Anais do II Seminário Nacional Literatura e Cultura
Vol. 2, São Cristóvão: GELIC, 2010. ISSN 2175-4128
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COTIDIANO E EXPERIÊNCIA URBANA NA POESIA DE MÁRIO DE ANDRADE E MARIA
DA CONCEIÇÃO PARANHOS
Ricardo Pacheco Reis (Mestrando/UEFS)
“Não é apenas no uso de imagens da vida comum, não apenas
nas imagens da vida sórdida de uma grande metrópole, mas na
elevação dessas imagens a uma alta intensidade – apresentando-a
como ela é, e não obstante fazendo que ela represente
alguma coisa além de si mesma – que Baudelaire criou uma
forma de alívio e expressão para outros homens.”
T. S. Eliot, “Baudelaire”, 19301
Com o surgimento das grandes cidades no século XIX, influenciadas fortemente pelo
processo
de
desenvolvimento
técnico-científico,
surgem
também
as
multidões,
consequentemente, massificadas e massificando os diversos aspectos da vida humana. A
partir de então, uma nova maneira de agir e pensar passa a nortear a vida das pessoas que
viviam nos centros urbanos, transformando radicalmente as relações sociais e humanas,
marcando, assim, o nascimento de uma nova era.
Nas artes, uma nova estética toma corpo, passa a refletir os anseios e conflitos
dessa nova geração, que vive em meio a esse turbilhão de acontecimentos, que, de certa
forma, conduzem à perda dos valores pessoais e, em certa medida, da própria identidade
cultural. Na literatura, o poeta Charles Baudelaire, foi quem primeiro manifestou o impacto
dessas transformações em suas “percepções artísticas”, inaugurando assim, a lírica
modernista de cidades na segunda metade do século XIX, como podemos ler nos versos
iniciais do poema “Os sete velhos”:
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In: Berman, Marshall. “Tudo que é sólido desmancha no ar”; Fragmento de abertura do capítulo 3 da obra.
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Cidade a fervilhar, cheia de sonhos, onde
O espectro, em pleno dia, agarra-se ao passante!
Flui o mistério em cada esquina, cada fronde,
Cada estreito canal do colosso possante.
No decorrer do século XX, a lírica urbana toma novo fôlego e cada vez maior e
definido, passando a registrar as experiências vividas na modernidade, espaço este em que
o poeta se coloca tão necessariamente como artista criador e cidadão. A literatura brasileira
possui um acervo muito grande de manifestações artísticas desse tipo. Alguns autores
tiveram a preocupação de trazer em suas obras as imagens que traduzem a vida, assim
como a cultura desenvolvida nos grandes centros urbanos brasileiros. Mário de Andrade foi
o nosso primeiro autor modernista a desenvolver um projeto consciente de literatura de
cidades. Com o Prefácio Interessantíssimo, lança as bases do Modernismo brasileiro em
Paulicéia Desvairada, seu primeiro livro modernista, em que, já no poema de abertura,
indica que é a cidade de São Paulo, o motivo maior de sua inspiração:
INSPIRAÇÃO
São Paulo! Comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
Perfumes de Paris... Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...
São Paulo! Comoção de minha vida...
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Dentro desta mesma linha, desenvolve-se parte da obra de Maria da Conceição
Paranhos, sobretudo os livros Delírios do ver e parte de As esporas do tempo, que
focalizam principalmente o indivíduo e sua condição diante das múltiplas facetas que a
metrópole se lhe apresenta.
A poesia de Mário de Andrade, assim como a de Maria da Conceição Paranhos
manifesta fortes características da vida urbana. Seus poemas estão impregnados de
sentidos de modernidade e traduzem metaforicamente as imagens que remetem às
experiências vividas, nesse palco de constantes transformações, que é a “urbis”.
