Educação e Surdez
Curso de Formação
em Libras
1ª ETAPA
Prefeitura Municipal de Paracatu
Secretaria de Municipal de Educação
Rua Bento Pereira Mundim, 177 - Paracatu-MG – CEP:38.600-000
[email protected] -Tel.: (38) (38) 3671-4455 / (38) 3671-3899
EDITORIAL
A presença de um aluno surdo na
escola regular, nos faz pensar uma revisão
de conceitos. Pois precisamos encarar o
aluno surdo como um “estrangeiro” em sala
de aula, ou seja, um sujeito com língua e
percepção de mundo diferente do nosso
aluno padrão refletindo que, em todo
momento, estaremos com dois públicos em
um mesmo espaço.
Por isso, há necessidade de rever as
estratégias e metodologias previstas nesta
educação formal, principalmente no enfoque
da alfabetização/letramento, para que a
escola cumpra seu papel com estes alunos:
levá-los ao mundo letrado e conduzi-los à
aprendizagem da leitura e escrita da língua
portuguesa, interagindo com conceitos e
contextos vivenciados.
Muitos foram os erros e acertos
presentes no processo de inclusão
educacional de alunos surdos. Observamos
isso, buscamos cultivar os acertos e
aprender com os erros. Após muita
discussão e reflexão, chegamos à conclusão
de que alguns pontos são indispensáveis
para que a inclusão dos surdos em nossas
escolas ocorra efetivamente.
Esses pontos estão devidamente
organizados nesta oficina. O objetivo deste
material não é o de engessar as práticas
pedagógicas ou impor determinadas ações
como únicas possibilidades ou como
verdades absolutas. Ao contrário, a intenção
é oferecer direções e sugestões aos
participantes do processo de inclusão dos
surdos no sistema educacional.
EXPEDIENTE
Apostila para o curso de Formação em
LIBRAS, Educação e Surdez
Organização:
Duanne Antunes Bomfim
Professor:
Duanne Antunes Bomfim
Revisão:
Maria de Lourdes da Silva Neijar
Coordenação:
Neide Batista
Secretaria Municipal de Educação de Paracatu
Contatos:
[email protected]
Tel.: (38) (38) 3671-4455 / (38) 3671-3899
[email protected]
(33) 8863-0783
ORIENTAÇÕES GERAIS:
ETAPAS:
1 14-17 de Novembro de 2011
2 19-22 de Dezembro de 2011
3 _______ de Janeiro de 2012
TURNOS: matutino e vespertino/noturno
HORÁRIO: 7h às 12h e 16h às 21h
LOCAL: SESI
CARGA HORÁRIA PRESENCIAL: 120 horas (40h por etapa)
CARGA HORÁRIA A DISTÂNCIA: 60 horas (20h por etapa)
RECURSOS NECESSÁRIOS:
- Sala bem iluminada composta de cadeiras na posição semicírculo que comporte os alunos.
- 1 Apostila do curso
- 1 DVD de vídeos e atividades
- 1 Dicionário de Libras Digital (Para Computador)
- 1 Dicionário de Libras em livro
- 1 CD com Orientações Gerais e materiais de LIBRAS e Surdez
- 1 Camisa (cada um compra a sua)
Todo material para estudo nas atividades práticas como Filmes, Vídeos e Palestras estarão
disponíveis em local acessível para empréstimo a todos.
AULAS PRESENCIAIS
Serão 4 dias com aulas de duração média de 10hs.
Os Intervalos serão de 15 minutos.
Teremos aulas teóricas e práticas com apoio de amplo material didático.
ESTUDOS A DISTÂNCIA - ATIVIDADES PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Todos os alunos serão submetidos à participação em palestras ou oficinas, assistir a Filmes que
tenha presença de surdos e uso de libras, realizarem visita e interação com a comunidade surda,
fazer estudos dirigidos, elaborar pasta de comprovação de conclusão sobre todos os estudos a
distância do curso.
Para o fechamento do trabalho em grupo montarão um projeto que atinja o público surdo.
A cada etapa o aluno deverá realizar as atividades propostas e anexá-las em uma pasta para que ao
final do curso seja entregue e validada sua carga horária para certificação.
Assim, em cada etapa deverá ser feito da seguinte forma:
• Assistir ou participar em uma Palestra ou Oficina na área da surdez.
• Assistir a Filmes ou Documentário com fichamento conforme orientação.
• Pesquisar um assunto da LIBRAS, linguística, curiosidade ou cultural.
• Visitar e interagir com a comunidade surda por 10horas com comprovação por fotos ou
documentos específicos conforme orientação e documento encaminhado por e-mail.
AVALIAÇÃO/CERTIFICAÇÃO
O Certificado estará condicionado à participação e devida frequência (carga horária mínima de 75%)
nas atividades propostas.
ESTUDOS A DISTÂNCIA - ATIVIDADES PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS
1. Palestras ou Oficinas: Assistir palestras ou participar de oficinas sobre LIBRAS e educação
de surdos, na cidade, fora se não houver nenhuma destas programações no período do curso,
poderá assistir a vídeos que destaquem o atendimento a surdos, clínico ou educacional.
1.1. Deverão ser feitas anotações em folha disponibilizada para registro do que foi assistido em
palestras presenciais ou em vídeos
1.2. Para quem assistir as palestras, anexar xérox de declaração ou certificado emitido no evento
contendo data, duração e assunto.
1.3. Serão Disponibilizados 11 DVDs de Palestras do INES e MEC para os que não puderem
presencialmente participar destes encontros propostos.
2. Filmes e Documentários: Assistir a vídeos que se relacionam com a surdez dentro do
convívio social e educacional.
2.1. Lista de sugestões para assistir serão enviadas por e-mail e algumas cópias estarão
disponíveis para empréstimo.
2.2. Fazer o fichamento e analise contendo dados do filme, sinopse e/ou resenha comentada com
opiniões pessoais, conforme modelo a ser enviado por e-mail.
3. Estudos Dirigidos/Pesquisa: Leitura e relatório de textos e/ou artigos da área.
3.1. Ler artigos, textos, resenhas, livros, pesquisas acerca da LIBRAS e educação de surdos, que
analise questões linguísticas, culturais entre outras.
3.2. Fazer uma síntese do assunto para registro e apresentação no momento de discussão com o
grupo.
4. Elaborar Texto: Elaborar um texto dissertativo de conclusão do curso usando tema que
relacione o que aprendeu com uma abrangência prática do uso da LIBRAS.
5. Visita e interação com a comunidade surda: Visitas a entidades de surdos e eventos nos
quais haja participação de pessoas surdas.
5.3. Preencher corretamente o Controle do Estágio, com carimbo e assinaturas.
5.4. No Relatório de Atividades desenvolvidas, falar sucintamente sobre como foi cada dia.
5.2. O Relatório final destas visitas deve abranger as expectativas, metas e resultados na
interação com estes pares.
5.5. As visitas devem ser desenvolvidas no mínimo em dois ambientes diferentes.
6. Projeto Prático
Em grupo criar um; teatro, representação, técnicas, dinâmicas, jogos ou atividades em Libras que
privilegiem as questões pertinentes língua e a surdez.
6.1. Devem ser apresentadas em Libras para público surdo, em alguma associação ou escola.
6.2. Anexar Fotos e Declaração para comprovação conforme orientações.
ORIENTAÇÕES PARA O PROJETO PRÁTICO
Grupos de até 5 pessoas:
Áreas de Abrangência a serem trabalhadas
•
•
•
•
•
•
•
Estimulação e Educação Infantil
Fundamental (anos iniciais e finais)
Ensino Médio
Educação Profissionalizante
Ensino Superior
Atendimento Educacional Especializado
Vida social e familiar
Sugestões Projetos
•
•
•
•
•
•
•
Palestras para pais ou professores
Sensibilização da Sala de Aula e da Escola com surdos incluídos.
Ensinar LIBRAS para uma sala de Aula, ou para um grupo de pessoas.
Elaboração de jogos para estimulação e aquisição de linguagem para surdos.
Teatro de histórias infantis com toda
Representação de piadas ou musical
Jogos ou dinâmicas que privilegiem a LIBRAS.
Formatação e apresentação
Fonte: Arial
Tamanho: 11
Espaçamento: 1,5
Margens: Esquerda: 3,0 / Direita: 2,0
Parágrafo: 1,5
Papel: A4
Paginamento: Nº. Cardinais
Encadernado
1º. PASSO
2º. PASSO
3º. PASSO
4º. PASSO
5º. PASSO
6º. PASSO
7º. PASSO
8º. PASSO
9º. PASSO
10º. PASSO
11º. PASSO
12º. PASSO
Capa: Nome da Instituição, Nome do Curso, Matéria Apresentada, turma, Tema do
trabalho, cidade e ano.
Folha de Rosto: Nome da Instituição, Nome do Curso, Matéria Apresentada, turma,
Tema do trabalho, Explicação do objetivo do trabalho, professor Nome dos
componentes, cidade e ano.
Sumário
Introdução (tema, delimitação do assunto)
Tema / Justificativa (o problema, Hipóteses)
Objetivos (público Alvo, Área de Abrangência, Metas)
Desenvolvimento
Cronograma de execução
Avaliação
conclusão
Bibliografia
Anexos (Fotos e declaração da instituição onde realizou o projeto)
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Pág.
A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
1
Como Aprender um Novo Idioma
2
O Que Contribui para o Êxito
3
A Estruturação da LIBRAS
4
Unidade 1 Conhecendo e Reconhecendo
6
Unidade 2 Identidade, Cultura e Comunidade Surda
25
Unidade 3 Rotina Diária
49
Unidade 4 Relacionamentos e Família
62
Bibliografia Consultada
91
1
A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS
(extraído do Livro LIBRAS em Contexto – Curso Básico 2009)
LIBRAS é a Língua de Sinais usada pelas comunidades de surdos no BRASIL, reconhecida
pela Lei 10.436. Ela não é uma simples gestualização, assim como as diversas línguas naturais
e humanas existentes, ela é composta por níveis linguísticos, a diferença está pautada ma sua
modalidade de articulação, visual-espacial. Assim sendo, para se comunicar em LIBRAS, não
basta apenas conhecer sinais. É necessário conhecer a sua gramática para combinar as frases,
estabelecendo comunicação. Assim, a LIBRAS se apresenta como um sistema linguístico de
transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais
introduzidos pelas comunidades surdas em resposta às mudanças culturais e tecnológicas.
Assim a cada necessidade surge um novo sinal e, desde que se torne aceito, será utilizado pela
comunidade.
Acredita-se também que somente exista uma língua de sinais no mundo, mas assim como
as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas
por toda parte do mundo, que estão inseridas em “Culturas Surdas”, possuem suas próprias
línguas, existindo, portanto, muitas línguas de sinais diferentes, como: Língua de Sinais
Francesa, Chilena, Portuguesa, Americana, Argentina, Venezuelana, Peruana, Brasileira,
Inglesa, Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, Urubus-Kaapor (Índios), citando apenas
algumas. Estas línguas são diferentes uma das outras e independem das línguas oraisauditivas utilizadas nesses e em outros países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem a
mesma língua oficial, o português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes. O
mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre outros. Também pode acontecer
que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o caso da Língua de
Sinais Americana que é usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá.
Embora cada língua de sinais tenha sua própria estrutura gramatical, surdos de países com
línguas de sinais diferentes comunicam-se com mais facilidade uns com os outros, fato que não
ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior para um
entendimento. Isso se deve à capacidade que as pessoas surdas têm em desenvolver e
aproveitar gestos e pantomimas (Arte ou ato de expressão por meio de gestos; mímica) para a
comunicação e estarem atentos às expressões faciais e corporais das pessoas e devido ao fato
dessas línguas terem muitos sinais que se assemelham às coisas representadas.
No Brasil, as comunidades surdas urbanas utilizam a LIBRAS, mas além dela, há .registros
de uma outra língua de sinais que é utilizada pelos índios Urubus-Kaapor na Floresta
Amazônica.
Muitas pessoas acreditam que a LIBRAS é o português feito com as mãos, que os sinais
substituem as palavras desta língua, e que ela é uma linguagem como a linguagem das abelhas
ou do corpo, como a mímica. Entre as pessoas que acreditam que a LIBRAS é realmente uma
língua, há algumas que pensam que ela é limitada e expressa apenas informações concretas, e
que não é capaz de transmitir idéias abstratas.
Esses mitos precisam ser desfeitos porque a LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma
língua de modalidade gestual-visual que é utilizada como canal ou meio de comunicação,
movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão; portanto, diferencia
da Língua Portuguesa, uma língua de modalidade oral-auditiva, que utiliza, como canal ou meio
de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas as
1
diferenças não estão somente na utilização de canais diferentes, estão também nas estruturas
gramaticais de cada língua.
Uma semelhança entre as línguas é que todas são estruturadas a partir de unidades
mínimas que formam unidades mais complexas, ou seja, todas possuem os seguintes níveis
linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico.
Entre as línguas é que os usuários de qualquer língua podem expressar seus pensamentos
diferentemente, por isso uma pessoa que fala uma determinada língua utiliza essa língua de
acordo com o contexto e o modo de se falar com um amigo não é igual ao de se falar com uma
pessoa estranha, assim, quando se aprende uma língua está aprendendo também a utilizá-la a
partir do contexto.
Também é que todas as línguas possuem diferenças quanto ao seu uso em relação à
região, ao grupo social, à faixa etária e ao gênero. O ensino oficial de uma língua sempre
trabalha com a norma culta, a norma padrão, que é utilizada na forma escrita e falada e sempre
toma alguma região e um grupo social como padrão.
Ao se atribuir às línguas de sinais o status de língua é porque elas, embora sendo de
modalidade de diferente, possuem também estas características em relação às diferenças
regionais, sócio-culturais, entre outras, e em relação às suas estruturas porque elas também
são compostas pelos níveis descritos acima. O que é denominado de palavra ou item lexical
nas línguas orais-auditivas, são denominados sinais nas línguas de sinais.
Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um
determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou
um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos
fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros.
2 COMO APRENDER UM NOVO IDIOMA
(Revista Sentinela. 15 de Agosto de 2008 – Você fala fluentemente a língua Pura? §21-25)
Quem deseja aprender um novo idioma precisa fazer mais do que memorizar novas
palavras. Precisa aprender uma nova forma de pensar, novos padrões de pensamento e a
cultura que permeia os usuários desta. A lógica e o senso de Humor podem ser diferentes em
outro idioma. A pronúncia de novos sons (sinais) exigirá um uso diferente do corpo e/ou dos
órgãos da fala.
O que nos ajudará a não apenas entender, mas também a falar esse idioma fluentemente?
Como no caso do aprendizado de qualquer idioma, há algumas técnicas básicas que podem
nos ajudar a ser fluentes na idioma. Vejamos algumas sugestões:
Ouça com atenção: De início, um novo idioma pode soar totalmente incompreensível
para uma pessoas não treinada. Mas, à medida que a pessoa aprende a se concentrar no que
ouve e vê, passará a reconhecer algumas palavras do idioma e padrões da linguagem que se
repetem. Escutar exige muita concentração, mas o esforço realmente compensa. Nas práticas
vivenciais, nos concentramos no que está sendo explicado, ou ficamos distraídos? É vital fazer
o máximo para nos concentrar no que está sendo apresentado.
