Sessão 23:
ERGOLOGIA E DIALOGISMO: O ESPANHOL NO TRABALHO DOS
AGENTES DE TURISMO
FREITAS, Luciana Maria Almeida de (UERJ-UniverCidade)
Esta pesquisa, a partir de uma concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN,
2003), analisa o trabalho dos agentes de turismo de forma a antecipar o que se
pode ensinar em Língua Espanhola a trabalhadores da área. A motivação para a
sua realização se deve ao fato de o professor de Espanhol para o turismo ter uma
série de problemas na sua atividade docente, principalmente ao planejar o seu
curso, pois desconhece o trabalho desses profissionais. Como marco teórico e
metodológico, propõe-se, em lugar do procedimento de análise de necessidades
tradicionalmente sugerido pela bibliografia sobre o ensino de línguas para fins
específicos (DUDLEY-EVANS; ST.JOHN, 1998; HUTCHINSON; WATERS,
1987; ROBINSON, 1980; 1991), a utilização de uma abordagem ergológica
(SCHWARTZ, 1997), que pressupõe conceitos e métodos de origem
pluridisciplinar e tem por base uma preocupação ética e epistemológica que
coloca os trabalhadores no centro da produção de conhecimento sobre o trabalho.
A análise das situações de trabalho teve por base alguns procedimentos advindos
da Análise Ergonômica do Trabalho. Os resultados indicam a pertinência de um
programa de ensino de Espanhol para agentes de turismo que desenvolva
prioritariamente as competências escritas e leitoras.
SELEÇÃO DOCENTE: O TRABALHO DO PROFESSOR
GIORGI, Maria Cristina (UERJ/CAPES)
A avaliação vem sendo objeto de estudo em várias pesquisas na área da Educação,
voltadas ora para a aprendizagem, ora para as políticas públicas e sua
implementação no cotidiano escolar. Ainda que outras investigações realizadas na
mesma área apontem para uma série de problemas que reproduzidos nas últimas
décadas, freqüentemente atribuídos a “docentes mal preparados”, encontramos
poucas relacionadas a provas que selecionam o professor. Encaminhando nosso
olhar para a rede pública, perguntamos como esse professor pode ser
“despreparado” se atravessa um processo seletivo o qual assevera que ele está
apto a dar aulas? A partir dessa contradição, explicita-se a relevância da presente
pesquisa, voltada para a análise de tais provas, que, além de selecionar o
professor, refletem o que se valoriza na formação de profissionais desta área no
contexto de nossa realidade educacional. Nosso corpus constitui-se pelo Manual
do Candidato, pelo Edital e pelas provas de língua do concurso realizado pela
SEE/RJ em 2004. Para melhor compreender a prova como uma prática
institucionalizada e os saberes que são nelas privilegiados, recorremos a Foucault;
com relação à linguagem, seguimos as propostas da AD de base enunciativa
(Maingueneau) e as noções de gênero de discurso e polifonia (Bakhtin). No que
tange a uma melhor compreensão do trabalho do professor, valemo-nos de
conceitos advindos das Ciências do Trabalho (Clot; Faïta; Amigues; Schwartz).
Como resultados parciais, apresentamos o conjunto de competências/saberes
privilegiados pelas provas e uma avaliação de até que ponto é permitido ao
professor-candidato demonstrar conhecimentos específico sobre seu próprio
trabalho.
CATADORES DE PALAVRAS
VARGENS, Dayala (UERJ/ UNIFA)
Diante da ameaça de fechamento do aterro sanitário de Jardim Gramacho, situado
no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, um enorme contingente de
catadores de materiais recicláveis confronta-se com a ameaça do desemprego. É
para a atividade desse grupo de trabalhadores que voltamos o nosso olhar na
presente pesquisa. Pautados nas relações entre as práticas linguageiras e o mundo
do trabalho, buscamos resgatar, por meio da Análise do Discurso de base
enunciativa (Maingueneau, 1989), possíveis “saberes” constituintes da atividade
do catador, considerando a estreita relação existente entre o plano simbólico das
interações verbais e a organização do trabalho. Nesta apresentação, enfocaremos o
jornal “Mensageiro da Verdade”, elaborado pelos próprios catadores. Lançando
mão das noções de dialogismo e gênero do discurso bakhtinianas (2000),
objetivamos refletir a respeito das “vozes” recuperadas no jornal que, ao nosso
ver, contribuem no processo de construção da (s) identidade (s) desses indivíduos
como trabalhadores.