Desde os primeiros poemas de Paulicéia, Mário passeia pela cidade de São Paulo
para poder observá-la e senti-la em toda sua extensão. Para Aleilton Fonseca, a percepção
crítica do autor “deixa-o em constante alerta e o seu olhar é mais de perquirição do que
simplesmente contemplativo”. O poeta movimenta-se pela cidade, através de contradições,
afetos, observações de beleza e sensatez, na tentativa de um “desvelamento
autobiográfico”. Ítalo Calvino, em seu livro As cidades invisíveis, diz que as cidades nos
propiciam segredos e este é “o modo pelo qual o olhar percorre as figuras que se sucedem
como uma partitura musical da qual não se pode modificar ou deslocar nenhuma nota”
(CALVINO, 1990, p.19). Lucrecia Ferrara sinaliza que “a percepção da cidade através de
fragmentos da sua imagem leva o usuário à surpresa”, rompendo com o hábito do uso, à
comparação entre fragmentos espaciais, entre o atual e a pregressa experiência urbana.
Este procedimento “leva o homem a captar, confrontar e informar espaços idênticos,
próximos ou divergentes. A comparação é o método fundamental em uma pesquisa de
percepção ambiental (FERRARA, 1988, p. 77-78). Há um movimento constante entre o geral
e o particular, tensão incessante entre os contrastes do espírito e da sensibilidade,
característica inerente à polifonia marioandradina. Paralelamente às imagens traduzidas em
seus versos, figuram os termos de comparação, em que passado e presente se entrelaçam,
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enquanto o olhar crítico examina os acontecimentos e situações da vida cotidiana. O poeta
se identifica com a urbis que se transforma rapidamente, formando uma paisagem
contraditória de intimidade e estranheza para ele, e que às vezes assume um tom de
desabafo, como verificamos no poema “Os Cortejos”:
OS CORTEJOS
Monotonias das minhas retinas...
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar...
Todos os sempres das minhas visões! "Bom giorno, caro."
Horríveis as cidades!
Vaidades e mais vaidades...
Nada de asas! Nada de poesia! Nada de alegria!
Oh! Os tumultuários das ausências!
Paulicéia - a grande boca de mil dentes;
e os jorros dentre a língua trissulca
de pus e de mais pus de distinção...
Giram homens fracos, baixos, magros...
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar...
Estes homens de São Paulo,
Todos iguais e desiguais,
Quando vivem dentro dos meus olhos tão ricos,
Parecem-me uns macacos, uns macacos.
Numa primeira leitura do poema, notamos uma forte ligação entre o poeta e a cidade
que o cerca, assim como o conflito existente na sociedade capitalista, representando a
experiência urbana do poeta. Desta maneira, fica evidente o desafio que o mundo moderno
impõe ao poeta quando o coloca diante de suas próprias experiências. A cidade é
observada através de seus elementos mais torpes e degradantes, destacando-se os
aspectos negativos que constituem esta “fogueira das vaidades” (CALLIGARIS, 1994, p.85),
onde tudo é fugacidade, mas, que de certa forma, traz o conforto necessário à sobrevivência
da voz poética dentro desse território de contradição: “a cidade aparece como um todo, no
qual nenhum desejo é desperdiçado,... e, uma vez que aqui se goza tudo o que não se goza
em outros lugares, não resta nada além de residir neste desejo e se satisfazer” (CALVINO,
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1990, p.16). Nicolau Sevcenko, em seu texto Metrópole: matriz da lírica moderna (1994,
p.64) diz que “a lírica moderna exprime as condições intrínsecas do mundo tecnificado” no
que elas trazem de bom ou ruim. Sendo assim, as imagens que são formadas a partir do
cotidiano, traduzem a rotina do ser moderno, assim como a condição de ser/estar neste
“locus” que, cada vez mais revela-se enquanto refúgio do homem moderno, onde as
relações humanas são regidas pelas regras de cidadania impostas pelo processo capitalista.
