EXPOSIÇÃO EXHIBITION
O CLIENTE COMO ARQUITETO
THE CLIENT AS ARCHITECT
22 MAI MAY — 06 SET SEP 2015
Biblioteca Library
CASA DE SERRALVES
SERRALVES VILLA
Fotografia de edifícios da Photo of buildings Quinta do Lordelo, s/d [1920-1930]
Foto Photo: Foto Beleza © Fundação de Serralves, Porto
Português
English
A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CASA
Em 1925 Carlos Alberto Cabral herdou uma
casa com capela e jardins em Serralves, um
aglomerado agrícola no caminho entre o centro
do Porto e Matosinhos. Com o apoio constante
do seu arquiteto, José Marques da Silva, iria
conduzir um processo de transformação
progressiva do lugar, recorrendo a arquitetos e
decoradores de Paris – entre eles Jacques Émile
Ruhlmann, Charles Siclis e Jacques Gréber – que
contribuíram para o desenho de uma obra singular
concluída por volta de 1943.
Cabral herdou o título de Conde de Vizela que o
seu pai tinha conquistado por ter fomentado o
desenvolvimento da indústria têxtil no Vale do Ave,
em Vizela, onde possuía uma importante fábrica
de fiação. Herdou a propriedade de Serralves
da avó e começou por fazer pequenas obras de
remodelação numa casa anexa à capela, numa
época em que frequentava Biarritz, onde possuía
uma casa de férias. Nas suas viagens regulares
a Paris – juntamente com Blanche Daubin, a
companheira da sua vida – Cabral adquiria
constantemente mobiliário em lojas de referência
da cidade, num momento em que fervilhava o
debate sobre as artes decorativas francesas
e os caminhos da produção industrial para o
espaço doméstico. Edgar Brandt, Jules Leleu, Da
Silva Bruhns e Jacques Émile Ruhlmann eram
seus fornecedores quando, em 1927, começou
a conceber com Marques da Silva uma primeira
remodelação da casa herdada em Serralves.
Os primeiros desenhos de Marques da Silva
mostram como a ambição cresceu rapidamente.
Primeiro construiu-se uma pérgula, com uma
pequena sala que organizava o espaço de um
jardim até à casa. Há esboços que mostram
uma sala anexa à casa, depois uma sala maior,
depois acrescentou-se à sala um novo átrio e
algumas dependências anexas, a sala cresceu e
apareceram novos compartimentos para além
da pérgula. Ainda em projeto, sucessivamente,
a casa foi sendo ampliada à medida da ambição
do cliente. Em dezembro de 1929, Cabral dirigiuse ao arquiteto Charles Siclis – conhecido em
Paris pelos seus cafés e salas de cinema –, que
tinha acabado de inaugurar com estrondo o
Teatro Pigalle. Siclis desenhou um conjunto de
alçados que enviou para o Porto, dando corpo e
imagem aos esboços de Marques da Silva. Uma
vez consolidado o projeto, já no verão de 1930,
Cabral consultou Ruhlmann para a decoração
dos espaços interiores, particularmente o hall
de entrada. Ruhlmann enviou de Paris desenhos
requintados, com soluções diversas, todos eles
correspondentes a uma escala relativamente
inédita no Porto. Marques da Silva continuou a
integrar essas sugestões em desenhos coerentes,
associando a antiga casa e capela à ampliação
que, nessa data, era já substancialmente maior do
que a casa original.
No verão de 1931 Marques da Silva submeteu à
Câmara Municipal o projeto de licenciamento da
obra, que teve início ainda nesse ano. Esse projeto
foi seguido até 1935 e está representado na
primeira maqueta produzida para esta exposição.
