a revista da caixa
Ano II 2011 Número 6
caixa geral
de de p ósi tos
capital
europeia
da
cultura
em 2012, todos
os caminhos
vão dar
a guimarães
ler é o
melhor
remédio
entrevista a Fernando
pinto do amaral
comissário do plano
nacional de leitura
Tamil nadu
passagem para a índia
saiba tudo sobre
o pap - plano automático
de Poupança
€ 1,50 CoNtinente e ilhas
periodicidade Trimestral
e
editorial
Um outro 2012
a revista da caixa
Director Suzana Ferreira
Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes
Arte e projecto Rui Garcia e Rui Guerra
Colaboradores Ana Ferreira, Ana Rita Lúcio,
Andreia Simões, Helena Estevens, João Paulo
Batalha, Leonor Sousa Bastos, Paula de
Lacerda Tavares, Rita Neves (texto); Agência
AFFP, Estúdio João Cupertino, Miguel Manso,
Rita Chantre, com agências Corbis, Getty
Images, iStockPhoto e Reuters (fotos);
Dulce Paiva (revisão)
Secretariado Teresa Pinto
Gestor de Produto Luís Miguel Correia
Produtor Gráfico João Paulo Font
REDACÇÃO
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R. Calvet de Magalhães, 242
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2770-022 Paço de Arcos
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Maria João Peixe Dias ([email protected])
Director Coordenador
Luísa Diniz ([email protected])
Coordenador
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Contacto
Ana Dória ([email protected])
Eduarda Casa Nova ([email protected])
Assistente
Florbela Figueiras ([email protected])
Coordenador de Materiais
José António Lopes ([email protected])
Neste ano que agora começa, acreditamos que existem muitas
razões para manter um estado de espírito positivo e aproveitar
o que de melhor temos para nos darmos mais a conhecer à Europa
e ao Mundo. Desde logo, o evento Guimarães 2012 – Capital
Europeia da Cultura, que, ao longo de 2012, permitirá que
a cidade berço de Portugal mostre muito do que de bom se faz
no nosso País, além de trazer alguns dos nomes maiores do
panorama cultural internacional.
E porque 2012 vai ficar marcado, sobretudo, por esse evento,
dedicamos, neste início de ano, grande parte desta edição
à cultura. Fomos conversar com Fernando Pinto do Amaral,
Comissário do Plano Nacional de Leitura, e com Cesário Costa,
maestro da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Mas como a
cultura também é tradição e preservação, recomendamos uma
visita às Aldeias de Xisto e damos a conhecer o charmoso Hotel da
Estrela, que já foi um palácio de condes e uma escola secundária.
Nestes tempos difíceis, também é bom saber que temos a
melhor incubadora de empresas do mundo – é portuguesa e actua
em Coimbra, mas acolhe projectos de todo o País.
E como, para assegurar o futuro, é preciso prepará-lo no
presente, nada melhor do que garantir uma boa poupança para
algo inesperado. O PAP – Plano Automático de Poupança foi
criado, justamente, com essa finalidade, pelo que é importante
conhecer todas as soluções de poupança e de investimento que
a Caixa preparou para si.
Em 2012, vai, assim, poder continuar a contar com a Caixa.
Com Certeza.
Votos de Bom Ano Novo.
Suzana Ferreira
Editora Medipress - Sociedade Jornalística e
Editorial, Lda.
NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90;
CRC Lisboa
Composição do capital da entidade proprietária
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Foto de capa: Frederic Pacorel/Getty Images
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Propriedade
Caixa Geral de Depósitos
Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa
Periodicidade Trimestral
(Edição n.º 6, Outubro/Dezembro 2011)
Depósito Legal 314166/10
Registo ERC 125938
Tiragem 85 000 exemplares
Correio do leitor [email protected]
A Cx é uma publicação da Divisão Customer
Publishing da Impresa Publishing,
sob licença da Caixa Geral de Depósitos
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a re v i s ta d a c a i xa
3
i
interior
06Pormenor
Notícias seleccionadas
Pessoas
DESTAQUES
10 Histórias de sucesso
O design segundo Nini
Andrade Silva
12 Talento
A música de David Santos e a
moda de Susana Bettencourt
estilo
18 Design
A marca Manjerica; Caixa é
Banco do Design
20 Automóveis
É um carro? É uma nave?
É o Twizy!
21 Culto
Escolhas com assinatura
22 Gourmet
Do Story ao Arcadas da Capela
23 Prazeres
Papos-de-anjo de chocolate
37 Observatório
João Serra e a Guimarães 2012
destinos
44 Roteiro
Descobrir as Aldeias de Xisto
46 Fugas
30 A
cultura saiu à rua
Média no tamanho, mas grande na ambição, Guimarães pega no compasso da
Cultura, da qual é capital europeia, para se dividir e multiplicar 2012 em tempos de
encontros, criações, sentimentos e renovações, devolvendo à cidade o seu maior
património: a(s) cultura(s) das gentes
O charme do Hotel da Estrela
50 Saúde
Inverno rima com depressão
56 Sustentabilidade
A melhor Incubadora de Ideias
do mundo está em Coimbra;
Floresta, a Nossa Herança
Global; o novo site do Co-Lab
cultura
62 Agenda + Ler & Ouvir
Espectáculos, livros e discos
64 Metropolitana 20 anos
Entrevista ao maestro
Cesário Costa
66 Vintage
As célebres cadernetas
4
cx
a rev i s ta d a ca i xa
16 Design & arquitectura
Na encruzilhada onde confluem
dois rios e uma cidade banhados
pela História, o Riverside Museum
convida a entrar a bordo de uma
alucinante viagem com a assinatura
de Zaha Hadid
24Entrevista
Fernando Pinto do Amaral, Comissário
do Plano Nacional de Leitura,
abre-nos as portas do seu gabinete
para uma conversa onde cabem livros
e onde se sublinha a importância de
recuperarmos a nossa identidade
38Grande viagem
Em Tamil Nadu, no Sul da Índia,
aos nossos olhos desfilam
deuses de múltiplas formas,
templos imponentes, mercados
de especiarias, tecidos brilhantes,
sorrisos verdadeiros
52Finanças
Fique a saber mesmo tudo sobre
o PAP – Plano Automático de
Poupança, a melhor solução para
reaprender a gerir e a rentabilizar
o seu dinheiro, e sobre as
alterações no IRS
Foto: Bruno Barbosa
viver
p
pormenor
Diz-me como acampas, dir-te-ei quem és
O ano que ainda há pouco terminou mostrou
que o campismo voltou a fazer parte do conceito
de férias de muito boa gente. Confirmando a
tendência, a FieldCandy lançou uma colecção de
tendas personalizadas, que prometem não passar
despercebidas seja qual for o cenário escolhido.
à conquista
de hollywood
Candidato de Portugal a uma
nomeação para o Óscar de Melhor
Filme Estrangeiro, José & Pilar, conta
com dois novos motivos para poder
estar em destaque na cerimónia
agendada para 26 de Fevereiro: está
entre as 265 longas-metragens que
podem vir a ser nomeadas para o
Óscar de Melhor Filme; o fado Já não
estar, interpretado por Camané, parte
da banda sonora do filme realizado
por Miguel Gonçalves Mendes, foi
pré-seleccionado para o Óscar de
Melhor Canção Original.
Da invicta
para o moma
O arquitecto Pedro Gadanho,
professor na Faculdade de
Arquitectura do Porto (FAUP) é
o novo curador de Arquitectura
Contemporânea, no Departamento
de Arquitectura e Design, do Museu
de Arte Moderna (MoMA), de Nova
Iorque. Será, igualmente, responsável
pela supervisão de um programa de
jovens arquitectos e pela organização
de exposições baseadas no acervo
do museu, podendo sugerir novas
aquisições.
pa p e x p e r i e n ce
Um presente com futuro
Saiba como tirar partido desta oportunidade e partilhá-la
com quem lhe é querido
Já pensou que, hoje, mais do que assinalar
um momento com a oferta de um presente
efémero, é importante reforçar as condições
que podem contribuir para um futuro bem
melhor daqueles de quem mais gosta? Por
exemplo, o inicio de uma poupança. É
justamente a pensar nisso que lhe propomos
a oferta do kit PAPEXPERIENCE.
Em que consiste?
Trata-se de uma experiência de poupança que
lhe permite oferecer, directamente, 25 euros
para abertura ou reforço de uma conta de
poupança e a possibilidade de activação dos
mecanismos de poupança automática que
mais se adeqúem ao seu beneficiário. Quem
receber este presente, pode beneficiar, ainda,
de 35 euros de bónus – oferta da Caixa.
Como funciona o bónus?
Se o beneficiário deste presente assegurar
uma nova domiciliação de rendimentos(1) na
Caixa ou reforçar/constituir uma poupança
a um ano com um montante vindo de outra
instituição de crédito(2), a Caixa oferece-lhe 25 euros adicionais. Entretanto, pode,
também, receber dez euros suplementares
oferecidos pela Caixa, se for um dos Clientes
que mais poupar através do mecanismo
de arredondamento dos cartões da Caixa(3)
(ver objectivo 6, da página 53).
Como adquirir?
Basta dirigir-se a uma Agência da Caixa ou
aceder à loja on-line do serviço Caixadirecta
on-line e adquirir o PAPEXPERIENCE.
6
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Poderá, assim, distinguir aqueles de quem
gosta com um presente com futuro.
Ofereça, também, um PAPEXPERIENCE
a si próprio e conheça todos os detalhes
em qualquer Agência da Caixa ou em
www.cgd.pt.
Válido para novas domiciliações de
salário, pensão ou reforma no mínimo de
500 euros líquidos.
(2)
Mínimo de 1000 euros.
(3)
Válido para os 20 mil Clientes que mais
poupem, com um mínimo 75 euros, nos
extractos de Dezembro de 2011 a Março de
2012.
(1)
U p2you chal l e nge
Desafio aos jovens criativos
a cgd e a bolsa de valores
sociais (BVS) criaram o
desafio Up2You Challenge, uma
proposta que desafia os jovens
a expressar os seus desejos
num passatempo dinamizado
através do Facebook. A iniciativa
vai beneficiar um conjunto de
ONG nacionais e dinamizar a
presença da Caixa junto das
universidades, do público
universitário e da sociedade em
geral, numa aposta na geração
criativa, empreendedora,
arrojada e talentosa. Com o mote
«Quantos desejos concretizas
com €500?», a campanha
desafia os jovens a juntarem-se em equipas de quatro
elementos para comprarem um
kit Fitas, no valor de quatro euros
(o valor reverte na totalidade
para os projectos cotados na
BVS), numa Agência da Caixa, e a
expressarem, de forma criativa,
a sua ideia de como multiplicar o
dinheiro em 30 dias.
Saiba mais em facebook.com/
up2youchallenge.
Virtual valentino
Foi a prenda de Natal que o famoso criador de moda decidiu
oferecer a todos os seus fãs e seguidores. Intitulado Valentino
Garavani Archives (www.valentino-garavani-archives.org), trata-se de um museu virtual em 3D, onde, nuns supostos 30 mil metros
quadrados, podemos aceder a mais de cinco mil arquivos que nos
conduzem pela história de uma das mais icónicas marcas de moda.
Raminhos
& Barreiro
passamos a explicar
a associação de nomes:
Ana Raminhos e José
Barreiro são dois
estudantes de design
gráfico que arrecadaram o
3.º Prémio do Concurso
Europeu Young Creative
Chevrolet, na Categoria
de Artes Visuais.
Como forma de celebrar
o seu centésimo
aniversário, a Chevrolet
desafiou estudantes de
design de toda a Europa
a captarem o sentimento
da marca desde a sua
origem. Ana e José,
que estudam na Escola
Secundária de Cacilhas,
desenvolveram um cartaz
comemorativo que faz essa
viagem no tempo onde
o presente são os carros
eléctricos.
leddie
Para assinalar o 20.º
aniversário da morte de
Freddie Mercury, o site
The Living Brick criou um
boneco utilizando peças
de Lego, onde o «cantor»
surge com a roupa usada
nos emblemáticos
concertos realizados
no Estádio de Wembley,
em 1986.
O fado de nata
(ou a nata do fado)
agora que o fado foi reconhecido como Património
Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, apostamos
que estas embalagens especiais que uniram dois símbolos da
cidade de Lisboa, o Fado e os Pastéis de Belém, não deverão
tardar até começarem a surgir em leilões virtuais, como peças
de colecção. Pela mão de André Carrilho, os packs surgem
ilustrados com as imagens de Amália Rodrigues,
Alfredo Marceneiro, Carlos do Carmo, Mariza, Camané
e Maria da Fé.
Fotos: D.R.
código da vinci
Até dia 5 de Fevereiro, todos os caminhos vão dar a Londres,
mais precisamente, à National Gallery (www.nationalgallery.org.uk),
onde está patente uma retrospectiva de pinturas raras de Leonardo
Da Vinci relativas ao período em que foi pintor na corte de Milão,
já considerada a mais completa exposição de sempre de um dos
nomes incontornáveis da história da arte.
cx
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7
p
pormenor
1
ensinar a poupar.
A CGD promoveu, em diversas
Agências, um conjunto de
workshops de literacia financeira
destinados aos Clientes da Caixa
e intitulados «Hora Poupança».
2
conferência. O Auditório
Caixa Geral de Depósitos, do
ISEG, foi palco da 2.ª conferência
do ciclo de Conferências CGD|JN
Exportar e Internacionalizar,
desta feita, dedicada aos mercados
maduros – Europa e EUA.
3
reputação. Segundo o estudo
MyBrand Reputation Index 2011,
efectuado pelo Reputation
Institute, a Caixa é a marca
bancária portuguesa com maior
reputação.
4
ideias
Para falar
sobre moda sem ter de ir a
Milão, a São Paulo ou a Paris.
1.
A New Balance desenvolveu
um modelo de ténis feitos
a partir de material reciclado.
Para cada par, são necessárias
oito garrafas PET, que se
transformarão em 95% do
material usado (o restante é
borracha para a sola e cola
solúvel em água).
c u lt u r a u r b a n a
Lisbon Lovers
Assume-se como a marca oficial de todos aqueles
que amam Lisboa. E merece uma visita atenta
«nascida do amor incondicional
pela cidade onde nascemos e vivemos,
Lisbonlovers é a exaltação desse sentimento.»
É desta forma que nos é apresentado o
projecto Lisbon Lovers (http://lisbonlovers.
com), que permite conhecer a capital muito
para além do que vem nos guias turísticos,
nas mais variadas temáticas: Comer, Ficar,
Comprar, Ver, Arte e Cultura e Noite. Com
a permissa de «apenas serem facultados
conteúdos sobre aquilo que amamos na
nossa cidade», o site permite, por exemplo,
criarmos o nosso próprio roteiro. Basta
clicar nos links associados aos locais que nos
agradam e, no final, descarregar o roteiro para
o computador, telemóvel ou notebook.
caviar à algarvia
se dois portugueses e um ucraniano lhe disserem que, dentro de quatro anos, existirá
caviar produzido no Algarve, isso é a ideia vencedora do Prémio Especial Economia do Mar,
atribuído no âmbito do concurso Ideias em Caixa, levado a efeito pela Universidade do Algarve
e patrocinado pela CGD. Paulo Pedro, biólogo da Universidade do Algarve, Valery Afilov,
especialista em aquacultura, e Jorge Raiado, empresário salicultor, são os responsáveis pelo
projecto que assenta na criação de esturjão, o peixe cujas ovas garantem um delicioso caviar.
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2.
Sabia que, com uma simples
écharpe, pode adoptar 25
visuais diferentes? A revelação
foi feita pela blogger Wendy, que,
num vídeo de quatro minutos,
nos dá soluções cheias de
estilo para enfrentar o inverno
(http://www.youtube.com/
watch?v=5LYAEz777AU)
3.
O I’m Watch apresenta-se como o primeiro
smartwatch. Desenvolvido
pela Blue Sky, permite realizar
chamadas e sms, aceder ao
e-mail, ouvir música, tirar
fotografias, gravar vídeos
e navegar na Internet. Vem
equipado com sistema andróide e
touch-screen e custa 249 euros.
4.
Pode um penso rápido ser
um acessório de moda?
Sim, pode, pelo menos, para os
criadores da Brandages (http://
brandages.com) que criaram
pensos com padrões inspirados
nalgumas das mais consagradas
marcas de moda.
caneca solidária
Marcos Bessa mudou-se para a Dinamarca para concretizar um
sonho: ser LEGO designer. Mas como há vida para lá das peças,
Marcos criou as Nam’it, um projecto que assenta em canecas cuja
venda apoia a Make a Wish, uma fundação que se dedica a realizar
os desejos de crianças e jovens, com idades compreendidas entre
os 3 e os 18 anos, que sofrem de doenças graves. Saiba mais em
www.younamit.com.
amor cão
ainda faltam alguns
meses para a estreia, mas
o universo cinematográfico
anda num reboliço com a
publicação das primeiras
imagens de Frankenweenie,
o novo filme de Tim Burton
que será filmado a preto
e branco e adaptado a 3D. Os protagonistas são Sparky,
um cão, e Victor, o rapaz que não aceita a perda do seu melhor
amigo e recorre aos poderes da ciência para trazê-lo de volta.
Locais para perceber o que é um brunch
casa de chá de serralves
Rua Dom João de Castro, 210,
Porto.
Aos sábados, domingos
e feriados, das 12h00 às
15h00, experimente as
várias especialidades, onde
cabem algumas de influência
nórdica, asiática
e vegetariana.
pão de canela
Praça das Flores, 27/28,
Lisboa.
Numa das mais bonitas
praças da capital, encontra
um buffet com ovos
mexidos, bacon, salsichas,
baked beans, espargos,
iogurtes, cereais, pão,
croissants, scones, queijo
fresco, salmão fumado,
salada de frutas, bem como,
vários salgados e diversos
doces .
kuta bar
Tv. do Chafariz de El-Rei, 8
(Alfama), Lisboa.
Num ambiente que parece
retirado das mil e uma
noites, delicie-se com um
brunch onde há chocolate
e croissants quentes,
iogurte com baunilha e
mel, bruschettas, fruta ou
tiramisu, entre muitas outras
tentações. E, o melhor, inclui
uma massagem shiatsu de
15 minutos.
fim de boca
Rua da Firmeza, 476, Porto.
Um brunch diferente, porque
é à carta, mas uma óptima
sugestão para misturar
o pequeno-almoço e o
almoço. Nos segundos
sábados de cada mês existe
um brunch buffet com live
cooking, onde os cozinheiros
de serviço preparam, ao
vivo, iguarias ao sabor da
inspiração.
estufa real
Jardim Botânico da Ajuda,
Calçada do Galvão, Lisboa.
Para quem quer afrontar a
palavra «crise», um brunch
digno dos reis, onde nem
faltam ostras e champanhe.
vo lu n ta r i a d o
Praias mais limpas
Fotos: D.R.
A caixa tem promovido várias
acções de limpeza de praias,
no âmbito da sua política de
dinamização do voluntariado.
Foi nesse sentido que 160
voluntários participaram numa
iniciativa na ilha de Faro,
deixando os seus areais mais
limpos, tanto do litoral, como
da Ria Formosa. Provenientes do
Algarve e de algumas unidades
do Alentejo, os voluntários –
onde se incluíam colaboradores
da Caixa, familiares e amigos –
recolheram mais de 750 quilos de
resíduos.
Organizada pela Caixa, esta
acção contou com o apoio
da HPP Saúde, da Fidelidade
Mundial, da Império Bonança e
da Fagar – Faro, Gestão de Águas
e Resíduos, EM, que contribuiu
com a logística de apoio.
Algumas semanas depois, cerca
de 45 colaboradores, amigos e
familiares participaram numa
iniciativa semelhante, agora na
praia do Guincho, em Cascais.
A acção resultou na recolha de
60 sacos de lixo variado, numa
iniciativa que contou com o
apoio dos serviços da EMAC
– Empresa de Ambiente do
Município de Cascais.
saldo ainda mais positivo
O site do Saldo Positivo – peça central do Programa de Literacia
Financeira da Caixa – revela a sua nova cara, proporcionando
uma experiência de navegação mais útil e simples. Em destaque,
surgem conteúdos ainda mais ricos, como vídeos, fotografias e
infografias, além de uma nova área de entrevistas e uma área de
opinião. As secções «Casa» e «Saúde», bem como a existência
de perfis, são outras das novidades, num projecto que mantém
os seus objectivos inalterados: promover a literacia financeira
dos portugueses, conferindo mais ferramentas para uma melhor
gestão dos orçamentos, e combater o sobreendividamento das
famílias, estimulando a poupança e o investimento.
Vá a www.saldopositivo.cgd.pt ou a www.facebook.com/
saldopositivo e diga-nos que temas gostaria de ver tratados.
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9
h
histórias de sucesso
n i n i a n d r a d e s i lv a
Vontade de ir
sonhadora
Quis ser artista de circo, hospedeira, arquitecta, mas foi o design
que lhe roubou o coração e a distinguiu com prémios nacionais e internacionais,
num reconhecimento merecido e retribuído
Por Helena Estevens
As tendências procura criá-las, não segui-las, uma aposta que já a catapultou para as
páginas da imprensa internacional e dos mais reputados catálogos de design do mundo.
No convite para Embaixadora de Guimarães Capital Europeia da Cultura, uma honra, vê o
reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Entre o design e as viagens, sempre com retorno
à Madeira, há sempre espaço para dedicar às causas em que acredita. A Fundação Garota do
Calhau é uma delas.
Cx: Sucesso é…
Nini Andrade Silva: Concretizar um
projecto de vida e ter a felicidade de fazer
aquilo que se gosta.
Cx: Os gostos aprendem-se ou educam-se?
NAS: Educam-se, mas por vezes por mais
que se eduquem… há sempre quem pense
diferente!
Cx: Como vive o sucesso?
NAS: Com vontade de fazer sempre melhor.
O sucesso é a satisfação dos meus clientes, é
a sensação de dever cumprido, de objectivo
alcançado e de meta cortada. Trabalho para
isso mesmo!
Cx: Falhar é…
NAS: Já não me posso dar a esse luxo!
Cx: Sucesso ou reconhecimento?
NAS: As duas coisas são fantásticas. Sucesso,
pois o reconhecimento é efémero.
Cx: Artista de circo, hospedeira, arquitecta,
designer… Quando for grande, o que é que
ainda quer ser?
NAS: Sou tudo aquilo que desejo. A vontade
de ser e ir é o que me move. No entanto,
conto sempre com a criança que ainda há
em mim. Assim, e quando for grande, quero
dedicar-me a tempo inteiro a ajudar os que
mais precisam, neste momento, ainda não o
consigo fazer a tempo inteiro.
Cx: Que prémio guarda com mais carinho?
NAS: Todos! Para mim, todos os prémios
são sinónimo de muito trabalho, dedicação e
empenho. Cada prémio ganho é pertença de
uma equipa de profissionais fantásticos que
se dedicam de corpo e alma a um trabalho
que, tal como eu, consideram parte de si!
Cx: E o projecto?