Como o próprio título do poema sugere, é notável a trajetória percorrida pelo indivíduo
moderno em sua rotina sem novidades, onde as pessoas saem de casa para suas
atividades e, inevitavelmente, robotizam as suas ações gerando uma sociedade imitativa:
“Parecem-me uns macacos, uns macacos”. O movimento dos transeuntes, com seus
hábitos repetitivos, é comparado a um cortejo religioso que repete o tempo todo o mesmo
cantochão, assim como aos macacos, que, no convívio com os humanos, costumam imitar
os seus gestos. A cidade moderna impõe a regra, o cálculo, o planejamento, e, com isso,
submete a vida cotidiana e os indivíduos a determinados limites de ação (FONSECA, 1997
p. 5). O mundo tecnificado torna o homem uma peça de movimentos previsíveis, ditados
pela máquina do cotidiano, obedecendo ao ritmo de vida dos “frenéticos e ininterruptos
fluxos urbanos” (SEVCENKO, 1994, p.65).
O poeta lança um olhar paradoxal sobre a multidão de homens: “Todos iguais e
desiguais”, condição que revela totalmente uma contradição. São “iguais” quando inseridos
na massa, porém “desiguais” no que se refere à perda da identidade enquanto indivíduos
afetivos. A cidade apresentada pelo poeta é uma imagem do exagero e do absurdo: uma
“boca de mil dentes” e seus versos seguem a cadência desse “locus” que o devora de
maneira monstruosa, engolindo os “homens, fracos, baixos, magros”. Como decorrência da
agitação e do frenesi citadinos, o poeta passa a ter uma visão metonímica das pessoas e
coisas que o cercam, a partir do instante que sai em busca dos seus iguais em meio à
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multidão e “se vê não sozinho, mas solitário em meio a homens solitários” (FONSECA,
1997, p. 6): “Todos iguais e desiguais,/ Quando vivem dentro dos meus olhos tão ricos”,
reforçando a idéia baudelaireana de que “multidão urbana” e “solidão humana” são
sinônimos e emblemas modernos. A imagem que brota de seus versos é de um homem
citadino que se vê impotente diante da engrenagem do cotidiano, movimentando-se
teleguiadamente em multidões anônimas. Este é o sentido maior da solidão em Mário de
Andrade na tomada de consciência diante da metrópole:
O bonde abre a viagem.
No banco ninguém.
Estou só, estou sem.
Depois sobe um homem.
No banco sentou.
Companheiro vou.
O bonde está cheio.
De novo porém
Não sou mais ninguém.
(Lira Paulistana. p. 359)
Com efeito, a solidão aqui é algo sentido coletivamente, a partir do momento em que
o indivíduo se vê dissolvido na massa, anônimo e sem referências, sem tempo nem espaço
para a comunicação interpessoal. Assim como os demais, o poeta sente que, mesmo o
bonde estando cheio, “não é mais ninguém”. Esta maneira de ser do poeta, o torna portador
de uma obscuridade intencional. Ele sente prazer em não ser compreendido em sua
totalidade, isso o torna enigmático. Em sua Estrutura da Lírica Moderna, Hugo Friedrich
afirma que nos poetas modernos “a língua poética adquire o caráter de um experimento, do
qual emergem combinações não pretendidas pelo, ou melhor, [que] só então criam
significado” (1978, p.47). A poesia de Mário de Andrade não se satisfaz em percorrer
espaços vazios, antes, prefere os centros urbanos, com sua atmosfera de “agitação e
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turbulência, aturdimento psíquico e embriaguez, expansão das possibilidades de experiência
e destruição das barreiras morais e dos compromissos pessoais, auto-expansão e autodesordem” (BERMAN, 1986, p.18).
Ao analisarmos a obra de Maria da Conceição Paranhos, também podemos observar
a presença de muitos destes elementos que compõem ligação direta ou indireta com a
rotina nas grandes cidades, através das representações imagéticas que a poeta traz do
cotidiano, regido pelas regras de cidadania impostas pelo processo capitalista.
