PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE ICTIOPLÂNCTON CONSÓRCIO AMBIENTAL ELETROSUL - IJUÍ ENERGIA RELATÓRIO PARCIAL NOV-14/JAN-15 Rua Santos Dumont, 1515 - Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG www.raizambiental.com.br Programa de Monitoramento de Ictioplâncton - Relatório Parcial - Elaborado para Consórcio Ambiental ELETROSUL-IJUÍ ENERGIA Elaborado por Raiz Consultoria Hídrica e Ambiental Ltda Contrato n° 1106140057, firmado em Outubro de 2014 entre Consórcio Ambiental ELETROSULIJUÍ ENERGIA e a empresa Raiz Consultoria Hídrica e Ambiental Ltda. Ambiental Rua Santos Dumont, 1515 - Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG www.raizambiental.com.br RESPONSABILIDADE TÉCNICA EMPRESA CONTRATADA E RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO / COORDENAÇÃO DO TRABALHO Razão Social: Raiz Consultoria Hídrica e Ambiental Ltda. CNPJ: 10.248.676/0001-52 Endereço: Rua Santos Dumont, 1515, Bairro Lídice, Uberlândia, MG. CEP 38400-062. Telefones: (34) 3224-5095 / (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 E-mail: [email protected] Website: www.raizambiental.com.br Registro no IBAMA: 5279371 Registro no CRBio 4: 0344/2013 FUNÇÃO Coordenação Técnica Geral Biólogos PROFISSÃO REGISTRO PROFISSIONAL ART1 nº Daniel Fernandes Loureiro Biólogo, Esp. CRBio nº 44348/04-D 2014/17074 Roberta Moura Martins Oliveira Bióloga, Msc. CRBio nº 044229/04-D 2014/16773 Tharlianne Bióloga, Msc. CRBio nº 76710/04-D 2014/16816 TEMA Coordenação Geral, Revisão e Formatação de Relatórios Responsável Técnica pelo Monitoramento de Ictioplâncton Auxiliar técnica pelo Monitoramento de Ictioplâncton NOME Anexo 1 - Em anexo as ARTs dos profissionais envolvidos. Rua Santos Dumont, 1515 - Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG www.raizambiental.com.br SUMÁRIO SUMÁRIO ............................................................................................................................................... 4 ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................................ 5 ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................ 5 MONITORAMENTO DE ICTIOPLÂNCTON ................................................................................................ 7 1. APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 7 2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS ................................................................................ 7 3. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 8 4. OBJETIVO....................................................................................................................................... 9 5. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................................. 9 5.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................................. 9 5.2 DESCRIÇÃO DOS PONTOS AMOSTRAIS ........................................................................................... 10 PONTO 01 .......................................................................................................................................... 10 PONTO 02 .......................................................................................................................................... 11 PONTO 03 .......................................................................................................................................... 11 PONTO 04 .......................................................................................................................................... 12 PONTO 05 .......................................................................................................................................... 13 PONTO 06 .......................................................................................................................................... 13 PONTO 07 .......................................................................................................................................... 14 PONTO 08 .......................................................................................................................................... 15 PONTO 09 .......................................................................................................................................... 15 PONTO 10 .......................................................................................................................................... 16 PONTO 11 .......................................................................................................................................... 17 PONTO 12 .......................................................................................................................................... 17 PONTO 13 .......................................................................................................................................... 18 PONTO 14 .......................................................................................................................................... 19 5.3 AMOSTRAGEM ............................................................................................................................... 20 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO PARCIAIS .......................................................................................... 24 6.1 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DE OVOS E LARVAS ............................................................ 24 6.2 OVOS E LARVAS E A RELAÇÃO COM OS FATORES ABIÓTICOS ......................................................... 