Imite os que falam o idioma com fluência: Os que estudam um novo idioma são
incentivados a não apenas ouvir atentamente, mas também a tentar imitar, ou copiar, a pronúncia e a maneira de falar dos que são fluentes na idioma. Isso os ajuda a evitar desenvolver um
2
sotaque muito forte que dificulte que outros os entendam. Falar um idioma envolve não apenas
entender, mas usar, explicar e ensiná-lo a outros.
Memorize: Quem estuda um novo idioma precisa memorizar muitas coisas novas. Isso
inclui novas palavras, expressões, situações. Certamente faríamos bem em memorizar diálogos
contextualizados e músicas que correspondem a uma estrutura sinalizada.
A repetição: esta ajuda a fixar a memória. Assim repetidos lembretes são essenciais
para nosso aprendizado.
Leia de forma audível: Alguns tentam estudar um novo idioma de forma silenciosa ou
imaginária. Isso não produz os melhores resultados. Quando estudamos uma idioma, talvez
precisemos, às vezes, ler "em voz baixa" para ajudar na nossa concentração. Com isso, o
assunto fica mais bem gravado na mente.
Estude a gramática: A certa altura, é benéfico estudar a gramática, ou os princípios e regras do novo idioma que estamos aprendendo. Isso nos permitirá entender a estrutura do
idioma, habilitando-nos a falar corretamente.
Continue a fazer progresso: A pessoa talvez aprenda o suficiente para uma conversa
comum, mas depois pare de progredir. Esteja disposto a e expandir seu vocabulário, por assim
dizer. Sem desanimar, lembre-se sempre de comparar seu progresso no aprendizado não com
os outros, mas sim com o que já conseguiu alcançar.
Estabeleça horários de estudo. Períodos de estudo curtos e regulares são mais
eficazes do que longos períodos ocasionais. Estude quando estiver atento, menos sujeito a
distrações. Aprender um novo idioma é como abrir caminho numa floresta. Quanto mais se usa
a trilha, mais fácil fica o percurso. Se a trilha não for usada por muito tempo, a mata logo a fechará. Assim, persistência e constância são vitais.
Fale! Fale! Fale! Alguns que estão aprendendo um novo idioma talvez hesitem em se
expressar nesse por timidez ou medo de errar. Isso pode impedir seu progresso. Com relação a
este aprendizado, aplica-se o antigo ditado: "A prática faz a perfeição." Quanto mais a pessoa
exercita esta nova comunicação, mais à vontade se sente de usá-la.
3 O QUE CONTRIBUI PARA O ÊXITO
(Revista Despertai. 08 de Janeiro de 2000 - Gostaria de aprender outro idioma? § 12-13)
● Motivação. Você precisa de um incentivo — uma razão para atingir o seu alvo. Alunos
com grande motivação geralmente se saem melhor.
● Humildade. Não exija demais de si mesmo — erros são inevitáveis, especialmente no
começo. “As pessoas vão rir”, diz Alison, “por isso tenha senso de humor!” Valerie concorda:
“Você é como um bebê que está aprendendo a andar. Você tropeça e cai frequentemente, mas
tem de se levantar e tentar de novo.”
● Paciência. “Os dois primeiros anos foram difíceis para mim e às vezes tinha vontade de
desistir”, admite David. Mesmo assim, ele reconhece: “Vai ficando mais fácil.” Jill também acha
a mesma coisa. “Você não acredita que fez muito progresso até que olha para trás”, diz ela.
● Prática. Exercícios regulares vão ajudá-lo a se tornar fluente no idioma que está
aprendendo. Procure praticar todos os dias, mesmo que seja apenas alguns minutos. É como
diz certo livro didático: “Melhor ‘pouco e sempre’ do que ‘muito mas raramente’.”
3
Recursos úteis:
● Cartões de fixação. Cada cartão contém uma palavra ou frase na frente e a tradução no
verso. Se não estiverem disponíveis onde mora, você pode montar sua própria coleção usando
um fichário.
● DVDs e Vídeos pedagógicos. Ajudam-no a aprender por escutar o idioma falado de
maneira correta. Por exemplo, enquanto dirigia o carro, David aprendeu o básico de japonês
escutando fitas cassete de um livro de bolso para viagens.
● Programas de computador interativos. Alguns desses permitem gravar a voz e
comparar a sua pronúncia com a dos falantes nativos.
● Filmes e Televisão. Se na região onde mora houver programas no idioma que está
aprendendo, por que não sintonizá-los para verificar quanto consegue entender?
● Revistas e Livros. Tente ler matérias na língua que está aprendendo, certificando-se de
que o nível de compreensão não seja nem muito avançado nem muito básico.
4
A ESTRUTURAÇÃO DA LIBRAS
Classificadores
Um classificador (CL) é uma forma que estabelece um tipo de
concordância em uma língua. Na LIBRAS, os classificadores são formas representadas por
configurações das mãos, braços, dedos e todos o corpo para transmitir ações, formatos de
objetos e situações, que lembram à realidade complementando o sentido da frase, situação ou
sinal. Ajudam construir sua estrutura sintática, através de recursos corporais que possibilitam
relações gramaticais altamente abstratas.
Expressões Corporais e Faciais É a movimentação do corpo, braço, dedos, rosto, boca
e olhos para o auxilio da sinalização. Usamos para identificar sujeitos, objetos e ações. Auxilia
no processo de comunicação, pois a nossa comunicação com um surdo estará bem ligada a
expressões faciais e posicionamento corporal, pois muitos sinais em sua configuração têm
como traço diferenciador as expressões.
Iconicicadade A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e
percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o
“desenho” no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza
linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da
realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. Mas a grande maioria dos sinais da
LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente.
Histórico e Cultura Muitos sinais principalmente no Brasil são carregados de uma
história de formação e cultura. Para entender por que ele recebe esta formação devem ser
analisados os fatos e acontecimentos anteriores a seu uso. Com o passar do tempo, muitos
outros sinais passam a ser criados ou modificados de acordo com a necessidade e surgimento
de fatos na história da comunidade surda, e muitos outros vem sendo substituídos e
modificados com o tempo. Além de passarmos pelo processo do dialeto do País, temos
Regional e Social dando a possibilidade de variações destes.
Empréstimos Linguísticos Como em toda língua a LIBRAS se apropria de alguns sinais
são realizados através da soletração, uso das iniciais das palavras, cópia do sinal gráfico pela
influência da Língua Portuguesa escrita. Estes empréstimos sofrem mudanças formativas e
4
acabam tornando-se parte do vocabulário da LIBRAS. Além de passar a fazer empréstimos de
outros sinais provenientes de países com a Língua de Sinais mais desenvolvida.
Sinais Da mesma forma que nas línguas orais-auditivas existem palavras, nas línguas de
sinais também existem ítens lexicais, que recebem o nome de sinais, que são gestos
específicos usados para identificar uma pessoa, objeto, animal ou ação. Os sinais surgem da
combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação no espaço ou no
corpo onde os sinais são feitos, os quais, juntos compõem as unidades básicas da LIBRAS.
Aspectos Linguísticos A LIBRAS como o português tem sua estrutura linguística, desde
a Fonologia - que denominamos os 5 Parâmetros-, morfologia, sintaxe, semântica, lexicologia e
pragmática.
LIBRAS Está é a Língua de Sinais usada pelas comunidades de surdos no BRASIL,
reconhecida pela Lei 10.436. Ela não é uma simples gestualização, assim como as diversas
línguas naturais e humanas existentes, ela é composta por níveis linguísticos, a diferença está
pautada ma sua modalidade de articulação, visual-espacial. Assim sendo, para se comunicar
em LIBRAS, não basta apenas conhecer sinais. É necessário conhecer a sua gramática para
combinar as frases, estabelecendo comunicação. Assim, a LIBRAS se apresenta como um
sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas
surdas do Brasil.
5
UNIDADE 1
UNIDADE 1
Encontros e
Desencontros
6
O Encontro
7
8
DATILOLOGIA
A Datilologia, arte de conversar usando os dedos, é usada em muitas línguas gestuais,
com vários propósitos: representar palavras (especialmente nomes de pessoas ou de
localidades) que não têm gesto equivalente, para ênfase ou classificação, para se ensinar ou
aprender uma determinada língua gestual usando a oral como referência.
Fazemos grande uso desta para, soletrar palavras ou nomes próprios, usar os numerais,
recursos matemáticos e ditar textos.
A Datilologia tem a sua origem em Espanha. A sua fonte conhecida mais antiga, a obra do
monge franciscano Mechor Sánchez de Yebra (1526-1586), foi publicada em 1593. Outro
monge espanhol, contemporâneo de Sánchez Yebra, Pedro Ponce de León (1508-1584),
também tinha feito uso de um alfabeto manual para educar vários meninos surdos. A difusão
alcançada pelo alfabeto manual de Sánchez de Yebra. Pablo Bonet era secretário da família
Fernandez de Velasco, que tinha vários surdos, por causa dos frequentes casamentos entre
parentes, realizados para manter o patrimônio vinculado à família.
No século XVIII, a Datilologia surgiu em França, através de Jacob Rodriguez Pereira e em
1816, através de Thomas Hopkins Gallaudet, e foi levada para os EUA.
Assim a Datilologia foi inserida nas línguas gestuais, por educadores, tanto ouvintes como
surdos, servindo como ponte entre a língua gestual e a língua oral que a rodeia. Hoje a
Datilologia se apresenta nas seguintes formas:
ALFABETO MANUAL
O Alfabeto Manual é a representação em sinais da escrita da língua oral, por sua vez,
saber usar e conhecer o alfabeto não é sinônimo de conhecer a língua de sinais. O alfabeto
manual segue a mesma estrutura de sequência do alfabeto oral do país, assumindo muitas
vezes as formas que as letras se assemelham quando as mãos se movimentam.
9
REPRESENTAÇÃO NUMÉRICA:
Os numerais são as variações que a mão predominante assume se assemelhando ao
referente: números de Quantidade, Ordinais, Cardinais, variações. Fazemos uso destes quando
precisamos sinalizar; número de casa, idade, aulas de matemática, horas, quantidades, ordem
e outros. Quando usamos números de mais de 2 dígitos movimentamos a mão da esquerda
para a direita, separando bem dando melhor visual da escrita espacial.
CARDINAIS
São usados para definir valor numérico, como número de telefone, casa e operações
matemáticas.
Nas dezenas a mão fica parada. Nos números de 1-4 a palma da mão fica virada para o
corpo. Nos números que tem o zero a esquerda, apenas rotacionará o pulso. Os números 11,
22, 33, 77 são sinalizados com o dedo indicador para frente e vibratório, não repetitivo.
Quantidade
Estes são usados para definir quantidade específica de algo. As quantidades de 1 ao 4
são sinalizadas a partir do dedo indicador virados com as pontas para cima.
As quantidades de acima de 5 são sinalizadas da mesma maneira que os números
cardinais.
10
ORDINAIS
Os sinais para 1º a 9º são feitos com a mão tremendo. Os sinais para dezenas (10º, 20º,
etc..) São feitos com a mão parada. Variando as situações, classificaremos o contexto para
perceber que se trata de um numeral ordinal.
Valores
Os valores referentes a R$1,00 a R$9,00 são feitos com a mão rotacionando em mesmo
sentido. Já os valores de R$10 ,00 em diante são usados os números cardinais com o sinal de
real na sequência.
VARIAÇÕES
ACENTUAÇÃO E PONTUAÇÃO
Como na língua portuguesa, precisamos usar também acentuação e pontuação nas
palavras ou frases soletradas, de acordo com a necessidade. Assim toda acentuação e
soletração, é desenhada com o dedo indicador da mão predominante ou ambas.
´
{}
!
^
,
-
~
.
“”
/
;
?
()
:
11
MATEMÁTICOS
Para efetuar contas precisaremos utilizar tal recurso, assim articularemos os dedos indicadores
e outros assemelhando a mão aos símbolos matemáticos aos quais se referem:
+
%
=
º
√
X
SOLETRAÇÃO RÍTMICA (SINAIS SOLETRADOS)
Além dos sinais comuns que tem semelhança com seu referente, muitas vezes a língua de
sinais faz empréstimos do português de palavras simples e muito usadas, assim denominamos
estas palavras soletradas por todas as letras ou as suas iniciais como Sinal Soletrado.
REAL
NUNCA
PAZ
TUDO
FELICIDADE
VIU
NADA
BAR
HISTÓRIA
AR
CD
BEM
(dinheiro)
SOLETRAÇÃO
Na soletração, é de suma importância configurar bem as mãos, destacando altura
necessária (preferencialmente usando um pano de fundo, que é o peitoral), suavizar a mudança
entre as letras e pausar quando necessário em uma palavra composta. Para isto, é expressado
na última configuração articulada uma ênfase levantado, abaixando ou fazendo um leve
movimento rápido na última letra da palavra.
Quando usamos nossas mãos para soletrar, podemos comparar com uma árvore, o tronco
não se meche, apenas as folhas balançam ao vento, ou seja, não precisamos movimentar o
braço nem sair com ele do lugar.
Para perceber bem a soletração devemos sempre atentar para as sílabas, não letras
isoladas, e ler a palavra como um todo ao invés de ler as letras separadas.
12
Resolva as
Atividades:
1- ENCONTRE O CAMINHO CORRETO:
2 - LIGUE OS CORRESPONDENTES:
ALEGRIA
PAZ
AMOR
CARINHO
AMIZADE
UNIÃO
PERDÃO
AMOR
CARINHO
ALEGRIA
UNIAO
PERDAO
PAZ
AMIZADE
13
RELOGIO
CACHORRO
LAMPADA
GALO
MACACO
COBRA
3- CAÇA PALAVRAS. PROCURE AS PALAVRAS ABAIXO NO ALFABETO MANUAL
EMBARALHADO E CIRCULE:
14
4- TRANSCREVA PARA PORTUGUÊS AS MENSAGENS ESCRITAS EM ALFABETO
MANUAL:
A
Se os meus amigos
fugirem de mim, fugirao
todos os tesouros.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
B
A energia vai para
onde a tensao esta.
esta
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5- DITADO:
1- _____________________
2- _____________________
3- _____________________
4- _____________________
5- _____________________
6- _____________________
7- _____________________
8- _____________________
9- _____________________
10- _______________________________________________________________________
11- _______________________________________________________________________
15
6- EFETUE AS OPERAÇÕES ABAIXO, DANDO A RESPOSTA CORRETA:
17 36 52 83
+19 +32 +15 +60
_______________
_______________
_______________
_______________
45 50 89
8..
-18 -24 -38 -4..
