LAUDO TÉCNICO DE COBERTURA VEGETAL
ÁREA LOCALIZADA NA AVENIDA DR. SEZEFREDO AZAMBUJA VIEIRA,
LOTE 37, ESQUINA AV. FARROUPILHA (projetada), CANOAS, RS.
Outubro de 2013.
SUMÁRIO
1. IDENTIFICAÇÃO
3
1.1 Dados do empreendedor
3
1.2 Dados do técnico responsável
3
2. CONSIDERAÇÕES GERAIS
4
2.1 Introdução
4
2.2 Descrição da área
5
2.3 Metodologia
6
2.4 Enquadramento fitogeográfico
7
2.5 Descrição geral da vegetação
7
3. LISTAGEM TAXONÔMICA DAS ESPÉCIES
13
4. MANEJO DA VEGETAÇÃO
16
4.1 Medidas compensatórias
16
4.2 Medidas mitigatórias
16
5. CONCLUSÕES
17
6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
18
7. ANEXO
18
2
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1. Dados do Empreendedor:
MULTIPLAN GRENFIELD VII EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO LTDA
Avenida das Américas, 4200, Bloco 02, Sala 501, Bairro Barra da Tijuca
CEP 22640-102
Rio de Janeiro – RIO DE JANEIRO
Fone: (51) (11) 987201984/3529.2505 contato EngºAnderson Marques
E-mail: [email protected]
1.2. Dados do Técnico Responsável:
Engª. Agrônoma FABIANA LIMA DE SOUZA
Registro no CREA-RS 140288
Rua País de Gales, 365, Bairro Marechal Rondon
CEP 92022-055
Canoas – RIO GRANDE DO SUL
Fone: (51) 9817.9352/3468.7501
E-mail: [email protected]
3
2. CONSIDERAÇÕES GERAIS
2.1. Introdução
O presente laudo técnico visa caracterizar a cobertura vegetal de uma área com
93.603,611m², matrícula de nº 67.139, localizada na Av. Dr. Sezefredo Azambuja Vieira,
esquina com o prolongamento projetado da Av. Farroupilha, Bairro Marechal Rondon,
Canoas – RS (Figura 1).
A caracterização da vegetação é feita pelo método de amostragem das espécies
arbóreas, determinações taxonômicas e medidas dendrométricas com o intuito de
atender às exigências da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) do município
de Canoas, RS, para licenciamento ambiental do empreendimento de shopping center.
Figura 1: Planta de situação do terreno.
4
2.2. Descrição da área
A área está registrada no Registro de Imóveis de Canoas sob nº de matrícula
67.139 e possui as seguintes confrontações: ao sul, onde faz frente, na extensão de
(175,48m), no alinhamento com o prolongamento da Av. Dona Rafaela; ao norte, onde faz
fundos, na extensão de (186,97m), com parte do denominado lote 38, que é ou foi de
propriedade da Comunidade Evangélica Luterana São Paulo; ao leste, na extensão de
(488,97m), de frente ao fundo, com parte do denominado lote 38, e ao oeste, em dois
segmentos, sendo o primeiro, no sentido norte-sul, na extensão de (469,08m), e o
segundo segmento, no sentido sudeste, por uma curva, na extensão de (32,20m).
A área encontra-se entre o Parque Municipal Getúlio Vargas e o Loteamento
Moinhos de Vento.
A topografia da área apresenta-se com leve declividade, sendo a cota mínima de
18 e máxima de 28 na divisa norte.
No interior da área observa-se um canal de drenagem, porém, com ausência de
água corrente no período de trabalho de campo.
Em
alguns
pontos
da
área
há
encharcamento e alagamento do solo.
A vegetação predominante é a floresta exótica de eucalipto com sub-bosque de
espécies nativas pioneiras, o qual ocupa homogeneamente toda a extensão da área.
Na figura 2, é possível observar a imagem de satélite com a demarcação dos
limites da área, onde se visualiza o aspecto de sua cobertura vegetal.
5
Parque Municipal
Getúlio Vargas
Loteamento
Moinhos de Vento
Figura 2: Imagem de satélite com demarcação aproximada, em amarelo, dos limites da
área do empreendimento. Fonte Google, 2013.
