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TÍTULO:
PRESBIFAGIA:
DEGLUTIÇAO
NO
PROCESSO
DO
ENVELHECIMENTO
AUTORA: MARIA CRISTINA DE ALMEIDA FREITAS CARDOSO
Orientador: Prof. Dr. Yukio Moriguchi
Co-orientador: Prof. Dr. Rodolfo Schneider
FILIAÇAO: PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇAO EM GERONTOLOGIA
BIOMÉDICA
RESUMO:
O envelhecimento é uma manifestação de eventos biológicos que
ocorrem ao longo de um período da vida humana que é chamada de
senescência, na qual ocorrem, por mecanismos múltiplos e influenciáveis,
alterações morfológicas e funcionais que atingem todo o organismo.
Durante o processo do envelhecimento, há inúmeras alterações
estruturais que podem comprometer os órgãos fonoarticulatórios que, por
conseqüência, modificam as funções orofaciais.
A presbifagia é o termo designado às alterações que ocorrem pela
degeneração
fisiológica
do
mecanismo
da
deglutição,
devido
ao
envelhecimento sadio das fibras nervosas e musculares. Os idosos sadios
mantêm a sua funcionalidade, compensando tais perdas, ajustando-se
gradativamente a elas.
A deglutição é uma função biológica complexa, do sistema
estomatognático, que se define como o ato de engolir. Tal função tem um
controle neuromotor fino, realizando movimentos coordenados e precisos, cujo
objetivo é o transporte do alimento da porção anterior da boca ao estomago,
mostrando-se diferenciada entre a criança, da primeira infância, e o adulto
devido às diferenças anatômicas das estruturas orofaciais, mas mantém a
especialização destas estruturas para com as funções orgânicas, ou seja, a
função posicional, a função de respiração e a função de alimentação.
A deglutição compõe-se pelas etapas preparatória oral, oral, faríngea e
esofágica.
As
alterações
encontradas
na
presbifagia
respaldam-se
nas
modificações das estruturas anatomofuncionais.
As modificações da função de deglutição no envelhecimento ocorrem
por disfunção sensorial, de forma progressiva, que afeta paladar e olfato, pelo
uso de prótese dentária mal adaptada e/ou pela perda dos dentes, a diminuição
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da saliva e a redução do tônus muscular prejudicam visivelmente o processo
de mastigação e a fase preparatória oral da deglutição.
Há modificação quanto à percepção dos quatro tipos de estímulos
gustativos – salgado, doce, azedo e amargo – que declina marcadamente a
partir da 6ª década, sendo o paladar para salgado e amargo, os que declinam
mais acentuadamente. Já, devido à diminuição do volume de saliva, da amilase
e da sua atividade, ou seja, da digestão inicial dos carboidratos, ainda na boca,
há a perda de percepção do paladar doce.
A redução do olfato tem causa multifatorial, cuja característica olfatória
muda de acordo com a qualidade da memória semântica e da personalidade do
indivíduo.
Entre outras modificações encontram-se a redução da eficiência do
clearance orofaríngeo e a redução da força muscular da língua, sem que haja
um aumento da pressão necessária para a realização da função de deglutição,
possibilitando a presença de estase na cavidade oral após a deglutição, o que
aumentam a predisposição à disfagia, ou seja, distúrbio de deglutição.
Na fase faríngea há uma lentificação dos movimentos musculares,
disfunção de epiglote, do esfíncter cricofaríngeo e do fechamento faríngeo,
além da redução na elevação da laringe, o que possibilita a penetração do bolo
alimentar na laringe e estase na cavidade faríngea após a deglutição.
Na literatura encontra-se que as funções orofaciais são básicas do
organismo e de fundamental importância para a nutrição corporal. Quando
essas se encontram alteradas por um dano neurológico, podem interferir no
prognóstico e na saúde do individuo.
Embora tais dados sejam amplamente divulgados, a presbifagia, ou seja,
as modificações da deglutição ocorridas no envelhecimento são pouco
exploradas.
O envelhecimento desencadeia modificações no organismo e estas são
responsáveis pelos mais variados tipos de alterações clínicas, descritas no
trato aéreo-digestivo superior pelos distúrbios de voz e de deglutição, cuja
distinção, entre o esperado no envelhecimento e o alterado por doenças de
afecção neurológicas, dá-se clinicamente.
Devido a estas alterações, alguns idosos não conseguem fazer as
adaptações necessárias, podendo acarretar uma disfagia, que altera o seu
estado nutricional.
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Conhecer as possíveis modificações da deglutição pode auxiliar no
estabelecimento de ações fonoaudiológicas e na promoção de saúde no
envelhecimento desta população, que vem aumentando mundialmente.
Palavras Chaves: Presbifagia; Deglutição; Idosos.
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