A COMUNICAÇÃO E O RELACIONAMENTO DAS “TRIBOS” NAS
ORGANIZAÇÕES 1
Profª. Jaqueline Da Costa Bueno 2
Resumo
O artigo aborda questões que envolvem a comunicação e os relacionamentos dos grupos ou
“tribos” dentro das organizações. Assim, a partir dos conceitos de Comunidade, estudos de
Representações Sociais e Cotidiano, as reflexões foram levantadas a fim de ampliar a
discussão em torno da afetividade dos relacionamentos nas organizações. Destaca-se que a
as organizações que valorizam as suas tribos demonstram o alto grau de envolvimento
comunicacional e relacional entre os membros da empresa. Verificou-se ainda que as
perspectivas de estudo nesse contexto são múltiplas e há ainda grande espaço para ser
explorado.
Palavras-Chave: Comunidade, Tribos, Relacionamentos nas Organizações
Abstract
The article approaches issues involving Group's or "Tribes" Communication and
Relationships in organizations. Thus, the Community Studies and Social Representations
and Quotidian concepts reflections were raised in order to expand the discussion around
the affectivity of relationships in organizations. Emphasis The organizations that value
their tribes demonstrate the highest degree of involvement and communicational and
relational among organization members. Verified also the opportunities for study in this
context, there is a large space to be explored
Keywords: Community, Tribes, Relationships in Organizations
1
2
Artigo submetido ao CONVIBRA VIII Congresso Virtual Brasileiro – Administração
Mestranda em Comunicação
[email protected]
pela
Universidade
Católica
de
Brasília
–
2011
-
E-mail:
1
Introdução
Este artigo provoca uma reflexão com aportes teóricos a respeito da prática dos
relacionamentos e da comunicação das tribos3 organizacionais. Novos instrumentos de
comunicação são utilizados atualmente, a maioria deles voltados para a produção e a troca
de informações dentro das organizações. A reflexão que pretendemos fazer é
especificamente voltada para ligação da comunicação e os relacionamentos afetivos dos
pequenos grupos. Estes por sua vez, compartilham sentimentos, afinidades, preferência,
idéias, angustia sucessos, práticas e conhecimentos na vida cotidiana dentro das
organizações partindo para fora do ambiente de trabalho.
Neste sentido, abordaremos Maffesoli (2006)
que ressalta a importância dos
processos comunicacionais e dos estudos sobre a comunicação no cotidiano. Ou seja, deve
se compreender o processo de troca entre duas ou mais pessoas levando em consideração
todos os seus preceitos, valores, cultura em que está inserida e principalmente a sua vida
cotidiana, que segundo o autor, só tem sentido no “estar-junto”, na coletividade, na ligação
com os outros, no agrupamento social. E a base para este relacionamento é a comunicação
dentro da inerente dimensão emocional, pois são esses processos interativos que formam o
conjunto de sistemas que organizam as condições favoráveis para o desempenho no
trabalho. Ignorar esses valores do cotidiano é também ignorar o bem mais valioso das
organizações que são as pessoas, por isso cresce a preocupação e o cuidado extremo com
os recursos humanos e as relações humanas no trabalho
Tratar a comunicação e os relacionamentos dos grupos e subgrupos organizacionais
como se fossem “recursos materiais” por meio de uma racionalidade instrumental ou
simplesmente ignorando, é segundo Bauman (2003) a ‘fuga ao sentimento’. Daí a
importância de evidenciar os processos comunicacionais e os relacionamentos
interpessoais no sentido subjetivo, para a consolidação de uma dinâmica organizacional
respaldada pelos valores de cooperação, solidariedade, confiança e ética.
Utilizamos a palavra “tribos” na visão de Maffesoli (2006) porém o conceito Tribos Organizacionais é uma
adaptação para este artigo.
3
2
Tribos e “Subtribos” Organizacionais
Para que o processo da comunicação não se torne fechado e equívoco, os
relacionamentos e a integração dos indivíduos se formam espontaneamente e
inevitavelmente. Os grupos informais que chamaremos de “tribo” na visão de Maffesoli
(2006) e alguns grupos que são formalmente estabelecidos pela organização, as tribos
formais são aquelas criadas pela empresa para realizar as tarefas específicas e alcançar
metas
estabelecidas,
servem
como
exemplo:
direções,
gerências,
secretarias,
departamentos, projetos, etc. As tribos informais surgem com o tempo, por meio do
relacionamento entre os funcionários, se formam a partir de afinidades, características e
interesses em comum entre as pessoas e podem se estender para fora do ambiente de
trabalho.