NAS: Os projectos são praticamente como
filhos, pelo que não pode existir uma
predilecção! São parte de mim… de muito
trabalho, de sonhos, de projecções de ideias!
Guardo todos com o mesmo carinho!
Cx: Do trabalho em equipa, o que a
surpreendeu mais até agora?
NAS: Dos grandes «disparates» criativos,
nascem as grandes ideias. Dois pensam
sempre mais do que um.
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Cx: Qual a inspiração mais estranha?
NAS: Não há inspirações estranhas, apenas
ousadas, sentidas, inquietas e únicas!
O mundo constrói-se de nós todos,
e o meu é um pouco
de cada pessoa que
passou pela minha
vida mais toda
a paixão que
nasceu comigo
empreendedora
dedicada
Cx: Olhando para trás, o que vê em primeiro
plano? E lá bem ao fundo?
NAS: Os meus pais e a força que me deram
para perseguir e acreditar nos meus sonhos!
Vejo, também, um grupo de pessoas que
estão comigo há vários anos e me apoiam em
cada desafio e novo projecto.
Cx: De que imagens se constrói o mundo? E
o seu?
NAS: O mundo constrói-se de nós todos, e o
meu é um pouco de cada pessoa que passou
pela minha vida mais toda a paixão que
nasceu comigo.
Cx: O que representa ser Embaixadora da
Capital Europeia da Cultura?
NAS: É uma imensa honra, pois significa o
reconhecimento de tudo o que tenho feito.
Print
lugar no
coração
solidária
As paixões e as resoluções.
leal
A Madeira é o local ao qual
anseia sempre regressar, o
seu porto de abrigo, como
lhe chama. Mesmo apesar
do percurso académico e
profissional estar dividido entre
Lisboa, EUA, Inglaterra, França,
África do Sul e Dinamarca,
entre outras paragens. «Sou,
sem dúvida, uma cidadã do
mundo, mas a Madeira vive no
meu coração», afirma.
ousada
O melhor país para trabalhar
no mundo «é o nosso mundo,
pois só assim podemos ter
certezas para dar aos outros,
o país não é importante».
Fotos: Pedro Rodrigues(Nini); ANunes photo (Madeira)
Branco e preto é a dupla de
cores que prefere e neutros os
tons que ficam sempre bem.
Cx: O que falta, ainda, fazer entre nós pela
cultura?
NAS: Sinceramente, julgo que ainda falta
fazer muito! Temos excelentes artistas,
arquitectos, músicos, cineastas, estilistas,
escritores… não consigo perceber como não
há projecção internacional do País a nível
cultural. Falta ousadia em nome individual,
e também um pouco de estratégia global, eu
diria ousadia estratégica!
Cx: A partilha de experiências reflecte-se no
seu trabalho? De que forma?
NAS: Reflecte-se no dia-a-dia! É com essa
partilha que crescemos e que aprendemos
a ser diferentes. Tenho por hábito pedir à
minha equipa que investigue e que tenha
experiencias diferentes, veja o fundo do
mar, os planetas, tudo o que nada tem a ver
com o nosso métier, mas experimente outros
mundos!
Cx: Como nasceu a Garota do Calhau?
NAS: A Garota do Calhau nasceu da enorme
vontade que tenho de fazer algo de bom e
em prol de terceiros. O nome, como se sabe,
surgiu da designação que, antigamente, se
dava aos miúdos que deambulavam livres
pelas praias do Funchal. Como era uma
criança um pouco travessa, a minha mãe
costumava dizer-me que eu era parecida com
os garotos do calhau, o que eu adorava! Anos
mais tarde, e também pela paixão que tenho
pelos «calhaus», surgiu a ideia de criar uma
fundação (ainda em desenvolvimento) com
esse nome e todas as minhas criações – como
mobiliário e pintura – têm também o nome
de Garota do Calhau Collection.
A resolução de ano novo é
acreditar, ter fé e não desistir.
Dar um sorrido a quem menos
tem e ajudar . Sempre fomos
grandes e é nestas alturas que
não podemos esquecer, temos
uma História para respeitar e
continuar em grande.
Os calhaus são uma
presença constante na sua
vida. Traduzem a força das
marés e da natureza! São
representações da sua ilha, das
suas memórias. São, também,
uma fonte de inspiração, pois
tem uma verdadeira paixão por
calhaus.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
11
t
talento
Noiserv
Os sons do barulho
Aqueles que em nada perturbam o rumor de um silêncio
musicado pelo homem que é toda uma orquestra em palco,
em busca da melodia perfeita
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Miguel Manso
Quando quer chamar a música, David Santos não ergue o tom nem precisa de se
aventurar para lá do portão de sua casa. Afinal, os acordes que vai cosendo como retalhos de
um patchwork sonoro conduzido pelo fio do timbre grave e doce brotam no estúdio anexo
ao quintal. Cruzada a pesada porta de ferro, é lá que Noiserv – o alterego do engenheiro
electrónico que disparou como uma bala na parada musical portuguesa – compõe versões de
si próprio e de um mundo reinventado pela música feita de uma miríade de instrumentos.
Dois é bom. Três são de mais. A conta
certa é mesmo um. Falamos da experiência
que é repartir por um pequeno estúdio
uma orquestra completa de dezenas de
instrumentos, um cantor, um compositor,
um letrista e um responsável pelos arranjos,
aos quais se soma, hoje, a visita de dois
repórteres. Curta no espaço, mas desafogada
no talento musical que alberga, a oficina
onde se entrelaçam as texturas que dão corpo
às melodias de Noiserv parece não chegar
para todos os sons que dali emergem. Há
palavras que se empurram, ritmos que se
revezam e ruídos vindos de onde menos se
espera. Vigiados pelas centenas de cartazes
e posters que proliferam como hera pelas
paredes até colonizar o tecto, acompanhados
pela guitarra, pelos sintetizadores, teclados,
vibrafones e pela minúscula sanfona (e outros
tantos aparelhos musicais) e iluminados pelo
foco de um único candeeiro, há ainda olhares
que se entrecortam entre poses nervosas.
Estamos perante o retrato de uma banda – ou
de uma orquestra, melhor dizendo – de um
homem só. Esse homem é David Santos.
É neste armazém de sonoridades que,
aos 29 anos, o jovem artista cresce lado a
lado com o alterego, Noiserv, nascido em
2005. A inspiração para o título foi colhê-la
à vontade de compor versões do compasso
do quotidiano. Para isso, inverteu a palavra
«version». E algures na confusão de letras
viu soar a palavra «noise». Um barulho sem
ruído, em tom confessional. «No princípio,
12
cx
a rev i s ta d a ca i xa
era só voz e guitarra, e a ideia era criar essa
antítese com o nome», adianta.
Enquanto uma explosão de sorrisos e
as conversas que se soltam como folhas
de Outono destoam com a inquietação
perante a fotografia iminente, percebemos
que é exactamente de contrastes que se faz
o caminho de David – em rectas que são
curvas, como no tema Palco do Tempo.
Os primeiros passos deu-os na Matemática,
pela qual se encantou «na 4.ª classe», logo
seguidos por uma corrida na área de Ciências,
até ao 12.º ano. A meta foi a licenciatura
e o mestrado em Engenharia Electrotécnica,
na qual trabalhou até Janeiro de 2011. E
como é que um engenheiro electrotécnico
vai parar à música? «A partir dos 20 anos,
de cada vez que via um concerto percebia
que gostava mesmo de um dia ser músico»,
confessa.
E agora é-o. Todos os dias. A palavra
«sonho» aplica-se e, cedo, embarcou nele,
ainda antes das aulas de guitarra, entre os
12 e os 14 anos, e as de piano, a que se
dedica com fervor de há três anos para cá.
«Desde pequeno, quando via concertos e
videoclips, imaginei como é que seria estar
no palco», recorda. A proximidade com a
música chegou a levá-la até na pasta, para a
faculdade, como quando ajudou a fundar a
Rádio Interna do Instituto Superior Técnico
(actual Rádio Zero), e nas várias bandas a
que emprestou a voz e o dom.
Print
Língua Franca
Os rótulos e as palavras feitas
não se lhe colam à pele e à
música, entoada em inglês
para português ouvir.
É vê-lo acender as ruas, à
medida que a luz de Lisboa
se apaga. No videoclip de
Palco do Tempo, emprestado
ao documentário José e
Pilar, canta pela primeira
vez na língua de Camões.
Acontece que as referências
anglo-saxónicas sempre
lhe falaram ao ouvido,
acabando por fazer do inglês
uma constante nas suas
músicas, nem por isso menos
portuguesas. A melancolia
«tipicamente nacional»
está lá nas sonoridades e
na voz, «seja ela cantada
em inglês ou português».
Com «honestidade»,
independentemente da língua.
Hoje, divide-se entre os You Can’t Win
Charlie Brown, onde se juntou a cinco amigos,
e o projecto a solo no qual se estreou com o
EP 56010-92, em 2005. Avançou depois para
o álbum One Hundred Miles of Thoughtlessness,
três anos mais tarde. Já em 2010, emprestou o
seu tempo para levar a palco o EP A Day in the
Day of the Days, banda sonora de um dia em
que todas as horas se tocam.
Porém, o sinal de multiplicar surge
retumbante quando voltamos a olhar em
redor. Talvez porque os Radiohead lhe
tenham «aberto a cabeça para o facto de que a
música é bem mais do que uma guitarra, uma
bateria, um baixo e um vocalista» ou porque
a maneira como lhe soa o mundo «é um tema
dos Sigur Rós», encheu a sua de harmonias
inesperadas. O mais certo é deixarmo-lo a
dedilhar o raro omnichord, comprado com
orgulho no eBay, a experimentar o toque de
abertura de uma caixa registadora de brincar
ou a puxar o ruído arreganhado de uma
máquina fotográfica a correr o filme. Com
muito som. E pouco barulho.
cx
a rev i s ta d a ca i xa
13
t
talento
Susana bettencourt
A portuguesa que
vestiu Lady Gaga
Aos 5 anos, já criava roupa, enquanto os primos brincavam
no quintal. Aos 18, decidiu arriscar e ir para Londres
Por Rita Neves Fotografia Rita Chantre
nascida em São Miguel, nos Açores, Susana Bettencourt foi sempre «muito recatada».
Enquanto os primos brincavam no quintal, ficava fechada em casa a aprender crochet
e renda de bilros com a avó. Nessa altura, a jovem portuguesa não sonhava vir a pertencer
um dia ao mundo da moda.
«Nunca fui fascinada por esse mundo. Não
conhecia os nomes da moda, não conhecia
as marcas e sempre fui meio aluada.» Mas o
gosto por criar roupa estava lá. No final do
secundário, decide levar o seu talento mais a
sério e fazer dele a sua vida.
Com média insuficiente para entrar no
curso de Design de Moda, da Faculdade
de Arquitectura de Lisboa, influenciada
pelo pai, decidiu ir estudar para fora.
Escolheu Londres pela facilidade que tinha
em falar inglês. «Gosto de pensar que foi o
destino que me trouxe aqui», diz. Aos 19
anos, começou a frequentar a licenciatura
em Fashion Knitwear (especialização em
Malhas), na prestigiada Universidade Central
St. Martins, e, desde cedo, destacou-se entre
os colegas pelo talento de trabalhar as peças
à mão.
Artesanal meets tecnologia
Filha de uma professora de Matemática e
de um economista, Susana sabia bem que o
trabalho artesanal é pouco rentável. Decidiu,
então, candidatar-se ao mestrado em Moda
Digital. «Na altura foi difícil. Eu sempre
fui de fazer tudo à mão e, quando tinha
de passar para o computador, era sempre
com um sacrifício enorme. Mas aprendi a
gostar.» Gostou tanto que foi o equilíbrio
entre os dois extremos – o trabalho de
mãos excessivo, com técnicas artesanais,
e a tecnologia digital – que lhe conferiu
um estilo único e que captou a atenção
dos professores. Influenciada pela estilista
francesa Sónia Rekyel, faz das malhas o
14
cx
a rev i s ta d a ca i xa
centro da sua criação. «Gosto de fazer o meu
próprio tecido, em vez de ter de me adaptar
aos já existentes. Tendo o controle pelo
fio e criando os pontos, consegue-se uma
manipulação da peça muito maior.»
O resultado é uma «geometria orgânica»,
como gosta de lhe chamar, em que utiliza
técnicas antigas com uma nova visão. «A
renda de bilros é, normalmente, feita com
um fio normal de algodão. Eu faço com
cordas metálicas, o que faz com que a
técnica seja mais rápida e espectacular.»
A joalharia está também sempre presente nas
«gosto de pensar
que foi o destino que
me trouxe aqui »
suas colecções. «Normalmente é uma coisa
hereditária: nós ganhamos peças das nossas
avós e bisavós... Quero deixar a minha
marca no mundo e achei que a joalharia era
a maneira mais eficaz de deixar essa marca.»
A junção entre o artesanal e a tecnologia
marcou a diferença e não tardou a captar a
atenção da imprensa de moda britânica.
O convite para participar na Semana
da Moda de Londres, que decorreu em
Setembro, na Somerset House, foi o prémio
por um caminho de «persistência, teimosia
e espírito de sacrifício», diz. Até porque,
para a sua colecção sair do computador e
passar para a passerelle, teve de investir do
Print
MODA NACIONAL
ALÉM-FRONTEIRAS
Pontos altos da carreira de
uma jovem portuguesa que
tem como próxima paragem
Nova Iorque.
O convite para a Semana
de Moda de Londres surgiu
depois do sucesso alcançado
no desfile apresentado no
Victoria & Albert Museum,
para o qual são escolhidos os
melhores alunos de Design
de Moda. Entre os muitos
agentes de celebridades
presentes estava o da
cantora Lady Gaga. A artista
apaixonou-se pelo trabalho
da jovem portuguesa e
encomendou algumas peças
para a tour de 2011.
Depois da presença na
Semana de Moda de Londres,
seguiu-se um showroom na
de Paris. Em Outubro, Susana
Bettencourt viu desfilar, pela
primeira vez, a sua colecção
Primavera/Verão 2012 na 29.ª
edição do Portugal Fashion.
Foi, também, convidada
para a Semana de Moda de
Nova Iorque, em Fevereiro
de 2012. Falta-lhe, ainda, um
patrocinador.
seu próprio bolso e bater à porta de várias
fábricas. O casamento foi feito com a fábrica
espanhola Parrilus, sediada em Barcelona,
mais perto de Portugal, e o sonho de
apresentar o seu trabalho no País de origem
foi concretizado em Outubro, com um
desfile no Portugal Fashion, no Porto.
O próximo passo é cimentar a marca
Susana Bettencourt, já presente em vários
países, como Chipre, Itália, Inglaterra, Líbano
e, mais recentemente, em Barcelona, Espanha.
E, aos 26 anos, Susana Bettencourt tem bem
definida a sua ambição: «O meu objectivo
final é conseguir ter as minhas próprias lojas.
Se não for sonhar muito, muitas lojas.»
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15
d
design & arquitectura
Riverside Museum
Glasgow connection
Na encruzilhada onde confluem dois rios e uma cidade
banhados pela História, o Riverside Museum convida
a entrar a bordo de uma alucinante viagem com o passado
na bagagem e o futuro à vista
Por Ana Rita Lúcio
Há acenos e conversas que se
atropelam perante a solenidade da hora,
aproximando-se em marcha apressada
depois de uma espera de pouco menos de
uma década. Há uma corrente de quase sete
mil almas curiosas, saudosas ou ansiosas,
que desaguam em pleno cais para entrar na
moldura de um dia que ficará na memória da
Escócia e do mundo. Há a brisa que bafeja a
sorte do encontro entre os plácidos leitos dos
rios Clyde e Kelvin, reflectindo-se sobre o testemunho cinzento do céu de
Glasgow. Há, até, uma garrafa de champanhe
quebrada contra o «casco» de um emblemático
edifício pela mais alta autoridade da capital,
como se fora uma embarcação de primeira
jornada, antes de se lançar às águas. Ancorados
no local que serviu de porto a navios e vapores,
só falta mesmo escutar-se o silvo que apregoa a
iminência da partida.
16
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Print
E, no entanto,
Eles movem-se
Apesar de aprisionados no
Riverside Museum, os mais
de 3000 objectos ligados à
história dos transportes em
Glasgow continuam o seu
movimento perpétuo.
No ambiente do museu
que o ateliê de Zaha Hadid
desenhou e os engenheiros
da Buro Happold ergueram,
não ecoa o sucesso musical
The Loco-Motion, mas bem
podia. É lá que se põe em
marcha o cortejo de meios de
transporte, que teve início em
Agosto de 2010 – o antigo
museu fechara em Abril do
mesmo ano – com a chegada
das primeiras e mais pesadas
carruagens, às quais se
seguiram veículos de menor
dimensão, até à inauguração
em Novembro de 2011. As
exposições também podem
mudar de lugar, havendo
sempre a possibilidade de as
seguir nos modernos ecrãs
touchscreen que compilam
toda a informação. E para
abrandar o passo, nada como
rematar a visita com uma
incursão pela réplica de uma
rua do final do século XIX.
Inaugurado a 11 de Novembro último, o
Riverside Museum – o museu escocês dos
transportes e turismo, ao qual o ousado
traço de Zaha Hadid ofereceu um bilhete de
ida (sem volta) para os anais da arquitectura
contemporânea – acabou de zarpar. E
ninguém quer ficar de fora da viagem que
nos leva desde o glorioso passado industrial
hora de ponta Convidando
à circulação, o espólio do
Riverside Museum reúne mais
de 3000 peças ligadas
à história dos transportes
agitação Quase se pode
sentir o frenesim de uma rua
da Glasgow oitocentista
bom porto O histórico Glenlee
atracado ao largo do museu
onda O imponente edifício
replica um movimento fluído
Fotos: Lenny Warren/Warren Media (geral interior); D.R. (rua interior); Culture & Sport Glasgow Museums (exterior)
até ao futuro regenerador de uma frente
ribeirinha pulsante, mostrando que a cidade
onde a construção naval fez tradição não
perdeu o barco da vanguarda da engenharia,
do design e da tecnologia mais avançada.
E por falar em viagem
É uma odisseia no tempo que se vislumbra
em Pointhouse Quay, um antigo estaleiro no
braço setentrional do Clyde. Nela se embarca
recuando até ao século XIX, a bordo do
Glenlee, um dos cinco veleiros – e o único
no Reino Unido – forjados nestas margens,
que ainda cruzam águas internacionais. Uma
verdadeira peça de coleccionador, ancorada
lado a lado com a onda futurista do museu
que se enrola e rebenta junto a uma
vizinhança ilustre onde espreitam o Clyde
Auditorium, de Normal Foster, ou a sede da
BBC Scotland, de David Chipperfield.
O movimento é, precisamente, a grande
tour de force do Riverside Museum, cujo
design parece que flui da cidade para os
rios e dos rios para a cidade, reconciliando-os. Movimento que, aprisionado para a
posteridade no sinuoso telhado de zinco,
pulsa como se registasse o batimento
cardíaco vibrante das mais de 1200 pessoas
que nele trabalharam, desde que o projecto
teve luz verde, em 2002. Encimando, assim,
o espaço deste gigantesco armazém que se
dobra como um tubo curvilíneo.
Ironicamente, cristalizada na correnteza
fluída das linhas deste icónico edifício,
é, porém, a memória da circulação das
antigas carruagens de metro e comboio,
locomotivas, eléctricos, carros, bicicletas
e, até, de uma agitada rua da Glasgow
oitocentista que aqui faz andar a lista de
visitantes. E parar o trânsito.
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17
d
design & arquitectura
manjerica
Selva urbana
Por entre o verde extravagante da vegetação, há zebras
que se apressam, crocodilos que deslizam e leopardos que arrebatam
num desfile de padrões de trazer pela… mala
Por Ana Rita Lúcio
a inspiração para o nome da marca, que
se queria «fresco» e que ficasse no ouvido.
Como não dão ponto sem nó, baptizaram-na de Manjerica: uma planta regada
pelas memórias familiares. «Como, desde
pequenas, o meu pai nos chamava, a mim e
à minha irmã, de “manjericas”, pareceu-nos
o nome ideal», recorda Teresa, encarregue do
desenvolvimento das colecções, do marketing
e da comunicação, enquanto Carlos fica com
a gestão e as finanças sob a sua alçada.
Da mão para o pé
E já depois de terem posto mãos às malas,
contra ventos, marés e até a crise, foi das
mãos (não deles, mas de outros) que os
seus modelos exclusivos foram nascendo,
conquistando pela diferença. O fabrico
A Manjerica ataca
com uma conjugação
de linhas clássicas
com um toque edgy
exótica A colecção
Jungle Drums mistura
padrões e texturas de
inspiração selvagem
urbana Sem abdicar
do glamour clássico e
do toque citadino
artesanal português sobrepôs-se aos
materiais nobres espanhóis e às ferragens
italianas como pano de fundo para tornar os
produtos ainda mais distintos e cativantes.
Porque o instinto predador nunca os
abandonou, resolveram atacar com uma
conjugação de linhas clássicas com um
toque mais edgy, misturando texturas, cores
e pormenores arrojados. Tudo para tomar
como presa uma «mulher urbana que gosta
de aliar a elegância à funcionalidade», com
glamour e atrevimento quanto baste. No
ambiente clean da boutique online, desfilam
estampados de zebras e leopardos, texturas
de crocodilos, formas de borboletas sob os
tons exóticos das frutas sumarentas e do
verde-esmeralda da vegetação, mostrando
que a colecção Jungle Drums – a primeira –
se entregou praticamente à lei… da selva.
Ainda assim, com ambições na medida
certa: «gostaríamos que a Manjerica seguisse
o caminho da internacionalização e de
expandir a linha para o calçado». Pelo
próprio pé e sem dar passos maiores do que
as pernas.
Conheça o Cartão Design da Caixa, nas versões pré-pago e crédito(1), exclusivo para estudantes e profissionais do design. Ao utilizar este cartão de crédito,
contribui para a sua poupança, através da devolução de até um por cento do valor efectuado em compras, a partir de um montante de cem euros, com o limite
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18
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Fotos: D.R.
«Cuidado com as malas!» O aviso
devia aconselhar quem se atreve a colocar
o pé (ou a mão, mais precisamente) na
loja online da Manjerica. Mas descanse: na
floresta de formas clássicas e cores audazes
onde esta jovem empresa de design de
moda plantou morada na Internet, não há a
menor hipótese de sofrer um assalto. Corre,
porém, o sério risco de ser caçado. Exóticas
e sofisticadas, exclusivas e misteriosas,
as it bags com génio português vestem-se
com as mais variadas peles para fazer uma
emboscada ao mercado nacional, ao qual
chegaram em Setembro deste ano.
Porém, antes de se tornarem caçadoras
de alma e confecção, as criações de Teresa
Bettencourt e Carlos Elavai – vindos da
ilha Terceira, nos Açores, para assentar
malas e bagagens em Lisboa – levaram um
ano e meio a preparar-se. Cosendo «a veia
artística de um com a veia empreendedora
de outro», contam a designer e o
economista, alinhavaram «o sonho e o
desejo de construirmos a nossa própria
empresa e, através dela, ter algum impacto
no desenvolvimento da moda em Portugal».