Essa maqueta mostra como a antiga casa e capela
foram camufladas, e como vários elementos
arquitetónicos, como um pórtico, o torreão da
capela, as varandas, conjugavam uma volumetria
complexa em consonância como os novos espaços
da casa. Por outro lado, a correspondência mostra
como Cabral ia gerindo com destreza a relação
entre os vários intervenientes no projeto – dando
informações contraditórias aos arquitetos de
Paris – e também as estratégias construtivas a
aplicar em obra – Ruhlmann desejava um sistema
construtivo que colidia com a solução preconizada
por Marques da Silva.
Em 1932 o projeto da Casa expandiu-se para
os jardins. Após a elaboração de alguns
esboços por Marques da Silva, Jacques Gréber
– um importante arquiteto urbanista francês –
forneceu um conjunto de desenhos rigorosos
e detalhados para o conjunto da propriedade
de Cabral. Ao contrário das obras da casa, a
correspondência relativa aos jardins é escassa, o
que talvez explique a eficiência com que Marques
da Silva executou em obra os desenhos do
paisagista francês. Entretanto, a pérgula perdeu
sentido e a ambição de relação entre casa e
jardins ultrapassou a pequena dimensão da
relação visual direta para as longas perspetivas
em direção ao infinito, de acordo com a tradição
dos jardins franceses.
Enquanto as obras progrediam lentamente, as
ambições de Cabral também se transformaram.
Ruhlmann, cuja participação no projeto estava a
crescer progressivamente, faleceu em 1933. No
projeto da Casa de Serralves foi sucedido pelo
seu sobrinho, Alfred Porteneuve, que visitou o
Porto e as obras da casa em janeiro de 1935. À sua
visita sucedeu-se o momento mais traumático do
projeto: a demolição da casa original e a mudança
de posição das escadas de acesso ao piso superior.
Há um desenho de Marques da Silva onde a
borracha é testemunho do ato demolidor e as
hesitações do traço sinal das dúvidas de projeto. A
segunda maqueta produzida para esta exposição,
elaborada a partir do projeto final apresentado à
Câmara Municipal em 1943, mostra as diferenças
e semelhanças entre os dois momentos da obra.
Foi uma transformação radical, que simplificou
muitos aspetos da obra e lhe conferiu o caráter e
unidade que conhecemos hoje.
Nos anos seguintes foram sendo afinados
aspetos de pormenor: a correspondência de
Cabral dirigiu-se a fornecedores de caixilharias,
acessórios – interruptores, puxadores, etc. – e
sistemas de aquecimento; Porteneuve enviou
detalhes para a construção dos quartos de
banho, soalhos e decorações em estafe; e
Marques da Silva foi garantindo a sua execução
em obra, bem como assegurando a coerência
das soluções construtivas e tantos outros
detalhes do projeto. A Guerra Civil de Espanha
tornou as comunicações com Paris mais lentas
e, a Segunda Guerra Mundial desestruturou o
sistema produtivo francês, tornando ainda mais
estranha a conclusão da obra, que tardou. Uma
vez concluída a obra, Alvão produziu um álbum
fotográfico que registou para a posteridade a
façanha de Carlos Alberto Cabral: construir no
Porto, em Serralves, um conjunto coerente e
poderoso capaz de representar as ambições
aristocráticas da nova burguesia industrial, um
sonho que se desmoronou após a destruição
maciça da Segunda Guerra Mundial.
Se a arquitetura simboliza a ambição de quem
a constrói, nos documentos da Biblioteca de
Serralves é possível descortinar os passos
sucessivos do processo que deu forma à Casa
e Parque de Serralves, compreendendo até que
ponto o cliente foi responsável nos momentos
decisivos da sua conceção. Passo a passo,
entre desenhos, correspondência, fotografias e
maquetas, é possível procurar compreender os
sobressaltos da criação arquitetónica.