2.3. Metodologia
A área total da formação florestal foi, anteriormente, demarcada em planta
planialtimétrica por profissionais habilitados.
O método utilizado para realizar o inventário da vegetação foi o método de
parcelas, onde percorre-se a área aleatoriamente, sendo o resultado extrapolado para a
área total. As parcelas escolhidas de forma aleatória, tiveram dimensões de 10 x 10m,
perfazendo 100m² de área.
Os exemplares de importância ecológica foram etiquetados e identificados de
forma isolada.
O número de parcelas amostradas foi de 20, totalizando 2.000m² de área
amostrados. Foram mensurados o DAP e altura de todos os espécimes amostrados, sendo
utilizados para os cálculos médios apresentados na tabela 2. Os exemplares com DAP
abaixo de 5cm não foram amostrados.
6
A partir da amostragem, obteve-se o nº de indivíduos por ha, bem como, a
densidade e frequência relativas, em porcentagem.
A identificação das espécies vegetais foi realizada in loco e, quando ocorreram
dúvidas, o material foi coletado para posterior identificação com auxílio de bibliografia
especializada.
2.4 Enquadramento fitogeográfico
O município de Canoas, onde está situado o terreno, pertence à região
fitoecológica denominada Tensão Ecológica, que é denominada como de contato entre as
formações da Floresta Estacional Semidecidual com a Savana Gramínea-Lenhosa e a
floresta Ombrófila Densa (Teixeira et. al., 1986).
Canoas está inserida no Bioma Pampa, de acordo com o mapa publicado pelo IBGE
da área de aplicação da Lei nº 11428/06 - Lei da Mata Atlântica, regula a conservação, a
proteção, a regeneração e a utilização da Mata Atlântica, e o Decreto nº 6660/08, que
detalha 'o que', 'como' e 'onde' pode haver intervenção ou uso sustentável da vegetação
nativa.
2.5 Descrição geral da vegetação
O tipo de formação vegetal existente na área é a floresta exótica de eucalipto, na
qual constam diversos exemplares rebrotados, com sub-bosque de espécies nativas
pioneiras e algumas exóticas, ocupando homogeneamente toda a área. Sendo que, parte
da área apresenta-se com sub-bosque mais denso e parte menos denso.
Foram encontrados, próximos ao canal de drenagem, três exemplares de jerivá
(Syagrus romanzoffiana), os quais foram identificados por etiquetas numeradas para,
posteriormente, serem transplantados.
No sub-bosque ocorrem espécies arbóreas nativas pioneiras, com predomínio de
chá-de-bugre (Casearia sylvestris), maricá (Mimosa bimucronata), capororoca (Myrsine
spp.), aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius) e algumas exóticas como, canela-daíndia (Cinnamomum zeylanicum) e uva-do-japão (Hovenia dulcis).
7
Não foram encontradas espécies imunes ao corte pelo Código Florestal do Rio
Grande do Sul (Lei nº 9519/92), nem ameaçadas de extinção, conforme Lista Brasileira
do IBAMA.
Pelas figuras 3 a 13 é possível visualizar o aspecto da vegetação da área.
Figura 3: Vista do aspecto da vegetação a partir da projeção da Av. Farroupilha.
Figura 4: Aspecto do sub-bosque em parte da floresta de eucaliptos.
8
Figura 5: Aspecto do sub-bosque em uma das parcelas amostradas.
Figura 6: Aspecto do sub-bosque em outra parcela amostrada.
9
Figura 7: Aspecto de eucaliptos rebrotados.
Figura 8: Detalhe do caule da palmeira Jerivá (nº 01) identificada na área.
10
Figura 9: Localização da palmeira Jerivá (nº 01) junto ao canal de drenagem.
Figura 10: Estrada para deslocamento no interior da floresta de eucaliptos.
11
Figura 11: Aspecto do sub-bosque.
Figura 12: Aspecto de parte da floresta de eucaliptos.
12
Figura 13: Área alagadiça na floresta de eucaliptos.
3. LISTAGEM TAXÔNÔMICA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS IDENTIFICADAS NA
ÁREA.
Tabela 1: Nome, família e ocorrência dos exemplares arbóreos identificados na área.
