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ANÁLISE CUSTO X VOLUME X LUCRO EM EMPRESAS
COMERCIAIS: ESTUDO DA VIABILIDADE DA FERRAMENTA
APLICADA EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS DA CIDADE DE
PONTA GROSSA
Murilo Fortunato Dropa (UTFPR) [email protected]
Ivanir Luiz de Oliveira (UTFPR) [email protected]
João Luiz Kovaleski (UTFPR) [email protected]
Luiz Alberto Pilatti (UTFPR) [email protected]
RESUMO
O presente artigo consistiu em um estudo sobre a viabilidade da análise
Custo/Volume/Lucro em pequenas organizações comerciais, visando demonstrar a
compreensão e importância de seu funcionamento nesses setores empresariais.
Assim, foram abordadas e apresentadas as principais utilidades e vantagens da
ferramenta, bem como os conceitos e informações geradas a partir da análise CVL.
Dessa maneira, a metodologia de pesquisa dividiu-se basicamente em duas etapas,
sendo a primeira a apresentação de uma pesquisa bibliográfica, embasando as
definições e utilidades tanto da análise, bem como dos conceitos resultantes da
mesma. E, com o intuito de evidenciar a aplicabilidade prática dessa relação, a
segunda parte do trabalho demonstrou a análise de um estudo de caso em um posto
de combustíveis da cidade de Ponta Grossa. Nessa etapa buscou-se a coleta de
dados na empresa, para assim se efetuar os cálculos necessários, resultando nas
informações gerenciais pertinentes e indispensáveis aos gestores de empresas que
atuam em uma concorrência acirrada.
Palavras chave: Análise Custo / Volume / Lucro, Margem de Contribuição, Ponto de
Equilíbrio.
1. Introdução
As pequenas empresas atualmente representam enorme importância no
contexto social do país. Entretanto, muitas dessas empresas de menor porte
encontram dificuldades para superar até poucos meses de existência.
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Entre os inúmeros fatores que podem ser citados como causadores dessa realidade,
faz-se presente a baixa utilização de técnicas de gerenciamento contábil
consistentes que englobam a previsão ou o planejamento do lucro da empresa. Ou
seja, são poucos os empresários que empregam em suas micro e pequenas
empresas, ferramentas como a Análise Custo/Volume/Lucro.
Esse instrumento de análise e coleta de dados tem sua importância enfatizada por
Garrison e Norenn (2001, p.63):
Utilizando a ferramenta de análise de Custo/Volume/Lucro (CVL) pode-se
obter dados importantes para as tomadas de decisões. As informações
extraídas desta análise são: margem de contribuição, ponto de equilíbrio,
margem de segurança e grau de alavancagem, portanto, é de fundamental
importância para o processo de planejamento do lucro.
Com as maiores exigências do mercado e o alto nível de competitividade e
concorrência, é importante que as pequenas empresas utilizem dessas informações,
buscando um gerenciamento mais dinâmico e eficaz de seus custos e projeções de
lucros futuros. Além disso, “os fundamento da análise de CVL estão intimamente
relacionados ao uso de sistemas de custo no auxílio à toma de decisões de curto
prazo” (BORNIA, 2002, p.71).
Diferentemente do que se possa imaginar, o entendimento e a utilização dos
conceitos da Análise CVL são relativamente fáceis de serem aplicados e
compreendidos. E, a partir dessa correta aplicabilidade, as inegáveis vantagens
alcançadas são as possibilidades de prever os impactos nos lucros e resultados
projetados, quando ocorrer alterações nos volumes vendidos, nos preços de vendas
e nos valores de custos e despesas.
Neste cenário, o presente estudo objetivou evidenciar a aplicabilidade e
viabilidade da análise CVL em pequenas organizações comerciais, buscando
demonstrar a compreensão e importância de seu funcionamento nessas pequenas
empresas. Dessa maneira, a pesquisa dividiu-se basicamente em duas etapas. A
primeira parte consistiu no embasamento teórico vinculado ao tema Análise
Custo/Volume/Lucro. Essa pesquisa bibliográfica foi elaborada a partir de através de
estudos já elaborados, materiais especializados e livros específicos sobre o assunto.
E, a partir dos conteúdos analisados, são apresentados os principais conceitos e
utilidades da Análise CVL e as fórmulas de cálculo dos conceitos resultantes dessa
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ferramenta - Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e seus tipos, Margem de
Segurança e Grau de Alavancagem Operacional e Financeiro.
