UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A UTILIZAÇÃO DO EPS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Evelen Freire Delgado de Paiva
MOSSORÓ - RN
2011
EVELEN FREIRE DELGADO DE PAIVA
A UTILIZAÇÃO DO EPS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Monografia apresentada a Universidade Federal
Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de
Ciências Ambientais e Tecnológicas para a obtenção
do título de Bacharel em Ciência e Tecnologia.
Orientadora: Profª. D.Sc Halane Maria Braga
Fernandes Brito - UFERSA.
MOSSORÓ - RN
2011
EVELEN FREIRE DELGADO DE PAIVA
A UTILIZAÇÃO DO EPS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
DATA DE DEFESA: 14/12/2011
BANCA EXAMINADORA
_________________________________
Profª. D.Sc Halane Maria Braga Fernandes Brito - UFERSA
Presidente
_________________________________
Profª. D.Sc Marília Pereira de Oliveira- UFERSA
Primeiro Membro
_________________________________
Profª D.Sc Marineide Jussara Diniz - UFERSA
Segundo Membro
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Afrânio Delgado de Paiva e
Rutilênia Freire Delgado, aos meus irmãos,
Enver Freire Delgado e Afrânio Delgado de
Paiva Filho, por toda dedicação comigo, por
sempre me incentivarem e acreditarem no me u
potencial, pelo carinho, amor e compreensão
durante os momentos difíceis.
AGRADEDIMENTOS
A Deus, por estar presente em todos os momentos da minha vida, guiando- me e
dando-me serenidade e coragem para seguir no caminho certo.
A toda a minha família, em especial aos meus pais e meus irmãos, pela educação,
incentivo, pela admiração que tenho dos meus pais e estimulo para seguir esses exemplos,
pelo carinho e o amor incondicional, essa conquista é nossa.
Aos meus professores, que me passaram ensinamentos que contribuíram para essa
conquista.
A professora Halane Brito pela compreensão e confiança ao aceitar ser minha
orientadora.
Aos meus amigos de faculdade, Daianne Fernandes, Michelle Vieira, Renan Soares e
Daiane de Oliveira, que contribuíram nessa caminhada.
A todos os meus colegas de turma pela convivência e amizade construída ao longo do
curso.
Aos meus amigos, próximos ou distantes, que em um simples gesto ou palavra,
contribuíram de alguma forma para essa vitória.
Enfim, a todas as pessoas que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para a
realização deste trabalho.
EPÍGRAFE
“Quem acredita sempre alcança” (Renato Russo)
RESUMO
Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizado um estudo detalhado sobre a utilização do
Poliestireno Expandido- EPS na construção civil, por meio de uma pesquisa bibliográfica e de
um estudo de caso, através de uma visita técnica no canteiro de obra de um residencial que faz
o uso do Poliestireno Expandido – EPS no seu empreendimento. O mercado da construção
civil está sempre em busca de novas tecnologias em materiais para atingir a eficiência e
conforto em seus projetos. A utilização do EPS se iniciou na Europa e hoje está difundido
pelo mundo, compondo esse mercado da construção civil há alguns anos, pois suas
propriedades são muito favoráveis para esse mercado, suas características se destacam como
a sua leveza, gerando uma redução de custos por diminuir a carga das fundações,possui o
benefício de ser isolante térmico e acústico a qual é uma de suas me lhores qualidades e mais
usáveis. Diante desse contexto podemos analisar a viabilidade do uso do Poliestireno
Expandido para a construção civil atual.
Palavras-chave: Poliestireno Expandido. Construção civil. Isolante térmico e acústico.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Características exigíveis para o EPS – NBR 11752 ............................................... 16
Quadro 2 - Referências normativas. ......................................................................................... 17
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Laje treliçada unidirecional com EPS I ................................................................... 19
Figura 2 - Laje treliçada unidirecional com EPS II .................................................................. 19
Figura 3 - Laje treliçada bidirecional com EPS I ..................................................................... 20
Figura 4 - Laje treliçada bidirecional com EPS II .................................................................... 20
Figura 5 - Cobertura I ............................................................................................................... 23
Figura 6 - Cobertura II .............................................................................................................. 23
Figura 7 - Isolamento térmico sobre a impermeabilização....................................................... 24
Figura 8 - Isolamento térmico sob a impermeabilização .......................................................... 25
Figura 9 - Telhado de fibrocimento .......................................................................................... 26
Figura 10 - Telha cerâmica ....................................................................................................... 27
Figura 11 - Telhado concluído.................................................................................................. 28
Figura 12 - Isolamento com revestimento de argamassa .......................................................... 29
Figura 13 - Isolamento em ambiente interno ............................................................................ 30
Figura 14 - Isolamento em dutos de ar condicionado ............................................................... 31
Figura 15 - Pavimento flutuante ............................................................................................... 33
Figura 16 - Construção do forro suspenso por tirante .............................................................. 34
Figura 17 -Painéis monólito de EPS ......................................................................................... 34
Figura 18 – Painel divisório...................................................................................................... 36
Figura 19 – Fundações de estradas I ......................................................................................... 37
Figura 20 – Fundações de estradas II ....................................................................................... 38
Figura 21 – Preparação do terreno da cabeceira da ponte BR101 ............................................ 39
Figura 22 - Primeira camada dos blocos de EPS ...................................................................... 39
Figura 23– Última camada e início da concretagem sobre filme de pead e tela metálica ........ 40
Figura 24 – Juntas de dilatação................................................................................................. 41
Figura 25 - Drenagem em muro de arrimo ............................................................................... 42
Figura 26- Drenagem em pisos internos ................................................................................... 42
Figura 27 - Drenagem em gramados ........................................................................................ 43
Figura 28 - Adicionando areia e cimento ................................................................................. 44
Figura 29 - É adicionado EPS em flocos .................................................................................. 45
Figura 30 - A betoneira misturando os materiais...................................................................... 45
Figura 31 - O concreto leve ...................................................................................................... 46
Figura 32 - Moldagem dos blocos de concreto leve ................................................................. 46
Figura 33 - Os Blocos após a cura do concreto leve................................................................. 47
Figura 34 - Isolamento térmico de parede externa ................................................................... 47
Figura 35 – Diferença entre parede com blocos leves e parede de alvenaria convencional ..... 48
Figura 36 – Muro com junta de dilatação ................................................................................. 49
Figura 37 - EPS entre as juntas de dilatação............................................................................. 49
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 13
3 OBJETIVOS........................................................................................................................... 13
3.1Objetivo geral......................................................................................................................... 13
3.2 Objetivos específicos ............................................................................................................. 14
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 14
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 15
5.1 EPS....................................................................................................................................... 15
