Interpretação de Textos
Colher
Eu minto
O beco
Que me importa a paisagem, a baía,
[a Glória, a linha do horizonte
O que eu vejo é o beco.
Manuel Bandeira
Fatores de Textualidade
• Coerência
• Coesão
Funções de Linguagem
Prof. Reginaldo Machado
1) Função
Referencial
ou
Denotativa
–
a
mensagem
centrada na informação. (o quê)
É aquela função voltada para a
informação, ou seja, para o próprio
contexto.
2) Função Conativa ou Apelativa – a
mensagem centrada no interlocutor. (para
quem)
É quando se tem a intenção de
influenciar, persuadir, convencer, seduzir e
/ou encantar o interlocutor.
Ex: Anúncios de publicidade, comícios
políticos
3) Função Fática – testando o
canal. (onde)
A preocupação do falante é manter
contato
com
o
interlocutor,
prolongando uma comunicação ou
testando o funcionamento do canal
de comunicação com frases que
vão buscar a confirmação e
entendimento da mensagem.
4) Função Metalinguística – a
mensagem centrada no código.
(com o quê)
Ocorre
função
metalinguística
quando o falante utiliza o código
para explicar o próprio código, ou
então o código é o tema da
mensagem.
5) Função Poética – lapidação das
palavras (como)
Toda a construção do texto está
voltada para a mensagem e o que ela tem
de concreto, quer na sua estrutura, quer
na seleção e combinação de palavras.
Estão sempre presentes, no texto poético,
o ritmo, a sonoridade, o belo e o inusitado
das imagens. A poesia é imagética e tem
a função de dizer o indizível.
6) Função Emotiva ou Expressiva – o
texto em primeira pessoa (quem)
Existe função emotiva quando a
intenção do locutor é posicionar-se em
relação ao tema de que está sendo
tratado, expressando seus sentimentos,
emoções, produzindo um texto subjetivo,
escrito em primeira pessoa. É muito
comum
nesse
tipo
de
texto
o
aparecimento de interjeições, pontos de
exclamação e reticências.
Vícios de Linguagem
Prof. Reginaldo Machado
1) Barbarismos – São erros que atentam contra
a forma da palavra.
1.1. Cacoépia – erro de pronúncia (‘adevogado’
em vez de advogado)
1.2. Cacografia – erro de grafia (‘meretíssimo’
em vez de meritíssimo)
1.3. Cacofonia – duas palavras que, juntas,
fazem-nos lembrar de uma terceira palavra
que nada tem a ver com o contexto. (um por
cada; lá tinha duas pessoas)
2) Solecismos – São erros que
atentam contra as normas de
concordância,
regência
ou
colocação pronominal.
Ex: Fazem dois anos que cheguei.
Assisti o filme.
Me empresta o livro?
3) Arcaísmos – São palavra ou
expressões que já pertencem ao
passado da língua.
Ex: físico em vez de médico.
4) Plebeísmos – gírias, chavões e
expressões populares.
Ex: troço, broto, arrebentar a boca
do balão,
bacana, etc.)
5. Hiato – é o acúmulo de vogais ao longo do
período. Ex: Já há alguns dias não chove.
6. Colisão – é a sequência das mesmas
consoantes ao longo do período. Ex: No mato,
tu matarás o tatu.
7. Eco – é a rima inserida num texto em prosa.
Ex: O Clemente enfrentou o valente tenente.
8. Neologismo – é a invenção de palavras.
Ex:Precisamos oportunizar uma educação de
qualidade a todos.
9. Estrangeirismo - é o uso de palavras
estrangeiras
dentro
do
português.
É
considerado um problema quando se tem a
palavra no idioma, e, por uma questão
qualquer, deixa de utilizá-la.
Ex: business, em vez de negócios;
carnet, em vez de carnê
10. Ambiguidade ou anfibologia – é a
extração de mais de uma interpretação
dentro de um determinado contexto.
Ex: A menina viu o incêndio do prédio.
O médico operou o paciente calmo.
O motorista avisou ao guarda que não
tinha documento.