A segunda etapa da pesquisa foi a elaboração de um estudo de caso em uma
pequena empresa comercial da cidade de Ponta Grossa (posto de combustíveis).
Nessa etapa efetuou-se a coleta de dados na empresa, com o intuito de evidenciar a
aplicabilidade e demonstrar o correto método de formular e calcular os conceitos da
análise CVL.
Finalmente, as considerações finais demonstram os principais resultados
obtidos através da pesquisa, evidenciando a importância gerada pela implantação
da ferramenta.
2. Análise Custo x Volume x Lucro – conceitos e utilidades
As decisões empresariais requerem informações precisas e constantemente
renovadas que possibilitem suporte às atividades inerentes ao negócio. Em
pequenas empresas comerciais, o dinamismo dos diversos fatores econômicos
requer um monitoramento contínuo de elementos que compõe os custos e despesas
das ações. A análise da relação Custo x Volume x Lucro representa-se de relevante
importância na determinação de um volume de produção necessário a ser atingido
para a obtenção do lucro pretendido. Ao mesmo tempo, atua como uma ferramenta
para determinar receitas necessárias para atingir volumes de vendas que não gere
prejuízos para o empreendimento.
Wernke (2001) destaca que estas análises são modelos que buscam
demonstrar as inter-relações existentes entre as vendas, os custos (fixos e
variáveis), o nível de atividade desenvolvido e o lucro alcançado ou desejado.
Segundo Hansen (2003), a análise CVL enfatiza os inter-relacionamentos
entre as variáveis envolvidas, focalizando as interações entre os seguintes
elementos: Preço dos produtos; Volume ou nível de atividade; Custo variável; Custo
fixo total e mix dos produtos vendidos. Devido a isso, a mesma agrava toda
informação financeira de uma empresa, transformando-se em uma ferramenta
valiosa para identificar a extensão e magnitude de um problema econômico pelo
qual a empresa esteja passando e, ajudando a encontrar as soluções necessárias.
Compreendendo as relações entre custo, volume e lucro, ou seja, utilizando
essa ferramenta, a mesma se torna um sistema vital na maioria das decisões
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contábeis empresariais, além de possibilitar “a identificação de quais produtos
fabricar ou vender, quais políticas de preço seguir, quais estratégias de mercado
adotar e quais tipos de instalações produtivas adquirirem” (GARRISON; NOREEN,
2001, p.63).
Para Santos (2000), a análise CVL tem como principais utilidades: a previsão
da receita da venda e do lucro, otimização do lucro através do planejamento,
planejamento da expansão da empresa e dos processos administrativos, melhoria
da política de preços e elaboração de orçamentos adequados. Além disso, o autor
destaca que essa a dinâmica entre custos, volume operacional e lucro fornece
ferramentas gerenciais aplicáveis aos seguintes aspectos:
Planejamento operacional de curto prazo;
Estimativas quantitativas derivadas dos diversos cenários econômicos esperados;
Antecipar dificuldades decorrentes de perturbações sazonais desfavoráveis à
empresa.
De forma abrangente, conforme mencionado, essa análise fornece dados
importantes na tomada de decisões nas áreas Administrativa/Financeira das
organizações, levando à informações fundamentais para o planejamento do lucro –
Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança.
2.1 Custos e despesas fixas e variáveis
Para o maior entendimento e formação dos conceitos na análise CVL torna-se
importante a diferenciação entre custos(despesas) fixas e custos(despesas)
variáveis. Ou seja, a classificação dos custos em relação ao volume de produção ou
de atividade:
Bornia (2002), de maneira simplificada define esses conceitos da seguinte forma:
- Custos (despesas) fixos: são os custos que não variam com a base de volume,
diante de alguma faixa de operação.
- Custos (despesas) variáveis: são os custos que variam em proporção direta com o
volume das atividades.
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2.2 Margem de Contribuição
O conceito de Margem de Contribuição (MC) representa os lucros variáveis da
organização. Ou seja, considerando o montante total de receitas de uma empresa a
MC é a receita total após a dedução das despesas variáveis (ATKSON, 2000).
Dessa forma, levando em conta o produto unitário, podemos afirmar que a MC é a
diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas
variáveis por uma unidade do mesmo.