5.2 O EPS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................................................ 16
5.2.1 Nivelamento de lajes e fôrmas para concreto com EPS........... Erro! Indicador não definido.
5.2.2 Lajes industrializadas ou nervuradas utilizando o EPS..................................................... 18
5.2.3 Concreto leve..................................................................................................................... 21
5.2.4 O EPS como isolante térmico e acústico ............................................................................ 22
5.2.4.1 Isolamento térmico de lajes impermeabilizadas .................................................................. 22
5.2.4.2 Isolamento térmico de telhados com EPS ........................................................................... 25
5.2.4.3 Isolamento térmico de paredes externas ............................................................................. 28
5.2.4.4 Isolamento térmico para dutos de ar condicionado com EPS................................................ 30
5.2.4.5 Isolamento térmico de tubulações e reservatórios................................................................ 31
5.2.4.6 Isolamento térmico em câmaras frigoríficas ....................................................................... 31
5.2.4.7 O EPS como isolante acústico – Pavimento flutuante .......................................................... 32
5.2.5 Fôrros isolantes e decorativos com EPS............................................................................. 33
5.2.6 Painéis autoportantes ........................................................................................................ 34
5.2.7 Painéis divisórios ............................................................................................................... 35
5.2.8 Sistema de blocos vazados de EPS ..................................................................................... 36
5.2.9 Fundação para estradas .................................................................................................... 37
5.2.10 Juntas de dilatação .......................................................................................................... 40
5.2.11 Drenagem........................................................................................................................ 41
6 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................... 44
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 50
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 51
12
1 INTRODUÇÃO
A humanidade está sempre desenvolvendo novas tecnologias para melhorar sua forma
de vida, essas evoluções tecnológicas estão relacionadas, principalmente, as melhorias em
suas moradias. Aliada a essas novas tecnologias, vieram novas idéias e matérias-prima,
substituindo assim os materiais tradicionais por materiais alternativos, proporcionando dessa
forma redução de custos e aumento no conforto.
Em 1949 na Alemanha, os químicos Fritz Stastny e Karl Buchholz realizam a
descoberta do Poliestireno Expandido, sendo sua sigla internacional o EPS de acordo com a
norma DIN ISO-1043/78(ABRAPEX, 2006). De acordo com a revista arquitetonline (2010),
a utilização do EPS na construção civil brasileira começou na década de 90, mas somente nos
últimos anos, com o desenvolvimento de sistemas construtivos modernos, é que a sua adoção
ganhou importância e relevância. Um dos projetos pioneiros no Norte/Nordeste do Brasil foi a
construção do Complexo Hoteleiro de Sauípe, de cinco unidades, nas quais foram usados
12.600 m³ de EPS no revestimento das paredes e das lajes treliçadas. O EPS, mais conhecido
como “Isopor”, é um plástico celular rígido que pode apresentar uma variedade de formas e
aplicações.
Vem crescendo cada vez mais a utilização do EPS no mercado. Existem inúmeras
aplicações em artigos de consumo, embalagens industriais e principalmente na construção
civil, sendo esse o foco desse projeto monográfico. O EPS além do importante benefício de
não afetar o meio ambiente, se destaca na construção civil pela sua leveza, capacidade de
isolamento térmico e acústico, às quais ainda se associa ao baixo custo, além da resistência
mecânica, baixa densidade, facilidade de manuseio e resistência a compressão.
No desenvolvimento de materiais de construção civil, e de outros materiais utilizados
pela sociedade atualmente, é importante que sejam ecológicos que tenham a finalidade de não
agredir o meio ambiente e, além disso, serem viáveis financeiramente. Assim, o EPS além de
se adequar a esses parâmetros é 100% reciclável. Conforme a Associação Brasileira de
Poliestireno Expandido (2006) existem algumas aplicações do EPS na construção civil:
Enchimento de lajes e fôrmas para concreto
13
Lajes industrializadas
Concreto leve
Isolamento térmico e acústico
Piso flutuante
Forros isolantes e decorativos
Fundação para estradas
Drenagem, etc
2 JUSTIFICATIVA
Com o célere crescimento da construção civil no Brasil, surge à necessidade de
investimento em vantagens competitivas frente a seus concorrentes. Dessa forma o EPS
possibilita redução de custo e tempo total da obra, ocasionando assim maior confiabilidade,
flexibilidade, velocidade e qualidade na obra. Aliado a todas essas vantagens o EPS é um
material reciclável, contribuindo assim para a preservação do meio ambiente.
3 OBJETIVOS
3.1Objetivo geral
Este trabalho abrange as possíveis utilizações do Poliestireno Expandido como
material para a Construção Civil, abordando suas vantagens para o aprimoramento da obra.
14
3.2 Objetivos específicos
Para alcançar o objetivo geral foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
Analisar as inúmeras utilizações do poliestireno expandido na construção civil;
Estimar os benefícios do uso do EPS na construção civil;
Levantamento do uso do EPS in loco em uma construção;
4 MATERIAL E MÉTODOS
Na metodologia dessa monografia será realizada uma pesquisa bibliográfica, onde
Vergana (2000) conceitua pesquisa bibliográfica como um estudo sistematizado desenvolvido
com base em material publicado em livros, revistas, redes eletrônicas, ou seja, material
acessível ao público para pesquisas.
Este trabalho se dividiu em duas etapas, sendo a primeira correspondente a pesquisa
bibliográfica e a segunda uma visita in loco para verificação do uso do EPS.
15
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1 EPS
A Associação Brasileira de Poliestireno Expandido – ABRAPEX (2006) define o EPS
como um plástico celular rígido, resultado da polimerização do estireno em água, como
agente expansor. Para a transformação do EPS, emprega-se o pentano, um hidrocarboneto que
se deteriora rapidamente pela reação fotoquímica gerada pelos raios solares, o que não
compromete o meio ambiente. Outros aditivos também podem ser adicionados a esse
procedimento para o melhoramento das propriedades do EPS. O produto final são pérolas de
até 3 milímetros de diâmetro, que se destinam à expansão.
Segundo Luiz Molina Luz (2007) o processo de transformação física se divide em três
etapas:
A pré-expansão:
A expansão do poliestireno (PS) expansível é efetuada numa primeira fase num préexpansor através de aquecimento por contato com vapor de água. O agente de expansão incha
o PS para um volume cerca de 50 vezes maior do original. Daí resulta um granulado de
partículas de isopor constituídas por pequenas células fechadas, que é armazenado para
estabilização.