A CONTRIBUIÇÃO ERGOLÓGICA PARA O TRABALHO DO
PROFESSOR
BARRETO, Talita de Assis (PUC-Rio/UGF)
Esta comunicação tem como tema central uma das atividades do trabalho do
professor de Ensino Básico: a participação em eventos acadêmicos. A partir de
um posicionamento teórico de concepção de trabalho que pressupõe a existência
de mundos de trabalho que abarcam, no caso, os professores dentro e fora da sala
de aula (FAÏTA, 2002; AMIGUES, 2004; SCHWARTZ, 2002), organizou-se um
Fórum de Discussão baseado em um evento acadêmico em que docentes de língua
espanhola do estado do Rio de Janeiro tiveram a oportunidade de expor a seus
pares atividades desenvolvidas em suas instituições de ensino, objetivando
discutir questões relativas ao seu trabalho. A pesquisa apresenta e discute o
método realizado com a finalidade de produzir falas sobre o trabalho. Além disso,
propõe uma análise lingüística das trocas entre as professoras que participaram do
estudo fundamentada na teoria do enunciado dialógico proposta por Mikhail
Bakhtin e seu círculo (2002; 1992; 1988) e nos desenvolvimentos que essa teoria
vem permitindo. O principal desafio enfrentado foi o de envolver um grupo de
professores em torno de um mesmo objeto de reflexão e, a partir da comunidade
dialógica de pesquisa (FRANÇA, 2002), então formada, criar um dispositivo
metodológico capaz de fazer emergir falas sobre o trabalho em um novo gênero.
Os resultados apontam a circulação discursiva da identidade do professor do
ensino básico em oposição a um Outro e voltam-se para a construção de sentidos a
respeito do ofício e do uso de si na atividade de trabalho.
TRABALHO DO PROFESSOR: UM ESTUDO DISCURSIVO DE DICAS
EM SITES DA INTERNET
FERREIRA, Charlene Cidrini (UERJ)
Este trabalho, que se encontra em etapa inicial, tem como propósito analisar
discursivamente dicas para professores a serem executadas em sala de aula
oferecidas em sites da Internet. Por fazer parte de um grupo de pesquisa que vem
voltando sua observação para práticas de linguagem em situação de trabalho,
surgiu o interesse de realizar um estudo que articulasse linguagem e o trabalho do
professor. Considerando que a utilização de novas tecnologias por este
profissional tem aumentado muito ao longo dos anos e hoje em dia já faz parte do
seu cotidiano, é que se objetiva identificar a imagem do trabalho do professor
construída por sites que oferecem dicas para o professor. O enfoque teórico desta
pesquisa está nos estudos em AD de orientação enunciativa, cujos teóricos
privilegiados são Bakhtin e seu círculo e Maingueneau, dialogando com os
estudos do trabalho desenvolvidos por Schwartz e sobre trabalho do professor, por
Amigues. Esses sites se encontram no campo das normas antecedentes, visto que
indicam o que o professor deve ou não fazer em situação de sala de aula.
Entretanto, essas normas não são oficiais, ou seja, não são amparadas por leis que
regem o trabalho do professor. Assim, este estudo, além de buscar observar como
elas estão sendo postas em circulação, e dessa maneira estão estabelecendo
sentidos que vão construir a imagem do que é o trabalho do professor, tem como
desafio pôr em discussão que questões éticas se apresentam nessas dicas que de
certa forma participam da formação continuada do professor.
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linguagem e trabalho