_______________
_______________
_______________
_______________
10 35 15 38
X 8 x 2 x 5 x 3
_______________
_______________
_______________
_______________
30 150 22 32
: 3 : 10 : 2 :14
14
_______________
_______________
_______________
_______________
16
7- ESCREVA O ANTECESSOR E SUCESSOR DOS NÚMEROS ABAIXO, DE ACORDO COM
O DESENHO:
57___
76___
26___
83___
57
76
26
83
33___
29___
61___
50___
33
29
61
50
56___ 42___
2 ___ 5 ___
42
___15
15 ___30
30 ___12
12 ___52
52
___9
9
___7
7 ___10
10 ___4
41
8- FAÇA CORRESPONDÊNCIA DA REPRESENTAÇÃO NUMÉRICA COM A EM LIBRAS:
VINTE E QUATRO
TRINTA E SEIS
DOZE
CINQUENTA E DOIS
QUARENTA
NOVENTA E NOVE
40
12
36
24
99
52
17
9 – REGISTRE NA RÉGUA O NÚMERO CORRETO CORRESPONDENTE EM LIBRAS:
10
12
5
15
6
8
10- PINTE CORRETAMENTE OS QUADRINHOS DE ACORDO COM OS NÚMEROS
SINALIZADOS:
18
11- ESCREVA QUANTAS VOGAIS E QUANTAS CONSOANTES APARECEM ABAIXO:
PALAVRAS
VOGAIS
CONSOANTES TOTAL
Carrinho
Boneca
Skate
Patins
Patins
Aranha
Borboleta
Escola
Avestruz
livraria
12- MARQUE O QUE FOI SOLETRADO:
1 A (
) JANELA
B(
) PANELA
C(
) CANELA
D(
) MARTELO
2 A (
) LAVAR
B(
) LEVAR
C(
) CAVAR
D(
) AMAR
3 A (
) ESCOLA
B(
) GRANOLA C (
) GAIOLA
D(
) AMOLAR
4 A (
) BICO
B(
) PICO
C(
) RICO
D(
) LIXO
5 A (
) MARIA
B(
) MARIO
C(
) MARTA
D(
) MARCOS
6 A (
C(
) Eu gosto de aprender libras
) Eu gasto muito dinheiro
B(
D(
) Eu não gosto de aprender sinais.
) Eu tenho muitos gatos
19
13- PEGADINHA:
Em 368 a.C., qual foi o filósofo que fez o primeiro registro escrito sobre os surdos e sua
comunicação, (língua de sinais)?
As palavras do Filósofo:
“Suponha que nós, os seres humanos, quando não falávamos e queríamos indicar objetos, uns
para os outros, nós o fazíamos, como fazem os surdos mudos, sinais com as mãos, cabeça, e
demais membros do corpo?”
Para encontrar a resposta, siga as instruções a baixo:
1Faça os cálculos dos números que o professor ditar.
2Localize a resposta nos números abaixo com a referência das letras.
3Coloque sobre a resposta localizada a letra que o professor fará.
4Agora leia e guarde a resposta encontrada da nossa pegadinha.
Resposta:
________
________
________
________
38
96
65
80
________
________
140 247
________
________
55
71
SAUDAÇÕES
O cumprimento é uma forma de saudação amigável entre duas pessoas ou entidades, geralmente com
algum gesto ou fala. Em toda e qualquer cultura ou povo, se prioriza fazer uso deste.
Os gestos que simbolizam os cumprimentos variam de cultura para cultura. No Ocidente e na
maioria do mundo, entre homem-homem costuma-se utilizar o aperto de mão. Entre homem-mulher,
mulher-mulher que não tem certa intimidade, também. É comum se utilizar um, dois ou até três beijos no
rosto entre homem-mulher, mulher-mulher que já são colegas ou amigos há algum tempo.
Na língua de sinais seguimos os mesmos padrões culturais de formalidade e informalidade. Apenas a
maneira de expressa-los será diferente. No geral os cumprimentos têm a base do sinal para BOM seguindo
do momento do dia que a pessoa está vivenciando no momento. Exemplos:
20
14- FAÇA A CORRESPONDÊNCIA CORRETA:
Bem, jóia!
Oi tudo bem?!
Bom
Identificação e Sinalização
Todas as línguas, passam a ser conhecidas como tal, desde que assumam uma função social e
expresse comunicação clara. Assim elas possuem um amplo vocabulário comum. Do mesmo modo
acontece na LIBRAS, o vasto vocabulário que esta compreende, é formado não por meio do alfabeto
manual, mas é fundamentado com princípios pertinentes a cultura e comunidade em que se vive e partilha.
Por isso que a formação intelectual e social dos sinais deve ser bem analisada. Estes sinais são
criados a partir de experiências visuais priorizando: a semelhança, ambiente e costume.
Por ser uma língua visual precisamos entender não a palavra correspondente a cada gesto, mas sim
que sentido no campo visual momentâneo ele transmite, se preocupando apenas com o sentido na língua
alvo.
21
Assim cada coisa ou pessoa em um ambiente de convívio social, familiar ou educacional de surdos
passa a ser identificado com um gesto eu pode estar ligado a alguma destas três idéias.
POR EXEMPLO:
Quando nos apresentamos a alguém, usamos soletrar o nome próprio (dactilologia), (este não é de
muita relevância no mundo visual), após usaremos o que é popularmente chamado de “SINAL”, pois cada
pessoa que participa da “comunidade surda” é batizado com este, e é identificado sempre por este sinal.
Como já dito, este sinal é uma característica própria da pessoa.
Um nome visual, como o próprio nome diz se trata de uma marca, um traço visual próprio da pessoa.
Quando tal pessoa ainda não tem um sinal (nome visual) usa-se o alfabeto manual que compõe o quadro
das configurações de mãos usadas na Libras. O alfabeto manual teve origem pela necessidade de
representar as letras de forma visual e era usado principalmente para ensinar pessoas surdas a ler e
escrever, na Libras o uso do alfabeto manual é caracterizado como um Empréstimo Linguístico.
Usamos este gesto quando queremos saber a correspondência em português soletrado para algo ou alguém
que estamos apontando.
Usamos este gesto quando queremos saber o correspondente em libras para algo ou alguém que estamos
apontando. Ou quando estamos caracterizando algo.
Árvore _______ bonita.
Eu _______ João
22
15 - EXERCÍCIOS DE CARACTERÍSTICAS
Perceba as características de cada pessoa abaixo vistas e anote o nome de cada uma delas
abaixo de sua figura de acordo com o que for descrito e depois soletrado seu nome.
23
AGORA CRIE O SEU DIÁLOGO
16- MONTE DE ACORDO COM O QUE VOCÊ APRENDEU UM PEQUENO DIÁLOGO EM
DUPLA E ESCREVA ELE ABAIXO PARA MEMORIZAÇÃO E APÓS COMPLETO
APRESENTE PARA TODA A TURMA COM SUA DUPLA.
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
24
UNIDADE 2
UNIDADE 2
Identidade, Cultura
e Comunidade Surda
25
PIADAS EM LIBRAS
Estas atividades abaixo serão textos trabalhados em vídeo algumas piadas com os instrutores. Depois da
pormenorização cada aluno fará a reescrita do que foi entendido e sinalizado durante esta aula.
O CAMINHONEIRO
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
26
O TOUREIRO
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
O CAÇADOR
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
27
UM POUCO DAS CONCEPÇÕES, HISTÓRICO E VIDA DOS SURDOS
01 Na sequência deverá ser estudado em casa os textos abaixo em grupo para
apresentação dos assuntos selecionados pelo professor durante a aula. Esta apresentação
precisará conter uma boa exploração de recursos visuais. Nesta haverá a presença de um
professor ouvinte para avaliação e complementação.
28
CULTURA SURDA
A palavra cultura em si possui vários significados. Pensando em pessoas surdas, ela representa
identidade porque pode-se afirmar que estas possuem uma cultura uma vez que têm uma forma própria de
apreender o mundo que os identificam como tal.
STOKOE, um Linguista americano, e seu grupo de pesquisa, em 1965, foram os primeiros
estudiosos a falar sobre as características sociais e culturais dos Surdos.
A Linguista surda americana, Carol Padden, esclareceu um pouco mais a conceituação da cultura
surda. Para ela, “uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que
possui sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições”. PADDEN (1989).
Assim podemos esclarecer em outro ponto de vista que a Cultura Surda se dá a partir de três
princípios básicos: (1) o estilo de comunicação, visual ou não, (2) o meio em que vive, ou seja, a
comunidade que o sujeito vivência suas experiências e (3) a meio ou canal por onde o conhecimento,
informação e aprendizagem passam, se o sujeito surdo tem uma percepção do mundo de uma maneira
geral dos surdos ou se sofre influência do ouvintismo.
Por isso não podemos dizer que basta ser surdo para ser partícipe de uma cultura surda, porque sendo
a maioria dos surdos, 95%, filhos de pais ouvintes, muitos destes não aprendem a LIBRAS e não
conhecem as Associações de Surdos, que são as Comunidades Surdas, podendo dentro do estudo sócioantropológico ser consideradas apenas pessoas com deficiência auditiva.
Hoje há a grande discussão política e firmamento dos direitos de cidadania e linguísticos, as pessoas
já fazem uma distinção entre “ser Surdo” e ser “deficiente auditivo” (surdo oralizado). Pois a palavra
“deficiente”, que não foi escolhida por elas para se denominarem, estigmatiza a pessoa porque a mostra
sempre pelo que ela não tem, em relação às outras e, não, o que ela pode ter de diferente e, por isso,
acrescentar às outras pessoas.
Ser Surdo é saber que pode comunicar com mãos e aprender uma língua oral-auditiva através desta
na modalidade escrita e por opção na modalidade oral, é conviver com pessoas que, em um universo de
sons, deparam-se com pessoas que estão percebendo o mundo, principalmente, pela visão, e isso faz com
que eles sejam diferentes e não necessariamente deficientes.
A diferença está no modo de apreender o mundo, que gera valores, comportamentos comuns
compartilhados e tradições sócio-interativas, sendo estes o que realmente moldam a “Cultura Surda”. Por
isso podemos afirmar que cultura surda se pauta nestes três pilares, Comunicação, Conhecimento e a
Comunidade.
As pessoas Surdas em questão de relacionamento tem uma ampla diversidade e preferem um
relacionamento mais íntimo com outra pessoa Surda; Suas piadas envolvem a problemática da
incompreensão da surdez pelo ouvinte que geralmente é o português que não percebe bem, ou quer dar
uma de esperto e se dá mal;.
Seu teatro já começa a abordar questões de relacionamento, educação e visão de mundo, própria das
pessoas Surdas.O Surdo tem um modo próprio de olhar o mundo onde as pessoas são expressões faciais e
corporais.
Assim numa visão sócio-antropológica e linguística, a “Comunidade Surda” não é um lugar onde
pessoas deficientes, que têm problemas de comunicação se encontram, mas um ponto de articulação
política e social. Pois cada vez mais, os Surdos se organizam nesses espaços enquanto minoria linguística
que luta por seus direitos linguísticos e de cidadania, impondo-se não pela deficiência, mas pela diferença.
Vendo por esse prisma, pode-se falar de Cultura Surda, ou seja, Identidade Surda. O Surdo é
diferente do ouvinte porque percebe e sente o mundo de forma diferenciada e se identifica com aqueles
que também, apreendendo o mundo como Surdos, possuem valores que vêm sendo transmitidos de
geração em geração independentemente da Cultura dos ouvintes, a qual também se inserem.
29
IDENTIDADES SURDAS
Segundo a palavra do Skliar (1998:15) sobre o ouvintismo: "Trata-se de um conjunto de
representações dos ouvintes, a partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse
ouvinte. Além disso, é nesse olhar-se, e nesse narrar-se que acontecem as percepções do ser deficiente, do
não ser ouvinte; percepções que legitimam as práticas terapêuticas habituais."
SURDO NÃO É DEFICIENTE, É APENAS DIFERENTE, com signos diferentes de ouvintes, nós
temos signos visuais enquanto que ouvintes têm signos auditivos.
É uma perda de tempo usar os signos que os surdos não têm, nós temos a nossa comunicação visual,
temos a nossa própria língua, a língua de sinais permite que o surdo crie a sua linguagem interior, entender
os conceitos da vida, e além disso também permite que o surdo tenha formação de linguagem e
pensamento, ter orgulho de sua diferença, e além do mais é uma língua mais rica do que a falada, como já
está comprovado nas pesquisas a que me lancei na área Surdez.
Gládis critica a influência do poder ouvintista que prejudica a construção da identidade surda: "É
evidente que as identidades surdas assumem formas multifacetadas em vista das fragmentações a que
estão sujeitas face à presença do poder ouvintista que lhe impõe regras, inclusive, encontrando no
estereótipo surdo uma resposta para a negação da representação da identidade surda ao sujeito surdo."
Levando em conta os fatores sociais, familiares, o poder ouvintista que determinam na construção da
identidade do sujeito surdo, explicarei aqui as categorias de identidades surdas, uma vez que existem
diferenças entre os surdos:
Identidade Surda - são as pessoas que têm identidade surda plena, geralmente são filhos de pais
surdos, têm consciência surda, são mais politizados, têm consciência da diferença, e têm a língua de sinais
como a língua nativa. Usam recursos e comunicações visuais.
Identidade Surda Híbrida - são surdos que nasceram ouvintes e posteriormente se tornam surdos,
conhecem a estrutura do português falado. Gládis narra a experiência própria:
"Isso não é tão fácil de ser entendido, surge a implicação entre ser surdo, depender de sinais, e o pensar
em português, coisas bem diferentes que sempre estarão em choque. Assim, você sente que perdeu aquela
parte de todos os ouvintes e você tem pelo meio a parte surda. Você não é um, você é duas metades."
Identidade Surda de Transição - eu especificaria nesta categoria os surdos que são oralizados,
foram mantidos numa comunicação auditiva, são filhos de pais ouvintes, e tardiamente descobrem a
comunidade surda, e nesta transição, os surdos passam pela desouvintização, isto é, passam do mundo
auditivo para o mundo visual, como é o meu caso.
Identidade Surda Incompleta - são surdos que são dominados pela ideologia ouvintista, eles não
conseguem quebrar o poder dos ouvintes que fazem de tudo para medicalizar o surdo, negam a identidade
surda como uma diferença, são surdos estereotipados, acham ouvintes os superiores.
Identidade Surda Flutuante - Os surdos têm consciência ou não da própria surdez, vítima da
ideologia ouvintista. São surdos conformados e acomodados a situações impostas pelo ouvintismo, não
têm militância pela causa surda, são surdos que oscilam de uma comunidade a outra, não conseguem viver
em harmonia, em nenhuma comunidade, por falta de comunicação com ouvintes e pela falta de Língua de
Sinais com surdos.
COMUNIDADE SURDA, POVO SURDO E SUAS INTERAÇÕES
Não se tem registro de quando os homens começaram a desenvolver comunicações que pudessem
ser consideradas línguas. Hoje a raça humana está dividida nos espaços geográficos delimitados
politicamente e cada nação tem sua língua ou línguas oficiais como, por exemplo, o Canadá que possui a
língua inglesa e a francesa. Os países que possuem somente uma língua oficial são, politicamente,
monolíngues, os que possuem duas são bilíngues e os que possuem mais de duas, polilíngues.