30 6.3 ÁREAS DE DESOVA E CRIAÇÃO DE OVOS E LARVAS ........................................................................ 31 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................... 33 8. ANEXOS ....................................................................................................................................... 38 - ARTS DOS PROFISSIONAIS.................................................................................................................. 38 ANEXO FOTOGRÁFICO DE OVOS E LARVAS .......................................................................................... 42 4 Rua Santos Dumont, 1515 - Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG www.raizambiental.com.br ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1. DENSIDADE DE OVOS E LARVAS DISTRIBUÍDAS POR PONTO AMOSTRAL AO LONGO DAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015).......................................................................................................... 25 TABELA 2. VALORES MÉDIOS DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA NOS DIFERENTES PONTOS AMOSTRAIS NAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015)......................................................................................... 30 ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1. TRECHO A JUSANTE DA UHE PASSO SÃO JOÃO, NO PONTO 01. .............................................................. 10 FIGURA 2. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE SÃO JOSÉ, NO PONTO 02. .............................................................. 11 FIGURA 3. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE SÃO JOSÉ, NO PONTO 03. .............................................................. 12 FIGURA 4. TRECHO DA UHE PASSO SÃO JOSÉ, NO PONTO 04. ............................................................................. 12 FIGURA 5. TRECHO DA BARRAGEM DA UHE PASSO SÃO JOÃO, NO PONTO 05. ......................................................... 13 FIGURA 6. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE PASSO SÃO JOÃO, NO PONTO 06. .................................................... 14 FIGURA 7. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE PASSO SÃO JOÃO, PRÓXIMO À FOZ DO ARROIO TIGRE, NO PONTO 07. ....... 14 FIGURA 8. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE PASSO SÃO JOÃO, NO PONTO 08. .................................................... 15 FIGURA 9. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE SÃO JOSÉ, NO PONTO 09. .............................................................. 16 FIGURA 10. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE SÃO JOSÉ, NO PONTO 10. ............................................................ 16 FIGURA 11. TRECHO DO RESERVATÓRIO DA UHE SÃO JOSÉ, NO PONTO 11. ............................................................ 17 FIGURA 12. TRECHO DO RIO URUQUÁ, NO PONTO 12. ....................................................................................... 18 FIGURA 13. TRECHO DO RIO IJUÍ, NO PONTO 13. .............................................................................................. 19 FIGURA 14. TRECHO DO RIO IJUÍZINHO, NO PONTO 14. ...................................................................................... 19 FIGURA 15. MODELO DE ARMADILHA LUMINOSA UTILIZADA. A SETA VERMELHA, INDICA A POSIÇÃO DA LÂMPADA DE LED, FIXADA NO INTERIOR DA ARMADILHA. ..................................................................................................... 20 FIGURA 16. DEMONSTRAÇÃO DO PROCESSO DE ARMAÇÃO DE ARMADILHA LUMINOSA, DURANTE A 05ª CAMPANHA DE ICTIOPLÂNCTON ................................................................................................................................ 21 FIGURA 17. DEMONSTRAÇÃO DO PROCESSO DE RETIRADA DE ARMADILHA LUMINOSA, DURANTE A 05ª CAMPANHA DE ICTIOPLÂNCTON. ............................................................................................................................... 21 FIGURA 18. MODELO DE REDE PELÁGICA DE ARRASTO COM FLUXÔMETRO. .............................................................. 22 FIGURA 19. ARRASTO DE SUPERFÍCIE COM A REDE PELÁGICA DE ARRASTO AMARRADA AO BASTÃO. OBSERVA-SE AS DUAS REDES SENDO ARRASTADAS AO LADO DO BARCO. ............................................................................................... 23 FIGURA 20. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA. ................................................................. 23 FIGURA 21. NÚMERO DE AMOSTRAS POSITIVAS E NÃO POSITIVAS ANALISADAS AO LONGO DAS CAMPANHAS DE NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015. .......................................................................................................................... 24 FIGURA 22. DENSIDADE DE OVOS DE PEIXES (IND/10M ³) POR PONTOS AMOSTRAIS AO LONGO DAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015).......................................................................................................... 25 FIGURA 23. DENSIDADE DE OVOS DE PEIXES (IND/10M³) POR PONTOS AMOSTRAL AO LONGO DAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015).......................................................................................................... 26 FIGURA 24. DENSIDADE DE LARVAS DE PEIXES (IND/10M ³) POR PONTOS AMOSTRAL AO LONGO DAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015).......................................................................................................... 26 FIGURA 25. DENSIDADE DE LARVAS DE PEIXES (IND/10M ³) POR PONTOS AMOSTRAL AO LONGO DAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015).......................................................................................................... 