O armazenamento intermediário:
O armazenamento é necessário para permitir a posterior transformação do isopor.
Durante esta fase de estabilização, o granulado de isopor arrefece o que cria uma depressão no
interior das células. Ao longo deste processo o espaço dentro das células é preenchido pelo ar
circundante.
A moldagem:
O granulado estabilizado é introduzido em moldes e novamente exposto a vapor de
água, o que provoca a soldadura do mesmo; assim obtém-se um material expandido, que é rijo
e contém uma grande quantidade de ar.
16
Os produtos finais de EPS são inodoros, não contaminam o solo, água e ar, são 100%
reaproveitáveis e recicláveis e podem voltar à condição de matéria-prima. O poliestireno
expandido não serve de alimento a nenhum ser vivo, inclusive microorganismos, portanto não
atrai cupins nem apodrece. (ABRAPEX, 2006)
O EPS é produzido em duas versões: Classe P, não retardante à chama, e Classe F,
retardante à chama. Também é dividido em 3 grupos de massa específica aparente: I - de 13 a
16 kg/m3, II - de 16 a 20 kg/m3, III - de 20 a 25 kg/m3, conforme mostra o quadro 1.
(ABRAPEX, 2006)
Quadro 1 - Características exigíveis para o EPS – NBR 11752
Fonte: ABRAPEX (2006)
Para a identificação do produto deve estar em posição visível, com logomarca do
fabricante, símbolo de reciclável, e identificação do tipo I, II ou III.
São identificados da seguinte forma:
Cor azul, para classe P ( não retardante à chama)
Cor vermelha, para classe F ( retardante à chama)
5.2 O EPS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A espuma rígida de poliestireno aliada com suas características e vantagens vem se
estabilizando no mercado da construção civil há 35 anos. O EPS destaca-se como isolante
térmico nas temperaturas de 70º a 80º Celsius, é um excelente material para preenchimento de
17
rebaixos ou vazios necessários em processos construtivos, sobretudo em lajes e painéis pré
fabricados ou semi industrializados pela facilidade de recortar. Leveza, durabilidade e
resistência são qualidades que podem ser uma solução para aterros estáveis sobre solos
frágeis. Para o uso adequado do EPS é recomendado à verificação do material adquirido se a
densidade e a espessura são combinadas. (ABRAPEX, 2006)
Segue-se abaixo, no quadro 2, as referências normativas empregadas ao EPS na
construção civil:
Quadro 2 - Referências normativas.
Norma
Referente
NBR 11752
Materiais celulares de poliestireno para isolamento térmico na
construção civil e câmaras frigoríficas
NBR 7973
Determinação de absorção d'água - Método de ensaio
NBR 8081
Permeabilidade ao vapor d' água - Método de ensaio
NBR 8082
Resistência à compressão - Método de ensaio
NBR 10411
Inspeção e amostragem de isolantes térmicos - Procedimento
NBR 11948
Ensaio de flamabilidade - Método de ensaio
NBR 11949
Determinação da massa específica aparente - Método de ensaio
NBR 12094
Determinação da condutividade térmica - Método de ensaio
Fonte: Adaptado ABRAPEX (2006)
As principais aplicações do EPS na construção civil serão comentadas nos itens a
seguir.
18
5.2.1 Nivelamento de lajes e fôrmas para concreto com EPS
O EPS possui características adequadas para situações onde seja necessário o
nivelamento de lajes, oferece baixa absorção de água, que permite uma melhor e mais rápida
cura do concreto, sendo feito o uso do EPS em placas para a correção. A grande vantagem no
uso do EPS nesse caso é devido a sua leveza e resistência, podendo ser usado até
oferece até
e
nos materiais produzidos dentro das normas da ABNT. (ABRAPEX, 2006)
É importante que em enchimentos de lajes, a previsão do cálculo considere o uso do
EPS, diminuindo assim o dimensionamento da estrutura e fundações.
A utilização de fôrma de EPS em lajes nervuradas pode ser em uma só direção ou em
grelha, fazendo com que o acabamento seja efetuado apenas no plano inferior, economizando,
assim, no cimbramento, na mão-de-obra e no tempo. É usado como revestimento da madeira
da fôrma e pela sua qualidade semi-elástica permite a retirada da fôrma facilmente e sem
perdas significativas. Na obtenção de detalhes complexos em relevos ou recortes no concreto,
o EPS pode ser recortado e aplicado dentro das fôrmas de madeira, que na retirada é obtido os
relevos ou recortes desejados no concreto acabado. (ABRAPEX, 2006)
5.2.2 Lajes industrializadas ou nervuradas utilizando o EPS
Nas construções de edifícios de múltiplos andares, as lajes são responsáveis pelo alto
consumo de concreto, sendo de grande importância a escolha adequada da laje, visando
soluções técnicas e econômicas viáveis.
As lajes industrializadas ou pré-fabricadas também podem ser nervuradas. Segundo a
NBR 6118 (2003), lajes nervuradas são "lajes moldadas no local ou com nervuras prémoldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado
material inerte." É considerada uma evolução natural das lajes maciças sendo essas lajes
responsáveis por quase dois terços do volume total de concreto da estrutura. As lajes
nervuradas resultam na redução de grande parte do concreto abaixo da linha neutra,
economizando na espessura total da laje, devido aos vazios criados em um padrão rítmico de
arranjo. Com esse tipo de laje é formado sistema estrutural de alta eficácia, com nervuras
espaçadas regulamente dispostas em uma ou duas direções (ABRAPEX,2006).
Dentre os diferentes tipos de lajes, destacam-se:
19
Laje nervurada pré-fabricada unidirecional (Fig. 1 e 2):
É tradicional nesse tipo de laje utilizar em preenchimento de vão das nervuras, tijolos
cerâmicos ou blocos de concreto, sendo esses materiais influenciadores no peso da laje e
ainda permitem o vazamento de concreto e perdas quando ocorre quebra. A solução para esses
pontos negativos é o uso do EPS nesses preenchimentos que é um material leve e além de
reduzir a mão de obra e o entulho nas lajes.