Em todos os países, os Surdos são minorias linguísticas como outras, mas não devido à imigração ou
à etnia, já que a maioria nasce de famílias que falam a língua oficial da comunidade maior, a qual também
30
pertencem por etnia; eles são minoria linguística por se organizarem em associações onde o fator principal
de integração é a utilização de uma língua gestual-visual por todos os associados. Sua integração está no
fato de terem um espaço onde não há repressão de sua condição de Surdo, podendo expressarem-se da
maneira que mais lhes satisfazem para manterem entre si uma situação prazerosa no ato de comunicação.
As línguas se transformam a partir das comunidades linguísticas que a utilizam. Uma criança surda
precisará se integrar à Comunidade Surda de sua cidade para poder ficar com um bom desempenho na
língua de sinais desta comunidade. Assim como os surdos estão em duas comunidades precisam manter
esse bilinguismo social, e uma língua ajuda na compreensão da outra.
As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado,
as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação
socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações linguísticas regionais.
As escolas de surdos, de surdos, mesmo sem uma proposta bilíngue (língua portuguesa e língua de
sinais), propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos
possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou
estão aprendendo com “professores surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também para os
pais destas crianças.
Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos
ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros – que participam em
compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização.
Para ser membro da Comunidade Surda, o individuo precisa ter: assimilação e integração com o
mundo surdo; incremento de normas e valores partilhados; participação continua nas ações e atividades da
própria comunidade, de forma a existir um claro conhecimento de que pertence a comunidade; divide
experiências comuns ou diferentes ao longo do desenvolvimento do individuo.
Por isso podemos concluir que no Brasil, estas têm como fatores principais a integração da LIBRAS,
os esportes, interações sociais, informação e escolarização, criando uma estrutura própria.
Assim temos exemplos de comunidades surdas no Brasil:
Associações de surdos Possuem estatutos que estabelecem regras, funções e atividades distintas
em favor da comunidade surda nela inserida. Participam também dessas comunidades surdas, pessoas
ouvintes que fazem trabalhos de assistência social ou religiosa, ou são intérpretes, ou são familiares, pais
de surdos ou cônjuges, ou ainda professores.
Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - FENEIS É uma Entidade não
governamental, registrada no Conselho Nacional de Serviço Social/CNAS e não está subordinada à
CBDS, sendo filiada a World Federation of The Deaf. Foi fundada em 1987 tendo como sede o Rio de
Janeiro, mas já possui regionais por todo o Brasil. A FENEIS atua como um órgão de integração dos
surdos na sociedade, através de convênios com empresas e instituições que empregam Surdos, bem como
tem promovido e participado de debates, seminários, câmaras técnicas, congressos nacionais e
internacionais. Em defesa dos direitos dos Surdos em relação à sua língua, à educação, a intérpretes em
escolas e estabelecimentos públicos, a programas de televisão legendados, assistência social, jurídica e
trabalhista e outros são as funções assumidas pela FENEIS também.
Confederação Brasileira de Desportos Surdos - CBDS Fundada em 1984, mas sua história
começa bem antes, na década de 50, com o intenso movimento de criação de associações de surdos. No
início, as associações funcionavam como espaços de recreação e lazer, mas com o passar do tempo
passaram a ser importantes pontos de articulação política e de prática desportiva. Entretanto, nessa época
ainda não havia uma organização centralizada e as competições eram muito voltadas para o futebol. Em
paralelo, o país vivia também um momento político bastante favorável para o setor dos esportes. O
Presidente Getúlio Vargas havia acabado de criar o CND (Conselho Nacional de Desportos) como
incentivo ao esporte no país.
Escolas de Surdos e Pontos de Encontro Comum A escola sempre será um espaço de encontro
surdo, pois, além de ser ela a primeira instituição onde muitos têm a chance de conviver e de se auto
identificarem com outros surdos, é também um espaço de convivência. Espaços para encontros
31
de surdos tem sido Shopping, terminal (ônibus), porta de escolas de surdos e outros, nestes espaços
também se vivenciam a experiência de participar numa comunidade surda.
Grupos Religiosos Há interferência de grupos religiosos em muitas destas comunidades e em
vários casos estes mesmos passam a ser uma comunidade pela periodicidade de presença de surdos neste
espaço, às vezes, representadas apenas com intuito de evangelização mas cria-se regras grupais e relações
de intercambio.
RETROSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL
O mais antigo registro que menciona sobre ‘Língua de Sinais” é de 368 aC, escrito pelo filósofo
grego Sócrates, quando perguntou ao seu discípulo:‘Suponha que nós, os seres humanos, quando não
falávamos e queríamos indicar objetos, uns para os outros, nós o fazíamos, como fazem os surdos mudos,
sinais com as mãos, cabeça, e demais membros do corpo ?
Nessa comunicação de idéias por outros sentidos, a comunicação se dá através dos olhos nos sinais
feitos pelas mãos, expressão facial, corporal e, às vezes também, sons, tudo simultaneamente ou também
sequenciado e a pessoa precisa ficar atenta a todas essas expressões para entender o que está se dizendo.
Este é o universo de uma pessoa que utiliza uma língua de modalidade gestual-visual. A
comunicação por sinais foi a solução encontrada também pelos monges beneditinos da Itália, cerca de 530
d.C, para manter o voto do silêncio. Mas pouco foi registrado sobre esse sistema ou sobre os sistemas
usados por surdos até a Renascença, mil anos depois.
Até o fim do século XV, não havia escolas especializadas para surdos na Europa porque, na época,
os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados. Por isso as pessoas surdas foram excluídas da
sociedade e muitas tiveram sua sobrevivência prejudicada. Existiram leis que proibiam o surdo de possuir
ou herdar propriedades, casar-se, votar como os demais cidadãos.
Muitos surdos foram excluídos somente porque não falavam, o que mostra que, para os ouvintes, o
problema maior não era a surdez, propriamente dita, mas sim a falta de fala. Daquela época até hoje, ainda
muitos ouvintes confundem a habilidade de falar com voz com a inteligência desta pessoa, talvez seja
porque a palavra “fala” esteja etimologicamente ligada ao verbo/pensamento/ação e não ao simples ato de
emitir sons articulados.
Apesar desse preconceito generalizado, houve pessoas ouvintes que desenvolveram métodos para
ensinar surdos a língua oral de seu país, como, por exemplo, um italiano chamado Girolamo Cardano, que
utilizava sinais e linguagem escrita, e um espanhol, monge beneditino, chamado Pedro Ponce de Leon,
que utilizava, além de sinais, treinamento da voz e leitura de lábios.
Entre estas pessoas que começaram a educar os surdos, algumas acreditaram que a primeira etapa da
educação deles devia ser um ensino da língua falada, adotando uma metodologia que ficou conhecida
como “método oralista puro”. Outras utilizaram a língua de sinais, já conhecida pelos alunos, como meio
para o ensino da fala, foi o chamado “método combinado”.
Entre os adeptos da segunda proposta, estavam os professores Juan Pablo Bonet, da Espanha; o
Abbé Charles Michel de I’Epee, da França; Samuel Heinicke e Moritz HilI, da Alemanha; Alexandre
Graham Beli, nascido na Escócia mas que morou no Canadá e nos Estados Unidos; e Ovide Decroly, da
Bélgica.
Destes professores, o mais importante, do ponto de vista do desenvolvimento da língua de sinais
brasileira, foi I’Epee, porque foi de seu instituto na França, que veio para o Brasil, o Padre Huet, um
professor surdo, que, à convite de Dom Pedro II, trouxe este “método combinado”, criado por l’Epee, para
trabalhar com os surdos do Brasil.
Em 1857, foi fundada a primeira escola para surdos no Brasil, o Instituto dos Surdos-Mudos, hoje,
Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES). Foi a partir deste instituto que surgiu, da mistura da
Língua de Sinais Francesa, trazida por Huet, com a língua de sinais brasileira antiga, já usada pelos surdos
das várias regiões do Brasil, a Língua Brasileira de Sinais.
32
O instituto de L‘Eppe contribuiu, também, para o desenvolvimento da LIBRAS porque, em 1896,
houve nesta escola um encontro internacional que avaliou a decisão do Congresso Mundial de Professores
de surdos que tinha ocorrido em 1880, em Milão.
A pedido do governo, viajou para a França, o professor do antigo Instituto, A. i. de Moura e Silva,
para avaliar aquela decisão de que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo “método oralista puro”.
Moura e Silva concluiu em seu relatório que este método não podia servir a todos os surdos. Assim,
o antigo Instituto continuou como um centro de integração para o fortalecimento do desenvolvimento da
LIBRAS, pois segundo Relatório do Diretor Dr. Tobias Rabelio Leite, de 1871, esta escola já possuía
alunos vindos de várias partes do país e após dezoito anos retornavam ‘as cidades de origem levando com
eles a LIBRAS.
RETROSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL ( II )
As escolas podem ser um dos fatores de integração ou desintegração das comunidades surdas,
dependendo da metodologia adotada. Se uma escola rejeita a língua de sinais, as crianças surdas que
estudam nesta escola ou não vão conhecer a comunidade surda de sua cidade e, consequentemente, não
aprenderão uma língua de sinais ou poderão se interagir com os surdos de sua cidade somente após a
adolescência.
A partir do Congresso em Milão, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar na Europa e,
consequentemente, em todo mundo. O método combinado, que utilizava tanto sinais como o treinamento
em língua oral, foi substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o oralismo.
Os professores surdos já existentes nas escolas naquela época, foram afastados, e os alunos
desestimulados e até proibidos de usarem as línguas de sinais de seus países, tanto dentro quanto fora da
sala de aula. Era comum a prática de amarrar as mãos das crianças para impedi-las de fazer sinais. Isso
aconteceu também no Brasil. Mas, apesar dessas repressões, as línguas de sinais continuaram sendo as
línguas preferidas das comunidades Surdas por serem a forma mais natural delas se comunicarem.
Hoje, há escolas aqui no Brasil que, mesmo ainda sem uma proposta bilíngue, têm se tornado fator
de integração da cultura surda brasileira porque as crianças, jovens e adultos se comunicam em LIBRAS,
e muitos professores destas escolas já sabem ou estão aprendendo esta língua com instrutores surdos.
Por outro lado, várias escolas, em cidades ou estados que não possuem associação de surdos,
trabalham ainda somente com uma metodologia oralista e as crianças surdas destas escolas desenvolvem
um dialeto entre elas para uma comunicação mínima, mas estas ficam totalmente afastadas da Cultura
Surda brasileira e a maioria não tem um bom rendimento escolar.
Devido ainda a esta metodologia oralista, há alguns surdos que, rejeitando a Cultura Surda e
consequentemente a LIBRAS, só querem utilizar a língua portuguesa, e há muitos surdos que, embora
queiram se comunicar com outros surdos em LIBRAS, devido ao fato de terem se integrado à Cultura
Surda tardiamente, usam, não a LIBRAS, mas um bimodalismo, ou seja, sinalizam e falam
simultaneamente, como os ouvintes quando começam a aprender alguma língua de sinais.
Pelo não domínio da LIBRAS, muitos surdos, quando estão em uma situação (eventos acadêmicos,
políticos, jurídicos, etc) que exigiria intérpretes de LIBRAS para melhor compreensão, não conseguem
entender nem a língua portuguesa nem a LIBRAS, ficando marginalizados, sem poder ter uma
participação ativa.
Mas se, ao contrário desta situação, houver uma valorização desta língua e, nas escolas, tanto
professores como alunos a utilizarem em todas as circunstâncias, poderá haver uma participação efetiva de
surdos adultos e dos alunos.
Aqui no Brasil, há mais de cem anos atrás, a primeira escola para surdos valorizava a LIBRAS, que
era utilizada pelos alunos naquela época. Este respeito à LIBRAS propiciou o surgimento da primeira
pesquisa sobre esta língua, que foi publicada em um livro que, através de desenhos e explicação destes,
mostrava sinais mais usados pela comunidade surda do Rio de Janeiro.
33
Este livro, Iconografia dos Signaes dos Surdos-Mudos, publicado em 1875, foi feito por um exaluno do Instituto de Surdos-Mudos, Flausino José da Gama que, ao completar dezoito anos, foi
contratado por esta escola para ser um Repetidor, ensinando aos seus colegas, em LIBRAS, os conteúdos
das disciplinas, segundo o Relatório do Diretor, Tobias Rabello Leite, de 1871.2
Embora nos primeiros Relatórios sobre as primeiras turmas deste Instituto, feitos pelo diretor a partir
de 1869, constem o nome de alunas, em número reduzido, posteriormente, durante muitos anos, este
instituto se tornou uma escola só para meninos, e meninos livres. Os então educadores consideravam que
as meninas surdas, por serem tranquilas e estarem submissas às famílias, não necessitavam de escola, o
que seria vantajoso para o governo porque não iria ter gastos para repasse de recursos financeiros na
educação para elas. Felizmente essa situação mudou e hoje podemos contar com profissionais surdos,
homens e mulheres, que estão se destacando também na área de educação.
ATIVIDADE: 02
RESPONDAM AS SEGUINTES PERGUNTAS ABAIXO:
A- A palavra cultura possui vários significados. Relacionando esta palavra ao contexto de
pessoas surdas, ela representa identidade, sendo assim tem cultura diferente do ouvinte e
variável de acordo com o meio. Assim podemos afirmar que nem todo surdo possui uma cultura
surda. Pois a cultura surda é percebida e vivenciada por três fatores, defina-os e justifique:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
B- As Comunidades urbanas Surdas no Brasil têm como fatores principais de integração a
LIBRAS, os esportes e interações sociais, por isso têm uma organização hierárquica, para
delegação de funções e aprendizagem de responsabilidades. Existem no Brasil alguns grupos
de surdos que se organizam neste sentido. Descreva algumas delas e seus objetivos:
______________________________________________________________________
________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________________________________
C- A partir do Congresso em Milão, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar na
Europa e, consequentemente, em todo mundo. O método combinado, que utilizava tanto sinais
como o treinamento em língua oral, foi substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o
oralismo. E posteriormente mudado pelos movimentos da causa. Hoje qual é o método de
aprendizagem que é utilizado legalmente em escolas regulares inclusivas com surdos?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
D- INES é a instituição mais antiga no BRASIL que desenvolve trabalhos, projetos e pesquisas
na área da surdez. Como podemos caracterizar este:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
34
03
QUADROS
Reproduzam do mesmo modo que é apresentado pelo professor. Lembrando que se vê
espelhado, mas registramos no lado correto. A mão direita do emissor deverá ser a mesma
mão direita de receptor. Toda vez que for apontado como final você deverá marcar um X
neste quadro específico:
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
35
CLASSIFICADORES
A língua de sinais brasileira, assim como qualquer língua de sinais, é organizada
espacialmente, de forma bastante complexa. O uso do espaço é uma característica
fundamental nas línguas visual-espaciais e está presente em todos os níveis de análise. No que
se refere ao nível fonológico, um mesmo sinal pode ser realizado em diferentes locais, dentre
eles o espaço neutro, que corresponde à área localizada na frente do sinalizante. Dependendo
do ponto utilizado no espaço para a realização de um sinal, pode haver a produção de sinais
com diferentes referentes.