A girafa Josefina não morreu por
causa dos sacos plásticos encontrados
em seu estômago.
11. Pleonasmo – é a repetição
desnecessária de palavras ou
expressões
dentro
de
um
determinado contexto. Pode se
dividir em pleonasmo vicioso ou
enfático. O primeiro, como o próprio
nome já diz, é um vício de
linguagem e como tal conta como
erro no português padrão, devendo
• Ex: O governo precisa encarar o
problema dos menores de frente.
• O projeto é um elo de ligação entre
empresa e escola.
• O preço da gasolina aumentou
ainda mais.
• O arquipélago de ilhas estava na
rota do furacão.
• Dividiu o bolo em duas metades iguais.
• Clotilde é parte integrante do primeiro período.
• “Eu nasci há dez mil anos atrás”. (Raul Seixas)
• Exemplos de pleonasmos enfáticos
• É um assunto que compete a nós mesmos.
• A grande maioria votou nas últimas eleições.
• 12. Gerundismo – é o uso
exacerbado do gerúndio sem que o
contexto expresse uma ação que
estava, está ou estará acontecendo
em um determinado momento.
• Exemplo: Eu vou estar te ligando
amanhã.
Figuras de Linguagem
Prof. Reginaldo
1. Recursos sintáticos
1.1 Assíndeto – Consiste na
coordenação de termos ou orações
sem utilização de conectivos. Esse
recurso costuma imprimir lentidão ao
ritmo narrativo. Exemplo:
Vim, vi, venci.
1.2. Polissíndeto – é a repetição por
várias vezes da mesma conjunção.
Esse recurso costuma acelerar o
ritmo narrativo. Ex:
Passam homens, e mulheres, e
cachorros, e crianças.
1.3. Inversão – Como o próprio nome
sugere, há uma inversão da ordem
normal dos termos da oração ou frase.
Também conhecida como anástrofe ou
hipérbato (inversão mais complexa).
Exemplo:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante.”
1.4. Silepse – é uma concordância
estabelecida com o ideia veiculada
pelo contexto e não com aquilo que,
efetivamente, está escrito
(concordância ideológica). Pode ser
de gênero, número ou pessoa. Ex:
“Inútil, a gente somos inútil.”
1.5. Elipse – é a supressão de um
determinado termo sem que isso
possa interferir na interpretação do
contexto. Quando o termo omitido é
o verbo, a elipse também é
conhecida como zeugma.
Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais.
2. Recursos semânticos
2.1.Figuras de Palavras
2.1.1. Metáfora - é uma espécie de
comparação, em que se nota uma
aproximação se sentidos afins. Consiste
na transferência de um termo para o
âmbito de significação que não é o seu.
Exemplos: Ela é rosa, poeta. (V. Moraes)
2.1.2. Comparação
É um tipo especial de metáfora em
que é feita uma comparação
constituída com algum conectivo.
Também conhecida como símile. Ex:
“O favo da jati não era doce como o seu
sorriso e nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado”.
(José de Alencar)
2.1.3. Alegoria – É uma sequência
de metáforas que significam uma
coisa nas palavras e outra no sentido
Ex: Mais vale um pássaro na mão do
que dois voando.
2.1.4. Metonímia
Também conhecida como sinédoque,
consiste na ampliação do âmbito
semântico de uma palavra ou
expressão. É uma substituição de
uma palavra por outro com sentido
equivalente. Pode se desdobrar da
seguinte forma:
a) O todo pela parte
As velas do Mucuripe vão sair para pescar
b) O autor pela obra
No cinema espanhol prefiro Almodóvar.
c) O recipiente pelo conteúdo
Comeram três pratos de canjiquinha e
beberam dois copos de caipirinha.
d) A marca pelo produto
Preciso de uma gilete para me barbear.
e) a matéria pelo objeto
Ao longe soava o bronze
f) o singular pelo plural
Todo homem é mortal.
g) o abstrato pelo concreto
Devemos respeitar a velhice.
2.1.5. Sinestesia – é quando o
contexto provoca uma mistura de
duas ou mais sensações numa só
unidade. Exemplos:
Ouvi sua tosse gorda.