PERCURSO DOCUMENTAL
Esta exposição foi organizada em função da
proveniência dos documentos de arquivo que
a compõem. As várias origens ou naturezas
documentais são testemunho dos lugares de
produção da arquitetura: a mesa de trabalho
de Carlos Alberto Cabral, o ateliê de Marques
da Silva, as lojas de decoração parisienses ou a
câmara fotográfica de Alvão. Os vários atores
do processo de construção dialogaram entre si
e o que se expõe são os vestígios desse diálogo.
As duas mesas apresentam em paralelo a
correspondência de Cabral – hoje no acervo
da Biblioteca de Serralves – e os desenhos de
Marques da Silva. A partir do registo do projeto
no Arquivo Municipal do Porto, foi possível
reconstituir em maqueta o ponto de partida
da obra – o projeto de 1931 – e o respetivo
ponto de chegada – os desenhos finais da obra
concluída em 1943. Numa parede concentramse os desenhos produzidos em Paris em várias
fases do projeto e, a concluir a exposição, uma
sequência fotográfica de Alvão que imortaliza a
materialização do sonho de Carlos Alberto Cabral.
Estes cinco núcleos expositivos sintetizam um
processo que durou aproximadamente 15 anos.
Através da correspondência de Cabral – primeiro
com Jules Leleu e Edgar Brandt, depois com
Ruhlmann, Siclis, Porteneuve e outros – é possível
compreender como este geria cautelosamente
as suas despesas e os seus desejos. As cartas
mostram as suas intenções e a forma como as
apresentava aos arquitetos de Paris, como lhes
suscitava interesse pelo trabalho e, também,
como lhes ocultava informações preciosas para
assegurar que não interferiam no trabalho dos
seus parceiros. Por exemplo, é possível ler como
afirma a Siclis que a obra ainda não permitia
avançar com o desenho da decoração interior,
na mesma data que acerta um encontro com
Ruhlmann para tratar precisamente desse
assunto. É também através da correspondência
que tomamos conhecimento das variantes
propostas pelos arquitetos franceses, bem como
dos progressos da obra e dos sobressaltos das
encomendas de mobiliário, que constituem a
parte mais substancial do acervo. As fotografias
tornam evidente a natureza rural da casa e capela
que antecederam Serralves e a transformação
progressiva do lugar até ao resultado final.
Cerca de 500 desenhos de Marques da Silva
conservados no seu arquivo são, quase na
totalidade, desenhos de trabalho. São esses
esboços, elaborados como apoio à conceção do
projeto e não como desenhos de apresentação,
que estão expostos na mesa de desenhos. Uma
primeira secção mostra os estudos iniciais, desde
o arranjo da casa anexa à capela até ao esquema
que serviu de base ao projeto. O desenvolvimento
do projeto para licenciamento e para incluir
os contributos decisivos de Siclis e Ruhlmann
conduziu à solução que foi posta em obra a
partir de 1931. Essa solução foi cuidadosamente
estudada, quer na distribuição dos espaços
interiores quer na composição dos alçados e
volumetrias. Em 1932 os jardins tornaram-se
o assunto do projeto e Marques da Silva fez os
esboços que serviram de base ao desenho de
Gréber. Posteriormente, a demolição da casa
original provocou uma alteração profunda na
obra, dando-lhe o caráter e a volumetria que
conhecemos hoje. Todos estes aspetos foram
acompanhados por desenhos de execução
capazes de garantir a coerência da obra. A
seleção de desenhos aqui apresentada sintetiza
estes passos e demonstra o papel crucial de
Marques da Silva para cumprir o desígnio de
Carlos Alberto Cabral.
Ao contrário do caráter sistemático dos desenhos
de Marques da Silva, as contribuições de Paris
fizeram-se sentir por peças de grande aparato
visual e capacidade de sedução. Apesar de todas
as mudanças, as ilustrações que Siclis apresentou
em 1929 permitiram guiar a expressão da obra
até à sua conclusão; bem como os desenhos
de Porteneuve, que orientaram a execução dos
soalhos requintados do piso do andar superior.