Considerando esses conceitos, Garissonn e Norenn (2001) ressalta que essa
margem é o montante disponível para cobrir as despesas fixas e, em seguida, prover
os lucros.
Margem de Contribuição
Montante Total
Produto unitário
MC = RT – CVt
MC = PV – CVu
Onde:
Onde:
MC = Margem de Contribuição
MC = Margem de Contribuição
RT = Receita Total
PV = Preço de Venda
CVt = Custos Variáveis totais
CVu = Custo Variável Unitário
Fonte: Adaptado Garissonn e Norenn (2001)
Quadro 1 – Fórmula para Cálculo da Margem de Contribuição
Segundo Padoveze (1994), a análise da MC funciona como elemento fundamental
para o auxílio em decisões de curto prazo, possibilitando rotineiramente por exemplo
a prática de ações objetivando a redução de custos ou políticas de incremento na
quantidade de vendas de determinados produtos.
Santos (1990) evidencia também que, dentre as vantagens que podem ser
elencadas pelo conhecimento da MC, podemos citar o auxílio na decisão de quais
produtos devem merecer maior esforço de venda, quais seguimentos de
comercialização devem ser abandonados ou não, quais devem ser as políticas para
o estabelecimento de preços, além de ajudar na avaliação de alternativas que se
criam com respeito às reduções de preços, concessões de descontos e campanhas
publicitárias e promoções.
2.3 Ponto de Equilíbrio
Simplificadamente o Ponto de Equilíbrio é o ponto em que o lucro é zero. Ou
seja, é o “ponto no qual a receita de vendas é adequada para cobrir todos os custos
de manufatura e vender o produto, mas sem obter lucro”. (VANDERBECK, 2001, p
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415). Sendo assim, se o volume de vendas da empresa for um número maior que o
PE a empresa passa a gerar lucro. Porém, se for um número abaixo do PE a
empresa terá prejuízos. A análise desse ponto pode auxiliar quando a organização
tem a possibilidade de efetuar alguma mudança, quando essa alternativa existir.
Segundo Vanderbeck (2001, p.145), se “uma gestão deseja testar novas
propostas que a mudarão a porcentagem de custos variáveis para o volume de
vendas, ou o montante total de custos fixos, ou até uma combinação dessas
mudanças, ela pode usar a equação básica para o PE para calcular os resultados”.
Fonte: Adaptado Vanderbeck (2001)
Gráfico 3 – Representação gráfica do Ponto de Equilíbrio
Entretanto, é necessário alguns cuidados com a utilização dessa fator, pois,
em alguns momentos, esse coeficiente não é extremamente exato. Isso se dá pelo
fato de algumas vezes os custos ficos sofrerem alterações, variando de acordo com
algum desperdício administrativo, como por exemplo, um gasto a mais com energia
elétrica em um determinado mês. Assim, consequentemente o PE sofrerá
alterações. Contudo, o mesmo continua sendo uma ferramenta eficiente se utilizada
da forma mais adequada possível.
Padoveze (1994) indica que o PE pode ser calculado na forma de PE Contábil(valor
ou unidades) ou PE econômico(valor ou unidades).
2.3.1 Ponto de Equilíbrio Contábil(PEC)
Segundo Santos (2000) esse tipo de PE indica o mínimo que deveremos
vender num determinado período de tempo para que nossas operações não dêem
prejuízo. Dessa forma, também não gera-se o lucro.
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Ponto de Equilíbrio Contábil
Volume de Vendas
Receita (valor)
PECq = CF / PV – Cvu
PECv = CF/1 – (CVu/PV + RDL)
Ou PECq = CF / MC
Onde:
Onde:
PECq = Ponto de Equilíbrio Contábil
PECv = Ponto Contábil Equilíbrio em valor
em quantidade
CF = Custos Fixos
CF = Custos Fixos
CVu = Custo Variável unitário
PV = Preço de Venda
PV = Preço de Venda
CVu = Custo Variável Unitário
RDL = Retorno desejado do lucro
MC = Margem de Contribuição
Fonte: Adaptado Santos (2000)
Quadro 2 – Fórmula para Cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil
2.3.2 Ponto de Equilíbrio Econômico(PEE)
Segundo Santos (2000), o PEE é aquele em que as receitas totais são iguais
aos custos totais acrescidos de um lucro mínimo de retorno do capital investido. É a
formula utilizada para que possamos calcular o quanto devemos vender de um
determinado produto, visando alcançar um lucro desejado.