27 5 Rua Santos Dumont, 1515 - Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG www.raizambiental.com.br FIGURA 26. DENSIDADE DE OVOS E LARVAS DE PEIXES (IND/10M³) DISTRIBUÍDAS AO LONGO DAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015).......................................................................................................... 27 FIGURA 27. COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA DOS MÉTODOS DE COLETA DE OVOS E LARVAS DE PEIXES DISTRIBUÍDAS AO LONGO DAS TRÊS CAMPANHAS (NOV./DEZ. 2014 E JAN. 2015). ........................................................................... 28 FIGURA 28. GYMNOGEOPHAGUS SP. COLETADO NO PONTO 06 PELA ARMADILHA LUMINOSA NA MARGEM ESQUERDA EM 25/11/14...................................................................................................................................... 42 FIGURA 29. PIMELODELLA SP. COLETADA NO PONTO 02 POR ARRASTO NA MARGEM DIREITA EM 23/11/14. .................. 42 FIGURA 30. LORICARIICHTHYS ANUS COLETADA NO PONTO 03 PELA ARMADILHA LUMINOSA NA MARGEM ESQUERDA EM 23/11/14...................................................................................................................................... 43 FIGURA 31. H OPLIAS GR. LACERDAE COLETADA NO PONTO 09 POR REDE DE ARRASTO NA MARGEM DIREITA EM 22/11/14 . .................................................................................................................................................... 43 FIGURA 32. OVOS SEMI -DENSOS COLETADOS NO PONTO 04 PELA ARMADILHA LUMINOSA NA MARGEM ESQUERDA EM 27/11/14...................................................................................................................................... 44 FIGURA 33. OVOS DENSOS E SEMI -DENSOS COLETADOS NO PONTO11 POR REDE DE ARRASTO NO MEIO EM 21/11/14. ..... 44 FIGURA 34. S CHIZODON NASUTUS COLETADO NO PONTO12 POR REDE DE ARRASTO NA MARGEM DIREITA EM 05/12/14. .. 45 FIGURA 35. APAREIODON AFFINIS COLETADOS NO PONTO 06 POR REDE DE ARRASTO NA MARGEM DIREITA EM 20/01/15. 45 6 Rua Santos Dumont, 1515 - Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG www.raizambiental.com.br MONITORAMENTO DE ICTIOPLÂNCTON 1. APRESENTAÇÃO Este relatório apresenta os resultados obtidos no Monitoramento do Ictioplâncton no âmbito do serviço de Monitoramento da Comunidade de Peixes e Ictioplâncton e de Transposição de Peixes nas usinas hidrelétricas Passo São João e São José, localizadas entre os municípios de Roque Gonzales e Dezesseis de Novembro e entre os municípios de Cerro Largo e Rolador, respectivamente, no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, relativo ao Contrato Nº 1106140057. As capturas foram realizadas nos respectivos períodos: 1ª Campanha: 21/11 a 26/11 e 29/11 e 30/11, referente à campanha do mês de novembro; 2ª Campanha: 01/12 a 08/12, referente à campanha de dezembro de 2014. 3ª Campanha: 19/01 a 27/01, referente à campanha de janeiro de 2015. Todas realizadas em quatorze pontos de amostragem. Também são apresentados os objetivos, procedimentos metodológicos utilizados, a composição da assembléia de ovos e larvas de peixes por ponto amostral, incluindo o estudo de sua distribuição espacial relacionada à sua abundância com alguns fatores ambientais. 2. CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS As Usinas Hidrelétricas Passo São João e São José, estão localizadas no rio Ijuí, afluente do rio Uruguai, bacia do Prata, noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A Usina Hidrelétrica Passo São João aproveita o potencial do rio Ijuí abrangendo os municípios de Roque Gonzales, Dezesseis de Novembro, São Luiz Gonzaga, São Pedro do Butiá e Rolador. É uma usina a fio d’água, com reservatório de aproximadamente 20 quilômetros quadrados, constituída de uma barragem, que utiliza um canal de adução para conduzir a água até a casa de força, de forma a aproveitar a queda natural do rio Ijuí. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 7 A UHE São José, implantada também no rio Ijuí, entre os municípios de Cerro Largo e Rolador, é uma usina a fio d’água na qual seu reservatório tem somente a função de manter o desnível necessário para a geração de energia. Possui uma barragem com casa de força incorporada, com uma potência instalada de 51 MW. 3. INTRODUÇÃO O aproveitamento hidrelétrico pode modificar a integridade ecológica de ecossistemas tropicais de água doce, pois as barragens transformam previsivelmente rios contínuos em sistemas fragmentados (WARD & STANFORD, 1995). Os reservatórios se comportam como sistemas intermediários entre rios e lagos naturais, e ao longo de sua formação o ambiente passa de um estado lótico para uma condição lêntica, surgindo mudanças nas características físicas e químicas da água, culminando com o aparecimento de novos habitats e perda de outros (AGOSTINHO et al., 2007). Assim, o controle artificial do fluxo das águas imposto pela construção de um reservatório altera de forma significativa a composição e a estrutura das comunidades de peixes (BAIN et al., 1988; GEHRKE et al., 1995; VEHANEM, 1997). A intensidade e a natureza desses impactos ocasionados pelos represamentos hidrológicos dependem das características da fauna local, dos padrões de migração e das estratégias reprodutivas de cada espécie (AGOSTINHO et al., 2007). Uma das maneiras de se avaliar os impactos causados pelos represamentos sobre a ictiofauna local se dá através do levantamento de ovos e larvas de peixes da região. Esses estudos são relevantes para o conhecimento global da biologia e sistemática das espécies de peixes, particularmente, em