Oriente de Curitiba, 30 de junho de 2011
Ney Lisboa de Miranda 33º
JOÃO BATISTA OU JOÃO EVANGELISTA
“O corpo que aí vedes representa o nosso
Mestre e Protetor „São João Batista‟, friamente
assassinado para a satisfação dos caprichos de
uma mulher fácil e vingativa....”
“Esse é o primeiro momento em que o iniciando houve falar da existência de
um santo protetor na maçonaria, e, concomitantemente é alertado para a
vingança que os perjuros e traidores preparam para si o próprio castigo e mais,
veladamente é alertado sobre a inexistência de refugio para ocultar a própria
vergonha do crime cometido”.
Embora a Maçonaria não seja uma religião e nem seja, na acepção do termo,
uma ordem mística, ela utiliza em seus rituais, na simbologia e na estrutura
filosófica e doutrinária, os padrões místicos de diversas civilizações antigas,
notadamente as relativas às religiões e às ordens iniciáticas.
O padrão místico dos quais a Maçonaria se envaidece, não seguem a exatidão
científica determinada evidência, pela clareza e pela demonstração plena e
repetitiva.
Esse misticismo, em contrário, e só é percebido, profundamente, no íntimo;
como uma tendência do “ser” em busca do “Absoluto” com que se pretende
unir-se. É, em ultima análise, um conjunto de atos e disposições cujo escopo é
a comunhão com a divindade.
Para a Maçonaria, não pairam dúvidas, homenageia os dois São João – O
Batista e o Evangelista – tanto é que as Lojas Simbólicas são chamadas de
“Lojas de São João”. então um deles ou mesmo os dois são nosso patronos.
Mas qual deles? E aí se forma o “quid pro quo”, visto que para uma grande
parte de irmãos, o Patrono da Maçonaria é São João Batista, quando para
outro seguimento o nosso Patrono seria São João Evangelista e, ainda uma
pequena minoria que defende a indicação de São João Esmoler, filho do Rei de
Chipre, que, nos tempos das Cruzadas, abandonou a sua pátria e a herança de
um trono, para ir a Jerusalém, proporcionar socorro aos peregrinos e aos
guerreiros e ali instituiu um hospício e designou um grupo de irmãos para tratar
dos enfermos e distribuir esmolas e socorros aos visitantes do Santo Sepulcro.
A verdade é que a invocação de São João Batista e de São João Evangelista
Remonta a Maçonaria Operativa e se constitui em importante legado para a
Maçonaria Especulativa, herdeira de todas as tradições maçônicas. São João,
não resta dúvidas foi o Patrono dos Maçons Operativos e esotericamente,
continua o Patrono da Maçonaria Especulativa.
Segundo Oswaldo Wirth, “os arquitetos da Idade Média gostavam de celebrar
os Solstícios, conforme os usos das mais antigas épocas pagãs, a fim de
poderem permanecer fiéis às tradições, equivocadas, do ponto de vista cristão
e escolheram como patrono os dois santos João”.
Esta informação é explicada por outros autores, nos seguintes temos. “Os
Solstícios eram chamados pelos povos antigos, na linguagem metafórica ou
simbólica como sendo a porta do céu”. As antigas Corporações de
Construtores, então acostumados como estavam a comemorar esses dias,
obedecendo assim ao seu esoterismo e para evitarem as perseguições, não
tiveram dúvidas em adotar como patrono o “Batista” e o “Evangelista” e,sob o
pretexto de que solenizavam o nascimento desses santos, puderam continuar
sem desconfianças os seus antigos costumes usos, visto que o exoterismo das
festas nada influía no verdadeiro sentidos das festividades.Essas Corporações,
depois de séculos, se transformaram em franco-maçonaria atual, a qual
respeitando a tradição, ainda conserva os dias 24 de junho e de 27 de
dezembro como as maiores festas da Ordem.
Por herança recebida dos membros das organizações de ofícios, que,
tradicionalmente costumavam comemorar os solstícios, essa prática chegou à
Maçonaria moderna, mas já temperada pela influência da Igreja sobre as
corporações operativas. Como as datas dos solstícios são 21 de junho e 21 de
dezembro, muito próximas das datas comemorativas de São João Batista – 24
de junho - e de São João Evangelista – 27 de dezembro – elas acabaram por
se confundir com estas, entre os operativos, chegando à atualidade.
Não se pode esquecer que a primeira Obediência maçônica do mundo, foi
fundada em 1717, no dia de São Batista.
Graças a isso, muitas corporações, embora houvesse um santo protetor para
cada um desses profissionais, acabaram adotando os dois São João como
padroeiros, fazendo chegar a esse hábito à moderna Maçonaria, segundo a
maioria dos ritos, as Lojas de São João, que abrem os seus trabalhos e o
fazem com a exortação: “Gloria do Grande Arquiteto do Universo e em honra a
São João nosso padroeiro”.- englobando aí, os dois santos.
No templo maçônico, essas datas solstíciais estão representadas num símbolo,
que é o Círculo entre Paralelas Verticais e Tangenciais, significando que o Sol
não transpõe os trópicos, o que sugere, ao maçom, que a consciência religiosa
do homem é inviolável; as paralelas representam os trópicos de Câncer e de
Capricórnio e os dois São João.
No sentido astrológico, o maçom, por meio da noção da porta estreita, como a
dificuldade de ingresso na ordem, as portas solsticiais, estreitos meios de
acesso ao conhecimento, simbolizado no círculo cósmico, no círculo da vida,
no zodíaco, pelo eixo Capricórnio-Câncer, já que Capricórnio corresponde, ao
Solstício de inverno e Câncer ao de verão.
O homem distinguia a diferença entre duas épocas, uma de frio e outra de
calor, conceito que inicialmente, lhe serviu de base pára organizar o trabalho
agrícola.
Graças a isso é que surgiram os cultos solares, com o Sol sendo proclamado
como fonte de calor e luz – o rei dos céus e o soberano do mundo, com
influência marcante sobre todas as religiões e crenças posteriores da
humanidade. E desde a época das antigas opostas do céu, como porta do céu,
o homem imaginou os solstícios como abertura opostas do céu, como portas,
por onde o Sol entrava e saía ao ter na o seu curso, em cada curso tropical.
E para celebrar esse acontecimento, celebravam banquetes místicos e
religiosos; os egípcios e gregos celebravam banquetes sagrados; os romanos
celebravam o “lectisternium” ou festim realizados defronte dos deuses que
adoravam; os judeus reuniam-se em refeições prescritas por Moisés; os
primeiros cristãos celebravam suas refeições de amor e caridade, com o nome
de ágapes.
A Maçonaria moderna, ou atual, conserva essa tradição, realizando a
celebração do Solstício com um ágape fraternal, reunindo todos os irmãos de
loja, numa demonstração da fraternidade simbolizando o “Triunfo completo da
Luz sobre as Trevas”.
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