2.1.6. Perífrase – também conhecida
como antonomásia , é a substituição
de um nome por uma expressão que
o identifique ou um fato notável pelo
qual são conhecidos. Ex:
Naquela jaula, estava o rei dos
animais. (leão)
II) Figuras de Pensamento
2.1.7. Paradoxo ou oxímoro – é um
tipo especial de antítese em que há
uma fusão de ideias contrárias,
gerando um resultado ilógico ou até
mesmo absurdo. Exemplos:
Claro enigma – (Drummond)
2.1.8. Antítese - oposição de duas ou
mais ideias ou termos opostos, marcadas
principalmente por meio da oposição
dessas palavras. Ex:
“Amor é fogo que arde sem se ver
é ferida que dói e não se sente
é um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer. (Camões)
2.1.9. Hipérbole – é a figura que
engrandece ou diminui
exageradamente a verdade. Ex:
Repeti um milhão de vezes e ela
ainda não entendeu?
2.1.10. Eufemismo – é a suavização
ou abrandamento de expressões
rudes, chocantes, repugnantes. A
arma verbal da diplomacia. Tal ideia,
transmitida de outra forma, poderia
causar sensações desagradáveis.Ex:
Ela adormeceu para sempre.
2.1.11. Ironia – é a figura que diz o
contrário daquilo que se queria dizer.
Reconhecida pelo tom de voz ou
pela situação daquele a quem se
dirige. Ex:
“Nhá Loló, moça graciosa, um tanto
acanhada a princípio, mas só a
princípio.” (Machado de Assis)
2.1.12. Gradação
É o acúmulo de imagens ou ações que se
dão de maneira progressiva. Apresentase em ordem direta (clímax – aumento de
intensidade) e inversa (anticlímax –
diminuição de intensidade). Exemplos:
“Chega de tentar dissimular e disfarçar e
esconder (...)
Nascendo, rompendo, rasgando, tomando o
meu corpo e eu
Chorando,sofrendo, gostando, adorando,
gritando” (Gonzaguinha)
2.1.13. Personificação ou
prosopopeia – é a atribuição a seres
inanimados ou a animais
características ou ações exclusivas
dos humanos. Muito comum em
fábulas. Exemplos:
“De repente o cortiço acorda.”
(Aluísio Azevedo)
2.1.14. Zoomorfização
É o processo inverso da personificação.
É quando se atribui ao ser humano
características e ações de animais.
Exemplo:
“Agora Fabiano era vaqueiro. Entocarase feito um bicho, mas criara raízes e
estava plantado. (Graciliano Ramos)
III) Recursos Fonológicos
2.1.15. Onomatopeia – figura que
resulta de quando se repetem ou
combinam palavras cujos sons,
numa espécie de harmonia imitativa,
dão ideia exata ou aproximada do
objeto da ação a que se refere o
texto.
Ex: Sinos de Belém fazem blém, blém, blém
2.1.16. Aliteração
Consiste na repetição de fonemas
consonantais na mesma frase ou verso.
2.1.17. Assonância - consiste na
repetição de fonemas vocálicos na
mesma frase ou verso. Exemplos:
“Na messe que enlourece, estremece a
quermesse...
o sol, o celestial girassol esmorece...”
(Eugênio de Castro)
Exercícios
Prof. Reginaldo
01) Considere o fala a seguir e marque a
alternativa incorreta: “Avisa que o vovô está
só dormindo... E não quer doar os órgãos.”
a) O interlocutor é o avô, pois é ele que
desencadeia a conversação.
b) Para uma efetiva comunicação precisamos
de elementos, como por exemplo, o emissor,
o receptor e a mensagem.
c) O código utilizado na mensagem é a língua
portuguesa.
d) O contexto é toda a informação que foi
passada.