Entre essas contribuições, a mais assertiva foi a de
Jacques Gréber, cujo conjunto de desenhos para os
jardins parece não ter suscitado quaisquer dúvidas,
tendo sido o seu projeto pacificamente executado.
As duas maquetas produzidas a partir dos desenhos
de Marques da Silva apresentados à Câmara
Municipal em 1931 e 1943 permitem sintetizar este
processo. O que nos documentos não é facilmente
visível pode ser constatado pela evidência destes
elementos tridimensionais. A casa original,
camuflada e ampliada na primeira versão, acabou
por ser demolida a meio do processo, já depois
de a obra estar bastante avançada. A violência
e importância dessa demolição demonstra o
quão decisivo é o dono de obra na conceção e
apuramento da criação arquitetónica. A profusão
de elementos e uma certa complicação das formas
que resultou da acumulação de decisões ao longo
dos primeiros anos de construção foi clarificada
e a obra conquistou a clareza ainda hoje patente.
As duas maquetas permitem fazer uma espécie de
jogo “descubra as diferenças” e mostram como a
construção da arquitetura nem sempre é pacífica.
O CLIENTE COMO ARQUITETO
Qual a autoria do projeto da Casa de Serralves? Ao
contrário de outras formas artísticas, a arquitetura
resulta de processos coletivos e de decisões
partilhadas. No caso de Serralves, não há dúvida:
foi Marques da Silva que coordenou o projeto e
assumiu a responsabilidade da obra construída.
Charles Siclis poderá ter esboçado a imagem das
fachadas, Jacques Émile Ruhlmann apresentado a
escala e a natureza dos compartimentos principais
da casa, Alfred Porteneuve detalhado requintes de
desenho, Jacques Gréber caracterizado a forma
dos jardins, mas a personagem decisiva para que
tudo acontecesse foi Carlos Alberto Cabral, o
cliente de Marques da Silva. Cabral tinha a visão,
o gosto, o desejo e os recursos necessários para
conceber a sua casa. Os documentos de arquivo
que esta exposição apresenta mostram a aventura
da materialização desse sonho, sob o comando
de Cabral e a coordenação paciente e eficaz do
Arquiteto Marques da Silva.
A exposição “Casa de Serralves: O cliente como
arquiteto” é comissariada pelo Arq. André Tavares.
Coordenação da exposição: Sónia Oliveira, assistida
por Isabel Koehler
THE HISTORY OF THE VILLA’S CONSTRUCTION
In 1925, Carlos Alberto Cabral inherited a house
with a chapel and gardens at Serralves, a rural
hamlet midway between the centre of Porto and
Matosinhos. With the constant support of his
architect, José Marques da Silva, he engaged
in the gradual transformation of the place,
hiring Parisian architects and decorators, such
as Jacques Émile Ruhlmann, Charles Siclis and
Jacques Gréber, who contributed to the design
of this singular work completed around 1943.
Cabral inherited the title of Count of Vizela,
which his father had earned for developing the
textile industry in the valley of the Ave, in Vizela,
where he owned an important cotton processing
factory. He also inherited Serralves from his
grandmother and started by doing minor
remodelling works on a house attached to the
chapel. At the time Cabral was a regular in Biarritz,
where he also owned a villa. In his frequent trips
to Paris, together with Blanche Daubin, his
lifelong companion, Cabral systematically bought
furniture in some of the shops of reference at a
moment when Paris witnessed an intense debate
about French decorative arts and the paths of
industrial production for the domestic space.
Edgar Brandt, Jules Leleu, Da Silva Bruhns and
Jacques Émile Ruhlmann were some of his
suppliers when he started to conceive a first
extension of the Serralves house together with
Marques da Silva in 1927.
Marques da Silva’s early drawings show how
quickly ambition flourished. To begin with, a
pergola was built, with a first room that organized
the space of a garden up to the house. There are
sketches showing a room attached to the house,
then a larger room, then a new entrance hall
added to this room together with a few annexes.