Ao País que é o seu, foram, ainda, buscar
design & arquitectura
concurso Roberto
Cremascoli, director
do Remade in Portugal,
e Francisco Providência,
dois dos membros do júri
remade in portugal
Caixa, Banco do Design
Peças vencedoras do Concurso de Design integradas
nas comemorações do quinto aniversário do projecto Remade in Portugal
Por Ana Ferreira Fotografia Anabela Trindade
Foi a vez de o Porto ser palco das
peças vencedoras do Concurso de Design
de Equipamento Urbano com Materiais
Reciclados e/ou Recicláveis, promovido pela
Caixa Geral de Depósitos. Depois de terem
passado pelo Edifício-Sede da Caixa e pelo
Centro Comercial Colombo, em Lisboa, os
três projectos vencedores foram enquadrados
na exposição Retrospectiva, comemorativa
do quinto aniversário do projecto Remade
in Portugal, que esteve patente na Fundação
EDP, no Porto, de 5 de Novembro a 4 de
Dezembro.
O Concurso de Design com Materiais
Reciclados foi criado pela Caixa Geral de
Depósitos em 2007, com o objectivo de
dar a conhecer novos talentos nacionais na
área do design, potenciar a sustentabilidade
e a responsabilidade social e ambiental,
incentivando novas alternativas de produção
de eco-design. Este ano, o desafio proposto
aos alunos de Design foi a produção de uma
peça de equipamento urbano nas categorias
de Mobiliário de Espaços Verdes, Iluminação
Pública e Sistemas de Comunicação. Roberto
Cremascoli, director do Remade in Portugal
e um dos elementos do júri do concurso,
reconheceu que ficou «muito surpreendido
com a elevada qualidade das propostas
entregues. Este ano, o desafio era mais
difícil em relação aos dois anteriores, pois
tratava-se de criar uma peça de design de
equipamento urbano, o que obrigava a ter
maiores condições de durabilidade».
Jovens talentos
Granito foi o protótipo vencedor, da autoria
de um estudante da ESAD de Matosinhos,
André Campos. «A peça que ganhou o
primeiro lugar, a nível de desenho, era
a peça mais contemporânea, e o André
conseguiu juntar a qualidade formal das
linhas e a escolha do material que utilizou
– a borracha de pneu reciclado – para criar
um bloco, um banco de jardim», explicou
Roberto Cremascoli. Mais do que ter a peça
exibida e o prémio monetário, no valor de
15 mil euros, André Campos confessou que
«o maior prémio foi mesmo ter conseguido
fazer o banco de jardim».
Bango, de Hugo Santos, e Deblio, de Pedro
Teixeira, ambos estudantes da Universidade
Lusíada do Porto, foram classificadas com
o segundo e o terceiro lugares do concurso,
respectivamente.
Para Roberto Cremascoli, esta iniciativa,
promovida pela Caixa Geral de Depósitos,
é importante para fomentar os jovens
talentos nacionais. «A Caixa Geral de
Depósitos é o Banco do Design», afirmou
o arquitecto. Para André Campos, outras
entidades deveriam seguir o exemplo da
d
Caixa no Lisboa Design
Show
A Caixa marcou presença na
segunda edição do Lisboa
Design Show, realizado entre
11 e 16 de Outubro, na FIL, uma
iniciativa integrada na Intercasa,
este ano, em simultâneo com o
Salão Imobiliário de Lisboa.
O Lisboa Design Show
define-se como uma montra
de novidades, de criatividade,
de inovação e das tendências
do design, num efeito
hi-low, do luxuoso ao simples
e económico. Torna-se, por
isso, um evento de relevo no
panorama nacional, que visa
promover o design enquanto
elemento diferenciador
na competitividade, como
componente de uma nova
cultura empresarial e ponto de
intersecção entre a inovação, o
desenvolvimento tecnológico,
cultural, social e económico da
sociedade.
A Caixa esteve presente
num espaço de 100 m2, onde
foram expostas as 11 peças
finalistas da edição 2010/2011
do Concurso de Design com
Materiais Reciclados, cujo
vencedor foi André Campos,
com a peça Granito. Além disso,
o espaço incluiu, ainda, uma
área destinada à promoção do
cartão de Design da Caixa Geral
de Depósitos.
A presença da Caixa neste
evento vem, assim, reforçar
o seu posicionamento como
Banco do Design.
Caixa. Por um lado, apoia o design e os
jovens designers ao «divulgar o nosso nome
e enriquecer o currículo»; por outro lado,
ajuda os jovens que estão a acabar o curso a
conhecer o mercado de trabalho e as pessoas
do meio». Já Francisco Providência, que
também integrou o júri, considerou que falta
estabelecer uma «ponte mais directa com o
tecido empresarial», para que estes jovens
não vejam só as peças expostas, mas ganhem
outra expressão no mundo do trabalho, até
porque «os nossos alunos estão muito bem
preparados».
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a rev i s ta d a ca i xa
19
a
automóveis
twizy
Motocarro
O novo Renault parece uma nave. Uma solução
zero emissões que tem tudo para triunfar,
sobretudo no trânsito citadino
Por Luís Inácio Fotografia R. Schoehuys
É uma sensação estranha. À primeira vista, o Renault Twizy
parece um daqueles veículos saídos das séries de ficção científica. Um
carro que veio do futuro? Podia bem ser. Só que o Twizy não veio do
futuro e... não é bem um carro.
Com apenas 2,33 m de comprimento – dimensão semelhante à de
uma moto – e 1,91 m de largura, este Renault inaugura, sem sombra
de dúvida, um novo conceito de mobilidade. Fácil de estacionar e
com um raio de viragem bastante reduzido, o Twizy é totalmente
eléctrico – circula sem emissões de CO2 –, transportando o condutor
e um passageiro, que seguem viagem sentados um atrás do outro. Ou
seja, as quatro rodas remetem para um automóvel, mas, na verdade,
de um automóvel convencional o Twizy não herda muito. Nem
sequer as portas, já que quer essas, em plexiglas, quer as protecções
laterais são vendidas como acessório.
Espécie de fusão (para utilizar um termo tão em voga) de uma
moto futurista com um automóvel eléctrico, o novo Renault tem
capacidade para circular cerca de 100 quilómetros com as baterias
totalmente carregadas e é uma grande alternativa a ter em conta nas
deslocações citadinas. Fácil de conduzir – divertido, até –, o Twizy é
uma boa alternativa para quem conduz maioritariamente em circuito
urbano e não precisa de muito espaço. Chega a Portugal no primeiro
quadrimestre de 2012, com um preço de 6 990 euros.
20
cx
a rev i s ta d a ca i xa
energia
Eléctrica
O que custa e o que oferece
o novo veículo sem emissões
de CO2 da Renault.
1.
Versões Ainda não está
definido o leque completo
da oferta, mas, à partida,
sabe-se que estarão duas
disponíveis – Urban e Technic.
A transmissão automática
e o airbag são de série em
todas as versões, mas
esqueça «mordomias» como
o ar condicionado ou a direcção
assistida.
Baterias Estarão
disponíveis no regime de
aluguer. Ou seja, o preço desse
aluguer acresce ao da viatura.
Um carregamento completo
das mesmas (necessário para
que possa percorrer cerca de
100 quilómetros) demora 3,5
horas.
Preços O Renault Twizy
estará à venda a partir de
6990 euros (versão Urban 45,
que pode ser conduzida a partir
dos 16 anos de idade). A versão
Urban fica por 7690 euros e a
Technic por 8490. Atenção ao
valor de aluguer das baterias –
45 euros/mês para
7500 km/ano.
2.
3.
Caixarenting
Sabia que pode utilizar,
constantemente, um carro
novo e deixar os serviços
de gestão e manutenção
a profissionais? Com o
CaixaRenting pode escolher
qualquer viatura nova –
ligeiras de passageiros,
mistas e comerciais – até
3500 kg de peso bruto
e com lotação até nove
lugares, entre 12 e 54
meses. Para tal, basta
pagar, mensalmente, uma
renda fixa pela utilização
da viatura, sem ter de dar
entrada inicial.
E no fim do contrato não
precisa de se preocupar
em vender o automóvel.
Se assim o desejar, iniciará
outro contrato para uma
nova viatura, entregando
a anterior nas condições
acordadas.
Além da utilização
automóvel, com o
CaixaRenting tem
acesso a um conjunto de
serviços de gestão e de
manutenção: utilização
de uma viatura sem ter
de pagar entrada inicial;
seguro de responsabilidade
civil e de danos próprios
(contra todos os riscos);
encargos de manutenção da
viatura; serviços de apoio
e reparações; serviços
fiscais (selo de circulação,
entre outros); serviços de
assistência 24 horas por
dia; gestão de sinistros e
de outras ocorrências, bem
como serviços de reboque
de viaturas avariadas.
Além disso, poderá, ainda,
contratar outros serviços:
substituição de pneus;
viatura de substituição;
viatura de pré-entrega;
consultoria geral e outros.
Para obter mais
informações, visite
o site da Caixa Geral
de Depósitos, em
www.cgd.pt, ligue o número
707 24 24 24 (disponível
24 horas) ou dirija-se a
qualquer Agência da Caixa.
c
culto
BULLE D’ARGENT
Champanhe gelado
A nova colecção Cocktail, da Christofle, recorre à forma
de uma bolha de champanhe. Em época de festas, o
design contemporâneo da peça promete uma mesa de
sucesso. Com muita elegância. Para conhecer a Christofle
e os benefícios que atribui aos titulares de cartões da Caixa,
entre em www.vantagenscaixa.pt e descubra tudo o que os
cartões da Caixa podem fazer por si. Vantagens na Caixa.
Com certeza.
yamaha thr10
Som retro
Remete para outros tempos a imagem deste amplificador
Yamaha dedicado a todos os guitarristas, que, para além de
um som estéreo com qualidade hi-fi, se insere bem em qualquer
espaço. Quando ligado, emite uma luz âmbar que ajuda a criar
um ambiente cozy. Portátil, é fácil de transportar, pode funcionar
a pilhas, tem ligação AUX IN mini-jack para iPod e ligação via USB.
Para apreciadores de um bom som que não prescindem
da estética.
valentina
Toque italiano
Da casa de alta costura italiana Valentino, chega um
perfume inspirado por Roma e pela figura da mulher,
Valentina. O frasco, com três rosas, é uma verdadeira obra
de arte e a fragrância, pensada pela dupla de perfumistas
Olivier Cresp e Alberto Morillas, assume-se exótica e
provocante. Disponível em Eau de Parfum, 50 ml.
Smile
Gira e volta a girar
Desenhada por Marko Macura para a marca
italiana BRF, esta poltrona giratória, cuja forma
lembra a de um sorriso, está disponível em diversas
cores. Com estrutura em metal e base em inox,
pode ser revestida a tecido ou pele sintética.
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1 J1
Memória fotográfica
É a primeira câmara compacta da Nikon que permite a
possibilidade de mudar lentes. Com uma irrepreensível
qualidade de construção, a 1 J1 apresenta um sensor de 16,1
megapixels e responde muito rapidamente à pressão do
obturador. Entre as suas características, destacamos um
selector de fotografia inteligente que tira 20 fotografias em
sucessão rápida, recomendando a melhor e guardando mais
quatro para escolha do utilizador. Um luxo.
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cx
a re v i s ta d a c a i xa
21
g
gourmet
Arcadas
da Capela
O mercador de Coimbra.
story
Uma história
de sabor
Há sonhos que se prolongam por
uma noite de Verão adentro. Outros
há que despontam em noites onde a
Primavera entra de mansinho, como se
resistisse a perpetuar-se na memória.
Tornado realidade em Abril deste
ano, um mês depois de, por entre
um pequeno bosque de pinheiros e
jardins perfumados, ter despontado o
exclusivo Onyria Marinha – Edition
Hotel & Thalasso, o sonho à la carte
do chef Fernando Monteiro eterniza-se, porém, no paladar de fusão do
novíssimo Story. Brilhando à luz das
cinco estrelas deste hotel-boutique que
a Quinta da Marinha acolhe, o enredo
deste lugar de sabor começa a esboçar-se nas sofisticadas linhas interiores traçadas
por Cristina Santos Silva e Ana Menezes
Cardoso. Com a elegância dourada, ocre e
branca dos tons que se acentua na vertigem
dos candeeiros-cortina suspensos no tecto,
o bom gosto escreve-se, finalmente, com
todas as letras na reinterpretação da tradição
culinária portuguesa à luz de influências
vindas de outras paragens. Numa carta criativa
que tanto dá a provar os típicos peixinhos
da horta, como as mais mediterrânicas
bruchettinhas de funghi porcini, atreva-se, ainda,
a provar o caldo verde desconstruído (com
broa de milho e alho), antes do pargo mulato
braseado em azeite extra-virgem sobre fricassé
de batata-doce, rebentos de soja e cebola roxa
ou do bife do lombo com queijo de Azeitão,
banhados pela farta carta de vinhos nacionais
e internacionais, antes de rematar com o
desconcertante Onyria moment à sobremesa.
Porque há histórias que não podem ficar por
degustar. ARL
Os amores são como
os frutos. Quanto mais
proibidos, mais apetecem.
E que sítio melhor para
provar o gosto aos amores
proibidos do que na Quinta
das Lágrimas, onde a
memória do malogrado
romance entre Pedro
e Inês se debruça das
amplas janelas sobre o
jardim deste palácio do
século XVIII? Coroando
este hotel de charme,
o Arcadas da Capela
– que ocupa o lugar
da antiga capela – faz
os produtos frescos,
diariamente colhidos no
mercado, reinar na carta
renovada ao sabor das
estações. Nos pratos
em que o chef Albano
Lourenço reinterpreta
algum do antigo
receituário da Quinta das
Lágrimas, com pitadas
de contemporaneidade,
são ainda reabilitados
ingredientes produzidos
na própria quinta.
Uma frescura à mesa
aprimorada pelos mais
de 600 vinhos nacionais
e internacionais, que até
já valeu a tão cobiçada
estrela Michelin a esta
«cozinha de mercado».
Morada
Rua do Clube Quinta da Marinha,
Quinta da Marinha, Cascais
Telefone
214 860 151
Horário
Das 19h30 às 22h30
Preço Médio
€ 25
22
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Morada
Hotel Quinta das Lágrimas,
Rua António Augusto
Gonçalves, Coimbra
Telefone
239 802 380
Horário
Das 19h30 às 22h30
Preço Médio
€ 55
Fotos: D.R.
story
p
prazeres
papos - de - an j o de c h oco l ate
a delícia de...
Caídos do céu
Leonor de
Sousa Bastos
Pecado delicado
São pequenos bolos, de uma
delicadeza divina, que ganham
vida numa calda aromatizada
com citrinos e canela e nos
fazem acreditar que o céu é um
lugar doce e está tão próximo
de nós.
Para cerca
de 22 unidades
Calda
> 400 g de açúcar
> 300 g de água
> 1 pau de canela
> Casca de limão e laranja
Papos-de-anjo
de chocolate
> 7 gemas
> 1 ovo
> ¼ de colher de chá de
fermento químico (2,5 g)
> 1 colher de sopa rasa
de cacau em pó (8 g)
Calda
Num tacho, levar ao lume a água com o açúcar e os aromatizantes
e deixar ferver durante cerca de cinco minutos.
Retirar do lume e deixar arrefecer completamente.
Papos-de-anjo de chocolate
Pré-aquecer o forno a 180ºC.
Untar com manteiga cerca de 22 formas com 5 cm de diâmetro e 2 cm
de altura.
Bater as gemas e o ovo até triplicarem de volume e estarem brancos
e firmes.
Adicionar o cacau peneirado com o fermento, envolvendo,
delicadamente, com uma espátula, para que a massa perca o mínimo
de volume possível.
Encher as formas e levar ao forno cerca de cinco minutos.
Desenformar e deixar arrefecer completamente.
Mergulhar os papos-de-anjo na calda e guardar refrigerados durante
cerca de uma semana.
Quinta da
Gaivosa 2008
Um vinho elegante, para
bons momentos à mesa.
Este tinto, do produtor
duriense Domingos
Alves de Sousa, tem
demonstrado sempre
grande consistência de
elegância e concentração
nos anos em que é
lançado, desde a primeira
colheita, que surgiu em
1992.
O de 2008 foi feito com
base em uvas colhidas
de vinhas velhas com
idade superior a 80 anos,
onde se incluem, entre
outras, as castas Touriga
Franca, Touriga Nacional e
Sousão. Apresenta aroma
intenso com notas a frutos
pretos maduros, violetas e
hortelã-pimenta. Na boca,
é aveludado e elegante,
com boa estrutura e
algumas notas de tosta. O
final é longo e agradável.
Pode ser guardado por
mais alguns anos ou
apreciado agora. Mas
antes de ser servido, a
18ºC, deve ser decantado
cerca de uma hora antes.
Aprecie-o com pratos
como assados no forno,
por exemplo.
José Miguel Dentinho
Importante: mergulhar os papos-de-anjo frios na calda fria, para que não
se desfaçam.
Os papos-de-anjo são uma iguaria da doçaria conventual portuguesa com um lugar especial à
minha mesa de Natal. Esta versão é tão simples como a receita original e é perfeita para aqueles que
não imaginam uma festa sem o guloso sabor do chocolate.
Antes de ser
servido, a
18ºC, deve ser
decantado
cerca de uma
hora antes
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a re v i s ta d a c a i xa
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e
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cx
entrevista
a re v i s ta d a c a i xa
fernando pinto do amaral
Ler é o melhor
remédio
Em arranque de ano C, onde as palavras «crise»
e «cultura» prometem andar de mãos dadas, o Comissário
do Plano Nacional de Leitura fala da importância dos livros
e da redescoberta da nossa identidade
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia João Cupertino
Num final de tarde frio, dirigimo-nos ao edifício onde está o
«quartel general» do Plano Nacional de Leitura (PNL). Aqui, entre
salas onde os livros são reis e senhores e um pátio onde esquecemos
estar no coração de Lisboa, Fernando Pinto do Amaral, Comissário
do PNL, recebe-nos com um sorriso franco, antecipando o tom de
uma conversa onde, como num bom romance, as páginas se viram e,
quase sem darmos por isso, damos connosco a analisar a conjuntura
à luz de um projecto que deseja que os portugueses leiam cada vez
mais. O epílogo, esse, segue dentro de momentos.
Cx: Há dias ouviu uma conversa entre uma rapariga e um rapaz, em
que ela lhe perguntava se já tinha lido um determinado livro, ao que
ele respondeu «achas que eu tenho dinheiro para andar a comprar
livros?». Que espaço estará destinado à leitura, neste cenário de crise?
Fernando Pinto do Amaral: Julgo que, num contexto de crise, os
livros podem ter um papel ainda mais relevante do que têm num
contexto dito normal. Em termos económicos, os livros mantêm o
IVA reduzido de 6%, ou seja, comparativamente aos preços de outros
bens culturais, como bilhetes de concertos, para espectáculos e para
o cinema, os livros acabam por ser muitas vezes mais baratos. Por
outro lado, ao adquirirmos um livro, estamos a adquirir algo que
podemos guardar, que perdura no tempo e não apenas na memória,
que é o que acontece a outro tipo de espectáculos. E, algo que me
parece importantíssimo, numa altura de dificuldades, os livros
podem ser aquele confidente, o amigo…
Cx: Uma espécie de antidepressivo?
FPA: Exactamente! Até quase como uma terapia, e atenção que não
estou aqui a defender os chamados livros de auto-ajuda que, regra
geral, têm pouca qualidade. Estou a falar de uma boa obra literária,
cx
a re v i s ta d a c a i xa
25
e
entrevista
de um livro que nos faça pensar, que nos faça sentir, que nos
mergulhe nas personagens. É uma forma de crescermos e, muitas
vezes, de consolarmos os nossos sentimentos, portanto, de um ponto
de vista individual, até afectivo, um livro pode ser uma resposta
para a crise. E é incontornável não sublinhar outra questão, a da
existência das bibliotecas. São espaços gratuitos onde cada um de
nós pode entrar e ler um livro ou requisitá-lo e lê-lo em casa, ou seja,
aqui não se coloca a possível falta de dinheiro como entrave à leitura.
Cx: Foi esse lado quase mágico dos livros, capaz de ficcionar a
realidade e, muitas vezes, de nos fazer sonhar, que o «roubaram» ao
curso de medicina?
FPA: (risos) Foi um bocadinho… Sabe, a medicina tem aspectos
muito interessantes e existiam disciplinas que, realmente, me
cativavam, como foi o caso da farmacologia, mas, no conjunto, senti
que a medicina não me cativava assim tanto. Nessa altura, como o
meu pai era médico, quando faleceu, senti quase que uma obrigação
de continuar a estudar nessa área. Não me arrependo minimamente,
até porque, desses quase quatro anos, ficaram muitos ensinamentos
que, hoje, me permitem ter uma leitura do mundo e dos seres
humanos que, com toda a certeza, não teria se não tivesse passado
pela medicina.
Acontece que, nos meus tempos livres, comecei a perceber que
aquilo que eu realmente gostava de fazer era de ler, de escrever, ir ao
teatro, ao cinema… era tudo relacionado com letras e artes. Até acho
que não teria dado um mau médico, mas seria um médico regular
sempre com tendência a fugir para outras áreas, nomeadamente para
a escrita. O meu pai faleceu quando eu tinha apenas 17 anos, mas
lembro-me perfeitamente que ele, mesmo nos tempos livres, ainda
lia mais livros de medicina. Tinha aquela paixão que eu considero ser
própria de quem é médico por vocação e eu devo confessar que essa
paixão tenho-a muito mais pela escrita, pela literatura e pelas artes.
Cx: Essa paixão pela escrita e pela leitura vem desde muito cedo?
FPA: Vem, vem… Eu sempre gostei muito das palavras, achava
muita graça, quando era miúdo, a fazer a decomposição das palavras,
dividi-las em várias partes, perceber de onde vinham e como se
tinham formado… Aliás, um dos primeiros presentes que me lembro
de receber, tinha 8 ou 9 anos, foi uma máquina de escrever.
Cx: Ainda se recorda dos primeiros textos que escreveu nessa
máquina?
FPA: Lembro-me que eram textos de ficção, pequenas aventuras com
protagonistas inventados com base noutras figuras que já existiam,
como, por exemplo, o Pinóquio ou o Astérix. Já não tenho esses
textos comigo, mas provavelmente a minha mãe guardou alguns e
ainda deve tê-los.
Cx: E como é que aparece a poesia?
FPA: A poesia apareceu mais tarde, por volta dos 14 ou 15 anos,
altura em que começo a sentir vontade de escrever poemas,
nomeadamente, para desabafar. Como é próprio dessas idades, eram
poemas que tinham a ver com primeiros amores, com amar sem ser
correspondido.
às páginas tantas Escritor, poeta, professor na
Faculdade de Letras, tradutor e, claro, Comissário
do Plano Nacional de Leitura. Os livros são parte
incontornável na vida de Fernando Pinto do Amaral,
que defende que quem lê mais lê melhor
26
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Cx: É também por essa altura, ou já vem de trás, o seu contacto com a
literatura estrangeira, que depois aprofundou enquanto tradutor?