02) Todas as alternativas abaixo são incoerentes,
EXCETO:
a) O dia está tranquilo, as pessoas circulam normalmente
pelas vielas do morro, mas os dois policiais continuam
calmamente tomando café no bar da esquina.
b) Apesar de terem a mesma estrutura e a mesma
compleição física, os atletas não apresentaram grande
diferença de peso.
c) Não obstante o marido e a mulher não se
entendessem, com o passar do tempo resolveram
trilhar novos caminhos, separando-se definitivamente.
d) De acordo com o laudo médico, os pacientes podem
prescindir do oxigênio extra e, por essa razão, o
equipamento será desconectado.
03) (TJ) "Num restaurante de classe média,
pessoas torcem o nariz [...] porque, na mesa
ao lado, se senta um casal negro..." É
CORRETO afirmar que a expressão
destacada
nessa
frase
é
usada,
habitualmente, na linguagem
a) acadêmica.
b) informal.
c) oratória.
d) poética.
04) (Fundep) “A idéia de que o Poder Público
deve garantir um mínimo de renda a todos os
cidadãos [...] deixa ainda muita gente
arrepiada...” É CORRETO afirmar que,
nessa frase, a expressão destacada
configura o emprego de uma linguagem
a) erudita.
b) figurada.
c) hermética.
d) incorreta.
05) Todas as alternativas abaixo apresentam
função metalinguística, EXCETO:
a) Um filme que ensina como fazer cinema e
revela todos os seus bastidores.
b) A leitura de um livro que narra as aventuras
de uma pessoa em férias.
c) Uma música que retrata o ato de compor e
dá boas dicas aos compositores iniciantes.
d) Um poema que fala da arte de escrever
poemas.
06) Considere os seguintes versos da
música de Rita Lee:
“Alô, alô, Marciano
Aqui quem fala é da terra”
Podemos enquadrá-los na função:
a) metalinguística
b) fática
c) Emotiva
d) Jornalística
07) Considere as frases abaixo:
I - Naquela terrível luta muitos adormeceram
para sempre. (ironia)
II - O bonde passa cheio de pernas. (metonímia)
III - O importante é achar as palavras que o
violão pede e deseja. (personificação)
Estão corretamente classificadas as frases:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) I, II e III
08) Não tenho nada contra malhar o corpo,
mas me preocupo com a desproporção em
relação à malhação do espírito. Acho ótimo,
vamos todos morrer esbeltos: “Como estava
o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha
uma celulite!” Neste fragmento, Frei Betto
utiliza duas figuras de linguagem bastante
recorrentes. São elas:
a) antítese e metáfora.
b) metonímia e pleonasmo.
c) metonímia e ironia.
d) metáfora e ironia.
09) (Fumarc) Em todas as frases
verifica-se ambiguidade, EXCETO:
a) Só depois de tanta confusão, soube que
mataram a vaca da minha sogra.
b) Teresa disse à irmã que sua amiga fugira
com seu namorado.
c) Na festa, havia homens e jovens
mulheres.
d) A cadela comeu a carne e seu filhote
também.
10) (Fumarc) Assinale a alternativa em
que não haja palavra supérflua:
a) Marajó é uma ilha fluvial banhada pelos rios
Amazonas e Tocantins.
b) À medida que nos afastamos do Equador, as
estações do ano vão ficando mais definidas.
c) Para dar mais segurança aos moradores, os
cacos de garrafas quebradas foram fixados
no topo do muro.
d) O governo realizou um plebiscito popular a
fim de consultar a população quanto à
proibição do comércio de armas de fogo.
Tipologia Textual
Prof. Reginaldo
1. Carta
1.1. Partes principais
a) Local e data
b) Vocativo
c) Texto propriamente dito
d) Desfecho
e) Assinatura
2. Descrição
2.1. Subjetiva – apresenta ponto de
vista pessoal.
2.2. Objetiva – transmite imagens
concretas e precisas, destacando
nitidamente os detalhes que a
caracterizam. Expressa ainda uma
imagem bastante próxima à
realidade, evitando o juízo de valor.
