conhecimento
CANAL ABERTO
As empresas juniores são
uma boa alternativa ao
apagão de talentos
Novas seccionais colocarão o
CRA-SP mais próximo dos
administradores
Saída para a qualificação
Rumo ao interior
Maio/2011 Ano 34 - nº 299
responsabilidade
Atenção aos detalhes é uma das essências
da boa Administração
Carta ao Leitor
Marca permanente
dade de se acompanharem as mudanças exigidas
pelo mercado e pela sociedade e de conceituar o
administrador dentro dos princípios éticos.
Até porque não se pode esquecer que o administrador é um profissional eclético, que busca
continuamente diversas competências e se baseia
em informações múltiplas para a tomada de decisões. Ser norteado, portanto, por um conjunto
de dispositivos que ampliam –e até protegem– a
sua responsabilidade é uma forma de garantir o
exercício pleno de sua carreira. Mais do que isso,
desempenhá-la com honra e dignidade.
Boa leitura!
“Ser um administrador
responsável é mais do
que pagar pelos erros
praticados. É abraçar
a ética e transformá-la
na principal ciência para
o desenvolvimento
da profissão.”
Zanone Fraissat
A responsabilidade é uma das marcas que
devem acompanhar qualquer profissional comprometido com o bom desempenho de suas
atividades. No caso do administrador, mais
ainda, pois é inimaginável admitir que, na execução de seu papel de condutor de áreas e até
mesmo de organizações, essa característica
não se constitua na essência da relação que
deva ter com suas tarefas.
É claro que, diante das mudanças econômicas,
sociais e tecnológicas impostas quase que diariamente ao mundo corporativo, é preciso ter
competência para saber lidar com problemas
cada vez mais complexos, quando não para romper com modelos burocráticos e ineficientes que
barram a modernização das empresas. Mas, em
que pese saber gerir o conhecimento para fazer
frente a essas transformações, nada terá valor
se não for feito com responsabilidade. É esse
ato que vai gerar objetividade, confiabilidade,
profissionalismo, transparência.
Ser um administrador responsável é muito
mais do que pagar pelos erros praticados. Enfim,
é abraçar a ética e transformá-la na principal
ciência para o desenvolvimento da profissão.
Em outras palavras: utilizá-la como parâmetro
na ampliação da capacidade de pensar e na árdua tarefa de se tornar mais eficaz para a sociedade. Essa é a estratégia que leva à liderança e,
por conseguinte, a inspirar seguidores.
Quando se fala que a responsabilidade é uma
característica inerente ao administrador, logo
se pensa que não faz sentido para a categoria a
publicação de códigos de conduta e de legislações que impõem obrigações maiores aos seus
atos profissionais. Muitos dizem que basta ao
profissional ser diligente –aplicado na execução
das tarefas– e leal –que respeita os princípios
que norteiam a honra e a probidade. Em tese,
isso é verdade, mas o estabelecimento de regras,
mais do que uma convenção, serve como guia
para a condução da profissão. Na prática, são
elas que despertam a consciência para a necessi-
Adm. Walter Sigollo
Presidente do Conselho
Regional de Administração
de São Paulo - CRA-SP
3
Sumário
Editor
Conselho Regional de Administração de São Paulo
Presidente
Administrador Walter Sigollo
Diretores
Adm. José Alfredo Machado de Assis
Vice-presidente Administrativo
Adm. Milton Luiz Milioni
Vice-presidente de Relações Externas
Adm. Alberto Emmanuel de Carvalho Whitaker
Vice-presidente de Planejamento
Adm. Hamilton Luiz Corrêa
Vice-presidente para Assuntos Acadêmicos
Adm. Teresinha Covas Lisboa
1º Secretário
Adm. Roberta de Carvalho Cardoso
2º Secretário
Adm. Antonio Geraldo Wolff
1º Tesoureiro
Adm. Homero Luís Santos
2º Tesoureiro
Conselheiros
Alexandre Uriel Ortega Duarte, Álvaro Augusto
Araújo Mello, Arlindo Vicente Junior, Carlos Antônio Monteiro,
Edgar Kanemoto, Luiz Carlos Vendramini, Marcio Gonçalves
Moreira e Nelson Reinaldo Pratti
Conselho Editorial para RAP 20011/2012
Coordenador: José Alfredo Machado de Assis. Alberto
Emmanuel C. Whitaker, Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Carlos
Vendramini, Marcio Gonçalves Moreira, Milton Luiz Milioni,
Roberta de Carvalho Cardoso, Teresinha Covas Lisboa
e Maria Cecilia Stroka.
Produção
Conselho Regional de Administração de São Paulo
Departamento de Desenvolvimento Institucional
Coordenação Editorial e Gráfica
Entrelinhas Comunicação Ltda.
Editor-responsável
Luiz Gallo (MTb 14.576)
Publicidade
Publicidade Nominal Representações
Impressão
Plural Editora e Gráfica Ltda.
Tiragem
50.000 exemplares
Rua Estados Unidos, 889 - Jardim América - São Paulo - SP
CEP 01427-001 - Telefone: (11) 3087-3200
[email protected] - www.crasp.gov.br
3 . Carta ao Leitor
6 . Panorama
Delegacias
Para servir de apoio aos profissionais no interior e, em muitos
casos, ser a extensão da própria entidade, o CRA-SP está
presente, por meio de delegacias, em oito regiões do Estado.:
• Região de Bauru
Delegado: Adm. Helson José B. Fagundes
Rua Joaquim da Silva Martha, 23
Complemento 11 – 17012.225 - Bauru - SP
Tel: (14) 3226-5004
E-mail: [email protected]
Atendimento: das 9h30 às 17h
Eventos promovidos pelo
CRA-SP e informações
de interesse do administrador
Uma saída para
a qualificação
em Conhecimento
10 . Conhecimento
Empresas juniores
Para os alunos, conhecimento;
para as empresas, opção de mão
de obra qualificada
• Região de Campinas
Delegado: Adm. João B. Pereira Júnior
Rua Barão de Paranapanema, nº146
conj. 44 A – 13026-010 - Campinas - SP
Tel: (19) 3251-9688/3251-9660
E-mail: [email protected]
Atendimento: 8h30 às 17h30
• Região de Jundiaí
Delegado: Adm. Eric Jacques L. Winandy
Avenida Dr. Sebastião Mendes Silva, 901
13208-090 - Jundiaí - SP
Tel: (11) 4586-7299
E-mail: [email protected]
Atendimento: 9h às 17h
Interiorização
do CRA-SP
em Canal Aberto
• Região de Piracicaba
Delegado: Adm. Roberto Tayar
Rua Alferes José Caetano, 720 - Sala 25
13400-120 - Piracicaba - SP
Tel: (19) 3402-4841
E-mail: [email protected]
Atendimento: 9h às 17h
• Região de São José do Rio Preto
Delegado: Adm. José Carlos Simões
Rua Luiz Antônio da Silveira, 89
15025-020 - São José do Rio Preto - SP
Tel: (17) 3234-1676
E-mail: [email protected]
Atendimento: 8h às 18h
Ética
Empresas investem em códigos
de conduta para melhorar
posição no mercado
18 . Capa
Diligência e lealdade
A responsabilidade do
administrador passa pela
transformação da ética
em ferramenta para o
desenvolvimento da profissão
• Região de Ribeirão Preto
Delegado: Adm. Marcos Silveira Aguiar
Coord. Regional: Adm. Marcelo Torres
Avenida Braz Oláia Acosta, 727 – conj. 109
14026-040 - Ribeirão Preto – SP
Tel: (16) 3621-1061 – Fax (16) 3621-3827
E-mail: [email protected]
Atendimento: 8h30 às 17h30
• Região de Santos
Delegado: Adm. Itamar Revoredo Kunert
Rua Leonardo Roitman, 27 – conj. 43
11015-550 – Santos - SP
Tel: (13) 3223-2629
E-mail: [email protected]
Atendimento: 13h às 19h
14 . Na Prática
Administrador, profissão
responsabilidade
em Capa
24 . Perfil
Administrador Sidney Beraldo
“O ser humano é o maior capital
das corporações e dos governos”
28 . Estilo
Teletrabalho
Com o avanço dos recursos
tecnológicos, trabalhar em
casa está se tornando comum
• Região de Sorocaba
Delegado: Adm. Gilberto Dilela Filho
Rua Padre Luiz, 17 – 12º andar - sala 128
18035-010 - Sorocaba - SP
Tel: (15) 3211-0987
E-mail: [email protected]
Atendimento: 9h30 às 16h
32 . Canal Aberto
A RAP é uma publicação mensal do Conselho Regional
de Administração de São Paulo (CRA-SP), sob a responsabilidade
de seu Conselho Editorial. As reportagens não refletem
necessariamente a opinião do CRA-SP.
34 . Opinião
Rumo ao interior
Seccionais colocam o CRA-SP
mais próximo do administrador
Adm. José Carlos Fonseca Ferreira
Panorama
Público indicará
concorrentes ao
Administrador
Emérito
Novidade marca os 30 anos da láurea e representa outro
passo do CRA-SP para ficar mais próximo da sociedade
A 30ª edição do título de
“Administrador Emérito”,
láurea entregue aos profissionais que sobressaem no
desempenho de suas atividades e, dessa forma, contribuem para a dignificação
da profissão com exemplos
de elevada qualificação, traz
uma novidade: a indicação
dos concorrentes foi aberta ao
público em geral não ficando
limitada aos administradores
registrados no CRA-SP, como
vinha acontecendo desde
sua instituição, em 1982.