Figura 1 - Laje treliçada unidirecional com EPS I
Fonte: Sahecc lajes (2008)
Figura 2 - Laje treliçada unidirecional com EPS II
Fonte: Tecnocell (2008)
20
Laje nervurada bidirecional (Fig. 3 e 4):
É uma concepção recente, onde é utilizado o EPS como elemento de preenchimento
entre nervuras. Admite-se executar grandes vãos com lajes delgadas, bem estruturadas e com
economia. O alívio do peso reduzirá o dimensionamento da estrutura se tornando mais
econômico.
Figura 3 - Laje treliçada bidirecional com EPS I
Fonte: Sahecc lajes (2008)
Figura 4 - Laje treliçada bidirecional com EPS II
Fonte: Autoria própria (2011)
21
O EPS pode ser fornecido como peça pronta, no comprimento de 1 metro com a seção
necessária à laje desejada. Tem facilidade no corte e os pedaços que sobram são aproveitados
na própria laje evitando perda no material.
5.2.3 Concreto leve
O concreto tradicional é obtido pela mistura cimento areia e brita, enquanto que no
concreto leve é feito a substituição da brita pelo EPS em forma de pérolas pré-expandidas, os
“flocos”, cujo volume é constituído de 95% de ar, proporcionando um concreto de baixa
densidade aparente (a densidade do concreto leve varia conforme a necessidade do uso,
variando de
, já a do concreto convencional é aproximadamente de
). (ABRAPEX, 2006)
Diante das suas propriedades de baixa densidade, isolante térmico e acústica e
considerável resistência, o EPS é utilizado em componentes que não exigem grandes esforços,
ressaltando que em obra de pequeno ou grande porte há economia no custo da obra com o uso
desse concreto leve, pelo dimensionamento estrutural adequado e facilidade no manuseio.
Segundo as disposições complementares da DIN 4102 (1998) ao que se refere ao seu
comportamento mediante o fogo, ao julgar o comportamento do concreto leve perante as
chamas deve-se:
Fazer uma declaração sobre a resistência ao fogo das peças fabricadas com
esse material.
Levar em conta que o concreto leve pode ser empregado como proteção
contra fogo de peças de construção ( não muito resistente) e como elemento
de paredes divisórias e tetos.
Analisar que o ensaio de flamabilidade é feito segundo as “disposições
complementares” da norma DIN 4102 (1998), onde classifica o concreto
leve de EPS como material de construção B (não inflamável).
O concreto leve tem diversificadas aplicações como regularização de lajes em geral
(inclinação para escoamento), painéis de fechamento (prédio, galpões), elementos pré-
22
fabricados (lajotas, blocos vazados), pavimentos (calçadas), mobiliário (base para montagem
de móveis) e áreas de lazer( quadras de esportes), entre outras.
5.2.4 O EPS como isolante térmico e acústico
O isolamento térmico e acústico é uma preocupação cada vez maior dos profissionais
da construção civil. Na hora de realizar seus projetos é analisado o conforto térmico do
ambiente, a economia na diminuição de gastos e a estabilidade nas estruturas devido às
variações de temperatura, sendo que tudo isso pode ser obtido com o beneficiamento de um
material isolante.
Em razão dos sólidos serem bons condutores de calor e ao contrário disso, os gases
estagnados serem maus condutores, faz com que os isolantes sejam materiais celulares ou
laminares, onde em sua composição são formados de células de gás ou ar, como é o caso da
composição do EPS, já citada anteriormente. (ABRAPEX, 2006)
Apesar de ser um ótimo isolante térmico, o EPS não tem boas propriedades acústicas:
não tem massa, não tem o efeito massa- mola-massa de algumas espumas, que também são
leves, mas com bons desempenhos nessa área. (YOSHIMOTO, 2006).
5.2.4.1 Isolamento térmico de lajes impermeabilizadas
A impermeabilização das lajes faz uso de produtos específicos com objetivo de
proteger as diversas áreas contra a ação da água. Não é aceito hoje construções de lajes com
coberturas expostas ao sol sem isolamento térmico devido a danos na dilatação e ao
desconforto térmico que a sua ausência pode causar. O EPS é um excelente isolante térmico,
além de seu baixo custo e alto eficiência, sua fixação é fácil e com espessuras bem delgadas.
Por exemplo, para climas do Brasil, cerca de 30mm de espessura de placa (
suficientes para isolar essas lajes. (ABRAPEX, 2006)
são
23
Para adotar cobertura em laje são analisados diferentes fatores como: acessibilidade,
isolamento térmico, inércia térmica, ventilação, proteção do elemento estanque (material que
impermeabiliza como: manta asfáltica e borracha líquida) e controle de difusão do vapor. Fica
a cargo do projetista a escolha entre os fatores citados da melhor opção que acate as
exigências construtivas e seja viável economicamente.
Visando o conforto térmico juntamente com a economia de energia, dois tipos de lajes
atendem essas exigências, conforme mostrado na Fig. 5 e Fig. 6:
Figura 5 - Cobertura I
Fonte: ABRAPEX(2006)
Figura 6 - Cobertura II
Fonte: ABRAPEX(2006)
A figura 5 é uma cobertura com elemento isolante(material azul da ilustração) térmico,
mas sem ventilação resultando em uma cobertura que não há o comportamento termohigrométrico, e sim a transmissão de calor. Já a figura 6 mostra a cobertura que possui
24
elemento isolante e ventilação controlando o comportamento termo-higrométrico e a
transmissão de calor.
Na implantação do projeto é preciso analisar a inclinação da cobertura, que geralmente
está entre 1,5% e 3%, evitando empoçamento de água. Quando necessário colocar barreiras de
vapor, o ideal é que estenda o processo à elevação nas bordas de cobertura.
A densidade aparente do EPS tem que ser suficiente para resistir às cargas
permanentes e móveis sem que haja deformação plástica, de acordo com o critério de cargas
não ultrapassam 1/5 da solicitação e que provoca 10% de deformação prevista na norma NBR
8082 (1983).
Os métodos mais comuns para isolar lajes impermeabilizadas, segundo recomendações
da ABRAPEX (2006) são:
Isolamento térmico sobre a impermeabilização (ISO nº6) (Fig. 7) onde as placas de
EPS são fixadas com o próprio material de fixação impermeabilizante. Se este não
contiver solventes orgânicos que venha dissolver o EPS, até asfalto de baixo ponto de
fusão pode ser usado para fixar as placas. O procedimento é o seguinte: coloca-se um
filme de poliéster sobre as placas e sobre este a proteção mecânica da argamassa, em
lajes transitáveis é aplicado o contrapiso e em seguida é fixado o piso de acabamento,
quando as lajes forem para o trânsito de veículos o co ntrapiso deve ser armado,
deixando juntas de dilatação desde o contrapiso.