Um classificador (CL)1 é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma
língua. 2Na Língua de Sinais, os classificadores são formas representadas por configurações
das mãos, braços, dedos e todos o corpo para transmitir ações, formatos de objetos e
situações, que lembram à realidade e complementam o sentido da frase, situação ou sinal.
Portanto, os classificadores são marcadores de concordância de gênero, número, forma
e modo. São muito importantes, pois ajudam construir sua estrutura sintática, através de
recursos corporais que possibilitam relações gramaticais altamente abstratas.
Por exemplo, para se dizer nessas línguas que "uma pessoa está vestindo uma blusa de
bolinhas, quadriculada ou listrada", usam-se expressões adjetivas desenhadas no peito do
emissor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que, embora classifique,
estabelece apenas uma relação de qualidade do objeto e não relação de concordância de
gênero (PESSOA, ANIMAL, COISA), que é a característica dos classificadores, como também
em outras línguas orais e de sinais.
Os classificadores utilizam configurações de mãos que representam alguma propriedade
física de uma classe. Podemos ter classificadores para representação:
Material
Formato
Animado (animais e pessoas, também reclassificada como
mulher, homem e criança) e inanimado (árvores, objeto de
madeira, etc.)
Subdividida em objetos longos, planos e arredondados (que
podem ser em uma, duas ou três dimensões) e se associa
com outras categorias, como consistência, textura, etc.
Existem três subcategorizações, como proeminência de curva
exterior, objetos com o interior vazio, e também tem relação
com a quantia.
Consistência
Tem três subdivisões: flexível, rígido e não-definido. Está
associado com material e forma
Tamanho
É subdivida em grande e pequeno/a e está associada à forma
Localização
Relaciona um lugar e está associada com o tipo de objeto
Arranjo
Relaciona objetos colocados de uma maneira especifica
Relaciona uma quantidade e é subdividida em coleção,
volume, peso e tempo.
Quantia
1
Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a sua forma ou tamanho do objeto
a ser referido. As vezes o Cl refere-se ao objeto ou ser como um todo, outras refere-se apenas a uma parte ou
característica do ser. (FERREIRA BRITO, 1995)
2
Os classificadores em línguas orais como o japonês e o navajo são sufixos dos numerais e dos verbos,
respectivamente.
36
Algumas Configurações de Mãos
37
TAMANHO E FORMA:
Para acompanhar a análise dos classificadores, segue abaixo a tabela das Configurações
de Mãos - CM .
CATEGORIA
Fino
Plano
Plano com ângulo
Espessura fina
CM
EXEMPLOS DE CL
5 45
BARRA-FERRO-CONSTRUÇÃO FIO-DENTAL-FINO
56 ou
53
MESA-PLANA TELHADO-RETO PORTA-ARMÁRIORETA
30
17 45
PRATELEIRA ESTANTE
LÂMINA-FERRO LIVRO-FINO ALIANÇA-FINA
Espessura média
18
LIVRO-MÉDIO ALIANÇA-MÉDIA
Espessura grossa
19
LIVRO-GROSSO ALIANÇA-GROSSA
Espessura grossa e
densa
28
ESPESSURA-MESA ESPESSURA-SAPATO
Arredondado
22
CABO-VASSOURA CANO
Arredondado médio e
grosso
29
LUMINÁRIA-ARREDONDADA CANECA-COPO
Retângulo
18
RÉGUA FAIXA-TESTA FAIXA-CABELO
Quadrado
38
PORTA-RETRATO CAIXA-CD QUADRO
Largura 14
53
MEDIDA DE ALGUMA COISA PEQUENA
Altura
56
HOMEM-ALTO HOMEM-BAIXINHO OBJETO-NOALTO
Esses classificadores podem incorporar algum tipo de ação, vejam exemplos a seguir:
CANO-AMOLECEU
PRATELEIRAS-CAIRAM
QUADRO-CAIU
FOLHA-CAIU-NO-AR
COMETA-CAIU
ESTRELA-CADENTE
38
SERES VIVOS E OBJETOS
CATEGORIA
CM
EXEMPLOS DE CL
Humano – 1 pessoa
14
49
48
PESSOA/ROBÔ/ET-PASSANDO-UMA-PELAOUTRA
PESSOA/ROBÔ/ET-PASSANDO
PESSOA/RÔBO/ET-ANDANDO
PESSOA-CAINDO
PESSOA-DEITADA
PESSOA-PARADA
Humano – 2 pessoas
Humano – 3 pessoas
Humano – 4 pessoas
49
51
54
2-PESSOAS/ROBÔ/ET-PASSANDO
3-PESSOAS/ROBÔ/ET-PASSANDO
4-PESSOAS/ROBÔ/ET-PASSANDO
Humano – 5 ou mais
pessoas
61
PLATÉIA-EM-AUDITÓRIO
MUITAS-PESSOAS-CAMINHANDO
MUITAS-PESSOAS-VINDO
Animal andando
07 (grandes animais)
48 ou 56 (animais em geral,
especialmente, de pequeno porte)
36 (aves em geral)
Animal nadando
Animal rastejando
ELEFANTE-ANDANDO
07
CACHORRO-ANDANDO
48 ou 56
GATO-ANDANDO
36
AVES-ANDANDO
57
PEIXE-NADANDO
GOLFINHO-NADANDO
57, 14
JACARÉ-RASTEJANDO
COBRA-RASTEJANDO
LESMA-RASTEJANDO
Animal voando
61
Animal pulando
58
BORBOLETA-VOANDO
PÁSSARO-VOANDO
COLEHO-PULANDO,
SAPO-PULANDO
Veículos em geral em
locomoção
57
AVIÃO-LOCOMOVENDO-SE
ÔNIBUS-LOCOMOVENDO-SE,
TREM-LOCOMOVENDO-SE,
METRÔ-LOCOMOVENDO-SE,
CAMINHÃO-LOCOMOVENDO-SE
Veículos de duas rodas em
locomoção
57
MOTO-LOCOMOVENDO-SE
BICICLETA-LOCOMOVENDO-SE
O ANDAR DO CACHORRO
O ANDAR DO ELEFANTE
39
SINTAXE
Nas línguas de sinais, assim como na LIBRAS, apresentam-se vários casos de incorporação de
argumento ou complemento. Esse processo é muito frequente e visível devido às
características espaciais e icônicas dos sinais. Os exemplos abaixo ilustram esse tipo de
incorporação.
a) Se o objeto direto do verbo for, por exemplo: prato, rosto, etc, o verbo incorporará este
argumento e teremos formas verbais diferentes.
b) Incorporação do modo e aspecto
Exemplos:
LAVAR
ESCREVER
LAVAR-PRATO
ESCREVER-PAPEL
LAVAR-ROSTO
ESCREVER-TECLADO
LAVAR-CARRO
ESCREVER-AREIA
LAVAR-CABELO
ESCREVER-CELULAR
LAVAR-ROUPA
ESCREVER-QUADRO BRANCO
COMER
ANDAR
COMER-ARROZ
ANDAR-DEVAGAR
COMER-CHURRASCO-PICADO
ANDAR-DEPRESSA
COMER-PIPOCA
ANDAR-DISTRAÍDA
COMER-PIZZA
ANDAR-COM-ATENÇAO
COMER-SUSHI
ANDAR-REBOLADO
COMER-MILHO
COMER-SANDUICHE
VERBOS MANUAIS
Em LIBRAS, como dificilmente se pode falar em prefixo e em sufixo porque os morfemas
ou outros componentes dos sinais se juntam ao radical simultaneamente, preferimos dizer que
os classificadores são afixos incorporados ao radical verbal ou nominal. Por isso o verbo tem a
flexão de acordo com o objeto, pessoa ou animal em questão no momento.
O classificador em ANDAR (para pessoa) pode ser utilizado também com outros
significados como 'duas pessoas passeando' ou 'um casal de namorados' (no caso das pontas
dos dedos estarem voltadas para cima), 'uma pessoa em pé' (pontas dos dedos para baixo),
etc. Este classificador é representado pela configuração de mãos em V, como se segue:
40
CATEGORIA
CM
17 e 44
28
Categoria de verbos
manuais
1e7
29
EXEMPLOS DE CL
PINCELAR
PEGAR-LÁPIS
PEGAR-FOLHA
PEGAR-LIVRO
PUXAR-PRATEIRA
PASSAR-ROUPA
PINTAR-COM-PINCEL-GROSSO
PINTAR-COM-ROLO
COZINHAR
VARRER
PEGAR-CELULAR
PASSAR-ESCOVA-SAPATO
7
TIPOS DE CLASSIFICADORES NAS LÍNGUAS DE SINAIS
1) CLASSIFICADORES DESCRITIVOS
As descrições visuais podem ser captadas de acordo com as imagens dos objetos animados ou
inanimados. Observam-se aspectos tais como: som, tamanho, textura, paladar, tato, cheiro,
“olhar”, sentimentos ou formas visuais, bem como a localização e a ação incorporada ao
classificador. Essa classificação pode ter até três dimensões:
a) dimensional - dar dimensões determinadas e adequadas de acordo com o que está
sendo visualizado;
b) bidimensional – dar o dobro das dimensões determinadas adequando-as ao que está
sendo visualizado;
c) tridimensional – dar as três dimensões do que está sendo visualizado dando a
sensação de penetração do relevo visual.
Na descrição visual para referir a forma, tamanho, textura, paladar, cheiro, sentimentos, olhar”,
ou desenhos de forma assimétrica ou simétrica é utilizado, dependendo da situação, uma mão
ou duas.
DESENHO
EXEMPLOS DE CL
A FORMA, O MODELO, FUNÇÃO E O TAMANHO DA
MOCHILA
DESCRIÇÃO DA FORMA, SABOR E LUGAR DO
ABACAXI
41
A FORMA, A FORÇA DO JACARÉ
OLHAR DE TRISTEZA E CHORO NA FOME
A SENSAÇÃO DE ADRENALINA NO SURF
CARRO BATENDO NO POSTE
MOTO VOANDO NA PISTA
ÁRVORE SENDO CORTADA
DANÇA DE BALÉ
2- CLASSIFICADORES ESPECIFICADORES
A sua função é descrever visualmente a forma, o tamanho, a textura, o paladar, o cheiro,
os sentimentos, o “olhar”, os “sons” do material, do corpo da pessoa e dos animais.
DESENHO
EXEMPLOS DE CL
SOM DO RELÓGIO DO DESPERTADOR
FORMA HUMANA
42
CELULAR TOCANDO NO QUADRIL
FORMA ANIMAL (QUATRO PATAS)
FUMAÇA DO CIGARRO
FUMAÇA DA EXPLOSÃO DA BOMBA ATÔMICA
FUMAÇA DO CHURRASCO
FUMAÇA DO FOGÃO A LENHA
MCDONALDS
VOLKSWAGEN
PARIS
3) CLASSIFICADORES DE PLURAL
As configurações das mãos substituem o objeto em si sendo com a contínua repetição.
CONFIGURAÇÃO DE MÃO “B” EM
MOVIMENTO PARA LADO DIREITO
INDICANDO VÁRIOS LIVROS NA
ESTANTE NA POSIÇÃO VERTICAL
EM MOVIMENTO PARA CIMA
INDICANDO VÁRIOS LIVROS
EMPILHADOS
43
INDICANDO VÁRIOS CARROS
ESTACIONADOS UM AO LADO DO
OUTRO
CARROS NO PÁTIO DA FÁBRICA
MUITAS ÁRVORES (FLORESTA)
MUITA GENTE (MULTIDÃO)
UM CONJUNTO DE POTES LADO A LADO
QUADROS ESPALHADOS NA PAREDE (ORGANIZADOS)
QUADROS ESPALHADOS NA PAREDE
(DESORGANIZADOS)
4) CLASSIFICADORES INSTRUMENTAIS
É a incorporação do instrumento descrevendo a ação gerada por ele.
•
USAR A FURADEIRA
•
ESCREVER NA AREIA
•
USAR O REVÓLVER
•
ESCREVER NO TECLADO
•
PINTAR COM O PINCEL A PAREDE
•
ESCOVAR CABELO
•
PINTAR COM O LÁPIS NO PAPEL
•
ESCOVAR DENTES
•
ESCREVER NO PAPEL
44
ATIVIDADES
Esta atividade deve ser preenchida e apresentada por todos alunos, criando frases com
contextos diversificados para cada verbo com flexão em base dos classificadores.
VERBO
EXEMPLOS – MÍNIMO 3
COMER
ANDAR
PEGAR
LAVAR
PINTAR
CORTAR
TOMAR
Agora cada aluno montará uma história com uma
configuração de mãos usando todos os recursos dos
classificadores.
45
ENTREVISTA
FAÇA AO SEU COLEGA ESSAS PERGUNTAS, ESCREVA A INFORMAÇÃO CLARAMENTE
E, QUANDO ACABAR PEÇA AO SEU COLEGA PARA CONFIRMAR AS ANOTAÇÕES E
ENTREGUE AO SEU INSTRUTOR.
1. Qual é o seu nome?
___________________________________________________________________________
2. Onde você mora?
___________________________________________________________________________
3. Que transporte você usa para vir à aula?
___________________________________________________________________________
4. Qual seu telefone?
___________________________________________________________________________
5. Você gostaria fazer o que?
___________________________________________________________________________
6. Como você soube do curso de LIBRAS daqui?
___________________________________________________________________________
7. Porque você quer aprender Língua de Sinais?
___________________________________________________________________________
8. Você sabe outras línguas ?
___________________________________________________________________________
9. Qual é sua profissão ou trabalho ?
___________________________________________________________________________
46
DIÁLOGO
UM RAPAZ (B) CHEGA E COMEÇA A FALAR EM PORTUGUÊS COM O ATENDENTE (A):
B: Olá tudo bem?! Gostaria de uma informação. (Fala em português)
A: Desculpe, mas não consigo te entender. Eu sou surdo.
B: Ah! Sem problemas.
A: Você também é surdo?
B: Não, eu sou ouvinte. Mas estou aprendendo LIBRAS.
A: Onde você está aprendendo LIBRAS?
B: Na escola, estamos tendo um curso para professores.
A: Quem está ministrando este curso?
B: É um professor de Belo Horizonte, o sinal dele é este.
A: Eu não o conheço... Não me lembro...
B: Ele é um homem alto, usa barba e é magro.
A: Ah, sim! Lembrei. Conheço, sim. Ele ensina LIBRAS muito bem, ele é ótimo.
B: Que horas são agora?
A: São 2:45.
B: Desculpe, estou atrasado. Preciso ir embora.
AGORA CRIE O SEU DIÁLOGO
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
47
48
UNIDADE 3
UNIDADE 3
Rotina
49
ONDE SERÁ A FESTA?