Família
Nome científico
Nome popular
Ocorrência
Anacardiaceae
Aroeira-vermelha
Nativa regional
Arecaceae
Schinus terebinthifolius
Syagrus romanzoffiana
Jerivá
Nativa regional
Bignoniaceae
Jacaranda micrantha
Caroba
Nativa regional
Euphorbiaceae
Sebastiana commersoniana
Branquilho
Nativa regional
Fabaceae
Enterolobium contortisiliquum
timbaúva
Nativa regional
Fabaceae
Maricá
Nativa regional
Lamiaceae
Mimosa bimucronata
Vitex megapotamica
Tarumã
Nativa regional
Lauraceae
Cinnamomum zeylanicum
Canela-da-índia
Exótica
Lauraceae
Cinnamomum camphora
Canela-cânfora
Exótica
Lauraceae
Nectandra lanceolata
Canela-amarela
Nativa regional
Meliaceae
Cedrela fissilis
Cedro
Nativa regional
13
Meliaceae
Guarea macrophylla
Pau-d’arco
Nativa regional
Moraceae
Sapium glandulatum
Pau-leiteiro
Nativa regional
Moraceae
Sorocea bonplandii
Cincho
Nativa regional
Myrtaceae
Psidium cattleyanum
Araçá
Nativa regional
Myrtaceae
Psidium guajava
Goiabeira
Exótica
Myrtaceae
Eucalyptus spp.
Eucalipto
Exótica
Myrtaceae
Syzygium cumini
Jambolão
Exótica
Myrtaceae
Eugenia uniflora
Pitanga
Nativa regional
Pinaceae
Pinus sp.
Pinheiro-americano
Exótica
Primulaceae
Capororoca
Nativa regional
Primulaceae
Myrsine lorentziana
Myrsine umbellata
Capororoca
Nativa regional
Primulaceae
Myrsine coriacea
Capororoquinha
Nativa regional
Rhamnaceae
Hovenia dulcis
Uva-do-japão
Exótica
Rutaceae
Citrus sp.
Limão-bergamota
Exótica
Rutaceae
Zanthoxylum rhoifolium
Mamica-de-cadela
Nativa regional
Salicaceae
Casearia sylvestris
Chá-de-bugre
Nativa regional
Sapindaceae
Allophylus edulis
Solanum pseudoquina
Chal-chal
Nativa regional
Buquê-de-noiva
Nativa regional
Solanaceae
Tabela 2: Espécies vegetais arbóreas amostradas no terreno localizado na Av. Dr.
Sezefredo A. Vieira esq. Av. Farroupilha, em Canoas (RS). Onde: Ni/ha= número de
indivíduos por ha, DR=densidade relativa (%), FR= frequência relativa (%); DAPmed= DAP
médio (cm) e Hmed=altura média (m).
Nome popular
Ni/ha
DR(%)
FR(%)
DAP med
H med
Araçá
5
0,38
1,05
5,0
8,0
Aroeira-vermelha
76
5,00
6,31
7,2
5,0
Branquilho
35
2,30
2,10
7,7
5,3
Buquê-de-noiva
5
0,38
1,05
8,0
8,0
Canela-amarela
35
2,30
2,10
8,2
7,8
Canela-da-índia
23
1,50
3,16
8,7
7,0
Canela-cânfora
5
0,38
1,05
8,0
7,0
Capororoca 1
35
2,30
5,26
8,7
7,5
Capororoca
82
5,38
4,21
6,6
5,8
Capororoquinha
41
2,60
3,16
7,1
7,5
14
Caroba
5
0,38
1,05
18,0
6,0
Cedro
5
0,38
1,05
10,0
12,0
247
16,15
11,58
8,4
5,6
Chal-chal
94
6,10
6,31
7,2
5,5
Eucalipto
441
28,87
15,84
24,2
14,6
Goiabeira
5
0,38
1,05
5,0
5,0
Limoeiro
5
0,38
1,05
5,0
4,0
Mamica-de-cadela
35
2,30
3,16
8,3
5,8
Maricá
188
12,30
9,47
8,0
4,5
Pau-d’arco
76
5,00
8,42
5,7
4,0
Pau-leiteiro
23
1,50
3,16
5,0
5,0
Pitangueira
11
0,70
2,10
5,0
4,0
Sincho
5
0,38
1,05
5,0
4,0
Tarumã
5
0,38
1,05
6,0
7,0
Timbaúva
5
0,38
1,05
29,5
10,0
Uva-do-japão
29
1,90
3,16
9,8
8,0
1516
100
Chá-de-bugre
Total
Analisando-se a tabela 2, constata-se que a espécie de maior densidade é o eucalipto
(441 Ni/ha), seguido pelo chá-de-bugre (247 Ni/ha) e maricá (188 Ni/ha).