The room grew and along with the the pergola,
new additions were made. Still at the project
stage, the house continued to grow, translating
the client’s ambition. In December 1929, Cabral
contacted architect Charles Siclis – known in Paris
for his cafes and movie theatres – who had just
opened Théâtre Pigalle, amidst much fanfare. To
Porto, Siclis sent a set of elevation drawings that
gave a body and an image to Marques da Silva’s
sketches. Once the project was consolidated, by
the summer of 1930, Cabral consulted Ruhlmann
for the decoration of the interiors, particularly
the entrance hall. From Paris, Ruhlmann mailed
refined drawings with several solutions, all of
which corresponded to a scale relatively unseen
in Porto. Marques da Silva continued to integrate
those suggestions in coherent drawings, linking
the old house and chapel to what was already a
building much larger than the original house.
In the summer of 1931, Marques da Silva
submitted the project to the Municipal Council
for approval. The work started before the end
of that year. This project continued until 1935
and is represented in the first model made
for this exhibition. The model shows how the
old house and chapel were camouflaged, and
how different architectural elements, such as a
portico, the chapel belfry, the balconies, formed
a complex volumetric ensemble in unison with
the spaces of the house. On the other hand,
the correspondence shows how Cabral skilfully
managed the relationship between the various
participants in the project, giving contradictory
information to the Parisian architects and
deciding himself which construction strategies to
apply (Ruhlmann wanted a construction system
which collided with Marques da Silva’s solution).
In 1932, the Villa project extended to the
gardens. After some initial sketches by Marques
da Silva, Jacques Gréber – a renowned French
urban architect – made a set of rigorous and
detailed drawings for Cabral’s property. Unlike
with the villa, correspondence on the matter of
the gardens is sparse, which may explain the
efficiency with which Marques da Silva executed
the design of the French landscape architect.
Meanwhile, the pergola did not make sense
anymore, as the ambitious relationship between
the Villa and the Park surpassed the small scale
of the direct visual relation to embrace the long
perspectives of French garden tradition.
As the works slowly progressed, Cabral’s
ambitions also changed. Ruhlmann, whose
participation had gradually increased, died in
1933. The Serralves Villa project was taken over
by his nephew, Alfred Porteneuve, who visited
Porto and the construction site in January 1935.
His visit was followed by the most traumatic
moment in the project: the demolition of the
original house and the change in the position
of the staircases leading to the upper floor. A
drawing by Marques da Silva shows how the
eraser was a witness to the act of demolition, with
pencil hesitations illustrating signs of doubt. The
second model made for this exhibition was based
on the final project submitted to the Municipal
Council in 1943 and shows the differences and
similarities between the two moments of the
work. The transformation had been radical and
simplified many aspects of the project, giving it
the unity that is seen today.
The years that followed saw a refinement of detail.
Cabral wrote to window-frame and accessory
suppliers (such as switches, doorknobs, etc.), as
well as to heating system specialists; Porteneuve
sent details for the construction of the bathrooms,
wooden floors and plaster ornaments; Marques da
Silva ensured the execution of the work as well as
the coherence of the constructive solutions and
the project’s myriad details. The Spanish Civil War
rendered the communications with Paris slower,
and the Second World War disrupted the French
productive system, which compromised and
further delayed the completion of the Villa. Once
it was built, Alvão produced a photographic album
recording Carlos Alberto Cabral’s achievement for
posterity: to build in Porto, at Serralves, a cohesive
and powerful ensemble capable of representing
the aristocratic ambitions of the new industrial
bourgeoisie, which had been shattered by the
massive destruction of the Second World War.
If architecture symbolizes the ambition of those
who built it, the documents in the Serralves Library
show the succession of steps of the process that
shaped the Serralves Villa and Park, and the extent
to which the client was responsible for decisive
moments in their conception. Step by step,
amid drawings, correspondence, photographs
and models, it is possible to understand the
circumstances of architectural creation.