As tribos podem ser ainda, permanentes ou temporárias e desmembradas se
tornando as “subtribos”, as permanentes, são aquelas que aparecem no organograma da
empresa, como já citado. Os indivíduos vão “encaixando” seus valores, afinidades e
habilidades umas as outras, e junto com as necessidades da empresa transformam a tribo
em um sistema de troca mútua e integração vivencial. Além do interesse ou afinidade, é
preciso que se tenha o sentimento de pertencer, sentir-se parte de um todo e entender a
necessidade de participar do espírito coletivo e dos eventuais ritos ou rituais existentes na
tribo, ou subtribos para ser aceito como membro. A integração ou a rejeição dependem do
grau de feeling experimentado, ou pelos membros da tribo ou pelo indivíduo. Em seguida,
esse sentimento será confirmado ou negado pela aceitação ou pela rejeição de diversos
rituais iniciáticos.
“Qualquer que seja a duração da tribo, esses rituais são necessários” (Maffesoli,
2006, p. 226). O tribalismo proposto pelo autor recorda a importância do afeto na vida
social, mesmo que os integrantes de um grupo possuam um objetivo, se alcançado ou não,
é irrelevante, primordial é a ligação afetiva. O relevante neste estudo é a busca do
indivíduo pelo semelhante, pelo rompimento com a condição de todo e pela tentativa de se
identificar com algo novo, diferente da uniformidade coletiva massificante do modelo
3
organizacional, buscando algo que faça sentido com que possa se identificar ou tenha
alguma afinidade.
Como vimos essa ligação não é rígida como nos casos dos modos da organização
formal – onde há regimentos internos, regras, leis, normas, sanções e uma estrutura
hierarquizada, entretanto, sofre com os trâmites impostos por ela. É interessante destacar
que as tribos podem não seguir padrões e ser instáveis, mas, ao mesmo tempo, não podem
ignorar as regras, condutas e padrões existentes na organização. O indivíduo “representa
papéis, tanto dentro de sua atividade profissional quanto no seio das diversas tribos de que
participa. Mudando seu figurino, ela vai, de acordo com seus gostos (...) assumir o seu
lugar, a cada dia, nas diversas peças do theatrum mundi” (Maffesoli, 2006, p. 133).
A participação em uma ou mais tribos é irrestrita, cada um pode participar de
quantos grupos tiver vontade, e pode igualmente, dedicar importância maior ou menor a
cada um deles, de acordo com um momento ou interesse, investindo em cada um deles
uma parte importante de si. Esse mix é uma das características essenciais da organização
devido a multiplicidade de estilos de vida, de certa forma um multiculturalismo dentro da
organização. De maneira conflitual e harmoniosa ao mesmo tempo esses estilos de vida se
põem e opõem uns aos outros no cotidiano e o que delimita esse novo espírito do tempo, é
a socialidade:
“A socialidade, ou o cotidiano que ela exprime, está totalmente centrada no
presente. A ESPACIALIDADE é o tempo em retardo, é o tempo que
tentamos frear e daí a importância da ritualização na vida do dia-a-dia...”
(MAFFESOLI, 2006, p.57, grifo nosso).
Contudo essa “socialidade” na organização muitas vezes não é bem vista, embora a
participação positiva dos colaboradores possa afastar os sentimentos negativos,
envolvendo-os em uma atmosfera de entusiasmo, sinergias, coragem, espírito de equipe e
solidariedade. Existem fatores que fazem com que um indivíduo engaje-se a participar de
maneira produtiva na vida organizacional tais como “realidade, linguagem, valores,
necessidades” (Castoriadis, 1995, p.416). Partimos do pressuposto de que a satisfação de
necessidades dos indivíduos é uma construção imaginária, inventada, conforme define
Castoriadis:
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... Quer se trate de uma invenção “absoluta” (“uma história imaginada em
todas as suas partes”), ou de um deslizamento, de um deslocamento de
sentido, onde símbolos já disponíveis são investidos de outras significações
que não suas significações “normais” ou “canônicas”. Nos dois casos, é
evidente que o imaginário se separa do real, que pretende colocar-se em seu
lugar. (Castoriadis, 1995, p.154)
Enriquecendo essa observação, as tribos desenvolvem suas práticas sociais
refletindo assim suas representações coletivas - fenômenos que mantêm laços entre os
membros de uma sociedade. Denise Jodelet (1989, p.36) estima que essas “representações
sociais são uma forma de conhecimento, elaborada socialmente, que confere ao social os
sentidos em torno dos quais é instituído”. Nesta perspectiva, a relação real /imaginário é
circular e não oposta, nem binária, criando-se e renovando-se mutuamente nas tribos
organizacionais.