FPA: Esse contacto ia sendo tido de acordo com a biblioteca dos
meus pais. A minha mãe mais virada para a poesia, para uma maior
sensibilidade e para as artes, pois ela era atriz de cinema [Maria
Eugénia, sobre quem foi recentemente editado o livro A Menina da
Rádio]; o meu pai mais virado para os clássicos, para o Júlio Dinis,
o Eça de Queirós, o Camilo Castelo Branco, tinha muita coisa de
Fernando Pessoa. No que toca à literatura estrangeira, existiam vários
livros de autores franceses, mas sempre no universo dos clássicos,
como Balzac, Stendhal… Com o passar do tempo, fui construindo a
minha própria colecção de literatura estrangeira, obviamente, com
autores mais vanguardistas.
Cx: Essa predominância do francês é algo que, hoje em dia, se alterou
completamente…
FPA: Sem dúvida. A língua francesa está em efectivo declínio,
substituída pela inglesa, que se tornou fundamental nos mais diversos
mundos: no dos negócios e da economia, no mundo da informática e
das novas tecnologias, no do entretenimento. Os termos utilizados são
sempre em inglês, por isso, penso que o inglês deve ser considerado o
latim da época contemporânea. No entanto, aproveito para dizer que,
em termos de educação, os jovens deviam ter, para além do português
e do inglês, a aprendizagem de uma terceira língua.
Cx: A propósito de novas tecnologias, não sente que muito do tempo
que, há uns anos, era ocupado a ler livros é, hoje, preenchido a
navegar na Internet, a frequentar redes sociais, a aproveitar as
potencialidades dos novos dispositivos?
FPA: Existem estudos que demonstram que o efeito da Internet
nos jovens tem de ser visto sem colocar num mesmo saco toda a
Internet. Eu costumo dizer que temos de funcionar com a Internet
um pouco á semelhança da forma como funcionamos com o
colesterol: existe um colesterol bom e um colesterol mau. Existe,
também, uma Internet boa e uma Internet má. A má é aquela que é
utilizada em mais de 90 por cento do tempo de uma forma passiva,
em jogos mecânicos e repetitivos, em que não se aprende e em que
não se investiga. Por outro lado, existem jovens cujo tempo passado
na Internet é ocupado, em 80 por cento, em investigação e ou
tentativas de comunicar de uma forma que estimula a aprendizagem.
Aliás, basta pensar que, hoje, podemos chegar à Internet e ler
os grandes clássicos da literatura universal em versão PDF, para
confirmar que o bom e o mau depende da utilização que lhe damos.
Cx: Ao olhar para o seu percurso, temos, por um lado, um
escritor, poeta, tradutor e crítico e, por outro, um leitor, professor
e empenhadíssimo «promotor de leitura». Para além de deixar as
suas escritas e as suas leituras em herança à sociedade, sente essa
necessidade de deixar as de outros autores, cultivando a semente das
letras junto do público em geral e dos mais pequenos em particular?
FPA: Sem dúvida que eu adoro escrever. Seja poesia, sejam contos,
sejam romances, sejam fados, onde até tenho alguns projectos em
carteira com a Mariana Bobone e com o Pedro Caldeira Cabral. É um
lado criativo que representa uma faceta da minha vida. Mas, depois,
há a noção de que aquilo que faço enquanto autor é apenas uma gota
de água num oceano composto pelos restantes trabalhos de outras
pessoas. Penso que este projecto do Plano Nacional de Leitura é
cx
a re v i s ta d a c a i xa
27
e
entrevista
muito transversal, que abrange as bibliotecas públicas e as escolares
e os professores na sala de aula, e é um projecto descentralizado.
Nós aqui delineamos o trajecto a seguir, mas o verdadeiro trabalho
de campo é feito pelos professores nas salas de aula, e isto é
fundamental. Apenas faz sentido se existir essa autonomia dos
professores e das escolas no que toca ao trabalho a desenvolver com
os alunos. Os professores, muitas vezes criticados e desvalorizados,
são peças fundamentais em todo este processo. O papel de um bom
professor junto de um aluno pode mudar tudo.
Cx: É um pouco como pegar no título do seu poema Tenta Ler outra
Vez?
FPA: É muito importante não desistir e continuar a tentar instalar
o hábito da leitura, mas é tão ou mais importante dar aos jovens as
ferramentas que lhe permitam ter acesso aos livros. É importante que
eles sintam que, se quiserem ler um livro, ele está na sua biblioteca
escolar, não os deixando reféns de discrepâncias económicas,
sociais ou culturais, no fundo, das desigualdades que, infelizmente,
continuam a fazer-se sentir em termos de ensino e aprendizagem.
Cx: Foi essa consciência e esse conhecimento de causa que o
motivaram a associar-se ao Plano Nacional de Leitura desde o início?
FPA: Também contribuiu, sem dúvida, e á medida que o tempo
tem passado, nomeadamente nos últimos três anos em que tenho
desempenhado o papel de Comissário, tenho sentido que esta é uma
actividade muito gratificante e que acabamos por conhecer o País de
forma completamente diferente. Ao desempenhar esta função, posso
falar da realidade das escolas, dos professores e da educação de uma
forma totalmente diferente.
Cx: Conhecedor dessa realidade, que balanço faz destes primeiros
cinco anos de Plano Nacional de Leitura?
FPA: Os números apontam para que, no geral, os índices
de leitura andem à volta dos 50 por cento, ou seja, uma em cada
duas pessoas ainda não é leitor de livros. Mas tem-se feito muito
no sentido de chamar a atenção para a leitura. Hoje, os jovens
têm uma percepção da leitura e da importância da leitura muito
superior à que tinham e o próximo passo é conseguir diminuir
a quebra que existe entre o terceiro ciclo e o ensino secundário.
É este o caminho que pretendemos seguir nesta segunda fase do
projecto, muito provavelmente, apostando mais na qualidade da
leitura do que na quantidade da mesma, até pela situação do País.
Vamos ter orçamentos menores, mas acredito que vão ser dignos e
vão permitir fazer coisas interessantes, como acções de leitura e de
formação de professores, projectos-piloto, clubes de leitura...
Cx: Essa aposta na qualidade em detrimento da quantidade não
coloca em causa a ideia de que «quem lê mais lê melhor»?
FPA: Não creio que a coloque em risco, e acredito muito nessa frase,
que acaba por ser o nosso lema. Esta aposta na qualidade resulta,
também, da noção de que muito material, sejam computadores,
sejam livros para as bibliotecas, já existe nas escolas e dá, hoje,
condições totalmente diferentes aos alunos. Agora, obviamente que
continuamos a acreditar que quem lê mais lê melhor, não só porque
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cx
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quem lê mais acaba por ter um critério de selecção mais apertado,
mas, principalmente, pelo incremento da capacidade de leitura. Eu
costumo dar o exemplo da condução: um condutor que conduz
regularmente tem, à partida, todas as condições para conduzir
melhor do que uma pessoa que pega no carro uma vez por mês.
E existem hábitos que devem ser adquiridos desde pequeno. Por
exemplo, é muito importante que os pais se sentem com os filhos e
lhes leiam uma história, de forma a criar rotinas.
Cx: É para transmitir essa vontade de pegar no livro que são
importantes os vários encontros em que tem participado?
FPA: Os encontros das nossas equipas estão muito baseados numa
rede que existe no terreno, que tem a ver com os professores
bibliotecários, ou seja, nas escolas com determinada dimensão, existe
uma professora ou um professor que está encarregue da biblioteca,
dinamizando actividades de leitura com os alunos. Nós, quando
vamos às escolas, encontramo-nos com os alunos, mas, muitas
vezes, encontramo-nos com os professores para podermos trocar
impressões. É fundamental não perder essa ligação às escolas, dando-lhes apoio sem limitar a sua autonomia.
Cx: Também fundamentais na estratégia do Plano Nacional de Leitura
são os clubes de leitura…
Top 10
O Comissário do Plano
Nacional de Leitura
revela quais os dez livros
que mais o marcaram.
Lírica,
de Camões
Contos,
de Eça de Queirós
Ana Karenina,
de Leo Tolstoi
Poesia de Álvaro de Campos,
de Fernando Pessoa
A Montanha Mágica,
de Thomas Mann
As ondas,
de Virginia Woolf
Ficções,
de Jorge Luis Borges
1984,
de George Orwell
Fanny Owen,
de Agustina Bessa-Luís
Para Sempre,
de Vergílio Ferreira
FPA: Sem dúvida, até porque se dirigem àquela faixa etária em que
se nota uma quebra nos hábitos de leitura. São clubes dirigidos a
jovens a partir dos 15/16 anos, sempre numa base voluntária, ou
seja, eles sabem que vão falar de livros com os seus colegas e que
ninguém está ali para ter melhor nota. Estão ali porque gostam
de livros, de ler e de conversar uns com os outros. Acaba por ser
um modelo não muito distante daquele que é apresentado no
famoso filme Clube dos Poetas Mortos. E, lá está, volto a sublinhar
a importância dos professores, pois estes clubes só são possíveis
se existir voluntariado da parte dos professores. Tal como é
incontornável a sua presença e o seu trabalho junto dos mais
pequenos, para instituir hábitos de leitura. Devem ter, diariamente,
pelo menos, uma hora de leitura orientada.
está de alma e coração com o Plano Nacional de Leitura e com a rede
de bibliotecas escolares. Felizmente, trabalhamos com uma equipa
que entende que a educação é um projecto nacional, é um desígnio
nacional que não tem carácter partidário.
Cx: As mudanças governamentais, de alguma forma, dificultaram o
seu trabalho?
FPA: De forma alguma. Devo dizer que, com esta equipa do
Ministério da Educação, existe uma relação excelente, quer com
o professor Nuno Crato, que foi sempre uma pessoa muito aberta
às questões da aprendizagem da leitura e do português, quer com
o secretário de Estado, João Casanova, quer com a secretária de
Estado, Isabel Leite, relativamente à qual existe a feliz coincidência
da sua actividade estar bastante ligada à leitura e de sentirmos que
Cx: Este é um ano em que a palavra «cultura» se associa,
obrigatoriamente, a Portugal, devido à Guimarães 2012. Qual a
importância de, num cenário de crise, termos os holofotes apontados
a nós?
FPA: Pode ser muito positivo, sobretudo, para se perceber que, em
Portugal, existe uma cultura rica, variada, muito antiga, enraizada
nas pessoas, ultrapassando os motivos que, ultimamente, têm feito
notícia de Portugal. É muito importante perceber e fazer perceber o
que é que nós somos para além destas crises conjunturais.
Cx: A presença de Francisco José Viegas, como secretário de Estado
da Cultura, pode ser preciosa no objetivo de abrir o Plano Nacional de
Leitura à área da cultura?
FPA: Penso que pode ser importante, sim, pois trata-se de uma
pessoa com ligação aos livros e à leitura. Tal como será importante,
nesta segunda fase do Plano, abri-lo à cultura aproveitando
equipamentos já existentes, como museus, bibliotecas públicas ou
cineteatros.
Cx: Quase parece que voltamos ao início da entrevista, mas esse
perceber o que é que nós somos pode ter como aliados perfeitos os
livros…
FPA: Não só a leitura, os livros, os nossos grandes autores que
perduram no tempo, mas a própria língua portuguesa. Nós temos
uma relação muito forte com um país que tem uma população de
quase 200 milhões de pessoas, o Brasil, e que apresenta um enorme
crescimento económico. Temos a ligação a África… No fundo, a
nossa língua tem uma relevância no mundo muito superior à que
tem na Europa, por isso, penso que seja importante percebermos que
a nossa identidade tem outras valências para lá da questão europeia.
Cx: Nessa perspectiva de criar laços, não o choca o novo acordo
ortográfico?
FPA: Isso seria uma longa conversa (risos). Como escritor, não o
tenho estado a aplicar e considero que deveria ter existido uma
maior ponderação sobre as consequências do acordo, que ainda
me choca bastante. Mas também devo dizer que não devemos
dramatizar em demasia a questão, até porque toda a nossa literatura
até ao século XX funcionou sem ortografia e não foi por isso que
deixaram de existir grandes escritores. Este acordo apresenta várias
palavras com dupla grafia o que, em meu entender, poderá levar a
uma certa desvalorização da ortografia, mas ai de nós se as pessoas
pensarem que o valor literário de um texto está dependente da
ortografia.
Cx: E, também como escritor, que título daria a 2012?
FPA: Essa é boa… Olhe, a Odisseia, de Homero, que é um clássico
grego. Porque o ano 2012 promete ser uma odisseia e porque acho
que, este ano, ainda vamos ouvir falar muito da Grécia...
cx
a re v i s ta d a c a i xa
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história de capa
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Guimarães 2012
A Cultura
saiu à rua
Média no tamanho, mas grande na ambição,
Guimarães pega no compasso da Cultura, da qual é capital
europeia, para se dividir e multiplicar 2012 em tempos de encontros, criações,
sentimentos e renovações, devolvendo à cidade o seu maior património:
a(s) cultura(s) das gentes
Por Ana Rita Lúcio
cx
a rev i s ta d a ca i xa
31
h
história de capa
J
á o poeta, espreitando para lá do que a
vista alcança, garantia ser do tamanho
do que via e não do tamanho da sua
altura. No lirismo colhido nas palavras
do heterónimo de Fernando Pessoa,
Alberto Caeiro, os versos escondem
um tamanho que se avalia não na dimensão
do corpo, mas na grandeza das aspirações de
quem ousa olhar e sonhar, querer e realizar
mais adiante. Porém, nem só as pessoas têm
a oportunidade de provar serem maiores
do que aquilo que aparentam. Lugares há,
também, que se recusam a ser medidos aos
palmos. Na prosa onde se escreve a história
da cidade que, às primeiras horas de 2012,
se vai erguer como Capital Europeia da
Cultura (CEC), lado a lado com a cidade
eslovena de Maribor, no Leste da Europa,
mencionar o tamanho é pronunciarmonos sobre uma ambição sem medida.
Extravasando as muralhas do berço regional
minhoto e procurando saltar para além das
próprias fronteiras da pátria portuguesa
que se expandiu a partir daquelas terras,
32
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Guimarães rejeita abraçar a Europa e o
mundo como um pequeno ou médio
aglomerado urbano de uma nação europeia
periférica. Antes, prefere assumir-se como a
encruzilhada onde, durante o próximo ano
(e seguintes), se prevê que possam convergir
as idiossincrasias, as histórias, os saberes, as
artes, as tradições e o(s) futuro(s) dos povos
e dos territórios do Velho Continente, tendo
a narrativa cultural como eixo condutor.
E porque é de olhares ambiciosos e
renovadores que aqui se trata, foi na própria
incubadora vimaranense, muito antes de se
perspectivar no horizonte a candidatura à
mais alta iniciativa cultural comunitária, que
começaram a eclodir os primeiros sinais no
caminho de reabilitação urbana posto em
marcha com a chegada do novo século. O
tiro de partida foi dado a 13 de Dezembro de
2001: 10 anos antes da programação relativa
à Capital Europeia da Cultura (CEC) –
Guimarães 2012 ter vindo a público (quase
um mês antes de ter o seu tão aguardado
início).
Património em mudança
Uma década se desenrolou desde que a
UNESCO elevou o Centro Histórico de
Guimarães a Património Mundial, dando
relevo ao trabalho de preservação do seu
traço medieval. E embora esses resquícios
longínquos na História tenham sabido
resistir ao tempo, as marcas da passagem dos
anos revelam que o mais assinalável tesouro
performance Os catalães La Fura dels
Baus prometem pôr a sua arte em marcha
na renovada Praça do Toural
real A área envolvente ao Castelo de
Guimarães e ao Paço dos Duques de
Bragança vai ver os percursos pedonais e os
espaços verdes melhorados
património O Largo da Oliveira, no Centro
Histórico da cidade, faz parte dos 22
hectares eleitos Património da Humanidade
Print
Guimarães
em festa
Dos responsáveis pela FCG se
percebe que a cidade «está
longe de querer competir com
outros festivais». Apesar
disso, e ao longo de um ano,
não faltarão momentos em
que a festa, a arte e a cultura
sairão à rua, para fazer
casa junto das populações.
Destacamos alguns deles.
Ao longo de 2012, 600
espectáculos vão animar a
CEC, na qual são privilegiadas
residências artísticas e a
produção original feita a partir
da cidade.
21 de Janeiro: La Fura dels
Baus abrem as hostes;
28 de Janeiro: Ante-estreia do
filme Os Marretas;
11 de Fevereiro: O Centro
Cultural Vila Flor é palco para
oito espectáculos de dança no
festival Guidance;
9 de Março a 15 de Abril:
Exposição de fotografia sobre
Francisco Martins Sarmento;
Fotos: Bruno Barbosa (Guimarães); Dani Cardona/Reuters (La Fura dels Baus)
Abril: A Casa da Memória
recebe um projecto
museológico desenvolvido
por Bia Lessa;
da cidade – em número e importância – está
guardado nas suas gentes. Não foi, aliás,
por acaso, que à série de eventos realizados
para a comemoração da efeméride, já nos
derradeiros momentos antes do arranque
da CEC, se deu o lema de «o Património
somos nós». «Da mesma forma como
o processo de reabilitação do Centro
Histórico foi colectivo, também quisemos
que a celebração envolvesse toda a cidade»,
justificou, no início de Dezembro, Francisca
Abreu, vereadora da Cultura, da Câmara
Municipal de Guimarães, envolvida na CEC
desde a primeira hora.
É, precisamente, o trunfo das forças dos
vários actores sociais conjugadas num único
esforço, que os núcleos citadino, rural e
industrial – em torno dos quais Guimarães
gira – têm sabido jogar a seu favor.
Afirmando que não lhe basta apenas
ganhar em termos de notoriedade e trazer
nomes sonantes exclusivamente com o
propósito de atrair muitos visitantes, a CEC
tem ousado vencer em peso (e em tamanho)
no contexto europeu, manifestandose, como faz questão de sublinhar João
Serra, presidente da Fundação Cidade de
Guimarães (FCG), a entidade responsável
1 de Julho: Das 20
produções cinematográficas
encomendadas pela Guimarães
2012, estreia o filme de JeanLuc Godard ;
28 de Julho: No novo espaço
Plataforma das Artes, a alemã
Ute Lemper vai actuar lado a
lado com a Fundação Orquestra
Estúdio, sob a direcção
do maestro Rui Massena;
3 de Agosto: O Fado também
marca presença na CEC, com
actuações de Carminho,
Ricardo Ribeiro e Cuca Roseta;
21 de Dezembro: Espectáculo
de «Não-encerramento».
cx
a rev i s ta d a ca i xa
33
h
história de capa
pela gestão da CEC, como «uma pequena
cidade que propõe uma agenda de inovação,
acreditando que o motor da economia é o
conhecimento e o da política é a cidadania».
Falar de política e cidadania pode parecer
estranho, quando o que está em cima da
mesa é um mega-acontecimento de índole
cultural, mas é, justamente, esse o principal
efeito de mudança imprimido pela Cidade
Berço. Ao fazer recair a tónica sobre as
sinergias geradas na cidade, «contributo
específico de Guimarães para o projecto
europeu das CEC», salienta o responsável
máximo pelo órgão que tutela a FCG,
está, assim, a accionar-se uma «alavanca
importante para a regeneração social, urbana
e económica» que tem consequências não
só sobre os tecidos social, empresarial e
cultural portugueses, mas sobre o pano de
34
cx
a rev i s ta d a ca i xa
fundo europeu. É, inclusivamente, já posta
em equação a hipótese de se estar a dar
continuidade a um movimento encetado
nos últimos anos, que faz acender o rastilho
cultural comunitário noutros territórios
de dimensão semelhante à de Guimarães,
invertendo a tendência de se dar palco, neste
tipo de iniciativas, quase exclusivamente às
grandes metrópoles. Exemplo disso mesmo
é o galardão Melina Mercouri, atribuído
recentemente pela Comissão Europeia
a Guimarães, que assinala «o esforço
organizativo» e a «estratégia
de envolvimento» da cidade na
implementação da CEC.
Outra das novidades mais expressivas
passa por dizer não à lógica do espectáculo
pelo espectáculo, trazido de fora sem uma
linha condutora que permita identificar
uma marca distintiva na programação e
no espírito da iniciativa. Privilegiando
as residências artísticas e a produção
original realizada em Guimarães – assim
se compreende que 60 a 70 por cento da
produção artística tenha cunho nacional – e
defendendo os conceitos de colaboração,
arte Um dos mais vibrantes
pólos artísticos e culturais da
cidade é o Centro Cultural Vila
Flor, inaugurado em 2005, que
ganha nova vida com a Capital
Europeia da Cultura
música Rão Kyao junta-se a
Cristina Branco, Chico César
e Danças Ocultas na abertura,
depois da actuação dos
catalães La Fura dels Baus
Print
capital da regeneração
Mais do que ficar no passado, a CEC traz o cenário urbano para o futuro.
Fotos: Bruno Barbosa (Centro Cultural Vila Flor); D.R. (Rão Kiao e marca Guimarães)
A tradição e a modernidade
juntam-se sob o mesmo
tecto na capital que faz
da requalificação urbana
uma prioridade. Uma das
iniciativas mais emblemáticas
é a do projecto Pop up Spaces,
que convidou artistas a
apresentar propostas para
ocupar e dinamizar espaços
devolutos. Outros exemplos de
reabilitação, desta feita a cargo
da CEC, também não faltam,
como o da Praça do Toural,
onde um chafariz do século
XVI se ergue sobre um piso
redesenhado por Ana Jotta.
A regeneração das principais
artérias do Centro Histório está
igualmente concluída, incluindo
a Alameda de S. Dâmaso, a Rua
de Santo António ou o Largo da
Oliveira. No espaço onde em
tempos se pôde visitar o antigo
mercado municipal, revela-se
uma das faces mais ambiciosas
do projecto de requalificação,
com a nova Plataforma das
co-criação e co-curadoria, a agenda
denuncia uma preocupação forte com o
empreendedorismo, a renovação urbana,
o design e a relação com a indústria. Deste
modo, «a cultura empresta à cidade um
conjunto de novos estímulos e fornece o
contexto para uma economia criativa»,
remata João Serra.
Não é de hoje que a cultura, em
Guimarães, se escreve com o mesmo «c» de
cidadãos. Isso mesmo já era patente, pelo
menos desde 2005, com a proximidade
evidente entre a pujante agenda do
Centro Cultural Vila Flor (agora ainda
mais forte) e as populações, sobretudo as
mais urbanas. Mas a vontade expressa de
devolver à região e aos seus habitantes
o investimento realizado, reconhecendo
«ao espaço público um papel transversal
Artes, onde será construído
um Centro de Arte para acolher
a obra de José de Guimarães.