Olá como vai?!
Você está indo para a festa?
Não vou, não estou sabendo de nada.
Você querer ir comigo?
Claro que sim, eu quero.
Mas precisa se vestir bem e passar perfume.
Ok, vou arrasar!
Encontro você na sua casa. Ok?!
Que horas?
Por volta de 9 horas da noite.
Uau, muito tarde. Quanto tempo vai durar?
Acho que até de madrugada.
Ok! Mas nós vamos de que?
Eu vou enviar mensagem para seu celular
para confirmar. Carro ou moto.
Qual é seu número?
8825-2564
.
Ok, vamos trocar mensagens então.
Vamos aproveitar muito.
Isso mesmo, vamos conquistar muitas
garotas.
50
MINHA ROTINA
Descreva abaixo sua rotina diária em português para análise e treino para sua apresentação
visualmente em LIBRAS:
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
______________
______________
______________
______________
______________
______________
______________
_____________
_____________
_____________
_____________
51
CALENDÁRIO
PERÍODOS DO DIA
52
53
Horas
Hora/Minutos
Minutos
1h05min
2h10min
3h15min
1h
5h25min
2hs
6h30min
3hs
7h35min
4hs
8h30min
5hs
8h40min
6hs
9h45min
7hs
10h30min
8hs
10h50min
9hs
11h55min
10hs
12h30min
11hs
13h01min
12hs
14h22min
1h ou 13h
15h34min
18hs
16h47min
Meio dia
17h52min
Meia noite
19h13min
1min
15Min
20Min
25Min
30Min
45Min
57Min
20h27min
21h39min
22h44min
23h56min
24h17min
54
EXPRESSÕES CORPORAIS
GEOMETRIA ESPACIAL
Podemos classificá-la como a movimentação do corpo, braço e dedos, no auxilio da
sinalização. Este é também o identificador de sujeitos, objetos e ações presentes em um
ambiente visual.
Assim a utilização deste recurso deve obedecer a uma ordem de posicionamento e
espaçamento apropriados. Com esta, visualizamos personagens e cenas em um mesmo
campo visual, com dimensões distintas. Dividiremos a geometria espacial em 4 campos de
análise:
1
LOCALIZAÇÃO: Este é o lugar onde se específica o posicionamento dos
classificadores. Fixando uma vez não poderemos mudá-la de lugar se não houver situação
de movimentação do contexto, ou isto confundirá, misturando seres, ações e fatos.
EX.: O VULCÃO EM ERUPÇÃO, DESTRUIU UMA IPATINGA E A VALADARES NÃO.
IPATINGA
VULCÃO
VALADARES
2
TRANSPOSIÇÃO: Após localizarmos todos os seres e objetos presentes na
situação sinalizada, daremos continuidade com a movimentação e o uso dos verbos
flexionados de acordo com gênero, grau e número da cena. Temos duas possibilidades de
transposição; a flexão verbal no espaço neutro ou a mudança de lugar dos personagens
sinalizados.
EX.: O HOMEM ATRAVESSOU A RUA PARA ENCONTRAR A NAMORADA.
EX.: A MENINA FOI AO QUINTAL E PEGOU A MAÇÃ NA ÁRVORE.
55
3
INTERMEDIAÇÃO: Esta é a habilidade de sinalizar uma conversa de duas ou mais
pessoas contendo ou não um narrador. Conseguindo atingir um posicionamento corporal
adequado, teremos um movimento de corpo, pescoço ou expressão facial específicos para
identificar qual personagem está sendo representado. Para ser narrador nesta questão a
posição corporal deve ser neutra virado para frente.
A FILHA FALOU PARA A MÃE: A NOITE PASSEAR POSSO?
A MÃE FALOU PARA A FILHA: É MUITO PERIGOSO.
A FILHA FALOU PARA A MÃE: POR FAVOR
A MÃE FALOU PARA A FILHA: OK! PODE.
4
DRAMATIZAÇÃO (MÍMICA): é um recurso que utilizamos para complementar o
sentido de uma idéia dentro dos classificadores e da inteira LIBRAS (Língua Brasileira de
Sinais). Usamos esta para expressar sentido que dê mais graça, emoção e sentido a
explicações apropriadas e necessárias. Como em músicas, histórias e poesias, que se
tornam um recurso indispensável.
EXPRESSÃO FACIAL
Esta é de muita importância em um processo de comunicação, pois a nossa
comunicação com um surdo estará bem ligada a expressões faciais, pois muitos sinais em
sua configuração têm como traço diferenciador a expressão facial.
Como nos sinais ALEGRE/TRISTE ou LEMBRAR/ESQUECER encontramos a
necessidade do uso desta para diferenciá-los. Há sinais feitos somente com a bochecha
como LADRÃO/LADRA ATO-SEXUAL. Outros usaremos a mão e expressão facial, como o
sinal BALA, e ALEGRE, acima citado. Mas poderemos classificar algumas expressões
faciais em alguns sentidos necessários:
- INTENSIDADE/QUANTIDADE: muito, pouco, razoável.
- SENTIMENTO: vergonha, medo, raiva, convencimento, tristeza, amor, etc...
- TEMPO: recente, hoje, agora, passado, a muito tempo, próximo, perto, futuro.
- INTERTEXTUALIDADE: liga assuntos diversos transformando-os em apenas uma história.
Ou mesmo do sentido de textos em língua ou situações diferentes.
56
EXPRESSÃO LABIAL E VISUAL
Ao sinalizarmos, não falamos as palavras em português e LIBRAS respectivamente,
nem fecharemos a boca, pois isto “amarra” a conversa no “português sinalizado”, podendo
perder o sentido pois são duas línguas distintas. Será necessário apenas balbuciar barulhos
que imitem a realidade do acontecimento ou objeto falado.
Há sinais nos quais os sons e expressões faciais complementam os traços manuais,
como os sinais HELICÓPTERO, MOTO, PRECAUÇÃO, etc...
Além de usarmos o corpo, as mãos e os lábios para expressarmo-nos na língua de
Sinais, temos outro função corporal de grande importância, esta é o olho, o qual “fala” por
nós. O sentido desta afirmação é comprovado por vários pesquisadores, os quais tem
atualmente usado este em itens como: máquina da verdade, testes psicológicos e muitos
outros. Na cultura surda o olho transmite o sentimento, motivação da pessoa, demonstra
sinceridade e veracidade de uma pessoa, bem como concordância pronominal na gramática.
O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é responsável pelo pensamento lógico e
competência comunicativa. Enquanto o hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico e criatividade. Nos
canhotos as funções estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas:
a Área de Broca (B), o córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o córtex responsável pela
compreensão verbal.
Resolva as
Atividades:
1Leia este pequeno texto e responda as perguntas do professor feitas em sinais em português em sua
apostila:
João vai a escola todos os dias da semana, mas aos sábados ele costuma ir ao clube com seus pais, é
muito divertido, pois ele encontra com todos os seus amigos para brincar e fazer muitas coisas. Aos
domingos João vai a igreja pela manha e no restante do dia ele fica em casa brincando de vídeo game
se divertindo e mais no final do dia sua mãe faz com ele as ultimas atividades para o outro dia da
escola.
Perguntas:
A-__________________________________________________________________________
B-__________________________________________________________________________
C-__________________________________________________________________________
D-__________________________________________________________________________
E-__________________________________________________________________________
57
2 Entenda que expressão facial está sendo usada em cada uma das frases expressas pelo professor e
coloque seu respectivo número nos parênteses:
( ) DÚVIDA
( ) RAIVA
( ) AFIRMAÇÃO
( ) ÓDIO
( ) EXCLAMAÇÃO
( ) PRESENTE
( ) MEDO
( ) PASSADO
( ) INTERROGAÇÃO
( ) FUTURO
( ) TRISTEZA
( ) AMOR
( ) FELICIDADE
3
Olhe o cronograma abaixo e responda de acordo com as perguntas do professor em LIBRAS:
DOMINGO
SEGUNDAFEIRA
TERÇAFEIRA
QUARTAFEIRA
QUINTAFEIRA
SEXTAFEIRA
SÁBADO
NOITE
TARDE
MANHÃ
MADRUGADA
*
*
*
58
Perguntas:
A- ___________________________________________________________________________
B- ___________________________________________________________________________
C- ___________________________________________________________________________
D- ___________________________________________________________________________
E- ___________________________________________________________________________
F- ___________________________________________________________________________
DIÁLOGO 4
HÁ DUAS MOÇAS SENTADAS NA MESA, LANCHANDO. NO FUNDO DA LANCHONETE. HÁ
UM RAPAZ CONVERSANDO COM OUTRO. UMA DAS MOÇAS (A) OLHA PARA O RAPAZ E
CHAMA A ATENÇÃO DA OUTRA (B), APONTANDO PARA ELE.
A: Olhe.
E: O que?
A: Aquele rapaz de roupa azul, com bigode, alto.
B: No lado direito?
A: Sim, à direita.
B: Ele é surdo?
A: Não, ele é ouvinte.
B: Ele sabe bem LIBRAS. Quem o ensinou?
A: O Professor da faculdade, ele me falou.
B: Você o conhece?
A: Sim, nós fomos para uma festa e conversamos muito.
B: Mas e depois o que aconteceu?
A: Desculpa, mas isso eu não posso te contar.
AGORA CRIE O SEU DIÁLOGO E APRESENTE PARA A TURMA
60
61
UNIDADE 4
UNIDADE 4
Relacionamentos e
Família
62
(Transcrição do DVD do INES – Curso Básico de LIBRAS II 1º Diálogo)
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
63
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
64
Agora conte a História de cada um dos Personagens abaixo:
Atividade 1- Registre nos espaços abaixo conforme narrado a história desta família, coloque o
nome de cada uma e a situação narrada de acordo com a numeração descrita na gravura.
1. __________________________________________________________________________
2. __________________________________________________________________________
3. __________________________________________________________________________
4. __________________________________________________________________________
5. __________________________________________________________________________
6. __________________________________________________________________________
7. __________________________________________________________________________
65
Atividade 2 - Treine esta árvore Genealógica e faça a sinalização correta que identifique cada
um dos parentescos preenchendo um pequeno texto que compreenda as informações
repassadas.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
66
Atividade 3- Pratique a sinalização que usamos para nossos parentescos. Após isso preencher
a árvore genealógica abaixo completando com os nomes sinalizados pelo vídeo apresentado.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
67
Atividade 4- Agora apresente a sua árvore genealógica:
Pai _______________________________________________________________________
Mãe ______________________________________________________________________
Avô ______________________________________________________________________
Avó ______________________________________________________________________
Tio(a) ____________________________________________________________________
Irmão(a) _________________________________________________________________________
Irmão(a) _________________________________________________________________________
Primo(a) _________________________________________________________________________
Primo(a) _________________________________________________________________________
Sobrinho(a) ______________________________________________________________________
Sobrinho(a) ______________________________________________________________________
Sogro(a) _________________________________________________________________________
Sogro(a) _________________________________________________________________________
68
ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE
A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida pelos
surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o “desenho” no ar
do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a
realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se
refere, mas isso não é uma regra. Mas a grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários,
não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente.
Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos e arbitrários:
SINAIS ICÔNICOS
Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa ou coisa
fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem alusão à imagem
do seu significado, podemos levar em conta também que alguns sinais que não representam
seu referente por semelhança visual concreta podem fazer parte deste grupo, por ter
significação dentro de um fato usual ou histórico da cultura surda ou da vivência destes nos
diferentes ambientes. (quase/pouco, biscoito, mulher, sábado...)
Ex:
BORBOLETA
TELEFONE
Isso não significa que os sinais icônicos são iguais em todas as línguas. Cada sociedade capta
facetas diferentes do mesmo referente, representadas através de seus próprios sinais,
convencionalmente, (FERREIRA BRITO, 1993) conforme os exemplos abaixo:
ÁRVORE
LIBRAS
LSC
LIBRAS - Representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as folhas em movimento.
LSC (Língua de Sinais Chinesa) - Representa apenas o tronco da árvore com as duas mãos (os
dedos indicador e polegar ficam abertos e curvos).
CASA
69
LIBRAS
ASL
SINAIS ARBITRÁRIOS
São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que
representam. Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre
significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as línguas de sinais não eram
línguas por serem icônicas, não representando, portanto, conceitos abstratos. Isto não é
verdade, pois em língua de sinais tais conceitos também podem ser representados, em toda
sua complexidade.
Ex.:
CONVERSAR
PESSOA
DEPRESSA
PERDOAR
JULGAR/JUSTIÇA
VARIAÇÕES, HISTÓRIA E CULTURA DAS LÍNGUAS DE SINAIS
VARIAÇÃO DE PAÍS: Na maior parte do mundo existem pelo menos uma língua de sinais
usada por uma comunidade surda em cada país. Sendo assim, cada país é dotado de um
língua de sinais diferente da língua oral usada. Além do mais as línguas de sinais se diferem de
país para país, pois sua cultura e formas de percepção se diferem. Mesmo assim as línguas de
sinais partem de pantomimas que facilitam a comunicação com usuários de línguas de sinais
estrangeiros.
70
NOME (LIBRAS)
NOME (ASL)
REGIONALISMO: Há também variações linguísticas de acordo com a região dentro de um
mesmo país do usuário, pois cada região tem características próprias e costumes
predominantes, tanto nas línguas orais e as línguas de sinais.
MAS (Rio de Janeiro)
MAS (São Paulo)
MAS (Curitiba)
VARIAÇÃO SOCIAL: Como na língua portuguesa é aceito falar e dizer uma palavra de dois
modos variantes (Ex.: Relampejar = Relampear) de acordo com a pessoa, também acontece na
LIBRAS podendo ter formas variantes de um sinal, isto acontece quando realizamos um sinal
com pequena diferença não alterando seu sentido.
AVIÃO
AVIÃO
VARIAÇÕES HISTÓRICAS: Com o passar do tempo um sinal pode sofrer alterações
decorrente aos costumes da geração que o utiliza, ou inovações que o tornam obsoleto, assim
há troca ou adaptação frequente entre estes:
71
AZUL (1º)
AZUL (2º)
AZUL (3º)
HISTORICIDADE E CULTURA DOS SINAIS: Muitos sinais principalmente no Brasil são
carregados de uma história de formação e cultura. Para entender por que ele recebe esta
formação devem ser analisados os fatos e acontecimentos anteriores a seu uso. Com o passar
do tempo, muitos outros sinais passam a ser criados de acordo com a necessidade e
surgimento de fatos na história da comunidade surda, e muitos outros vem sendo substituídos e
modificados com o tempo.
BISCOITO: Uma das primeiras fábricas de biscoito do Brasil, foi a Aymoré, que era
representada por um índio com uma flecha no nariz, assim passou a usar o sinal do dedo
indicador no nariz para identificá-lo.
VIAJAR: Este sinal também tem variações de acordo com a região, pois; em Minas o costume
era de viajar era de carroça, já no Rio de Janeiro popularizou-se o Avião e em São Paulo foi
onde se iniciou o uso de Maria Fumaça. Assim passa a adotar 3 formas de identificar o sinal
correspondente a viajar por este motivo, não havendo regra de qual esta correto.