A Comunicação das Tribos Organizacionais
Com o objetivo de aprofundar na dimensão ampla da comunicação, para além do
aporte das tribos organizacionais, é necessária uma breve contextualização teórica. Os
seres humanos são sistemas abertos e complexos, abertos porque interagem continuamente,
se comunicam com o mundo e com os nossos semelhantes, e também porque dependemos
desta interação para viver. Relacionamo-nos o tempo todo seja com outros seja com o
planeta e não importa o quanto se desenvolva a tecnologia, esse fato dificilmente mudará
porque:
“A comunicação é esse processo em que imagens, representações são
produzidas, trocadas, atualizadas no bojo de relações, esse processo em que
sujeitos interlocutores produzem, se apropriam e atualizam permanentemente
os sentidos que moldam seu mundo e, em última instância, o próprio mundo.
Portanto, o lugar da comunicação (das práticas comunicativas) é um lugar
constituinte – e o olhar (abordagem) comunicacional é um olhar que busca
aprender esse movimento de constituição” (FRANÇA, 2004, p.23)
Queremos destacar ainda, os atos de comunicação dentro das organizações –
linguagem, discurso e práticas nas tribos, pois entre as muitas “Teorias da Comunicação”
que existem, algumas envolvem os múltiplos saberes da filosofia, sociologia, antropologia
e psicologia, a depender do tipo de abordagem e da área a ser estudada. Essas teorias
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estudam o desenvolvimento e a aplicação da Comunicação Social em todos os seus
aspectos – políticos, sociais, econômicos e tecnológicos. Definir a Comunicação implica
contextualizá-la a partir de diferentes fenômenos nos campos do saber, nos voltamos para
essa comunicação específica das tribos organizacionais e fazendo uso das palavras de
(MARTINO, 2008, p. 25):
O sentido de comunicação que buscamos deve ser procurado a partir de uma
análise das disciplinas que estudam o processo de comunicação. Cabe, então,
empreendermos um segundo passo, procurando agora neste domínio
específico das humanidades, com a finalidade de encontrar o lugar da
comunicação em relação aos outros saberes constituídos.
Ainda sob as contextualizações entendemos que a comunicação é um processo em
que as imagens, as representações, as trocas são produzidas nas relações, esse processo em
que sujeitos interlocutores produzem, se apropriam e atualizam permanentemente os
sentidos que moldam seu mundo e, em última instância, o próprio mundo. “Portanto, o
lugar da comunicação (das práticas comunicativas) é um lugar constituinte – e o olhar
(abordagem) comunicacional é um olhar que busca aprender esse movimento de
constituição” (FRANÇA, 2004, p.23). Em todas as ocasiões e lugares onde as pessoas se
encontram informalmente elas se comunicam: no café matinal, no almoço e no jantar; no
metro, no banco e no supermercado, na escola e nas salas de espera; nos saguões, nos
corredores, nas praças e nos bares; talvez, principalmente nos bares e botequins, em pé ou
sentado, para um cafezinho, uma happy hour ou uma noitada ‘jogando conversa fora’,
todas essas ocasiões podem ocorrer na organização a partir das tribos organizacionais.
“Faz simplesmente parte da vida em sociedade. Para Moscovici (1984a), as
Representações Sociais, por seu poder convencional é prescritivo sobre a
realidade, terminam por construir o pensamento em um verdadeiro ambiente
onde se desenvolve a vida cotidiana.” (SPINK, 1993 p. 26).
A Comunicação enquanto função essencial, perfeita, inscreve-se nos lugares mais
humildes, nas situações mais banais do cotidiano das pessoas e segundo Merleau-Ponty
(1999) se alguém comunica com alguém, se o intermundo não é um em si inconcebível, se
existe para dois, então a comunicação rompe-se novamente e cada um de nós opera em um
mundo privado que se fecha com a tribo. Na tribo pode-se mostrar o verdadeiro "eu", o seu
próprio mundo, com isso, o sentimento de segurança, de liberdade é resgatado.