seus aspectos relacionados à variação ontogênica na morfologia, crescimento, alimentação, comportamento e mortalidade (HEMPEL, 1973). Além disso, estudos de Ictioplâncton aliados à avaliação da atividade reprodutiva das populações de peixes em determinado ambiente permitem comprovar a existência de desova, além de fornecerem evidências consistentes sobre a época de desova, os locais de reprodução e os criadouros naturais (NAKATANI et al., 1997). A época de reprodução geralmente é um período crítico quando os fatores ambientais têm maiores probabilidades de atuarem como fatores limitantes. Os limites de tolerância de ovos, larvas e indivíduos em estado de reprodução, geralmente são mais estreitos do que para peixes adultos fora do período reprodutivo (ODUM, 1988). Os fatores limitantes para a reprodução das espécies, do Alto rio Uruguai, são a vazão, a temperatura da água (HERMES-SILVA, 2003) e o foto período (REYNALTETATAJE et al., 2003). A distribuição, ocorrência e qualidade do ictioplâncton determinam a época e a intensidade do “Período Reprodutivo” da comunidade íctica nos ambientes aquáticos. É necessário determinar o período reprodutivo e os locais de desova para compreender a dinâmica reprodutiva das populações, possibilitando Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 8 proteger essas áreas e mitigar os impactos sobre esses ecossistemas (NAKATANI, et al., 2001). Tais informações são importantes, já que servem de subsídios para um melhor planejamento de medidas de proteção das populações de peixes, como por exemplo, ações de manejo do ambiente, ainda são relevantes no que diz respeito à proteção às áreas de desova e dos criadouros naturais, ação que possibilita a preservação da ictiofauna local (HERMES-SILVA et al., 2012). Sendo que, apesar da importância dessas informações, pouco se conhece sobre as áreas de alimentação e de crescimento das larvas de peixes da região do médio rio Uruguai, o que torna necessária a realização de mais estudos sobre as espécies desta região, e demonstra a grande importância deste estudo. 4. OBJETIVO O programa de monitoramento de Ictioplâncton tem por objetivo estudar a distribuição e abundância de ovos e larvas de peixes a fim de identificar áreas de desova e de criação das formas jovens, principalmente das espécies alvo do monitoramento de migradores: dourado (Salminus brasiliensis), pintado-amarelo (Pimelodus maculatus), grumatã (Prochilodus lineatus), piava (Leporinus obtusidens) e voga (Schizodon nasutus). 5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 Área de Estudo As Usinas Hidrelétricas de Passo São João e São José, localizam-se no rio Ijuí. A Bacia Hidrográfica do Rio Ijuí possui uma superfície aproximada de 9.667 Km2, possui formato aproximadamente triangular, com dimensão de 185 Km no sentido Leste-Oeste. No sentido Norte-Sul a bacia tem maior dimensão na porção Leste, com aproximadamente 110 Km, reduzindo gradativamente até 15 Km na porção oeste da bacia, junto ao Rio Uruguai. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 9 5.2 Descrição dos Pontos Amostrais As amostragens foram realizadas no período de 21/11 a 26/11 e 29/11 a 30//1, referente à campanha do mês de novembro e no período de 01/12 a 08/12 referente ao mês de dezembro de 2014, e no período de 19/01 a 27/01, referente ao mês de janeiro de 2015. Todas realizadas nos 14 pontos amostrais estabelecidos, conforme descrição a seguir: Ponto 01: (E: 690321,08; N: 6885099,96) - Rio Ijuí a jusante da UHE Passo São João, no município de Roque Gonzales: Trecho a montante do Salto Pirapó, próximo a Usina Pirapó; Leito com cerca de 100 m de largura; Baixa velocidade da água; Substrato com pedras, areia e lodo; Vegetação marginal em estágio médio de regeneração. Figura 1. Trecho a jusante da UHE Passo São João, no ponto 01. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 10 Ponto 02: (E: 712909,25; N: 6880984,63) - Rio Ijuí a jusante do barramento da UHE São Jose, nos municípios de Rolador e Salvador das Missões: Leito com aproximadamente 80 m de largura; Alta velocidade da água; Vegetação marginal em estagio médio de regeneração; Ausência de macrófitas. Figura 2. Trecho do reservatório da UHE São José, no ponto 02. Ponto 03: (E: 715571,87; N: 6881262,29) – Rio Ijuí a montante do barramento da UHE São José, no município de Salvador das Missões, próximo à foz do Arroio Alexandrino. Leito com aproximadamente 150 m de largura; Vegetação marginal em estágio inicial; Baixa velocidade da água. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 11 Figura 3. Trecho do reservatório da UHE São José, no ponto 03. Ponto 04: (E: 691172,82; N: 6887303,08) - Rio Ijuí a jusante do Salto Pirapó, na alça de vazão reduzida da UHE Passo São João. Trecho com cerca de três metros de profundidade; Água clara, correnteza media; Vegetação marginal em estágio médio. Figura 4. Trecho da UHE Passo São José, no ponto 04. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 12 Ponto 05: (E: 690693,66; N: 6884642,83) - Arroio Lageado das Pedras, primeiro afluente logo abaixo da barragem da UHE Passo São João. Arroio com profundidade de ate 2m na foz, com água clara ou barrenta, dependendo das condições do rio Ijuí; Sem correnteza; Vegetação marginal em estágio médio. Figura 5. Trecho da barragem da UHE Passo São João, no ponto 05. Ponto 06: (E: 692249,93; N: 6881869,17) - Rio Ijuí no reservatório da UHE Passo São João. Leito com cerca de 120 m. Vegetação marginal em estagio médio e avançado. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 13 Figura 6. Trecho do reservatório da UHE Passo São João, no ponto 06. Ponto 07: (E: 699848,89; N: 6879787,44) - Rio Ijuí no reservatório da UHE Passo São João, no município de Roque Gonzales, próximo à foz do arroio Tigre. Leito com cerca de 90 m de largura; Vegetação marginal em estágio médio e avançado. Figura 7. Trecho do reservatório da UHE Passo São João, próximo à foz do arroio Tigre, no ponto 07. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 14 Ponto 08: (E: 707115,66; N: 6880810,13) - Rio Ijuí na área do reservatório da UHE Passo São João, no município de Rolador. Leito com cerca de 200 m de largura; Vegetação marginal em estágio avançado. Figura 8. Trecho do reservatório da UHE Passo São João, no ponto 08. Ponto 09: (E: 721738,54; N: 6881119,76) -Rio Ijuí na área do reservatório da UHE São José, próximo à foz do arroio Encantado, município de Cerro Largo. Leito com cerca de 100 m de largura; Vegetação marginal em estagio inicial; Baixa velocidade da água; presença de macrófitas. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 15 Figura 9. Trecho do reservatório da UHE São José, no ponto 09. Ponto 10: (E: 726188,30; N: 6878547,07) - Rio Ijuí na área do reservatório da UHE São José, localidade de Ressaca, município de Cerro Largo. Leito com aproximadamente 100m de largura; Vegetação marginal em estágio inicial. Figura 10. Trecho do reservatório da UHE São José, no ponto 10. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 16 Ponto 11: (E: 728682,49; N: 6876364,56) - Rio Ijuí a montante do reservatório da UHE São José, no município de Cerro Largo. Leito com aproximadamente 100 m de largura. Vegetação marginal em estágio inicial e médio de regeneração; Baixa velocidade da água. Figura 11. Trecho do reservatório da UHE São José, no ponto 11. Ponto 12: (E: 726939,01; N: 6874189,00) - Rio Uruquá, afluente do rio Ijuí, na margem esquerda, no município de Mato Queimado. Leito com cerca de 40 m de largura; Baixa velocidade da água; Ausência de vegetação marginal. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 17 Figura 12. Trecho do rio Uruquá, no ponto 12. Ponto 13: Rio Ijuí, entre os municípios de Entre-Ijuis e Ijuí.Neste ponto, para definição do local de amostragem, serão avaliados os resultados obtidos para posterior determinação como ponto amostral. Desta forma, na campanha referente ao mês de novembro foi realizado coleta no local com as seguintes coordenadas: E: 775809; N:6862119, enquanto que no mês de dezembro o local foi: E: 775330; N:6861996, tendo sido repetido o mesmo local para Janeiro/15. Rio de água corrente; Vegetação marginal bem preservada; Presença de muitos pescadores; Leito com aproximadamente 50m de largura. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 18 Figura 13. Trecho do rio Ijuí, no ponto 13. Ponto 14: Rio Ijuizinho, a montante da foz com o rio Ijuí. Seguindo o mesmo procedimento do ponto 13, para definição do local de amostragem, serão avaliados os resultados obtidos para posterior determinação como ponto amostral. Assim, na campanha referente ao mês de novembro foi realizado coleta no local com as seguintes coordenadas: E: 757014; N: 6861534, enquanto que no mês de dezembro o local foi: E: 756859; N: 6861384, tendo sido repetido o mesmo local para Janeiro/15. Figura 14. Trecho do rio Ijuízinho, no ponto 14. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 19 5.3 Amostragem As amostragens para obtenção de Ictioplâncton foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de 2014, e janeiro de 2015. Sendo que, cada uma teve a duração de oito dias. Foram utilizados dois diferentes equipamentos / métodos de captura, as armadilhas luminosas e as redes pelágicas de arrasto, para aumentar o número de organismos capturados e diminuir os efeitos de seletividade dos equipamentos. O modelo de armadilha luminosa utilizado neste trabalho foi adaptado de REYNALTE-TATAJE et al. (2012a), tendo sido confeccionada em um formato cônicocilíndrico, sendo a parte cilíndrica constituída por um tubo de PVC, tendo presa a esse tudo uma rede do tipo cônica de 500 µm com um copo coletor na extremidade distal, também de PVC. Na “boca” da armadilha (extremidade proximal) foi colocada uma rede com 8mm entre nós para impedir a entrada de peixes de maior porte, vegetação e outros materiais indesejados (Figura 15). Figura 15. Modelo de armadilha luminosa utilizada. A seta vermelha, indica a posição da lâmpada de LED, fixada no interior da armadilha. A iluminação da armadilha foi proporcionada por uma lâmpada de LED (1W) contendo três pequenas baterias em seu interior. Essa estrutura luminosa foi fixada na parte proximal da armadilha na sua região central. A cor da lâmpada utilizada na Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 20 armadilha foi a verde, considerada por REYNALTE-TATAJE et al. (2012a) a cor que apresenta os melhores índices de captura de larvas. As armadilhas luminosas foram instaladas no início da noite (19h) e retiradas antes do amanhecer (05h). Essas foram colocadas uma na margem direita e outra na margem esquerda do rio a uma profundidade média de 1,5m. A disposição destas foi realizada de forma aleatória, garantindo que cada ponto amostral recebesse duas armadilhas luminosas (Figuras 16 e 17). Figura 16. Demonstração do processo de armação de armadilha luminosa, durante a 05ª campanha de ictioplâncton Figura 17. Demonstração do processo de retirada de armadilha luminosa, durante a 05ª campanha de ictioplâncton. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 21 As redes pelágicas de arrasto que foram utilizadas eram do tipo cônicocilíndricas e possuíam uma tela de náilon de 500 µm presa pela sua extremidade proximal, através de uma lona a um aro metálico que por sua vez se conecta por três cordas a um cabo, tendo em sua extremidade distal um copo coletor de PVC. No centro do aro metálico foi instalado um fluxômetro, para o calculo do volume filtrado, conforme proposto por NAKATANI et al. (2001) (Figura 18). Foram utilizadas duas redes pelágicas de arrasto, sendo amarradas/fixadas a um bastão na frente do barco uma em cada lado, onde foram realizados três arrastos superficiais, distribuídos da seguinte forma: um na margem esquerda, um no meio e um na margem direita (Figura 19). Estes arrastos foram realizados no período noturno, com duração de 15mim cada. Ao total de cada campanha foram obtidos 112 amostras de 500ml cada. Figura 18. Modelo de rede pelágica de arrasto com fluxômetro. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 22 Figura 19. Arrasto de superfície com a rede pelágica de arrasto amarrada ao bastão. Observa-se as duas redes sendo arrastadas ao lado do barco. Todo material coletado foi acondicionado individualmente em frascos de 500ml de polietileno, e em seguida, fixado em formalina a 4% para posteriormente ser analisado em laboratório. Em todos os pontos amostrais foram avaliados os parâmetros físico-químicos da água, tais como: temperatura (°C), concentração de oxigênio dissolvido (mg/l), pH, condutividade elétrica (µS/cm) e transparência com disco de Secchi (cm) - Figura 20. Figura 20. Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 23 Em laboratório, as amostras estão sendo triadas e o Ictioplâncton sendo separado do restante do material. Para separação de ovos e larvas, as amostras foram colocadas em placas de Bogorovsob, e observada/analisadas microscópio estereoscópico com câmera digital acoplada. A Abundância de ovos e larvas foi padronizada para um volume de 10m³ para as amostras coletadas com rede pelágica de arrasto, de acordo com NAKATANI et al. (2001) e para as larvas capturadas com as armadilhas luminosas foram utilizados os dados brutos encontrados, por se tratar de uma coleta passiva e não haver possibilidade de quantificar o volume filtrado. A identificação está sendo realizada utilizando a técnica de sequência regressiva de desenvolvimento, conforme preconizado por NAKATANI et al. (2001), até o menor táxon possível, utilizado como caracteres à forma do corpo, presença de barbilhões, sequência de formação das nadadeiras, a posição relativa da abertura anal em relação ao corpo, número de vértebras/miômeros e raios das nadadeiras. 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO PARCIAIS 6.1 Distribuição espacial e temporal de ovos e larvas Ao longo das três campanhas foram coletados um total de 336 amostras de ictioplâncton, das quais 44% foram consideradas amostras positivas, ou seja, aquelas onde foram observadas presenças de ovos e/ou larvas e 56% representaram amostras não positivas, conforme Figura 21. Figura 21. Número de amostras positivas e não positivas analisadas ao longo das campanhas de Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 24 Nessas amostras foram encontradas um total de 562 Larvas (70%) e 242 Ovos (30%), distribuídas nos três meses de coleta (Tabela 01). Tabela 1. Densidade de Ovos e Larvas distribuídas por ponto amostral ao longo das três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). Pontos Amostrais Número de Ovos P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12 P13 P14 Total Geral 14 07 00 11 03 00 05 10 00 05 179 00 08 00 242 Número de Larvas 01 28 60 09 01 22 06 49 179 11 61 131 2 2 562 As maiores densidades de ovos foram registradas na calha principal do rio, especialmente no trecho do ponto 11, seguido do ponto 01, conforme Figura 22. Figura 22. Densidade de ovos de peixes (Ind/10m³) por pontos amostrais ao longo das três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 25 Nos tributários, houve uma significativa redução na abundância de ovos em relação a calha principal, sendo registrado a presença de ovos apenas nos pontos 07 (Arroio Tigre) e ponto 05 (Lageado das Pedras) (Figura 23). Figura 23. Densidade de Ovos de peixes (Ind/10m³) por pontos amostral ao longo das três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). Em relação à distribuição e abundância de larvas, a tendência foi inversa ao observado na abundância de ovos, já que nos tributários foram registradas as maiores densidades, em especial no trecho do ponto 09 (Arroio Encantado), seguido do trecho do ponto 12 (rio Uruquá) (Figura 24). Figura 24. Densidade de Larvas de peixes (Ind/10m³) por pontos amostral ao longo das três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 26 Na calha principal do rio, os pontos que registraram maiores densidades de larvas foram os pontos 03, seguido do ponto 11 e ponto 08, conforme Figura 25. Figura 25. Densidade de Larvas de peixes (Ind/10m³) por pontos amostral ao longo das três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). No tocante da distribuição temporal verificou-se marcante sazonalidade na abundância de ovos e larvas, com pico de abundância de ovos registrada no mês de novembro/2014 e pico de abundância de larvas no mês de dezembro/2014 (Figura 26). Figura 26. Densidade de Ovos e Larvas de peixes (Ind/10m³) distribuídas ao longo das três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 27 Em relação ao método de coleta, durante os três meses do presente estudo, o método utilizando a rede de arrasto demonstrou mais eficiência com a captura de 427 larvas e 142 ovos, enquanto que a armadilha luminosa capturou 135 larvas e 100 ovos (Figura 27). Figura 27. Comparação da eficiência dos métodos de coleta de Ovos e Larvas de peixes distribuídas ao longo das três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). Uma das hipóteses para justificar a maior abundância de Larvas (70%) encontradas no presente trabalho, em relação