Carroça – Minas Gerais
Avião – Rio de Janeiro
Maria Fumaça – São Paulo
72
CONTRASTES ENTRE A LIBRAS E A LÍNGUA PORTUGUESA
Ao apresentar correspondências entre duas línguas de níveis diferentes, muitas vezes
encontramos palavras idênticas ou dislexicalizadas (as quais são abertas a muitos sentidos),por
isso nos deparamos com uma dificuldade de transmissão entre as línguas em questão, pois não
havendo esta análise e diferenciação, praticamos transliteração ou seja dizer exatamente o
correspondente único da língua fonte para língua alvo.
Esta mudança de sentido de uma palavra ou expressão pode causar um desentendimento e
confusão. Por isso, além de entender certas palavras, precisamos entender seus vários
sentidos e contextos que estão encaixadas. Pois existem palavras que causam diferença por
pouca semelhança em sua estrutura. No português a na LIBRAS temos palavras que trazem
estas formas:
+ Homônimas (Homógrafas e homófonas) que necessitam de um bom complemento para
compreensão, exemplo é a palavra banco (estabelecimento financeiro ou objeto de sentar). Ás
vezes basta entender a frase em questão:
O homem sentou-se no banco do quintal. (objeto de sentar)
Consultou, no banco, o saldo de sua conta. (estabelecimento financeiro)
+ Parônimas são palavras que ao transmitir um assunto também devemos ter cuidado, pois
tem som e grafia semelhantes:
O Homem negro foi descriminado. (Absolver de crime; tirar a culpa de; inocentar)
O Homem negro foi discriminado. (Diferençar, distinguir; discernir)
+ Sinais Idênticos: são os quais realizamos de forma idêntica, tendo apenas o contexto e
sentido diferentes:
SÁBADO
LARANJA
+ Sinais Semelhantes: estes apenas se assemelham em forma e tem sentido diferentes:
DESCULPAR
AZAR
73
CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS
Como na língua portuguesa podemos classificar os sinais como:
+ Sinais com movimento de apenas uma mão:
FEIO/FEIA
MAU/MÁ
TRISTE
+ Sinais que tem dois movimentos iguais realizados ao mesmo tempo:
TRABALHAR
CASAR
BRINCAR
+ Sinais que tem dois movimentos diferentes realizados ao mesmo tempo:
PAPEL
CADEIRA
CARTA
+ Sinais que são realizados através do movimento da face:
ATO-SEXUAL (PROSTITUTA)
LADRÃO/LADRA / ROUBAR
74
Atividade 1Faça uma pesquisa e registre a maior parte de sinais icônicos que você puder registrar:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Como podemos definir se um sinal é ou não arbitrário?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Toda e qualquer língua é criada e ampliada com o passar do tempo e com os acontecimentos que sua
comunidade passa. Podemos dizer que a língua de sinais sofre estas alterações da mesma forma que a
língua oral. Cite algumas mudanças históricas que os sinais sofrem e o sentido e criação de alguns sinais a
partir de uma pesquisa a membros da comunidade surda:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
75
Sabemos que toda e qualquer língua sofre variações de acordo com algumas situações. Descreva que
justificativa cabe em cada uma das seguintes situações propostas:
1 A comunicação entre surdos na Europa e no Brasil tem uma leve semelhança, mas mesmo assim nem
todo surdo consegue compreender o outro surdo de um país diferente, por exemplo quando um surdo
brasileiro vai para outro país ele fica imerso em um amontoado de dúvidas.
2 Mesmo que um país convencione uma língua de sinais como oficial, podemos encontrar grandes
grupos em várias partes do país que tem uma variação linguística, a qual apenas os falantes da mesma
entendem claramente.
3 Cada pessoa em língua oral tem sua maneira de comunicar e pronunciar certas palavras, mesmo assim
podemos entender claramente sua fala, podemos dizer que o mesmo se encontra na LIBRAS.
4 As palavras bem como os sinais de uma comunicação visual podem ser percebidos de uma forma
diferenciada com o passar do tempo, pois de acordo com a comunidade linguística que a vivência, estes
adaptam, alteram e incluem novas significações com o passar do tempo e outros sinais são alterados
também.
(
(
(
(
) VARIAÇÃO HISTÓRICAS:
) VARIAÇÃO SOCIAL:
) REGIONALISMO:
) VARIAÇÃO DE PAÍS:
A AUDIÇÃO E A SURDEZ
Cláudia Ap. Valderramas Gomes
Você já deve ter ouvido falar na surdez ou na deficiência auditiva como uma
diminuição na capacidade de ouvir de um indivíduo.
Pois bem, para compreendermos melhor as consequências decorrentes da surdez é importante
sabermos mais sobre o processamento normal da audição, que inclui o conhecimento das estruturas
anatômicas do ouvido humano e de seu funcionamento.
É através da audição que aprendemos a identificar e reconhecer os diferentes
sons do ambiente. As informações trazidas pela audição, além de funcionarem
como sinais de alerta, auxiliam o desenvolvimento da linguagem, possibilitando
a comunicação oral com nossos semelhantes.
O SOM E O OUVIDO HUMANO
O som é um fenômeno resultante da movimentação das partículas do ar. Qualquer evento capaz de
causar ondas de pressão no ar é considerado uma fonte sonora.
A fala, por exemplo, é o resultado do movimento dos órgãos fono-articulatórios, que por sua vez
provoca movimentação das partículas de ar, produzindo então o som.
Perceber, reconhecer, interpretar e, finalmente, compreender os diferentes sons do ambiente só é
possível graças à existência de três estruturas que funcionam de forma ajustada e harmoniosa, constituindo
o sistema auditivo humano.
O ouvido humano é composto por três partes: uma, é externa; as outras duas (internas) estão
localizadas dentro da caixa craniana.
A parte externa, também chamada de ouvido externo, compreende o pavilhão auricular (orelha), o
conduto auditivo e a membrana timpânica. Essa estrutura tem por função receber as ondas sonoras,
captadas pela orelha e transportá-las até a membrana timpânica ou tímpano, fazendo-a vibrar com a
pressão das ondas sonoras. A membrana timpânica separa o ouvido externo do ouvido médio.
No ouvido médio estão localizados três ossos muito pequenos (martelo, bigorna e estribo). Esses
ossículos so presos por músculos, tendo por função mover-se para frente e para trás, colaborando no
76
transporte das ondas sonoras até a parte interna do ouvido. Ainda no ouvido médio está localizada a tuba
auditiva, que liga o ouvido à garganta.
A porção interna do ouvido, também denominado ouvido interno, é muito especial. Nela estão
situados: a cóclea (estrutura que tem o tamanho de um grão de feijão e o formato de um caracol), os canais
semicirculares (responsáveis pelo equilíbrio) e o nervo auditivo. É nessa porção do ouvido que ocorre a
percepção do som.
A cóclea é composta por células ciliadas que são estruturas com terminações nervosas capazes de
converter as vibrações mecânicas (ondas sonoras) em impulsos elétricos, os quais são enviados ao nervo
auditivo e deste para os centros auditivos do cérebro.
O processo de decodificação de um estímulo auditivo tem início na cóclea e termina nos centros
auditivos do cérebro, possibilitando a compreensão da mensagem recebida.
Qualquer alteração ou distúrbio no processamento normal da audição, seja qual for a causa, tipo ou
grau de severidade, constitui uma alteração auditiva, determinando, para o indivíduo, uma diminuição da
sua capacidade de ouvir e perceber os sons.
CARACTERIZANDO A SURDEZ
O conhecimento sobre as características da surdez permite àqueles que se relacionam ou que
pretendem desenvolver algum tipo de trabalho pedagógico com pessoas surdas, a compreensão desse
fenômeno, aumentando sua possibilidade de atender às necessidades especiais constatadas.
Quanto ao período de aquisição, a surdez pode ser dividida em dois grandes grupos:
• Congênitas, quando o indivíduo já nasceu surdo. Nesse caso a surdez é pré-lingual, ou seja, ocorreu
antes da aquisição da linguagem.
• Adquiridas, quando o indivíduo perde a audição no decorrer da sua vida. Nesse caso a surdez
poderá ser pré ou pós-lingual, dependendo da sua ocorrência ter se dado antes ou depois da aquisição da
linguagem.
Quanto à etiologia (causas da surdez), elas se dividem em:
• Pré-natais — surdez provocada por fatores genéticos e hereditários, doenças adquiridas pela mãe
na época da gestação (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus), e exposição da mãe a drogas ototóxicas
(medicamentos que podem afetar a audição).
• Peri-natais: surdez provocada mais frequentemente por parto prematuro, anóxia cerebral (falta de
oxigenação no cérebro logo após o nascimento) e trauma de pailo (uso inadequado de fórceps, parto
excessivamente rápido, parto demorado).
• Pós-natais: surdez provocada por doenças adquiridas pelo indivíduo ao longo da vida, como:
meningite, caxumba, sarampo. Além do uso de medicamentos ototóxicos, outros fatores também têm
relação com a surdez, como avanço da idade e acidentes.
Com relação à localização (tipo de perda auditiva) da lesão, a alteração auditiva pode ser:
• Condutiva: quando está localizada no ouvido externo e/ou ouvido médio; as principais causas deste
tipo são as otites, rolha de cera, acúmulo de secreção que vai da tuba auditiva para o interior do
77
ouvido médio, prejudicando a vibração dos ossículos (geralmente aparece em crianças frequentemente
resfriadas). Na maioria dos casos, essas perdas são reversíveis após tratamento.
• Neurossensorial: quando a alteração está localizada no ouvido interno (cóclea ou em fibras do
nervo auditivo). Esse tipo de lesão é irreversível; a causa mais comum é a meningite e a rubéola materna.
• Mista: quando a alteração auditiva está localizada no ouvido externo e/ou médio e ouvido interno.
Geralmente ocorre devido a fatores genéticos, determinantes de má formação.
• Central: A alteração pode se localizar desde o tronco cerebral até às regiões subcorticais e córtex
cerebral.
O audiômetro é um instrumento utilizado para medir a sensibilidade auditiva de um indivíduo. O nível de
intensidade sonora é medido em decibel (dB).
Por meio desse instrumento faz-se possível a realização de alguns testes, obtendo- se uma
classificação da surdez quanto ao grau de comprometimento (grau e/ou intensidade da perda auditiva), a
qual está classificada em níveis, de acordo com a sensibilidade auditiva do indivíduo:
Audição normal - de 015 dB
Surdez leve — de 16 a 40 dB. Nesse caso a pessoa pode apresentar dificuldade para ouvir o som do
tic-tac do relógio, ou mesmo uma conversação silenciosa (cochicho).
Surdez moderada — de 41 a 55 dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa pode apresentar
alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou o canto de um pássaro.
Surdez acentuada — de 56 a o dB. Com esse grau de perda auditiva a pessoa poderá ter alguma
dificuldade para ouvir uma conversação normal.
Surdez severa — de 71 a 90 dB. Nesse caso a pessoa poderá ter dificuldades para ouvir o telefone
tocando ou ruídos das máquinas de escrever num escritório.
Surdez profunda — acima de 91 dB. Nesse caso a pessoa poderá ter dificuldade para ouvir o ruído
de caminhão, de discoteca, de uma máquina de serrar madeira ou, ainda, o ruído de um avião decolando.
A surdez pode ser, ainda, classificada como unilateral, quando se apresenta em apenas um ouvido e
bilateral, quando acomete ambos ouvidos.
A RELAÇÃO ENTRE O GRAU DA SURDEZ E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Sendo a surdez uma privação sensorial que interfere diretamente na comunicação, alterando a
qualidade da relação que o indivíduo estabelece com o meio, ela pode ter sérias implicações para o
desenvolvimento de uma criança, conforme o grau da perda auditiva que as mesmas apresentem:
• Surdez leve: a criança é capaz de perceber os sons da fala; adquire e desenvolve a linguagem oral
espontaneamente; o problema geralmente é tardiamente descoberto; dificilmente se coloca o aparelho de
amplificação porque a audição é muito próxima do normal.
• Surdez moderada: a criança pode demorar um pouco para desenvolver a fala e linguagem;
apresenta alterações articulatórias (trocas na fala) por não perceber todos os sons com clareza; tem
dificuldade em perceber a fala em ambientes ruidosos; são crianças desatentas e com dificuldade no
aprendizado da leitura e escrita.
• Surdez severa: a criança terá dificuldades em adquirir a fala e linguagem espontaneamente; poderá
adquirir vocabulário do contexto familiar; existe a necessidade do uso de aparelho de amplificação e
acompanhamento especializado.
• Surdez profunda: a criança dificilmente desenvolverá a linguagem oral espontaneamente; só
responde auditivamente a sons muito intensos como: bombas, trovão, motor de carro e avião;
frequentemente utiliza a leitura orofacial; necessita fazer uso de aparelho de amplificação e/ou implante
coclear, bem como de acompanhamento especializado.
78
CORES E TONALIDADES
79
Descreva as cores encontradas nesta sequência abaixo:
(A)
_____________________________
(F)
_____________________________
(B)
_____________________________
(G)
_____________________________
(C)
_____________________________
(H)
_____________________________
(D)
_____________________________
(I)
_____________________________
(E)
_____________________________
(J)
_____________________________
80
Transcrição do DVD do INES – Curso Básico de LIBRAS I
______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
81
______________________________________________
______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
82
ESTRUTURA DAS FRASES EM LIBRAS
Costuma-se pensar que as sentenças da LIBRAS são completamente diferentes do ponto
de vista estrutural daquelas do português. Realmente, no que diz respeito à ordem das palavras
ou constituinte, há diferenças porque o português é uma língua de base sujeito-predicado
enquanto que a LIBRAS é uma língua do tipo tópico-comentário.
Nas sentenças do português, a ordem predominante é: sujeito (S)-verbo (V)-Verbo (O)objeto, normalmente chamada de SVO. Assim, as sentenças se estruturam da seguinte
maneira:
O LEÃO
S
SUJEITO
TODOS OS MENINOS
S
SUJEITO
MATOU
V
O URSO
O
PREDICADO
GOSTAM
V
DE FUTEBOL
O
PREDICADO
Nestas sentenças, além da concordância sujeito-predicado que determina quem faz o que
no evento descrito pelo verbo da sentença, a ordem também é significativa porque senão não
saberíamos qual é o sujeito da primeira sentença “o leão matou o urso” porque tanto o
constituinte “o leão” quanto o constituinte “o urso” podem concordar com o verbo. Então, se
alterássemos a ordem dos constituintes acima “o urso matou o leão”, o sujeito deixaria de ser “o
leão” para ser “o urso”. Além do mais, há o aspecto semântico dos constituintes e do verbo que
permite que tanto um quanto outro constituinte seja o sujeito de “matar”, isto é, aquele que
mata.