Em breve, será disponibilizado no site do Conselho
(www.crasp.gov.br) um link
para essa finalidade. As indicações poderão ser feitas
até o final de julho.
Os nomes sugeridos serão
analisados por uma comis-
6
são formada especialmente
para essa finalidade, que encaminhará uma lista tríplice
para o plenário do Conselho,
responsável pela decisão de
quem será o contemplado.
De acordo com o artigo 2.º
da Resolução 53/06, o título
de “Administrador Emérito”
será outorgado a um administrador de ilibada reputação profissional, desde que
tenha contribuído para: a. o
aprimoramento das técnicas
da Administração, quer na
empresa privada, quer no setor público; b. que as técnicas
de Administração se projetassem perante a sociedade
como instrumento eficaz; c.
projeção da classe profissional dos Administrador
mediante atos efetivos reconhecidos pela sociedade.
Conheça os
administradores
laureados
1982 Olavo Egydio Setúbal
1983 Abílio dos Santos Diniz
1984 Luiz Eulálio de B. Vidigal Filho
1985 Plínio Oswaldo Assman
1986 Guilherme Quintanilha de Almeida
1987 Guilherme Afif Domingos
1988 Wolfgang Sauer
1989 Olacyr Francisco de Moraes
1990 Abraham Kasinsky
1991Eugênio Emílio Staub
1992 José Mindlin
1993 Lázaro de Mello Brandão
1994 Luís Fernando Furlan
1995Hugo Mighel Etchenique
1996Henrique de Campos Meirelles
1997 Benjamin Steinbruch
1998 Alcides Lopes Tápias
1999 Antonio Ermírio de Moraes
2000 Senor Abravanel
2001 Maurício Botelho
2002 Jorge Gerdau Johannpeter
2003 Luiza HelenaTrajano I. Rodrigues
2004Elcio Aníbal de Lucca
2005 Raymundo Magliano Filho
2006 Constantino de Oliveira Júnior
2007 Alberto Weisser
2008 Guilherme Peirão Leal
2009 Alfredo Egydio Setubal
2010 Cledorvino Belini
Marcelo Marques
por Luiz Gallo
Administração
deve sofrer
com a falta de
qualificação
profissional
por Loraine Calza
As grandes sacadas
de Marketing
Para reconhecer as marcas que, pela inovação, criatividade e resultados obtidos com suas estratégias de
marketing, mais se destacaram em 2010, o Centro Nacional de Modernização Empresarial (Cenam) realizou,
dia 4 de maio, em São Paulo, a 8ª edição do fórum “As
Grandes Sacadas de Marketing do Brasil”.
A escolha inicia-se com a divisão do mercado
em 34 categorias e a identificação das duas marcas mais influentes em cada uma delas. Após essa
etapa, uma pesquisa com cerca de 5.800 formadores de opinião define os vencedores. “O evento é
um momento único para as empresas demonstrarem ao mercado as práticas que as diferenciam”,
disse Lívio Giosa, presidente do Cenam (foto).
Na palestra de abertura, Hiran Castello Branco, presidente do Conselho Nacional de Propaganda, disse que
quando se fala em marcas, o pensamento deve estar
voltado para as utilizadas por organizações duradouras. Citou a cruz cristã como a marca mais conhecida
da humanidade. “Além de um símbolo, é carregada de
conteúdo e é isso que a pereniza”, destacou.
Ainda utilizando-se do cristianismo como exemplo,
disse que a mensagem de Cristo foi longe demais por
ser transparente, estratégia que poderia ser utilizada
pelas empresas. “Elas deveriam se imaginar como escritórios de vidro, nos quais as pessoas poderiam vê-las
por dentro e, melhor, como carregam os seus valores”.
Foram contempladas as marcas: Almap BBDO, Chevrolet, Itaipava, Iveco, Kasinski, Nestlé, Old Eight, Porto
Seguro, Sony Ericsson e Topper.
A falta de mão de obra qualificada
deve afetar a área de Administração. Essa é a opinião de 83% dos
administradores no levantamento
sobre o tema realizado pelo CRASP. Dos 2.776 que participaram da
enquete, apenas 17% (ou 471 profissionais) responderam que a área
não deve ser afetada pelo problema.
“Se por um lado essa percepção é
preocupante porque aponta problemas que poderemos ter no futuro, por
outro indica que os profissionais estão atentos aos gaps de qualificação
e sabem o que precisa ser mudado, o
que é sempre o primeiro passo para a
transformação desse cenário”, avalia
o administrador Walter Sigollo, presidente do CRA-SP. “A qualificação,
porém, é uma ação que exige um trabalho conjunto entre o governo, as
instituições de ensino, as empresas e
suas entidades representativas, além
dos próprios profissionais.”
Segundo dados da CM Consultoria,
que presta serviços para as instituições de ensino superior, o número
de cursos de Administração no Brasil
aumentou quase quatro vezes entre
2004 e 2009, passando de 1.330 para
4.915 –as vagas abertas saltaram de
354.521 para 558.935. A mesma proporção de crescimento pôde ser percebida no Estado de São Paulo, onde
o número de cursos passou de 358
para 1.143 no mesmo período e o de
vagas de 116.448 para 131.957.
7
Panorama
Indicações
de leitura
O culto da
performance
Da aventura
empreendedora
à depressão
nervosa
Alain Ehrenberg
Editora Idéias
& Letras
1ª edição
Páginas: 240
Preço: R$ 21,60
Fala sobre a arte de empreender, de assumir riscos e ser
obstinado e como tudo isso
está ligado à convergência dos
discursos esportivo, empresarial e de consumo. Para o autor,
todos têm o direito e o dever
de serem empreendedores, de
se formarem por conta própria
por meio do seu desempenho.
Alerta o leitor sobre as dolorosas consequências desse regime obstinado de excelência.
Cursos Dtcom
para junho
AD Autodesenvolvimento
Os hábitos dos profissionais excelentes – Aulas 1, 2 e 3
Administração eficaz de conflitos
Gestão eficaz do tempo
Série Profissional: Case – Gestão da carreira na prática (1/5)
Série Profissional: Planejamento na carreira – Enfoque na alta performance (2/5)
Série Profissional: Gestão de carreira – Uma decisão estratégica (3/5)
Série Profissional: Tendências e desafios na administração de carreiras (4/5)
Série Profissional: Autogestão da carreira – Tendências e desafios (5/5)
Entrevista – Relacionamentos interpessoais e resultados organizacionais
GC Gestão Corporativa
AO VIVO: Introdução ao módulo Gestão com pessoas,
projetos e processos (02/06, 10h e 11h)
Série Profissional: Mudanças comportamentais (1/5)
Série Profissional: Comunicação interpessoal (2/5)
Série Profissional: Motivação pessoal (3/5)
Série Profissional: Liderança (4/5)
Pessoas nas
micro e pequenas
empresas: Gestão
e Processos
Arsênio Firmino
de Novaes
Netto e Dalila
Alves Corrêa
(organizadores)
Editora Ottoni
1ª edição
Páginas: 270
Com dez capítulos, o livro conta
com a participação de estudantes do curso de mestrado em
Administração da Unimep, docentes do grupo Geopep, alunos e professores da Faculdade
Atenas e aborda a realidade das
empresas de Paracatu (MG),
cujo foco econômico são a pecuária, a agricultura e a mineração. O livro foi adotado como
material de estudos pela Faculdade Atenas, daquela cidade.
8
Série Profissional: Trabalho organizacional em equipe (5/5)
Gerenciador de e-mails (Microsoft Office Outlook) – Aulas 1, 2, 3, 4 e 5
GP Gestão Pública
Entrevista: Cemig – Tendências e desafios para o Século XXI
NR10 – Introdução à segurança com eletricidade (4/14)
NR10 – Medidas de controle do risco elétrico (5/14)
NR10 – Choque elétrico – Riscos e prevenção (6/14)
Cyberbullying – O uso ético da internet
O crime de peculato (1/4)
O crime de corrupção (2/4)
Aquecimento global e efeito estufa
Série Profissional: Funções basilares da administração pública
Série Profissional: Gestão estratégica na área pública
Os cursos são transmitidos, por meio de uma TV Corporativa,
na sede do Conselho, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h.
Inscrições pelo e-mail [email protected] ou pelo
telefone (11) 3087.3200 – Departamento de Relações Externas.
As reservas devem ser feitas com antecedência. A programação
completa está em www.crasp.gov.br/dtcom
Conhecimento
por Daniela Cabral
Uma saída para a
qualificação
As empresas juniores destacam-se como
alternativa ao apagão de talentos
I
nconformismo, espírito de
equipe, liderança, ética, comprometimento, profissionalismo, empreendedorismo, foco
em resultado. Essas são algumas
das premissas constantes das
listas de valores das cerca de
1.200 empresas juniores do Brasil, o que faz do País, de acordo
com a Confederação Brasileira de
Empresas Juniores, o maior detentor desse tipo de organização
em todo o mundo. A carteira de
clientes é formada basicamente
por micro e pequenas empresas.
No mercado atual, especialmente
após a crise econômica mundial
de 2008, a demanda pelos serviços por elas oferecidos aumentou
significativamente. Bom para os
alunos que absorvem conheci-
mentos que serão úteis na vida
profissional. Ótimo para as empresas que contam com uma alternativa para um dos principais
males que aflige o País: a falta de
mão de obra qualificada.
A Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo
(Fejesp) reúne 34 instituições.
Os perfis são os mais variados,
de acordo com o foco da graduação. Turismo, Marketing, Comunicação, Agronomia, Agricultura,
Economia, Engenharia, Direito e
Administração. Uma de suas integrantes é a FEA Jr., da Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade
de São Paulo. Fundada em 1990,
reúne universitários das três
áreas de formação. “É a primeira
Opção viável
A maioria das consultorias empresariais
cobra valores altos para projetos personalizados e geralmente atende grandes
corporações. Essa realidade abre caminhos para as empresas juniores, em função dos preços mais baixos praticados, o
que resulta em opção viável até mesmo
para companhias de porte.
Por serem associações sem fins lucrativos
e terem como objetivo o aprimoramento
educacional, a precificação de seus produtos visa apenas a suprir suas necessidades
de infraestrutura, que inclui cursos e treinamentos. “Depois da crise econômica de
2008, o perfil dos nossos clientes mudou:
desde pessoas físicas até grandes empresas
passaram a solicitar projetos de consultoria”, diz Hara. “O nosso tíquete (valor
cobrado pelas empresas juniores)
aumentou depois da crise, e pode
variar de R$ 8 mil até R$ 25 mil,
dependendo da complexidade do caso”, esclarece.
Na FEA, o preço médio está
na casa dos R$ 12 mil. “Temos
uma ferramenta de precificação, mas buscamos personalizar os trabalhos, de acordo com
o número de pessoas envolvidas e
duração do projeto”, explica Colzi.
10
empresa júnior multidisciplinar
do Brasil”, explica o seu diretorpresidente, Caio Colzi, de 20 anos,
estudante de Administração.
Mais do que um estágio, a participação dos alunos exige dedicação e vontade de aprender. Como
recompensa, torna-se um diferencial na hora de buscar o primeiro
emprego. Com duas frentes de
trabalho, Consultoria Empresarial
e Eventos Universitários, Colzi
começou na área de consultoria,
mas deseja atuar em outras frentes para adquirir experiência. “No
futuro, quero abrir minha empresa”, afirma. Já Bruno Ribeiro
Martins, também de 20 anos, diretor de Marketing, tem intenção
de permanecer na área: “Quero
continuar em Marketing, mas, se
não for possível, sei os segmentos
com as quais não quero trabalhar.
E isso foi a empresa júnior que me
possibilitou descobrir”. Segundo
eles, qualquer estabelecimento
em dificuldade, principalmente os
iniciantes (startups), deveria procurar uma consultoria. “Esse é o
nosso foco”, destacam.
Thales Hara, presidente da Empresa Júnior Mackenzie Consultoria
(EJMC), tem outra visão sobre o foco
das juniores: “Não temos nicho específico de mercado, nosso público
é diversificado”, diz ele. “O nosso
core business (parte central de um
negócio) é consultoria empresarial,
no qual o objetivo é mensurar o mercado e seus problemas de gestão interna. A parte de eventos entra de
maneira complementar”, completa.
Segundo pesquisa de 2009 do
Global Entrepreneurship Monitor
(GEM) sobre empreendedorismo
no Brasil, o número de negócios
com até três meses de funcionamento cresceu 97% em relação
a 2008. E os jovens de 18 a 34
11
Conhecimento
Premissas das
empresas juniores
• Inconformismo
• Espírito de equipe
• Liderança
• Ética
• Comprometimento
• Profissionalismo
• Empreendedorismo
• Foco em resultado
DIVULGAÇÃO
Fonte: Listas de valores das EJs
tende nada de gestão”, esclarece
Colzi. Coincidência ou não, os
maiores clientes da FEA Jr. são
da área de tecnologia.
Todas juntas
Um dos pontos altos que movem
as “juniores” é a troca de experiências. A EJMC, por exemplo, que
completou 21 anos de atividades
em 19 de abril, mantém relações
estreitas com as “concorrentes”.
Seu presidente, Thales Hara, estudante do quinto ano de Administração, também comanda o
Núcleo São Paulo de Empresas
Juniores, que reúne as principais
organizações do segmento instaladas na capital paulista –EJMC,
FEA Jr., PUC Jr., Insper Jr., Júnior
Pública FGV, Júnior Trevisan,
ESPM Jr., Jr. FAAP. e Empresa Júnior Fundação Getulio Vargas. “A
opinião comum dos associados
é a colaboração. A concorrência até existe, mas os integrantes sempre buscam a troca de
conhecimentos”, enfatizou.
Em atividade desde 2008, a
Fecap Jr., da Fundação Escola
de Comércio Álvares Penteado,
é uma das mais recentes. Criada
por alunos da graduação com a
colaboração de professores, não
pertence ao Núcleo, mas integra
o Movimento Empresa Jr., fundado em 1967 na França. Como
legítima representante da Geração Y (nascidos a partir de 1980),
usa o Twitter para divulgação
de suas atividades. “Tivemos um
bate-papo com nosso professor
orientador. A equipe está 1000%
mais motivada e certamente realizaremos ótimos projetos”, diz
uma das mensagens postadas no
http://twitter.com/fecapjr.
Fidelização
No site da júnior do Mackenzie
(www.jrmack.com.br) é possível
encontrar depoimentos de clientes satisfeitos . “Através dos resultados apresentados, meus sócios
e eu ficamos aptos a formular estratégias coerentes à forma eficaz
de comunicação com os nossos
clientes, assim atingindo nosso
objetivo e fidelizando-os”, diz o
sócio-diretor de uma empresa
patenteadora. A bem da verdade
é a materialização da frase que
diz: “quem fica satisfeito sempre
volta”. Também é fato de que nem
sempre a companhia que busca
esse tipo de consultoria está mal
financeiramente. Muitas vezes
deseja apenas se reestruturar. Os
empreendedores, por exemplo,
procuram as juniores para melhorar seus resultados e não porque
não vão bem. “Nesse caso, fazemos planos de negócios”, diz Colzi.
Os diagnósticos são feitos
após uma reunião com o cliente.
Os projetos geralmente abordam duas ou três áreas: comuIntegrantes da FEA Jr, em 2011 (foto)
12
nicação, estrutura e estratégia.
Nem sempre o que se configura
o problema maior na visão do
empresário é o motivo do desequilíbrio. “Uma causa aparentemente menor gera muito mais
impacto do que aquele problema maior”, diz Colzi. Projetos de estrutura, por exemplo,
acabam revelando falhas na
comunicação, apontadas por
especialistas como um dos principais fatores do mau funcionamento de uma empresa.
Supervisão
Os trabalhos das juniores são
supervisionados por professores das áreas correspondentes,
que os revisam antes de serem
entregues aos clientes. Ex-alunos e participantes também são
fontes de consulta, o que ajuda
a dirimir dúvidas dos envolvidos
nos projetos. Todas as atividades, porém, são desenvolvidas
pelos universitários, desde as
reuniões iniciais em busca do
diagnóstico até a apresentação
do projeto final. A dedicação é
diária, sempre antes ou após
as aulas e, muitas vezes, se estendem até outros períodos ou
finais de semana, com a realização de cursos e eventos.
“A concorrência
existe, mas as
escolas sempre
buscam a troca de
conhecimentos”
Thales Hara, presidente da Empresa
Júnior Mackenzie Consultoria - EJMC (foto)
Arquivo Pessoal
anos concentram a maior parte
desses empreendimentos: 52,5%.
Na contramão desses números,
dados divulgados pela Agência Sebrae de Notícias em abril
sobre as micro e pequenas empresas mostram que o número
de falências requeridas vem aumentando mês a mês neste ano.
Em março, por exemplo, o índice
foi 18% superior ao registrado
em fevereiro. “O motivo pode
ser falha na gestão ou falta de
conhecimento. No caso das empresas de tecnologia, o sócio que
começa o negócio tem muito conhecimento técnico, mas não en-
Na Prática
por Marcos Palhares
Quando
a ética
acompanha
o lucro
Empresas investem mais em
códigos de conduta e princípios
para melhorar serviços e posição
no mercado brasileiro
14
“A
sociedade está mudando a
sua percepção sobre qual
o papel das empresas e
quais os comportamentos esperados no mercado. Hoje, a cobrança
por valores como ética, integridade
e sustentabilidade está no topo da
agenda.” A afirmação, de Gustavo
Costa, diretor executivo jurídico da
White Martins, resume os motivos
da crescente priorização, no mercado brasileiro, dos princípios éticos
na administração empresarial.
Prova disso é que os resultados
da 4ª edição da Pesquisa Código
de Ética mostram que, entre as
500 maiores empresas em atuação no País (listadas na Revista
Exame Melhores & Maiores), 230
divulgam sua conduta interna de
orientações éticas em seus sites
na Internet. “Em 2008, eram 148
empresas. Isso representa um aumento muito significativo de mais
de 55%”, destaca Douglas Flinto,
presidente do Instituto Brasileiro
de Ética nos Negócios, entidade
responsável pela pesquisa recémdivulgada, que é feita em colaboração com empresas de grande
expressão no cenário nacional.