aos Ovos (30%), está baseada na teoria apresentada por Hahn (2000), sugerindo que os peixes reofílicos subiriam o rio Uruguai para desovar próximo a região de Itá, no entanto, devido à alta velocidade de correnteza, os ovos seriam carreados até as regiões do médio Uruguai, onde as larvas se criariam nas lagoas marginais existentes nesta região. A captura de ovos e larvas revelou a ocorrência de atividade reprodutiva em todos os pontos amostrais, indicando que estes ambientes foram utilizados como locais de desova por várias espécies de peixes. A maior quantidade de ovos encontrados no ponto 11 no rio Ijuí, pode ser devido às desovas de algumas espécies de peixes residentes no rio principal, que no período de desova encontraram nessa área melhores condições para reprodução. A presença de diferentes estágios de desenvolvimento das larvas, observadas para várias ordens registradas nesse estudo, indicaram que as espécies utilizaram os tributários como área de reprodução e de criação de formas jovens. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 28 Os estágios iniciais de desenvolvimento dos peixes, assim como os adultos, apresentaram diferentes distribuições espaciais. Longitudinalmente, Baumgartner et al. (2004) sugeriram que na zona lêntica do reservatório de Itaipu, no rio Paraná, a composição do ictioplâncton é principalmente de espécies não migradoras. E nos tributários e a montante do reservatório (zona fluvial), é composto por espécies migradoras, ou seja, primeiramente a distribuição espacial do ictioplâncton estaria sujeita ao comportamento reprodutivo dos adultos. Porém, a partir do momento em que as larvas eclodem ou começam a apresentar movimentos próprios, fatores bióticos e abióticos agem mais intensamente. Na região do alto rio Uruguai a época de desova concentrou-se entre os meses de novembro a janeiro, onde foi observado uma nítida influencia da elevação da temperatura da água e da vazão dos rios para desencadear o início da reprodução dos peixes (HERMES-SILVA, 2003), havendo ocorrência de ovos e larvas tanto no rio principal como nos tributários (HERMES-SILVA, 2003; REYNALTE-TATAJE & ZAMBONI FILHO 2008b), corroborando com os resultados desse trabalho. Na bacia do rio Uruguai, um estudo sobre distribuição e abundancia de ovos e larvas de peixes, realizado por Mantero & Fuentes (1987) na área de influencia da barragem de Salto Grande (baixo Uruguai), mostrou que a atividade reprodutiva ocorre entre os meses de outubro e março, com picos de desova nos meses de dezembro e janeiro, além de evidenciar a importância para a reprodução dos trechos lóticos e a montante do reservatório. Os tributários estudados nas áreas de influências das UHE Passo São João e São José revelaram uma tendência como locais alternativos de desova e de criação de larvas de várias espécies da região. Desta forma, torna-se evidente a importância de preservar esses ambientes, como forma de manter a integridade da fauna íctia. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 29 6.2 Ovos e Larvas e a relação com os fatores abióticos A Tabela 02 apresenta os valores dos parâmetros ambientais registrados durante o período de estudo nos diferentes pontos de amostragem. Tabela 2. Valores médios dos parâmetros físico-químicos da água nos diferentes pontos amostrais nas três campanhas (Nov./Dez. 2014 e Jan. 2015). Pontos amostrais P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12 P13 P14 PH 7,08 7,18 7,33 7,22 7,32 7,49 7,42 7,34 7,33 7,21 7,21 7,33 6,93 6,89 Monitoramento do Ictioplâncton Parâmetros físico-químicos Condutividade Temperatura OD (µS/cm) (°C) (mg/l) 59,73 25,5 12,4 53,06 25,7 10,9 54,02 27,3 8,9 53,43 26,9 9,8 91,73 25,7 11,3 53,86 27,8 10,0 53,56 28,3 8,9 52,96 26,5 10,0 53,63 26,1 8,4 54,06 25,6 9,9 52,73 25,5 10,8 44,30 28,5 8,7 51,90 26,0 10,4 51,83 26,2 9,7 Transparência (cm) 33 43 47 48 56 44 48 48 35 35 33 54 33 41 Os valores médios de temperatura da água variaram de 25,5°C a 28,5°C, sendo que os maiores valores foram registrados nos tributários (P12 – rio Uruquá; P07 – Arroio Tigre). O mesmo pode ser observado para os valores de condutividade elétrica que variaram de 44,3 µS/cm no ponto 12 a 91,73 µS/cm no ponto 05 (Lageado das Pedras). Em relação à transparência da água, os pontos localizados nos tributários apresentaram os maiores valores, sendo o menor valor 33 cm nos pontos 01; 11 e 13 localizados no rio principal e o maior 56 cm no ponto 05 (Lageado das Pedras). Os valores de OD variaram de 8,4mg/l encontrado no ponto 09 (Arroio Encantado) a 12,4mg/l no ponto 01 (jusante da UHE Passo São João). No que se refere à temperatura da água, de modo geral, os pontos localizados nos tributários apresentaram valores mais elevados que os do rio principal, o que Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 30 também pode ser observado para a abundância de larvas em alguns pontos de amostragem, como observado no ponto 12 (rio Uruquá). A maior concentração de larvas nos tributários pode ser explicada, como sugerida por Zamboni-Filho & Schulz (no prelo), que nessa região o rio Uruguai se encontra num vale encaixado e sem áreas de inundação, sendo frequentes que chuvas nas partes altas provoquem uma rápida elevação no nível do rio, represando a foz dos afluentes. Essas áreas represadas, com baixa correnteza e elevado tempo de residência na água, possibilitam a decantação do material de suspensão e a elevação da transparência, favorecendo o desenvolvimento planctônico e criando condições favoráveis ao desenvolvimento de formas jovens. A relação de fatores ambientais com a distribuição de ovos e larvas de peixes tem sido demonstrada em muitos trabalhos (CAVICCHIOLI, 2000; NAKATANI