muita gente tem feito. É,
também, uma forma de acompanhar o que as universidades têm feito e de orientar políticas públicas na
área de ensino superior. Acesse, compartilhe, faça suas análises, tire as suas conclusões. O ranking é
seu.
Fonte: Folha de S. Paulo/ Abecedário
Data: 14 de setembro
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