Ponto de Equilíbrio Econômico
Volume de Vendas
Receita (valor)
PEEq = CF + RDL / PV – CVu
PEEv = CF / 1 – (CVu/PV+RDL)
Onde:
Onde:
PEEq = Ponto de Equilíbrio econômico
PEEv = Ponto Equilíbrio Econômico em
em quantidade
valor
CF = Custos Fixos
CF = Custos Fixos
RDL = Retorno desejado do lucro
CVu = Custo Variável unitário
PV = Preço de Venda
PV = Preço de Venda
Cvu = Custo variável unitário
RDL = Retorno desejado do lucro
Fonte: Adaptado Santos (2000)
Quadro 3 – Fórmula para Cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico
2.4 Margem de Segurança
A MS é utilizada para representar o quanto um determinado volume de
vendas, em unidades ou em valor, pode cair sem que a empresa passe a operar
com prejuízo.
Dutra (1995) conceitua a MS como o “espaço limitado, pelo nível de produção e de
vendas considerado normal e pelo nível do PE”. Dessa forma, pode-se afirmar que
quanto menor o PE, maior a MS, e vice-versa.
Margem de Segurança
Valor Total
MSv = VTv – PEv
Onde:
MSv = Margem de Segurança em valor
Valor unitário
MSu = VTu – PEu
Onde:
MSu = Margem de Segurança em unidades
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VTv = Vendas totais em valor
PEv = Ponto de Equilíbrio em valor
Fonte: Adaptado Dutra (1995)
VTu = Vendas totais em unidades
PEu = Ponto de Equilíbrio em unidades
Quadro 4 – Fórmula para Cálculo da Margem de Segurança
3. Aplicação da ferramenta de análise Custo/Volume/Lucro em posto de
combustíveis
3.1 Metodologia
Com o intuito de evidenciar a aplicabilidade da Análise CVL em micro
empresas elaborou-se uma pesquisa exploratória, a partir de um estudo de caso no
posto de combustíveis Delta (Nome fictício). Em primeiro lugar a pesquisa
caracteriza-se como exploratória por promover um maior conhecimento da
problemática do estudo em questão e utilizar métodos flexíveis de pesquisa, visando
explorar um problema ou uma situação para prover critérios e compreensão.
Segundo Gil (1996, p.45) esse tipo de pesquisa porporciona:
[...] maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito
ou construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como
objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.
Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a
consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.
O procedimento adotado para a coleta de dados foi a utilização de estudo de
caso. Ainda segundo Gil (1996) o estudo de caso é caracterizado pelo “estudo
profundo e exaustivos de um objeto, de maneira que permita o seu amplo e
detalhado conhecimento”. Esse tipo de estudo é uma das ferramentas mais
eficientes e recomendadas na realização de pesquisas exploratórias, uma vez que a
principal característica do mesmo é a grande flexibilidade, sendo possível que o seu
planejamento induza a descobertas inicialmente não consideradas, representando
assim um grande estímulo para novas descobertas. O estudo de caso, ainda
segunto o autor propicia a vantagem da multiplicidade da dimensão do problema,
tendo em vista que esta permite ao pesquisador focalizar o problema na amplitude
necessária ou desejada
O objetivo principal dessa aplicação consistiu em proporcionar informações de
cunho contábil aos administradores da entidade mencionada. Assim, tornou-se
possível demonstrar a importância dessa ferramenta de análise e suas vantagens
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quanto à oferta de informações gerenciais, além do entendimento na aplicação dos
conceitos envolvidos, relativamente de fácil compreensão.
3.1.1 Descrição empresa
A empresa focada conta com cerca de 9 funcionários e comercializa
principalmente combustíveis, óleos e lubrificantes. O posto também conta com uma
loja de conveniência terceirizada. Contudo, a pesquisa restringiu-se somente à linha
de combustíveis, tendo em vista que a principal renda do faturamento mensal do
estabelecimento consiste na mesma.
Os quatro produtos abordados são a Gasolina comum, Gasolina Aditivada, Álcool e
Diesel.