Em “Semanário” (conjunto de poemas intitulados com os dias da semana), como o próprio
nome sugere, é notável a trajetória percorrida pelo homem moderno em sua rotina sem
novidades, em que sai de casa para suas atividades e, involuntariamente, dominados pelo
sistema em que estão inseridos, robotizam as suas ações gerando uma sociedade imitativa.
Terça-feira
[...]
Os pés desmentem as mãos
e as mãos, os gestos,
presas na alça mínima,
mímicas.
Em “Segunda-feira”, primeiro poema do “Semanário” e, portanto, primeiro dia da semana,
manifesta-se como a representação do início das atividades financeiras. A cidade, sendo o
centro dessas atividades é eleita como exílio do poeta moderno.
“A viandante segunda-feira
desata meus passos para a cidade.”
A poetisa assume uma postura de rejeição diante do cotidiano, porém, admite-se incapaz de
sobreviver sem o mesmo, como podemos ler nos versos de “Quarta-feira”:
...Ó cidade, que te posso
e queria poder o saber
cotidiano, esse
desaprendido ou indecorado,
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esse, desejado.
A sucessão dos dias da semana remonta uma rotina nostálgica, cheia de sofrimento, mas
que a autora revela não ter forças para escapar a tal fado. Esta nostalgia se torna evidente,
quando constatamos que os versos finais de um poema, são justamente os inicias do
poema seguinte, ou melhor, do dia seguinte. A lírica de Paranhos “não se compraz em
percorrer espaços desmatados, pastos transitáveis e orlas amenas de livre acesso para o
homem cotidiano (SCHEINOWITZ, iararana 9. p.68).”
No poema “A cidade em minha pele”, o primeiro de muitos que compõem a obra Delírio do
ver e que é dividido em três partes: Evento, Sina e Nome, o que se percebe é que a poeta
elege a sua própria pele como palco das constantes transformações urbanas. Assim,
verificamos que poeta e suas emoções se confundem com a grande metrópole numa
intensa sinestesia.
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1. Evento
Aconteceu comigo,
eu não soube logo.
A cor do dia em pânico
caía em chumbo, a noite
- oprimia-me um céu
pela cidade oclusa,
seus véus intermitentes,
mãos roxas da neblina.
O próprio título nos transmite uma idéia de uma cidade imaginária que interfere diretamente
na maneira de agir e pensar do poeta. O terceiro verso pode confirmar essa idéia, pois, ao
dizer “A cor do dia em pânico”, a poeta exprime o seu sentimento em relação aos dias com
seus fluxos turbulentos, voltados às atividades capitalistas. Já a terceira estrofe, mostra a
cidade como reveladora de uma realidade cruel, sem eufemismos, onde poeta e metrópole
possuem o mesmo sentimento, ou seja, a mesma alma:
“...A pata desnudada
bateu na minha face,
a marca da pancada
macerava minha alma,
e ali eu via, em surtos,
a alma da cidade.”
Uma leitura atenta do poema “A casa” permite-nos observar mais fortemente o alto vigor
urbano que se faz presente na obra de Paranhos:
Moeda rolando sob os olhos,
prata e amálgama na conjuntiva
dos mortos, desassossego nas tumbas,
desinstalado o cemitério da cidade,
.........................................
A cidade. O vozerio da feira
instalada nos confins do espaço urbano,
o selvagem pregão martelando nos ouvidos,
cantigas agudas, gargalhadas,
trapos coloridos no teto das barracas
os cheiros se trançando nas narinas,
.........................................
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Nestes versos, verifica-se com nitidez um sentimento pautado pelo conflito e
instabilidades próprios da antifonia moderna e, inerentes, ao eu-poético: “A cidade. O
vozerio da feira/ instalada nos confins do espaço urbano, / o selvagem pregão martelando
nos ouvidos,”, ou seja, a poeta destaca a agressividade do caos urbano que, por sua vez,
tira a tranqüilidade até mesmo dos mortos, causando “... desassossego nas tumbas”.