Flinto observa, ainda, que o mercado está revendo conceitos sobre
desempenho e qualidade. “Existe
um paradigma no meio empresarial que diz que a ética nos negócios
não dá lucro. De fato, a condução
dos negócios dessa forma não dá
lucro no curto prazo. Entretanto,
somente esse procedimento garantirá crescimento e desenvolvimento
econômico no médio e longo prazos. Vale a pena os empresários e
executivos pagarem pra ver.”
Como exemplo disso, Flinto cita o
caso da BM&FBovespa (maior bolsa
da América Latina), que lançou, em
2005, o Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE). Trata-se de uma
“carteira sustentável” composta
por um seleto grupo de grandes
empresas que se comprometem
com integridade ética de conduta,
socialmente responsável e ecologicamente correta. As empresas que
participam da lista estão entre as
que emitem as 200 ações mais negociadas. O máximo de participantes é 40 –por isso, todos se esforçam
para permanecerem no índice.
“Existe um paradigma
no meio empresarial
que diz que a
ética nos negócios
não dá lucro”
Douglas Flinto, presidente do Instituto
Brasileiro de Ética nos Negócios
Entre o discurso e a prática
Porém, para o presidente do Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios, o principal problema no
mercado contemporâneo é o abismo
existente entre o discurso e a prática empresarial. “É a diferença de
atitude em relação ao que as empresas falam e pregam e o que, de
fato, praticam. É importante destacarmos que ‘a empresa é o que faz
e não o que diz’. É por essa razão
que há um investimento massivo na
construção e manutenção da ‘reputação empresarial’ em detrimento
do ‘caráter’ da empresa. Ela pode
ter uma reputação altíssima, mas
deixar embaixo do tapete ilicitudes
é atuação irresponsável e antiética”,
adverte Flinto. Por isso, em sua opinião, vale mais observar a relação
da companhia com seus públicos de
interesse: funcionários, clientes, fornecedores, parceiros, comunidade,
ONGs, governo, mídia etc.
Uma das empresas preocupadas com isso é a Gol Linhas
Aéreas, que reformulou seu Código de Ética e reestruturou os
princípios organizacionais no
segundo semestre de 2010. “Realizamos uma campanha de comunicação interna para divulgação
do novo documento, por meio de
cartazes, anúncios, banners, notícias nos veículos de comunicação
oficiais, e-mail marketing e um
e-learning interativo. Os colaboradores puderam absorver nossas
premissas e tomar conhecimento
sobre como atuar nos mais diversos cenários”, conta Claudia Pagnano, vice-presidente de Mercado
e Novos Negócios da Gol.
Segundo ela, todos os colaboradores receberam o Código de Ética
impresso, entregue pelos gestores,
que foram orientados a apresentar
as premissas e esclarecer as dúvidas das equipes. A empresa preocupou-se, também, em manter a
fiscalização e o controle sobre seus
princípios. “Atualmente, temos um
comitê diretamente ligado à presidência da companhia que se reúne
periodicamente para avaliar os casos de violação ao Código e debater sobre dúvidas de interpretação
de texto”, garante Claudia.
O Código de Ética da Gol é dividido em quatro partes: uma sobre
como a empresa e seus colaboradores devem agir com os mais diversos públicos com que se relacionam;
outra que trata como dever ser a
conduta em relação à propaganda
e publicidade, recursos corporativos e segurança da informação;
a terceira, que detalha as responsabilidades da liderança e dos colaboradores em geral; e a última,
que apresenta o funcionamento
do Comitê de Ética e os canais de
reporte das violações ao código.
15
Na Prática
negócios com a administração pública, conduta competitiva e leis
de combate à prática de corrupção no exterior”, explica o diretor.
A empresa chega a descredenciar
fornecedores que não se enquadrem
nos seus padrões. Costa é categórico: “Os clientes esperam que nos
comportemos de forma ética, e isso
é o mesmo que queremos de nossos
fornecedores. Trata-se de um círculo
virtuoso, pelo qual a sociedade como
um todo tem a ganhar. A empresa
que não adotar tal conduta enfrentará dificuldade para crescer e se posicionar positivamente no mercado”.
O papel do administrador
Outro ponto chave na adoção e prática de valores éticos é a formação
profissional dos administradores de
empresas. Recentemente, o Grupo de
Excelência de Governança Corporativa do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP)
“A empresa é o que faz e não o que diz”,
ressalta Douglas Flinto, presidente do Instituto
Brasileiro de Ética nos Negócios
“A cobrança por
ética, integridade e
sustentabilidade está
no topo da agenda”
divulgação
Gustavo Costa, diretor executivo jurídico
da White Martins (foto ao lado)
16
debateu a ausência da disciplina
“Ética” nas faculdades de Administração. “Muitas áreas de formação
possuem essa preocupação, menos a
nossa. O futuro administrador só estuda o tema dentro da disciplina de
Filosofia”, comenta a administradora
Teresinha Covas Lisboa, conselheira
e integrante da Comissão de Ética
do CRA-SP. “Porém, nós não temos
força ou autonomia para impor alterações curriculares. Estamos encaminhando a proposta à presidência
do Conselho paulista para que ela
seja levada às outras representações estaduais de nossa profissão
e também ao Conselho Federal de
Administração e, quem sabe, dessa
forma, ser acatada pelo Ministério
da Educação”, afirma Teresinha.
Em seu entendimento, a iniciativa
de incluir a disciplina no currículo
das faculdades de Administração,
além de conscientizar o estudante,
serviria para valorizar ainda mais
a profissão. Flinto, do Instituto
Brasileiro de Ética nos Negócios,
reforça essa preocupação com a
formação profissional: “Não é fácil
exercê-la. Somos seres humanos,
falhos e imperfeitos, e nos deparamos com uma quantidade cada vez
maior de dilemas éticos, em todas
as áreas da nossa vida. Por muitas vezes, escolhemos o caminho
correto, porém, em outras, mesmo
quando queremos acertar, acabamos errando. Entretanto, não pode
existir nada mais nobre, louvável e
exemplar do que buscar a excelência quando o assunto é a ética, seja
como pessoa, como profissional ou
como empresa. Sempre digo que as
empresas não têm vida própria, são
as pessoas, colaboradores e executivos que garantem isso a elas. Se
as ações de cada funcionário forem
exemplares, a empresa, naturalmente, será ética”, finalizou.
“Temos um comitê
ligado à presidência
que avalia os casos de
violação ao Código”
Claudia Pagnano, vice-presidente
de Mercado e Novos Negócios
da Gol Linhas Aéreas (foto)
Eduardo de Sousa
Quem também reforçou seus principíos éticos recentemente foi a White
Martins, maior empresa de gases industriais e medicinais da América
do Sul. Em 2007, ela criou o “Dia
da Conformidade”, data em que os
colaboradores são estimulados a
garantir a eficácia das diretrizes e
dos valores definidos pela empresa.
“O evento estimula ainda os líderes
a refletir sobre ética e integridade
nos negócios. Cada colaborador
que ingressa na empresa passa por
um treinamento específico sobre o
tema”, acrescenta Costa.
”O programa de conformidade
consiste nos Padrões de Integridade Empresarial, em um comitê
liderado pelo CEO da empresa e
respectivos reportes diretos, em
certificações anuais de todos os
colaboradores da América do Sul
e, ainda, em treinamentos presenciais e on-line sobre temas como
divulgação
Dia da Conformidade
Capa
por Daniela Cabral
A arma da
competência
A responsabilidade é inerente a qualquer profissão.
No caso do administrador, ela deve ser inata
S
er administrador sempre foi
uma função de grande responsabilidade. E não poderia ser diferente, já que sua
missão tem sido a de conduzir –e bem– os destinos das
áreas e das próprias organizações. Em
que pese tal característica ser inerente
a esse profissional, o desempenho de
seu papel é norteado por legislações
que se, em um primeiro momento,
não visam a apenas a ampliação da
ética e da competência, impõem, por
meio de vários artigos, uma obrigação
maior à prática de seus atos.
Exemplos dessa realidade passaram a
ser reforçados a partir de 2002 com a
promulgação do novo Código Civil (Lei
10.406), que estabeleceu diversos dispositivos com a finalidade de ampliar a
responsabilidade do administrador, ou,
especificamente, da figura de quem ocupa
o cargo de direção da pessoa jurídica.
Especialista em recuperação de empresas em crise, o administrador e conselheiro do CRA-SP Alexandre Uriel Ortega
Duarte explica que, perante o novo código,
existem dois tipos de administradores: “O
nomeado, por meio do contrato social, e
o externo, que não pertence ao quadro de
sócios, ou seja, é um profissional especializado contratado para gerir a sociedade”.
Ele lembra que a situação mais comum é
a de que os próprios sócios assumam o
comando das organizações.
Diligência e lealdade
Tornar-se um profissional cada vez mais
responsável não é tarefa fácil. Essa também é uma das preocupações do Conselho
Federal de Administração (CFA), que, por
meio do “Manual de Responsabilidade
Técnica do Administrador”, estabelece
regras a serem seguidas na condução da
profissão. A ideia é transmitir ao administrador a responsabilidade perante seus
atos profissionais, dentro dos princípios
éticos (honra e dignidade) e legislação
vigente. Diz o documento: “É preciso que
18
o administrador tenha plena consciência das mudanças ocorridas e exigências do mercado para desempenhar um
papel com objetividade, competência,
ética, probidade, confiabilidade, profissionalismo, diligência, conhecimento do
cliente e do mercado, eficiências, conhecimento técnico, zelo, honestidade, transparência, respeito às leis e às normas
do Sistema CFA/CRAs e a sociedade”.