3.1.2 Coleta de dados
Após a visita ao estabelecimento escolhido e entrevistas com o responsável,
foram examinados e coletados os dados necessários nas fontes administrativas e de
contabilidade. Em seguida, foram calculados os fatores envolvidos na Análise Custo
/Volume/Lucro. Dessa forma foram determinadas a Margem de Contribuição Unitária
dos produtos em questão e a Margem de Contribuição Total a partir do volume
mensal comercializado na empresa. A próxima etapa foi a o cálculo do Ponto de
Equilíbrio da empresa e, conseqüentemente a Margem de Segurança.
Por fim, foram elaboradas planilhas com essas informações coletadas e
calculadas e entregue ao gerente da empresa, com o intuito de fornecer esses
dados referentes ao gerenciamento de custos e preços do comércio.
3.2 Cálculo da Margem de Contribuição
3.2.1 Margem de Contribuição Unitária
O cálculo da Margem de Contribuição Unitária, conforme relatado no
embasamento teórico envolve os fatores preço de venda unitário, as tributações
incidentes sobre as vendas e os custos de compra unitário dos produtos. Esses dois
últimos fatores funcionam como os Custos e Despesas Variáveis da empresa. Os
valores de compra da mercadoria são representados por litros e envolvem os valores
de fretes e transportes.
Após a obtenção dos Preços de Venda e dos Custos de Compra, o contador
da empresa relatou os tributos incidentes sobre os preços de vendas dos produtos
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comercializados. O tributo número “1” demonstrado na tabela representa a alíquota
de 0,24%. O tributo número “2” representa o percentual de 1,08%.
A MC em valor foi obtida subtraindo do “preço de venda” por litro de
combustível os “custos de compra unitários” e a “tributação sobre as vendas”.
Também foram calculados o a Margem de Contribuição Unitária em percentual,
dividindo o valor da MC encontrada anteriormente pelo PV e multiplicando o valor
por 100. Todos esses valores são representados na tabela a seguir:
Fatores/Combustíveis
A - Preço de Venda
B – Tributo de Venda “1” (0,24%xPV)
C – Tributo de venda “2” (1,08%xPV)
D - Custo de Compra
E - MC Unitária (A-B-C-D)
F - MC Unitária (%) (E/A x100)
Fonte: Elaborado pelo autor
Gasolina
Comum
2,54
0,006
0,027
2,17
0,337
13,26%
Gasolina
Aditivada
2,76
0,006
0,029
2,346
0,379
13,73%
Álcool
Diesel
1,59
0,003
0,017
1,278
0,292
18,36%
2,09
0,005
0,022
1,907
0,156
7,46%
Tabela 1 – Cálculo da Margem de Contribuição Unitária
3.2.2 Margem de Contribuição Total
Para o cálculo da Margem de Contribuição Total foram multiplicados a MC
unitária pelo volume de litros vendidos no período. A partir do volume total
comercializado pela empresa também foram demonstrados os percentuais de
volume vendidos. Além disso, foram calculados a Margem de Contribuição total em
valor e em percentual do total, conforme apresentado na tabela 2:
Fatores/Combustíveis
Gasolina
Comum
0,337
13,26%
67300
37,62%
MC Unitária($)
MC Unitária(%)
Volume Vendido(litros)
% do volume
total(litros)
MC total($) – MC * V
22.680,10
Percentual do total(%)
41,85
Fonte: Elaborado pelo autor
Gasolina
Aditivada
0,379
13,73%
16900
9,45%
Álcool
Diesel
Totais
0,292
18,36%
76000
42,48%
0,156
7,46%
18700
10,45%
--------------------178900
100%
6.405,10
11,82
22.192,00
40,95
2.917,20
5,38
54.194,40
100%
Tabela 2 – Cálculo da Margem de Contribuição Total
Percebe-se, a partir da elaboração das tabelas 1 e 2, que a Gasolina Comum
e o Alcool representam os principais produtos comercializados pela empresa (mais
de 80% do percentual total). Observando esses elevados valores na Margem de
Contribuição percebe-se que esses são os produtos que geram maior margem de
lucro.
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3.3 Despesas e custos fixos no período
Foram apontados os custos e despesas que não apresentam variação em
razão do volume vendido, ou que permanecem com o mesmo valor mensalmente,
mesmo com mudanças nas vendas. O fator “Salários” representa a remuneração
mensal dos funcionários. O item “Encargos Sociais” considerou a soma dos
encargos gerados pelos salários e pelo pró-labore, a retirada mensal dos sócios.