Quanto
à
frequência, que expressa o número de ocorrências de uma determinada espécie nas
diferentes parcelas amostradas, novamente, as principais são o eucalipto seguido pelo
chá-de-bugre e maricá.
Quanto à estratificação vertical, observa-se que o dossel é formado pelos
eucaliptos e que as demais árvores vegetam no sub-bosque. Os DAPs médios, igualmente,
indicam que a categoria superior é a dos eucaliptos.
Diante dos dados apresentados, pode-se inferir que a espécie dominante na formação
florestal é o eucalipto, sendo que as demais espécies cresceram em decorrência da falta
de manejo do plantio de eucaliptos.
15
Tabela 3: Espécies vegetais arbóreas identificadas individualmente no terreno localizado
na Av. Dr. Sezefredo A. Vieira esq. Av. Farroupilha, em Canoas (RS). Onde: Nº= número
da etiqueta de identificação, DAP (cm) e H=altura (m).
Nome popular
Nº
DAP (cm)
H (m)
Jerivá*
01
25
15
Jerivá*
02
8
4
Jerivá*
03
12
6
03
Total
* Estado fitossanitário bom.
Os três espécimes da palmeira jerivá, representantes da família das arecáceas e
de relevante importância ecológica, são passíveis de transplante.
4. MANEJO DA VEGETAÇÃO
De forma a permitir as obras de terraplenagem da área onde será edificado o
shopping center, será necessária a remoção de toda vegetação.
Sugere-se que os exemplares das palmeiras jerivás sejam transplantados.
4.1 Medidas compensatórias
Sugere-se que as medidas compensatórias sejam priorizadas no parque a ser
executado, no projeto do novo parque e na arborização das vias a serem duplicadas ou
criadas no entorno do empreendimento.
4.2 Medidas mitigatórias
Indica-se como medidas mitigatórias, o transplante das palmeiras jerivás.
16
5. CONCLUSÕES
A formação vegetal existente na área é a floresta exótica de eucalipto com subbosque de espécies nativas pioneiras e algumas exóticas ocupando toda a área.
Pelo Decreto Municipal 095/2013, a vegetação da área é classificada como mancha
vegetal com predomínio de espécies exóticas.
Não foram observadas espécies vegetais imunes ao corte pelo Código Florestal do
Rio Grande do Sul e nem espécies em risco de extinção pela lista do IBAMA.
A área não se encontra no polígono do Bioma Mata Atlântica, não sendo, portanto,
incidente na área de aplicação da Lei nº 11.428/06.
As medidas compensatórias deverão priorizar a recomposição da vegetação nativa
nas áreas verdes do entorno do empreendimento.
Canoas, 18 de outubro de 2013.
Engenheira Agrônoma Fabiana Lima de Souza
CREA-RS 140288
17
6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BACKES, Paulo & IRGANG, Bruno. Árvores do Sul. Guia de Identificação & Interesse
Ecológico. As principais espécies nativas sul-brasileiras. Instituto Souza Cruz,
Santa Cruz do Sul, 2002.
BACKES, Paulo & IRGANG, Bruno. Árvores Cultivadas no Sul do Brasil. Guia de
Identificação e Interesse Paisagístico das Principais Espécies Exóticas. Edit.
Paisagem do Sul, Porto Alegre, 2004.
LORENZI, H. Árvores brasileiras – Manual de identificação e Cultivo de Plantas
Arbóreas Nativas do Brasil. Editora Instituto Plantarum Ltda – Nova Odessa.
1993.
7. ANEXO
1. ART.
18
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