DOCUMENTAL TRAJECTORY
The different origins and nature of the archival
documents in the exhibition testify to the places
where the architecture was produced: Carlos
Alberto Cabral’s work table, Marques da Silva’s
studio, the Parisian decoration shops or Alvão’s
photographic camera. The different actors in
the construction process dialogued with each
other and what is shown here are the traces
of that dialogue. On two tables are shown,
Cabral’s correspondence – now in the collection
of the Serralves Library– and Marques da Silva’s
drawings side by side. Using the project’s record
in Porto’s Municipal Archive it was possible to
reconstruct a model of the starting point of the
work – the 1931 project – and of its conclusion–
the final drawings of the Villa completed in 1943.
On one of the walls are the drawings produced
in Paris during the different stages of the
project. The exhibition ends with a photographic
sequence by Alvão that immortalizes the
realization of Carlos Alberto Cabral’s dream.
These five exhibition moments synthesize a
process that lasted almost fifteen years.
In Cabral’s correspondence, first with Jules Leleu
and Edgar Brandt, and then with Ruhlmann,
Siclis, Porteneuve and others, it is possible to
see how he carefully managed expenses and
desires. The letters show his intentions and the
way in which he conveyed them to the Parisian
architects, either stimulating their interest, or
hiding precious information so as to ensure they
would not interfere in the work of their partners.
It is possible, for instance, to read how he told
Siclis that the work did not yet allow for interior
design decisions on the very same date as he set
up a meeting with Ruhlmann precisely to deal
with that matter. His correspondence also shows
the variations proposed by the French architects,
as well as the construction progress and the
problems with furniture commissions, which
form the most substantial part of the collection.
The photographs illustrate the rural nature of the
house and the chapel that preceded Serralves, as
well as the gradual transformation of the site up
until the final result.
The nearly five hundred drawings in Marques
da Silva’s archive are almost all work drawings.
Serving as project concept guidelines, rather
than final blueprints, this set is displayed on
the table of drawings. A first section shows the
initial studies, from the house attached to the
chapel to the scheme that served as the basis
for the project. The development of the project,
submitted to council approval and including the
decisive contribution of Siclis and Ruhlmann,
led to the solution that was applied after 1931.
This solution was painstakingly studied, both
in terms of interior space distribution and in
terms of elevations and volumes. In 1932, the
gardens became a crucial aspect of the project,
with Marques da Silva creating a set of sketches
that constituted the basis for Gréber’s design.
Subsequently, the demolition of the original house
caused a profound alteration in the Villa’s design,
giving it the character and volumes seen today.
All these aspects were accompanied by drawings
that ensured the coherence of the project. The
selection shown here is a synthesis of those steps
and demonstrates Marques da Silva’s crucial role
in fulfilling the vision of Carlos Alberto Cabral.
Unlike the systematic character of Marques da
Silva’s drawings, the contributions arriving from
Paris translated into seductive pieces with a
great visual impact. Despite all the changes, the
illustrations submitted by Siclis in 1929 guided the
expression of the project up until its conclusion,
the same can be said for Porteneuve’s drawings,
which guided the execution of the refined upstairs
wooden floors. Of all these contributions, the most
assertive was Jacques Gréber’s, whose set of
drawings for the Park did not raise any questions
and were readily executed.
The two models made from the drawings
submitted by Marques da Silva to the Municipal
Council in 1931 and 1943 synthesize the whole
process. Aspects that are less apparent in the
documents can be clearly observed in these
three-dimensional elements. The original house,
camouflaged and extended in the first version,
was finally demolished midway through the
process at an advanced stage of the work. The
violence and importance of the demolition
demonstrates how decisive the client was
in conceiving and refining the architectural
creation. The profusion of elements, together
with a certain degree of complication of forms,
which resulted in the accumulation of decisions
in the first years of construction, was resolved
and the Villa gained its clarity. The two models
allow for a sort of ‘spot the difference’ game
and show how constructing architecture is not
always a peaceful process.