“A melhor defesa para o administrador
é seguir as regras da governança corporativa: diligência (interesse ou cuidado
aplicado na execução de uma tarefa) e lealdade (respeito aos princípios e regras que
norteiam a honra e a probidade), sem conflito de interesses”, afirma Richard Blanchet, cocoordenador do Comitê Jurídico do
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), entidade que tem como meta
a busca pela excelência em governança.
Ele destaca que a empresa que adota as
regras da boa governança –transparência,
prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa– minimiza as chances
de falhas e irregularidades na gestão.
Blanchet explica que, nas áreas tributária, trabalhista, ambiental e do consumidor,
a responsabilidade civil varia conforme o
campo de atuação. As áreas se cruzam e prevalece o que for melhor para as vítimas de
danos, sempre. Nos casos trabalhistas, por
exemplo, a responsabilidade deixou de ser
subjetiva (deve ser comprovada pela vítima)
para ser objetiva, de acordo com a Súmula
341 do Supremo Tribunal Federal: “Presunção – Culpa do Patrão ou Comitente – Ato
Culposo do Empregado ou Preposto. É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo
ato culposo do empregado ou preposto”.
”Existem dois tipos de administradores:
o nomeado e o externo, que não
pertence ao quadro social e é
contratado para gerir a sociedade”
Adm. Alexandre Uriel Ortega Duarte, especialista em
recuperação de empresas em crise e conselheiro do CRA-SP
19
Capa
e a diligência que todo homem ativo e
probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios”. Esse
dispositivo, copiado do artigo 153 da Lei
das S.A., segundo especialistas, reflete a
cautela a ser adotada pelos profissionais
no exercício de suas funções.
utiliza a responsabilidade objetiva (não
é necessário provar a culpa para ressarcir o dano ao indivíduo). Essa aplicação
decorre da teoria do risco de negócio,
que prevê que a empresa fornecedora
do produto ou serviço deve arcar com o
dano causado, simplesmente por explorar uma atividade econômica.
Responsabilidade
técnica do administrador
O administrador
Alexandre Uriel
Ortea Duarte (foto
acima) diz que a
falta de averbação
da nomeação do
administrador pode
levá-lo a responder
solidariamente com
seus bens pessoais,
em caso de prática
de atos irregulares
pela sociedade
20
Na área tributária, a Súmula 430 do STF
dispõe sobre a responsabilidade do sócio
nos casos dos pagamentos de impostos: “o
inadimplemento da obrigação tributária
pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente”.
Isso significa, em um primeiro momento,
que ele não terá seus bens confiscados
para quitação de dívidas tributárias contraídas pela empresa. O entendimento é
que o inadimplemento, apesar de configurar uma infração de lei, é praticado pelo
contribuinte e não por seu representante.
Nos casos de reparação ao consumidor, o Código de Defesa do Consumidor
Nas empresas de capital aberto, além das
responsabilidades impostas pelo Código
Civil, os administradores estão submissos à Lei 6.404, que regula as sociedades
por ações (conhecida por Lei das S.A). A
Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
criada em 1976 pela Lei 6.385, é responsável pela fiscalização, normatização
e disciplina dessas organizações. Diferentemente das companhias fechadas, as de
capital aberto funcionam sob a égide de
um Conselho de Administração, escolhido
pelos acionistas. Este, por sua vez, elege
ou destitui os diretores da empresa.
“A Lei das S.A não contradiz o Código Civil, mas o rigor é maior porque
tem dinheiro de diversos investidores
envolvido”, afirma Alfried Plöger, vicepresidente da Associação Brasileira das
Companhias Abertas (Abrasca), entidade
criada há 40 anos com a missão de defender os interesses dessas empresas.
Por conta disso, prossegue, a responsabilidade do administrador é mais rígida.
Tanto que todo ato ou fato relevante deve
ser comunicado imediatamente à CVM e
ao mercado, de maneira ampla e irrestrita.
Nos Estados Unidos, explica Plöger, as
empresas costumam ser leais aos acionistas. “Em contrapartida, o administrador
tem o mesmo dever perante a empresa”,
enfatiza. Assim como Blanchet, ele acredita que a boa conduta, a honestidade e a
fidelidade aos compromissos assumidos
são essenciais para que o administrador
cumpra sua função de maneira idônea.
Diz o artigo 1.011 do Código Civil: “o
administrador da sociedade deverá ter,
no exercício de suas funções, o cuidado
A figura do responsável técnico (RT)
existe em quase todas as categorias.
Em Administração de Empresas, surgiu com a regulamentação da Lei
4.769/95 e com a aprovação do Decreto Federal 61.934 (1967). O artigo 12 deste decreto versa sobre as
prerrogativas do RT e diz claramente
no 1º parágrafo que o administrador
responderá individualmente aos Conselhos pelos atos praticados contra
as sociedades que estejam em desacordo com o Código de Deontologia
Administrativa (Código de Ética).
Claudio Rossi
Marcelo Marques
Empresas abertas
”A melhor defesa para o administrador
é seguir as regras da governança
corporativa: diligência e lealdade”
Richard Blanchet, cocoordenador do Comitê Jurídico
do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (foto)
Quatro
ocasiões
o entendimento é de que a sociedade res-
além dos limites impostos pelo contrato.
ponda sozinha pelas irregularidades, sem
A sociedade (pessoa jurídica) responde
direito de regresso contra o administra-
perante terceiros pelos atos praticados
dor; b. quando pratica um ato regular ou
pelo administrador, mas pode cobrar dele
irregular de gestão antes da averbação de
a ação de regresso (cobrança posterior);
A responsabilidade civil do administrador
sua nomeação, desde que esta não tenha
d. quando o administrador age com culpa
(obrigação de reparação de danos causa-
sido feita por meio de contrato social. A
(sem intenção) ou dolo (com intenção)
dos), esclarece Alexandre Uriel, se mani-
falta de averbação torna o administrador
no desempenho de suas funções. Negli-
festa basicamente em quatro ocasiões: a.
responsável pelas irregularidades come-
gência, imperícia e imprudência podem
quando ele pratica um ato regular de ges-
tidas pela sociedade, o que poderá levá-
originar atos de gestão culposos. O pro-
tão, ou seja, cumpre o que objeto social
lo a responder solidariamente com seus
fissional pode ser responsabilizado pelas
determina contratualmente. Nesse caso,
bens pessoais; c. prática de ato de gestão
práticas que causem dano à sociedade.
21
Divulgação
Capa
Maioria dos
processos do
Comitê de Ética
do CRA-SP está
relacionada aos
diplomas falsos
Criado no segundo semestre do ano passado, o Comitê de
Ética do Conselho Regional de Administração de São Paulo
(CRA-SP) tem atuado, principalmente, em duas frentes: na detecção de diplomas falsos e no fornecimento do atestado de
capacidade técnica para as empresas que desejam participar de
licitações e precisam do aval do Conselho para tanto.
“A maior parte dos processos, porém, está relacionada aos diplomas
falsos, detectados no setor de Registro, que percebe o problema ao
“A Lei das S.A. não contradiz
o Código Civil, mas o rigor é maior
porque tem dinheiro de diversos
investidores envolvidos”,
afirma Alfried Plöger,
vice-presidente da Abrasca
verificar os documentos antes de fornecer o registro profissional
e encaminha ao setor de Fiscalização”, explica a administradora e
conselheira Teresinha Covas Lisboa, membro do Comitê.
Uma vez constatada a possível falsificação, o setor de Fiscalização, que integra o Comitê de Ética, entra em contato com
a faculdade e o órgão emissor do possível diploma para validação do referido documento. Finalizada a investigação e
confirmada a falsificação, o CRA-SP encaminha o processo ao
Ministério Público para denunciar o caso. Na maioria das vezes,
conta Teresinha, as falsificações são grosseiras e a pessoa quase
nunca questiona por que não obteve o registro profissional.
Desde 2008, os administradores contam com o novo Código de Ética
Profissional –a primeira versão foi criada em 1969. O documento
dispõe sobre os deveres, as proibições, os direitos e as infrações
disciplinares, entre outros assuntos. Para Teresinha, porém, é preciso
ir além da distribuição do Código de Ética aos estudantes e profissionais para evitar problemas desse tipo. “Defendo que a disciplina
Ética passe a integrar o currículo dos cursos de Administração, pois
é importante trabalhar na formação profissional do indivíduo.”
Integrantes
O Comitê de Ética do CRA-SP é formado pelos conselheiros Antonio
Geraldo Wolff, Edgar Kanemoto e Teresinha Covas Lisboa, Maria Inês
Moraes (Fiscalização) e Luciano de Souza (Jurídico).
22
A função desse profissional é exercer atividades administrativas em empresas que
exploram serviços de qualquer natureza,
seja por meio de contratos ou vínculo empregatício, ou, ainda, sendo sócio/proprietário ou administrador procurador. Como
qualquer profissional da área, também se
enquadra nas legislações que regem a responsabilidade civil e nesse caso, especialmente, às que versam sobre a Administração
e o papel do administrador nas sociedades.
De acordo com o documento elaborado
pelo CFA, esse profissional está envolvido
com as seguintes responsabilidades (aplicase também aos demais administradores):
▪ Responsabilidade civil – Decorre da
obrigação de reparar ou indenizar por eventuais danos causados. O profissional que, no
exercício de sua atividade, lesa alguém tem
a obrigação legal de cobrir os prejuízos.