Já o quarteirão de Couros, um
dos centros da indústria de
curtumes, vai transformar-se num bairro criativo, no
qual coexistirão o Instituto do
Design, o Centro de Formação
Avançada e Pós-Graduada
e o Centro de Ciência Viva,
contando com a colaboração da
Universidade do Minho. Quanto
ao Castelo e ao Paço dos
Duques de Bragança, será feita
a reformulação dos percursos
pedonais e a melhoria dos
espaços verdes.
e unificador» – «Tu fazes parte», é um
dos grandes motes de Guimarães 2012. O
que é sintomático de que os pressupostos
que levaram a candidatura vimaranense a
merecer a eleição para o evento máximo
da Cultura comunitária não só continuam
presentes, como estão a ser cumpridos. Até
porque, reclamam as entidades envolvidas,
se têm mantido os compromissos de
dotar a comunidade local com novos
recursos e competências, estimulando o
seu envolvimento no projecto, valorizar a
qualidade de vida urbana, transformando
um espaço de preservação da memória
num espaço de oferta de novas experiências
culturais, e, numa óptica abrangente,
transformar a cidade, incentivando a malha
económica a virar-se para a criatividade,
tornando-se «internacionalmente
cx
a rev i s ta d a ca i xa
35
h
história de capa
As culturas na capital
E porque, em Guimarães, a Cultura se rege
pelo compasso do relógio, o programa
apresentado, a 14 de Dezembro, no edifício
ASA, onde outrora operou uma antiga
fábrica têxtil – e que passará a albergar
um reduto multidisciplinar de criação,
ensaio, apresentação artística e encontro
de criadores –, decompõe os 600 eventos
culturais que se avizinham em quatro ciclos
que evocam quatro tempos. Tempo Para
Encontrar, de 21 de Janeiro a 24 de Março,
Tempo para Criar, de 25 de Março a 24 de
Junho, Tempo para Sentir, de 25 de Junho
a 15 de Setembro, e Tempo para Renascer,
de 16 de Setembro a 21 de Dezembro, são
balizas que marcam uma continuidade
regulada a ritmos diferentes para, como
explica Carlos Martins, director executivo
da FCG, «voltar a dar às comunidades os
tempos certos». A memória colectiva dos
lugares e das populações é revivida através
não só das tradições, mas também graças
à intervenção cívica em torno da CEC.
Assim o demonstram o programa Outra
Voz, que faz a recolha do repertório musical
tradicional das várias freguesias ou as
plataformas de cidadãos unidas na discussão
pública face ao que tem sido levado a cabo.
Dando azo a que os ideais de colaboração,
co-criação e co-curadoria se instalem
na rede urbana, as associações locais, a
Universidade do Minho e os criadores desta
ou de outras paragens foram, também,
convidados a instalarem-se na cidade para
encetar parcerias criativas e impulsionar a
a capella Bobby McFerrin fez parte
da programação de «aquecimento»
para a CEC, em Julho de 2011
cultura(s), A exposição Mãos
Dadas apresentou arte feita em
comunidade
universidade Na Biblioteca
Interactiva no Campus de Azurém,
da Universidade do Minho,
desenvolvem-se diversas iniciativas
36
cx
a rev i s ta d a ca i xa
valorização do território e do património
comuns através da cultura. A programação
de proximidade é mesmo a grande estrela
do firmamento da Capital da Cultura, onde
se vedou a entrada a actuações que não
se coadunassem com o espírito global do
evento. Traz-se, assim, a cena o cruzamento
das identidades regionais, nacionais e
europeias, num ciclo pensado «para a cidade
real», diz Carlos Martins. Os primeiros a
fazer de Guimarães palco serão os catalães La
Fura dels Baus, a 21 de Janeiro, inaugurando
a cerimónia de abertura com uma
performance de rua seguida de um concerto
onde se revezarão Cristina Branco, Chico
César, Rão Kyao e os Danças Ocultas. Em
Janeiro, no cenário minhoto, ecoarão, ainda,
Buraka Som Sistema, Legendary Tigerman
e Rita Redshoes, além do tom imperdível
da novíssima Fundação Orquestra Estúdio.
Mostras fotográficas e de arte e arquitectura,
ciclos de cinema, dança, laboratórios
artísticos, exposições, espectáculos de rua
e intervenções urbanísticas completam
ainda o rol de uma Capital que se quer
prolongar no tempo, fazendo do passado e
do presente uma chave combinada para o
futuro. Talvez por isso se despeça, a 21 de
Dezembro de 2012, com um espectáculo de
«não-encerramento». Afinal, Guimarães é do
tamanho do que vê, encontra, cria e renova,
e não do tamanho da sua altura.
Fotos: D.R.
competitiva e geradora de emprego».
Guimarães parece, assim, preparar-se para
entrar em 2012, não esquecendo o passado,
mas fazendo da preparação do futuro uma
prioridade no tempo mais imediato.
o
observatório
Serra
joão
Presidente da Fundação Cidade de Guimarães
A programação de Guimarães
2012, Capital Europeia da Cultura,
tem em vista qualificar a cidade no médio
e longo prazo
Em primeiro lugar, cumpre o alinhamento com os desígnios
da política cultural da cidade: cuida da memória singular e do
património, qualifica a cidade e a região, valoriza as pessoas e as
suas organizações. Concebe a cidade como um ponto de encontro,
atribuindo ao espaço público um papel transversal e unificador.
Percebe a cultura como motor de regeneração urbana. Compatibiliza
a história com a contemporaneidade, adoptando uma leitura do
território como um processo de construção, destruição, reconstrução,
em que as marcas do tempo são entendidas como suportes de uma
inteligência colectiva e de um desejo de futuro. Declina o princípio
do face to face, confrontando visões e pontos de partida, espaços e
tempos, imaginários e gerações,
interior e exterior, que tanto pode
ser detectado no eixo profissional
ou amador, como no global ou
local, como no contemporâneo e
histórico ou no criativo e educativo.
Pretende-se inclusiva, em relação à
comunidade concreta que abarca e
em relação aos actores locais, sem
deixar de ser aberta à colaboração
e à nova criação, e garantindo a
relevância internacional.
O programa dá expressão aos
projectos que a candidatura
destacava: o reforço dos festivais da
cidade, a valorização dos contributos
de Guimarães – os seus pensadores,
artistas, empreendedores – para a Europa e para o Mundo;
o reconhecimento do lugar da cultura popular sem perda do destaque
a conferir à cultura urbana; o recurso a modalidades de colaboração
criativa entre Guimarães e outras cidades portuguesas e europeias,
nomeadamente Maribor.
Trata-se de um programa de cidade e da cidade. Não é um programa
desta ou daquela instituição, desta ou daquela geração, desta ou
daquela visão particular. É um programa das pessoas e para as pessoas,
dos lugares e para os lugares, das competências e para as competências
de que se faz uma cidade. Não é um programa de compromisso com
os grandes públicos, é um programa de compromisso com a cidade.
Guimarães será, depois deste programa, uma das cidades mais
bem preparadas para compreender os desafios futuros na área da
cultura e para actuar sobre eles. Durante um ano, fará a experiência
de construir uma orquestra internacional. No final de 2012, terá
três novos cursos de nível superior: Design, Artes Performativas
e Artes Visuais. Disporá de uma Plataforma das Artes com um
acervo de referência internacional e módulos atractivos para
artistas emergentes. Terá mudado qualitativamente as estruturas
de produção teatral e do audiovisual. Quantas cidades portuguesas
disporão, em 2013, de uma estrutura de produção audiovisual com
a experiência de produção de várias dezenas de filmes? Guimarães
terá acumulado, ao longo de um ano, uma das mais ricas
experiências de curadoria artística internacional. Terá reforçado, a
um plano sem paralelo, o serviço educativo da área das artes e da
cultura e aumentado, substancialmente, o património editorial com
referência a Guimarães.
É por isso que comparar este
projecto de Guimarães 2012
com qualquer outro não é muito
pertinente. Guimarães 2012
não se limitou a aproveitar uma
oportunidade para aumentar
a notoriedade de Guimarães
ou a qualificar a oferta cultural
existente, mas combina o reforço
do património comum com um
impulso regenerador.
Dá-se, assim, corpo a uma nova
agenda para as Capitais Europeias
da Cultura. O empreendedorismo,
o design e a economia criativa são
novas agendas. A regeneração –
urbana, económica e social – é
uma nova agenda.
A acção programática pelo lado das estruturas de produção
artística é uma nova agenda, assim como a vinculação entre
o ensino superior e as artes e o design. A adopção de uma
programação orientada pela leitura do local e não determinada
pela intermediação é uma nova agenda. A prioridade à residência,
à criação em contexto, ao serviço educativo é uma nova agenda,
que é a que melhor se adequa ao papel das cidades, sobretudo das
de pequeno e médio porte, na Europa destes tempos sombrios e
esquinados. Guimarães 2012, com a sua nova agenda, representa
um contributo singular e de sentido estratégico para a Europa
de que somos parte.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
37
v
grande viagem
Ta m i l N a d u
As cores da fé
Em Tamil Nadu, no Sul da Índia, aos nossos olhos
desfilam deuses de múltiplas formas, templos imponentes,
mercados de especiarias, tecidos brilhantes, sorrisos verdadeiros.
Aqui tudo continua num estado natural, à espera de ser descoberto
É
Por Patrícia Maia
madrugada quando aterramos em Chennai (ou Madras, como era conhecida até
há pouco), a capital de Tamil Nadu, região que durante mais de um milénio, do
século III a. C até ao século XIII, foi o reino da dinastia Chola, cujos monarcas
mandaram erguer alguns dos mais imponentes templos e monumentos do país.
Apesar da hora, o ar continua escaldante e abafado. No aeroporto esperam-nos
colares de jasmim, que nos penduram ao pescoço, perfumando o ambiente à
nossa volta. O nosso motorista, o sorridente Saru, está sentado ao volante. «Namaste!», diz,
em sinal de cumprimento. A carrinha arranca e começa a aventura.
O trânsito da Índia é uma experiência transcendental para o comum dos ocidentais. E,
muitas vezes, um verdadeiro milagre. Além de a condução ser feita pelo lado esquerdo, de
acordo com a herança britânica, a única regra que parece imperar é a buzina. Na traseira
da maior parte dos veículos, lê-se em letras gordas: «Please horn» («por favor apite»). E,
obedientes, os condutores cumprem escrupulosamente o pedido, apitando freneticamente
e a toda a hora. Mas, surpreendentemente, esta «ordem» parece funcionar: ao contrário do
que acontece entre nós, na Índia, é raro ver-se condutores encolerizados e, ao longo de vários
dias de viagem, também não testemunhámos acidentes. O mais próximo a que assistimos foi
ao leve choque de duas motas, num cruzamento. Resolvido de forma célere e civilizada: os
dois condutores olharam um para o outro, corrigiram a posição e seguiram o seu caminho.
Este episódio revela-se, aliás, um retrato perfeito da Índia de hoje: um caos organizado, onde
a prioridade é seguir em frente.
A maior praia urbana do mundo
Situada na baía de Bengala, Chennai é uma típica cidade portuária, mas com as nuances
próprias da sua geografia e história. Aqui, há uma forte comunidade católica que convive
pacificamente com os hindus. No Bairro Mylapore, habitado pelos portugueses no século
XVI, fica a Catedral de São Tomás, onde indianas de saris prestam, diariamente, devoção
aos seus santos católicos. Segundo a lenda, esta é uma das três basílicas do mundo que
contém um túmulo com apóstolos de Jesus Cristo, neste caso, São Tomás, responsável pela
introdução do cristianismo na Índia no longínquo ano de 52. Mylapore tem, ainda, fama
de ser um dos bairros de Chennai mais activos a nível cultural, sendo palco de encontros
regulares de música carnática (música tradicional do Sul da Índia). Ao lado de Mylapore, é
obrigatório visitar o Bairro Thyagaraya Nagar, famoso pelo intenso comércio de joalharias,
lojas de saris, vendedores de flores e comércio popular.
Um pouco à frente da basílica começa aquela que é considerada uma das maiores praias
urbanas do mundo e que se estende até ao famoso Forte St. George. São 13 quilómetros
38
cx
a rev i s ta d a ca i xa
cx
a rev i s ta d a ca i xa 2 0 1 1
39
v
grande viagem
de areia pulsantes de animação, com carrosséis,
cartomantes, barraquinhas de comida, pescadores,
namorados. Apesar dos esforços do governo e das
associações ambientais, o mar da praia da Marina
continua poluído e o banho está interdito. Mas, graças a
esta praia, os dias em Chennai acabam sempre em festa.
Para testemunhar o legado artístico dos chola, bastará
visitar a galeria nacional de Chennai, que alberga cerca
de 1500 estátuas de bronze daquela dinastia. Entre
elas, Nataraja, a espectacular dança cósmica de Shiva,
ocupa um lugar de destaque. Shiva é um dos deuses
da trindade hindu – ao lado de Brahma e Vishnu – e
um dos mais populares em toda a Índia, embora, nos
últimos anos, Ganesh, o filho primogénito de Shiva,
tenha vindo a roubar o protagonismo do pai, por
prometer sucesso e prosperidade aos seus seguidores.
Por todo o país – nas lojas, nos carros, nas portas das
casas –, surgem pequenas figuras de Ganesh, com o seu
corpo humano e cabeça de elefante.
Deixamos Chennai e seguimos para Kanchipuram,
também conhecida como a «cidade da seda», uma
pequena vila que, em tempos, foi sede da dinastia chola
e que hoje é considerada uma das sete cidades sagradas
da Índia. Pessoas de toda a Índia, sobretudo noivas,
deslocam-se, propositadamente, a Kanchipuram para
comprar os requintados tecidos elaborados à mão, com
seda e ouro da mais alta qualidade. Os saris, alguns
com nove metros de comprimento, e os lenços são uma
tentação irresistível.
40
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Praia, templos e peixe grelhado
Na estrada para Mamallapuram, há palmeiras, longos
arrozais e pequenas casas de telhado de colmo. São 60
quilómetros que passam depressa e de forma agradável.
Mas tudo melhora ainda mais quando chegamos a
Mamallapuram. É refrescante sentir o cheiro e a brisa
do mar. Aqui, a grande atracção de Mamallapuram
são as enormes esculturas gravadas em monolíticos de
granito rosa, esculpidas no século VII, durante a dinastia
Pallava. O Arrependimento de Arjuna (personagem
mítica hindu) é das mais impressionantes. São 30
metros de comprimento e 19 metros de altura de rocha
esculpida em baixo-relevo, com centenas de figuras de
deuses, criaturas celestiais, pássaros e outros animais.
Entre os monolíticos de Mamallapuram destacam-se,
também, as Panch Rathas, cinco blocos gigantescos de
rocha esculpidos na forma de carruagens, que prestam
homenagem aos heróis do épico hindu Mahabharata.
No centro das Rathas, duas esculturas de elefantes em
tamanho real espantam os visitantes.
De volta à estrada, afastamo-nos da costa de Bengala
para dar início a um percurso pelos maiores templos
hindus do país. A nossa «peregrinação» começa pelo
Sri Ranganathaswami, na cidade de Tiruchirappalli (ou
Trichy, como é conhecida entre os locais). Dedicado a
Ranganatha, o deus Vishnu, na sua forma reclinada e com
uma área de 631 mil metros quadrados, este é um dos
maiores templos hindus do mundo em funcionamento.
À porta deste e de outros templos do sul há elefantes
1 cores A pedra do Templo Brihadeeswarar contrasta
com as cores das vestes das mulheres
2 e mais cores A impressionante fachada do Sri
Meenakshi
3 simpatia Os sorrisos acompanham-nos ao longo
de toda a viagem
4 pedra Em Mahabalipuram, a pedra domina a paisagem
5 protagonista Ganesh, metade homem, metade
elefante, é uma divindade incontornável
cuidadosamente pintados e enfeitados com colares
e pulseiras de metal. Em troca de algumas moedas,
podemos receber a bênção do animal sagrado. Mas esta
exótica tradição, que atrai hindus e deslumbra turistas,
pode ter os seus dias contados: o elefante foi declarado
património nacional pelo governo indiano, como forma
de o proteger. Nomeadamente deste tipo de práticas.
Ainda em Trichy, seguimos para o Templo do Forte,
situado a 83 metros de altura, no topo de uma rocha
considerada uma das mais antigas do mundo, com cerca
de 3,8 mil milhões de anos. A subida é exigente, mas
o esforço é compensado pela magnífica vista sobre a
cidade, o rio Kaveri e o templo Sri Ranganathaswami.
Fora dos templos, Trichy é uma cidade poeirenta e
ruidosa, com pessoas, vacas e cabras a caminhar entre o
lixo que se espalha pelas bermas das ruas.
cx
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41
v
grande viagem
1 saris
Imagem de marca
do país, chegam a
atingir nove metros
de comprimento
2 tuk-tuk Andar de
táxi pode ser uma
verdadeira aventura
3 rituais Diariamente,
os templos são
invadidos por
habitantes em
orações e oferendas
aos deuses
O lixo é, de resto, uma «praga» que atinge a maior
parte das cidades indianas, com maior ou menor
intensidade. O nosso guia garante que o governo está
a fazer esforços para lidar com o problema. Mas, por
enquanto, resta aos turistas «fechar os olhos» e não
deixar que estas visões ofusquem o brilho da sua viagem.
Mais 60 quilómetros de estrada e chegamos a Tanjore,
para a visita ao templo Brihadeeswarar, um dos maiores
de granito em todo o mundo. Construído no século
XI, na sequência de um sonho do grande monarca
Chola Raja Raja I, este templo assume a magnificência
da poderosa dinastia. Lá dentro, um gigantesco touro,
Nandhi, protege a estátua de Shiva, irradiando o carácter
divino da religião hindu. A torre central do templo, com
66 metros de altura, foi construída de maneira a nunca
projectar a sua sombra no chão.
Bênçãos, preces de amor e de dedicação
São mais de 150 quilómetros até Madurai. Numa breve
42
cx
a rev i s ta d a ca i xa
paragem para descansar as pernas, temos oportunidade
de conhecer os vendedores de estrada, que, até aí, só
tínhamos avistado da janela do autocarro. Vendem-se
cajus assados, ao momento, no carvão (uma iguaria
capaz de impressionar qualquer gourmet), pequenos
pepinos crus, deliciosas bananas. Saru aproveita a pausa
para visitar o pequeno templo de estrada e receber
a oração do dia.
Fundada no século IV a. C., Madurai é uma das
cidades mais antigas da Índia. No coração da cidade, o
templo Meenakshi Amman, restaurado em 2009, é uma
autêntica explosão de cores e movimento. Meenakshi
tem 14 torres templárias (as chamadas «Gopurams»)
gigantescas, com cerca de 50 metros de altura. Os
corredores do templo convergem para o enorme
tanque de água que atrai os visitantes. Há dezenas de
pessoas sentadas à beira deste lago artificial, a meditar
ou a conversar. Aqui, não se ouvem penitências nem
confissões, mas sim bênçãos, preces de amor e de
dedicação.
Lá fora, a cidade desdobra-se em torno de Meenakshi
Amman. Na zona comercial de Madurai, há inúmeras
lojas e centros comerciais, com produtos tipicamente
indianos, como os famosos tapetes e lenços de caxemira.
A rua North Chitrai, uma das mais movimentadas, alberga
o Cottage Arts Imporium, um dos maiores armazéns de
artesanato da cidade. O terraço desta loja oferece uma
ampla vista, de onde se vê Meenakshi e as suas torres.
O passeio por Madurai termina com a visita ao
palácio do rei Thirumalai Nayak, desenhado no século
XVII por um arquitecto italiano, numa fusão de estilos
europeu, islâmico e hindu. Embora esteja um pouco
votado ao abandono, ao passear entre os longos
corredores, sustentados por colunas monumentais,
conseguimos imaginar o esplendor que terá tido nos seus
tempos áureos. Todos os dias, ao fim da tarde, é possível
assistir a um espectáculo de luz e som [em inglês e na
língua tamil] que explora as virtudes do rei Thirumalai.
Disputada ao longo dos séculos por inúmeros
impérios, a Índia de hoje continua a ser um mosaico de
muitas cores. São quase 1200 milhões de habitantes.
Vinte e nove línguas oficiais. Dezenas de religiões e
seitas. Pobreza e luxo. Progresso e ruralidade. Nos
dias de hoje, a Índia vai imprimindo um futuro que,
apesar dos desafios, se prevê auspicioso, com uma
das economias mais fervilhantes do mundo e um
crescimento exponencial na área das novas tecnologias.
É esta fusão, onde o progresso mais sofisticado e
a pobreza ostensiva andam lado a lado, que faz da
Índia um destino tão singular. Numa só viagem será
impossível assimilar toda a história e todo o presente
deste país que se reinventa a cada momento. Fica
a inevitável sensação de que muito ficou por descobrir.
E a certeza de que um dia teremos de lá voltar.
Guia de Viagem
Como ir
Não há voos directos de Lisboa
para Nova Deli. A Lufthansa, com
escala em Frankfurt ou em Munique,
e a British Airways, com escala
em Londres, Heathrow, têm os
voos mais baratos para Nova Deli
e Mumbai. Internamente, pode-se
usar os voos das companhias Indian
Airlines e Jet Airways.
Para entrar no país, é necessário
passaporte com validade de seis
meses e visto de turista, que deve
ser obtido na Embaixada da Índia
(Rua Pero da Covilhã, Restelo,
Lisboa; tel. 213041090). Custa 50
euros e é aconselhável ser pedido
atempadamente.
A prorrogação da duração do visto
pode ser feita no país, junto do
Ministério da Administração Interna
local (Ministry of Home Affairs).
Língua
Há 22 línguas nacionais reconhecidas
pela Constituição da Índia e o hindu é
a língua oficial da União. Além destes,
existem muitos outros dialectos que
são praticados em várias regiões
do país. O inglês é a segunda língua
oficial.
Moeda
Rupia indiana, que se divide em 100
paisa. Um euro equivale a cerca de
66 rupias. Os cartões de crédito são
geralmente aceites nas lojas e nos
bons hotéis. Leve euros em notas
pequenas.
chuvas): uma de Junho a Setembro,
que atinge o sudoeste e o norte
do país, e outra de Novembro a
Dezembro, que afecta a costa este,
incluindo Tamil Nadu. Abril e Maio
são os meses mais quentes em toda
a Índia, com temperaturas de 40ºC.
De uma forma geral, o período de
Inverno, entre Novembro e Março,
é o mais aconselhado para realizar
esta viagem, já que o intenso calor
do Verão torna os passeios turísticos
mais fatigantes.
Saúde
Embora algumas agências de
viagem aconselhem a profilaxia da
malária, não há vacinas nem outras
medidas de saúde obrigatórias.
Visitar templos
Para entrar nos templos, é
obrigatório tirar os sapatos (quem
não quiser entrar descalço, pode
levar as suas próprias meias). Para
tirar fotos dentro dos templos, é
necessário pagar uma taxa, que varia
entre 20 e 100 rupias.
Comer
Os indianos garantem que há
enormes diferenças gastronómicas
em cada região do país, mas,
para o paladar português, os pratos
parecem ter paletes de sabores
Clima
Varia bastante entre o norte e o
sul. A norte é mais temperado e
a sul é mais quente. Nas zonas
montanhosas, como os Himalaias,
o Inverno traduz-se em
temperaturas muito negativas.