3. Narração
3.1. Partes principais
a) Enredo
b) Clímax
c) Desfecho
3.2. Tempo da narrativa
a) Cronológico
b) Anacrônico
3.3. Ambiente
3.4. Personagens
a) Principais (protagonista e antagonista)
b) Secundários (coajuvantes)
c) Terciários (figurantes)
d) Caricaturais
3.5. Narrador
a) Primeira pessoa – personagem
b) Terceira pessoa – onisciente
3.6. Tipos de discurso
a) Direto
Ex: Lavador de carros, Juarez de Castro, 28
anos, ficou desolado, apontando para os
entulhos: “Alá minha frigideira, alá meu
escorredor de arroz. Minha lata de pegar
água era aquela. Ali meu outro tênis”
b) Indireto
Ex: Juarez, desolado, dizia que não tinha
tido tempo de apanhar suas coisas e
que agora não possuía mais nada.
c) Indireto livre
Ex: O desolado Juarez tinha perdido
tudo. E agora, cadê dinheiro para
comprar tudo de novo?
3.7. Principais tipos de narração
a) Romance – texto longo, dotado de um
núcleo principal e outras tramas;
b) Novela – texto menos longo que o
romance, mas também com tramas
paralelas;
c) Conto – narrativa curta, com tempo
reduzido e poucos personagens;
d) Crônica – texto que narra fatos do dia a
dia e situações presenciáveis por todos;
Exemplo de narrativa com descrição:
Camilo quis sinceramente fugir,
mas já não pôde. Rita, como uma
serpente, foi-se acercando dele,
envolveu-o todo, fez-lhe estalar os
ossos num espasmo, e pingou-lhe o
veneno na boca. Ele ficou atordoado e
subjugado. Vexame, sustos remorsos,
desejos, tudo sentiu de mistura; mas a
batalha foi curta e a vitória delirante.
4. Dissertação
4.1. Características principais
a) Texto no âmbito das ideias
b) Linguagem formal e denotativa
c) Objetividade
d) Função referencial e conativa
4.2. Tipos de dissertação
a) Dissertativo-argumentativo
b) Dissertativo-expositivo
4.3. Partes da dissertação
a) Introdução
b) Desenvolvimento
c) Conclusão
Ex 01 - (texto argumentativo-expositivo)
A medicina é uma das muitas áreas do
conhecimento
ligada
à
manutenção
e
restauração da saúde. Ela trabalha, num sentido
amplo, com a prevenção e cura das doenças
humanas e animais num contexto médico. (...)
A atual prática da medicina utiliza em seu
favor conhecimentos obtidos por diversas
ciências, por exemplo, biologia, química, física,
antropologia, epidemiologia. Em um conceito
estrito, a medicina busca a saúde por meio de
estudos, diagnósticos e tratamentos, e no
conceito mais amplo, aliviar o sofrimento e
manter o bem estar global.(Wikipédia)
Ex. 02 - (Texto dissertativo-argumentativo)
A face da medicina brasileira que temos
hoje é tão perniciosa que já provoca o
sentimento de que as doenças seriam menos
perniciosas se elas não existissem. Esse
sentimento não tem base científica, mas o fato
é que ele existe. (...)
No Brasil, opera-se menos da metade dos
pacientes que se pode operar, e opera-se mal.
Enquanto isso, há gente que poderia ser salva,
mas morre sem conseguir sequer um
diagnóstico. (Francisco Theófilo)
5. Textos injuntivos
O texto injuntivo é destinado
sobretudo à instrução. Trata-se de um
tipo textual construído para despertar
uma ação no leitor / ouvinte e pode se
apresentar de maneira explícita ou não.
Bulas de medicamentos, receitas
culinárias, manuais de instrução são
exemplos de textos injuntivos explícitos.
6. Charge
É uma crítica político-econômicosocial feita por intermédio de desenhos
caricaturais, visando a evidenciar algum
acontecimento atual de modo satírico e
com certa dose de humor.
Na charge, a linguagem apresentada,
geralmente, é verbal e não-verbal.
Quando há uma sequência de
quadros, geralmente, chamamos de
‘tirinhas’.
Ex: Charge
Intertextualidade
Prof. Reginaldo
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.
(Drummond)
Quando nasci, veio um anjo safado
o chato d’um Querubim
e decretou que eu estava predestinado
a ser errado assim.