▪ Responsabilidade contratual – Decorre
do contrato firmado entre as partes para a
execução de um determinado trabalho, sendo
fixado os direitos e obrigações de cada uma.
▪ Responsabilidade administrativa – Resulta das restrições impostas pelos órgãos públicos, através de normais legais, tais como
regulamentos, códigos, resoluções, portarias
ou outro ato administrativo com cunho normativo que impõem condições e criam responsabilidades ao profissional, cabendo a ele,
portanto, o cumprimento das leis específicas
à sua atividade, sob pena, inclusive, de suspensão do exercício profissional.
▪ Responsabilidade ética – Resulta de
faltas éticas que contrariam a conduta moral
na execução da atividade profissional. No
sistema CFA/CRAs, essas faltas estão previstas na legislação e no Código de Ética
Profissional do Administrador, estabelecido
pelo Conselho Federal de Administração.
Uma infração à ética coloca o profissional
sob julgamento, sujeitando-o a penalidades.
Recomenda-se a todo profissional a observação rigorosa às determinações do Código
de Ética Profissional do Administrador.
▪ Responsabilidade penal ou criminal –
Decorre de fatos considerados crimes,
entre eles: apropriação indébita; estelionato; fatura, duplicata ou nota de venda
simulada: falsificação de papéis públicos.
Empresa viva
De acordo com Uriel, um dos méritos da
Administração foi o de acompanhar as mudanças impostas à sociedade e, consequentemente, às empresas nas últimas décadas.
“Isso somente foi possível porque o administrador consegue enxergar as organizações como seres vivos”, justifica, ao dizer
que essa percepção é fundamental para a
ampliação da responsabilidade profissional
e a diminuição das falhas na gestão. Na prática, as mudanças são o grande laboratório
para o desenvolvimento da Administração
responsável. No CRA-SP, as transformações
são acompanhadas por meio de Grupos de
Excelência que estudam as novas exigências
de mercado e disseminam conhecimento
para a atualização dos profissionais.
Perfil
por Maria Cecilia Stroka | fotos Marcelo Marques
Gosto pela
política
“O papel dos administradores é crucial para o País.
Com visão de futuro aguçada, são eles os primeiros
a identificar as oportunidades que surgem todos
os dias nas áreas mais distintas”
Reunião plenária nº 3.856 que homenageou o secretário-chefe
da Casa Civil do Estado de São Paulo, Sidney Beraldo.
24
A
tual secretário-chefe da Casa Civil do governo do Estado
de São Paulo, o administrador Sidney Beraldo tem uma
longa e bem-sucedida carreira na vida pública. Formado
em Ciências Biológicas, Administração de Empresas e
pós-graduado em Gestão Empresarial, tomou gosto pela política
na juventude, durante a ditadura militar. Mais tarde, confirmou o
interesse ao eleger-se vereador (1977-82) e prefeito de São João
da Boa Vista (1983/88), sua cidade natal.
À frente da prefeitura, implantou programas inovadores como o
orçamento participativo, o que contribuiu para a ótima avaliação
de sua gestão e se refletiu nas quatro eleições para deputado estadual pelo PSDB vencidas por Beraldo (1994, 1998, 2002 e 2006),
que foi sempre o candidato mais votado na cidade.
Como deputado estadual, foi autor de projetos como o que obriga
o Estado a oferecer testes de HIV e Sífilis para gestantes, durante o
pré-natal, em toda a rede pública de saúde; o que estabelece o Código
de Ética do Servidor Público do Estado de São Paulo; e o projeto de
lei que instituiu o Programa Universidade na Comunidade.
Beraldo foi ainda presidente da Assembleia Legislativa de São
Paulo (2003/2005), eleito por unanimidade. Presidiu o Diretório
Estadual do PSDB entre 2005 e 2006. E, em 2007, assumiu a Secretaria Estadual de Gestão Pública, permanecendo no cargo até
abril de 2010, quando se afastou para ser o coordenador-geral da
campanha de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo.
“A Administração teve e tem um papel fundamental em minha
vida”, disse Beraldo, durante a entrega do título Administrador
Destaque, concedido a ele pelo CRA-SP em abril deste ano. Nesta
entrevista à Revista Administrador Profissional, ele fala mais de
sua carreira e da experiência como gestor.
RAP: Como a sua formação em
Administração contribuiu para
o exercício da vida pública?
Adm. Sidney Beraldo: Venho
de uma família de imigrantes
italianos cuja principal característica é o amor ao trabalho.
Aprendi com meus avós e meus
pais a valorizar o tempo e a ser
disciplinado. Esse princípio tem
sido o meu norte, desde o primeiro emprego como balconista
de farmácia, aos 12 anos, até
me firmar no ramo industrial.
Evidentemente, procurei levar
todo esse aprendizado para a
esfera pública. No exercício da
vereança, passei a valorizar ainda
mais o diálogo e a fazer dele o
principal instrumento na luta política. Na Associação Comercial,
aprendi a trabalhar em grupo, a
defender interesses específicos
de uma categoria. Em seguida,
quando prefeito de São João da
Boa Vista, entre 1983 e 1988,
pude colocar em prática alguns
preceitos administrativos que
utilizava na iniciativa privada.
RAP: O senhor entrou na
política via movimento estudantil na universidade, posteriormente presidiu a Associação
Comercial de São João da Boa
Vista para então se eleger vereador da cidade. Como surgiu
o gosto pela carreira pública?
Adm. Sidney Beraldo: O gosto
pela política surgiu na juventude,
durante a ditadura militar. Como
a maioria dos jovens daquela
época, eu participava ativamente
das discussões que tinham o objetivo primordial de restabelecer
a democracia no Brasil. Primeiro
na universidade, depois como
filiado do antigo MDB (Movi-
RAP: Como o senhor avalia a
sua gestão como prefeito de São
João da Boa Vista?
Adm. Sidney Beraldo: Convém
lembrar que a conjuntura econômica daquele período por si só era
um grande desafio para qualquer
administrador, público ou não. Tínhamos um cenário de inflação alta
e o regime militar, que estava nos
estertores, havia mergulhado o país
numa crise sem precedentes. E o
que nós modestamente fizemos em
São João da Boa Vista? Instituímos,
entre outras medidas, o orçamento
participativo. Dividimos a cidade
em regiões e chamamos a população para decidir como seriam
investidos os recursos públicos.
mento Democrático Brasileiro).
Em 1976, fui eleito vereador com
a responsabilidade de ser o líder
do prefeito na Câmara. No período mais duro do regime militar,
São João da Boa Vista conseguiu
desencadear o que classifico, sem
qualquer receio, de revolução social. Isso graças à eleição de um
grupo de jovens de oposição, do
qual tive a sorte de fazer parte.
Mas, apesar de já fazer política partidária, como vereador,
o primeiro cargo de executivo
público que exerci foi o de presidente da Associação Comercial e Industrial de São João da
Boa Vista, de 1979 a 1981.
25
Perfil
Antes mesmo da aprovação da Lei
de Responsabilidade Fiscal, nós já
a aplicávamos em São João da Boa
Vista, seguindo à risca a receita de
não gastar mais do que se arrecadava. Praticamos a austeridade
fiscal, estabelecendo no orçamento
o limite de 60% para folha de pagamento, 30% para custeio e outros 10% para investimentos. Com
foco nas prioridades sugeridas pela
comunidade e o controle rigoroso
dos gastos, conseguimos otimizar
o dinheiro dos impostos e fizemos
uma administração que ainda hoje
é bem avaliada pelo povo de São
João da Boa Vista. E esse reconhecimento se refletiu nas quatro eleições que disputei para deputado
estadual, sendo sempre o candidato
mais votado na cidade.
RAP: O que falta para a administração pública alcançar o
mesmo patamar de eficiência,
qualidade e competência da
administração privada?
Adm. Sidney Beraldo: Primeiro
é preciso trabalhar obstinadamente pelo aperfeiçoamento dos
serviços que o Estado presta ao
cidadão e zelar pela melhoria da
qualidade dos gastos. Criar mecanismos de modo a verificar se
as políticas desenvolvidas estão
de fato gerando o impacto desejado na sociedade. Em segundo
lugar, incorporar cada vez mais
à administração pública a gestão
por resultados, a meritocracia, a
fim de obter o melhor desempenho com relação às ações que o
Estado desenvolve. Na Secretaria
de Gestão Pública, investimos
muito na qualificação dos servidores, na área de tecnologia, de
sistemas, de programas, de revisão de processos, para desburocratizar e alcançar as metas.
26
padrões éticos tem consciência da dimensão do seu compromisso para com o cidadão
e tende a ser mais eficiente.
Aliás, esse princípio permeou
todo o nosso trabalho na Secretaria de Gestão Pública
do Estado de São Paulo.
RAP: O senhor exerceu muitos
cargos de liderança. Quais características um líder deve ter
para mobilizar as pessoas que
trabalham com ele?
Adm. Sidney Beraldo: O
líder deve estar sempre disposto a ouvir, valorizar o trabalho em equipe, buscar o
consenso e ter em mente que
o ser humano é o maior capital de que dispõem as corporações e os governos. Como diz
o governador Geraldo Alckmin, é preciso, acima de tudo,
gostar de gente.