Os gastos de Depreciação, IPVA, IPTU e Inmetro são gastos anuais. Por esse
fato o valor total foi dividido por 12 meses. Os fatores “Energia Elétrica”, “Telefone”
ou “Material Expediente” são gastos que podem sofre pequenas alterações, se
tornando maiores ou menores conforme o mês.
Itens
Salários
Encargos sociais
Pró Labore
Depreciação
Energia Elétrica
Telefone
Material de Expediente
Valor mensal ($)
6050,00
1595,00
4000,00
1000,00
3030,00
330,00
42,30
Itens
IPVA (1/12)
IPTU (1/12)
Inmetro (1/12)
Fretes Pagos
Taxas Diversas
Contribuição Sindical
Propaganda
Valor mensal
($)
35,00
70,80
106,20
500,00
134,00
26,70
130,00
TOTAL MENSAL – 17050,00 7050,00,00
Fonte: Elaborado pelo autor
Tabela 3 – Despesas e Custos Fixos
3.4 Cálculo do Ponto de Equilíbrio
Conforme já ressaltado, o ponto de equilíbrio referencia-se ao volume de
vendas em que a Margem de contribuição se iguala às despesas fixas. Ou seja, é o
volume de vendas no qual a empresa não tem lucro, nem prejuízo.
Para a elaboração dessas informações são basicamente necessárias três
informações: Despesas e Custos Fixos no período; Margem de Contribuição total e
volume total vendido. Esses custos foram rateados de acordo com o percentual do
volume vendido.
A fórmula utilizada para o cálculo do Ponto de Equilíbrio: PEu=CF/(MC/VTv)
Fatores/Combustíveis
Volume Vendido (litros)
Custo fixo ($)
MC Total ($)
% do volume total (litros)
Ponto de Equilíbrio Mix
Gasolina
Comum
67.300
6.414,21
22.680,10
37,62%
21175,99
Gasolina
Aditivada
16.900
1.611,23
6.405,10
9,45%
5319,33
Álcool
76.000
7.242,84
22.192,00
42,48%
23911,65
Diesel
18.700
1.781,72
2.917,20
10,45%
5882,22
Totais
178.900
17.050,00
54.194,40
100%
56.289,20
12
(Litros)
Ponto de Equilíbrio ($)
Fonte: Elaborado pelo autor
53787,01
14681,35
38019,52
12293,84
118781,72
Tabela 4 – Cálculo do Ponto de Equilíbrio
Dessa forma, constatou-se que a empresa vende um volume muito maior do que
necessita para suprir seus custos.
3.5 Margem de Segurança
Essa margem significa o volume vendido que excede o Ponto de Equilíbrio.
Para o cálculo da MS em quantidade basta deduzir das vendas mensais da
empresa, as vendas no PE. E para calcular em valor, basta multiplicar a MS pelo
preço de venda.
Fatores/Combustíveis
Volume Vendido (litros)
Ponto de Equilíbrio Mix
(Litros)
MS (Litros)
Preço de Venda
MS (Valor)
Fonte: Elaborado pelo autor
Gasolina
Comum
67.300
21.175,99
Gasolina
Aditivada
16.900
5.319,33
Álcool
Diesel
Totais
76.000
23.911,65
18.700
5.882,22
178.900
56.289,20
46.124,01
2,54
117.154,98
11.580,67
2,76
31.962,65
52.088,35
1,59
82.820,48
12.817,78
2,09
26.789,16
122.610,81
-----------------------
Tabela 5 – Cálculo da Margem de Segurança
3.6 Avaliação do Resultado Mensal
Fatores/Combustíveis
Volume Vendido (litros)
A- Preço de Venda
B – Tributo de Venda “1”
(0,24%xPV)
C – Tributo de venda “2”
(1,08%xPV)
D - Custo de Compra
MC Unitária ($)
MC Total ($)
Custo fixo ($)
Resultado do mês ($)
Fonte: Elaborado pelo autor
Gasolina
Comum
67.300,00
2,54
0,006
Gasolina
Aditivada
16.900,00
2,76
0,006
Álcool
Diesel
Totais
76.000,00
1,59
0,003
18.700,00
2,09
0,005
178.900,00
0,027
0,029
0,017
0,022
2,17
0,337
22.680,10
2,346
0,379
6.405,10
1,278
0,292
22.192,00
1,907
0,156
2.917,20
54.194,40
17.050,00
37.144,40
Tabela 6 – Projeção de Resultado Mensal
Nessa tabela podemos observar de forma simples uma avalição do resultado mensal
que pode servir de exemplo para uma projeção de resultados nos meses
13
posteriores. Na tabela 6 foram evidenciados principalmente a MC total de onde
foram deduzidos os Custos Fixos totais, gerando os resultados finais do mês.