Este não é o caso da segunda sentença onde o significado dos constituintes “todos os
meninos” e “futebol” não dá margem às duas possibilidades acima. Além do mais, a
concordância sujeito-predicado nesta segunda sentença fica ressaltada pelo fato de incluírem a
marca de plural enquanto que o segundo constituinte “futebol” está no singular. Neste caso, a
ordem é menos relevante para se saber a função gramatical e o papel semântico dos dois
constituintes.
Entretanto, a primeira sentença poderia ter o seu último constituinte deslocado para a
frente da sentença através de operações como por exemplo a topicalização (Tópico
Comentário):
83
O urso, o leão matou
Ao urso o leão matou
TÓPICO COMENTÁRIO
TÓPICO COMENTÁRIO
Note-se, porém, que nos dois casos houve necessidade de apelo a mecanismos inusuais do
tipo entoação e uso da preposição “a”. Nestes casos, “o urso” continua sendo o objeto direto de
“matar” e “o leão”, o seu sujeito, apesar de termos a topicalização do objeto, isto é, apesar do
objeto direto ser o tópico da sentença e o sujeito e o verbo serem o comentário do tópico.
A topicalização é relativamente frequente em português, principalmente, na fala coloquial.
Assim podemos concluir que diferente do português, ordem preferencial das sentenças da
LIBRAS não segue a estrutura SVO (sujeito-verbo-objeto).
As frases em LIBRAS compreendem uma diferença de estrutura, pois a surdez provoca uma
visão diferente do mundo que vivem. Assim por fazerem uso principal da visão para entenderem
e interagirem no mundo, podemos dizer que o abstrato é algo muitas vezes implícito no período
pré-lingual do surdo, com isto em vista o surdo desenvolve a linguagem concreta visual em
primeiro plano para depois passar para a abstrata na sua comunicação. É como se fossemos
montando um cenário visual, partindo sempre do macro para o micro. O dia, o tempo, o espaço,
os objetos, os sujeitos, as ações e por fim as consequências.
Assim na Língua de Sinais podemos partir de 5 pressupostos de estruturas de
construção de frases:
1
Do Macro para o micro
2
Do concreto para o Abstrato
3
Do passivo para o Ativo
4
Dos Advérbios para os sujeitos (passivo depois ativo) para a ação (verbo) para o
resultado.
5
Estrutura Tópico comentário
Estrutura das Frases: Advérbios + Sujeito passivo + sujeito Ativo + Ação (Verbo) + Resultado.
O cachorro mordeu o carteiro na rua. (Português)
RUA
CARTEIRO
CACHORRO
MORDER . (LIBRAS)
84
O homem subiu a montanha, o bode o derrubou e ele caiu no chão. (Português)
MONTANHA HOMEM SUBIR BODE DERRUBAR HOMEM CAIR. (LIBRAS)
ONTEM
RUA
CARTEIRO
CACHORRO
CORRER
CAIU
Advérbio de
tempo
Advérbio
de Lugar
Sujeito
Passivo
Sujeito Ativo
Ação
(Verbo)
Resultado
AMANHÃ
CASA
VOVÓ
EU
VOU
Advérbio de
tempo
Advérbio de
Lugar
Sujeito Passivo
Sujeito Ativo
Ação (Verbo)
HOJE
ESCOLA
PROVA
EU
COLEI
PROFESSORA VER
Advérbio de
tempo
Advérbio de
Lugar
Sujeito
Passivo
Sujeito
Ativo
Ação
(Verbo)
Resultado
ATIVIDADES DE DIÁLOGOS
1. VOCÊ TEM CANETA?
NÃO, NÃO TENHO. ESQUECI EM CASA
SEM PROBLEMA
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
2. VOCÊ QUER DOCE?
NÃO, NÃO QUERO. ESTOU COM O ESTOMAGO CHEIO.
EU TAMBÉM ONTEM COMI MUITO
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
3. SUA MÃE TEM CARRO?
ELA NÃO TEM. MAS MEU IRMÃO SIM.
PORQUÊ?! VOCÊS QUEREM PASSEAR?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
85
4. VOCÊ VAI FAZER O QUE?
VOU AO SUPERMERCADO. VOCÊS DUAS QUEREM IR?
EU QUERO, MAS NO MEU OU NO SEU CARRO?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
5. NÓS VAMOS COMER FORA?
HOJE EU NÃO TENHO DINHEIRO. AMANHÃ EU VOU!
COMBINADO, AMANHÃ NÓS DUAS VAMOS! HOJE, EU VOU SÓ.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
6. VOCÊS DUAS QUEREM CONHECER SURDOS NO SÁBADO?
SÁBADO, NÃO POSSO, PRECISO ESTUDAR.
NO DOMINGO, DÁ À TARDE, É POSSÍVEL.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
7. VOCÊ SABE ONDE FICA O SUPERMERCADO ARAÚJO?
EU NÃO SEI, MAS O SIMÕES É LOGO ALI
OK! OBRIGADO!
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
8. DESCULPA, MAS EU NÃO ENTENDI O QUE VOCÊ ME DISSE.
EU DISSE QUE EU NÃO VOU A FESTA.
PORQUE?
ESTOU MUITO CANSADA
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
9. QUE HORAS O ÔNIBUS PASSA NO DOMINGO?
DESCENDO PARA O CENTRO 2 HORAS (14HS).
NOSSA! COMO DEMORA.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
10. EU NÃO ESTUDEI NADA PARA PROVA DE HOJE.
EU ESTUDEI UM POUCO, MAS ACHO QUE ESTÁ DIFÍCIL.
EU TENHO MEDO DE NÃO PASSAR
CALMA, VAI DAR CERTO.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
86
QUE SIGNIFICA "SABER VOCABULÁRIO"?
Embora pareça natural ao leigo relacionar domínio sobre uma língua com quantidade de
vocabulário, não existe no âmbito da linguística aplicada teoria equacionando habilidade em
línguas com conhecimento de vocabulário. Nem habilidade nem conhecimento teórico em
língua estrangeira podem ser medidos pelo número de palavras que a pessoa "sabe".
Em primeiro lugar, devemos investigar o significado de "saber", de "ter" ou de "conhecer".
Saber uma palavra significaria apenas reconhecê-la quando a vemos, ou seria mais do que
isso: dispor dela para expressarmos nossos pensamentos? Bastaria o conhecimento passivo,
ou esse conhecimento teria que ser ativo? E bastaria reconhecê-la na sua forma escrita, ou
teríamos que ter também a habilidade de reconhecê-la na sua forma oral? E se a
reconhecêssemos na sua forma oral, seria o bastante reconhecê-la quando pronunciada
isoladamente e claramente, ou teríamos que ter a habilidade de reconhecê-la quando
pronunciada dentro de uma frase em velocidade normal de conversação, às vezes em meio a
outros ruídos?
Por aqui já poderíamos concluir que a maioria de nós não tem um conceito claro do
significado de "saber uma palavra". Entretanto, existem ainda muitos outros argumentos para
demonstrar que não se mede conhecimento nem fluência em línguas pelo número de palavras
que se "sabe".
Como classificaríamos por exemplo uma palavra como o verbo ficar do português ou o
verbo take do inglês, para os quais podemos facilmente encontrar uma dezena de significados?
Saber apenas um ou dois dos significados seria "conhecer" o verbo?
• E mesmo que tivéssemos pleno conhecimento, passivo e ativo, sobre a forma escrita e
oral de palavras como por exemplo o adjetivo large e o substantivo lie, porém não soubéssemos
que a combinação de ambos (*large lie) não ocorre jamais, como classificaríamos a situação?
• Na hora de contabilizar os vocábulos que conhecemos, palavras como sofismar e
dobradiça teriam o mesmo peso que beber e casa? Até que ponto o fato de talvez não
sabermos como se diz dobradiça em inglês pode comprometer nossa fluência? A contagem
deve levar em consideração que algumas palavras têm uma probabilidade de ocorrência dez ou
vinte vezes maior do que outra?
• Se soubermos por exemplo que give significa dar, e que a preposição in corresponde a
em, porém se não soubermos que give in significa ceder ou que give up significa desistir ou
abandonar, como fica nossa contabilidade?
•
Finalmente, o que faríamos nesta contagem com partículas funcionais como preposições
e artigos, praticamente desprovidas de conteúdo semântico, especialmente quando
comparadas a verbos e substantivos?
•
Podemos concluir, portanto, que é praticamente impossível quantificar vocabulário, e
podemos também inferir que habilidade (fluência) em línguas não está diretamente relacionada
a simples familiaridade com vocabulário.
Só a estruturação gramatical da língua, isto é, a forma como o pensamento é estruturado,
já é tão ou mais importante do que seu vocabulário. Uma coleção de palavras nunca chegará a
formar uma língua. São necessárias as regras do jogo além das peças.
Línguas são fenômenos complexos que incluem também fonética, morfologia, sintaxe,
cultura, etc. "Linguagem é um sistema de representação cognitiva do universo pelo qual as
pessoas constroem suas relações", como colocou uma frequentadora do nosso site. Sistema
esse, moldado pela identidade cultural de cada nação.
Assim como não é o número de páginas que determina a qualidade de um livro, nem a
quantidade de cores que determina a beleza de um quadro, não é o número de palavras que
influencia diretamente o nosso poder de comunicação.
87
Se fosse possível quantificar conhecimento sobre vocabulário, poderíamos nos arriscar a
dizer que plena proficiência em um idioma estrangeiro, ou seja, fluência, depende 80/90% de
pronúncia, 70/80de gramática e talvez 10/20% de vocabulário (apenas 5% segundo Hammerly,
considerando-se todas as palavras existentes no dicionário).
Portanto, habilidade em línguas não está diretamente relacionada simplesmente a
familiaridade com vocabulário e, por esta razão, vocabulário não deve ser colocado como a
grande prioridade durante a fase inicial do aprendizado. Vocabulário tende a ser mais
facilmente assimilado à medida em que o aprendiz familiariza-se com a estrutura gramatical da
língua e mais corretamente assimilado à medida em que se familiariza com a pronúncia da
língua. Além disso, o ensino de vocabulário não deve ser predeterminado e dirigido, mas sim
deve seguir um desenvolvimento naturalmente direcionado aos interesses do aprendiz e que
progride na medida em que há contato com a língua em situações reais de comunicação
Disponível em: http://www.sk.com.br/sk-voca.html Acesso em: 22/11/03
Estratégias para Ensinar e Aprender vocabulário:
•
•
•
•
•
•
Estratégias de aprendizagem de novas palavras:
Usar dicionários.
Criar diagramas para visualizar melhor as relações entre as palavras.
Associar palavras e expressões da língua-alvo e da primeira língua.
Criar diálogos e outros textos com as palavras aprendidas.
Criar exercícios e trocar com os colegas.
Criar figuras ou recortá-las de revistas.
Caderno de vocabulário (diferentes níveis):
- palavras e figuras,
- palavras, figuras e frases;
- palavras, figuras, frases e explicação;
- palavras, figuras, frases, explicação e classe gramatical.
Outras formas de organização do caderno de vocabulário:
- O professor, a partir de estudo dos textos, faz, com os alunos, uma lista de palavras-chave.
- Palavra: foto:
Tirei umas
lindas em Salvador.
fotos
- Cada aluno pode comparar seu quadro com os dos colegas. Provavelmente, muitas frases são
semelhantes porque temos a tendência de usar as palavras mais ou menos nos mesmos
contextos.
88
Organização da palavra foto num caderno de vocabulário:
NOME
EXPRESSÃO ADJETIVA
de(o) casamento
uma foto
de(o) aniversário
do casal
VERBO
NOME
NOME
ADJETIVO
ruim
uma foto
uma foto
colorida
tirar
revelar
clara
ver
Exemplos de frases:
Ele encontrou umas fotos.
Eu tirei umas fotos muito ruins.
Eu vi as fotos do casamento do João.
Palavras deslexicalizadas: estudo em diagrama.
RELACIONAMENTOS
OBJETOS
TER
SENSAÇÕES
IDADE
Para completar o diagrama, crie exemplos de frases com os alunos. Por exemplo:
Eles têm um DVD.
Eu tenho dois amigos que moram em São Paulo.
Eu tenho 30 anos.
Eu tenho dúvidas a respeito de sua honestidade.
Eu tenho medo de viajar à noite.
Observe ainda que o verbo TER, acompanhado de QUE ou DE, pode indicar obrigação,
necessidade:
Eu tenho que arrumar a casa.
Eu tenho que pagar os impostos.
Observe outros usos:
Você tem horas?
Eu tenho um compromisso.
Tem marmelada nessa história.
Hoje tem chuva.
Eu tenho alergia.
Ele tem uma conta no banco
89
Observe outros exemplos em língua portuguesa e crie um diagrama com os alunos:
- DAR
Muitas vezes o trabalho não dá satisfação.
Meu filho me dá muita alegria.
Ele me deu muita preocupação.
Ele dá para a música.
Nós demos um presente a ela.
Nós demos informações aos alunos.
Nós damos oportunidade de aprendizagem.
- TOMAR
Eu tomei banho.
Eu tomei uma chuverada.
Nós tomamos dinheiro emprestado.
Eu não tomo cerveja.
Nós tomamos as dores dos filhos.
- SER
A loja é no centro.
O encontro será na praça.
É hora do almoço.
Ela é minha irmã.
Eles são muito simpáticos.
Eles são bonitos.
- LEVAR
Eu levei um susto com você.
Nós levamos os alunos para a festa.
Eu levei um prejuízo nessa compra!!!
Nós levamos as bagagens até o carro.
João leva tempo para entender as coisas
Depois de entendido como se faz construções de frases em português e suas adaptações para
LIBRAS, faça um diagrama e monte várias frases em contextos diferenciados.
90
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALBRES, Neiva de Aquino. NEVES, Sylvia Lia Grespan. De Sinal em Sinal: comunicação em
LIBRAS para aperfeiçoamento do ensino dos componentes curriculares. 1ª edição – São Paulo
SP, 2008.
BRASIL. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa / Secretaria
de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília: MEC;
SEESP, 2004.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro: UFRJ, Departamento de Linguística e Filologia, 1995.
FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. LIBRAS em Contexto: curso básico, livro do professor
instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001.
PIMENTA, Nelson; QUADROS, Ronice Muller de. Curso de LIBRAS 1. Rio de Janeiro : LSB
Vídeo, 2006.
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos
linguísticos. Porto Alegre : Artmed, 2004.
VASCONCELOS, Silvana Patrícia; SANTOS, Fabrícia da Silva; SOUZA, Gláucia Rosa da.
LIBRAS: língua de sinais. Nível 1. AJA - Brasília: Programa Nacional de Direitos Humanos.
Ministério da Justiça / Secretaria de Estado dos Direitos
Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania. Sentinela. 15 de Agosto de 2008 – Você
fala fluentemente a língua Pura? §21-25. Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.
Cesário Lange, SP.
Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania. Despertai. 08 de Janeiro de 2000.
“Gostaria de aprender outro idioma?” § 12-13. Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.
Cesário Lange, SP.
91
Download

Apostila I Curso Básico de Libras - Unifal-MG