RAP: Uma das atribuições da
Casa Civil é articular o trabalho
das secretarias estaduais na elaboração e execução das políticas públicas. Como é possível
fazer com que as secretarias
atuem em conjunto?
Adm. Sidney Beraldo: As secretarias de Estado atuam de forma
integrada e cada pasta responde
pela execução do que foi programado, seguindo as diretrizes traçadas pelo governador Geraldo
Alckmin. O papel da Casa Civil
consiste em auxiliar direta e indiretamente o governador, bem
como acompanhar o andamento
das demandas das secretarias com
o gabinete governamental. Também está no escopo da Casa Civil a
missão de interagir com a Assembleia Legislativa e o Congresso Nacional, em projetos de interesse do
Estado de São Paulo que tramitam
nas duas Casas legislativas. Outra
“O líder deve estar sempre
disposto a ouvir, valorizar o
trabalho em equipe, buscar o
consenso e ter em mente que o
ser humano é o maior capital das
corporações e dos governos”
Registrado no CRA-SP pelo nº 106.129, o administrador Sidney Beraldo exibe a placa que
representa o título de Administrador Destaque concedido pela entidade
RAP: O que o levou a propor,
em um dos seus mandatos como
deputado estadual, o projeto
de lei que estabelece o Código
de Ética do Servidor Público
do Estado de São Paulo?
Adm. Sidney Beraldo: Apresentei este projeto de lei em
2000, com o objetivo de aprimorar o serviço público, dando
ênfase ao componente ético. O
servidor que atua dentro de
atribuição importante da secretaria é o trabalho em parceria com
os municípios. Por isso, temos uma
subsecretaria específica voltada
exclusivamente ao atendimento
a prefeitos e vereadores. A determinação do governador Geraldo
Alckmin é de que mantenhamos
um canal permanente de diálogo
e entendimento com todos os
645 municípios do Estado.
RAP: Como despertar nos jovens
o interesse pela carreira pública?
Adm. Sidney Beraldo: O maior
estímulo para o jovem é perceber
que o Brasil está caminhando a
passos largos na consolidação do
seu processo democrático, de liberdade, de fortalecimento das instituições. Neste contexto, o País vai
precisar muito das ações e do pensamento inovador da juventude.
RAP: O que gostaria de falar
aos administradores?
Adm. Sidney Beraldo: O papel dos administradores é crucial
para o país. Com visão de futuro
aguçada, são eles os primeiros a
identificar as oportunidades que
surgem todos os dias nas áreas
mais distintas. É esse olhar diferenciado do gestor eficiente
que está tornando o Brasil cada
vez mais respeitado no cenário
mundial. Minha mensagem é que
continuem trabalhando, empreendendo e gerando riquezas com
criatividade, respeito às pessoas
e ao meio ambiente.
Estilo
por Daniela Cabral e Luiz Gallo
De volta às origens
Trabalhar em casa está se tornando
atividade cada vez mais comum
A
ntes da Revolução Industrial
(segunda metade do século
XVIII), a maioria dos negócios era pequena e funcionava
nas casas de seus proprietários,
baseados geralmente no comércio
e na prestação de serviços. Depois
do boom da indústria, os funcionários foram trabalhar em fábricas
ou escritórios, impulsionados por
um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto
no processo produtivo. Foi uma
época em que as ferramentas foram substituídas pelas máquinas,
a energia humana pela força motriz e o modelo de produção doméstico pelo sistema fabril. Com
o advento do computador pessoal,
28
a partir da década de 1990, e o
surgimento, cada vez mais, de recursos tecnológicos de última geração, a possibilidade de trabalhar
em casa voltou à tona e passou
a ser uma alternativa saudável
aos caos das grandes cidades.
No Brasil, de acordo com pesquisa da ONG Market Analys, de
2008, existem aproximadamente
10,6 milhões de teletrabalhadores. São profissionais que exercem
parte de suas atividades em casa
e parte no escritório da empresa.
Esse sistema, que ganhou também
o nome de home office, oferece
vantagens para os dois lados. Para
o empregado, redução do tempo
de locomoção até o local de tra-
balho, maior proximidade com a
família, flexibilidade no horário de
trabalho; para a empresa, redução dos custos de infraestrutura,
maior concentração do profissional com melhoria de qualidade e
produtividade, entre outras.
Entre as organizações que mais
incentivam o teletrabalho no Brasil está a IBM. De acordo com
Natasha Bontempi, analista de
Relacionamento com o Funcionário, o programa foi implantado
em 2005 em função da própria
característica da companhia. “A
IBM é uma empresa global, seus
funcionários trabalham de forma
integrada com diversos países,
em diferentes horários e neces-
sidades. Assim, a flexibilização do
trabalho em relação a tempo, local e forma de realização contribui para alcançar os objetivos de
negócios e criar uma vantagem
competitiva”, enfatiza.
Na empresa desde 2004, na
função de “Recruiting Account
Manager” , Francisco Ferreira
é um dos que se beneficiam
desse esquema. “Minha função
demanda reuniões e outras responsabilidades que nem sempre
estão dentro do horário comercial. Como conciliar, se os participantes estão em diversos pontos
do planeta, com fusos horários
distintos e muitas vezes opostos?
Estando em casa, se torna mais
fácil, por exemplo, participar de
uma reunião pelo telefone às 7
horas da manhã”, justifica.
Ainda com baixa adesão –54 teletrabalhadores (dois em cada Estado), em um universo de 11 mil
funcionários–, o Serviço Federal
de Processamento de Dados (Serpro) é exemplo de empresa pública que adotou a modalidade. “A
implantação se deu por motivos
tecnológicos e pela necessidade
de proporcionar mais qualidade
de vida aos colaboradores”, destaca Joselma Oliveira Goulart,
coordenadora do programa.
Joselma diz que não basta querer exercer as atividades profissionais em casa para postular um
posto de trabalhador a distância.
“No Serpro, a seleção é bastante
rigorosa, realizada em etapas eliminatórias. Além da autorização
do chefe imediato, o pretendente
passa por avaliação psicossocial
e a ergonomia de sua residência deve obedecer as normas da
ABNT”, ressalta.
O programa está voltado para
empregados da central de atendi-
mento ao cliente e desenvolvedores de software. Um deles é Pedro
Paulo Wagner de Azevedo, morador em Niterói, RJ. Na empresa há
30 anos, ele trocou há cinco anos
cerca de três horas diárias que
perdia para para ir e voltar da unidade do Serpro, no Rio de Janeiro,
pelo conforto de sua residência.
“Só não acordo em cima do horário porque aproveito o tempo que
perdia para caminhar e ir ao supermercado, por exemplo”, enfatiza.
Assim como alertam os especialistas, Azevedo diz ser fundamental passar por um processo
de mudança de mentalidade. “Se
for do tipo que gosta de tomar
cerveja com os amigos depois do
expediente, não dá certo”, avisa. “É
preciso ser gestor e saber distribuir
tarefas”, revela. Esses requisitos são
referendados pelo seu “colega” da
“Só não acordo em
cima do horário
porque aproveito
o tempo que perdia
para caminhar”
Pedro Paulo Wagner de Azevedo
Desenvolvedor de software do Serpro
IBM, Ferreira. “Sempre respondo
que, para não ficar monótono, uma
das primeiras coisas é fazer é uma
autoavaliação, além de ter o perfil,
ser comprometido e organizado”.
Alvo de cobiça
Os benefícios colocados à disposição dos teletrabalhadores
também são alvo de cobiça de
profissionais liberais ou donos
de pequenos negócios, que sonham usar a própria casa para
Empresas também
têm vantagens
Estudo da Sobratt mostra que,
além de contribuir para melhorar a
qualidade de vida dos funcionários,
ajudando inclusive na recuperação e
no fortalecimento das relações familiares e sociais, empresas que adotam
o teletrabalho têm ganhos como:
▪ redução de custos fixos
(compartilhamento de espaços
e recursos)
▪ redução de custos com faltas
de funcionários e com acidentes de
trabalho em trânsito
▪ aumento de produtividade do
trabalhador (Estudo da Secretaria
de Estado dos Transportes
Metropolitanos mostra que a cidade
de São Paulo perde R$ 4,1 bilhões
por ano com congestionamentos e
que o paulistano poderia converter
em renda 30% do tempo que perde
para se deslocar até o escritório)
▪ redução das taxas
de turnover (custos de
recrutamento e treinamento)
▪ contratação de
trabalhadores em locais distantes
▪ melhoria da imagem
e reputação empresarial
(empresa inovadora)
desenvolver suas funções. No
entanto, não é tão simples assim.
O administrador e conselheiro
do CRA-SP, Álvaro Augusto
Araújo Mello, diretor de Relações Internacionais da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e
Teleatividades (Sobratt), diz que
ficar baseado exclusivamente em
sua casa exige muita disciplina.
“É preciso saber trabalhar com
metas, ter autogerenciamento
e administrar bem o tempo”,
29
Estilo
“Estamos apenas no começo da era do
trabalho em casa com conforto”, ressalta
o arquiteto Marcos Ferreira Gavião
ressalta. “Conversar com quem
já adotou a modalidade também ajuda”, ensina. Ele chama
a atenção ainda para aspectos
que nem sempre são levados
em consideração, como o de ter
o apoio da família e de verificar se a residência e o arranjo
familiar comportam a atividade.