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Conflitos nas tribos Organizacionais
Viver em um mundo exclusivo, não é fácil, há aqueles que tentam se isolar dentro
da organização, evitando fazer parte de uma tribo, sem saber esse indivíduo já é membro
de uma tribo de pessoas iguais a ele. Hipoteticamente os conflitos são ocasionados por essa
tribo, devido a falhas na comunicação e dificuldades de relacionamento interpessoais,
formam-se pequenos grupos que se fecham em si mesmos, competem com os outros e
tentam ultrapassar-se de qualquer jeito, tornando-se desconfiados e críticos, com visões
negativas e superficiais nas relações. E assim, burocratiza-se tudo. Criam-se estruturas
rígidas de poder e de controle, com mil instâncias intermediárias de gerenciamento, de
decisão, e a desconfiança mútua aumenta no mesmo nível que a infelicidade e insatisfação,
criam sistemas para substituir as relações afetivas, máquinas e tecnologias. Segundo
Machado:
“O trabalho com tecnologias de ponta, no interior de instituições poderosas,
exige sistematização, eliminação do improviso, o que quer dizer: saber
exatamente o que se quer, sem excentricidades ou irracionalidades. Por outro
lado, porém, o trabalho artístico se alimenta da ambigüidade, dos acidentes
do acaso e das liberdades do imaginário; ele se define pelas utilizações
desviantes ou lúdicas, de modo a transformar em jogo gratuito a função
produtiva.” (MACHADO, 2001 p. 27)
Como não há somente máquinas e tecnologia de ponta nas organizações e sim
pessoas, o grande desafio das organizações é gerenciá-las. A mediação para resolver os
problemas das tribos ou dos indivíduos não está simplesmente nas mãos dos líderes, é
preciso entender que o líder também é uma pessoa e está inserido em uma tribo. Esse líder
por sua vez pode ser formal ou informal. A identificação dos líderes informais
4
nas
4
O líder informal não é o tipo investido de um cargo e nem exerce liderança normativa e legal. Ele não possui cargos importantes, é uma
pessoa comum, com extraordinário brilho pessoal, fruto de traços de inteligência, de comportamento ético, de domínio técnico a respeito
de temas específicos e de ótimo relacionamento interpessoal. O líder informal se impõe com naturalidade e conquista o respeito e a
admiração de seus companheiros pelo simples fato de ser uma pessoa completamente natural e autêntica. Autenticidade. Eis aqui uma
palavra chave para exprimir a essência do líder informal. Colocá-lo dentro da prisão dos rótulos e conceitos fechados é o exercício de
temeridade e muito risco, pois o líder informal foge a qualquer rótulo. (TORQUATO, 1991 p. 191)
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empresas é uma medida estratégica para que um programa de enfrentamento dos conflitos
tenha sucesso absoluto, um exemplo de conflito é quando uma das partes - indivíduo ou
grupo -, tenta alcançar seus objetivos interligados com outra parte e essa interfere
(implicações pessoais ) bloqueando a possibilidade de alcançá-los.
O líder seja ele formal ou informal interfere entre as partes de maneira imparcial
para que seja feito um processo de negociação entre os envolvidos e se alcance um senso
comum. Sabe-se que existem tribos que não desejam as mudanças impostas, mas adotam
uma postura passiva e indiferente, são aquelas que resistem silenciosamente.
Aparentemente colaboram, mas, sem um controle externo, produzem o mínimo,
infelizmente nossa cultura valoriza mais a obediência do que a autonomia; a competição do
que a colaboração, e isso se reproduz no ambiente profissional. Quanto mais evoluem as
pessoas, mais evoluem as organizações, pois, pessoas mais abertas, confiantes e bem
resolvidas podem compreender melhor e implantar novas formas de relacionamento, de
trabalho, de cooperação.
São os indivíduos que tem autoestima, autoconfiança e sabem receber um feedback,
estas por sua vez fazem parte de uma tribo que está atenta para o novo, estes conseguem
ouvir os outros e expressar-se de forma clara, sem ficar ressentidas porque suas idéias não
foram
eventualmente
aceitas.
Cooperam
em
projetos
que
foram
decididos
democraticamente, mesmo que não coincidam com todos os seus pontos de vista. Todos
vivenciam
momentos
especiais,
em
que
conseguem
expressar
profundamente,
compreendem melhor o sentido das coisas e compartilham sentimentos, afetos e ternura. É
possível que essas tribos sejam a minoria, mas quando entramos em uma organização em
que estas existem, no primeiro momento podemos identificá-las, pois alem de serem mais
livres e trabalharem produtivamente constituem em uma família.
Entretanto, tribos como estas poderiam existir em todas as organizações, sabemos
também que é uma questão de evolução pessoal e grupal que envolve a mudança do
pensamento das pessoas, todavia a intervenção para mudança é nas idéias, e não nos fatos.