Figura 7 - Isolamento térmico sobre a impermeabilização
Fonte: ABRAPEX(2006)
25
Isolamento térmico sob a impermeabilização (ISO
5, 7, 8 e 9) (Fig. 8): nesse
método é aplicada sobre a regularização da laje uma camada impermeável ao vapor
de água, seguindo as especificações do isolamento anterior colam-se as placas de EPS,
levando em consideração as limitações desse material às altas temperaturas e solventes
orgânicos. Após a impermeabilização aplica-se a proteção mecânica ou o contrapiso
indicado, para o acabamento final.
Figura 8 - Isolamento térmico sob a impermeabilização
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.4.2 Isolamento térmico de telhados com EPS
Em climas como os do Brasil que possui frio intenso no sul, calor excessivo no verão
tropical, é necessário a proteção da edificação atrás do isolamento térmico de telhados e
paredes, visando o conforto ou a economia de energia. A cobertura é o maior responsável
pelas trocas de calor nos edifícios de um ou dois pavimentos. Em edificações térreas, a
superfície de exposição ao calor ou frio tem 70% de troca de calor pelo telhado, enquanto que
nos sobrados a média é 50% sendo fundamental o isolamento térmico na cobertura
(ABRAPEX, 2006).
O EPS usado para o isolamento térmico de telhas pode ser fornecido em placas nas
espessuras
adequadas
ou
qualquer
medida
determinada
pelo
construtor.
Esse
26
dimensionamento do isolante é calculado com base na irradiação e no aquecimento provocado
pelo sol. Em climas quente úmido a necessidade de uma resistência térmica é
aproximadamente 1,1
. Considerando uma cobertura de telhas cerâmicas, a
resistência térmica será aproximadamente 0,5364
resistência recomendada de 1,1
, que comparado-se com a
falta cerca de 0,5636
, que será completada
pelo isolante. O EPS adequado é da classe F - retardante às chamas, que de acordo com a
norma NBR 11948 (2007) possui uma resistência térmica de 0,286
para cada
centímetro de espessura. (ABRAPEX, 2006)
O isolamento térmico de telhados pode ser realizado durante a construção ou até
mesmo na recuperação de obras (reforma), tendo o primeiro caso mais facilidade na aplicação
do EPS já que vai ser colocado juntamente com os outros materiais, enquanto que na reforma
vai ter que se aplicado sob a cobertura já pronta.
No isolamento térmico de telhados pode ser feito diretamente sob as telhas, nesse
caso, há diferentes posições de acordo com o processo construtivo, tipo de telhas ou até para
telhado já concluído. Segue-se algumas recomendações quanto ao uso do EPS no telhado:
Telhado de fibrocimento (Fig. 9)
As placas de EPS são colocadas em dimensões adequadas, acoplado com as telhas,
sobre as terças metálicas ou entre elas, ajustadas para não deixar frestas. Usa-se como apoio
fios de arame esticados transversalmente as terças e fixados nelas.
Figura 9 - Telhado de fibrocimento
Fonte: ABRAPEX(2006)
27
Telhado de telhas cerâmicas ou ardósia (Fig. 10)
Colocar as placas de EPS com juntas verticais sobre os caibros, se possível com
encaixes na horizontal que impeçam a penetração da água; sobre os caibros é anexado ripas
como mata-juntas e sobre elas as ripas de apoio das telhas sem frestas.
Figura 10 - Telha cerâmica
Fonte: ABRAPEX(2006)
Telhados já concluídos (Fig. 11)
Sempre que a estrutura e o espaço interno permitir, deve-se aplicar as placas sob as
telhas, fixando-as sob os caibros, pregando-se ripas como mata-juntas. Não havendo
condições de fazê- lo pode-se sempre isolar sobre o forro, seja ele de laje, madeira ou gesso.
Sua fixação pode ser feita com adesivos à base de água ou álcool.
28
Figura 11 - Telhado concluído
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.4.3 Isolamento térmico de paredes externas
Dentre as inúmeras qualidades e utilidades do EPS na construção civil, a mais
eficiente é o isolamento de paredes externas, por suprir as pontes térmicas, reduzir os
movimentos devido ao diferencial de temperatura na estrutura e acrescentar a inércia térmica,
mantendo a temperatura interna da casa, além de ser hidrófobo, sua absorção de água é
mínima.
Existe o isolamento com placas de EPS classe F (retardante à chama) no qual as placas
são fixadas na alvenaria. Sobre elas é aplicado uma tela de arame galvanizado tipo galinheiro,
que recebera o acabamento com argamassa que deve ser pintada com tinta resistente a água
(Fig. 12).
29
Figura 12 - Isolamento com revestimento de argamassa
Fonte: ABRAPEX(2006)
Em casos que deseja aplicar o EPS já com a parede construída, a reforma ocorre na
parede interna (Fig. 13). O EPS é aplicado internamente no ambiente havendo perda da
inércia térmica, mas o poliestireno expandido proporciona uma rápida adaptação de
temperatura do ambiente. Nesse caso o acabamento é feito com placas de gesso acartonado,
proporcionando uma obra seca, limpa e econômica ( ABRAPEX, 2006).
30
Figura 13 - Isolamento em ambiente interno
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.4.4 Isolamento térmico para dutos de ar condicionado com EPS
Os dutos de ar condicionado em chapas galvanizadas precisam ser isolados
termicamente para manter a temperatura e umidade adequada do ar até a saída dos difusores,
evitando ainda com esse isolamento a condensação do vapor d’ água na face externa, oriundo
da diferença de temperatura dos ambientes. O isolante adequado para tal finalidade é o EPS
classe F, devido as suas características já citadas anteriormente, conforme figura 14.
São utilizadas placas de EPS com espessuras de
, dependendo da posição
do duto em relação ao edifício, onde a colocação deve ser bem ajustada sobre os dutos, sem
espaços vazios e as juntas vedadas com asfalto frio. A proteção das arestas é feita por
cantoneiras de chapa galvanizada, fixadas com fitas de plástico. (ABRAPEX, 2006)
31
Figura 14 - Isolamento em dutos de ar condicionado
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.4.5 Isolamento térmico de tubulações e reservatórios
Instalações industriais e instalações para ar condicionado têm necessidade de
isolamento térmico nas tubulações e reservatórios de água gelada. As instalações residenciais
de água quente, seja por aquecedores ou placas solares também necessitam também de
isolamento térmico. A solução mais adequada é usar calhas de EPS nos tubos e placas ou
segmentos nos reservatórios, onde o EPS pode ser usado com tranqüilidade de Celsius. ( ABRAPEX, 2006)
5.2.4.6 Isolamento térmico em câmaras frigoríficas
Em grandes centros urbanos é essencial o uso de câmaras frigor íficas para suprir a
necessidade do mercado interno e até externo. A construção destas câmaras frigoríficas exige
bastante cuidado com a isolação térmica e impermeabilização, devendo-se usar materiais de
boa qualidade e durável. O EPS tem se mostrado excelente para essa finalidade, devendo
apenas tomar cuidado quanto à especificação do EPS dentro da NBR 11752 (1993).