(Chico Buarque)
Quando nasci, um anjo esbelto
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira. (...)
vai ser coxo na vida é maldição pra homem
mulher é desdobrável. Eu sou.
(Adélia Prado)
1. Paráfrase
Reafirma-se com palavras diferentes
o mesmo sentido, a mesma essência
do texto. Assim, o texto dá uma
continuidade semântica ao modelo
imitado.
2. Paródia
Ocorre uma desconstrução da
imagem anterior. Há um rompimento da
temática, pervertendo-se o que foi dito
anteriormente.
3. Citação
Pode ser utilizada em qualquer tipo de
texto. Deve ser sempre anunciada.
4. Alusão
É uma citação indireta, não textual.
5. Epígrafe
Citação, geralmente, feita sob o título
de um determinado capítulo e de
maneira recuada à esquerda da página.
6. Pastiche
Tipo de intertextualidade em que há
não apenas uma apropriação textual,
mas também de tudo aquilo que diz
respeito ao autor e à obra.
Semântica
Professor Reginaldo
1) Sinonímia – Características de
determinadas palavras assumirem,
num dado contexto, significação
semelhante. Tais palavras são
chamadas de sinônimos.
Ex: branco – alvo; forte – robusto;
longo – comprido.
2) Antonímia – Palavras com
sentidos opostos. São chamadas
de antônimos.
Ex: alto – baixo; gordo – magro;
cedo – tarde.
3) Homonímia – Propriedade do que
é homônimo, ou seja, que possui a
mesma grafia ou a mesma
pronúncia, ou mesmo as duas
coisas a um só tempo.
Os homônimos podem ser:
a) Homófonos – mesma pronúncia,
grafia diferente. (Cela – sela; seção –
sessão)
b) Homógrafos – mesma grafia,
pronúncia diferente. {acordo (subst) e
acordo (verbo)}
c) Perfeitos – mesma pronúncia e
mesma grafia. {são (verbo) e são (adj)}
4) Paronímia – Propriedade do que
é parônimo, isto é, muito parecido.
Os parônimos não possuem nem a
pronúncia nem a grafia igual.
Ex: Comprimento / cumprimento
fragrante / flagrante
5) Hipônimo – É uma relação
estabelecida entre dois termos com
base na maior especificidade do
significado de um deles. Ex: mesa
(mais específico) e móvel (mais
genérico).
6) Hiperônimo – É uma relação
estabelecida entre dois termos,
sendo que, um deles apresenta
sentido mais amplo, englobando o
outro termo. Ex: felino está numa
relação de hiperonímia com gato.
Exercícios II
Professor Reginaldo
01) (Fumarc) A série de itens – adágio,
anexim, dito popular, ditado, rifão,
máxima – apresenta a estratégia
metalinguística denominada:
a) paronomásia
b) hiperonímia
c) hiponímia
d) sinonímia
02) Assinale a opção em que as palavras
grifadas mantêm, entre si, a relação
semântica indicada entre parênteses.
a) A Todos os réus foram julgados sem
discriminação. Nos processos não houve
ato algum de descriminação. (paronímia)
b) A lei caracteriza algumas ações e as
define como crimes. Esses delitos são
classificados de acordo com o tipo de
bem que atingem, material ou imaterial.
(hiperonímia/hiponímia)
c) O crime já foi definido como toda
conduta humana que infringisse a lei
penal. Nesse sentido, o indivíduo que
transgredisse essa lei deveria ser
punido. (homonímia)
d) A dissidência nem sempre impossibilita
a conciliação. (sinonímia)
e) A delação constrangeu os jurados, o
que motivou a dilação do julgamento
pelo juiz. (antonímia)
3)Assinale a proposição correta
respeito dos homônimos perfeitos:
a) O acordo será firmado através de
palavras orais e escritas / Acordo
sempre no horário previsto.
b) Os juízes e os tribunais, em suas
sentenças, acórdão e arestos
decidem mediante palavras / A mãe
não soube ensinar as sentenças à
filha.
c) O que se critica, de agora em
diante, não pode ficar impune / A
crítica que ela fez ao tribunal não
tinha respaldo.
d) O estudante tropeça nas palavras,
durante o discurso de paraninfo / O
tropeço do advogado, quando
discursava, levou-o ao chão.