A linguagem de Conceição é altamente simbólica, não pretendendo, na maioria das
vezes, alcançar significados pré-estabelecidos. Busca sentido nos “trapos coloridos no teto
das barracas”, desse terreno movediço e paradoxal que é a urbis. Muitas vezes, a temática
da autora paira na erudição, porém com uma carga muito grande de simplicidade, “sem que
esta erudição signifique compromisso com a retórica, pois ela deixa lugar à singeleza e a
espontaneidade - suas marcas fundamentais...”2.
Assim como Zirma3 “repete-se para fixar alguma imagem na mente”, o cenário da
poesia de Conceição Paranhos é redundante, “repete os símbolos para que a cidade
comece a existir”. Seu lirismo nasce de um intenso desejo de purificação, que se manifesta
no próprio ato de criação poética.
Portanto, deste estudo panorâmico e comparativo sobre a poesia da metrópole em
Mário de Andrade e em Maria da Conceição Paranhos, podemos concluir que os dois
autores apresentam um alto rendimento estético ao abordarem temas relacionados ao dia a
dia na cidade, assim como a condição existencial neste contexto. Em muitos dos seus
poemas, deixam fluir de maneira ousada uma certa ânsia de plena realização urbana,
buscando incessantemente uma identidade, uma completude, que não é mera solidão, mas
2
3
In: Scheinowitz, Celina. Texto da orelha do livro “Minha Terra e Outros Poemas.”
In: Calvino, Ítalo. As cidades Invisíveis. Uma das cidades visitada por Marco Pólo e descrita ao imperador
Kublai Kan. p: 23.
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que também conduz ao resgate dos valores humanos colocados em cheque no mundo
moderno. É nesse terreno conflituoso da metrópole que estes poetas situam suas
inquietações e vivências, em favor de um lirismo visceral e paradoxal, que faz destes,
pacientes artesãos que atribuem à palavra poética o mais alto grau de urbanidade, fazendo
com que seus poemas assumam um valor eucarístico onde as metáforas funcionam, de
certa maneira, como o alimento da alma.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. Edição crítica por Diléia Zanotto Manfio. São
Paulo: EDUSP; Belo Horizonte: Itatiaia, 1987.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade.
Tradução: Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioriatti – São Paulo: Companhia das Letras.
1986.
CALVINO, Ítalo. As Cidades Invisíveis; Tradução: Diogo Mainardi - São Paulo: Cia das
Letras, 1990.
CALLIGARIS, Cotardo. Elogio da Cidade. In: PECHMAN, Moses (org). Olhares sobre a
cidade. RJ, Ed. UFRJ, 1994.
FERRARA, Lucrecia D’Alessio. Ver a cidade. Cidade. Imagem. Leitura. São Paulo: Nobel,
1988. p. 77-78
FONSECA, Aleilton. A poesia da cidade. Imagens urbanas em Mário de Andrade. São
Paulo: Universidade de São Paulo, 1997. Tese de Doutorado.
HYDE, G. M. A poesia da cidade. in BRADBURY, Malcolm e MCFARLANE, James (orgs).
Modernismo: guia geral 1890-1930. São Paulo, Companhia das Letras, 1989.
GROSSMAN, Judith. Viver a voz. In: revista QVINTO Império nº 6.
PARANHOS, Mª da Conceição. Delírio do Ver. Rio de Janeiro: Imago Ed., Salvador, BA:
Fundação Cultural da Bahia, 2002.
PARANHOS, Mª da Conceição. As Esporas do Tempo. Salvador: Fundação Casa de Jorge
Amado / COPENE, 1996. Prêmio COPENE de Cultura e Arte.
SCHEINOWITZ, Celina. Iararana: revista de arte, crítica e literatura nº 9. Salvador - Ba SEVCENKO, Nicolau. Metrópole: matriz da lírica moderna.in PECHMAN, Moses (org).
Olhares sobre a cidade. Rio de Janeiro, Ed.UFRJ, 1994.
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