As câmaras podem ser fabricadas in loco que são construídas no local de maneira
convencional, piso alvenaria e lajes de cobertura. É feito o isolamento com chapas de EPS de
32
acordo com a espessura adequada (utilizar duas camadas) e ter cuidado com a
impermeabilização para não ocorrer infiltrações.
Para painéis pré- fabricados devem ser revestidos com chapas metálicas, apresentando
características como fácil montagem, ocupa um espaço menor e tem maior eficiência contra
as infiltrações, além da junção do núcleo de EPS e o revestimento serem prensados e colados
gerando uma resistência mecânica maior.
5.2.4.7 O EPS como isolante acústico – Pavimento flutuante
Como todo bom isolante térmico o EPS é um pobre isolante acústico. Para fazer um
“piso flutuante” com a finalidade acústica do poliestireno expandido é preciso um tratamento
prévio das placas, isto é, devem ser rompidas as paredes que fecham as microcélulas, por
meio de prensagem. (ABRAPEX,2006)
Na construção de edifícios de vários pavimentos sempre ocorre problemas com ruídos
que são provocados por impacto nos pisos, que são transmitidos pela laje para o ambiente de
abaixo. A solução para esse problema é a construção de pavimento flutuante que é a solução
em que se colocam sobre o EPS tratado, separando-os da estrutura o lastro e o piso acabado,
evitando qualquer união rígida entre ambos.
Segundo recomendações da ABRAPEX (2006), é feito o revestimento da laje
regularizada, limpa e sem desníveis, sendo revestida por placas de EPS de 20mm de
espessura. As placas são colocadas umas junto das outras, subindo lateralmente até o piso
acabado, sendo as placas cobertas com uma película de polietileno ou papel Kraft betumado,
para que após aplicado o contrapiso, no traço de 1:3 e por último é colocado o piso de
acabamento, fixado-se os rodapés nas paredes, conforme figura 15.
33
Figura 15 - Pavimento flutuante
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.5 Fôrros isolantes e decorativos com EPS
A solução para tetos lisos ou decorados sob telhado ou sob lajes estruturais e para
esconder tubulações e instalações é utilizar fôrros. Entretanto, o ideal é utilizar fôrro com
placas de EPS que possui as vantagens de ser autoportantes, isolantes, impermeáveis, não
manchar, recebe pinturas a base de PVA e acrílico.
ABRAPEX (2006) recomenda o seguinte procedimento: fixa-se uma cantoneira nas
paredes a fim de determinar o nível do forro, para iniciar a colocação do sistema metálico. Os
tirantes são fixados na estrutura superior dando suporte ao forro a cada metro (Fig. 16). Os
perfis inteiros são então colocados na menor largura do cômodo e os perfis cortados formando
retângulos de 0,50 x 1,00 m, que receberão as placas de EPS presas aos perfis por presilhas de
mola.
34
Figura 16 - Construção do forro suspenso por tirante
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.6 Painéis autoportantes
Os painéis autoportantes são painéis pré-fabricados, leves, composto por uma camada
de EPS envolto de duas malhas de aço eletrossoldadas, que em grande partes tem espessura de
55 mm, medida elevada a 100mm, depois de serem revestidos de argamassa (Fig. 17). Esse
processo é denominado de Monolite que é um dos sistemas construtivos mais avançados em
termo de tempo, qualidade e economia.
Figura 17 -Painéis monólito de EPS
Fonte: UFMG(2008)
35
Os painéis duplos são utilizados em edificações com vários pavimentos, onde terá
espaços variados entre eles de acordo com a altura do edifício. Esses espaços serão
preenchidos com concreto estrutural e os painéis são instalados na obra de maneira
convencional.
Em relação a instalações de tubulações embutidas de elétrica e hidráulica, elas são
inseridas no EPS facilmente. O procedimento é iniciado desenhando o percurso e em seguida
é aberto o caminho atrás de um maçarico a gás, ou um gerador quente. Com esse ar quente a
espuma se funde com facilidade, onde depois de concluída as instalações inicia-se o processo
de revestimento.
Esse processo monolite tem origem de um projeto italiano, desenvolvido em áreas
sujeitas a terremotos, com o propósito de criar uma estrutura monolítica que não
desmoronasse e composta por materiais isolantes térmicos. No Brasil foram feitos vários
ensaios para comprovar a qualidade do processo (ABRAPEX, 2006).
5.2.7 Painéis divisórios
A modernização requer flexibilidade e fácil adaptação na hora de montar ambientes, o
uso de painéis divisórios que são leves e desmontáveis é a melhor opção para tal finalidade.
Fazendo o uso do EPS como miolo desses painéis com grandes possibilidades para recortes, e
encaixes sem deformações. De acordo com a ABRAPEX (2006) são diversas as aplicações
dos painéis com EPS, desde simples divisórias de ambientes até fechamento de edifícios
residenciais, comerciais e de áreas externas, como:
Divisórias leves de escritório com meia altura;
Divisórias removíveis com altura total em escritórios;
Painéis divisórios em edifícios;
Painéis de vedação em edificações altas e térreas, residências e armazéns;
Fechamento de áreas externas com alturas diversas.
Os painéis variam conforme espessura, condições de produção, manuseio, estrutura e
acabamento, mas a espessura mais utilizada é de 35mm ou 50mm e a largura normalmente é
36
de 1,20m ( Fig. 18), com a diversidade de revestimento existem vários tipos de adesivos,
sendo descartados aqueles que possuem solventes derivados de petróleo pois danificam o
EPS, sendo a cola branca de madeira à base de PVA o mais usado pelo baixo custo.
(ABRAPEX, 2006)
Figura 18 – Painel divisório
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.8 Sistema de blocos vazados de EPS
Conforme a ABRAPEX (2006) são blocos de EPS de alta densidade que permite a
colocação por encaixe, com dimensões de 1200x300x140 mm, sendo facilmente recortados.