THE CLIENT AS ARCHITECT
Who is the author of the Serralves Villa?
Unlike other art forms, architecture is a result
of collective processes and shared decisions.
In the case of Serralves the following is true:
Marques da Silva coordinated the project and
took responsibility for the completed work.
Charles Siclis may have sketched the image of
the façades, Jacques Émile Ruhlmann may have
suggested the scale and the nature of the main
rooms in the house, Alfred Porteneuve may have
detailed the design, Jacques Gréber may have
defined the form of the gardens, but the decisive
character that brought everything together was
Carlos Alberto Cabral, the client of Marques da
Silva. Cabral had the vision, the taste, the desire
and the necessary resources to conceive his
house. The archive documents in this exhibition
illustrate the adventure of realizing this dream,
under Cabral’s command and the patient and
efficient coordination of architect Marques da
Silva.
The exhibition “Serralves Villa: The Client as an
Architect” is curated by Architect André Tavares.
Exhibition coordination: Sónia Oliveira, assisted
by Isabel Koehler
Texto Text by André Tavares, editado por edited by Cláudia Gonçalves
VISITA GUIADA GUIDED TOUR
21 JUN, (Dom Sun), 17h00
Por By André Tavares,
Curador da exposição Curator of the exhibition
VISITA GUIADA E CONVERSA GUIDED TOUR TO THE EXHIBITIONS
17 JUN (Qua Wed), 19h30-20h30
"Um Realismo Cosmopolita: O Grupo Kwy Na Coleção De Serralves" e "Casa De
Serralves: O Cliente Como Arquiteto" 'A Cosmopolitan Realism: The KWY Group in the
Serralves Collection’ and ‘The Serralves Villa: The Client as an Architect’
Uma visita com os curadores das exposições, sobre o trabalho com arquivos e
coleções. A tour with the curators of the exhibition about working with archives
and collections
Exclusivo para Amigos de Serralves. Exclusive for Members.
VISITA GUIADA GUIDED TOUR
16 AGO AUG 2015, 12h00
Como Ver Desenhos de Arquitetura
Por By Inês Caetano
Monitora do Serviço Educativo Monitor of the Educational Service
VISITA GUIADA GUIDED TOUR
05 SET SEP, 17h00
Por By Filomena Cabral
Poeta ficcionista, dramaturga e ensaísta poet and fiction writer, playwright and essayist
Todos os fins de semana o Serviço Educativo do Museu de Serralves disponibiliza um
programa de visitas guiadas às exposições patentes no Museu nos seguintes horários:
Every weekend the educational service of the Serralves Museum offers a programme of
guided visits to exhibitions at the Museum at the following times:
Sábados / Saturdays: 16h00–17h00 (em inglês/in english)
Sábados / Saturdays: 17h00–18h00 (em português/in portuguese)
Domingos / Sundays: 12h00–13h00 (em português/in portuguese)
Estas visitas são realizadas por monitores do Serviço Educativo do Museu de Serralves
ou por convidados. These visits are carried out by Educational Service monitors from the
Serralves Museum or by guests.
Serviço Educativo Educational Service: Liliana Coutinho (coord.), Diana Cruz, Cristina Lapa
Apoio institucional
Institutional support
Colaboração
Collaboration
Mecenas Exclusivo do Museu
Exclusive Corporate Sponsor
of the Museum
Fundação de Serralves / Rua D. João de Castro, 210 . 4150-417 Porto / www.serralves.pt / [email protected] / Informações Information line: 808 200 543
PARQUE Entrada pelo Largo D. João III (junto da Escola Francesa) PARKING Entrance by Largo D. João III (next to the École Française )
Download

roteiro da exposição - Fundação de Serralves