No norte, as temperaturas baixam
depois da monção e o clima fica mais
agradável, enquanto o sul tem um
clima subtropical todo o ano.
A Índia tem duas monções (época de
muito semelhantes, sobretudo,
devido à combinação de várias
especiarias e ervas, as chamadas
massalas. Ainda assim, há alguns
pratos visivelmente distintos entre
o norte e o sul.
Em Tamil Nadu, são populares
as receitas vegetarianas, como
os sambar (guisados) e os chutney
(molhos de acompanhamento).
Uma típica refeição tamil terá cerca
de cinco chutneys, acompanhados
de arroz, crepes ou naan e servidos
em cima de uma folha de bananeira.
Destaque para as idli, pequenos
bolos de arroz achatados cozidos
a vapor. E os dosa, finos crepes
de farinha de arroz que tanto podem
ser servidos com chutneys como
simplesmente barrados com ghee
(manteiga indiana purificada).
A sobremesa mais famosa são
as gulab: pequenas bolas demasiado
doces para serem comidas
sozinhas, mas excelentes se forem
acompanhadas com gelado.
No norte abundam os pratos
de carnes, como cordeiro, borrego
ou frango, muitas vezes marinados
em tandoori (mistura de iogurte
com gengibre, coentros, cominhos,
cardomomo, paprica, açafrão
e outras especiarias). E também
as lentilhas douradas e pretas.
Um dos pratos famosos é o dal
makhani, uma espécie de chili de
lentilhas pretas. O jalebi é um doce
muito popular, que se vende a cada
esquina, semelhante a pequenas
farturas alaranjadas.
Atenção: Não beber água da
torneira e evitar, por precaução, a
comida de rua (em especial, legumes
crus, fruta previamente descascada,
mariscos, ostras e molhos).
Dormir
Anote esta dica: a GRT Grand é
uma rede de hotéis do sul da Índia
que oferece estadas confortáveis a
preços convidativos. A maior parte
dos hotéis tem rede Wireless e
restaurantes de comida indiana e
internacional. www.grthotels.com/
tamil nadu (Índia)
Onde o progresso mais
sofisticado e a pobreza
ostensiva andam lado
a lado, fazendo da Índia
um destino tão singular.
Onde há templos,
sorrisos, praias e tanto
mais, impossível de
descobrir numa só
viagem
Cartão Leisure
A Caixa, em parceria com a Agência de
Viagens Go4Travel, criou o cartão de
crédito Caixa Leisure, especialmente
vocacionado para quem gosta muito
de viajar. Este cartão permite-lhe
aceder a benefícios e vantagens
exclusivas nesta rede de agências.
Saiba todas as condições
em www.cgd.pt.
(1)
TAEG de 23,7%, para um montante de
1500 euros, com reembolso a 12 meses,
à TAN de 20,75%.
Informação na Net para tirar notas antes de partir.
Sites que não deve deixar de consultar: www.tamilnadutourism.org; www.tn.gov.in;
www.mapsofindia.com/maps/tamilnadu.
cx
a rev i s ta d a ca i xa
43
r
roteiro
aldeias de xisto
Pedra sobre pedra
Gostaria de sentir-se num conto de fadas
e duendes? De provar algumas das melhores iguarias
nacionais? Então siga com atenção as nossas sugestões
Por Pedro Guilherme Lopes
Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com
lousã Será a forma mais fácil de iniciar este roteiro. Dirija-se a Coimbra e,
daqui, para a Lousã. Faça do Quintal de Além do Ribeiro a sua base e não deixe
de se sentar à mesa do restaurante O Burgo.
1
2 cerdeira Caminhando por um bosque onde podiam viver hobbits,
encontramos uma ponte de madeira, que dá acesso à aldeia. Aqui, um atelier
de artesanato e uma produção de ervas (Planta de Xisto) são cartão-de-visita
obrigatório.
3 talasnal Há gatos que nos espreitam pelas ruas estreitas e desalinhadas
e, quando está nevoeiro, parece que encontrámos uma aldeia assente nas
nuvens. A sensação repete-se ao provarmos os doces Talasnicos, os licores
caseiros ou o cabrito assado da Ti Lena.
4 benfeita Envolva-se na vegetação luxuriante da Mata da Margaraça e
surpreenda-se com a queda de água (gelada, diga-se) da Fraga da Pena.
5 piódão Não pertence ao conjunto das Aldeias de Xisto, antes ao das
Aldeias Históricas de Portugal, mas seria impossível não falar nela. Localizada
na serra do Açor de forma quase vertiginosa, fica envolta num manto branco
durante o Inverno.
6 sobral de são miguel No «coração do xisto», encontramos vários
moinhos ainda activos, um delicioso queijo corno e uns habitantes locais
prontos a contarem «estórias».
7 fajão Dá-nos vontade de ficar nesta aldeia, onde o tempo parece ter
parado e onde a beleza do xisto se revela na plenitude. Visite o Museu
Monsenhor Nunes Pereira e marque mesa no Juiz de Fajão, um restaurante
com um bacalhau e umas tigeladas que ficam na memória. Se esperar pelo
tempo mais quente, aproveite a piscina no cimo da aldeia.
8 janeiro de cima Parece que só vive aqui uma dúzia de pessoas, mas
depressa descobrimos muito para fazer: andar de barco no rio Zêzere, visitar
a Casa das Tecedeiras, jantar no Fiado, descobrir o Bar Passadiço e dormir na
Casa da Pedra Rolada ou na Casa de Janeiro.
9 figueira Ideal para experienciar a vida de aldeia. Pode acordar com o
cacarejar das galinhas, dar os bons-dias às cabras e nem faltam carroças com
feno. O melhor? O forno comunitário, onde ainda se faz o pão.
44
cx
a re v i s ta d a c a i xa
cx
a re v i s ta d a c a i xa
45
f
fugas
hotel da estrela
Espírito
old school
Eleito um dos melhores novos hotéis de 2011
pela conceituada Condé Nast Traveler, mistura
memórias de sala de aula com quartos estilizados e um
restaurante onde somos nós a dar a nota final.
Sente-se. A aula vai começar
Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Filipe Pombo
N
um dos bairros mais elegantes
da capital, esconde-se um
hotel-escola cheio de charme,
que nos convida a recuperar
memórias de quando
aprendíamos a ler ou de
quando ficávamos de castigo por falar em
demasia. Chama-se Hotel da Estrela e, como
não podia deixar de ser, aconteceu-lhe o que
acontece aos locais que se destacam: anda
nas bocas do mundo, com a conceituada
revista Condé Nast Traveler a considerá-lo
um dos melhores novos hotéis de 2011 e
dezenas de outras publicações (e sites) a
falarem deste membro dos Small Luxury
Hotels of the World.
Mas, então, o que é que distingue este
Hotel da Estrela? A luz natural, que entra
pelas enormes janelas, e o pé direito muito
alto são legados de um espaço que outrora
foi o Palácio dos Condes Paraty e, mais tarde,
acolheu a Escola Industrial Machado de
Castro. Hoje, o Hotel da Estrela é um hotel de
aplicação (ou hotel-escola, se assim preferir),
onde parte do staff são alunos da vizinha
do lado, a Escola de Hotelaria e Turismo
de Lisboa, ansiosos por aprenderem a bem
receber com os profissionais residentes.
Não admira, por isso, que as boas-
46
cx
a rev i s ta d a ca i xa
-vindas nos sejam dadas a traço de giz, com
letra cuidada de quem não esteve distraído
durante os ensinamentos no caderno de duas
linhas. Curioso é o facto de essas mesmas
boas-vindas poderem estar escritas no chão,
todo ele de ardósia, prendendo-nos o olhar,
que se levanta em direcção a duas pesadas
secretárias herdadas das aulas de Química.
Atrás delas, mais ardósia, também ela escrita
a giz, com mensagens de quem por ali passou
ou com um curioso boletim meteorológico
desenhado diariamente.
A Cantina da Estrela
Atrás do hall, onde a recepção é feita com
um sorriso e os nomes apontados num
livro de ponto, esconde-se a biblioteca,
que, dentro em breve, ganhará o nome
Fernando Pessoa. «O museu do bairro é a
Casa Fernando Pessoa, por isso, e sendo
nós um hotel muito virado para o que o
bairro oferece, faz todo o sentido adoptar
esse nome», explica Isabel Albuquerque,
directora do Hotel da Estrela, que, desde
Outubro do ano passado, voltou a colocar
Campo de Ourique nas bocas do mundo.
Vista a biblioteca, onde fica, desde logo,
clara a linha de decoração eleita por Miguel
Câncio Martins (que conta no seu currículo
cx
a rev i s ta d a ca i xa
47
f
fugas
a cantina, um restaurante onde
os alunos aprendem e onde os
clientes escolhem o que querem
pagar
jardim Nas traseiras e aberto ao
público em geral
biblioteca Vai ganhar o nome
de Fernando Pessoa e é um
espaço de contrastes
quarto Sobre uma alcatifa
desenhada em exclusivo,
o conforto é palavra de ordem
com a decoração do Bhuda Bar de Paris,
por exemplo), cruzando memórias de bibes,
mobiliário de madeira, mapas de parede
ou máquinas de escrever com as formas
contemporâneas de mobiliário de design,
partimos pelos corredores. Novas memórias,
desta feita de esperas à porta da sala pela
chegada do professor, de um estranho jogo
chamado fileiras, que nos deixava o pescoço
a ferver, ou de uma troca de olhares com a
miúda mais gira da escola, que ia ter aulas
na sala da frente. Perdidos nas memórias,
quando damos por nós estamos cá fora, nas
traseiras, de olhos postos num convidativo
48
cx
a rev i s ta d a ca i xa
jardim, que confirma o trabalho de quatro
estrelas, tantas quantas as do hotel, da
arquitecta Teresa Nunes da Ponte.
O jardim dá entrada directa para a
Cantina da Estrela, o restaurante do hotel,
aberto ao público em geral e onde o cliente
avalia o que come e o serviço que lhe foi
prestado. Assim, numa inspirada ementa
de sabores mediterrânicos (ai se as cantinas
da escola nos tivessem servido refeições
destas…), onde as sobremesas são apenas
para os meninos que comeram a papa toda,
existe um intervalo de preços para cada
prato e para o próprio serviço, cabendo
a cada cliente escolher o que quer pagar
consoante o seu grau de satisfação (e dentro
de um mínimo estabelecido). E, sendo
este um hotel de aplicação, o cliente pode,
ainda, deixar a sua opinião sobre o que
comeu. «As pessoas sentem-se professores
e fazem comentários e acabam por entrar
neste espírito de formação», explica Isabel
Albuquerque. «Para o próprio aluno é bom,
porque o cliente sabe que também existem
alunos entre o staff.».
Da Cantina para o quarto, até porque,
diz-se, uma sesta aumenta a concentração.
No Hotel da Estrela, encontramos 13
Guia de Viagem
Como ir
É fácil chegar a Lisboa, é
relativamente fácil chegar a
Campo de Ourique, já não é assim
tão simples chegar ao número
35 da Rua Saraiva de Carvalho,
até porque são várias as ruas de
sentido único neste que é um dos
mais emblemáticos bairros da
capital. Os moradores terão todo
o gosto em ajudá-lo em caso de
dúvida; um GPS ou uma visita ao
site (www.hoteldaestrela.com)
serão aliados preciosos.
Em redor
Bairro mais bairro não há
É o que diz quem vive em Campo
de Ourique, bairro localizado entre a
Estrela, as Amoreiras e os Prazeres.
Estando no Hotel da Estrela, é
obrigatório sair e sentir o pulsar
destas ruas, onde as pessoas se
conhecem e onde o comércio local
ainda dita as regras, misturando
lojas tradicionais com outras onde
os gostos contemporâneos são
figura de montra.
Dormir como os reis
Duas das suítes do Hotel da Estrela estão
equipadas com camas Hästens, nada mais
nada menos que uma das mais conceituadas
marcas mundiais. Feitas à mão, na Suécia,
orgulham-se de utilizar materiais naturais,
como crina de cavalo, lã e pinheiro das
florestas do Norte, que lhes conferem uma
robustez extra. Confortáveis como poucas,
preocupam-se, ainda, com a saúde de quem
lá dorme, sendo hipoalergénicas. Com tantos
pontos a seu favor, não admira que tenham
sido oficialmente escolhidas para embalar os
sonhos da família real sueca.
quartos e seis suítes com convidativas camas
XL e cabeceiras verde-lima, decorados com
uma exclusiva alcatifa da autoria de Miguel
Câncio Martins e da sua filha, ainda criança,
que nos permite andar sobre equações
matemáticas. Do chão para as paredes, os
olhos são surpreendidos por antigos tampos
de secretária, agora transformados em telas,
onde se mantiveram intactas juras de amor
e tantos outros desabafos que confirmam
que, num dos bairros mais nobres da
cidade de Lisboa, com vista para o Tejo, o
espírito old school se preserva em ambiente
contemporâneo.
Para gulosos
Já ouviu falar do Melhor Bolo de
Chocolate do Mundo? Assim
foi baptizado esta verdadeira
«bomba», servida no número 99 da
Rua Coelho da Rocha. Ainda para os
fãs de chocolate (e o Natal é tempo
dele), existe um local obrigatório:
a loja da histórica marca Arcádia,
junto ao Jardim da Parada.
Mas porque nem só de chocolate
vivem os gulosos, aproveite a
estada para conhecer a «velhinha»
Lomar (Rua Tomás de Anunciação,
72), uma pastelaria que se orgulha
de continuar a servir bolos e
bolinhos artesanais e que serve de
ponto de encontro para muitos dos
mais antigos moradores do bairro.
Obrigatório
Desça a rua que conduz à Estrela
e contemple a imponente beleza
da Basílica. Depois, renda-se aos
encantos naturais de um dos mais
belos jardins da capital.
cx
a rev i s ta d a ca i xa
49
s
saúde
depressão sazonal
Sob o sol de Inverno
Crê-se que a menor intensidade luminosa está
associada à depressão sazonal, a qual pode ser
Estima-se que a depressão de Inverno
afecte cerca de dez por cento da população
europeia, atingindo, sobretudo, pessoas que
vivem em regiões onde o Inverno é mais
rigoroso. Nas pessoas afectadas pela depressão,
este período pode ser particularmente
delicado. Na verdade, explica Lurdes Santos,
coordenadora da Unidade de Psiquiatria e
Psicologia, do Hospital dos Lusíadas, «em
algumas pessoas que sofrem de depressão,
podemos ver doentes que nos referem que
pioram no Outono/Inverno e melhoram na
Primavera».
Os factores ambientais, como os dias mais
sombrios, mais curtos e menos luminosos,
têm sido apontados como responsáveis para
uma maior ocorrência deste distúrbio
sazonal, mas não são os únicos. «Verifica-se
uma perturbação genética que cria uma
maior vulnerabilidade para as perturbações
afectivas», nota Lurdes Santos. «Hoje, os
médicos estão não só mais bem informados
como dispõem de melhores fármacos para
poder reduzir o risco de recaída», afirma
a especialista. E nos doentes com história
de depressão ou com patologias psíquicas
associadas a abordagem mais adequada passa
por «um bom e correcto acompanhamento
médico e psicoterapêutico, bem como pela
redução dos factores de desestabilização»,
sublinha.
Importa clarificar que a depressão é uma
doença do foro psiquiátrico, a qual distorce
a visão que a pessoa tem do mundo e de si
própria. A depressão é, nesta medida, uma
patologia que não conhece estações do ano,
mas cujos sintomas podem ser acentuados por
distúrbios sazonais.
Alterações biológicas
Conhecida como seasonal affective disorder
(SAD), a depressão de Inverno caracteriza-se
50
cx
a rev i s ta d a ca i xa
Reconhecer
os sinais da depressão
›› humor depressivo.
›› alterações do padrão de sono (sono de mais ou
insónias).
›› apatia.
›› desinteresse.
›› ansiedade sem motivo aparente.
›› hipervalorização de problemas que
anteriormente não eram vividos do mesmo modo.
›› alterações do apetite.
›› isolamento.
›› novas dificuldades relacionais ou agravamento
de dificuldades anteriores.
›› mudança sentida ou observada principalmente
pelas pessoas mais próximas.
por mudanças de humor, alterações nos
padrões de sono e falta de energia. Julga-se que
esta maior vulnerabilidade aos dias cinzentos
esteja associada a desequilíbrios biológicos que
têm a ver com alterações na produção de um
neurotransmissor responsável pela regulação
do humor, apetite e sono, denominado
serotomina. Acredita-se que o enfraquecimento
da luz solar afecte a sua produção,
desencadeando um conjunto de distúrbios
que levam a pessoa a sentir-se «em baixo».
Também a produção de melatonina parece
sofrer alterações. Responsável pelo sono, este
neurotransmissor, quando produzido em
excesso, provoca a sensação de cansaço e uma
quebra de energia. Alguns estudos apontam
para uma maior ocorrência da depressão
sazonal nas mulheres.
Ainda que associada a alterações que se
inscrevem nos ciclos da Natureza, com efeitos
sobre o equilíbrio biológico e psicológico
de algumas pessoas, a SAD, ou distúrbio
afectivo sazonal, é um fenómeno que deve
ser olhado com seriedade. Em pessoas
particularmente vulneráveis ou indivíduos com
distúrbios psiquiátricos, como a depressão,
este transtorno sazonal pode contribuir
para um agravamento do estado de saúde.
A atenção e a valorização dos sinais são
essenciais para uma intervenção correcta e
atempada, minimizando o risco de doença
grave. Frequentemente, «são as pessoas
mais próximas que notam as alterações de
comportamento, e não o próprio», alerta a
coordenadora da Unidade de Psiquiatria e
Psicologia, do Hospital dos Lusíadas. Muitas
vezes confundida com preguiça, lamechice
ou pessimismo, a depressão é uma doença
séria, que vai muito além do simples estado
de tristeza. Com implicações profundas na
forma como se vê e interpreta a realidade,
é causadora de um sofrimento profundo e,
muitas vezes, incompreensível aos outros.
Sem feridas visíveis, a depressão é uma doença
que pode tornar-se incapacitante, interferindo
na qualidade de vida da pessoa e das que a
rodeiam. Intervir precocemente é essencial
para evitar o progresso e agravamento da
doença.
Foto: iStockPhoto
amenizada se acompanhada correctamente
*Suaves prestações mensais sem juros, TAEG 0%, mediante pagamento por cartão de crédito, débito direto ou multibanco. Campanha válida em Portugal até 31/03/2012, salvo erro tipográfico.
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Ligue e indique o código ao operador C06C8
f
finanças
p o u pa N ça
Está no PAP
Campanha da Caixa divulga soluções
de poupança automática, recorrendo
a três dos maiores humoristas nacionais
Foi no dia 31 de Outubro que o País assistiu ao comunicado de uma troika
muito especial, composta pelos humoristas Bruno Nogueira, José Pedro Gomes
e Miguel Guilherme. Em simultâneo, na RTP1, SIC e TVI, instantes antes dos
respectivos telejornais, esta troika dava, assim, a conhecer a Campanha PAP – Plano
Automático de Poupança, um conjunto de soluções e mecanismos que permitem
aos portugueses poupar automaticamente na Caixa (ver páginas seguintes).
O comunicado ocorreu numa data simbólica, o Dia Mundial da Poupança,
após um período de cinco dias durante o qual os portugueses foram convidados
a assistir a um comunicado, sem, contudo, ser revelado o tema do mesmo ou a
Marca CGD. Além do suspense inicial, o tom descontraído e carregado de humor
foi outro dos registos da campanha – ou em causa não estivessem três dos
mais talentosos humoristas nacionais –, com direito, inclusivamente, a frangos,
máquinas de café e tangas de leopardo.
Suzana Ferreira, da Direcção de Comunicação e Marca da CGD, explica
os pressupostos da campanha: «conseguimos desenvolver um conceito de
comunicação que se destaca pelo seu tom positivo e mobilizador, apresentando
uma oferta simples para a generalidade das pessoas, com uma mensagem forte e
52
cx
a rev i s ta d a ca i xa
pragmática». Uma opção que, em complemento com os
três humoristas e a mais-valia da oferta da Caixa, garantia
o sucesso da campanha desenvolvida pela McCann
Erickson.
Na auscultação efectuada durante o processo de
desenvolvimento desta campanha, concluiu-se que os
portugueses reconhecem que precisam de ajuda para
aprender de novo a poupar. «E esse é o nosso território,
o território por excelência da Caixa desde sempre. Ser
a referência de segurança e solidez para os portugueses,
mas, também, de proximidade e disponibilidade», explica
Suzana Ferreira.
Foi nesse sentido que a Caixa Geral de Depósitos
se propôs a ajudar os seus Clientes na gestão
e rentabilização das suas poupanças. Para isso,
a campanha recorreu a um plano de meios abrangente,
onde se incluíram televisão, rádio, imprensa, mupis,
meios digitais e Agências da CGD.
Trata-se, portanto, de uma aposta arrojada, mas
vencedora, no futuro do País e dos portugueses. «Neste
momento, o tempo é de oportunidade e de mobilização.
O nosso futuro também passa por conseguirmos
concretizar um movimento de mudança de atitude e uma
prática de racionalidade», conclui Suzana Ferreira.
Para ver ou rever a divertida performance dos três
actores, visite o site da Caixa Geral de Depósitos
em www.cgd.pt.
Nove medidas para uma poupança automática
Conheça, agora, as medidas do Plano Automático de Poupança e saiba como poupar todos os dias,
automaticamente e sem esforço. Está no PAP
CONTAS
DE POUPANÇA
1.o Objectivo Constituir um
pé-de-meia.
Caixa Aforro Poupe Mais –
premeia, automaticamente, o
capital investido e os reforços
subsequentes a uma taxa de juro
variável, acrescida de um spread
semestral crescente.
2.o Objectivo Começar a poupar
ou pôr dinheiro de lado.
SOLUÇÕES DE POUPANÇA JOVEM
Depósitos Caixa PopPrazo – com
taxas de juro majoradas, quando
comparadas com outros depósitos
a prazo mais tradicionais, estes
depósitos apresentam, ainda,
a vantagem de, no vencimento,
o capital e os juros alimentarem,
automaticamente, a conta
CaixaProjecto. Assim, terá a
certeza de que o seu dinheiro será
reinvestido, dando continuidade
à poupança.
Depósitos Caixa PopNet (3M, 6M
e 12M) – soluções de curto prazo,
com taxas de juro atractivas e de
constituição exclusiva através do
Caixadirecta on-line, onde também
pode agendar a transferência
para que, no vencimento, o
capital e os juros possam passar,
automaticamente, da sua conta
de depósitos à ordem para a conta
CaixaProjecto. Fácil, cómodo e
sempre disponível.