Esse sistema reduz a mão de obra, o desperdício, acelera a construção, maior controle das
dimensões de velocidade e alinhamento das paredes, além do conforto térmico e acústico.
Nas fundações serão deixados 60 cm das pontas de aço no eixo das paredes, onde será
perfurado os blocos de acordo com sua modelagem, é feita a impermeabilização, evitando
danos proveniente da umidade, em seguida inicia a montagem dos blocos dando continuidade
as barras de aço e as tubulações de esgoto, os vazios dos blocos é preenchido com concreto.
(ABRAPEX, 2006)
As instalações das tubulações elétricas e hidráulicas ficam por último, são encaixadas
nos recortes e fixadas com argamassa mista, podendo finalizar com o revestimento desejado .
37
5.2.9 Fundação para estradas
Um problema corriqueiro nas construções de estradas e outras infra-estruturas são
solos de baixa capacidade de carga. Desenvolvido na Europa e atualmente difundido pelo
mundo, inclusive no Brasil, o processo de aterro com EPS é utilizado, evitando-se altos
custos de substituição e compactação do solo.
O procedimento é o seguinte: em estradas, sobre o solo limpo é colocada uma camada
de areia nivelada para receber os blocos de EPS, inteiros e com juntas desencontradas,
conforme figura 19. Sobre a primeira camada, coloca-se outra e assim sucessivamente,
formando um tronco de pirâmide, com a finalidade de distribuir a carga da estrada em uma
área compatível com a resistência mecânica do solo. Os blocos são cobertos por um filme de
polietileno (Fig. 20), para protegê- los de possíveis derramamentos de solventes que possam
atacá- los, a base da pavimentação já pode ser preparada e coloca-se terra para plantio das
encostas nas laterais. Em locais alagadiços, é necessário fazer drenos no pé do aterro para
evitar a ação do empuxo nos blocos (Fig. 19). (REVISTA TÉCHNE, 2006)
Outra aplicação do EPS é nas cabeceiras de pontes, substituindo com vantagens os
aterros convencionais. Isto porque não cria esforços horizontais no tabuleiro da ponte,
facilitando o cálculo e reduzindo o dimensionamento da estrutura, e também por não ceder
com o tempo, mantendo sempre o nível do aterro de acesso inalterado, evitando degraus nas
estradas ( ABRAPEX, 2006).
Figura 19 – Fundações de estradas I
Fonte: ABRAPEX (2006)
38
Figura 20 – Fundações de estradas II
Fonte: Revista Téchne (2006)
A obra de duplicação da Rodovia BR101 mostra a utilização do poliestireno
expandido em grandes obras de fundação para estradas. Estão sendo usados blocos de EPS o
seu uso na estrutura resolve dificuldades com solos moles, substituindo o tradicional
aterramento, e serve como base para receber o asfalto, evitando recalques na pista, comuns
quando utilizado a terra neste tipo de solo. É a primeira obra em estradas da região que utiliza
o conceito de aterro ultraleve, com aplicação de isopor em solos moles. Essa obra faz parte do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), responsabilidade do Departamento Nacional
de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT/PB) e 1º Batalhão de Engenharia de Construção do
Exército. (Thelma, 2011)
É preparado o terreno da cabeceira da ponte para receber 7.000 m³ de EPS em blocos
com dimensões de 4 metros de comprimento, por 1,25 m de largura e 1 m de altura, como
mostra a figura 21. (Thelma, 2011)
39
Figura 21 – Preparação do terreno da cabeceira da ponte BR101
Fonte: Arquitetado na net (2011)
Os blocos de EPS foram colocados em 5 camadas de 90 metros de extensão, em uma
área de 1.400
(Fig.22) (Thelma, 2011)
Figura 22 - Primeira camada dos blocos de EPS
Fonte: Arquitetando na net (2011)
Foram utilizados 1.400 blocos, cobertos por um filme de polietileno (PEAD)
protegidos por concreto, sobre o qual se aplicou uma camada menor de aterro tradicional.
Após essa etapa, outro pavimento de concreto foi colocado, com cerca de 44 cm concluindo
assim toda estrutura (Fig.23). (Thelma, 2011)
40
Figura 23– Última camada e início da concretagem sobre filme de pead e tela metálica
Fonte: Arquitetando na net (2011)
5.2.10 Juntas de dilatação
Estruturas acima de 35 metros de extensão sujeitas a variações de temperaturas, devem
ter juntas de dilatação para absolver as deformações de dilatação e contração. É recomendado
para a execução dessas juntas que o material seja durável, elástico, para poder permanecer no
local após a concretagem, e o poliestireno expandido se aplica bem a essas exigências, ainda
sendo resistente, impermeável e de baixo custo. Essas juntas de dilatação são muito utilizadas
em muros extenso de edifícios, em pontes e viadutos (Fig. 24). (ABRAPEX, 2006)
41
Figura 24 – Juntas de dilatação
Fonte: ABRAPEX(2006)
5.2.11 Drenagem
Na Europa, pesquisas com EPS levaram à criação de placas de EPS com propriedades
drenantes. Na fabricação quando as pérolas de EPS pré-expandidas são convertidas em blocos
impermeáveis pela soldagem integral destas, é utilizado um artifício para obter uma soldagem
parcial, homogênea e controlada. É assim que se obtém blocos com microcanais que
funcionam como dreno de grande eficiência ( ABRAPEX, 2006).
Na identificação dos blocos, é utilizado um banho de emulsão asfáltica que
proporciona uma coloração morena. As qualidades dos blocos normais são totalmente
diferentes destes e precisam ser visualmente diferenciados.
Conforme a ABRAPEX (2006) algumas aplicações de drenagens com EPS são:
Drenagem em muros de arrimo: É feita a aplicação das placas sobre a
impermeabilização, na face interna do muro, tendo em sua base um dreno para
esgotar a água. O EPS, além de dreno, é uma proteção mecânica para a
impermeabilização ( Fig. 25).
42
Figura 25 - Drenagem em muro de arrimo
Fonte: ABRAPEX(2006)
Drenagem em pisos internos: Quando o lençol freático está muito próximo do
nível do piso, colocam-se sobre a terra placas de EPS drenante, sobre a
tubulação de esgotamento. As placas são cobertas com um filme de polietileno,
podendo ser aplicado o concreto do contrapiso (Fig. 26).