A organização é vista preferencialmente de forma sistêmica onde a tendência é vê-la como
um todo orgânico e coerente, onde elementos sociais se interligam e desempenham funções
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específicas para manter um equilíbrio dinâmico e não como tribos que fazem parte do todo
em busca pela sobrevivência e se adaptam ao meio no qual se inserem.
Assim, nessa perspectiva das tribos organizacionais, todo conflito é explicável em
termos de causas externas, tanto a organização quanto as pessoas são dependentes do meio
e só podem ser compreendidas em função do contexto no qual estão inseridas. Os
relacionamentos dos indivíduos são referências primordiais de análise, quer seja eles de
natureza individual, organizacional ou sistêmica. Presume-se que a partir dos
relacionamentos observados podem-se buscar no ambiente organizacional, fatores que
expliquem os conflitos existentes.
Considerações Finais
As organizações estão passando, por uma transição onde buscam eliminar
estruturas e modelos de gestão que não são mais válidos. Sobreviver e crescer na
complexidade promovida pelos novos modelos gerenciais que envolvem as tecnologias
comunicacionais e os relacionamentos das pessoas no ambiente de trabalho pressupõe
saber se posicionar perante as novas questões, gerenciando a comunicação e os conflitos
relacionais para o enfrentamento de desafios. Permitindo à organização não somente ser
mais uma entre tantas, mas com um dinamismo que a torne capaz de responder pró ativamente aos acontecimentos do ambiente interno, assumindo a comunicação tanto
verbal quanto não-verbal como um sistema de interação contínua e formadora da tribo
organizacional.
Entretanto os eventos organizacionais são produtos de uma forma de comunicação
e emergem em determinados momentos, onde a compreensão global do evento depende
das informações interpretativas desse momento, aqui se valoriza muito o interacionismo da
tribo: através da interação social e da comunicação, os indivíduos continuam a criar
significado sobre suas ações. Conjetura-se a vida como constituída de interações diversas:
como em outras instâncias sociais, as pessoas no trabalho estão envolvidas em tribos, e não
se comportando como indivíduos isolados, por isso não podemos pensar em organizações
independentes. Isso significa que as organizações devem ser compreendidas como espaço
social onde as tribos se instauram, constituindo-se, assim, em membros de um corpo.
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Com o desenvolvimento de novas tecnologias e a disputa acirrada por mercados
cada vez mais disputados, as empresas não estão apenas mudando a forma de pensar suas
ações e estratégias, mas também reavaliando a importância das pessoas e do resultado que
elas geram, quando trabalham agrupadas e compartilhando seus valores afetivos em suas
tribos. Faz- se necessário que as organizações reavaliem seu comportamento com relação
aos seus colaboradores, visando entender suas “tribos internas”, proporcionando-as
liberdade para expressar idéias, compartilhar e propor soluções aos conflitos, sabendo-se
que, dessa forma, os indivíduos se sentirão realizados e com alto grau de
comprometimento com a organização.
Vimos que a criação de Tribos Organizacionais é espontânea e natural elas
promovem o desenvolvimento da organização e resolvem conflitos cotidianos promovendo
a melhoria contínua nos processos e uma relação afetiva que é extremamente valiosa para o
processo de inovação continuada e criatividade. Ainda, quando as organizações são
centradas nas pessoas, normalmente compartilham informações, pois quando elas são
ouvidas, reconhecidas pelos seus pares e se sentem realizadas, tanto no aspecto profissional
como no pessoal os resultados esperados acontecem, parte-se do princípio de que, se é
preciso utilizar o capital intelectual, estes têm que compreender com detalhes os objetivos
a serem alcançados pela empresa.
Por fim, é importante destacar que estas reflexões estão limitadas a uma realidade
hipotética e de observações particulares que reflete em resultados positivos, porem sabe-se
que para a melhor compreensão desta temática é necessária a realização de novas
pesquisas, especialmente as que mostrem as contribuições positivas e limitações das tribos
organizacionais e sua relevância no campo da comunicação e relacionamento nas
organizações contemporâneas.
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ANEXO
Essa tribo Organizacional, apesar de serem de
áreas e funções diferentes na organização, é
composta por pessoas que tem afinidades,
personalidades, preferências e gostos parecidos,
gostam dos mesmos ambientes, saem para festas e
tem um relacionamento afetivo fora do ambiente
organizacional, são produtivas no trabalho,
compartilham sentimentos e tristezas.
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1 A COMUNICAÇÃO E O RELACIONAMENTO DAS