CaixaProjecto – a conta de
poupança por excelência para
crianças e jovens até aos 25 anos,
que permite reforços a partir de dez
euros, com taxas de juro acrescidas
de prémios de permanência até
ao quinto ano. Possibilita, ainda,
o agendamento automático de
reforços no Caixadirecta ou numa
Agência.
pagamento, possibilitando aos
pais controlar os gastos dos seus
filhos e permitindo que estes
desenvolvam hábitos de poupança,
tão importantes nos nossos dias.
3.o Objectivo Pôr algum dinheiro
de lado.
Poupança Caixa Activa – é
alimentada, automaticamente,
através da devolução de gastos
em compras com cartão de crédito
Caixa Activa(1) e da possibilidade
de agendamento automático de
reforços, no Caixadirecta ou numa
Agência.
beneficiar do arredondamento das
compras realizadas – revertendo
o montante do arredondamento
automaticamente para a poupança
– com os cartões Caixa Activa(2),
Caixa Woman(3), cartão Leve(4),
cartões Caixa ITIC FNE(5)/Classic
FNE(5) e cartões Classic(6), Caixa
Gold(7), Soma(8) e Ímpar(9).
A Caixa disponibiliza três métodos
de arredondamento à sua escolha.
A adesão e alterações ao método
escolhido podem ser feitas numa
Agência da Caixa ou através do
serviço Caixadirecta telefone.
AEG de 22,2%, para um montante
T
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,75%.
(3)
TAEG de 23,7%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,75%.
(4)
TAEG de 20,5%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,25%.
(5)
Caixa ITIC FNE: TAEG de 24,5%, para
um montante de 1500 euros, com
reembolso a 12 meses, à TAN de
20,75%. Caixa Classic FNE: TAEG de
25,3%, para montante de 1500 euros,
com reembolso a 12 meses, à TAN de
21,50%.
(6)
TAEG de 18,3%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 21,50%.
(7)
TAEG de 27,3%, para um montante
de 2500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,75%.
(8)
TAEG de 24,2%, para um montante
de 1500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 21,25%.
(9)
TAEG de 14,5% a 26,5%, para um
montante de 1500 euros, com
reembolso a 12 meses, à TAN de
8,90% a 24,90%.
(2)
(1)
AEG de 22,2%, para um montante
T
de 1 500 euros, com reembolso a 12
meses, à TAN de 20,75%.
REFORÇOS NA
«POUPANÇA»
ATRAVÉS DA
UTILIZAÇÃO
DE CARTÕES
4.º Objectivo Definir quanto
e quando poupar para gerir
a mesada dos jovens.
Transferências automáticas – os
cartões pré-pagos LOL Júnior e
LOL podem ter a funcionalidade de
poupança associada, que possibilita
transferir automaticamente para a
conta CaixaProjecto os valores que,
mensalmente, não forem utilizados
da mesada, a partir de dez euros.
Especialmente concebidos para
crianças e jovens até aos 15
anos, estes cartões pré-pagos
constituem um meio seguro de
5.o Objectivo Converter parte do
consumo em poupança.
Programas de cashback – a maioria
dos cartões da Caixa permite ao
Cliente poupar automaticamente,
pois uma percentagem do montante
gasto nas compras é transferida,
automaticamente, para a poupança:
Caixa Activa(2) reverte para uma
conta de poupança; Caixa Woman(3)
reverte para a conta de depósitos
à ordem; cartão Leve(4) alimenta o
Leve PPR; cartões Caixa ITIC FNE(5)/
Classic FNE(5) alimentam um fundo
de pensões ou a conta cartão; e o
cartão Classic(6) permite reduzir o
valor em dívida do cartão, uma vez
que reverte para a conta cartão.
6.o Objectivo Poupança do tipo
mealheiro.
Programa de arredondamento de
compras – ao efectuar compras
com determinados cartões, pode
cx
a rev i s ta d a ca i xa
53
f
finanças
Reforço automático numa conta
de poupança do capital e juros de
depósitos a prazo, quando atingem
o seu vencimento – as contas de
poupança da Caixa asseguram a
continuidade da poupança criada
pelo Cliente, com liquidez, após
a data de vencimento de alguns
depósitos a prazo, com reembolso
automático do capital e juros nas
contas de poupança. É o caso do
Caixa Aforro Poupe Mais, Depósito
Super Mais - 3 Anos, Depósito a
Prazo a 3 anos e Caixa PopPrazo.
com o caixa aforro poupe mais,
reforça automaticamente a sua
poupança no vencimento do depósito
FACILITADORES
DE POUPANÇA
7.O Objectivo Fixar um objectivo
de auto-poupança periódica e
automática.
Entregas programadas/
automáticas (da conta de
depósitos à ordem para contas
de poupança) – agendamento
automático, através do serviço
Caixadirecta ou em qualquer
Agência, de entregas
periódicas (ex.: todos os
meses) ou pontuais
(também no
Caixautomática),
por montantes
e frequência
adequados a cada
Cliente.
8.O Objectivo
Reforçar,
automaticamente, a
poupança no vencimento
dos depósitos a prazo.
9.O Objectivo Poupança
através da Gestão Automática de
Tesouraria.
GAT – oferece ao Cliente uma
gestão diária de liquidez, através
da transferência automática
para uma conta de poupança do
excedente da conta de depósitos à
ordem e vice-versa, de acordo com
limites máximo e mínimo de saldo
previamente estabelecidos pelo
Cliente. Disponível para Clientes
Caixazul e Clientes residentes no
estrangeiro.
Print
Educação+ Financeira
Até Abril de 2012, milhares de jovens, oriundos
de 20 cidades, vão poder visitar uma exposição interactiva
de literacia financeira, promovida pela Caixa e pela
Universidade de Aveiro.
Arrancou no dia 28 de Setembro e promete levar
de Norte a Sul vários conteúdos e jogos relacionados
com as questões financeiras que a todos se colocam no
dia-a-dia. Falamos do projecto Educação+ Financeira,
uma exposição itinerante de educação financeira, inserida
no PmatE (Projecto Matemática Ensino) e promovida
pela Caixa Geral de Depósitos e pela Universidade de
Aveiro. A iniciativa visa ajudar os mais jovens a adquirirem
os conhecimentos e as competências essenciais a um
desempenho consciente, esclarecido e responsável na
hora de tomarem decisões de índole financeira. Consulte
as datas da exposição na agenda (página 62).
Aprender a poupar
O Parque Kidzania foi o palco escolhido para a iniciativa
Semana da Poupança - Missão: Poupar é possível.
O Banco CGD da Cidade das Crianças (na Kidzania)
recebeu, no início de Novembro, a iniciativa Semana da
Poupança - Missão: Poupar é possível, levada a efeito pela
CGD com o objectivo de assinalar o Dia Internacional da
Poupança, promover a literacia financeira e incutir hábitos
de poupança nos mais jovens.
Esta acção, que assinalou a sua 3.a edição, consiste num
jogo, que permite às crianças aprenderem hábitos de
poupança. Para aquelas que conseguiram cumprir todos
os objectivos, houve diversos prémios, como pulseiras,
pins, t-shirts, monopólios e um mp4, bem como bilhetes
de criança para a Kidzania. E para que, em casa, possam
pôr em prática os ensinamentos adquiridos, todas as
crianças receberam uma caderneta da Caixa, na qual
podem registar o seu plano de gastos e entradas de
dinheiro, para que, juntamente com os pais, possam fazer
uma gestão mais equilibrada do seu dinheiro, planeando a
sua poupança.
Sabia que o cartão de crédito Caixa Classic(1) e os cartões Caixa Woman(2) têm um sistema de cashback que lhe devolve uma
percentagem do valor das compras que efectuar? Para que esse prémio lhe seja disponibilizado, apenas tem de usar os seus cartões no
dia-a-dia. Quanto mais compras efectuar, maior o retorno. Simples e cómodo!
Para potenciar ao máximo a sua poupança, pode, também, associar a estes cartões a funcionalidade de arredondamento das compras
realizadas, com o remanescente a reverter, automaticamente, para uma conta de poupança que detenha. Saiba mais em www.cgd.pt.
(1)
TAEG de 18,3%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,50%.
(2)
Cartão de crédito: TAEG de 23,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%.
54
cx
a rev i s ta d a ca i xa
finanças
f
irs
Pagar mais,
descontando menos
No próximo ano, o cinto vai continuar a apertar,
também em matéria de tributações: o IRS sobe à medida
que os tectos máximos para as deduções baixam
Por Ana Rita Lúcio
Foto: iStockPhoto
poder fazer qualquer abatimento, para além
de se pagar uma taxa extra de solidariedade
de 2,5 por cento.
Sempre que se aproximam as vésperas da noite de
passagem de ano, é habitual encontrarmos quem se
dedique a matutar em resoluções de ano novo a pôr em
prática assim que se puser o pé nas primeiras horas de
Janeiro. Variando de mente para mente e de vontade
em vontade, há-as mais ou menos elaboradas e mais
ou menos exequíveis. Seja curta ou extensa, há, no
entanto, um item que não pode faltar na lista de todos os
portugueses: fazer contas ao IRS, em 2012.
Com as novas regras trazidas a lume pelo Orçamento
de Estado para este ano – depois de ter sido discutido
no Parlamento, e que pode trazer mais novidades a
breve trecho –, há um denominador comum a todos os
escalões: as malhas do IRS apertam e não há agregado
que escape.
Porém, se o sinal é de aumento, este não ocorre
por via da subida das taxas de IRS. Ao contrário do
que tinha vindo a ser a tendência em anos anteriores,
para 2012, não foram actualizados os escalões de
rendimento colectável. O corte faz-se sentir, mas por
meio da redução dos valores máximos das despesas a
abater em sede de IRS. E há mesmo casos em que elas
desaparecem: os contribuintes com rendimentos acima
dos 66 mil euros deixam de poder abater despesas com
saúde e habitação e, no último escalão, para quem tenha
rendimentos acima de 153,3 mil euros, deixa de se
Limite às deduções
Saúde As despesas com saúde poderão
ser deduzidas até um máximo de 10 por
cento, com limite de dois IAS (Indexante de
Apoios Sociais), ou seja, 838 euros. Para os
agregados com três ou mais dependentes,
acresce uma majoração de 125 euros por
cada um dos dependentes, desde que todos
tenham despesas de saúde.
Educação Não há alterações nesta matéria.
Poderá deduzir 30 por cento das despesas de
educação e formação que não excedam 670
euros. À semelhança do que acontece nas
despesas de saúde, caso o agregado tenha
três ou mais dependentes, há uma majoração
de 125 euros por cada dependente.
Habitação Ao contrário do que aconteceu no
ano passado, deixa de ser possível deduzir
qualquer percentagem da quantia que se
entrega ao banco para amortizar o capital
de um empréstimo à habitação. Passa a ser
apenas possível amortizar até 15 por cento
dos juros pagos, até um máximo de 591
euros. No entanto, mesmo esta percentagem
dedutível será progressivamente reduzida
até 2016 e os novos contratos de crédito a
habitação, celebrados a partir do próximo
ano, estão excluídos desta dedução.
Pensão de alimentos O limite máximo de
dedução passa dos 1048 euros (2,5 IAS)
para 429,2 euros, a partir de Janeiro de
2012. Para além do corte, as pensões de
alimentos também vão entrar nas contas
para o máximo de dedução por escalão, lado
a lado com as despesas de saúde, habitação e
educação.
Print
Outras
novidades
Saiba o que mais esperar
na altura de fazer as contas
ao IRS, em 2012.
Os pais divorciados com
tutela partilhada das crianças
passam a puder deduzir
apenas 50 por cento da
dedução específica relativa a
cada filho.
O valor mínimo para a
tributação, em sede de IRS, do
subsídio de refeição baixa de
6,41 euros para 5,1 euros.
As indemnizações por
rescisões do contrato de
trabalho que ultrapassem um
vencimento mensal por cada
ano de trabalho também vão
pagar IRS.
As profissões de desgaste
rápido vão ver as suas
deduções reduzidas a um
máximo de 2096 euros,
correspondentes a seguros de
doença, de acidentes pessoais
e de vida.
Nos rendimentos financeiros,
a taxa liberatória sobre as
mais-valias bolsistas sobe
dos 20 para os 21,5 por cento,
enquanto que os rendimentos
de capitais vindos de contas
off-shore serão taxados a 30
por cento.
Os depósitos com prazo de
vencimento acima de cinco
anos vão deixar de contar
com taxas de IRS reduzidas.
Já os resgates de Planos
de Poupança Reforma fora
das condições previstas
inicialmente também sofrerão
penalizações.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
55
s
sustentabilidade
i p n
–
i n c u b a d o r a
Ideias que
ganham asas
Numa altura em que a palavra crise tomou conta
do léxico de todos os portugueses, há outra que se lhe opõe:
empreendedorismo. E, em Coimbra, o Instituto Pedro Nunes destaca-se
na tarefa de permitir que as ideias passem do papel à prática
Por Pedro Guilherme Lopes
«O
empreendedorismo é um
dos poucos antídotos de
que Portugal dispõe para
ultrapassar um período
complicado de ausência de
crescimento económico.»
As palavras são de Pedro Manuel Saraiva,
professor catedrático na Universidade de
Coimbra e vice-coordenador na Comissão de
Assuntos Económicos, Inovação e Energia,
por altura do lançamento do seu mais
recente livro, Emprendedorismo: do Conceito
à Aplicação, da Ideia ao Negócio, da Tecnologia
ao Valor. Ainda em declarações à Lusa, Pedro
Saraiva defendeu a importância de inverter
a tendência de crise, «o que pressupõe uma
atitude empreendedora enquanto forma de
alterar o status quo e de criar novas realidades
capazes de gerar valor económico».
56
cx
a re v i s ta d a c a i xa
E se é verdade incontornável que, sem
iniciativas empresariais válidas, o nosso
País corre o risco de estagnar, não é menos
verdade que nem sempre é fácil lidar
com um caminho repleto de desafios, de
oportunidades e de obstáculos. A vontade
nem sempre é tudo quando se pretende
avançar com um projecto, e é aqui que
pode tornar-se fundamental a presença
de instituições que funcionam como
incubadoras.
«as ideias excelentes
atraem os recursos
necessários»
A melhor do mundo
E quando se fala em incubadoras é
impossível não destacar a do Instituto Pedro
Nunes (IPN – Incubadora), considerada,
em 2010, a melhor incubadora de base
tecnológica do mundo.
Criado em 1991, por iniciativa da
Universidade de Coimbra, o Instituto Pedro
Nunes (IPN) – Associação para a Inovação
e Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia
assenta a sua actuação e missão em três
frentes que se complementam: investigação e
desenvolvimento tecnológico, consultadoria
e serviços especializados, incubação de
ideias e empresas e formação especializada e
divulgação de ciência e tecnologia.
Seguindo uma cultura de inovação,
qualidade, rigor e empreendedorismo, o
IPN coloca os seus seis Laboratórios de
Print
completo com a formação dirigida a jovens
empreendedores.
O sucesso tem sido visível ao longo destes
15 anos de trabalho, não admirando
a recente distinção com o selo de qualidade
de Business Innovation Centre (BIC),
o que faz com que o Instituto Pedro Nunes
integre, hoje, a EBN – European Business
& Innovation Centres Network, uma rede
de centros que têm como objectivo
contribuir para a criação de novas
pequenas e médias empresas (PME) que
se destaquem pela inovação, sem esquecer
o desenvolvimento e modernização das
empresas já existentes. E é, precisamente,
por se apresentar, também, como um
agregador de empresas que o IPN e
outras incubadoras são uma ferramenta
imprescindível para a criação
de novas oportunidades e novos negócios.
Passo a passo para
se candidatar a um lugar
na incubadora
Ilustração: iStockPhoto
Desenvolvimento Tecnológico e o acesso
privilegiado a uma rede de investigadores do
Sistema Científico e Tecnológico ao serviço
da sua incubadora de empresas, criada em
1996. Aqui, as empresas dispõem de fácil
acesso ao sistema científico e tecnológico e
de um ambiente que proporciona o alargar
de conhecimentos em matérias como a
qualidade, a gestão, o marketing e o contacto
com mercados nacionais e internacionais.
E, através da sua incubadora, o IPN
promove a criação de empresas spin-offs,
apoiando ideias inovadoras e de base
tecnológica vindas dos seus próprios
laboratórios, de instituições do ensino
superior, em particular da Universidade
de Coimbra, do sector privado e de
projectos de I&DT em consórcio com a
indústria. Este ajudar a «sair do ninho» fica
Passado, presente, futuro
Nestes 15 anos de actividade, a incubadora
de empresas do IPN (mais de 1700 metros
quadrados, divididos em mais de 50 salas)
viu o seu nome associado ao nascimento de
cerca de 140 empresas e à criação de mais
de 1500 postos de trabalho. Albergando,
actualmente, 40 empresas no programa
de incubação física e 40 no de incubação
virtual, a incubadora caminha a passos
largos para duplicar estes números, fruto
da abertura da TecBis – Aceleradora de
Empresas, agendada para o final de 2012
ou início de 2013.
Esta nova infra-estrutura tecnológica do
Instituto Pedro Nunes terá como missão
apoiar o crescimento e a consolidação de
empresas inovadoras de elevado potencial,
impulsionando a atracção e fixação de
recursos humanos altamente qualificados e
prestando auxílio na sua internacionalização.
Muitas das empresas que estão,
actualmente, na incubadora deverão passar
para a aceleradora, abrindo espaço para
que novas ideias cresçam no aconchego do
«ninho». Porque, como defende João Gabriel
Silva, reitor da Universidade de Coimbra,
em entrevista à revista Visão, «não podemos
estar à espera de financiamentos para
ter ideias. Um número muito elevado de
empresas que se tem formado no IPN surgiu
de ideias. [...] E as ideias excelentes atraem
os recursos necessários».
1,2,3… negócio!
• Submeta a ficha de pré-candidatura, descrevendo, de
forma sintética, a actividade,
serviço ou produto que
pretende desenvolver
e identificando todos os
promotores desse mesmo
projecto.
• Prepare-se para uma
reunião com o director da
incubadora.
• Se, após essa reunião, o
seu projecto for considerado
enquadrável, terá de submeter
uma candidatura formal e mais
detalhada, que incluirá um plano
de negócios. A incubadora
prestará auxílio na elaboração
desta candidatura formal,
que será apreciada por uma
comissão de avaliação.
• Se a sua ideia for
mesmo vencedora, terá
imediatamente reservado
o módulo de incubação
pretendido.
• Agora, é agarrar e lutar pelo
seu sonho, sabendo que conta
com o apoio de um Instituto
que lhe oferece uma rede
de contactos privilegiada,
o acesso aos laboratórios
e, inclusivamente, espaço
físico e serviço de logística
para o arranque do seu
projecto (e isso representa
não ter de se preocupar com
questões como as contas
de electricidade, água ou
telefone ou com o acesso à
Internet e ter à sua disposição
serviços de recepção,
secretariado, segurança,
limpeza e reprografia, podendo
concentrar-se, totalmente,
no desenvolvimento
da sua ideia).
Saiba mais em www.ipn.pt.
cx
a re v i s ta d a c a i xa
57
sustentabilidade
A no I nte r nacional das F lo r estas
Floresta, a Nossa
Herança Global
Concurso fotográfico inserido no âmbito do Ano Internacional
das Florestas revela-se enorme sucesso
Despertar e promover a sensibilização
dos cidadãos para a necessidade de
conhecerem, gerirem e preservarem os
nossos ecossistemas florestais. Foi esta a
ideia que esteve na origem do concurso de
fotografia Floresta, a Nossa Herança Global,
uma iniciativa da Caixa Geral de Depósitos
e da Liga para a Protecção da Natureza
(LPN), com o apoio da Autoridade Florestal
Nacional, da Olhares e da Yunit.
O tema escolhido propunha várias
abordagens relativamente à Floresta,
permitindo que o registo fotográfico
captasse diferentes olhares e aspectos da
vida do ecossistema florestal do País: as
paisagens florestais de espécies autóctones
ou introduzidas; as árvores singulares; a
diversidade da vegetação, estratos arbóreos,
arbustivos e herbáceos; os animais que
habitam as nossas florestas; as vidas e os
habitats em perigo de extinção; outras formas
de vida na floresta; a intervenção humana;
os perigos e as ameaças; o registo de crimes
ambientais. E a resposta àquele que foi
considerado o concurso de fotografia oficial
do Ano Internacional das Florestas não se
fez esperar, com 802 pessoas a enviarem
cerca de duas mil fotografias. Depois da
fase de avaliação de todos os trabalhos
recebidos on-line, coube ao júri seleccionar
as dez fotografias finalistas e premiar os
participantes que souberam, através do
seu olhar fotográfico, transmitir a «Melhor
Mensagem», a «Melhor Fotografia» e a
«Floresta Autóctone».
mesa Daniel Campelo, secretário
de Estado das Florestas
e Desenvolvimento Rural;
Paula Viegas, da CGD; Alexandra
Cunha, presidente da Liga
para a Protecção da Natureza
58
cx
a re v i s ta d a c a i xa
O anúncio dos vencedores foi feito no dia
23 de Novembro, Dia Mundial da Floresta
Autóctone. A data assinalou, igualmente,
a inauguração da exposição das melhores
fotografias do concurso, que estiveram
patentes ao público no átrio central do
Edifício-Sede da Caixa Geral de Depósitos
até ao dia 7 de Dezembro de 2011. A data
serviu, ainda, para a realização do debate
«Floresta Portuguesa: que Futuro?», cuja
sessão de abertura contou com a presença
Print
Portugal,
a Europa e o Mar
CGD patrocinou evento
organizado pelo Expresso.
No passado dia 25
de Novembro, teve lugar,
no Hotel Palácio Estoril,
a conferência «Portugal,
a Europa e o Mar, uma
Estratégia para o Século XXI»,
uma iniciativa organizada
pelo Expresso e que contou
com o apoio da Caixa.
O evento foi dirigido,
sobretudo, a empresários
e quadros superiores de
empresas e entidades com
interesses nas áreas ligadas
à economia do mar, tendo
registado a presença de cerca
de 250 participantes. No papel
de oradores, a conferência
contou com José Manuel
Durão Barroso, presidente
da Comissão Europeia,
Álvaro Santos Pereira, ministro
da Economia, Manuel Pinto
de Abreu, secretário
de Estado do Mar, e Tiago
Pitta e Cunha, especialista
em assuntos marítimos,
entre outros. Já António
Nogueira Leite,
vice-presidente da Comissão
Executiva da CGD,
assegurou a apresentação
«A importância do capital
para o desenvolvimento
da economia do mar».
do secretário de Estado das Florestas e
Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo,
e com os representantes da CGD e LPN.
Arminda Deusdado, coordenadora
do programa televisivo Biosfera,
moderou o debate, onde foram apresentadas
comunicações de relevância para
o conhecimento sobre a gestão e produção
florestal, bem como as estratégias
futuras para a prevenção dos incêndios
florestais.