4) (Fumarc) Leia os textos:
Texto I
É olhar para o horizonte, ver o que
todos veem, mas enxergar o que
poucos enxergam. É dar-se o direito de
sonhar e agir para concretizar o sonho.
E, acima de tudo, aliar persistência ao
bom senso de se divertir enquanto vai
em busca do que tanto deseja. (MELO,
Ricardo)
Texto II
Uma criança vê o que o adulto não
vê. Tem olhos atentos e limpos para o
espetáculo do mundo. O poeta é capaz
de ver pela primeira vez o que, de tão
visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu
o próprio filho. Marido que nunca viu a
própria mulher, isso existe às pampas.
Nossos olhos se gastam, no dia a dia,
opacos. É por aí que se instala no
coração o monstro da indiferença.
O procedimento intertextual entre
ambos se dá por meio de
a) Paródia
b) Epígrafe
c) Paráfrase
d) Plágio
05) Seguem abaixo alguns versos do
poema de Roberto Pompeu de Toledo
e, entre parênteses, uma indicação do
recurso textual utilizado pelo autor.
Assinale a opção que traz a correlação
INCORRETA:
a) “Engulo mosca além da conta, / giro
como barata tonta.” (comparação)
b) “Aceito o abraço do urso, vacilo / às
lagrimas de crocodilo.” (ironia)
c) “prossigo, e ao dar com os
macacos ordeno: / cada um no
seu galho!” (intertextualidade)
d) “Agora chove, e é em vão que
falo: / por favor, tirem o cavalo”
(polifonia)
06)“Um jovem é diagnosticado como tal
exatamente pela sua potência romântica,
seu coração destemido e quixotesco e
pela sua confiança na própria capacidade
de mudar o mundo.” Nesse fragmento,
com o uso do adjetivo ‘quixotesco’ temos
uma estratégia argumentativa bastante
recorrente, denominada:
a) Metalinguagem
b) Denotação
c) Ironia
d) Intertextualidade
07) (FCC – 2012) O par grifado que constitui
exemplo de parônimos está em:
a) No espaço de uma noite, o rio havia
transbordado e inundado o quintal da
casa.
• Pela manhã, foi possível constatar a força
destrutiva das águas.
b) O rio se convertera em um caudaloso
fluxo de águas sujas.
• O menino se assustou com a violência
barrenta das águas.
c) Famílias eminentes podiam ir para o
campo, fugindo do bulício da cidade.
• Eram iminentes os riscos causados pela
inundação das águas barrentas do rio.
d) Era urgente a necessidade de obras para
a contenção do rio.
• Havia heroísmo na concentração dos
homens que lutavam conta a corrente.
e) No Pomar atrás da casa havia frutas,
entre elas, mangas e cajus.
• Em mangas de camisa, homens tentavam
salvar o que as águas levavam.
Considerações Finais
Professor Reginaldo
1) A questão do aquecimento global
foi discutida novamente. E essa
será também a tônica do próximo
Congresso sobre o meio ambiente.
2) Pais e professores discutiram o
problema em reunião. Aqueles não
concordaram com a posição
adotada na escola e estes
tentavam dar explicações.
3) As crianças que estavam
descalças assentaram-se no meio
da sala.
• As
crianças,
que
estavam
descalças, assentaram-se no meio
da sala.
Outros exemplos:
• Só, Clemilda vez o trabalho de
Hermenêutica. (sozinha)
• Só clemilda fez o trabalho de
Hermenêutica. (apenas ela)
• Josenilton canta Garçom, de
Reginaldo Rossi. (pratica a ação de
cantar)
• Josenilton, canta Garçom, de
Reginaldo Rossi. (é chamado para
cantar)
• Os alunos dedicados passaram no
concurso. (somente aqueles que se
dedicaram)
• Os alunos, dedicados, passaram no
concurso. (todos eram dedicados)
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