Em linhas gerais, a partir da aplicação dessa simples ferramenta pode-se ser
observado diversos fatores. Em primeiro lugar, a empresa já comercializa um volume
maior do que o necessário para q não ocorra prejuízos no negócio.
Também se constatou que os produtos Gasolina comum e Álcool
representam
o
maior
volume
de
comercialização.
Dessa
maneira
os
empreendedores poderiam utilizar essa informação para reforçar campnhas
publicitárias nos outros produtos, visando aumentar o seu volume de vendas. Ou
então, os mesmos até poderiam deixar de ser comercializados, se a empresa
optasse por investir somente em seus produtos principais.
Há diversas outras decisões que poderiam ser tomadas com base nas
informações contábeis resultantes da análise CVL utilizada. É importante ressaltar
que essa ferramenta permite demostrar o resultado ocorrido em um determinado
período ou projetá-lo para um período futuro.
4 Considerações Finais
O enfoque principal deste estudo envolveu a viabilidade da análise CVL e sua
aplicação em empresas comerciais de pequeno porte. Os gerentes dessas
organizações que utilizam da adoção desse instrumento de contabilidades dos
custos gerenciais conseguem adquirir inúmeras informações úteis ao funcionamento
contábil da entidade.
Dentre os benefícios gerados para a micro empresa mercem destaques os
seguintes: A partir do estudo de caso apresentado é possível averiguar esses
benefícios:
- Cálculo da Margem da Contribuição Unitária em reais e em percentual, o que
permite averiguar quais pontos são mais rentáveis individualmente, facilitando a
elaboração de promoções, bem como a análise de preços praticados quanto à
rentabilidade dos itens comercializados.
- Cálculo da Margem de Contribuição Total, que possibilita identificar quais produtos
contribuem mais para suportar as despesas e custos fixos mensais e para gerar
lucro.
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- Determinação do Ponto de Equilíbrio em quantidade e em valor, que permite
avaliar o quanto é necessário vender mensalmente tanto em litros quanto em valor
monetário. Com algumas adaptações é possível ainda determinar o quanto é
necessário para alcançar o lucro desejado para satisfazer os investidores (PEE),
como também é possível calcular o PEF, onde se define o volume a ser
comercializado para quitar as dívidas do período, por exemplo.
- Obtenção da Margem de Segurança em unidades e valor, ou seja, o volume que a
organização pode suportar em relação à redução de vendas para não entrar na faixa
de prejuízo.
- Cálculo do Resultado Mensal e a possibilidade de projeção de resultados futuros
com base no histórico de custos, faturamento, ou fundamentado nas previsões de
volume a ser comercializado.
Percebe-se que as vantagens geradas pela ferramenta são inegáveis, e que,
se aplicada de forma correta e pertinente, a tomada de decisões dentro da empresa
pode ser segura a eficiente. Dessa forma, os empresários dessas empresas de
pequeno porte terão melhores condições para evitar ou diminuir as dificuldades de
gerenciamento das atividades financeiras que levam muitas empresas à falência,
pouco tempo depois de iniciadas.
Referências
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ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
DUTRA, Rene Gomes. Custos - Uma Abordagem Prática. 5ª ed. São Paulo: Atlas,
1995.
GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W. Contabilidade gerencial. 9ª ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2001.
GIL, A.C. Como elaborar Projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.
HANSEN, Don R., MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos – contabilidade e
controle. São Paulo: Pioneira Thomson, 2003.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 1994.
SANTOS, J. J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 1990.
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SANTOS, J. J. Análise de custos: Remodelado com ênfase para custo marginal,
relatórios e estudos de caso. São Paulo: Atlas, 2000.
VANDERBECK, Edward J. & Charles F. Nagy. Contabilidade De Custos. 10 Ed.
Cengage Learning 2001
WERNKE, Rodney. Gestão de Custos. São Paulo: Atlas, 2001.
ÁREA TEMÁTICA
Gestão: Finanças
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análise custo x volume x lucro em empresas comerciais