Fotos: Estúdio João Cupertino
s
s
sustentabilidade
lançou o projecto, em Junho passado, foram
encarados três problemas sociais específicos:
a dificuldade sentida pelos mais velhos na
transição da vida activa para a reforma; o
problema das famílias sobreocupadas, com
dificuldade em conciliar a vida familiar com
compromissos profissionais desgastantes (que
às vezes incluem dois ou três empregos), e o
desafio das chamadas «famílias-sanduíche»,
cujos rendimentos são suficientes para as
desqualificarem do acesso aos apoios sociais
do Estado mas não chegam para pagar todas
as contas. Os trabalhos resultaram em seis
ideias, que estão a ser desenvolvidas e que
darão origem a planos concretos de novos
projectos e negócios sociais.
co-lab
O lugar da inovação
O novo site do Co-Lab social quer ser um ponto
de encontro para novas ideias, capazes de dar resposta
aos grandes problemas sociais do País
Por João Paulo Batalha
É uma nova vida para um projecto
inovador. O Co-Laboratório de Inovação
Social, lançado em Junho passado pela Caixa
Geral de Depósitos e a associação Tese,
reformulou o seu site na Internet (www.
colabsocial.com) para se lançar numa nova
fase: criar um grande laboratório virtual de
debate e partilha de experiências sobre os
problemas sociais do País. O objectivo é fazer
60
cx
a re v i s ta d a c a i xa
deste espaço um rastilho para gerar novas
ideias, capazes de reinventar a forma como
olhamos para os problemas sociais.
A filosofia é a mesma que presidiu ao
lançamento do projecto: juntar membros
dos sectores público, privado e social para,
em conjunto, encontrar novas formas de
abordagem às questões sociais. No evento que
Numa primeira fase, o novo portal quer
colocar em cima da mesa o tema da inovação
social, explorando modos de usar o potencial
das novas tecnologias e das novas ferramentas
de comunicação para criar formas mais
participativas de mobilizar esforços no ataque
às principais carências e dificuldades sentidas
pela população. Para isso, a associação Tese
emprega o seu conhecimento da realidade
social portuguesa – e dos recursos do terceiro
sector –, cabendo à Caixa o papel de «ninho
de inovação social», acolhendo e encorajando
as ideias e os projectos dos empreendedores
sociais.
Mais do que apenas gerar debate, todo o
Co-Laboratório tem ambições práticas: gerar
ideias concretas – e concretizáveis – e dar
aos projectos o enquadramento e os recursos
de que precisam para vingar. Porque as
soluções do futuro dependem das energias do
presente.
Foto: Jasper White
Agora, pretende-se prosseguir o
trabalho. A remodelação do site do Co-Lab
foi além daquilo que fora já feito e tem,
agora, novas áreas e novos conteúdos. No
novo portal, podem encontrar-se novidades
sobre inovação social, actualizações sobre as
ideias em desenvolvimento e um conjunto
diversificado de recursos – tais como artigos
de imprensa, vídeos com especialistas
internacionais na matéria, informações
sobre o financiamento de projectos ou
estudos de caso. Trata-se de criar recursos
de aprendizagem capazes de mobilizar
as pessoas, numa lógica de partilha de
experiências e de troca livre de ideias.
agenda
Exposições
Sugar Blue
Vieira da Silva - Gerardo
Rueda: Um Diálogo
Convergente
28.1
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Até 22.1
Fundação Arpad Szenes - Vieira da
Silva, Lisboa
Com a colaboração da Fundação
Gerardo Rueda, a Fundação
Arpad Szenes - Vieira da Silva
apresenta esta exposição,
comissariada por Bernardo Pinto
de Almeida, que reúne e coloca
frente a frente a obra dos dois
artistas, revelando o diálogo
sensível e intuitivo que transpira
deste encontro. Os Clientes da
Caixa Geral de Depósitos têm
um desconto de 50% na entrada,
mediante a apresentação de um
cartão de débito ou crédito da
CGD (não acumulável com outros
descontos).
Nesta nova peça, Lia Rodrigues
prossegue o seu trabalho sobre a
noção de colectivo e as complexas
relações entre o grupo e o
indivíduo. Este questionamento era
já um elemento-chave de Pororoca
(que a Culturgest apresentou no
seu Grande Auditório, em Abril de
2010), mas neste novo projecto,
com 11 intérpretes, a coreógrafa
usa como ponto de partida as
histórias pessoais, histórias que
misturam a vida quotidiana e o
sonho, abordando o colectivo do
ponto de vista do indivíduo, da
sua percepção singular das coisas
e dos seus estados corporais
singulares.
Até 14.4
m|i|mo - Museu da Imagem
em Movimento, Leiria
EDUCAÇÃO+ Financeira
Música
O projecto de itinerância
da colecção da Caixa Geral
de Depósitos apresenta
a sua terceira edição.
A exposição Zona Letal,
Espaço Vital procura aproximar
o espectador de algo a que,
geralmente, não tem acesso –
o processo criativo –, mostrando
que as obras não são o resultado
de um desenvolvimento linear.
O Projecto Educação+ Financeira
é uma iniciativa conjunta da
Universidade de Aveiro e da CGD,
através do Projecto Matemática
Ensino, que visa sensibilizar a
população para as questões da
literacia financeira. Este projecto
de educação para as finanças
pessoais visa contribuir para a
formação de uma geração mais
informada e mais consciente dos
desafios financeiros do dia-a-dia.
Até 26 de Abril passará por:
Zona Letal, Espaço Vital
Condições exclusivas Para
cartões cgd
40% de desconto na aquisição
de até 2 bilhetes por espectáculo
e exposição aos titulares
dos cartões Caixa Fã, ITIC, ISIC,
CUP e Caixa Activa.
30% de desconto na aquisição
de até 2 bilhetes por espectáculo
e exposição aos titulares
dos cartões Caixa Gold,
Caixa Woman, Visabeira
Exclusive, Leisure e Caixadrive.
62
Dança
cx
a re v i s ta d a c a i xa
Piracema
21 e 22.3
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Até 26.4
Exposição itinerante
17 a 19 de Janeiro
Trofa
24 a 26 de Janeiro
Coimbra
31 de Janeiro a 2 de Fevereiro Óbidos
7 a 9 de Fevereiro
Torres Novas
14 a 16 de Fevereiro
Sousel
28 de Fevereiro a 1 de Março Alcochete
6 a 8 de Março
Évora
13 a 15 de Março
Albufeira
20 a 22 de Março
Barcelos
10 a 12 de Abril
Castelo Branco
17 a 19 de Abril
Vidigueira
23, 24 e 26 de Abril
Competições
Nacionais de
Ciência 2012,
Universidade
de Aveiro
Mika Vainio
27.1
Fundação CGD - Culturgest, Porto
Figura decisiva na música
europeia nas últimas duas
décadas, quer enquanto membro
dos Pan Sonic ou através do
heterónimo Ø, Mika Vainio vem à
Culturgest, no Porto, na sequência
do seu brilhante e mais recente
trabalho, Life (It Eats You Up...).
electrónica A música de Mika
Vainio oferece paisagens sonoras
Em 1978, os Rolling Stones
conquistavam, pela oitava vez,
um primeiro lugar nos tops
americanos, com Miss You, um
tema que não era tocado por
nenhum dos Stones, mas por
um músico nascido no Harlem,
em 1949, e que o recentemente
entrado para o grupo Ron Wood
descobrira tocando... nas ruas de
Paris! O seu nome? Sugar Blue.
Teatro
Forest Fringe
17, 18, 19.2
Vários espaços da Culturgest
Forest Fringe é uma organização
sem fins lucrativos, gerida
por artistas, que começou em
2007. Meia década depois, a
sua programação no Festival
de Edimburgo tornou-se
reconhecida enquanto espaço de
experimentação, generosidade e
aventura comunitária.
Top Models
De 7 a 10.3
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Depois de Shoot the Freak, em
2010, a companhia Cão Solteiro
e André e. Teodósio regressam
à Culturgest com Top Models.
«Paula Sá Nogueira será a
segunda habitante a tomar uma
forma, depois de Susana Pomba
(um mito urbano). A forma de
um bestiário», refere André e.
Teodósio, membro do Teatro
Praga e autor de Cenofobia para
os PANOS 2010. Top Models
é um trabalho dedicado aos
«incógnitos, os meus, aqueles
que não se sabe se ficarão para
a História, mas que passarão a
ter um bilhete de identidade e
a pagar quotas». Transformar
os amigos em protagonistas,
por contraponto àqueles que
desconhecemos e cujos nomes
enchem a História. Às 21h30.
Fotos: Sammi Landweer (Piracema); D.R.
a
cultura
1. O Caso Rembrandt
Daniel Silva
Bertrand
Um grande thriller, com
personagens muito bem
construídas e uma narrativa
que nos levam a não querer
parar de ler. Um grande
regresso daquele que é
considerado um dos melhores
jovens autores norte-americanos de literatura
de espionagem.
2. O Quarto de Jack
Emma Donoghue
Porto Editora
Impossível resistir à história
deste menino para quem o
mundo se resume ao quarto
onde a mãe tem sido mantida
contra a sua vontade.
(€ 14,94, na Wook on-line)
3. O centenário
que fugiu
pela janela
e desapareceu
as escolhas de...
Pedro
Abrunhosa
Músico
Jonas Jonasson
Porto Editora
No dia em que Allan Karlsson
celebra 100 anos, toda a
cidade o aguarda para uma
grande festa em sua honra.
Mas Allan tem outros planos…
(€ 14,94, na Wook on-line)
(€ 15,98, na Wook on-line)
8. Lioness:
Hidden Treasures
Amy Winehouse
Universal
Uma dúzia de canções que
incluem inéditos e versões
alternativas de canções
emblemáticas da autoria
da cantora que nos deixou
demasiado cedo.
c
Enquanto prepara dois
grandes espectáculos
nos coliseus de Lisboa e
do Porto, o músico, cantor
e compositor deixa-nos
algumas sugestões.
Com que Voz, um
documentário sobre Alain
Oulman, o homem que
revolucionou o fado ao
lado de Amália Rodrigues,
é a escolha cinematográfica
de Pedro Abrunhosa, que
se faz acompanhar pelo
recente álbum de Fausto,
Em Busca das Montanhas
Azuis, e tem na cabeceira
o livro de Valter Hugo Mãe,
O Filho de Mil Homens.
(€ 15,99, na Fnac on-line)
7. Soul is Heavy
Nneka
Sony Music
As batidas do hip-hop,
o groove do reggae, uma
espectacular secção de
metais e a pop africana
servem de base à
inconfundível voz de Nneka.
(€ 16,99, na Fnac on-line)
6. O Que Você Quer
Saber de Verdade
Marisa Monte
EMI Music
Chega finalmente até nós o
oitavo trabalho de originais de
Marisa Monte, nome maior da
música brasileira, reconhecida
pela sua capacidade de fazer a
ponte entre a tradição e a pop
contemporânea.
(€ 14,99, na Fnac on-line)
5. As Aventuras
de Pinóquio
Stella Gurney
4. O Caderno
de Maya
Isabel Allende
Porto Editora
Com fantásticas ilustrações
de Zdenko Bašić e diversas
janelas pop up, esta é uma
adaptação da clássica história
que agradará a miúdos e
graúdos.
Isabel Allende regressa
com uma criativa, divertida
e convincente história,
onde, uma vez mais, prova
a sua mestria para escrever
romances em que a
personagem central mostra
toda a força do sexo feminino.
(€ 14,85, na Fnac on-line)
(€ 17,01, na Fnac on-line)
Arte Plural
cx
a rev i s ta d a ca i xa
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c
cultura
M e t r o p o l i ta n a d e L i s b oa
20 anos a tocar
o futuro
A comemorar duas décadas de vida, não tem poupado
esforços para que a música e o seu ensino chegue a cada vez mais gente.
O maestro Cesário Costa explica como e porquê. Projectos não faltam
Por Andreia Simões
Instituição de referência nos domínios do ensino
da música e da promoção da cultura musical, tem, desde
a sua fundação, em 1992, como grandes preocupações e
responsabilidade social chegar a um público cada vez mais
vasto, a excelência e a divulgação da música enquanto
agente promotor de desenvolvimento da sociedade,
de integração social e de criação de emprego. A sua
actividade pauta-se, pois, por uma grande intensidade,
inovação e proximidade com a população. Só em 2010,
contabilizou quase 500 actuações. Vai a escolas,
a empresas e aos mais diversos locais onde a sua presença
é requerida. «Em vez de estarmos à espera que sejam as
pessoas a vir ter connosco, vamos nós ter com elas, pelo
que se revela muito gratificante para nós sermos muito
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cx
a rev i s ta d a ca i xa
solicitados por outras entidades, o que nos leva a crer que
somos uma referência nesta área», diz o maestro Cesário
Costa. E são. Por aqui passaram, como alunos, muitos dos
nomes que, hoje, fazem parte do panorama da música
clássica no nosso país, como a maestrina Joana Carneiro
ou os maestros Alberto Roque, Pedro Neves, Rui Massena,
entre outros, bem como excelentes instrumentistas, o
que mostra que «estes 20 anos permitiram criar uma
nova geração de músicos profissionais e de maestros que,
sem dúvida, são fundamentais na actividade musical em
Portugal e no que a Orquestra Metropolitana tem sido
capaz de inventar ou reinventar em relação à música neste
século XXI», explica. E dá exemplos, como a actuação
sobre um vulcão desactivado em Cabo Verde, o facto
Maestro Cesário Costa
Fotos: D.R. (Orquestra Metropolitana de Lisboa); Miguel Manso (Maestro Cesário Costa)
«Não devemos ter
receio de arriscar»
As opiniões são unânimes em
considerá-lo um dos mais activos
maestros portugueses da actualidade.
Pianista de formação, um dia rumou
à Alemanha para estudar Direcção
de Orquestra. Dirigiu, então, algumas
das mais reputadas, como a Royal
Philharmonic Orchestra, a Orquestra
Sinfónica de Nuremberga, a Orquestra
Sinfónica Portuguesa ou a Orquestra
Gulbenkian, entre outras. À frente da
Metropolitana como presidente e director
artístico desde 2008, o balanço que faz
não podia ser mais positivo: «tenho a
sorte e o privilégio de trabalhar numa
instituição única». Além disso,
é, também, maestro-convidado da
Orquestra do Algarve. Para o futuro,
Cesário Costa pretende continuar
a desenvolver o seu trabalho aqui e
além-fronteiras, de preferência
em equipa, e mostrar ao mundo
compositores portugueses, nessa
linguagem universal que é a música.
«O que mais me agrada nesta actividade
é, precisamente, usufruir daquilo que
a música me permite realizar e poder
desenvolvê-la relacionando-me com
outros músicos, com outras pessoas»,
diz. O seu maior desafio… «ser capaz de
levar as pessoas a ver e a sentir a música
de outra forma, sem nos prendermos
a modelos gastos, e tentando sempre
surpreender, pois julgo que só dessa
forma conseguimos marcar a diferença.
Para isso, não devemos ter receio de
arriscar nem de pensar em novas formas
de apresentar a música, para que ela
possa reinventar-se diariamente».
de apresentar dezenas de obras em estreia absoluta e a
preparação de um concerto com os Deolinda para 2012.
A estrutura organizacional da instituição compreende
três orquestras: a Metropolitana de Lisboa, que tem
um efectivo de 36 músicos profissionais; a Académica
Metropolitana, formada pelos alunos que frequentam a
academia superior; e a Sinfónica Metropolitana, que junta
as duas formações anteriores com o objectivo de trabalhar
um tipo de repertório que não pode ser interpretado
pelas outras formações separadamente. Relativamente ao
ensino da música, tem uma oferta modelada por critérios
de grande exigência qualitativa mas diversificada a vários
níveis, desde o universitário, com a Academia Superior
de Orquestra, ao secundário, com a Escola Profissional,
passando pelo conservatório, que dá respostas no
domínio do ensino especializado extra-escolar.
Disponibiliza, igualmente, um mestrado, em parceria com
a Universidade Lusíada, sendo de referir, ainda, o projecto
pedagógico que desenvolve na Casa Pia.
Pensar a posteridade
«20 anos – Tocar o futuro» constitui a ideia-chave para
2012. Mas a intenção do slogan é que seja um ponto de
partida para a vivência de outros tantos ou mais anos. Para
que isso seja uma realidade, uma das grandes apostas recai
na intensificação das parcerias com outras instituições.
«A Metropolitana não vive num planeta isolado, tem,
exactamente, os mesmos problemas de outras instituições,
pelo que tentamos trabalhar em colaboração com outros
parceiros, pois achamos que toda a gente fica a ganhar. É
a nossa forma de estar e de agir, ou seja, estarmos abertos
e sempre disponíveis para construirmos projectos com
os outros», refere Cesário Costa. Por outro lado, importa,
igualmente, diversificar ao máximo a programação e
desmistificar o «elitismo» que possa ainda estar associado
à música clássica: «Não temos uma sala de concertos
própria, pois somos uma orquestra itinerante, por isso,
entendemos que a programação tem de ser muito ampla,
indo desde a música barroca até à contemporânea. Além
disso, uma orquestra deve estar aberta a todo o tipo de
obras e repertório que possa chegar a um público cada vez
mais vasto. Há que encontrar formatos de concertos que
possam fugir à rotina, de modo a que as pessoas possam
ser surpreendidas pela oferta que a música clássica
permite e não pensar que esta é só para alguns».
Em 2012, e para assinalar duas décadas de existência,
a Metropolitana vai repor alguns dos grandes sucessos da
temporada anterior, por exemplo, Uma Salada Bizarra,
um projecto que envolveu músicos e actores, com
textos do autor e comediante Karl Valentin, vai fazer um
concerto em Bruxelas, no dia 10 de Junho, e pretende
recuperar, de uma forma simbólica, muitas das obras que
a orquestra encomendou a compositores portugueses ao
longo destes 20 anos para voltar a tocá-las novamente.
Print
o Projecto
Orquestras
No âmbito das acções de
apoio directo a actividades
culturais, a Caixa tem como
objectivo principal promover
a descentralização cultural
e a criação de novos públicos.
Resultante de parcerias com
a Orquestra Metropolitana
de Lisboa, a Orquestra do
Norte, a Orquestra do Algarve
e a Orquestra Clássica do
Centro, o Projecto Orquestras
vai ao encontro desses
objectivos, consistindo num
apoio mecenático da CGD,
direccionado, especialmente,
para a realização de acções
pedagógicas dedicadas
às crianças e famílias,
bem como à promoção de
concertos de música clássica
tradicional e de fusão, com
outras vertentes artísticas.
E se, inicialmente, eram
promovidos concertos
exclusivos, nos últimos anos,
a primazia recai na realização
de acções potenciadoras da
criação de novos públicos.
Para Cesário Costa, este
projecto tem ainda permitido
que as orquestras possam
desenvolver trabalho conjunto
não só na área em que estão
inseridas como fora dela,
destacando a apresentação
de peças escritas para duas
orquestras. Ao abrigo deste
projecto, já se realizaram e/
ou apoiaram mais de 350
concertos, de entrada gratuita
ou a preços simbólicos, que
visam potenciar a apetência
do público para a frequência
de eventos culturais e facilitar
o acesso à cultura por parte de
sectores menos favorecidos,
nomeadamente em termos
de distanciação dos grandes
centros culturais.
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vintage
P o u pa n ça
Livrinho mealheiro
Sinónimo de dinheiro em caixa, as cadernetas que se
abrem para o registo de todos os movimentos dos depositantes
prestam contas à poupança
Por Helena Real
factos
Assim foi
em 1876
Enquanto as primeiras
cadernetas da CGD se
abriam, virava-se mais
uma página da História.
1.
O Christiania Theater,
em Oslo, recebe, a 24 de
Fevereiro, a estreia da peça
Peer Gynt, de Henrik Ibsen,
pouco mais de uma década
depois de ter sido publicada.
O título, entregue como garantia de depósitos e
onde se registam todos os movimentos accionados
pelo depositante, tem uma forte ligação com a
origem da própria Caixa Geral de Depósitos.
Quando o banco público foi fundado, visava a
criação de uma instituição financeira que operasse
como estímulo à poupança e como financiadora
das despesas do próprio Estado.
volta de 1900, a Caixa Económica Portuguesa
destacava-se já como o mealheiro das famílias
menos abastadas. A diversidade dos titulares de
cadernetas de depósito demonstra a popularidade
desta actividade. A Caixa Geral de Depósitos
atingia, nesta altura, em termos de saldo dos seus
depósitos, um quinto do conjunto dos depósitos
do sistema bancário.
Na aprovação do projecto de criação de uma
«caixa de depósitos», já vigorava a vontade de
viabilizar a concessão de certos privilégios aos
depositantes. O projecto tinha, também, uma
função de criar uma instituição que chegasse,
através de Agências, às classes menos abastadas.
As cadernetas tornaram-se num elemento
identificativo das poupanças. Em 1923, a
Administração determinou que se distribuíssem
400 cadernetas infantis a favor de menores de 12
anos, para serem atribuídas a crianças provenientes
de famílias carenciadas, cujo saldo inicial foi de
10$00.
Por ocasião das comemorações do Dia
Mundial da Poupança, a 31 de Outubro, a Caixa
tem desenvolvido, também, várias iniciativas,
nomeadamente a emissão de cadernetas infantis
produzidas para o efeito, como forma de incentivo
à poupança.
As cadernetas sobreviveram até aos nossos dias,
variando no tamanho e na cor; têm apenas sofrido
alguns ajustamentos de imagem. Mesmo com a
extinção da Caixa Económica Portuguesa na lei
orgânica de 1969, a Caixa conservou estes títulos
emblemáticos, fiéis elementos que caracterizam,
de forma particular, os Clientes da Caixa Geral de
Depósitos.
No Regulamento Provisório da Caixa Geral de
Depósitos, de 6 de Dezembro de 1876, era prevista
a entrega, a cada depositante, de uma caderneta,
onde se registava, por débito e crédito, todas as
quantias depositadas e levantadas e respectivos
juros, de acordo com os movimentos sucessivos da
conta-corrente, como consequência de depósitos
voluntários em dinheiro.
A Caixa Económica Portuguesa, administrada
pela Caixa Geral de Depósitos, foi criada em 26 de
Abril de 1880, tendo vindo, desde aí, a promover
a actividade do banco. A sua função prendia-se
com a angariação de pequenas poupanças. Por
66
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a rev i s ta d a ca i xa
2.
Alexander Graham Bell
patenteia a invenção do
telefone, a 7 de Março.
3.
A rainha Vitória de
Inglaterra recebe o título
de imperatriz da Índia .
4.
O médico, escritor e
dramaturgo português
Júlio Dantas nasce em Lagos.
5.
O centenário da
independência dos
Estados Unidos é marcado
pela inesperada derrota
do Sétimo Regimento de
Cavalaria do Exército dos EUA
perante as forças indígenas
das tribos lakota, cheyenne e
arapaho.
6.
7.
Nasce a célebre espiã e
dançarina Mata Hari.
Sérvia e Montenegro
declaram guerra ao
Império Otomano.
8.
A 1 de Agosto, o Colorado
torna-se o 38.º Estado
norte-americano.
9.
É publicada a primeira
edição das Aventuras de
Tom Sawyer, de Mark Twain.
10.
Rutherford B. Hayes é
eleito o 19.º Presidente
dos Estados Unidos da
América.
QUANTOS DESEJOS
_
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