et al, 2001; BAUMGARTNER et al. 2004; SANCHES et al, 2006). A ocorrência das larvas correlacionada com altas temperaturas na bacia do rio Paraná, tem sido documentada por vários autores: Baumgartner et al., 1997; Cavicchioli et al., 1997 e Bialetzki et al., 2002. Baumgartner et al. (1997) também verificaram uma relação direta entre a abundância de larvas e o pH, discutindo que embora o mecanismo de ação do pH no processo reprodutivo seja desconhecido, de alguma maneira, esta variável deve atuar induzido à desova. Outra variável importante que apresentou relação com a densidade de larvas foi o oxigênio dissolvido, que pode ter um papel relevante na escolha de locais de desova, pois os ovos necessitam de altas concentrações de oxigênio para um desenvolvimento satisfatório (WERNER et al., 2002). As variáveis ambientais podem afetar indiretamente a comunidade de peixes, influenciando nas respostas fisiológicas e comportamentais dos organismos e, diretamente, afetando os padrões de distribuição e abundância das espécies (VAZZOLER et al., 1997; REYNALTE-TATAJE et al., 2007). Variáveis como o fotoperíodo, a hidrodinâmica do rio e a temperatura da água são essenciais na ocorrência, densidade e crescimento dos peixes nos primeiros estágios de vida (VLAMING, 1972; HUMPHRIES et al., 1999). 6.3 Áreas de desova e criação de ovos e larvas Na região do alto rio Uruguai tem sido realizado diversos estudos avaliando a influência das grandes usinas hidrelétricas nos locais de desova de peixes (HERMESSILVA, 2003; REYNALTE-TATAJE et al., 2003; ZANIBONI-FILHO & SCHULZ, 2003). Segundo Hahn (2000) o alto rio Uruguai é uma grande área de desova, na qual os peixes que se encontram no trecho médio migram para esta região para desovar Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 31 buscando aproveitar a grande presença de corredeiras. Os ovos, então, derivariam passivamente pelo rio até alcançar as áreas de inundação presentes no médio Uruguai utilizando estes locais como áreas de crescimento de larvas. Nesse sentido, o alto rio Uruguai abrigaria apenas áreas de desova, com o desenvolvimento embrionário e larval ocorrendo durante o transporte passivo até os locais de criação situados no médio Uruguai. As áreas de criação de peixes são ambientes que normalmente apresentam baixa correnteza, de modo a facilitar a baixa capacidade natatória das larvas, além de serem locais que apresentam oferta de alimento para favorecer o crescimento. Um dos principais entraves para a sobrevivência inicial das larvas é a primeira alimentação exógena, pois a falta de alimento adequado pode afetar o crescimento das larvas, prolongando o período da maior vulnerabilidade destas à predação, ou ainda, em casos extremos causar a morte por inanição. Desta forma, a presença de áreas que sirvam de berçários para as larvas que estão derivando no canal do rio são de grande importância para a sobrevivência das mesmas. Na região do alto rio Uruguai ainda é desconhecido os locais onde se desenvolvem os primeiros estágios das espécies de peixes. Estudos comprovam a existência de áreas de desova na região (HERMES- SILVA, 2003; REYNALTETATAJE et al. 2003), contudo a ausência das áreas de inundação ou lagoas marginais nesta parte da bacia sugere a possibilidade de que não existam áreas de criação no alto rio Uruguai. A determinação de locais de desova e crescimento é um dos principais desafios quando se avalia a comunidade íctia de uma determinada bacia (KING, 1995; NAKATANI et al, 2001; WERNER, 2002). Para determinação de tais locais se faz necessário um gradiente maior de informações, contudo, até o momento, os resultados parciais revelam que os trechos do rio Ijuí referente ao ponto 11 e ponto 1 indicam tendência a área de desova, devido ao registro de 179 ovos no ponto 11 e 14 ovos no ponto 01. Da mesma forma, os pontos 09 (Arroio Encantado) e ponto 12 (rio Uruquá) apresentaram 179 e 131 larvas, respectivamente, podendo ser observada como área de criação e crescimento. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 32 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, A. A., GOMES, L. C & PELICICE, F. M. 2007. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. 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ANEXOS - Arts dos Profissionais Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 38 Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 39 Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 40 Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 41 Anexo Fotográfico de Ovos e Larvas Figura 28. Gymnogeophagus sp. coletado no ponto 06 pela Armadilha Luminosa na margem esquerda em 25/11/14. Figura 29. Pimelodella sp. coletada no ponto 02 por Arrasto na margem direita em 23/11/14. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 42 Figura 30. Loricariichthys anus coletada no ponto 03 pela Armadilha Luminosa na margem esquerda em 23/11/14. Figura 31. Hoplias gr. lacerdae coletada no ponto 09 por rede de arrasto na margem direita em 22/11/14 . Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 43 Figura 32. Ovos semi-densos coletados no ponto 04 pela Armadilha luminosa na margem esquerda em 27/11/14. Figura 33. Ovos densos e semi-densos coletados no ponto11 por rede de arrasto no meio em 21/11/14. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 44 Figura 34. Schizodon nasutus coletado no ponto12 por rede de arrasto na margem direita em 05/12/14. 1 Figura 35. Apareiodon affinis coletados no ponto 06 por rede de arrasto na margem direita em 20/01/15. Rua Santos Dumont nº1515 – CEP: 38400-062 – Bairro Lídice – Uberlândia - MG Fone: (34) 3224-5095 Cel.: (34) 9977-6952 / (34) 9654-9892 www.raizambiental.com.br 45