Figura 26- Drenagem em pisos internos
Fonte: ABRAPEX (2006)
Drenagem em gramados: As placas são colocadas em pé nas valas, e vão
conduzir água para tubos de esgotamento, é utilizado o EPS em flocos
misturados ao solo em até 50%, melhorando o escoamento das águas para as
placas de drenagem.( Fig. 27).
43
Figura 27 - Drenagem em gramados
Fonte: ABRAPEX(2006)
44
6 ESTUDO DE CASO
Esse estudo foi realizado no canteiro de obra do Edifício Carpe Diem Residence,
situado no município de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte. A empresa executora
do projeto é a Rosário Edificações e Pavimentação LTDA – REPAV.
Foi visto a utilização do poliestireno nessa obra, em três finalidades:
Concreto leve: O concreto leve já citado na revisão bibliográfica é produzido
no canteiro de obra, onde é feita a adição de areia, cimento e flocos de EPS,
misturando tudo na betoneira, obtendo-se o concreto leve. Conforme pode ser
visto os passos nas figuras 28, 29,30 e 31.
Figura 28 - Adicionando areia e cimento
Fonte: Autoria própria (2011)
45
Figura 29 - É adicionado EPS em flocos
Fonte: Autoria própria (2011)
Figura 30 - A betoneira misturando os materiais
Fonte: Autoria própria (2011)
46
Figura 31 - O concreto leve
Fonte: Autoria própria (2011)
Isolamento de paredes externas: O isolamento para paredes externas é feito
utilizando blocos de concreto leve, que são feito no canteiro de obra
viabilizando uma economia nos custos.
É utilizado uma fôrma em
madeira,passado-se óleo diesel para facilitar a retirada do concreto após a cura
sem perdas, coloca-se uma primeira camada de concreto leve, posteriormente é
aplicado a placa de EPS e por cima mais uma camada de concreto, formando
um “sanduiche de isopor”. Após a cura do concreto é retirado a fôrma, e os
blocos estão prontos para constituir paredes com isolamento térmico. Esses
blocos são utilizados em paredes que recebem sol diretamente, conforme
mostram as figuras 32, 33, 34 e 35.
Figura 32 - Moldagem dos blocos de concreto leve
Fonte: Autoria própria (2011)
47
Figura 33 - Os Blocos após a cura do concreto leve
Fonte: Autoria própria (2011)
Figura 34 - Isolamento térmico de parede externa
Fonte: Autoria própria (2011)
48
Figura 35 – Diferença entre parede com blocos leves e parede de alvenaria convencional
Fonte: Autoria própria (2011)
Juntas de dilatação: É feito o uso do EPS em juntas de dilatação nos muros que
contornam o Edifício do residencial, pois estruturas com mais de 35 metros é
necessário juntas de dilatação. (Fig. 36 e 37)
49
Figura 36 – Muro com junta de dilatação
Fonte: Autoria própria (2011)
Figura 37 - EPS entre as juntas de dilatação
Fonte: Autoria própria (2011)
50
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação ao objetivo geral de explicitar as possíveis utilizações do Poliestireno
Expandido - EPS - na construção civil, foi demonstrado sua utilidade e visto sua eficácia para
tal finalidade.
O contexto atual do mercado exigente da construção civil, que viabiliza a aceleração
das obras, a facilidade no manuseio, menos resíduos, ambientes bem projetados, que garantam
o conforto e a segurança da obra são fatores que geram economia tanto ao custo quanto a
preservação do meio ambiente. O Poliestireno Expandido abrange todas essas exigências
sendo um material de grandes utilidades no mercado da construção civil.
São em diversas aplicações que é feito o uso do EPS, sendo de grande característica a
sua leveza, resistência e isolamento térmico. Foi visto que na cidade de Mossoró o uso mais
constante de EPS na obra é para isolamento térmico e preenchimento de lajes devido a sua
leveza. Dessa forma, pode-se argumentar que o objetivo geral do trabalho foi alcançado,
identificando as possíveis utilizações do Poliestireno Expandido e as melhorias que esse
material traz para o mercado da construção civil.
51
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira De Normas Técnicas - ABNT. Materiais celulares de poliestireno para
isolamento térmico na construção civil e em câmaras frigoríficas - NBR 11752. Rio de Janeiro,
1993.
Associação Brasileira De Normas Técnicas - ABNT. Poliestireno expandido – Determinação da
flamabilidade. NBR 11948. Rio de Janeiro, 2007
Associação Brasileira De Normas Técnicas - ABNT.Projeto de estruturas de concreto. NBR 6118.
Rio de Janeiro, 2003
Associação Brasileira De Normas Técnicas - ABNT. Espuma rígida de poliuretano para fins de
isolação térmica - Resistência à compressão - Método de ensaio. NBR 8082 Rio de Janeiro, 19983
Associação Brasileira Do Poliestireno Expandido - ABRAPEX. Manual de utilização EPS
na construção civil. São Paulo: Pini, 2006.
LUIZ, Luiz Molina. Isopor (Poliestireno Expandido – EPS). Disponível
em:<http://www.mundovestibular.com.br/articles/1073/1/ISOPOR-POLIESTIRENO-EXPANDIDO--EPS/Paacutegina1.html>. Acesso em: 26 de agosto de 2011.
Revista Téchne. EPS e sua atuação na construção civil. Disponível em : <
http://www.revistatechne.com.br/edicoes/111/artigo22894-3.asp>. Acesso em: 15 de novembro de
2011.
Sahecc lajes . Lajes pré-fabricadas. Disponível em: <
http://www.sahecc.com.br/OBJ/default.asp>. Acesso em 26 de agosto de 2011.
52
UFMG. Construções em painéis de EPS. Disponível em: <
http://www.demc.ufmg.br/dalmo/POSGRADUA%C7AO%20CONSTRU%C7AO%20CIVIL%20PUBLICA/CONSTRU%C7%D5ES%20E
M%20PAIN%C9IS%20DE%20EPS.pdf >. Acesso em 15 de novembro de 2011.
THELMA. Arquitetando na net. Blocos de isopor-Estrada BR101. Disponível em: <
http://arquitetandonanet.blogspot.com/2011/05/blocos-de-isopor-estrada-br101.html >. Acesso em:
30 de novembro de 2011.
VERGANA,S.C. Projetos e Relatórios de pesquisa em administração. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
YOSHIMOTO, Mitsuo Yoshimoto. EPS e sua atuação na construção civil. Disponível em :
< http://www.revistatechne.com.br/edicoes/111/artigo22894-3.asp >. Acesso em 15 de novembro
de 2011.
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