Justamente para dirimir problemas dessa natureza e seguir
as tendências atuais do trabalho
moderno, muitos empreendimentos imobiliários já oferecem
versões que abrigam moradia e
escritório em um mesmo espaço,
ou muito próximos. É o caso do
Combinatto, da BKO Engenharia,
em Pinheiros (Zona Oeste de São
Paulo). De acordo com o arquiteto
Marcos Ferreira Gavião, autor
do projeto, o imóvel tem acessos
separados, que se comunicam
entre si se o morador quiser.
30
O arquiteto ressalta que imóveis
desse tipo têm se tornado uma necessidade diante da falta de investimentos no setor de transportes
coletivos. “É também um novo estilo de vida que, graças às tecnologias de comunicação e informação,
resulta em qualidade de vida”, diz.
E prossegue: “Estamos apenas no
começo da era do trabalho em casa
com privacidade e conforto”.
Esse tipo de empreendimento, segundo João Crestana, presidente do
Sindicato da Habitação do Estado
de São Paulo (Secovi-SP), é comum
em cidades planejadas, com áreas
autossustentáveis. “Em São Paulo,
o formato ainda é mais conceito do
que realidade. Na Europa e nos Estados Unidos são bastante comuns
e sugiram da necessidade de usar
com mais racionalidade os espaços
urbanos, principalmente os que passaram por reurbanização”, afirma.
A decisão de trabalhar em casa
para ganhar qualidade de vida é
a principal justificativa dos adeptos do home office. É o caso de
Milena Rupiani Bonetto. Advogada, atua como pesquisadora da
Unitar (United Nations Institute
for Training & Research), braço
independente da Organização
das Nações Unidas (ONU) que
cuida de treinamento e formação
de pessoas. “Trabalhava em escritório antes. Pegar trânsito me
estressava. Hoje, monto meu horário de acordo com as prioridades e vou me disciplinando”, diz.
Outra vantagem é em relação
às despesas que diminuem consideravelmente. A ilustradora
Fernanda Guedes, autora de
diversos trabalhos para revistas, conta que fez a opção por
“É preciso saber
trabalhar com metas,
ter autogerenciamento
e administrar o tempo”
Adm. Álvaro Augusto Araujo Mello,
diretor do Sobratt e conselheiro do CRA-SP
praticidade e economia. “Tenho
flexibilidade de horários”, conta.
Como desvantagem, ela cita a
falta de convívio social com outras pessoas. “Para evitar a ‘síndrome do ermitão’, eu ando de
bicicleta e converso com amigos
sempre que posso, explica.
Disciplina
O elemento comum e fator de
sucesso entre os que trabalham
em casa é a disciplina. “A casa
oferece muitas distrações e ten-
tações, como assistir a televisão,
por exemplo. É preciso se disciplinar para não interferir no rendimento profissional”, diz Milena.
Fernanda lida de outra maneira,
por conta do próprio ritmo de
trabalho: “No começo eu abria
muitas exceções, principalmente
nos finais de semana. Hoje, já não
é mais tão necessário. Meus horários não são rígidos, pois gosto
de me sentir livre para fazer outras atividades que não estejam
relacionadas a trabalho”.
“Para evitar a
síndrome do ermitão,
ando de bicicleta e
converso com amigos”
Fernanda Guedes, ilustradora (foto)
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Qualidade de vida
Canal Aberto
por Maria Cecilia Stroka
Mapa das
macro-regiões
CRA-SP (simplificado)
5. Já instalada
1, 2, 3 e 6. A serem
instaladas no 1º semestre
4, 7 e 8. A serem
instaladas no 2º semestre
Rumo
ao interior
Instalação de
seccionais
tem o objetivo
de estreitar
relação com o
administrador
32
P
ara dar prosseguimento ao
seu processo de interiorização, assim como foi feito
em Ribeirão Preto, o CRA-SP retomou o projeto de instalação
das Delegacias, agora com a nova
nomenclatura de Seccionais.
A expectativa é abrir quatro
sedes até o final do primeiro
semestre: Bauru, Sorocaba,
Santos e São José dos Campos (Vale do Paraíba), sendo
que as atividades devem ter
início a partir de julho deste
ano. Até dezembro de 2011,
serão construídas as condições para a abertura das Seccionais São José do Rio Preto,
Presidente Prudente/Marília
e Campinas, que devem iniciar suas atividades a partir
de janeiro de 2012.
“A montagem das Seccionais
esbarra em exigências burocráticas, mas temos certeza de que
as venceremos de forma profissional. O sucesso apresentado
por Ribeirão Preto nos assegura
que estamos no caminho certo”,
assinala o gerente executivo do
CRA-SP Reinaldo de Oliveira.
Segundo ele, os objetivos de
estreitar o relacionamento
com as Instituições de Ensino
Superior, fiscalizar a profissão
de forma presente e contínua,
promover caminhos para o conhecimento, sanar possíveis insatisfações e criar visibilidade
têm sido alcançados por Ribeirão Preto. Tanto é verdade que
a Seccional foi eleita como modelo e se tornará multiplicadora
das melhores práticas.
Expectativas superadas
Em seis meses de operação, a
Seccional de Ribeirão Preto aumentou em 20% o número de
filiados ao Conselho. O desempenho superou as expectativas.
Na primeira etapa do trabalho,
a “nova casa do administrador”
iniciou o Programa de Relacionamento com as 16 Instituições
de Ensino Superior (IES) daquela região. Além de reuniões
individualizadas com os coordenadores dos cursos de Administração para fomentar ações
conjuntas, foram apresentadas
22 palestras sobre o CRA-SP
para mais de 3 mil alunos.
Recentemente, Ribeirão Preto
tornou-se sede de uma macrorregião administrativa, o que
significou a incorporação das
regiões de Franca, Araraquara
e São Carlos sob sua responsabilidade. Com isso, a Seccional passou a trabalhar com
36 Instituições de Ensino Superior, que têm cerca de 7 mil
alunos matriculados e formam
2 mil deles por ano. Todas as
36 IES já foram visitadas.
Em relação ao trabalho de
fiscalização, a Seccional conta
com um banco de dados de 3
mil empresas. O processo de
fiscalização teve início com
as 100 maiores companhias
instaladas na região.
Para o segundo semestre deste
ano, a Seccional pretende promover o Unifórum - Encontro dos
Alunos de Administração e implantar uma programação de cursos, palestras e seminários sobre
a área para ampliar os benefícios
oferecidos aos filiados.
Ponto de referência
Consideradas extensões do
CRA-SP, as seccionais têm como
objetivo incentivar a união e
valorização da categoria profissional, proporcionar maior visibilidade à entidade diante da
sociedade e dos profissionais e,
principalmente, oferecer os mesmos serviços prestados e gerados
na capital paulista.
Por meio delas, serão colocadas
em prática todas as ações institucionais desenvolvidas pelo
Conselho, como a fiscalização do
exercício profissional, o registro e
a cobrança de anuidades.
A ideia é transformá-las também
em pontos de referência para
profissionais e empresas de Administração das regiões onde
serão instaladas.
Opinião
Plano de
sucessão escrito é
imprescindível
nas empresas
Os diretores de empresas
familiares têm por hábito concentrar toda a sua atenção nas
áreas tradicionais de gestão:
compras e fornecedores, vendas, custos e finanças, impostos,
produção, controle da qualidade, informática, satisfação do
cliente, marketing, propaganda,
promoção e recursos humanos.
Deixam completamente de lado
a montagem de um plano de sucessão escrito e acordado por
todos os acionistas.
Adotar essa postura é um erro
crasso, cujas consequências gravíssimas somente se tornam visíveis em situações extremas que
envolvem o principal comandante,
como a morte súbita, enfermidades que implicam afastamentos
por tempo indeterminado, acidentes automobilísticos ou aéreos e
até mesmo sequestros.
Com a ausência do titular, as
companhias que não têm plano de
sucessão se transformam em palcos de conflitos entre os herdeiros,
com direito a desavenças, brigas,
rusgas, futrica etc. Como consequência, o patrimônio da empresa
é enormemente prejudicado, levando à venda por um preço muito
abaixo do valor de mercado, à concordata ou até mesmo à falência.
34
As pesquisas em vários países, inclusive no Brasil, mostram que a grande maioria das
empresas familiares não tem
planos de sucessão. Entre as
10% que possuem, apenas 1%
declara tê-lo por escrito e aprovado por todos os acionistas. A
posse desse documento significa aumentar em muito o valor
do patrimônio da empresa.
O plano de sucessão é uma
ferramenta soberana, que reconhece e acomoda as necessidades, metas e os objetivos
da empresa e dos membros da
família. Essas necessidades,
metas e objetivos, na prática,
são os alicerces que asseguram
o sucesso da organização.
“As pesquisas
em vários países,
inclusive no Brasil,
mostram que a
grande maioria das
empresas familiares
não tem planos de
sucessão aprovados
pelos acionistas”
Um caso que ficou famoso
envolvendo empresas que não
possuíam planos de sucessão
aconteceu em 3 de abril de
1996, quando o avião em que
estava o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Ron
Brown, em visita à Croácia,
chocou-se com uma montanha,
matando todos os passageiros.
Entre eles, estavam 12 CEOs
de companhias importantes,
que tiveram sérios problemas,
a partir de então.
Adm. José Carlos
Fonseca Ferreira
CRA-SP - 00174
Consultor
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Succession
Planning
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