A CARGA GLOBAL DE DOENÇA NOS MUNICÍPIOS DA
REGIÃO SUL DE SANTA CATARINA.
Área de conhecimento: Ciências da Saúde; Medicina.
Ac. Verônica Gutierres; Prof. Dr. Jefferson Traebert. PIBIC. Curso de Medicina,
Campus Sul Tubarão/SC.
Introdução
As políticas de saúde adotadas nos níveis nacional e local são normalmente baseadas
em informações geradas por indicadores ditos de saúde, mas que são fundamentados em
dados de mortalidade. Os indicadores da condição de saúde de uma população devem
reconhecer as doenças e as incapacidades conseqüentes, e que geram sofrimento e
limitação do desenvolvimento social e econômico, isto é, a carga global de doença sobre a
sociedade.
A proposta de mensuração da carga da doença (MURRAY, 1994) implica além da
integração em um mesmo indicador de componentes de morbidade e mortalidade, a
utilização de dados epidemiológicos e estatísticos vitais, disponíveis em países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, de modo que permita comparações internacionais.
Surgiu daí o indicador denominado Disability-Adjusted Life Years – DALY (Anos de Vida
Perdidos Ajustados por Incapacidade), definido como uma medida do tempo vivido com
incapacidade e do tempo perdido devido à mortalidade prematura (MURRAY, 1994).
Tal indicador vem sendo gradativamente incorporado na mensuração das condições de
saúde das populações.
O estudo de Carga de Doença do Brasil – 1998, realizado por uma equipe de
pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/ FIOCRUZ)
mostrou que os DALYs se concentravam essencialmente nas doenças não transmissíveis e
nas causas violentas (SCHRAMM et al., 2004). Os autores concluíram a partir da análise
de tais resultados, sobre a necessidade de melhoria na qualidade dos serviços de saúde
para atender uma demanda crescente por procedimentos de média e alta complexidade,
buscando controlar enfermidades para as quais a carga de doença é elevada.
Assim, a realização dessa pesquisa possibilitará ao seu final, comparar o perfil
epidemiológico do tempo vivido com incapacidade e do tempo perdido devido à
mortalidade prematura nos municípios da região de estudo, com o perfil brasileiro, uma vez
que utilizará a metodologia do Estudo de Carga de Doença no Brasil, incluindo o Estado de
Santa Catarina no movimento mundial de busca de informações sobre a carga global de
doença sobre as diferentes sociedades.
Objetivos
Geral
Descrever a carga global de doença (DALY) nos municípios da região sul de Santa
Catarina, da área de abrangência da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de
Tubarão.
Específicos
1) Revisar extensamente a literatura acerca do tema de estudo.
2) Iniciar aproximação com a equipe de pesquisadores da ENSP/FIOCRUZ, responsável pelo
Estudo de Carga de Doença do Brasil.
3) Estabelecer um processo gradativo de transferência de conhecimento e tecnologia para o
cálculo da carga de doença.
4) Desenvolver oficinas sobre o tema, envolvendo os pesquisadores do Estudo Carga de
Doença do Brasil, procurando aumentar assim, o interesse da comunidade científica
catarinense e dos gestores dos serviços de saúde municipais em estudar e utilizar
indicadores de saúde que incluam a incapacidade gerada pelas doenças.
5) Mensurar a carga de doença (DALY) da Microrregião de Tubarão.
6) Identificar eventuais diferenças no comportamento do DALY entre os municípios da
Região estudada.
7) Analisar os eventos de saúde que mais contribuem para o indicador de carga de doença.
Metodologia
Este estudo está sendo desenvolvido paralelamente ao Projeto de Pesquisa intitulado “A
CARGA DE DOENÇA NOS MUNICÍPIOS CATARINENSES E SUA RELAÇÃO COM
CONDIÇÕES DE VIDA ” aprovado no Edital 008/2006 da FAPESC, em desenvolvimento
com a participação de professores do Departamento de Saúde Pública da UFSC.
Trata-se de um estudo ecológico cujas unidades de análise são os 14 municípios
catarinenses da região sul de Santa Catarina, da área de abrangência da Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Regional de Tubarão.
O cálculo do DALY segue a metodologia adotada no estudo de Carga de Doença do
Brasil – 1998 através da seguinte forma:
DALY = YLL + YDL
Onde:
DALY = Anos de vida perdidos ajustados
por incapacidade.
YLL = Anos de vida perdidos
por morte prematura.
YDL = Anos de vida perdidos
ajustados por incapacidade.
Caminhos metodológicos importantes
1) Aproximação com a equipe de pesquisadores do Estudo Carga de Doença do Brasil
Estratégias: Intermediação do Ministério da Saúde (de acordo com o Seminário PPSUS
realizado em 2007); contato direto.
2) Visita à ENSP/FIOCRUZ
Estratégias: Sensibilização dos pesquisadores da ENSP/FIOCRUZ; agendamento; ida
ao Rio de Janeiro (fundos do projeto aprovado na FAPESC).
3) Estabelecimento de parceria junto aos pesquisadores da ENSP/FIOCRUZ
Estratégias: Sensibilização para estabelecimento de parceria; transferência de
conhecimento para cálculo dos DALYs nos seus dois componentes – YLL e YDL.
4) Desenvolvimento de oficinas para transferência de conhecimento e tecnologia para
cálculo dos DALYs.
Estratégias: Agendamento da oficina em Santa Catarina para o mês de novembro/08.
5) Cálculo dos DALYs da região Sul de Santa Catarina e identificação de diferenças no
comportamento do indicador entre os municípios da região.
Estratégias: A partir da coleta dos dados nos bancos oficiais de informações SIM, SINASC,
SIH, SIA, APAC, IBGE serão calculados os DALYS:
• Grupo 1: doenças infecciosas e parasitárias, causas maternas, causas perinatais e
eficiências nutricionais.
• Grupo 2: doenças crônico-degenerativas.
• Grupo 3: causas externas.
Resultados por objetivo específico
Objetivo 1
-Alcançado. Descritores: Carga de Doença; Global Burden of Disease. Revisados 49
referências. Elaborado texto que comporá o capítulo de Revisão de Literatura do Relatório
Final.
Objetivo 2
-Estabeleceu-se parceria com professores do Departamento de Saúde Pública da UFSC,
com reuniões agendadas sistematicamente para o desenvolvimento da pesquisa.
-Solicitação da intermediação do Ministério da Saúde para aproximação das equipes de
pesquisa: troca de correspondência e contato direto dos pesquisadores em Brasília.
Resultado: Estratégia não eficaz.
-Realizado o contato direto com os pesquisadores da ENSP/FIOCRUZ: troca de
correspondência e telefonemas.
Resultado: Estratégia eficaz. Estabeleceu-se uma via de contato direto entre os
pesquisadores. Agendada visita de dois pesquisadores (UNISUL e UFSC) à ENSP/FIOCRUZ.
Visita realizada no dia 24/09/08. Início do processo de sensibilização para transferência de
conhecimento e tecnologia para cálculo do DALY.
Objetivo 3
-Iniciado o processo de transferência gradativa de conhecimento e tecnologia para cálculo
dos DALYs.
-Troca de informações para coleta dos dados nos bancos oficiais de informações.
Objetivo 4
-Agendamento da primeira oficina em Santa Catarina para o mês de novembro/08. Meta:
checagem dos ajustes e ponderações nos bancos de dados oficiais de saúde, necessários para
o cálculo do YLL.
Objetivos 5, 6 e 7
-A serem atingidos.
Dificuldades encontradas
1- Estabelecimento de uma via de contato com a equipe de pesquisadores da ENSP/ FIOCRUZ
consumiu um grande período de tempo. Somente no segundo semestre de 2008 foi possível
a primeira reunião para exposição dos objetivos.
2- Acesso aos bancos de dados oficiais sobre informações de saúde.
3- Necessidade de estabelecimento de novas parcerias, como por exemplo com a Secretaria de
Estado da Saúde, o que demandou tempo e um criterioso processo de sensibilização.
4- Necessidade de correções e ponderações em função do sub-registro de dados nos bancos
oficiais de dados de saúde, necessitando-se inclusive da supervisão de um demógrafo.
5- Sub-dimensionamento do processo de pesquisa, inclusive sobre o próprio tema, pouco
estudado no Brasil, no contexto de iniciação científica e do tempo previsto para o atingimento
dos objetivos.
Conclusões
-Trata-se de um tema de estudo extremamente relevante para a análise das prioridades
para as políticas públicas relacionadas à saúde no Estado de Santa Catarina.
-Todavia, o contexto de iniciação científica e o tempo destinado à finalização do projeto
são inadequados, demandando a necessidade de continuidade da pesquisa para o
atingimento de todos os objetivos propostos.
Bibliografia
MURRAY CI. Quantifying the burden of disease: the technical basis for disability-adusted life years. Bull World Health Organ
1994; 72:429-45.
NEDEL FB, ROCHA M, PEREIRA J. Anos de vida perdidos por mortalidade: um dos componentes da carga de doença. Rev
Saúde Pública 1999; 33(5):461-9.
SCHRAMM JMA, VALENTE JG, LEITE IB et al. Perfil epidemiológico segundo resultados do Estudo de Carga de Doença do
Brasil – 1998. Rio de Janeiro: ENSP, 2004.
Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/governo/regionais/tubarao.htm. Acesso em 01/10/08
Apoio Financeiro: Unisul
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